Leitura da Carta aos Hebreus.
1Todo sumo sacerdote é tirado do
meio dos homens e instituído em favor dos homens nas coisas que se
referem a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. 2Sabe ter compaixão dos que estão na ignorância e no erro, porque ele mesmo está cercado de fraqueza. 3Por isso, deve oferecer sacrifícios tanto pelos pecados do povo, como pelos seus próprios. 4Ninguém deve atribuir-se esta honra, senão o que foi chamado por Deus, como Aarão. 5Deste
modo, também Cristo não se atribuiu a si mesmo a honra de ser sumo
sacerdote, mas foi aquele que lhe disse: “Tu és o meu Filho, eu hoje te
gerei”. 6Como diz em outra passagem: “Tu és sacerdote para sempre, na ordem de Melquisedec”.
7Cristo, nos dias de sua vida
terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas,
àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido, por causa de
sua entrega a Deus. 8Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu. 9Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem. 10De fato, ele foi por Deus proclamado sumo sacerdote na ordem de Melquisedec.
— Tu és sacerdote eternamente segundo a ordem do rei Melquisedec!
— Tu és sacerdote eternamente segundo a ordem do rei Melquisedec!
— Palavra do Senhor ao meu Senhor: “Assenta-te ao
lado meu direito até que eu ponha os inimigos teus como escabelo por
debaixo de teus pés!”
— O Senhor estenderá desde Sião vosso cetro de poder, pois Ele diz: “Domina com vigor teus inimigos;
— tu és príncipe desde o dia em que nasceste; na glória e esplendor da santidade, como o orvalho, antes da aurora, eu te gerei!”
— Jurou o Senhor e manterá sua palavra: “Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem do rei Melquisedec!”
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 18os discípulos de
João Batista e os fariseus estavam jejuando. Então, vieram dizer a
Jesus: “Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus
jejuam, e os teus discípulos não jejuam?”
19Jesus respondeu: “Os convidados de
um casamento poderiam, por acaso, fazer jejum, enquanto o noivo está
com eles? Enquanto o noivo está com eles, os convidados não podem
jejuar. 20Mas vai chegar o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; aí, então, eles vão jejuar.
21Ninguém põe um remendo de pano novo numa roupa velha; porque o remendo novo repuxa o pano velho e o rasgão fica maior ainda. 22Ninguém
põe vinho novo em odres velhos; porque o vinho novo arrebenta os odres
velhos e o vinho e os odres se perdem. Por isso, vinho novo em odres
novos”.
Reflexão
Este Evangelho começa com uma pergunta feita a Jesus, por que os
seus discípulos não jejuam, e a resposta dele: “Os convidados de um casamento
poderiam, por acaso, fazer jejum, enquanto o noivo está com eles?” Em seguida,
Jesus esclarece ainda mais, através de duas comparações: do remendo de pano
novo em roupa velha, e do vinho novo colocado em odres velhos.
Para os judeus, o jejum era prática fundamental da religião, ao
ponto de os mais piedosos jejuarem até duas vezes por semana, a fim de acelerar
a chegada do Messias e do Reino de Deus. Já os discípulos de Jesus pouco
jejuavam; mais ou menos como fazemos hoje.
Jesus explica o motivo da diferença: durante uma festa de
casamento, os amigos dos noivos evidentemente não jejuam, enquanto os noivos
estão com eles. Jesus é o noivo, no casamento de Deus com a humanidade, com o
novo Povo de Deus. Jesus usa a imagem veterotestamentária dos esponsais de Deus
com o povo. E se coloca como Deus, como realmente é.
“Mas vai chegar o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; aí,
então, eles vão jejuar.” Isto é, sofrerão perseguições e dificuldades, tristeza
e desolação.
E Jesus esclarece com as duas comparações, curtas e claras: ninguém
põe remendo de pano novo numa roupa velha, porque a peça nova repuxa e rasga a
roupa, deixando a rasgão ainda maior. Igualmente, ninguém põe vinho novo em
odres velhos, porque o vinho novo ainda está em processo de fermentação e
estoura os odres velhos que são mais fracos.
As parábolas sublinham a incompatibilidade da nova situação
religiosa criada por Jesus, com as velhas instituições e prescrições da
religião judaica, representadas, aqui, na prática do jejum. Jesus não veio
mudar só a “casca” do velho estilo religioso, veio mudar profunda e
radicalmente. Não é possível “costurar” a religião judaica com a cristã; a
única saída é deixar de lado a religião judaica e abraçar de corpo e alma a Boa
Nova de Jesus.
De fato, Cristo não se empenhou em reformar a sinagoga e o velho
culto. Antes, fundou o novo Povo de Deus, que é a Santa Igreja. Isto é bem esclarecido
por Jesus em Mt 5,20-6,18: “Ouvistes o que foi dito aos antigos... Eu porém vos
digo...” A religião de Jesus está fundamentada mais no coração da pessoa do que
na obediência às leis exteriores. A sua lei é o amor, a fraternidade, a
justiça, a fé... virtudes que cada um de nós concretiza no dia-a-dia da vida. O
nove Templo é a sua pessoa e a Comunidade cristã. “Acaso não sabeis que sois
templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1Cor 3,16). Frente aos
sacrifícios de animais da antiga aliança, surge o novo sacrifício de si mesmo,
realizado na cruz e atualizado constantemente na Eucaristia e na vida dos
cristãos.
Temos de nos deixar transformar pelo Espírito, que nos transforma
em vinho novo, para alegria de Deus e vida do mundo.
“Todo mundo sabe que sois uma carta de Cristo, redigida por nosso
intermédio, escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, gravado não
em tábuas de pedra, mas em tábuas que são corações humanos” (2Cor 2,3).
S. Bernardo era um monge que viveu na França, no Séc. XII. Sua mãe
faleceu cedo, ficando o pai com sete filhos.
Quando Bernardo era adolescente, foi para o convento. Logo os
irmãos começaram a ir também.
Por fim, sobrou o pai e o mais novo, chamado Nivaldo. Um dia, o pai
disse para o Nivaldo: “Filho, eu estou com vontade de ir também para o
convento. Por isso, eu deixo de presente para você todos os nossos bens: esta
casa com tudo o que está dentro dela, as nossas terras... tudo. Concorda?”
Nivaldo respondeu: “Bonito, hein pai! Vocês escolhem o céu e deixam
a terra para mim? Querias! Eu também vou. O senhor pode dar fim em tudo isso”.
De fato, Nivaldo tinha razão, porque o Céu é mais importante que a terra.
“Aí, então, eles vão jejuar.” O nosso jejum principal é a prática
das virtudes cristãs, inclusive o desapego dos bens da terra, como Nivaldo.
Como Jesus disse para Marta: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas
agitada com muitas coisas. No entanto, uma só é necessária. Maria escolheu a
melhor parte e esta não lhe será tirada” (Lc 10,41-42).
Que Maria Santíssima nos ajude a abandonar o homem velho e nos
deixar embriagar pelo vinho novo que é a Boa Nova de Jesus.
Pe Queiroz
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