quarta-feira, 30 de junho de 2021

Liturgia Fiária - O mal não sobrepõe o bem.

Comunidade Católica Corpus Crhisti » A presença de Jesus afasta todo mal
Leitura (Gênesis 21,5.8-20)

Leitura do livro do Gênesis.
21 5 Abraão tinha cem anos, quando nasceu o seu filho Isaac.
8 O menino cresceu e foi desmamado. No dia em que foi desmamado, Abraão fez uma grande festa.
9 Sara viu que o filho nascido a Abraão de Agar, a egípcia, escarnecia de seu filho Isaac,
10 e disse a Abraão: “Expulsa esta escrava com o seu filho, porque o filho desta escrava não será herdeiro com meu filho Isaac.”
11 Isso desagradou muitíssimo a Abraão, por causa de seu filho Ismael.
12 Mas Deus disse-lhe: “Não te preocupes com o menino e com a tua escrava. Faze tudo o que Sara te pedir, pois é de Isaac que nascerá a posteridade que terá o teu nome.
13 Mas do filho da escrava também farei um grande povo, por ser de tua raça.”
14 No dia seguinte, pela manhã, Abraão tomou pão e um odre de água, e deu-os a Agar, colocando-os às suas costas, e despediu-a com seu filho. Ela partiu, errando pelo deserto de Bersabéia.
15 Acabada a água do odre, deixou o menino sob um arbusto,
16 e foi assentar-se em frente, à distância de um tiro de flecha, “porque, dizia ela, não quero ver morrer o menino”. Ela assentou-se, pois, em frente e pôs-se a chorar.
17 Deus ouviu a voz do menino, e o anjo de Deus chamou Agar, do céu, dizendo-lhe: “Que tens, Agar? Nada temas, porque Deus ouviu a voz do menino do lugar onde está.
18 Levanta-te, toma o menino e tem-no pela mão, porque farei dele uma grande nação.”
19 Deus abriu-lhe os olhos, e ela viu um poço, onde foi encher o odre, e deu de beber ao menino.
20 Deus esteve com este menino. Ele cresceu, habitou no deserto e tornou-se um hábil flecheiro.
Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 33/34

Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido.

Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido.
e o Senhor o libertou de toda angústia.
O anjo do Senhor vem acampar
ao redor dos que o temem e os salva.

Respeitai o Senhor Deus, seus santos todos,
porque nada faltará aos que o temem.
Os ricos empobrecem, passam fome,
mas aos que buscam o Senhor não falta nada.

Meus filhos, vinde agora e escutai-me:
vou ensinar-vos o temor do Senhor Deus.
Qual o homem que não ama sua vida,
procurando ser feliz todos os dias?


Evangelho (Mateus 8,28-34)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Deus nos gerou pela palavra da verdade como as primícias de suas criaturas (Tg 1,18).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.

28 No outro lado do lago, na terra dos gadarenos, dois possessos de demônios saíram de um cemitério e vieram ao encontro de Jesus. Eram tão furiosos que pessoa alguma ousava passar por ali.
29 Eis que se puseram a gritar: Que tens a ver conosco, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?
30 Havia, não longe dali, uma grande manada de porcos que pastava.
31 Os demônios imploraram a Jesus: Se nos expulsas, envia-nos para aquela manada de porcos.
32 Ide, disse-lhes. Eles saíram e entraram nos porcos. Nesse instante toda a manada se precipitou pelo declive escarpado para o lago, e morreu nas águas.
33 Os guardas fugiram e foram contar na cidade o que se tinha passado e o sucedido com os endemoninhados.
34 Então a população saiu ao encontro de Jesus. Quando o viu, suplicou-lhe que deixasse aquela região.
Palavra da Salvação.

 Reflexão

O evangelho que a liturgia de hoje nos convida a refletir, vem nos falar de um Deus comprometido com a vida, um Deus libertador que se revelou plenamente na pessoa de Jesus...

O texto diz, que dois homens possuídos pelo o demônio, vão ao encontro de Jesus para atacá-Lo.  “O que tens a ver conosco, Filho de Deus? A presença de Jesus, atormentou, não aqueles dois homens em si, e sim, o mal que estava neles: o demônio (mal) sentiu que poderia perde-los para Jesus. E foi o que aconteceu, a presença de Jesus, aniquilou a força do mal que estava dominando aqueles homens, os libertando para a vida.

O episódio nos mostra o poder de Jesus sobre o mal, naquele encontro, não houve confronto, a presença de Jesus foi suficiente para fazer com que o mal reconhecesse o seu verdadeiro lugar, que no texto, é simbolizado pela manada de porcos! Aqueles dois homens possuídos pelo o demônio (mal) simboliza todas as pessoas que estão sendo escravizadas pelas forças do mal, que os impede de falar e de agir como sujeitos de sua própria história. Aí que entra a nossa responsabilidade como cristão: nos tornar caminho de libertação para estes, levando-os ao encontro com Jesus.

As estruturas do mal, conhecem quem é mais forte do que elas, quem tem poder de destruí-las, por isto fazem de tudo para eliminá-las, mas não conseguem, pois o mal não encontra brecha no coração de quem vive integralmente em sintonia com Deus!

Não podemos negar a existência e a força do mal, o mal existe e ele está sempre a nos rondar, mas o mal só ganha força em nós, quando nos distanciamos de Deus...

O mal não sobrepõe o bem, por isto, é importante estarmos sempre embebidos no amor do Pai, na força do Filho e caminhando sob a luz do Espírito Santo, só assim, estaremos imunizados contra a força do mal.

Saber que Jesus é o Filho de Deus, todos sabem, até o demônio, o que faz a diferença mesmo, é saber quem é o Filho de Deus para nós...

Conhecer Jesus, saber quais são as suas propostas, é o primeiro passo de quem quer fazer a melhor escolha para sua vida!

 


Reflexão de Olivia Coutinho

terça-feira, 29 de junho de 2021

Liturgia Diária - Homens fracos na fé!

