sexta-feira, 31 de março de 2023

5ª Semana da Quaresma - Um Deus a caminho da morte?

 Status Católico - Evangelho Diário (Jo 10,31-42) — PROCLAMAÇÃO do Evangelho  de Jesus Cristo + segundo João. — Glória a vós, Senhor. Naquele tempo, os  judeus pegaram pedras para apedrejar Jesus. E

Tende piedade de mim, Senhor, a angústia me oprime. Libertai-me das mãos dos inimigos e livrai-me daqueles que me perseguem. Não serei confundido, Senhor, porque vos chamo (Sl 30,10.16.18).

Contra os que rejeitam suas obras, o Senhor, “forte guerreiro”, nos defende e protege. Sintamo-nos amparados por ele e, à semelhança do salmista, o acolhamos com toda confiança: “Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga, minha força e poderosa salvação”.

Primeira Leitura: Jeremias 20,10-13

Leitura do livro do profeta Jeremias10Eu ouvi as injúrias de tantos homens e os vi espalhando o medo em redor: “Denunciai-o, denunciemo-lo”. Todos os amigos observavam minhas falhas: “Talvez ele cometa um engano, e nós poderemos apanhá-lo e desforrar-nos dele”. 11Mas o Senhor está ao meu lado como forte guerreiro; por isso, os que me perseguem cairão vencidos. Por não terem tido êxito, eles se cobrirão de vergonha. Eterna infâmia, que nunca se apaga! 12Ó Senhor dos exércitos, que provas o homem justo e vês os sentimentos do coração, rogo-te me faças ver tua vingança sobre eles, pois eu te declarei a minha causa. 13Cantai ao Senhor, louvai o Senhor, pois ele salvou a vida de um pobre homem das mãos dos maus. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 17(18)

Ao Senhor eu invoquei na minha angústia, / e ele escutou a minha voz.

1. Eu vos amo, ó Senhor! Sois minha força, / minha rocha, meu refúgio e salvador! – R.

2. Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga, † minha força e poderosa salvação, / sois meu escudo e proteção: em vós espero! / Invocarei o meu Senhor: a ele a glória! / E dos meus perseguidores serei salvo! – R.

3. Ondas da morte me envolveram totalmente, / e as torrentes da maldade me aterraram; / os laços do abismo me amarraram / e a própria morte me prendeu em suas redes. – R.

4. Ao Senhor eu invoquei na minha angústia / e elevei o meu clamor para o meu Deus; / de seu templo ele escutou a minha voz, / e chegou a seus ouvidos o meu grito. – R.

Evangelho: João 10,31-42

Glória a Cristo, Palavra eterna do Pai, que é amor!

Senhor, tuas palavras são espírito, são vida; / só tu tens palavras de vida eterna! (Jo 6,63.68) – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, 31os judeus pegaram pedras para apedrejar Jesus. 32E ele lhes disse: “Por ordem do Pai, mostrei-vos muitas obras boas. Por qual delas me quereis apedrejar?” 33Os judeus responderam: “Não queremos te apedrejar por causa das obras boas, mas por causa de blasfêmia, porque, sendo apenas um homem, tu te fazes Deus!” 34Jesus disse: “Acaso não está escrito na vossa Lei: ‘Eu disse: vós sois deuses’? 35Ora, ninguém pode anular a Escritura: se a Lei chama deuses as pessoas às quais se dirigiu a Palavra de Deus, 36por que então me acusais de blasfêmia quando eu digo que sou Filho de Deus, eu, a quem o Pai consagrou e enviou ao mundo? 37Se não faço as obras do meu Pai, não acrediteis em mim. 38Mas, se eu as faço, mesmo que não queirais acreditar em mim, acreditai nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai”. 39Outra vez procuravam prender Jesus, mas ele escapou das mãos deles. 40Jesus passou para o outro lado do Jordão e foi para o lugar onde, antes, João tinha batizado. E permaneceu ali. 41Muitos foram ter com ele e diziam: “João não realizou nenhum sinal, mas tudo o que ele disse a respeito deste homem é verdade”. 42E muitos, ali, acreditaram nele. – Palavra da salvação.

Reflexão
Outra vez procuravam prender Jesus, mas ele escapou das mãos deles. Jesus passou para o outro lado do Jordão, e foi para o lugar onde, antes, João tinha batizado. E permaneceu ali. Muitos foram ter com ele, e diziam: “João não realizou nenhum sinal, mas tudo o que ele disse a respeito deste homem, é verdade”. E muitos, ali, acreditaram nele.

Como temos visto desde domingo passado, todas as leituras do Tempo da Paixão insistem na divindade de Jesus Cristo, e a razão por que a Igreja nos procura inculcar, não uma, mas sete vezes o dogma fundamental da nossa fé é para nos preparar para outro grande mistério que havemos de celebrar nos próximos dias: a crucificação e morte de Nosso Senhor. Ensina a Igreja com tanta insistência que Cristo é verdadeiro Deus, não só para não nos escandalizarmos com os discípulos, mas para estarmos de pé junto da cruz com Maria SS., a única que, naquela primeira Sexta-feira Santa, sabia que o homem a quem dera o corpo que então padecia todo gênero de suplícios era também o Deus que a criara e escolhera por Mãe. Lembrar antes da Paixão, como Ele mesmo o quis fazer ao se transfigurar no monte, que Jesus é o Filho unigênito do Pai é abrir os olhos para o que nenhum infiel pode enxergar no Calvário. Na cruz, o que veem os judeus é a pena mínima a quem é réu de blasfêmia; o que veem os gentios é mais um teatro patético da porção mais desprezível do Império; o que veem alguns incrédulos modernos é, no máximo, uma injustiça contra um simpático “rebelde”. O que veem porém os olhos da fé é a restauração do gênero humano, é a abertura do reino celeste, é a satisfação plena, por meio do ato de amor e sacrifício mais sublime nunca que imaginou o coração humano, dos direitos de Deus. Quando chegar a Sexta-feira Santa, temos de levantar os olhos para cruz e ver nela, não uma derrota, mas um triunfo; não tanto um homem destroçado quanto um Deus, a ele unido em unidade de pessoa, vencendo com obediência a rebeldia do pecado, dando morte à morte eterna e pagando com amor a inimizade de todos os homens. Na cruz, por estar pregado nela não um homem qualquer, mas um homem que é Deus e um Deus que se fez homem, o Filho repara em sua própria carne o crime do servos e, transbordando por nós de um amor que não merecemos, nos merece a graça de sermos filhos do Pai, capazes de Lhe oferecer todo o amor que Ele merece. Preparemo-nos desde já para esta Semana Santa renovando nossa fé na verdade em que Jesus Cristo tanto insistiu, como insiste agora a Igreja: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30).

 

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quinta-feira, 30 de março de 2023

5ª Semana da Quaresma - O Juiz que assume o castigo.

 Joao 8,51-59 - Então eles pegaram em pedras para apedrejar Jesus - YouTube

Cristo é o mediador de uma nova aliança, para que, por meio de sua morte, recebam os eleitos a herança eterna que lhes foi prometida (Hb 9,15).

A história da salvação começa com a aliança entre Deus e Abraão, figura de Cristo, o iniciador da Nova e Eterna Aliança no seu sangue. Pelo sacramento da Eucaristia, alimentamos nossa comunhão com o Senhor. Acolhamos, de coração sincero, o amor de Deus por nós.

Primeira Leitura: Gênesis 17,3-9

Leitura do livro do Gênesis – Naqueles dias, 3Abrão prostrou-se com o rosto por terra. 4E Deus lhe disse: “Eis a minha aliança contigo: tu serás pai de uma multidão de nações. 5Já não te chamarás Abrão, mas o teu nome será Abraão, porque farei de ti o pai de uma multidão de nações. 6Farei crescer tua descendência infinitamente. Farei nascer de ti nações, e reis sairão de ti. 7Estabelecerei minha aliança entre mim e ti e teus descendentes para sempre; uma aliança eterna, para que eu seja teu Deus e o Deus de teus descendentes. 8A ti e aos teus descendentes darei a terra em que vives como estrangeiro, todo o país de Canaã como propriedade para sempre. E eu serei o Deus dos teus descendentes”. 9Deus disse a Abraão: “Guarda a minha aliança, tu e a tua descendência para sempre”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 104(105)

O Senhor se lembra sempre da Aliança!

