Antes de refletir sobre este tema, recordemos a essência da Eucaristia.
Nosso Senhor Jesus Cristo nos deixou o tesouro da Eucaristia na Última
Ceia, na Quinta-Feira Santa. A Igreja cuida com imenso carinho e esmero
desse tesouro.
Mas a Igreja não é uma abstração, uma ideia: a Igreja somos todos nós,
batizados. Os bispos e padres existem para santificar, reger, ensinar e
também cuidar do tesouro da Eucaristia; estas são suas principais
responsabilidades. E os fiéis são chamados à corresponsabilidade na vida
eclesial e a desempenhar um serviço inclusive litúrgico.
Mas desempenhar um ofício na liturgia não
é necessário para que um fiel possa participar ativa e frutuosamente da
missa. Mais ainda: devemos respeitar a dignidade dos leigos, evitando
toda “clericalização”. Ninguém pode pensar que os fiéis que desempenham
ofícios litúrgicos são melhores cristãos.
Feitos estes dois
esclarecimentos, é preciso dizer que o ministro ordenado (o padre), que é
ministro ordinário da comunhão, é a única pessoa que normalmente pode e
deve abrir o Sacrário para verificar as Hóstias sagradas, para trazer ou levar a reserva, fazer a exposição do Santíssimo etc.
No final do rito da comunhão, durante a missa, “as hóstias consagradas
que tenham sobrado sejam consumidas pelo sacerdote no altar ou sejam
levadas ao lugar destinado para a conservação da Eucaristia” (Redemptionis Sacramentum, 107).
Portanto, os acólitos instituídos e/ou chamados ministros extraordinários da comunhão não podem ter acesso ao Sacrário, menos ainda na presença do sacerdote e em plena missa.
Se isso acontece, é um abuso que infelizmente é consentido por alguns
padres. “O acólito é instituído para o serviço do altar e para ajudar o
sacerdote e o diácono. Compete-lhe, como função principal, preparar o
altar e os vasos sagrados e, se for necessário, distribuir aos fiéis a
Eucaristia, de que é ministro extraordinário” (Instrução Geral do Missal
Romano, 98).
Então, que fique claro: normalmente, os acólitos
e/ou ministros extraordinários da comunhão ajudam a distribuir a
Eucaristia em casos excepcionais; mas não podem, quando há um padre
celebrado, abrir ou fechar o Sacrário, nem ir buscar ou reservar as Hóstias no final da comunhão.
“Sem dúvida, aonde a necessidade da Igreja assim o aconselhe, faltando
os ministros sagrados, podem os fiéis leigos suprir algumas tarefas
litúrgicas, conforme às normas do direito” (Redemptionis Sacramentum, 147).
Portanto, somente em casos muito extraordinário e extremamente
necessários, um acólito (que é um ministro extraordinário da comunhão)
pode ter acesso ao Sacrário – por exemplo, quando um
padre idoso já não consegue caminhar e não há outros padres, ou também
em terra de missão, quando não há padre em uma comunidade e é preciso
levar a comunhão a um doente, fazer a exposição do Santíssimo (mas com a
âmbula e sem dar a bênção) etc.
“O ministro da exposição do
Santíssimo Sacramento e da bênção eucarística é o sacerdote ou o
diácono; em circunstâncias especiais, exclusivamente para a exposição e a
reposição, mas sem a bênção, é o acólito, o ministro extraordinário da
sagrada comunhão, ou outrem designado pelo Ordinário do lugar,
observadas as prescrições do Bispo diocesano” (Código de Direito
Canônico, 943). Isso implica que, nestas circunstâncias especiais, uma
pessoa que não é ministro ordenado pode abrir e fechar o Sacrário.
De qualquer maneira, é preciso estar muito atentos, pois há muitas
situações nas quais pode haver abuso e que se justificam por supostas
“necessidades pastorais”. É importante vigiar, pois é preciso redobrar o
respeito, a solenidade e a adequação na liturgia.
“Onde as necessidades da Igreja o aconselharem, por falta de ministros,
os leigos, mesmo que não sejam leitores ou acólitos, podem suprir
alguns ofícios, como os de exercer o ministério da palavra, presidir às
orações litúrgicas, conferir o batismo e distribuir a sagrada Comunhão,
segundo as prescrições do direito” (CDC, 230, 3).
É claro que
estes ministros extraordinários ou leigos devem cumprir com certos
requisitos, começando pelo fato de que devem ser nomeados pelo Ordinário
do local.
Pe. Henry Vargas Holguín
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