 O CONSOLADOR

Leitura (Gênesis 19,15-29)

Leitura do livro do Gênesis.
Naqueles dias, 19 15 ao amanhecer, os anjos instavam com Lot, dizendo: "Levanta-te, toma tua mulher e tuas duas filhas que estão em tua casa, para que não pereças também no castigo da cidade." 16 E, como ele demorasse, aqueles homens tomaram pela mão a ele, a sua mulher e as suas duas filhas, porque o Senhor queria salvá-los, e o levaram para fora da cidade. 17 Quando já estavam fora, um dos anjos disse-lhe: "Salva-te, se queres conservar tua vida. Não olhes para trás, e não te detenhas em parte alguma da planície; mas foge para a montanha senão perecerás." 18 Lot disse-lhes: "Oh, não, Senhor! 19 Já que vosso servo encontrou graça diante de vós, e usastes comigo de grande bondade, conservando-me a vida, vede, eu não me posso salvar na montanha, porque o flagelo me atingiria antes, e eu morreria. 20 Eis uma cidade bem perto onde posso abrigar-me. É uma cidade pequena e eu poderei refugiar-me nela. Permiti que o faça – ela é pequena – e terei a vida salva." 21 Ele disse-lhe: "Concedo-te ainda esta graça: não destruirei a cidade a favor da qual me pedes. 22 Apressa-te e refugia-te lá porque nada posso fazer antes que lá tenhas chegado." Por isso, puseram àquela cidade o nome de Segor.
23 O sol levantava-se sobre a terra quando Lot entrou em Segor. 24 O Senhor fez então cair sobre Sodoma e Gomorra uma chuva de enxofre e de fogo, vinda do Senhor, do céu. 25 E destruiu essas cidades e toda a planície, assim como todos os habitantes das cidades e a vegetação do solo. 26 A mulher de Lot, tendo olhado para trás, transformou-se numa coluna de sal.
27 Abraão levantou-se muito cedo e foi ao lugar onde tinha estado antes com o Senhor. 28 Voltando os olhos para o lado de Sodoma e Gomorra e sobre toda a extensão da planície, viu subir da terra um fumo espesso como a fumaça de uma grande fornalha. 29 Quando Deus destruiu as cidades da planície, lembrou-se de Abraão e livrou Lot do flagelo com que destruiu as cidades onde ele habitava.
Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 25/26

Tenho sempre vosso amor ante meus olhos.

Provai-me, ó Senhor, e examinai-me,
Sondai meu coração e o meu íntimo!
Pois tenho sempre vosso amor ante meus olhos;
Vossa verdade escolhi por meu caminho.

Não junteis a minha alma à dos malvados,
Nem minha vida à dos homens sanguinários;
Eles têm as mãos cheias de crime;
Sua direita está repleta de suborno.

Eu, porém, vou caminhando na inocência;
Libertai-me, ó Senhor, tende piedade!
Está firme o meu pé na estrada certa;
Ao Senhor eu bendirei nas assembléias.

Evangelho (Mateus 8,23-27)

Aleluia, aleluia, aleluia.
No Senhor ponho a minha esperança, espero em sua palavra (Sl 129,5).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, 8 23 Jesus subiu a uma barca com seus discípulos.
24 De repente, desencadeou-se sobre o mar uma tempestade tão grande, que as ondas cobriam a barca. Ele, no entanto, dormia.
25 Os discípulos achegaram-se a ele e o acordaram, dizendo: "Senhor, salva-nos, nós perecemos!"
26 E Jesus perguntou: "Por que este medo, gente de pouca fé?" Então, levantando-se, deu ordens aos ventos e ao mar, e fez-se uma grande calmaria.
27 Admirados, diziam: "Quem é este homem a quem até os ventos e o mar obedecem?"
Palavra da Salvação.

 Reflexão

Diante da fragilidade do mundo, chacoalhado por tantas misérias e catástrofes, o espírito humano é levado a perguntar-se: "Onde está Deus? Por que, afinal, não vem em meu socorro?" Assim também os Apóstolos, assustados pela tormenta, clamam ao Cristo que dorme: "Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo!" Jesus, porém, antes mesmo de acalmar a tempestade, repreende-lhes a falta de fé e confiança: "Por que tendes tanto medo, homens fracos na fé?" É como se lhes dissesse: "Não vos lembrais de quem vos mandou entrar na barca (cf. Mc 4, 35; Lc 8, 22)? Acaso pensais que Eu não sabia o que havíeis de passar? Por que vos preocupais assim, se estou convosco?" Por isso, diz-lhes ao final: "homens fracos na fé", porque, embora cressem nEle, não se criam amparados; acreditavam, pois, mais na fraqueza agitada do mar do que na força serena de Cristo. "Por que tendes tanto medo?", provoca-os. "Se tivésseis fé, não vos perturbaríeis deste modo, porque nada sucede quer neste quer no outro mundo sem que Eu o tenha previsto e permitido desde toda eternidade".

Não importa por quais sofrimentos estejamos passando, sempre reconheçamos com fé que o Senhor não deseja nem permite coisa alguma que não manifeste a sua bondade e o seu cuidado por aqueles que O buscam: "Sabemos", diz o Apóstolo, "que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo os seus desígnios" (Rm 8, 28). Nas dores e dificuldades que Ele nos envia temos de ver um sinal de que é em tais circunstâncias — por piores que pareçam — que Ele nos dá a conhecer o seu amor, provando-nos a fidelidade, pedindo-nos uma fé mais firme, chamando-nos a um abandono mais cego e filial. Entreguemo-nos hoje confiadamente aos braços do nosso Deus e Senhor; rendamos-lhe graças pelas contrariedades em que nos tem posto, porque só Ele sabe de que cruzes necessitamos para, vencidas as tribulações deste desterro, podermos depois triunfar com Cristo Jesus na glória do Céu. Ao final de nossa oração, recorramos à Virgem Maria, Consoladora dos aflitos, e coloquemo-nos humildemente sob o seu maternal cuidado.

 

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São Pedro e São Paulo.

 São Pedro e São Paulo Apóstolos - Instituto Hesed

A solenidade de São Pedro e de São Paulo é uma das mais antigas da Igreja, sendo anterior até mesmo à comemoração do Natal. Já no século IV havia a tradição de, neste dia, celebrar três missas: a primeira na basílica de São Pedro, no Vaticano; a segunda na basílica de São Paulo Fora dos Muros e a terceira nas catacumbas de São Sebastião, onde as relíquias dos apóstolos ficaram escondidas para fugir da profanação nos tempos difíceis. E mais: depois da Virgem Santíssima e de São João Batista, Pedro e Paulo são os santos que têm mais datas comemorativas no ano litúrgico.

Além do tradicional 29 de junho, há: 25 de janeiro, quando celebramos a conversão de São Paulo; 22 de fevereiro, quando temos a festa da cátedra de São Pedro; e 18 de novembro, reservado à dedicação das basílicas de São Pedro e São Paulo.

Antigamente, julgava-se que o martírio dos dois apóstolos tinha ocorrido no mesmo dia e ano e que seria a data que hoje comemoramos. Porém o martírio de ambos deve ter ocorrido em ocasiões diferentes, com São Pedro crucificado de cabeça para baixo, na colina Vaticana, e São Paulo decapitado nas chamadas Três Fontes. Mas não há certeza quanto ao dia, nem quanto ao ano desses martírios. A morte de Pedro poderia ter ocorrido em 64, ano em que milhares de cristãos foram sacrificados após o incêndio de Roma, enquanto a de Paulo, no ano 67. Mas com certeza o martírio deles aconteceu em Roma, durante a perseguição de Nero.