1. Procurai o Senhor Deus e seu poder, / buscai constantemente a sua face! / Lembrai as maravilhas que ele fez, / seus prodígios e as palavras de seus lábios! – R.

2. Descendentes de Abraão, seu servidor, / e filhos de Jacó, seu escolhido, / ele mesmo, o Senhor, é nosso Deus, / vigoram suas leis em toda a terra. – R.

3. Ele sempre se recorda da Aliança, / promulgada a incontáveis gerações; / da Aliança que ele fez com Abraão / e do seu santo juramento a Isaac. – R.

Evangelho: João 8,51-59

Glória a Cristo, Palavra eterna do Pai, que é amor!

Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: / Não fecheis os corações como em Meriba! (Sl 94,8) – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, disse Jesus aos judeus: 51“Em verdade, em verdade, eu vos digo, se alguém guardar a minha palavra, jamais verá a morte”. 52Disseram então os judeus: “Agora sabemos que tens um demônio. Abraão morreu e os profetas também, e tu dizes: ‘Se alguém guardar a minha palavra, jamais verá a morte’. 53Acaso és maior do que nosso pai Abraão, que morreu, como também os profetas? Quem pretendes tu ser?” 54Jesus respondeu: “Se me glorifico a mim mesmo, minha glória não vale nada. Quem me glorifica é o meu Pai, aquele que vós dizeis ser o vosso Deus. 55No entanto, não o conheceis. Mas eu o conheço e, se dissesse que não o conheço, seria um mentiroso como vós! Mas eu o conheço e guardo a sua palavra. 56Vosso pai Abraão exultou por ver o meu dia; ele o viu e alegrou-se”. 57Os judeus disseram-lhe então: “Nem sequer cinquenta anos tens e viste Abraão!?” 58Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade vos digo, antes que Abraão existisse, eu sou”. 59Então eles pegaram em pedras para apedrejar Jesus, mas ele escondeu-se e saiu do templo. – Palavra da salvação.

Reflexão
A controvérsia entre Jesus e os fariseus vem-se acalorando de dia para dia e hoje, como lemos no relato do Evangelho, ela finalmente chega ao final, com os judeus pegando em pedras e o Senhor escondendo-se no Templo para não morrer antes da hora prefixada pelo Pai. Não deixa de ser interessante notar que este mesmo capítulo de S. João, que se conclui com pedras, começara também com pedras: nos versículos iniciais, víamos uma adúltera surpreendida em pecado, que não só se livrou da condenação da Lei, senão que voltou para casa perdoada por Deus; agora, vemos o Senhor que a livrara das pedras e perdoara do pecado ser perseguido pelos mesmos que a queriam matar. No primeiro caso, o que vemos é uma pecadora que sai redimida e desculpada das pedras que merecia; no segundo, o que vemos é um inocente de toda culpa, mas que se dispõe a receber as pedradas devidas aos crimes de outrem. Aqui, neste contraste entre a culpada e o que perdoa, entre a ré que sai absolvida da pena e o juiz que se submete ao castigo, está contida a essência da Redenção: Deus, que é o ofendido pelos nossos crimes, dispõe-se a sofrer as penas das nossas ofensas, para que, pagando Ele mesmo o preço da nossa iniquidade, possamos viver livres de toda dívida. O admirabile commercium! Que sublime câmbio e que admirável comércio este, em que o Senhor da vida se precipita no abismo da morte, a fim de resgatar os que jazíamos na escuridão do pecado! Qual bom pastor que dá sua vida pelas ovelhas, Cristo nos salvou na cruz, vivendo a nossa própria morte física, e nos conquistou a graça de uma vida que não conhecerá ocaso: “Se alguém guardar a minha palavra, jamais verá a morte”. — Cheios de gratidão, louvemos aquele que é maior que Abraão, por ser Deus santo e onipotente desde todos os séculos, e, em sinal de agradecimento pelo benefício da Redenção, consagremos nossa vida por inteiro ao que não recusou entregar a sua própria vida até a última gota de sangue, com o fim de que a morte já não tivesse domínio sobre nós: “Se alguém guardar a minha palavra, jamais verá a morte”!
 
 

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quarta-feira, 29 de março de 2023

5ª Semana da Quaresma - A virtude liberta.

 Evangelho (Jo 8,31-42) – Comunidade Luz

Vós me livrais, Senhor, de meus inimigos; vós me fazeis suplantar o agressor e do homem violento me salvais! (Sl 17,48s)

Quem é fiel a Deus não se dobra aos poderes deste mundo que exigem a adoração de outros deuses. Sujeita-se a perder a vida, mas não trai o verdadeiro e único Senhor. Peçamos a Deus a fortaleza dos mártires de todos os tempos.

Primeira Leitura: Daniel 3,14-20.24.49.91-92.95

Leitura da profecia de Daniel – Naqueles dias, 14o rei Nabucodonosor tomou a palavra e disse: “É verdade, Sidrac, Misac e Abdênago, que não prestais culto a meus deuses e não adorais a estátua de ouro que mandei erguer? 15E agora, quando ouvirdes tocar trombeta, flauta, cítara, harpa, saltério e gaitas, e toda espécie de instrumentos, estais prontos a prostrar-vos e adorar a estátua que mandei fazer? Mas, se não fizerdes adoração, no mesmo instante sereis atirados na fornalha de fogo ardente; e qual é o deus que poderá libertar-vos de minhas mãos?” 16Sidrac, Misac e Abdênago responderam ao rei Nabucodonosor: “Não há necessidade de te respondermos sobre isso; 17se o nosso Deus, a quem rendemos culto, pode livrar-nos da fornalha de fogo ardente, ele também poderá libertar-nos de tuas mãos, ó rei. 18Mas, se ele não quiser libertar-nos, fica sabendo, ó rei, que nós não prestaremos culto a teus deuses, tampouco adoraremos a estátua de ouro que mandaste fazer”. 19A essas palavras, Nabucodonosor encheu-se de cólera contra Sidrac, Misac e Abdênago, a ponto de se alterar a expressão do rosto; deu ordem para acender a fornalha com sete vezes mais fogo que de costume 20e encarregou os soldados mais fortes do exército para amarrarem Sidrac, Misac e Abdênago e os lançarem na fornalha de fogo ardente. 24Os três jovens andavam de cá para lá no meio das chamas, entoando hinos a Deus e bendizendo ao Senhor. 49Mas o anjo do Senhor tinha descido simultaneamente na fornalha para junto de Azarias e seus companheiros. 91O rei Nabucodonosor, tomado de pasmo, levantou-se apressadamente e perguntou a seus ministros: “Porventura, não lançamos três homens bem amarrados no meio do fogo?” Responderam ao rei: “É verdade, ó rei”. 92Disse este: “Mas eu estou vendo quatro homens andando livremente no meio do fogo, sem sofrerem nenhum mal, e o aspecto do quarto homem é semelhante ao de um filho de Deus”. 95Exclamou Nabucodonosor: “Bendito seja o Deus de Sidrac, Misac e Abdênago, que enviou seu anjo e libertou seus servos, que puseram nele sua confiança e transgrediram o decreto do rei, preferindo entregar suas vidas a servir e adorar qualquer outro deus que não fosse o seu Deus”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: Dn 3

A vós louvor, honra e glória eternamente!

1. Sede bendito, Senhor Deus de nossos pais. / A vós louvor, honra e glória eternamente! / Sede bendito, nome santo e glorioso. / A vós louvor, honra e glória eternamente! – R.

2. No templo santo onde refulge a vossa glória. / A vós louvor, honra e glória eternamente! / E em vosso trono de poder vitorioso. / A vós louvor, honra e glória eternamente! – R.

3. Sede bendito, que sondais as profundezas. / A vós louvor, honra e glória eternamente! / E superior aos querubins vos assentais. / A vós louvor, honra e glória eternamente! – R.

