Leitura da Primeira Carta de São João.
Caríssimos, 5quem é o vencedor do mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? 6Este
é o que veio pela água e pelo sangue: Jesus Cristo. (Não veio somente
com a água, mas com a água e o sangue.) E o Espírito é que dá
testemunho, porque o Espírito é a Verdade. 7Assim, são três que dão testemunho: 8o Espírito, a água e o sangue; e os três são unânimes.
9Se aceitamos o testemunho dos
homens, o testemunho de Deus é maior. Este é o testemunho de Deus, pois
ele deu testemunho a respeito de seu Filho. 10Aquele
que crê no Filho de Deus tem este testemunho dentro de si. Aquele que
não crê em Deus faz dele um mentiroso, porque não crê no testemunho que
Deus deu a respeito de seu Filho. 11E o testemunho é este: Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em seu Filho. 12Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho não tem a vida.
13Eu vos escrevo estas coisas a vós que acreditastes no nome do Filho de Deus, para que saibais que possuís a vida eterna.
— Glorifica o Senhor, Jerusalém!
— Glorifica o Senhor, Jerusalém!
— Glorifica o Senhor, Jerusalém! Ó Sião, canta
louvores ao teu Deus! Pois reforçou com segurança as tuas portas, e os
teus filhos em teu seio abençoou.
— A paz em teus limites garantiu e te dá como
alimento a flor do trigo. Ele envia suas ordens para a terra e a palavra
que ele diz corre veloz.
— Anuncia a Jacó sua palavra, seus preceitos, suas
leis a Israel. Nenhum povo recebeu tanto carinho, a nenhum outro revelou
os seus preceitos.
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.
12Aconteceu que Jesus estava numa
cidade, e havia aí um homem leproso. Vendo Jesus, o homem caiu a seus
pés, e pediu: “Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar”. 13Jesus estendeu a mão, tocou nele, e disse: “Eu quero, fica purificado”. E imediatamente, a lepra o deixou. 14E
Jesus recomendou-lhe: “Não digas nada a ninguém. Vai mostrar-te ao
sacerdote e oferece pela purificação o prescrito por Moisés como prova
de tua cura”.
15Não obstante, sua fama ia crescendo, e numerosas multidões acorriam para ouvi-lo e serem curadas de suas enfermidades. 16Ele, porém, se retirava para lugares solitários e se entregava à oração.
Reflexão
Este Evangelho narra Jesus curando um leproso. A lepra era uma das
piores doenças; não tinha cura e deformava o doente. Além disso, o povo a
considerava contagiosa. Esta cura do leproso é um sinal da chegada do Reino de
Deus, que vence os males do mundo e liberta as pessoas de toda miséria,
reintegrando-as na sociedade. Jesus veio curar todas as nossas enfermidades:
físicas, mentais e espirituais.
“Vendo Jesus, o leproso caiu aos seus pés, e pediu: Senhor, se
queres, tu tens o poder de me purificar.” A fé é requisito indispensável para
receber as graças de Deus. Como a fé é também uma graça, precisamos pedi-la.
“Jesus estendeu a mão, tocou nele, e disse: Eu quero, fica
purificado. E imediatamente a lepra o deixou”. O contato físico significa
envolvimento pessoal com o doente. Hoje há leprosos de todos os tipos. Os
vícios são piores que a lepra. Mas Deus cura também os vícios.
“Vai mostrar-te ao sacerdote.” O leproso devia viver isolado da
sociedade e até da família. Para ser reintegrado, após a cura, a pessoa devia
apresentar-se ao sacerdote, a fim de provar que estava curado. Jesus se
interessa não só pela cura, mas pela integração daquele homem na sociedade. A
Boa Nova não se limita a palavras, ela trás uma mudança de convivência social.
Daqui para frente não haverá mais marginalizados.
“E oferece pela purificação o prescrito.” Os judeus consideravam a
lepra um castigo de Deus. Portanto, a cura significava o perdão ao leproso. Ele
devia, então, fazer uma oferta no Templo em ação de graças pela purificação.
O testemunho de Jesus, neste caso da cura do leproso, foi tríplice:
Curou um leproso, reintegrou-o na sociedade e tudo de graça, sem cobrar nada.
Isso numa sociedade que não se preocupava em curar os doentes, mas em
preservar-se do contágio deles. É semelhante à sociedade de hoje, que quer
prender os “bandidos”, para livrar-se deles, sem muita preocupação em
recuperá-los.
“Não digas nada a ninguém.” Jesus fazia milagres como sinais,
convidando o povo à conversão ao Reino de Deus. No entanto, as pessoas estavam
mais interessadas em receber curas e outras ajudas materiais. Por isso que ele
pedia a não divulgação. Suas boas obras eram inteiramente gratuitas; ele não
queria nenhum retorno, nem reconhecimento.
“Não obstante, sua fama ia crescendo.” O testemunho é como o
perfume, ele se espalha por si. Por isso, quanto mais Jesus pedia para não
contar, mais a sua fama se espalhava.
Várias vezes, Jesus comparou a si mesmo, e os seus discípulos, com
a luz, o sal e o fermento. A lâmpada não chama a atenção para si mesma, mas
para os objetos que ela ilumina. Nós nem nos lembramos da lâmpada, a não ser
quando ela se apaga. O sal desaparece no meio da comida. E o fermento também
desaparece na massa. Era assim que Jesus queria viver. No entanto o povo
acabava espalhando as suas obras e as multidões a procuravam. Que Jesus nos
liberte da lepra do orgulho e do desejo de ser o maior, que tanto mal causa à
sociedade.
“Ele, porém, se retirava para lugares solitários e se entregava à
oração”. Jesus tinha uma inclinação incontida a unir-se a sós com Deus, para um
diálogo, uma oração livre e descontraída. Isso acontece com muitos cristãos e
cristãs que amam muito a Deus. É uma convivência semelhante à de pessoas que se
amam apaixonadamente.
Certa vez, um senhor quebrou a perna e o médico a engessou. Como
tinha de ficar muito tempo com o gesso, ele resolveu ir trabalhar assim mesmo.
E lá se foi o homem, na rua, com a calça arregaçada de um lado e aquela perna
branca, chamando a atenção.
Quando ia atravessar a rua, os carros logo paravam para que ele passasse.
Quando chegava ao ponto de ônibus, era uma beleza, todo mundo dava a frente
para ele. No elevador, a mesma coisa. Quando ia tomar táxi, o motorista dava a
volta e abria a porta para ele.
Tempo depois, o homem sarou, o gesso foi retirado e ele começou a
andar normal, como antes. Aí voltou àquela vida cruel: empurrões, buzinas
quando atravessava a rua... E aquele homem sentia saudade do tempo em que tinha
a perna engessada.
A sociedade do tempo de Jesus desprezava os doentes, os pecadores e
os pobres. A nossa sociedade faz o contrário: é delicada com os visivelmente
doentes, mas despreza o próximo, as pessoas que se aproximam de nós no meio da
multidão.
Maria Santíssima era humilde e ao mesmo tempo muito atenciosa e
solícita para com todos, tanto os sadios como os doentes. Santa Maria, rogai
por nós.
Pe Queiroz
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