Há outras raízes ainda envolvendo a data. A festa seria a cristianização de um culto pagão a Remo e Rômulo, os mitológicos fundadores pagãos de Roma. São Pedro e São Paulo não fundaram a cidade, mas são considerados os “Pais de Roma”. Embora não tenham sido os primeiros a pregar na capital do império, com seu sangue “fundaram” a Roma cristã. Os dois são considerados os pilares que sustentam a Igreja tanto por sua fé e pregação como pelo ardor e zelo missionários, sendo glorificados com a coroa do martírio, no final, como testemunhas do Mestre.

São Pedro é o apóstolo que Jesus Cristo escolheu e investiu da dignidade de ser o primeiro papa da Igreja. A ele Jesus disse: “Tu és Pedro e sobre esta pedra fundarei a minha Igreja”. São Pedro é o pastor do rebanho santo, é na sua pessoa e nos seus sucessores que temos o sinal visível da unidade e da comunhão na fé e na caridade. São Paulo, que foi arrebatado para o colégio apostólico de Jesus Cristo na estrada de Damasco, como o instrumento eleito para levar o seu nome diante dos povos, é o maior missionário de todos os tempos, o advogado dos pagãos, o “Apóstolo dos Gentios”. São Pedro e São Paulo, juntos, fizeram ressoar a mensagem do Evangelho no mundo inteiro e o farão para todo o sempre, porque assim quer o Mestre.

 

 

Prof. Felipe Aquino

segunda-feira, 28 de junho de 2021

Liturgia Diária - O desamparo de Cristo .

 
Leitura (Gênesis 18,16-33)

Leitura do livro do Gênesis
De junto ao carvalho de Mambré, 16Os homens levantaram-se e partiram na direção de Sodoma; Abraão acompanhava-os para encaminhá-los. 17E o Senhor disse Consigo: "Acaso poderei ocultar a Abraão o que vou fazer? 18Pois Abraão virá a ser uma nação grande e forte, e nele serão abençoadas todas as nações da terra. 19De fato, eu o escolhi, para que ensine seus filhos e sua família a guardarem os caminhos do Senhor, praticando ajustiça e o direito, a Em de que o Senhor cumpra em favor de Abraão tudo o que lhe prometeu". 2ºEntão, o Senhor disse: "O clamor contra Sodoma e Gomorra cresceu e agravou-se muito o seu pecado. 21Vou descer para verificar se as suas obras correspondem ou não ao clamor que chegou até mim". 22Partindo dali, os homens dirigiram-se a Sodoma, enquanto Abraão ficou na presença do Senhor. 23Então, aproximando-se, disse Abraão: "Vais realmente exterminar o justo com o ímpio? 24Se houvesse cinquenta justos na cidade, acaso irias exterminá-los? Não pouparias o lugar por causa dos cinquenta justos que ali vivem? 25Longe de ti agir assim, fazendo morrer o justo com o ímpio, como se o justo fosse igual ao ímpio. Longe de ti! O juiz de toda a terra não faria justiça?" 26O Senhor respondeu: "Se eu encontrasse em Sodoma cinquenta justos, pouparia, por causa deles, a cidade inteira". 27Abraão prosseguiu, dizendo: "Estou sendo atrevido em falar a meu Senhor, eu que sou pó e cinza. 28Se dos cinquenta justos faltassem cinco, destruirias, por causa dos cinco, a cidade inteira?" O Senhor respondeu: "Não destruiria se achasse ali quarenta e cinco justos". 29Insistiu ainda Abraão e disse: "E se houvesse quarenta?" Ele respondeu: "Por causa dos quarenta, não o faria". 30Abraão tornou a insistir: "Não se irrite o meu Senhor se ainda falo. E se houvesse apenas trinta justos?" Ele respondeu: "Também não o faria se encontrasse trinta". 31Tomou Abraão a insistir: "Já que me atrevi a falar a meu Senhor, e se houver vinte justos?" Ele respondeu: "Não a iria destruir por causa dos vinte". 32Abraão disse: "Que o meu Senhor não se irrite se eu falar só mais uma vez: e se houvesse apenas dez?" Ele respondeu: "Por causa dos dez, não a destruiria". 33Tendo acabado de falar, o Senhor retirou-se, e Abraão voltou para a sua tenda.

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 102/103

O Senhor é indulgente, é favorável

Bendize, ó minha alma, ao Senhor,
e todo o meu ser, seu santo nome!
Bendize, ó minha alma, ao Senhor,
não te esqueças de nenhum de seus favores!

Pois ele te perdoa toda culpa
e cura toda a tua enfermidade;
da sepultura ele salva a tua vida
e te cerca de carinho e compaixão.

O Senhor é indulgente, é favorável,
é paciente, é bondoso e compassivo.
Não peca sempre repetindo as suas queixas
nem guarda eternamente o seu rancor.

Não nos trata como exigem nossas faltas
nem nos pune em proporção às nossas culpas.
Quanto os céus por sobre a terra se elevam,
tanto é grande o seu amor aos que o temem.

Evangelho (Mateus 8,18-22)

Aleluia, aleluia, aleluia.

Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: Não fecheis os corações como em Meriba! (Sl 94,8).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
8 18 Certo dia, vendo-se no meio de grande multidão, ordenou Jesus que o levassem para a outra margem do lago.
19 Nisto aproximou-se dele um escriba e lhe disse: "Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores".
20 Respondeu Jesus: "As raposas têm suas tocas e as aves do céu, seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça".
21 Outra vez um dos seus discípulos lhe disse: "Senhor, deixa-me ir primeiro enterrar meu pai".
22 Jesus, porém, lhe respondeu: "Segue-me e deixa que os mortos enterrem seus mortos".
Palavra da Salvação.

Reflexão

No Evangelho de hoje, Jesus é interpelado por duas personagens que O desejam seguir. A primeira, um escriba, aproxima-se dEle e diz: "Mestre, eu te seguirei aonde quer que tu vás". Cristo, lendo-lhe o íntimo do coração, não o rejeita de pronto; antes, mostra-lhe quais disposições devem ter os seus seguidores: "As raposas têm suas tocas e as aves dos céus têm seus ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça", ou seja: para segui-lO, é preciso estar disposto a não ter sequer como cuidar do corpo; nossa entrega, portanto, deve ser total. A segunda personagem, já pertencente ao grupo dos discípulos, achega-se a Ele para pedir: "Senhor, permite-me que primeiro eu vá sepultar meu pai". Cristo, no entanto, diz-lhe que nenhum cuidado temporal, nem mesmo a piedade paterna, deve desviar aquele que é chamado a pregar o Evangelho. Por isto, diz em seguida: "Segue-me, e deixa que os mortos sepultem os seus mortos"; São Lucas é ainda mais específico: "Deixa que os mortos enterrem seus mortos; tu, porém, vai e anuncia o Reino de Deus" (Lc 9, 60).