4. Sede bendito no celeste firmamento. / A vós louvor, honra e glória eternamente! – R.

5. Obras todas do Senhor, glorificai-o. / A ele louvor, honra e glória eternamente! – R.

Evangelho: João 8,31-42

Honra, glória, poder e louvor / a Jesus, nosso Deus e Senhor!

Felizes os que observam / a Palavra do Senhor de reto coração / e que produzem muitos frutos, / até o fim perseverantes! (Lc 8,15) – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, 31Jesus disse aos judeus que nele tinham acreditado: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, 32e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. 33Responderam eles: “Somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como podes dizer: ‘Vós vos tornareis livres’?” 34Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade vos digo, todo aquele que comete pecado é escravo do pecado. 35O escravo não permanece para sempre numa família, mas o filho permanece nela para sempre. 36Se, pois, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres. 37Bem sei que sois descendentes de Abraão; no entanto, procurais matar-me, porque a minha palavra não é acolhida por vós. 38Eu falo o que vi junto do Pai; e vós fazeis o que ouvistes do vosso pai”. 39Eles responderam então: “O nosso pai é Abraão”. Disse-lhes Jesus: “Se sois filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão! 40Mas agora vós procurais matar-me, a mim, que vos falei a verdade que ouvi de Deus. Isso, Abraão não o fez. 41Vós fazeis as obras do vosso pai”. Disseram-lhe, então: “Nós não nascemos do adultério, temos um só pai: Deus”. 42Respondeu-lhes Jesus: “Se Deus fosse vosso Pai, vós certamente me amaríeis, porque de Deus é que eu saí e vim. Não vim por mim mesmo, mas foi ele que me enviou”. – Palavra da salvação.

Reflexão
Hoje, Jesus nos fala da liberdade que Ele quer conquistar para nós com sua morte na cruz. Sim, precisamos ser salvos e libertos da escravidão do pecado. Jesus o ensina com toda a clareza ao dizer: “Todo aquele que comete pecado é escravo do pecado”. E isso que Jesus diz aos fariseus, Ele o diz também a nós, para que possamos compreender que o pecado apenas promete liberdade. O que sempre se ouve por aí? “Ah! Eu sou livre, faço o que bem quiser”, e o sujeito, usando de sua suposta liberdade, envereda pelo mundo das drogas, e torna-se escravo das drogas; envereda pelo mundo do álcool, e torna-se escravo do álcool; envereada pelo mundo do sexo desregrado, e torna-se escravo do sexo desregrado… É tudo propaganda de Satanás, que promete liberdade, dizendo: “Tu és livre! Vai, quebra os laços, arrebenta as correntes com que Deus te está amarrando e impedindo de ser feliz! Deus oprime com os seus Mandamentos”. É só ilusão, mentira de Satanás. Nunca se ouviu dizer que uma pessoa que, por exemplo, amasse se tenha tornado escrava do amor. Não, quem ama é livre e pode a qualquer momento realizar um ato de egoísmo. Quando alguém pratica a virtude do amor, está livre; mas o contrário não é bem verdade, pois quem está viciado no egoísmo não consegue a qualquer momento realizar um ato de amor. Do mesmo modo, quem é casto pode a qualquer momento cair em pecado contra a castidade, mas quem vive no pecado contra a castidade não pode a qualquer momento viver a virtude da pureza. Somente a virtude liberta, o pecado escraviza. Ora, a técnica de Satanás para nos escravizar no pecado é a mentira. Se continuássemos a leitura o evangelho de S. João, no versículo 44 desse mesmo capítulo encontraríamos a seguinte ideia: Satanás é homicida desde o princípio, quer dizer, sua finalidade é matar-nos, levar-nos para a morte eterna. Satanás, que é homicida desde o princípio, é também o pai da mentira.O que ele fez com Adão e Eva? Mentiu. Deus dissera a Adão e Eva no paraíso: “Podeis comer de todas as árvores que quiserdes”. Que liberdade, que maravilha! “Só que, por minha bondade”, Ele avisa, “sabei que esta árvore aqui é veneno: não comais dela”. Mas Satanás, homicida, queria que eles comessem da árvore que trazia morte. Ele mente, dizendo: “Não! Deus vos está enganando! Se comerdes desta árvore, sereis como deuses!” É a mentira que leva ao pecado, e o pecado à escravidão e à morte. É o método de Satanás. Jesus, ao contrário, quer-nos libertar, e a liberdade que Ele quer-nos dar nasce, em primeiro lugar, da verdade: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Ora, conhecer a verdade significa o seguinte. Você, que está lendo essa meditação aqui, essa homilia, o que você tem de fazer? “Ah! Vou fechar o livro e procurar outras coisas que ler ou ouvir na internet”. Não, não faça isso. Aquilo que nos alimenta ou nos chama a atenção, temos de levá-lo depois para a oração. É importante que, na oração, ao virmos a verdade de Cristo, a deixemos brilhar dentro de nós. Temos de meditar sobre ela, “ruminar” a verdade. Trata-se de ir cavoucando, até que, um belo dia, as coisas floresçam; trata-se de ir ruminando, até que, um belo dia, estejamos nutridos da verdade. Em outras palavras, é importante dar tempo a Deus para que Ele ilumine nossa inteligência. Quando Deus a ilumina, Ele convida a vontade, e a vontade fica livre para amar. Eis o caminho da nossa salvação: precisamos conhecer a verdade — Deus ilumina a inteligência e convida a vontade! É o que Deus faz na vida de oração e é o que Jesus veio fazer conosco. Ele veio trazer-nos a verdade para que, conhecendo-a, saíssemos do reino da mentira que leva à escravidão do pecado, pois a verdade que ilumina, dá força e fortalece a vontade. Mas devemos lembrar o seguinte: a vontade (que é a faculdade que ama, também chamada “coração”) é uma potência cega, ou seja, ninguém pode amar sem antes conhecer. É necessário, pois, que as coisas passem primeiro pela inteligência, brilhe nela a verdade, para então brotar na vontade o ato de amor. É o caminho de Jesus, é o caminho da salvação. À medida que nos aproximamos da Semana Santa, meditemos mais sobre o amor com que Jesus nos amou na cruz. Assim, essa verdade irá brilhar e, brilhando, nos fará livres — livres para 

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terça-feira, 28 de março de 2023

5ª Semana da Quaresma - A extensão da Redenção.

 Jesus era um fariseu?

Espera no Senhor e sê corajoso! Fortifique-se teu coração; espera no Senhor! (Sl 26,14)

Deus propõe a serpente de bronze como canal para o povo expressar sua fé. Os cristãos aplicam esse símbolo a Cristo erguido na cruz, fonte de nossa salvação. Confiemos no Senhor, que “ouvirá a oração dos oprimidos e não desprezará sua prece”.

Primeira Leitura: Números 21,4-9

Leitura do livro dos Números – Naqueles dias, 4os filhos de Israel partiram do monte Hor, pelo caminho que leva ao mar Vermelho, para contornarem o país de Edom. Durante a viagem, o povo começou a impacientar-se 5e se pôs a falar contra Deus e contra Moisés, dizendo: “Por que nos fizestes sair do Egito para morrermos no deserto? Não há pão, falta água e já estamos com nojo desse alimento miserável”. 6Então o Senhor mandou contra o povo serpentes venenosas, que os mordiam; e morreu muita gente em Israel. 7O povo foi ter com Moisés e disse: “Pecamos, falando contra o Senhor e contra ti. Roga ao Senhor que afaste de nós as serpentes”. Moisés intercedeu pelo povo, 8e o Senhor respondeu: “Faze uma serpente abrasadora e coloca-a como sinal sobre uma haste; aquele que for mordido e olhar para ela viverá”. 9Moisés fez, pois, uma serpente de bronze e colocou-a como sinal sobre uma haste. Quando alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, ficava curado. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 101(102)

Ouvi, Senhor, e escutai minha oração, / e chegue até vós o meu clamor.

1. Ouvi, Senhor, e escutai minha oração, / e chegue até vós o meu clamor! / De mim não oculteis a vossa face / no dia em que estou angustiado! / Inclinai o vosso ouvido para mim; / ao invocar-vos, atendei-me sem demora! – R.

