“Aquele que é a Palavra tornou-Se carne e
viveu entre nós. Vimos a Sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai,
cheio de graça e de verdade” (João 1,14).
Certa
vez li uma história : Uma mãe havia acabado de colocar seu filho na cama e
estava para sair do quarto quando ele a chamou.
–
Mamãe, a senhora não vai me deixar aqui sozinho, vai? Está tão escuro!
–
Sim, eu sei que está escuro, mas Deus está aqui o tempo todo.
–
Eu sei que Deus está aqui, mamãe, mas eu queria alguém com um rosto.
Sozinhos
num mundo escuro, anelamos por Alguém com um rosto. Jesus deu a Deus um rosto
humano.
Por
intermédio de Jesus, Deus desceu como “carne e viveu entre nós”.
No
tabernáculo do Antigo Testamento, Deus visitava Israel no Lugar Santíssimo,
para que pudesse “habitar no meio deles” (Êx 25,8).
Depois,
nos tempos do Novo Testamento, Deus Se tornou um ser humano com quem as pessoas
da época conviveram e a quem, através dos Evangelhos, podemos ver com nossos
próprios olhos.
Os
atos, ensinos e atitudes de Jesus são os atos, ensinos e atitudes de Deus, pois
Ele é Deus.
Aquele
que é a Palavra estava com Deus. Cristo, “a Palavra”, existiu antes de visitar
nosso mundo. Ele veio do Pai. O nome Cristo O designa como o Messias longamente
esperado e plenamente Deus.
Cristo
“tornou-Se carne”.
O
nome Jesus refere-se a Ele como o bebê nascido em Belém de mãe humana. Assim,
Ele é plenamente homem. Cristo Jesus é completamente Deus e completamente
homem. Deus Se tornou homem e viveu entre nós. Ao tornar-Se um ser humano,
Jesus deu ênfase ao tremendo valor, ao infinito valor que Deus atribui a cada
um de nós. Ele respeita nossa dignidade e Se importa quando sofremos.
Jesus
é solidário quando precisamos de um ouvido atento e quando estamos emocionalmente
feridos. Após experimentar tudo isso como ser humano, Ele morreu para
garantir-nos que desfrutaremos um dia uma vida perene, livre de desapontamentos
e provações. Graças a Deus por isso! E graças a Deus por uma Pessoa com quem
nos podemos relacionar agora.
Jesus
é um ser humano real, vivo, tal como nós, a quem podemos seguir, amar e
admirar, mas principalmente nos configurar.
Se
o Humano não fosse bom, Deus não teria se Encarnado, tomado a humanidade, a
natureza humana. Errôneo dizer isso, este pecado, esta limitação, este defeito,
esta atitude, deste ou daquele é humano, pois errar é humano. Não! O Humano é
bom, o erro é a consequência do pecado em nós, é a ruptura com a graça, é a
desumanização da humanidade quando ferida pelo pecado.
O
tigre não se "destigra", mas o homem se desumaniza.
Jesus
é o rosto divino do homem, Jesus rosto Humano de Deus!(João Paulo II)
Em
Cristo, o ser humano é elevado à condição divina; dessa maneira, encontramos
traços divinos que são visíveis no rosto e na vida de cada criatura humana,
quaisquer que sejam a situação e o contexto de sua trajetória histórica e
terrestre. A imagem e semelhança de Deus estão projetadas no ser humano, em sua
condição de criança, adolescente, jovem e adulto; por conta de sua dignidade, o
rosto divino é identificado na pessoa simples, no doente, no analfabeto, no
sábio, no artista, no trabalhador, no prisioneiro, no injustiçado, no
convertido, no recém-nascido, no pedagogo, no aprendiz, no religioso, no
pecador.
Embora
desfigurado por causas injustas, revelam-se em Jesus Cristo os traços do rosto
divino do homem.
Para
nós, portanto, o Mestre é Jesus Cristo; não há outros mestres ou salvadores,
não há outros caminhos ou mediadores. Só nele está a nossa vida: nele, Deus vem
ao homem, dá-se incondicionalmente à humanidade, curando-a, renovando-a e
apontando-lhe o caminho novo da nova criatura restaurada no rosto humano de
Deus em Jesus. Somente nele o homem se supera realmente e chega à sua
verdadeira medida.
Rosto
divino do homem, rosto humano de Deus! Não há subversão mais eficaz nem mais
libertadora contra os totalitarismos, ditaduras, modas ou prisões ideológicas –
inclusive as do próprio cristianismo – que afirmar que só ele, Cristo Jesus, é
o nosso Mestre e Senhor!
Jesus
é o rosto de Deus Humano. E nele nós temos que retomar aquela "imagem e
semelhança" que fomos criados no Paraíso.
“Quem
faz entrar Cristo na sua vida, nada perde, nada absolutamente, nada daquilo que
torna a vida livre, bela e grande. Não! Só nesta amizade se abrem de par em par
as portas da vida. Só nesta amizade se abrem realmente as grandes
potencialidades da condição humana. Só nesta amizade experimentamos o que é
belo e o que liberta. Assim, eu gostaria com grande força e convicção, partindo
da experiência de uma longa vida pessoal, de vos dizer hoje: não tenhais medo
de Cristo! Ele nada tira, ele dá tudo. Quem se doa por Ele, recebe o cêntuplo.
Sim, abri de par em par as portas a Cristo e encontrareis a vida
verdadeira!”(Como dizia o Santo Padre Papa emérito Bento XVI, no início do seu
pontificado).
O
Papa Francisco a nós convocar para este ano jubilar da misericórdia em sua Bula
diz logo no inicio: “Jesus é o rosto da misericórdia do Pai...”
Com
esta frase, o papa Francisco inicia a bula de proclamação do Jubileu
Extraordinário da Misericórdia. Desta forma, aprendemos que é possível ver,
sentir e ser tocado pela Misericórdia, pois em todas as ações de Jesus vemos a
misericórdia do Pai. A misericórdia é o caminho que une Deus e o homem, é
sempre assim que Deus vem ao nosso encontro. Somos convidados a conhecer mais sobre
este poder da misericórdia de Deus que tudo vence, enche o coração de amor e
consola com o perdão através deste Deus
com um rosto humano Jesus.
.
Pe.Emílio
Carlos Mancini
Diocese
de São Carlos .