Para irmos um pouco além do sentido literal, vejamos a interpretação moral que São Gregório Magno faz desta passagem (cf. Moralia, XIX, 1). Ao responder ao mestre da Lei, Jesus se serve de uma analogia: as raposas têm suas tocas; as aves do céu, seus ninhos; o Filho do Homem, contudo, não tem onde descansar. As raposas, por um lado, são animais astutos: vivem, sorrateiras, em covas ou buracos, não andam com passo reto, preferindo os caminhos tortos e sinuosos; as aves, por outro, sobem até ao alto do céu e olham para quem está cá na terra com ar sobranceiro e emproado. As raposas representam a fraude, o engano; as aves, a soberba, o orgulho. Assim, todos estes vícios encontram maneira de se instalar em nosso coração: ali fazem suas tocas e seus ninhos; Jesus, porém, não podendo achar descanso numa alma soberba, "não tem onde reclinar a cabeça". Esta leitura de São Gregório deve levar-nos a refletir: acaso o meu coração tem sido toca e abrigo de "raposas" e de "aves", de vícios como a mentira, o orgulho, a astúcia etc.? Há em mim lugar para Cristo repousar e vir, com o Pai, fazer a sua morada (cf. Jo 14, 23)?

Coloquemo-nos hoje na presença do Senhor sacramentado e, de alma aberta, peçamos a Ele que nos mostre quais têm sido os nossos apegos, com quais pecados e imperfeições temos sido coniventes, em que pontos podemos lutar com mais empenho. Imploremos também o auxílio de nossa Mãe e Senhora, para que Ela nos ajude a abrir cada vez mais espaço em nosso coração para o seu Filho amado, o único que deve reinar, soberano, em nossa vida: "Regnare Christum volumus! Queremos que Cristo reine" (São Josemaria Escrivá, Forja, n. 639).

 

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domingo, 27 de junho de 2021

13º Domingo do Tempo Comum - Somos servos, não senhores.

 O toque que surpreendeu Jesus I Leia o trecho em Mc 5, 21-43
Primeira Leitura: Sabedoria 1,13-15; 2,23-24

Leitura do livro da Sabedoria13Deus não fez a morte, nem tem prazer com a destruição dos vivos. 14Ele criou todas as coisas para existirem, e as criaturas do mundo são saudáveis: nelas não há nenhum veneno de morte, nem é a morte que reina sobre a terra: 15pois a justiça é imortal. 2,23Deus criou o homem para a imortalidade e o fez à imagem de sua própria natureza; 24foi por inveja do diabo que a morte entrou no mundo, e experimentam-na os que a ele pertencem. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 29(30)

Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes / e preservastes minha vida da morte!

1. Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes / e não deixastes rir de mim meus inimigos! / Vós tirastes minha alma dos abismos / e me salvastes quando estava já morrendo! – R.

2. Cantai salmos ao Senhor, povo fiel, / dai-lhe graças e invocai seu santo nome! / Pois sua ira dura apenas um momento, / mas sua bondade permanece a vida inteira; / se à tarde vem o pranto visitar-nos, / de manhã vem saudar-nos a alegria. – R.

3. Escutai-me, Senhor Deus, tende piedade! / Sede, Senhor, o meu abrigo protetor! / Transformastes o meu pranto em uma festa, / Senhor meu Deus, eternamente hei de louvar-vos! – R.

Segunda Leitura: 2 Coríntios 8,7.9.13-15

Leitura da segunda carta de São Paulo aos Coríntios – Irmãos, 7como tendes tudo em abundância – fé, eloquência, ciência, zelo para tudo, e a caridade de que vos demos o exemplo -, assim também procurai ser abundantes nesta obra de generosidade. 9Na verdade, conheceis a generosidade de nosso Senhor Jesus Cristo: de rico que era, tornou-se pobre por causa de vós, para que vos torneis ricos por sua pobreza. 13Não se trata de vos colocar numa situação aflitiva para aliviar os outros; o que se deseja é que haja igualdade. 14Nas atuais circunstâncias, a vossa fartura supra a penúria deles e, por outro lado, o que eles têm em abundância venha suprir a vossa carência. Assim haverá igualdade, como está escrito: 15“Quem recolheu muito não teve de sobra e quem recolheu pouco não teve falta”. -Palavra do Senhor.

Evangelho: Marcos 5,21-43 ou 21-24.35-43

Aleluia, aleluia, aleluia.

Jesus Cristo, Salvador, destruiu o mal e a morte; / fez brilhar, pelo Evangelho, a luz e a vida imperecíveis (2Tm 1,10). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos [Naquele tempo, 21Jesus atravessou de novo, numa barca, para a outra margem. Uma numerosa multidão se reuniu junto dele, e Jesus ficou na praia. 22Aproximou-se, então, um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Quando viu Jesus, caiu a seus pés 23e pediu com insistência: “Minha filhinha está nas últimas. Vem e põe as mãos sobre ela, para que ela sare e viva!” 24Jesus então o acompanhou. Uma numerosa multidão o seguia e o comprimia.] 25Ora, achava-se ali uma mulher que, há doze anos, estava com uma hemorragia; 26tinha sofrido nas mãos de muitos médicos, gastou tudo o que possuía e, em vez de melhorar, piorava cada vez mais. 27Tendo ouvido falar de Jesus, aproximou-se dele por detrás, no meio da multidão, e tocou na sua roupa. 28Ela pensava: “Se eu ao menos tocar na roupa dele, ficarei curada”. 29A hemorragia parou imediatamente, e a mulher sentiu dentro de si que estava curada da doença. 30Jesus logo percebeu que uma força tinha saído dele. E, voltando-se no meio da multidão, perguntou: “Quem tocou na minha roupa?” 31Os discípulos disseram: “Estás vendo a multidão que te comprime e ainda perguntas: ‘Quem me tocou?'” 32Ele, porém, olhava ao redor para ver quem havia feito aquilo. 33A mulher, cheia de medo e tremendo, percebendo o que lhe havia acontecido, veio e caiu aos pés de Jesus, e contou-lhe toda a verdade. 34Ele lhe disse: “Filha, a tua fé te curou. Vai em paz e fica curada dessa doença”. 35Ele estava ainda falando quando [chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga e disseram a Jairo: “Tua filha morreu. Por que ainda incomodar o mestre?” 36Jesus ouviu a notícia e disse ao chefe da sinagoga: “Não tenhas medo. Basta ter fé!” 37E não deixou que ninguém o acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e seu irmão João. 38Quando chegaram à casa do chefe da sinagoga, Jesus viu a confusão e como estavam chorando e gritando. 39Então, ele entrou e disse: “Por que essa confusão e esse choro? A criança não morreu, mas está dormindo”. 40Começaram então a caçoar dele. Mas ele mandou que todos saíssem, menos o pai e a mãe da menina, e os três discípulos que o acompanhavam. Depois entraram no quarto onde estava a criança. 41Jesus pegou na mão da menina e disse: “Talitá cum” – que quer dizer: “Menina, levanta-te!” 42Ela levantou-se imediatamente e começou a andar, pois tinha doze anos. E todos ficaram admirados. 43Ele recomendou com insistência que ninguém ficasse sabendo daquilo. E mandou dar de comer à menina.]Palavra da salvação.

