Leitura do livro de Jó – 1O Senhor respondeu a Jó, do meio da tempestade, e disse: 12“Alguma vez na vida deste ordens à manhã ou indicaste à aurora o seu lugar, 13para que ela apanhe a terra pelos quatro cantos e sejam dela sacudidos os malfeitores? 14A terra torna argila compacta, e tudo se apresenta em trajes de gala, 15mas recusa-se a luz aos malfeitores e quebra-se o braço rebelde. 16Chegaste perto das nascentes do mar ou pousaste no fundo do oceano? 17Foram-te franqueadas as portas da morte ou viste os portais das sombras? 18Examinaste a extensão da terra? Conta-me, se sabes tudo isso! 19Qual é o caminho para a morada da luz, e onde fica o lugar das trevas? 20Poderias alcançá-las em seu domínio e reconhecer o acesso à sua morada? 21Deverias sabê-lo, pois já tinhas nascido e grande é o número dos teus anos!” 40,3Jó respondeu ao Senhor, dizendo: 4“Fui precipitado. Que te posso responder? Porei minha mão sobre a boca. 5Falei uma vez, não replicarei; uma segunda vez, mas não falarei mais”. – Palavra do Senhor.
Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!
1. Senhor, vós me sondais e conheceis, / sabeis quando me sento ou me levanto; / de longe penetrais meus pensamentos, † percebeis quando me deito e quando eu ando, / os meus caminhos vos são todos conhecidos. – R.
2. Em que lugar me ocultarei de vosso espírito? / E para onde fugirei de vossa face? / Se eu subir até os céus, ali estais; / se eu descer até o abismo, estais presente. – R.
3. Se a aurora me emprestar as suas asas, / para eu voar e habitar no fim dos mares, / mesmo lá vai me guiar a vossa mão / e segurar-me com firmeza a vossa destra. – R.
4. Fostes vós que me formastes as entranhas, / e no seio de minha mãe vós me tecestes. / Eu vos louvo e vos dou graças, ó Senhor, † porque de modo admirável me formastes! / Que prodígio e maravilha as vossas obras! – R.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: / Não fecheis os corações como em Meriba! (Sl 94,8) – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, disse Jesus: 13“Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no vosso meio, há muito tempo teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e sentando-se sobre cinzas. 14Pois bem, no dia do julgamento, Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura do que vós. 15Ai de ti, Cafarnaum! Serás elevada até o céu? Não, tu serás atirada no inferno. 16Quem vos escuta a mim escuta; e quem vos rejeita a mim despreza; mas quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou”. – Palavra da salvação.
Reflexão
No Evangelho de hoje, Nosso Senhor dirige palavras duras a algumas cidades que, tendo ouvido a pregação evangélica da boca do próprio Verbo encarnado e de seus Apóstolos, preferiram persistir em seus pecados e fechar os ouvidos ao chamado de Deus: "Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida!" Ora, a razão desta séria repreensão de Cristo se deve à dureza de coração com que os habitantes das duas cidades se portaram ante o anúncio do Reino. Nem os milagres, diz o Senhor, foram o bastante para que eles se convertessem, pois, à semelhança do faraó a que Moisés se dirigira, ouviram sem fé a palavra de Deus e se obstinaram em sua surdez e dureza de alma. Diante disso, poder-se-ia dizer, num certo sentido, que é até melhor não receber a palavra de Deus e, assim, permanecer na ignorância do que, tendo-a recebido, tratá-la com despeito e incredulidade. É a fé que nos proporciona a vida eterna, começada em germe já neste mundo, de maneira que, privados dela, não podemos agradar a Deus (cf. Hb 11, 6), chegar ao consórcio de filhos e alcançar por fim a salvação eterna (cf. Mt 10, 22; 24, 13). Por isso, acolhamos com fé viva e esperançosa a palavra do Senhor, que nos vem através de sua única Igreja — santa, católica, apostólica e romana —, e deixemos que ele configure à imagem do seu o nosso pobre e miserável coração.
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