2. As nações respeitarão o vosso nome, / e os reis de toda a terra, a vossa glória; / quando o Senhor reconstruir Jerusalém / e aparecer com gloriosa majestade, / ele ouvirá a oração dos oprimidos / e não desprezará a sua prece. – R.

3. Para as futuras gerações se escreva isto, / e um povo novo a ser criado louve a Deus. / Ele inclinou-se de seu templo nas alturas, / e o Senhor olhou a terra do alto céu, / para os gemidos dos cativos escutar / e da morte libertar os condenados. – R.

Evangelho: João 8,21-30

Glória a Cristo, Palavra eterna do Pai, que é amor!

Semente é de Deus a Palavra, / o Cristo é o semeador; / todo aquele que o encontra, / vida eterna encontrou. – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: 21“Eu parto e vós me procurareis, mas morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou, vós não podeis ir”. 22Os judeus comentavam: “Por acaso, vai-se matar? Pois ele diz: ‘Para onde eu vou, vós não podeis ir’?” 23Jesus continuou: “Vós sois daqui de baixo, eu sou do alto. Vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo. 24Disse-vos que morrereis nos vossos pecados, porque, se não acreditais que eu sou, morrereis nos vossos pecados”. 25Perguntaram-lhe, pois: “Quem és tu, então?” Jesus respondeu: “O que vos digo desde o começo. 26Tenho muitas coisas a dizer a vosso respeito e a julgar também. Mas aquele que me enviou é fidedigno, e o que ouvi da parte dele é o que falo para o mundo”. 27Eles não compreenderam que lhes estava falando do Pai. 28Por isso, Jesus continuou: “Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que eu sou e que nada faço por mim mesmo, mas apenas falo aquilo que o Pai me ensinou. 29Aquele que me enviou está comigo. Ele não me deixou sozinho, porque sempre faço o que é de seu agrado”. 30Enquanto Jesus assim falava, muitos acreditaram nele. – Palavra da salvação.

Reflexão
 
Dando continuidade à leitura do Evangelho segundo São João, vemos Cristo falar hoje a respeito de sua partida e, mais especificamente, de sua elevação na Cruz: "Quando tiverdes elevado o Filho do Homem", diz Ele aos fariseus, "então sabereis que Eu sou". É neste contexto que o Senhor adverte os judeus de que, se persistirem na incredulidade, irão todos morrer em seus pecados. A virtude da é apresentada aqui como o caminho seguro para evitar a tragédia da impenitência final: "Se não acreditais que Eu sou" — quer dizer, tanto o Messias salvador quanto o vosso Deus (cf. Is 43, 10) —, "morrereis nos vossos pecados", pois quem nEle crê não será condenado (cf. Jo 3, 18). Estas palavras de Jesus lançam fortes luzes sobre o mistério da Redenção, que, embora tenha sido operada em favor de todos, só é aplicada aos que, pela fé, se abrem aos seus frutos. A esta mesma realidade, com efeito, se referem aquelas palavras da Consagração: "Hic est enim calix Sanguinis mei, novi et aeterni Testamenti [...], qui pro vobis et pro multis effundetur in remissionem peccatorum". Pregado no madeiro da salvação, Cristo dá aos homens de todos os tempos um testemunho eloquente do amor infinito com que Ele abraça a quantos vêm ao mundo; mas este apelo de sangue do Deus feito carne quer encontrar quem o ouça e acolha pela fé, pois se não cremos em seu amor, como vamos crer no valor do seu sacrifício? Que Jesus nos aumente, pois, o dom da fé e nos disponha a receber os prêmios eternos que Ele conquistou pela aspersão de seu Preciosíssimo Sangue.


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segunda-feira, 27 de março de 2023

5ª Semana da Quaresma - ... Nem eu te condeno, vai em paz!

 Evangelho do Dia: A mulher adúltera (Jo, 8, 1-11) – Oratório São Luiz – 120  Anos

 

Tende piedade de mim, Senhor, pois me atormentam; todos os dias me oprimem os agressores (Sl 55,2).

A atitude perversa de quem deveria defender a virtude contrasta com a profunda confiança da pessoa que deposita em Deus sua esperança de salvação. Celebremos o Senhor, cujo amor misericordioso ampara os injustiçados e os pecadores e converte os corações.

Primeira Leitura: Daniel 13,1-9.15-17.19-30.33-62 ou 41-62

[A forma breve está entre colchetes.]

Leitura da profecia de Daniel [Naqueles dias,] 1na Babilônia vivia um homem chamado Joaquim. 2Estava casado com uma mulher chamada Susana, filha de Helcias, que era muito bonita e temente a Deus. 3Também os pais dela eram pessoas justas e tinham educado a filha de acordo com a lei de Moisés. 4Joaquim era muito rico e possuía um pomar junto à sua casa. Muitos judeus costumavam visitá-lo, pois era o mais respeitado de todos. 5Ora, naquele ano, tinham sido nomeados juízes dois anciãos do povo, a respeito dos quais o Senhor havia dito: “Da Babilônia brotou a maldade de anciãos-juízes, que passavam por condutores do povo”. 6Eles frequentavam a casa de Joaquim, e todos os que tinham alguma questão se dirigiam a eles. 7Ora, pelo meio-dia, quando o povo se dispersava, Susana costumava entrar e passear no pomar de seu marido. 8Os dois anciãos viam-na todos os dias entrar e passear e acabaram por se apaixonar por ela. 9Ficaram desnorteados, a ponto de desviarem os olhos para não olharem para o céu, e se esqueceram dos seus justos julgamentos. 15Assim, enquanto os dois estavam à espera de uma ocasião favorável, certo dia, Susana entrou no pomar como de costume, acompanhada apenas por duas empregadas. E sentiu vontade de tomar banho, por causa do calor. 16Não havia ali ninguém, exceto os dois velhos, que estavam escondidos e a espreitavam. 17Então ela disse às empregadas: “Por favor, ide buscar-me óleo e perfumes e trancai as portas do pomar, para que eu possa tomar banho”. 19Apenas as empregadas tinham saído, os dois velhos levantaram-se e correram para Susana, dizendo: 20“Olha, as portas do pomar estão trancadas e ninguém nos está vendo. Estamos apaixonados por ti: concorda conosco e entrega-te a nós! 21Caso contrário, deporemos contra ti que um moço esteve aqui e que foi por isso que mandaste embora as empregadas”. 22Gemeu Susana, dizendo: “Estou cercada de todos os lados! Se eu fizer isso, espera-me a morte; e, se não o fizer, também não escaparei das vossas mãos; 23mas é melhor para mim, não o fazendo, cair nas vossas mãos do que pecar diante do Senhor!” 24Então, ela pôs-se a gritar em alta voz, mas também os dois velhos gritaram contra ela. 25Um deles correu para as portas do pomar e as abriu. 26As pessoas da casa ouviram a gritaria no pomar e precipitaram-se pela porta do fundo, para ver o que estava acontecendo. 27Quando os velhos apresentaram sua versão dos fatos, os empregados ficaram muito constrangidos, porque jamais se dissera coisa semelhante a respeito de Susana. 28No dia seguinte, o povo veio reunir-se em casa de Joaquim, seu marido. Os dois anciãos vieram também, com a intenção criminosa de conseguir sua condenação à morte. Por isso, assim falaram ao povo reunido: 29“Mandai chamar Susana, filha de Helcias, mulher de Joaquim!” E foram chamá-la. 30Ela compareceu em companhia dos pais, dos filhos e de todos os seus parentes. 33Os que estavam com ela e todos os que a viam, choravam. 34Os dois velhos levantaram-se no meio do povo e puseram as mãos sobre a cabeça de Susana. 35Ela, entre lágrimas, olhou para o céu, pois seu coração tinha confiança no Senhor. 36Entretanto, os dois anciãos deram este depoimento: “Enquanto estávamos passeando a sós no pomar, esta mulher entrou com duas empregadas. Depois, fechou as portas do pomar e mandou as servas embora. 37Então, veio ter com ela um moço, que estava escondido, e com ela se deitou. 38Nós, que estávamos num canto do pomar, vimos essa infâmia. Corremos para eles e os surpreendemos juntos. 39Quanto ao jovem, não conseguimos agarrá-lo, porque era mais forte do que nós e, abrindo as portas, fugiu. 40A ela, porém, agarramos e perguntamos quem era aquele moço. Ela, porém, não quis dizer. Disso nós somos testemunhas”. [41A assembleia acreditou neles, pois eram anciãos do povo e juízes. E condenaram Susana à morte. 42Susana, porém, chorando, disse em voz alta: “Ó Deus eterno, que conheces as coisas escondidas e sabes tudo de antemão, antes que aconteça! 43Tu sabes que é falso o testemunho que levantaram contra mim! Estou condenada a morrer, quando nada fiz do que estes maldosamente inventaram a meu respeito!” 44O Senhor escutou sua voz. 45Enquanto a levavam para a execução, Deus excitou o santo espírito de um adolescente de nome Daniel. 46E ele clamou em alta voz: “Sou inocente do sangue dessa mulher!” 47Todo o povo, então, voltou-se para ele e perguntou: “Que palavra é essa que acabas de dizer?” 48De pé, no meio deles, Daniel respondeu: “Sois tão insensatos, filhos de Israel? Sem julgamento e sem conhecimento da causa verdadeira, vós condenais uma filha de Israel? 49Voltai a repetir o julgamento, pois é falso o testemunho que levantaram contra ela!” 50Todo o povo voltou apressadamente, e outros anciãos disseram ao jovem: “Senta-te no meio de nós e dá-nos o teu parecer, pois Deus te deu a honra da velhice”. 51Falou então Daniel: “Mantende os dois separados, longe um do outro, e eu os julgarei”. 52Tendo sido separados, Daniel chamou um deles e lhe disse: “Velho encarquilhado no mal! Agora aparecem os pecados que estavas habituado a praticar. 53Fazias julgamentos injustos, condenando inocentes e absolvendo culpados, quando o Senhor ordena: ‘Tu não farás morrer o inocente e o justo!’ 54Pois bem, se é que viste, dize-me: à sombra de que árvore os viste abraçados?” Ele respondeu: “À sombra de uma aroeira”. 55Daniel replicou: “Mentiste com perfeição contra a tua própria cabeça. Por isso o anjo de Deus, tendo recebido já a sentença divina, vai rachar-te pelo meio!” 56Mandando sair este, ordenou que trouxessem o outro: “Raça de Canaã e não de Judá, a beleza fascinou-te e a paixão perverteu o teu coração. 57Era assim que procedíeis com as filhas de Israel, e elas, por medo, sujeitavam-se a vós. Mas uma filha de Judá não se submeteu a essa iniquidade. 58Agora, pois, dize-me debaixo de que árvore os surpreendeste juntos?” Ele respondeu: “Debaixo de uma azinheira”. 59Daniel retrucou: “Também tu mentiste com perfeição contra a tua própria cabeça. Por isso o anjo de Deus já está à espera, com a espada na mão, para cortar-te ao meio e para te exterminar!” 60Toda a assistência pôs-se a gritar com força, bendizendo a Deus, que salva os que nele esperam. 61E voltaram-se contra os dois velhos, pois Daniel os tinha convencido, por suas próprias palavras, de que eram falsas testemunhas. E, agindo segundo a lei de Moisés, fizeram com eles aquilo que haviam tramado perversamente contra o próximo. 62E assim os mataram, enquanto, naquele dia, era salva uma vida inocente.] Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 22(23)

Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, / nenhum mal eu temerei, estais comigo.

1. O Senhor é o pastor que me conduz; / não me falta coisa alguma. / Pelos prados e campinas verdejantes, / ele me leva a descansar. / Para as águas repousantes me encaminha / e restaura as minhas forças. – R.

2. Ele me guia no caminho mais seguro, / pela honra do seu nome. / Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, / nenhum mal eu temerei. / Estais comigo com bastão e com cajado, / eles me dão a segurança! – R.

3. Preparais à minha frente uma mesa, / bem à vista do inimigo; / com óleo vós ungis minha cabeça, / e o meu cálice transborda. – R.

4. Felicidade e todo bem hão de seguir-me / por toda a minha vida; / e na casa do Senhor habitarei / pelos tempos infinitos. – R.

Evangelho: João 8,1-11

Glória a vós, Senhor Jesus, / primogênito dentre os mortos!

Não quero a morte do pecador, diz o Senhor, / mas que ele volte, se converta e tenha vida (Ez 33,11). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, 1Jesus foi para o monte das Oliveiras. 2De madrugada, voltou de novo ao templo. Todo o povo se reuniu em volta dele. Sentando-se, começou a ensiná-los. 3Entretanto, os mestres da Lei e os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério. Colocando-a no meio deles, 4disseram a Jesus: “Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. 5Moisés na Lei mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes tu?” 6Perguntavam isso para experimentar Jesus e para terem motivo de o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, começou a escrever com o dedo no chão. 7Como persistissem em interrogá-lo, Jesus ergueu-se e disse: “Quem dentre vós não tiver pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. 8E, tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão. 9E eles, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos; e Jesus ficou sozinho com a mulher, que estava lá, no meio, em pé. 10Então Jesus se levantou e disse: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?” 11Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus lhe disse: “Eu também não te condeno. Podes ir e, de agora em diante, não peques mais”. – Palavra da salvação.

Reflexão

No Evangelho de hoje, a pergunta dos mestres da lei tinha uma resposta clara segundo a Torá e a tradição. Porém existiam umas conclusões que podiam colocar em situação crítica aquele que respondesse legalmente à pergunta solicitada. Caso Jesus desse uma resposta afirmativa, ele seria condenado pela autoridade romana como executor de uma sentença de morte, à qual não tinha direito; e, portanto seria punido como um assassino. Caso sua resposta fosse negativa, Jesus seria condenado como quem despreza a lei pátria e seu desprestígio seria máximo entre os judeus ortodoxos, com uma reputação totalmente negativa que o aniquilava como mestre em Israel.

Por isso, como bom Mestre, Jesus nada responde e se inclina para escrever no chão como quem desenha letras sem sentido na terra. Ele se desentende de um problema que não é seu e que não tem por que responder, pois ele não tinha testemunhado o adultério e não era juiz no caso, que como caso de morte seria o sinédrio quem o julgaria. Eram as testemunhas que deviam atuar através da denúncia ao juiz e atirando as primeiras pedras, para que o povo respondesse e assim evitar o mal que do contrário, contaminaria todo o povo (Dt 22, 22). È costume entre os árabes fazer traços com o dedo quando o que estão escutando não é de seu interesse. É possível que Jesus atuasse em consonância com esta última suposição. Por isso os acusadores insistem.

Para entendermos a resposta de Jesus, devemos buscar precedentes na tradição e na Lei. Já disse que são as testemunhas que deveriam ser as primeiras pessoas a atirar as pedras que deviam ser dirigidas ao coração da vítima para acabar de imediato com sua vida. Quem estiver sem pecado entre vós atire a primeira pedra. Pela resposta de Jesus e venho que naquele tempo os homens adúlteros eram tantos que se deixou de aplicar a lei. E então, suas atitudes estavam em confronto com a posição do Mestre: O sem pecado entre vós seja o primeiro a lhe atirar a pedra. Ninguém esperava esta resposta que respeita a lei e não é um mandato, mas um aviso e uma lição.

Meu irmão minha irmã, nós que gostamos de julgar e condenar os outros por pouco que façam de errado. Não podemos e nem temos o direito de julgar e condenar se somos culpados do mesmo delito. Veja que os mestres da lei atacaram a Jesus com a lei. Mas Ele os contra-ataca com a consciência, que é a lei suprema para todo homem em particular. O que aconteceu ontem se repete em nossos dias. Que aconteceu dentro da consciência dos acusadores? Por que começaram a desfilar, a começar pelos mais velhos? Eles ficaram com a consciência pesada de tantos pecados e por isso fora saindo um por um. Os mais velhos foram os primeiros. Efetivamente os jovens são como discos novos em que o pecado inicia seu caminho de vício e raia com a ação repetitiva a consciência do indivíduo. Os mais velhos não são mais pecadores, mas os que acumulam maior número de pecados. Os mais velhos entenderam por experiência que agora eram eles, as testemunhas, as que passavam de declarantes a juizes e o processo e a condenação estava transferido de Jesus a eles mesmos. Jesus não poderia ser incriminado nem pela relaxação da lei de Moisés, nem pela execução de uma pessoa que a lei romana não permitia na época.