 Reflexão

 Depois de afirmar o seu reinado e senhorio pelo exorcismo do endemoniado de Gerasa, Jesus mostra agora, pela cura de filha de Jairo e da hemorroíssa, como Ele há de exercer o seu domínio sobre nossas vidas: mediante a que nele tivermos. Aqui está o ponto central do Evangelho de hoje. Jesus passa para a outra margem do Mar da Galiléia e, ao chegar lá, é recebido pela curiosidade de um povo que, mais do que um Senhor ao qual se entregar, deseja ver o taumaturgo de quem tanto se tem falado. À semelhança do indiscreto Herodes, o povo que cerca e sufoca Jesus de todos os lados porta-se, infelizmente, como muitos cristãos se portam na igreja e, de um modo geral, na própria vida de piedade e oração: sob o verniz de uma devoção externa e bem educada, o que querem, no fundo, é que o Senhor os sirva como um “milagreiro” encarregado de solucionar problemas e contratempos. 

Aquela multidão que rodeia Cristo assemelha-se aos que, lotando os bancos de nossas paróquias, rezam ao Pai do qual se sentem senhorzinhos: “Faça-se a minha vontade, assim na terra como no céu”. Não é de espantar que Jesus só se tenha dirigido àquela pobre mulher, que, sabendo-se impura pelo fluxo de sangue, não ousa mais do que lhe tocar a fímbria do manto. Mas tal era a sua fé que o Senhor enfim se sentiu tocado, porque havia ali, no meio do povaréu, ao menos uma alma que cresse e se soubesse, não “dona”, mas escrava de Deus. Que também nós, com fé e humildade, possamos submeter-nos ao senhorio de Cristo e mereçamos escutar de seus divinos lábios: “Filha, a tua fé te curou. Vai em paz e fica curada dessa doença”.

 

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sábado, 26 de junho de 2021

Liturgia Diária - A Eucaristia e o centurião romano.

 Jesus e a Homossexualidade: O Centurião Romano - Associação RUMOS NOVOS -  Católicas e Católicos LGBTQ (Portugal)

Leitura (Gênesis 18,1-15)

Leitura do livro do Gênesis.
18 1 O Senhor apareceu a Abraão nos carvalhos de Mambré, quando ele estava assentado à entrada de sua tenda, no maior calor do dia. 2 Abraão levantou os olhos e viu três homens de pé diante dele. Levantou-se no mesmo instante da entrada de sua tenda, veio-lhes ao encontro e prostrou-se por terra. 3 “Meus senhores, disse ele, se encontrei graça diante de vossos olhos, não passeis avante sem vos deterdes em casa de vosso servo. 4 Vou buscar um pouco de água para vos lavar os pés. 5 Descansai um pouco sob esta árvore. Eu vos trarei um pouco de pão, e assim restaurareis as vossas forças para prosseguirdes o vosso caminho; porque é para isso que passastes perto de vosso servo.” Eles responderam: “Faze como disseste.”
6 Abraão foi depressa à tenda de Sara: “Depressa, disse ele, amassa três medidas de farinha e coze pães.” 7 Correu em seguida ao rebanho, escolheu um novilho tenro e bom, e deu-o a um criado que o preparou logo. 8 Tomou manteiga e leite e serviu aos peregrinos juntamente com o novilho preparado, conservando-se de pé junto deles, sob a árvore, enquanto comiam.
9 E disseram-lhe: “Onde está Sara, tua mulher?” “Ela está na tenda”, respondeu ele. 10 E ele disse-lhe: “Voltarei à tua casa dentro de um ano, a esta época; e Sara, tua mulher, terá um filho.”
Ora, Sara ouvia por detrás, à entrada da tenda. 11 (Abraão e Sara eram velhos, de idade avançada, e Sara tinha já passado da idade.) 12 Ela pôs-se a rir secretamente: “Velha como sou, disse ela consigo mesma, conhecerei ainda o amor? E o meu senhor também é já entrado em anos.” 13 O Senhor disse a Abraão: “Por que se riu Sara, dizendo: ‘Será verdade que eu teria um filho, velha como sou?’ 14 Será isso porventura uma coisa muito difícil para o Senhor? Em um ano, a esta época, voltarei à tua casa e Sara terá um filho.” 15 Sara protestou: “Eu não ri”, disse ela, pois tinha medo. Mas o Senhor disse-lhe: “Sim, tu riste.”
Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial Lc 1

O Senhor se lembrou de mostra sua bondade.

A minha alma engrandece ao Senhor,
e se alegrou o meu espírito em Deus, meu salvador.

Pois ele viu a pequenez de sua serva,
eis que agora as gerações hã de chamar-me de bendita.
O Poderoso fez por mim maravilhas
e santo é o seu nome!

Seu amor, de geração em geração,
chega a todos os que o respeitam.
De bens saciou os famintos
e despediu, sem nada, os ricos.

Acolheu Israel, seu servidor,
fiel ao seu amor,
como havia prometido aos nossos pais,
em favor de Abraão e de seus filhos para sempre.


Evangelho (Mateus 8,5-17)

Aleluia, aleluia, aleluia.

