sábado, 24 de janeiro de 2015

UM SUICIDA ESTÁ CONDENADO?


 Questão: A pessoa está condenada, foi para inferno? O que a Igreja diz?   *
 
Primeiro temos que entender que o suicídio foi tema que a séculos vem sendo debatido, definido e contraposto com certas afirmações.
Suicídio é o ato ou efeito de suicidar-se; uma ruína procurada de livre vontade ou por falta de discernimento ou prazer em não querer viver mais. Então, suicidar-se – é dar morte a si próprio. O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que o suicídio é um pecado grave, contrário ao amor do Deus Vivo (2281). E que ele contradiz a inclinação natural do ser humano a conservar e perpetuar a própria vida (2280). Porque devemos receber a vida com reconhecimento e preservá-la para sua honra e salvação de nossas almas. Somos administradores e não os proprietários da vida que Deus nos confiou.
 
Existem muitos sintomas que podemos perceber que, se não trabalhados, podem levar como consequência ao suicídio. Dentre tantos podemos citar os mais comuns: depressão profunda e isolamento, baixo alto-estima, estado constante de euforia, pessimismo agudo, desvalorização de si mesmo, etc., formando em sua mente o suicídio esquematizado que mais cedo ou mais tarde será executado.

Suicídio na Bíblia
 
Na palavra de Deus encontramos alguns exemplos, bem diversificados de pessoas que se suicidaram, começando pelo Antigo Testamento até o Novo, onde vos convido a tomar a sua Bíblia e ler cada versículo indicado:
– o caso de Abimaleque, que pediu para o matarem por uma questão de ‘honra’- Juízes 9, 54;
– o caso de Saul, e o seu escudeiro, que também por motivo de guerra, para não ser morto pelos incircuncisos, como ele mesmo disse, pede a morte. Onde o seu escudeiro tomou provavelmente a mesma atitude pelo mesmo motivo- I Samuel 31, 4-51;
– o caso Aquitofel, ele é a figura do traidor, colaborador decisivo na ascensão de Absalão que decepcionado se mata- II Samuel 17, 23;
 – Zambri, apresenta seu suicídio após o cerco a Tirsa - I Reis 16,18.– talvez o mais conhecido caso, o de Sansão, que se matou, para cumprir um ‘mandado de Deus’- Juizes 16, 30;
– o caso de Judas, que se matou após trair o Senhor, talvez pela angústia que tomou conta de seu ser- Mt 27:5



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Antigamente se pensava que sim, embora a Igreja nunca tenha ensinado isso oficialmente; pois ela nunca disse o nome de um condenado. Hoje, com a ajuda da psicologia e psiquiatria, sabemos que a culpa do suicida pode ser muito diminuída devido a seu estado de alma.
Evidentemente que o suicídio é, objetivamente falando, um pecado muito grave, pois atenta contra a vida, o maior dom de Deus para nós. Infelizmente há países que chegam a facilitar e até mesmo a estimular essa prática para pacientes que sofrem ou para doentes mentais. Na Suíça, por exemplo, uma decisão da Suprema Corte abriu o caminho para a legalização da assistência ao suicídio de pacientes mentalmente doentes. O país já permite legalmente o suicídio assistido para outros tipos de pacientes com uma ampla faixa de doenças e incapacidades físicas. É o império da “cultura da morte” por meio da eutanásia.
O Catecismo da Igreja Católica ensina que:
§2280 – “Cada um é responsável por sua vida diante de Deus que lha deu e que dela é sempre o único e soberano Senhor. Devemos receber a vida com reconhecimento e preservá-la para sua honra e a salvação de nossas almas. Somos os administradores e não os proprietários da vida que Deus nos confiou. Não podemos dispor dela”.
§2281 – “O suicídio contradiz a inclinação natural do ser humano a conservar e perpetuar a própria vida. É gravemente contrário ao justo amor de si mesmo. Ofende igualmente o amor do próximo porque rompe injustamente os vínculos de solidariedade com as sociedades familiar, nacional e humana, às quais nos ligam muitas obrigações. O suicídio é contrário ao amor do Deus vivo”.
Mas o Catecismo lembra também que a culpa da pessoa suicida pode ser muito diminuída:
§2282 – “Se for cometido com a intenção de servir de exemplo, principalmente para os jovens, o suicídio adquire ainda a gravidade de um escândalo. A cooperação voluntária ao suicídio é contrário à lei moral. Distúrbios psíquicos graves, a angústia ou o medo grave da provação, do sofrimento ou da tortura podem diminuir a responsabilidade do suicida”.
Portanto, ninguém deve pensar que a pessoa que se suicidou esteja condenada por Deus; os caminhos de Sua misericórdia são desconhecidos de nós. O Catecismo manda rezar por aqueles que se suicidaram:
§2283 – “Não se deve desesperar da salvação das pessoas que se mataram. Deus pode, por caminhos que só ele conhece, dar-lhes ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida”.
Certa vez, São João Maria Vianney, também conhecido como “Cura D’Ars”, ao celebrar a Santa Missa notou que uma mulher vestida de luto estava no final da igreja chorando, seu marido havia se suicidado na véspera, saltando da ponte de um rio. O santo foi até ela no final da Celebração Eucarística e lhe disse: “Pode parar de chorar, seu marido foi salvo, está no Purgatório; reze por sua alma”. E explicou à pobre viúva: “Por causa daquelas vezes que ele rezou o Terço com você, no mês de maio, Nossa Senhora obteve de Deus para ele a graça do arrependimento antes de morrer”. Não devemos duvidar dessas palavras.










Introduçao José Wilson *


Prof. Felipe Aquino **

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