A morte da adúltera não era o motivo principal da denúncia, pois o que pretendiam era a implicação de Jesus na morte da mesma. Faltando este último, o teatro urdido desmoronava como um castelo de cartas.

Falando do perdão S Agostinho, diz que no fim duas pessoas estavam presentes na cena: a miséria e a misericórdia. Se ninguém a condenava, Jesus tampouco a condena. A lei divina foi transformada por esta sentença: sempre que o arrependimento seja sincero e o acompanhe o propósito de não pecar mais, o perdão será absoluto O passado é apagado e o futuro só depende do presente e das disposições do momento. A memória servirá para enaltecer a bondade de Deus que perdoa, sem exigir compensações e reditos pelo passado.

É assim que Deus faz conosco quando erramos e Jesus nos ensina a fazer quando os nossos nos ofendem. Portanto, a sabedoria de Jesus dá um xeque-mate a quem pensava tê-lo apanhado. E é precisamente por meio de uma consciência que aparentemente não funcionava que os mais velhos reconhecem seu erro e retiram sua denúncia. Como está a tua consciência quando censuras o teu marido, esposa, filho, filha, pais, vizinho, colega, funcionário ou qualquer um com quem te encontras pelo caminho pelos mesmos delitos que nós usualmente cometemos e talvez até mais graves do que os que consegues enxergar dos outros? Lembro-te que muitas falhas erros que os outros cometem teriam solução na tua casa se nós os assumíssemos como nossos e nos empenhássemos a resolve-los. Até porque neles somente os contemplamos para criticá-los e não para ajuda na solução. Verdade ou mentira?

Levante os olhos e veja que o perdão divino é mais amplo do que nós geralmente acreditamos. Só exige que tenhamos a vontade de não optar mais pelo mal. Pare de olhar para o pecado do outro e de formular um juízo de condenação, pois os teus são maior do que os do outro. A única diferença é que os teus são invisível e dificilmente os vês com os teus olhos ao passo que os dos outros consegues ver. Mas se te colocas no lugar do outro e te propões a ajudar para que o outro se levante e caminhe. Terás ganhado o seu irmão e tu terás a tua recompensa nos céus.

 

domingo, 26 de março de 2023

5º Domingo da Quaresma - Sem Cristo, somos ossos ressequidos!

 Milagres de Jesus Cristo: entendendo a vontade de Deus através da  ressurreição de Lázaro - studyingtheeasternlightning

A mim, ó Deus, fazei justiça, defendei a minha causa contra a gente sem piedade; do homem perverso e traidor libertai-me, porque sois, ó Deus, o meu socorro (Sl 42,1s).

O Espírito de Deus, que mora em nós, nos conduziu a esta liturgia, a fim de que tenhamos forças para caminhar, dia a dia, desvencilhados dos laços mortais da injustiça, da descrença e do egoísmo. Com Marta e Maria, professemos nossa fé em Cristo Jesus, ressurreição e vida plena para todos os que se deixam iluminar por sua Palavra e se reúnem para celebrar a Eucaristia.

Primeira Leitura: Ezequiel 37,12-14

Leitura da profecia de Ezequiel 12Assim fala o Senhor Deus: “Ó meu povo, vou abrir as vossas sepulturas e conduzir-vos para a terra de Israel; 13e quando eu abrir as vossas sepulturas e vos fizer sair delas, sabereis que eu sou o Senhor. 14Porei em vós o meu espírito, para que vivais, e vos colocarei em vossa terra. Então sabereis que eu, o Senhor, digo e faço – oráculo do Senhor”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 129(130)

No Senhor, toda graça e redenção!

1. Das profundezas eu clamo a vós, Senhor, / escutai a minha voz! / Vossos ouvidos estejam bem atentos / ao clamor da minha prece! – R.

2. Se levardes em conta nossas faltas, / quem haverá de subsistir? / Mas em vós se encontra o perdão, / eu vos temo e em vós espero. – R.

3. No Senhor ponho a minha esperança, / espero em sua palavra. / A minha alma espera no Senhor / mais que o vigia pela aurora. – R.

4. Espere Israel pelo Senhor / mais que o vigia pela aurora! / Pois no Senhor se encontra toda graça / e copiosa redenção. / Ele vem libertar a Israel / de toda a sua culpa. – R.

Segunda Leitura: Romanos 8,8-11

Leitura da carta de São Paulo aos Romanos – Irmãos, 8os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus. 9Vós não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o Espírito de Deus mora em vós. Se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo. 10Se, porém, Cristo está em vós, embora vosso corpo esteja ferido de morte por causa do pecado, vosso espírito está cheio de vida, graças à justiça. 11E, se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos mora em vós, então aquele que ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos vivificará também vossos corpos mortais por meio do seu Espírito que mora em vós. – Palavra do Senhor.

Evangelho: João 11,1-45 ou 3-7.17.20-27.33-45

[A forma breve está entre colchetes.]

Glória a vós, ó Cristo, Verbo de Deus.

Eu sou a ressurreição, eu sou a vida. / Quem crê em mim não morrerá eternamente (Jo 11,25s). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João[Naquele tempo,] 1havia um doente, Lázaro, que era de Betânia, o povoado de Maria e de Marta, sua irmã. 2Maria era aquela que ungira o Senhor com perfume e enxugara os pés dele com seus cabelos. O irmão dela, Lázaro, é que estava doente. [3As irmãs mandaram] então [dizer a Jesus: “Senhor, aquele que amas está doente”. 4Ouvindo isso, Jesus disse: “Esta doença não leva à morte; ela serve para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela”. 5Jesus era muito amigo de Marta, de sua irmã Maria e de Lázaro. 6Quando ouviu que este estava doente, Jesus ficou ainda dois dias no lugar onde se encontrava. 7Então, disse aos discípulos: “Vamos de novo à Judeia”.] 8Os discípulos disseram-lhe: “Mestre, ainda há pouco os judeus queriam apedrejar-te, e agora vais outra vez para lá?” 9Jesus respondeu: “O dia não tem doze horas? Se alguém caminha de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo. 10Mas, se alguém caminha de noite, tropeça, porque lhe falta a luz”. 11Depois acrescentou: “O nosso amigo Lázaro dorme. Mas eu vou acordá-lo”. 12Os discípulos disseram: “Senhor, se ele dorme, vai ficar bom”. 13Jesus falava da morte de Lázaro, mas os discípulos pensaram que falasse do sono mesmo. 14Então Jesus disse abertamente: “Lázaro está morto. 15Mas, por causa de vós, alegro-me por não ter estado lá, para que creiais. Mas vamos para junto dele”. 16Então Tomé, cujo nome significa Gêmeo, disse aos companheiros: “Vamos nós também para morrermos com ele”. [17Quando Jesus chegou, encontrou Lázaro sepultado havia quatro dias.] 18Betânia ficava a uns três quilômetros de Jerusalém. 19Muitos judeus tinham vindo à casa de Marta e Maria para as consolar por causa do irmão. [20Quando Marta soube que Jesus tinha chegado, foi ao encontro dele. Maria ficou sentada em casa. 21Então Marta disse a Jesus: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. 22Mas, mesmo assim, eu sei que o que pedires a Deus, ele to concederá”. 23Respondeu-lhe Jesus: “Teu irmão ressuscitará”. 24Disse Marta: “Eu sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia”. 25Então Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. 26E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá jamais. Crês isto?” 27Respondeu ela: “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo”.] 28Depois de ter dito isso, ela foi chamar a sua irmã, Maria, dizendo baixinho: “O Mestre está aí e te chama”. 29Quando Maria ouviu isso, levantou-se depressa e foi ao encontro de Jesus. 30Jesus estava ainda fora do povoado, no mesmo lugar onde Marta se tinha encontrado com ele. 31Os judeus que estavam em casa consolando-a, quando a viram levantar-se depressa e sair, foram atrás dela, pensando que fosse ao túmulo para ali chorar. 32Indo para o lugar onde estava Jesus, quando o viu, caiu de joelhos diante dele e disse-lhe: “Senhor, se tivesses estado aqui, o meu irmão não teria morrido”. 33Quando [Jesus] a viu chorar, e também os que estavam com ela, estremeceu interiormente, [ficou profundamente comovido 34e perguntou: “Onde o colocastes?” Responderam: “Vem ver, Senhor”. 35E Jesus chorou. 36Então os judeus disseram: “Vede como ele o amava!” 37Alguns deles, porém, diziam: “Este, que abriu os olhos ao cego, não podia também ter feito com que Lázaro não morresse?” 38De novo, Jesus ficou interiormente comovido. Chegou ao túmulo. Era uma caverna, fechada com uma pedra. 39Disse Jesus: “Tirai a pedra!” Marta, a irmã do morto, interveio: “Senhor, já cheira mal. Está morto há quatro dias”. 40Jesus lhe respondeu: “Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?” 41Tiraram então a pedra. Jesus levantou os olhos para o alto e disse: “Pai, eu te dou graças porque me ouviste. 42Eu sei que sempre me escutas. Mas digo isto por causa do povo que me rodeia, para que creia que tu me enviaste”. 43Tendo dito isso, exclamou com voz forte: “Lázaro, vem para fora!” 44O morto saiu, atado de mãos e pés com os lençóis mortuários e o rosto coberto com um pano. Então Jesus lhes disse: “Desatai-o e deixai-o caminhar!” 45Então, muitos dos judeus que tinham ido à casa de Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele.] Palavra da salvação.