Cristo tomou sobre si nossas dores, carregou em seu corpo as nossas fraquezas (Mt 8,17).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, 8 5 entrou Jesus em Cafarnaum. Um centurião veio a ele e lhe fez esta súplica:
6 "Senhor, meu servo está em casa, de cama, paralítico, e sofre muito".
7 Disse-lhe Jesus: "Eu irei e o curarei".
8 Respondeu o centurião: "Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será curado.
9 Pois eu também sou um subordinado e tenho soldados às minhas ordens. Eu digo a um: ‘Vai’, e ele vai; a outro: ‘Vem’, e ele vem; e a meu servo: ‘Faze isto’, e ele o faz".
10 Ouvindo isto, cheio de admiração, disse Jesus aos presentes: "Em verdade vos digo: não encontrei semelhante fé em ninguém de Israel.
11 Por isso, eu vos declaro que multidões virão do Oriente e do Ocidente e se assentarão no Reino dos céus com Abraão, Isaac e Jacó,
12 enquanto os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes".
13 Depois, dirigindo-se ao centurião, disse: "Vai, seja-te feito conforme a tua fé". Na mesma hora o servo ficou curado.
14 Foi então Jesus à casa de Pedro, cuja sogra estava de cama, com febre.
15 Tomou-lhe a mão, e a febre a deixou. Ela levantou-se e pôs-se a servi-los.
16 Pela tarde, apresentaram-lhe muitos possessos de demônios. Com uma palavra expulsou ele os espíritos e curou todos os enfermos.
17 Assim se cumpriu a predição do profeta Isaías: "Tomou as nossas enfermidades e sobrecarregou-se dos nossos males".
Palavra da Salvação.

 Reflexão

Se lido como um todo à luz do mistério eucarístico, o Evangelho deste sábado tem muito a nos ensinar sobre a eficácia santificadora do Sacramento do Altar. A primeira parte da leitura, em que é narrada a cura do servo do centurião romano, ilustra como nos devemos preparar para a comunhão. Ao aproximar-se de Cristo, com efeito, aquele oficial manifestou duas virtudes que precisamos fomentar com fervor antes de recebermos Jesus sacramentado: de um lado, humildade profunda, expressa naquelas palavras que a Igreja ainda hoje repete em sua Liturgia: "Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada"; de outro, fé viva, expressa naquele pedido cheio de confiança: "Dizei uma só palavra e o meu servo será curado". Assim também nós, ao aproximarmo-nos da Eucaristia, temos de nos rebaixar com humildade, reconhecendo nossa profunda indignidade, e crer não somente na presença real de Jesus, mas também no poder vivificante do seu contato: "Senhor", digamos com o leproso do Evangelho, "se queres, podes curar-me" (Mt 8, 2).

A segunda parte da leitura, indo um pouco além, mostra-nos Cristo curar não mais à distância, como fizera com o servo do oficial, mas por seu próprio toque. Tendo entrado na casa de Simão, Jesus "viu a sogra dele deitada e com febre. Tocou-lhe a mão, e a febre a deixou." Do mesmo modo, se nos houvermos preparado para comungar com as devidas disposições, o Senhor entrará também no íntimo de nossa morada e, tocando-nos com o seu Corpo sacratíssimo, tornará verdadeiramente eficaz a nossa comunhão. Aquecendo-nos, assim, com o fogo ardente que a sua presença real ateia em nosso coração, Jesus nos comunica as forças e as graças necessárias para que, curados de nossas enfermidades espirituais, levantemo-nos como a sogra de Pedro e ponhamo-nos a servi-lo. Busquemos, pois, fazer da comunhão frequente o eixo de nossa vida cristã; esforcemo-nos por comungar bem, preparando-nos com fé e humildade para receber Aquele que "tomou as nossas dores e carregou as nossas enfermidades" (Is 53, 4).

 

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sexta-feira, 25 de junho de 2021

Liturgia Diária - Por que Deus às vezes não nos atende?

Hanseníase: uma doença a flor da pele

Leitura (Gênesis 17,1.9-10.15-22)

Leitura do livro do Gênesis.
17 1 Abrão tinha noventa e nove anos. O Senhor apareceu-lhe e disse-lhe: “Eu sou o Deus Todo-poderoso. Anda em minha presença e sê íntegro;
9 Deus disse ainda a Abraão: “Tu, porém, guardarás a minha aliança, tu e tua posteridade nas gerações futuras.
10 Eis o pacto que faço entre mim e vós, e teus descendentes, e que tereis de guardar: Todo homem, entre vós, será circuncidado.
15 Disse Deus a Abraão: “Não chamarás mais tua mulher Sarai, e sim Sara.
16 Eu a abençoarei, e dela te darei um filho. Eu a abençoarei, e ela será a mãe de nações e dela sairão reis.”
17 Abraão prostrou-se com o rosto por terra, e começou a rir, dizendo consigo mesmo: “Poderia nascer um filho a um homem de cem anos? Seria possível a Sara conceber ainda na idade de noventa anos?”
18 E disse a Deus: “Oxalá que Ismael viva diante de vossa face!”
19 Mas Deus respondeu-lhe: “Não, é Sara, tua mulher que dará à luz um filho, ao qual chamarás Isaac. Farei aliança com ele, uma aliança que será perpétua para sua posteridade depois dele.
20 Eu te ouvirei também acerca de Ismael. Eu o abençoarei, torná-lo-ei fecundo e multiplicarei extraordinariamente sua descendência: ele será o pai de doze príncipes, e farei sair dele uma grande nação.
21 Mas minha aliança eu a farei com Isaac, que Sara te dará à luz dentro de um ano, nesta mesma época.”
22 Tendo acabado de falar com ele, retirou-se Deus de Abraão.
Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 127/128

Será assim abençoado todo aquele
que respeita o Senhor.

Feliz és tu se temes o Senhor
e trilhas seus caminhos!
Do trabalho de tuas mãos hás de viver,
serás feliz, tudo irá bem!

A tua esposa é uma videira bem fecunda
no coração da tua casa;
os teus filhos são rebentos de oliveira
ao redor de tua mesa.

Será assim abençoado todo homem
que teme o Senhor.
O Senhor te abençoe de Sião
cada dia de tua vida.

Evangelho (Mateus 8, 1-4)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Cristo tomou sobre si nossas dores, carregou em seu corpo as nossas fraquezas (Mt 8,17).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
8 1 Tendo Jesus descido da montanha, uma grande multidão o seguiu.
2 Eis que um leproso aproximou-se e prostrou-se diante dele, dizendo: “Senhor, se queres, podes curar-me”.
3 Jesus estendeu a mão, tocou-o e disse: “Eu quero, sê curado”. No mesmo instante, a lepra desapareceu.
4 Jesus então lhe disse: “Vê que não o digas a ninguém. Vai, porém, mostrar-te ao sacerdote e oferece o dom prescrito por Moisés em testemunho de tua cura”.
Palavra da Salvação.

