Leitura da Primeira Carta de São João.
Caríssimos: 7amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus. 8Quem não ama não chegou a conhecer Deus, pois Deus é amor. 9Foi
assim que o amor de Deus se manifestou entre nós: Deus enviou o seu
Filho único ao mundo, para que tenhamos vida por meio dele.
10Nisto consiste o amor: não fomos
nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho
como vítima de reparação pelos nossos pecados.
— Os reis de toda a terra hão de adorar-vos, ó Senhor!
— Os reis de toda a terra hão de adorar-vos, ó Senhor!
— Dai ao Rei vossos poderes, Senhor Deus, vossa
justiça ao descendente da realeza! Com justiça ele governe o vosso povo,
com equidade ele julgue os vossos pobres.
— Das montanhas venha a paz a todo o povo, e desça
das colinas a justiça! Este Rei defenderá os que são pobres, os filhos
dos humildes salvará.
— Nos seus dias a justiça florirá e grande paz, até
que a lua perca o brilho! De mar a mar estenderá o seu domínio, e desde o
rio até os confins de toda a terra!
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 34Jesus viu uma
numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor.
Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas. 35Quando estava ficando tarde, os discípulos chegaram perto de Jesus e disseram: “Este lugar é deserto e já é tarde. 36Despede o povo para que possa ir aos campos e povoados vizinhos comprar alguma coisa para comer”. 37Mas
Jesus respondeu: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Os discípulos
perguntaram: “Queres que gastemos duzentos denários para comprar pão e
dar-lhes de comer?” 38Jesus perguntou: “Quantos pães tendes? Ide ver”. Eles foram e responderam: “Cinco pães e dois peixes”. 39Então Jesus mandou que todos se sentassem na grama verde, formando grupos. 40E todos se sentaram, formando grupos de cem e de cinquenta pessoas. 41Depois
Jesus pegou os cinco pães e dois peixes, ergueu os olhos para o céu,
pronunciou a bênção, partiu os pães e ia dando aos discípulos, para que
os distribuíssem. Dividiu entre todos também os dois peixes. 42Todos comeram, ficaram satisfeitos, 43e recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e também dos peixes. 44O número dos que comeram os pães era de cinco mil homens.
Reflexão
Este Evangelho, da multiplicação dos pães, mostra que tanto os
discípulos como Jesus sentiram compaixão do povo que estava com fome. Mas a
maneira de resolver o problema foi diferente. Os discípulos queriam despedir
logo o povo para que procurassem alimentos, porque não viam outra solução.
Jesus quis que os próprios discípulos lhes dessem de comer, confiando na ajuda
de Deus Pai.
A cena deixa claras duas maneiras de ver a religião. Os discípulos,
ao pedirem a Jesus que despedisse o povo porque estavam com fome, mostraram que
para eles essa parte de providenciar alimentos não faz parte da religião. Já
para Jesus faz parte sim, e com Deus temos condições de resolver. Quantas
Comunidades de hoje, através das instituições sociais, provam que com Deus
realmente é possível. A caridade nos leva a amar as pessoas, mas amá-las
inteiras, com corpo, alma e espírito. Por isso que muitas Comunidades se
interessam pela político, pelo transporte, pela moradia, pela educação das
crianças etc.
O sonho de um mundo melhor nos leva, não a deixar para os outros,
mas a fazer a nossa parte, mesmo que tenhamos poucas condições. O pouco com
Deus é muito e o muito sem Deus não é nada.
“Jesus mandou que todos se sentassem... formando grupos.” A
organização gera a partilha e, quando partilhamos, Deus faz o milagre da
multiplicação. Isso aconteceu ontem, acontece hoje e acontecerá sempre. Onde há
amor, ninguém passa necessidade.
“Nosso Deus é o verdadeiro. Ele nos dá o pão da sua palavra e o pão
que alimenta o corpo” (Dt 8,3). Veja que esse modo de ver a religião, como
dedicação ao homem integral, não é coisa nova, sempre foi assim. Quando uma
Comunidade se dedica ao homem integral, isso gera alegria e louvor a Deus, como
aconteceu com os hebreus, quando veio o maná.