Reflexão

Apresenta-nos o Evangelho de hoje um dos maiores milagres realizados por Nosso Senhor durante o seu ministério público: a ressurreição de Lázaro, que se destaca não só pelo extraordinário do acontecimento, mas também por ser um divisor de águas, já que é a partir de agora que os inimigos de Cristo começarão a maquinar a sério uma forma de o matar.

É verdade que, antes desta, já tinha Jesus realizado outras ressurreições: a da filha de Jairo, a do filho da viúva de Naim e, como é de supor, outras muitas que os evangelistas, pelo motivo que for, não nos quiseram legar por escrito.

O que diferencia esta das outras ressurreição de que temos notícia é que, no caso de Jairo, a filha morrera havia pouco nem fora tirada da cama; no caso da viúva, o filho estava ainda no féretro, a caminho do cemitério; no caso da família de Betânia, Jairo estava sepultado havia já quatro dias e começava a cheirar mal.

Mas nada disso é impedimento para que o Senhor realize um sinal estupendo e, por meio dele, nos revele e ensine verdades ainda mais admiráveis.

E o que nos quer dizer Ele com a ressurreição de Lázaro? Deixemos que a própria Palavra encarnada nos manifeste o sentido de suas obras: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá” (Jo 11,25s).

Ao trazer Lázaro de volta a esta vida, aponta a Senhor para outra; ao recompor uma vida biológica, que dali a pouco tornaria a morrer, indica Ele a existência de uma segunda, espiritual, que jamais terá fim. O que Ele faz com Lázaro, no plano meramente físico, corporal, é o que Ele deseja fazer conosco, no plano moral e espiritual: dando a vida a um, quer-nos dar a vida a todos; ressuscitando a um amigo pela fé de suas irmãs, quer Ele dar-nos a vida aos seus irmãos pela fé que nele temos.

“Crês nisso?”, pergunta a Marta e, mediante ela, a cada um de nós, e é da resposta a esta pergunta que depende o nosso futuro, porque “aquele que crê em mim, ainda que esteja morto” biologicamente, se tiver fé e nela me acolher, este “viverá” eternamente.

Com efeito “a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deu”, isto é, de poderem participar da vida de Deus, que é infundida em nossas almas, como uma semente que não morre e um penhor de firme garantia, por meio da fé em Jesus Cristo. 

Ora, qual tem sido nossa resposta? Cremos? Se cremos, deixamos que as preocupações da vida e o afã de riquezas sufoquem a nossa fé? Se porventura a trazemos sepultada, como a um Lázaro mal cheiroso, por que não clamamos a Cristo que nos tire do peito este cadáver e o faça reviver, a fim de que, crendo no que não passa e amando o que é eterno, renasçamos um dia para a perenidade dos filhos de Deus?


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sábado, 25 de março de 2023

Anunciação do Senhor - Solenidade

 A visita do anjo a Maria: Surpresas de Deus - Mesters e Lopes - CEBI

Ao entrar no mundo, Cristo disse: Eis-me aqui, ó Pai, para fazer a tua vontade (Hb 10,5.7).

A solenidade da Anunciação recorda a encarnação do Senhor, que dá início a uma nova história. No momento da anunciação, Maria reflete consigo mesma e dialoga com o anjo; sua vida é revestida pelo Espírito Santo, que a prepara para a missão. Contemplando o mistério da encarnação, tornemo-nos, assim como a pequena jovem de Nazaré, abertos e generosos para fazer a vontade de Deus.

Primeira Leitura: Isaías 7,10-14; 8,10

Leitura do livro do profeta Isaías – Naqueles dias, 10o Senhor falou com Acaz, dizendo: 11“Pede ao Senhor teu Deus que te faça ver um sinal, quer provenha da profundeza da terra, quer venha das alturas do céu”. 12Mas Acaz respondeu: “Não pedirei nem tentarei o Senhor”. 13Disse o profeta: “Ouvi, então, vós, casa de Davi: será que achais pouco incomodar os homens e passais a incomodar até o meu Deus? 14Pois bem, o próprio Senhor vos dará um sinal. Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel, 8,10porque Deus está conosco”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 39(40)

Eis que venho fazer, com prazer, / a vossa vontade, Senhor!

1. Sacrifício e oblação não quisestes, / mas abristes, Senhor, meus ouvidos; / não pedistes ofertas nem vítimas, † holocaustos por nossos pecados, / e então eu vos disse: “Eis que venho!” – R.

2. Sobre mim está escrito no livro: † “Com prazer faço a vossa vontade, / guardo em meu coração vossa lei!” – R.

3. Boas-novas de vossa justiça † anunciei numa grande assembleia; / vós sabeis: não fechei os meus lábios! – R.

4. Proclamei toda a vossa justiça † sem retê-la no meu coração; / vosso auxílio e lealdade narrei. / Não calei vossa graça e verdade / na presença da grande assembleia. – R.

Segunda Leitura: Hebreus 10,4-10

Leitura da carta aos Hebreus – Irmãos, 4é impossível eliminar os pecados com o sangue de touros e bodes. 5Por isso, ao entrar no mundo, Cristo afirma: “Tu não quiseste vítima nem oferenda, mas formaste-me um corpo. 6Não foram do teu agrado holocaustos nem sacrifícios pelo pecado. 7Por isso eu disse: Eis que eu venho. No livro está escrito a meu respeito: Eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade”. 8Depois de dizer: “Tu não quiseste nem te agradaram vítimas, oferendas, holocaustos, sacrifícios pelo pecado” – coisas oferecidas segundo a Lei -, 9ele acrescenta: “Eu vim para fazer a tua vontade”. Com isso, suprime o primeiro sacrifício para estabelecer o segundo. 10É graças a essa vontade que somos santificados pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez por todas. – Palavra do Senhor.

Evangelho: Lucas 1,26-38

Glória a Cristo, Palavra eterna do Pai, que é amor!

A Palavra se fez carne e habitou entre nós. / E nós vimos sua glória, que recebe de Deus Pai (Jo 1,14). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 26o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da virgem era Maria. 28O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” 29Maria ficou perturbada com essas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”. 34Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso se eu não conheço homem algum?” 35O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37porque para Deus nada é impossível”. 38Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se. – Palavra da salvação.