Reflexão

Terminado o Sermão da Montanha, Jesus começa a realizar uma série de milagres, o primeiro dos quais, narrado hoje por S. Mateus, é a cura de um leproso. O diálogo entre ele e o Senhor é exemplar, fonte de muitos ensinamentos para os fiéis de todos os tempos. Em primeiro lugar, não custa recordar que os milagres realizados por Cristo não têm em vista apenas a ajuda material concedida a este ou àquele doente. Jesus, por ser Deus encarnado, via a todos nós sempre, de maneira que cada um dos seus gestos, repletos de sentido e valor salvífico, de alguma forma diz respeito a todos os homens, de ontem e de hoje. Por esta razão, além de sua materialidade de fatos históricos — neste caso, a cura de um leproso —, as ações de Cristo possuem uma dimensão mística, mas nem por isso menos real, na qual todos nós nos devemos sentir envolvidos: ali, na purificação daquele enfermo, é a nós que Ele se dirige, é a nós que Ele cura, é a nós que Ele diz: “Fica limpo”.

Também nas palavras que compõem este episódio quis o Espírito Santo deixar registrado um ensinamento. A nossa oração, como a súplica do leproso, deve começar sempre pelo reconhecimento da soberania de Deus, que tudo pode: “Senhor, tu tens o poder…”, ao mesmo tempo que nos submetemos ao que for do seu agrado: “Se queres”. Com efeito, Deus nem sempre quer tudo o que pode, pois nem sempre o que desejamos é o que Ele sabe que nos convém. Nisto se distingue a nossa fé das religiões pagãs, para as quais a oração e o culto são, não raro, uma tentativa de “convencer” a divindade a cumular-nos de favores. O cristão, ao contrário, é confiante, mas antes submisso; pede, sim, mas não o que deseja, senão o que Deus quer: “Senhor, se queres…”. Eis a atitude piedosa que temos de procurar imitar, conscientes de que é muitas vezes preferível não sermos atendidos, porque desejamos e pedimos o que nos fará mal. Deus, que tem contados nossos fios de cabelo, sabe do que precisamos e não deixará nunca de socorrer, no tempo e do modo oportuno, os que a Ele se dirigem com confiança e, sobretudo, dócil e submissa humildade: “Senhor, se queres, tu tens o poder”.

 

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quinta-feira, 24 de junho de 2021

Solenidade da Natividade de São João Batista.

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Leitura (Isaías 49,1-6)

Leitura do livro do profeta Isaías.

49 1 Ilhas, ouvi-me; povos de longe, prestai atenção! O Senhor chamou-me desde meu nascimento; ainda no seio de minha mãe, ele pronunciou meu nome.
2 Tornou minha boca semelhante a uma espada afiada, cobriu-me com a sombra de sua mão. Fez de mim uma flecha penetrante, guardou-me na sua aljava.
3 E disse-me: "Tu és meu servo, (Israel), em quem me rejubilarei".
4 E eu dizia a mim mesmo: "Foi em vão que padeci, foi em vão que gastei minhas forças. Todavia, meu direito estava nas mãos do Senhor, e no meu Deus estava depositada a minha recompensa".
5 E agora o Senhor fala, ele, que me formou desde meu nascimento para ser seu Servo, para trazer-lhe de volta Jacó e reunir-lhe Israel, (porque o Senhor fez-me esta honra, e meu Deus tornou-se minha força).
6 Disse-me: "Não basta que sejas meu servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os fugitivos de Israel; vou fazer de ti a luz das nações, para propagar minha salvação até os confins do mundo".
Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 138/139
Eu vos louvo e vos dou graças, ó Senhor,
porque de modo admirável me formastes!
 
Senhor, vós me sondais e conheceis,
sabeis quando me sento ou me levanto;
de longe penetrais meus pensamentos;
percebeis quando me deito e quando eu ando,
os meus caminhos vos são todos conhecidos.
 
Fostes vós que me formastes as entranhas
e, no seio de minha mãe, vós me tecestes.
Eu vos louvo e vos dou graças, ó Senhor,
porque de modo admirável me formastes!
 
Até o mais íntimo, Senhor, me conheceis;
nenhuma sequer de minhas fibras ignoráveis
quando eu era modelado ocultamente,
era formado nas entranhas subterrâneas.

Leitura (Atos 13,22-26)

Leitura dos Atos dos Apóstolos.

Naqueles dias, Paulo disse: 13 22 "Depois, Deus o rejeitou e mandou-lhes Davi como rei, de quem deu este testemunho: ‘Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará todas as minhas vontades’.
23 De sua descendência, conforme a promessa, Deus fez sair para Israel o Salvador Jesus.
24 João tinha pregado, desde antes da sua vinda, o batismo do arrependimento a todo o povo de Israel.
25 Terminando a sua carreira, dizia: ‘Eu não sou aquele que vós pensais, mas após mim virá aquele de quem não sou digno de desatar o calçado’.
26 Irmãos, filhos de Abraão, e os que entre vós temem a Deus: a nós é que foi dirigida a mensagem de salvação".
Palavra do Senhor.

Evangelho (Lucas 1,57-66.80)

Aleluia, aleluia, aleluia.

Serás chamado, ó menino, o profeta do Altíssimo: irás diante do Senhor, preparando-lhe os caminhos (Jo 1,7; Lc 1,17).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.

1 56 Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois voltou para casa.
57 Completando-se para Isabel o tempo de dar à luz, teve um filho.
58 Os seus vizinhos e parentes souberam que o Senhor lhe manifestara a sua misericórdia, e congratulavam-se com ela.
59 No oitavo dia, foram circuncidar o menino e o queriam chamar pelo nome de seu pai, Zacarias.
60 Mas sua mãe interveio: "Não", disse ela, "ele se chamará João".
61 Replicaram-lhe: "Não há ninguém na tua família que se chame por este nome".
62 E perguntavam por acenos ao seu pai como queria que se chamasse.
63 Ele, pedindo uma tabuinha, escreveu nela as palavras: "João é o seu nome". Todos ficaram pasmados.
64 E logo se lhe abriu a boca e soltou-se-lhe a língua e ele falou, bendizendo a Deus.
65 O temor apoderou-se de todos os seus vizinhos; o fato divulgou-se por todas as montanhas da Judéia.
66 Todos os que o ouviam conservavam-no no coração, dizendo: "Que será este menino? Porque a mão do Senhor estava com ele.
80 O menino foi crescendo e fortificava-se em espírito, e viveu nos desertos até o dia em que se apresentou diante de Israel.
Palavra da Salvação.

 Reflexão

Concebido em pecado como os demais homens, o Batista recebeu, antes mesmo de nascer, a graça redentora dAquele cujos caminhos prepararia e o Espírito Santo que, pouco tempo depois, nos seria enviado em nome de Cristo.

