Leitura da Carta aos Hebreus.
Irmãos, 12a Palavra de Deus é viva,
eficaz e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes. Penetra até
dividir alma e espírito, articulações e medulas. Ela julga os
pensamentos e as intenções do coração. 13E não há criatura que possa ocultar-se diante dela.
Tudo está nu e descoberto a seus olhos, e é a ela que devemos prestar contas. 14Temos
um sumo sacerdote eminente, que entrou no céu, Jesus, o Filho de Deus.
Por isso, permaneçamos firmes na fé que professamos. 15Com
efeito, temos um sumo sacerdote capaz de se compadecer de nossas
fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do
pecado.
16Aproximemo-nos então, com toda a
confiança, do trono da graça, para conseguirmos misericórdia e
alcançarmos a graça de um auxílio no momento oportuno.
— Vossas palavras são espírito, são vida, tendes palavras, ó Senhor, de vida eterna.
— Vossas palavras são espírito, são vida, tendes palavras, ó Senhor, de vida eterna.
— A lei do Senhor Deus é perfeita, conforto para a alma! O testemunho do Senhor é fiel, sabedoria dos humildes.
— Os preceitos do Senhor são precisos, alegria ao coração. O mandamento do Senhor é brilhante, para os olhos é uma luz.
— É puro o temor do Senhor, imutável para sempre. Os julgamentos do Senhor são corretos e justos igualmente.
— Que vos agrade o cantar dos meus lábios e a voz da minha alma; que ela chegue até vós, ó Senhor, meu Rochedo e Redentor!
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 13Jesus saiu de novo para a beira mar. Toda a multidão ia a seu encontro, e Jesus os ensinava. 14Enquanto
passava, Jesus viu Levi, o filho de Alfeu, sentado na coletoria de
impostos, e disse-lhe: “Segue-me!” Levi se levantou e o seguiu.
15E aconteceu que, estando à mesa na
casa de Levi, muitos cobradores de impostos e pecadores também estavam à
mesa com Jesus e seus discípulos. Com efeito, eram muitos os que o
seguiam.
16Alguns doutores da Lei, que eram
fariseus, viram que Jesus estava comendo com pecadores e cobradores de
impostos. Então eles perguntaram aos discípulos: “Por que ele come com
cobradores de impostos e pecadores?”
17Tendo ouvido, Jesus
respondeu-lhes: “Não são as pessoas sadias que precisam de médico, mas
as doentes. Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores”.
Reflexão
Este Evangelho nos trás três coisas:
1) A vocação de Levi, que é o Apóstolo e evangelista S. Mateus.
2) Escândalo e crítica dos doutores da Lei por Jesus comer junto
com pessoas de má fama.
3) A resposta explicativa de Jesus.
Os doutores da Lei eram como os nossos atuais catequistas. Eles
seguiam as tradições farisaicas e sempre criticavam Jesus, porque ele não as
seguia. Eles se julgavam os donos da fé do povo, e não servos, como devia ser.
Jesus foi ousado, porque convidou para ser Apóstolo um pecador público, no
pensar dos doutores da Lei e dos fariseus.
O cobrador de impostos era, entre os judeus, uma pessoa banida
religiosa e socialmente, por colaborar com um governo estrangeiro e por ter as
mãos manchadas com o dinheiro sujo, fruto do suborno, da extorsão e da usura.
Como viviam em “estado de pecado”, eram considerados excluídos da salvação de
Deus e sem possibilidade de conversão.
Além dos cobradores de impostos, também as prostitutas, os bandidos
e os leprosos eram considerados pecadores públicos e banidos da sociedade
judaica. Era justamente no meio dessa turma que Jesus vivia. E ele explica: não
veio para chamar os justos, mas sim os pecadores. Mas esta atitude de Jesus
batia de frente com o pensar da elite religiosa e social do seu país. “Por que
ele come com cobradores de impostos e pecadores?”
Jesus ouviu a reclamação feita aos discípulos e deu a resposta
clara, que é um dos princípios básicos da religião que ele veio fundar: “Não
são as pessoas sadias que precisam de médico, mas sim as doentes”. A Comunidade
cristã não pode tornar-se um grupo fechado em si mesmo. É preciso abrir as
janelas para ver os que mais precisam da graça de Cristo, e depois abrir as
portas para ir ao encontro deles. Pois “Eu não vim para chamar justos, mas sim
pecadores”.
A palavra “justos” aqui tem um sentido irônico. São aqueles que se
julgam perfeitos, e por isso se negam a fazer qualquer mudança de
comportamento. Uma pessoa assim não abre o coração para a Palavra de Deus, pois
Deus não tem mais nada a dizer a ela, já chegou ao topo da montanha da vida
cristã. São pessoas que “engolem um camelo e pensam que é um mosquito”.
Como é bom reconhecer os próprios pecados, e em seguida acreditar
na misericórdia de Deus, que ama os pecadores! “O justo cai sete vezes por
dia”. O que acontece conosco é que não temos o costume de, à noite, procurar
descobrir os pecados que cometemos durante o dia, por pequenos que sejam, e nos
arrepender deles. Todo pecado é pecado, independente do tamanho, se é grande ou
pequeno.
Cristo desce até o mundo dos pecadores, não para ficar ali, mas
para subir com eles na libertação do pecador, mostrando que Deus o ama, e ama
muito.
Para entrarmos no Reino de Deus, fundado por Jesus, precisamos ser
como Deus Pai, que manda o sol e a chuva sobre todos, maus e bons, juntos e
injustos. Precisamos libertar-nos dos preconceitos de classe, de cor, de raça
ou de qualquer outro. Que deixemos de dividir o povo entre bons e maus, entre
os que podemos cumprimentar e os que não podemos, entre os que devemos amar e
os que não devemos. Que aprendamos que todo ser humano, no fundo, é bom, porque
foi criado por Deus. E é esse “fundo bom” que devemos olhar em primeiro lugar
nas pessoas.
Como é bom ser misericordioso, isto é, amar uma pessoa que vive de
forma errada! Não amamos o erro, mas a pessoa. Afinal, nós também somos
pecadores. Um dia Jesus reclamou daqueles que vêem um cisco no olho do irmão, e
não vêem a trave no próprio olho. Se olharmos sinceramente para nós mesmos, com
certeza seremos mais misericordiosos para com os que erram.
Certa vez, um menino visitava sua tia, e esta o repreendeu por
contar uma mentira. A tia o advertiu: “Você sabe o que acontece com meninos que
dizem mentiras?” “Não, tia. O que acontece?”, ele perguntou.
“Bem”, disse ela, “existe um homem que mora na lua, de cor
esverdeada, que tem só um olho, que desce no meio da noite e voa de volta para
a lua levando os meninos que dizem mentiras. Lá eles são espancados com varas
pelo resto de sua vida. Você ainda dirá mentiras?”
Aí está o grande erro daquela tia: querer motivar alguém a não
dizer mentiras, através de uma mentira, e daquelas cabeludas!
Se quisermos condenar os pecadores, caímos no mesmo erro, porque
também somos pecadores.
Maria Santíssima não exclui nenhum de nós, seus filhos e filhas,
porque essa é uma virtude própria da mãe. Pelo contrário, os que levam vida
errada são os que mais estão presentes nas orações e preocupações da mãe. Que
nossa Mãe Maria nos ajude a imitar o seu Filho
Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores.
Pe Queiroz
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