Reflexão
 
Hoje, a Santa Igreja celebra a Anunciação do Senhor, solenidade em que festejamos a Encarnação, nas entranhas puríssimas de Maria sempre Virgem, do Verbo divino. No Natal, celebramos o nascimento do Filho de Deus; hoje, o fato de Ele ter assumido da Virgem um corpo verdadeiro animado de alma sensível, isto é, o Adão todo, exceto no pecado. Ele, que na sua divindade é imortal e incapaz de sofrer, fez-se passível e mortal segundo a carne, tornando-se capaz de participar dos nossos sofrimentos, para que pudéssemos participar um dia da glória de sua felicidade. Por isso, se não se houvesse realizado antes o mistério da Encarnação, não poderia haver depois o da Páscoa, porque se Ele, por seu Corpo e Sangue sacrossantos, não se tivesse feito a si mesmo vítima e preço do nosso resgate, não teríamos sido resgatados, tirados das trevas da morte e elevados à luz da vida. Com efeito, pelo mistério de sua adorável Encarnação, não há homem algum cuja natureza não tenha sido assumida por Jesus Cristo; e pelo mistério de sua Páscoa gloriosa, não há homem algum, não houve nem haverá pelo qual Ele não tenha sofrido (cf. Sínodo de Quiercy, de mai. de 854, c. 4, DH 624) e morrido na cruz. E se Cristo, com força divina, preparou o cálice salutar das nossas fraquezas, assumindo Ele mesmo o sofrer e o ser fraco, para que nele nos tornássemos fortes, não deixemos de beber desse remédio de salvação, abraçando na Igreja aquela fé que opera mediante a caridade (cf. Gl 5, 6) e nos associa ao mistério pascal daquele “cujo Reino não terá fim”.
 

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sexta-feira, 24 de março de 2023

4ª Semana da Quaresma - Será que conhecemos mesmo a Deus?

 Evangelho do dia: reação do povo e dos chefes (Jo 7,40-53) – Oratório São  Luiz – 120 Anos

Salvai-me, ó Deus, por vosso nome, libertai-me por vosso poder. Deus, ouvi a minha oração, escutai as palavras que vos digo (Sl 53,3s).

Os malfeitores tramam contra a vida do justo, porque se sentem censurados por sua atitude. Justo por excelência é Jesus, o Filho de Deus, que põe total confiança no Pai: “Muitos males se abatem sobre os justos, mas o Senhor de todos eles os liberta”.

Primeira Leitura: Sabedoria 2,1.12-22

Leitura do livro da Sabedoria1Dizem entre si os ímpios, em seus falsos raciocínios: 12“Armemos ciladas ao justo, porque sua presença nos incomoda: ele se opõe ao nosso modo de agir, repreende em nós as transgressões da lei e nos reprova as faltas contra a nossa disciplina. 13Ele declara possuir o conhecimento de Deus e chama-se ‘filho de Deus’. 14Tornou-se uma censura aos nossos pensamentos, e só o vê-lo nos é insuportável; 15sua vida é muito diferente da dos outros e seus caminhos são imutáveis. 16Somos comparados por ele a moeda falsa, e foge de nossos caminhos como de impurezas; proclama feliz a sorte final dos justos e gloria-se de ter a Deus por pai. 17Vejamos, pois, se é verdade o que ele diz e comprovemos o que vai acontecer com ele. 18Se, de fato, o justo é ‘filho de Deus’, Deus o defenderá e o livrará das mãos dos seus inimigos. 19Vamos pô-lo à prova com ofensas e torturas, para ver a sua serenidade e provar a sua paciência; 20vamos condená-lo a morte vergonhosa, porque, de acordo com suas palavras, virá alguém em seu socorro”. 21Tais são os pensamentos dos ímpios, mas enganam-se; pois a malícia os torna cegos, 22não conhecem os segredos de Deus, não esperam recompensa para a santidade e não dão valor ao prêmio reservado às vidas puras. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 33(34)

Do coração atribulado está perto o Senhor.

1. O Senhor volta a sua face contra os maus, / para da terra apagar sua lembrança. / Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta / e de todas as angústias os liberta. – R.

2. Do coração atribulado ele está perto / e conforta os de espírito abatido. / Muitos males se abatem sobre os justos, / mas o Senhor de todos eles os liberta. – R.

3. Mesmo os seus ossos ele os guarda e os protege, / e nenhum deles haverá de se quebrar. / Mas o Senhor liberta a vida dos seus servos, / e castigado não será quem nele espera. – R.

Evangelho: João 7,1-2.10.25-30

Glória a Cristo, imagem do Pai, / a plena verdade nos comunicai!

O homem não vive somente de pão, / mas de toda palavra da boca de Deus (Mt 4,4). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, 1Jesus andava percorrendo a Galileia. Evitava andar pela Judeia, porque os judeus procuravam matá-lo. 2Entretanto, aproximava-se a festa judaica das Tendas. 10Quando seus irmãos já tinham subido, então também ele subiu para a festa, não publicamente, mas sim como que às escondidas. 25Alguns habitantes de Jerusalém disseram então: “Não é este a quem procuram matar? 26Eis que fala em público e nada lhe dizem. Será que, na verdade, as autoridades reconheceram que ele é o Messias? 27Mas este nós sabemos donde é. O Cristo, quando vier, ninguém saberá donde ele é”. 28Em alta voz, Jesus ensinava no templo, dizendo: “Vós me conheceis e sabeis de onde sou; eu não vim por mim mesmo, mas o que me enviou é fidedigno. A esse, não o conheceis, 29mas eu o conheço, porque venho da parte dele, e ele foi quem me enviou”. 30Então, queriam prendê-lo, mas ninguém pôs a mão nele, porque ainda não tinha chegado a sua hora. – Palavra da salvação.

Reflexão
No Evangelho de hoje, Jesus entra em controvérsia com alguns judeus, entre os quais havia parentes seus de Nazaré, a respeito de sua identidade messiânica, pois muitos afirmavam conhecê-lo, por saberem de onde Ele era; e se sabem a sua origem — concluem entre si —, segue-se que Ele não pode ser o Messias, pois “o Cristo, quando vier, ninguém saberá donde ele é”. Portanto, Jesus dá todos os sinais de não corresponder à imagem de Messias que muitos em Israel se haviam formado: esperavam um Cristo forte, e Jesus se apresenta fraco; queriam um Cristo rico, e o Senhor não passa de um carpinteiro pobre; aspiravam a Cristo político, e Jesus insiste em que o seu Reino não é deste mundo. Mas que não reconheçam em Jesus o Cristo enviado por Deus se deve não apenas aos preconceitos que se tinham imposto, por interpretarem mal e parcialmente as Escrituras, mas também a uma falta de fé que se mascara de “conhecimento” e “piedade”: “O que me enviou é fidedigno. A esse, não o conheceis; mas eu, sim, o conheço”. Porque, com efeito, são muitos que dizem crer em Deus, mas o que têm na verdade é um ídolo, modelado à imagem e semelhança de cada qual: para um, que faz pouco caso do pecado, é um Senhor que perdoa sempre e a ninguém jamais castiga; para outro, que se compraz em remoer os próprios escrúpulos, é um Rei implacável que a ninguém salva e a todos condena; para este, é espécie de gênio mágico cuja razão de ser é fazer nossas vontades; para aquele, enfim, é uma simples ideia, que não tem outro interesse além de ser objeto de estudo e especulação. No entanto, “vós não conheceis a Deus”, diz Jesus, “mas eu, sim, o conheço, porque venho da parte dele, e Ele foi quem me enviou”. E, por não o conhecermos, pretendemos limitá-lo aos nossos conceitos e esperamos que Ele atue segundo a nossa medida, sem admitir que Ele tem todo o direito de nos desconcertar, fazendo a sua, e não a nossa vontade; visitando-nos, não pela fortuna e a saúde, mas pela penúria e a doença; mostrando-nos que o que lhe agrada não são os triunfos e glórias humanas, mas a humildade e a simplicidade de coração. Que este tempo de Quaresma seja para nós um tempo de verdadeira conversão. Abandonemos de uma vez para sempre os falsos ídolos que nos formamos e aos que temos servido como se fôram o Deus verdadeiro, e deixemos que este, que se quis revelar em e por meio de Jesus Cristo, ocupe o reinado que lhe é devido por direito em nossa vida: “Vós não conheceis a Deus; mas eu, sim, o conheço, porque venho da parte dele, e Ele foi quem me enviou”.
 

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