“Quantos pães tendes?... Jesus pegou os cinco pães e dois peixes,
ergueu os olhos para o céu, pronunciou a bênção...” Nem nós sozinhos, nem Deus
sozinho, mas nós e Deus juntos. Nós fazemos a nossa parte, damos o pouco que
temos, e Deus abençoa. Faça a sua parte que da minha ajudarei.
Se tivermos fé, espírito de partilha, união e organização, e não
jogarmos fora as sobras, ninguém passará fome nem qualquer outra necessidade.
As Comunidades cristãos são o meio que Jesus deixou para isto acontecer.
Alimento é coisa sagrada. Não podemos esbanjar, jogar fora. O que
sobra para um falta para outro. Por isso, é preciso recolher com cuidado tudo o
que sobra.
Assim como os cinco pães e dois peixes foram divididos e todos
comeram, a nossa partilha também é multiplicada, em benefício de todos,
inclusive de nós mesmos. E além temos a recompensa de Deus, tanto nesta vida
como na outra. “Vinde, benditos de meu Pai, recebei em herança o Reino...” (Mt
25,34).
A multiplicação dos pães tem vários sentidos simbólicos. A grande
multidão de cinco mil homens representa a humanidade com a sua fome de
libertação messiânica. O milagre da multiplicação aponta para a Eucaristia, o
Pão partilhado, saciando o novo Povo de Deus e prenunciando o banquete
definitivo do Reino, já inaugurado.
A fome no mundo é patente. Três quartos da humanidade está
subnutrida, e a maior parte é vítima da fome, doença, falta de moradia e de
trabalho. As riquezas são concentradas pelos ricos, fazendo deles cada vez mais
ricos, enquanto os pobres continuam cada vez mais pobres. Nós podemos, com o
nosso esforço e união, mudar esse quadro.
Certa vez, na antiguidade, um navio estava atravessando o mar com
centenas de pessoas. Aconteceu uma grande tempestade e o navio perdeu a
direção. Acabaram chegando a uma ilha desconhecida e totalmente desabitada.
Logo que chegaram à ilha, três homens começaram a explorá-la. Viram
que ela tinha duas partes bem distintas: o centro, com terra boa e coberta com
matas e muita água doce, e a periferia constituída da pedreiras.
Mais que depressa, os três homens cercaram a parte boa da ilha e se
declararam donos. Construíram ali três mansões. As outras pessoas tiveram de
ficar na periferia. Logo começaram a passar fome. Então os três proprietários
propuseram: quem trabalhar para eles ganhava comida. E assim, todos os outros
se tornaram seus empregados.
Os três escolheram os homens fortes e corajosos e deram-lhes
bastante comida e armas, declarando-os a polícia da ilha. Aos outros deram
menos comida, para não terem força e se revoltarem.
Escolheram os mais inteligentes e fizeram deles professores. Mas
deviam ensinar conforme a cartilha dos três. Escolheram também os mais piedosos
e com eles fundaram uma religião, chamada “A religião do verdadeiro deus”.
Ensinavam que a miséria e a fome são agradáveis a deus e que todos deviam
obedecer aos três, cujos retratos as famílias deviam colocar nas paredes de
suas casas. Outras imagens eram proibidas.
Entretanto, apareceu um profeta e começou a ensinar que todos somos
iguais e que aquela religião era falsa. Os três chefes chamaram a sua polícia e
mataram o profeta. Entretanto, as suas idéias ficaram em muitas cabeças e estas
pessoas continuaram a doutrina do profeta, criando dentro da ilha um novo povo
e um novo modo de viver, no qual as pessoas são iguais e os alimentos são
distribuídos para todos.
Peçamos a Maria Santíssima que nos ajude a sermos profetas do
verdadeiro Deus. Que sejamos cada vez mais unidos, solidários e organizados, a
fim de que todos tenham vida e vida plena.
Pe Queiroz
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