São João Batista, o Precursor do Senhor, precedeu também a toda a humanidade pelo mistério que hoje celebramos: a sua justificação no ventre de Santa Isabel. É por este motivo que a Igreja comemora-lhe a natividade; de fato, além dele, de Nossa Senhora e de Cristo, nenhuma outra personagem, quer do Antigo, quer do Novo Testamento, tem celebrada a sua data de nascimento. A memória que faz a Liturgia dos demais santos recai, de ordinário, no dia de sua morte, que é como um novo nascimento, um nascimento para a glória do céu. Cristo, por ser o Redentor, foi impecável antes mesmo de seu santíssimo e milagroso Natal; a Virgem Maria, para ser digna Mãe de Deus, foi preservada imune de toda mancha de pecado desde o primeiro instante de sua concepção no seio de Sant'Ana; e São João Batista, devido ao singular papel por ele exercido na economia da Salvação, embora tenha sido concebido em iniquidade, como todos os outros homens, foi redimido e santificado quando da visita de Nossa Senhora à sua mãe.

"Assim que a voz de tua saudação chegou aos meu ouvidos" — diz Isabel, cheia do Espírito Santo, à Imaculada —, "a criança estremeceu no meu ventre", acontecimento que a Igreja sempre reconheceu como o primeiro milagre na ordem da graça. Por esta razão, celebrar hoje a natividade de São João Batista é render graças a Deus pela misericórdia que Ele derramou sobre o escolhido para endireitar as veredas do Senhor (cf. Is 40, 3; Lc 3, 4), pregando um batismo de arrependimento para a remissão dos pecados (cf. Lc 3, 3). A solenidade deste dia, além disso, deve infundir-nos uma confiança ainda maior na intercessão da Virgem Santíssima, da qual o Pai quis servir-se como de um instrumento para levar a graça do Espírito Santo ao maior entre os nascidos de mulher (cf. Mt 11, 11; Lc 7, 28). Recorramos confiadamente ao Imaculado Coração de Maria e peçamos-lhe que, assim como conduziu até o Batista Aquele cujos caminhos ele havia de preparar, traga também a nós o Filho do qual procede o Espírito Consolador, sem cujo auxílio nada há no homem, nada que seja inocente. — São João Batista, rogai por nós! Imaculado Coração de Maria, intercedei por nós!

 

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quarta-feira, 23 de junho de 2021

Liturgia Diária - Cuidado com os falsos profetas!

 RACHEL SHEHERAZADE: Lobos ou Cordeiros?

Leitura (Gênesis 15,1-12.17-18)

Leitura do livro do Gênesis.
15 1 Depois desses acontecimentos, a palavra do Senhor foi dirigida a Abrão, numa visão, nestes termos: “Nada temas, Abrão! Eu sou o teu protetor; tua recompensa será muito grande.” 2 Abrão respondeu: “Senhor Javé, que me dareis vós? Eu irei sem filhos, e o herdeiro de minha casa é Eliezer de Damasco.” 3 E ajuntou: “Vós não me destes posteridade, e é um escravo nascido em minha casa que será o meu herdeiro.” 4 Então a palavra do Senhor foi-lhe dirigida nestes termos: “Não é ele que será o teu herdeiro, mas aquele que vai sair de tuas entranhas.”
5 E, conduzindo-o fora, disse-lhe: “Levanta os olhos para os céus e conta as estrelas, se és capaz. Pois bem, ajuntou ele, assim será a tua descendência.” 6 Abrão confiou no Senhor, e o Senhor lho imputou para justiça.
7 E disse-lhe: “Eu sou o Senhor que te fiz sair de Ur da Caldéia para dar-te esta terra.” 8 “O Senhor Javé, como poderei saber se a hei de possuir?” 9 “Toma uma novilha de três anos, respondeu-lhe o Senhor, uma cabra de três anos, um cordeiro de três anos, uma rola e um pombinho.” 10 Abrão tomou todos esses animais, e dividiu-os pelo meio, colocando suas metades uma defronte da outra; mas não cortou as aves. 11 Vieram as aves de rapina e atiraram-se sobre os cadáveres, mas Abrão as expulsou.
12 E eis que, ao pôr-do-sol, veio um profundo sono a Abrão, ao mesmo tempo que o assaltou um grande pavor, uma espessa escuridão.
17 Quando o sol se pôs, formou-se uma densa escuridão, e eis que um braseiro fumegante e uma tocha ardente passaram pelo meio das carnes divididas.
18 Naquele dia, o Senhor fez aliança com Abrão: “Eu dou, disse ele, esta terra aos teus descendentes, desde a torrente do Egito até o grande rio Eufrates:
Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 104/105

O Senhor se lembra sempre da aliança.

Dai graças ao Senhor, gritai seu nome,
anunciai entre as nações seus grandes feitos!
Cantai, entoai salmos para ele,
publicai todas as suas maravilhas!

Gloriai-vos em seu nome que é santo,
exulte o coração que busca a Deus!
Procurai o Senhor Deus e seu poder,
buscai constantemente a sua face!

Descendentes de Abraão, seu servidor,
e filhos de Jacó, seu escolhido,
ele mesmo, o Senhor, é nosso Deus,
vigoram suas leis em toda a terra.

Evangelho (Mateus 7,15-20)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Ficai em mim e eu em vós ficarei, diz Jesus; quem em mim permanece há de dar muito fruto (Jo 15,4s).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
7 15 Disse Jesus: “Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos arrebatadores.
16 Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinhos e figos dos abrolhos?
17 Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos.
18 Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má, bons frutos.
19 Toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo.
20 Pelos seus frutos os conhecereis”.
Palavra da Salvação.

Reflexão

pós nos ter precavido ontem contra o perigo de entrarmos pelo caminho largo da perdição, o Senhor nos alerta hoje contra os falsos profetas, que, metidos em peles de ovelha, se ocultam no rebanho de Cristo como lobos traiçoeiros. “Cuidado com os falsos profetas”, que se apresentam com palavras doces e sedutoras, mas que por dentro “são lobos ferozes”, à espreita das vítimas desprevenidas. Em seguida, indica-nos Jesus o sinal por que poderemos distinguir as ovelhas falsas das verdadeiras: “Vós os conhecereis pelos seus frutos”. Mas a que frutos, precisamente, se refere Nosso Senhor? Não são, decerto, os frutos externos, isto é, não se trata nem de jejuns nem de esmolas, nem de orações nem de muito apostolado, porque todas essas coisas — diz S. Agostinho —, “quando se fazem com mau fim, no erro, não aproveitam mais que para encobrir os lobos”; por isso, não são esses os frutos “que podem servir-nos para reconhecê-los” (De serm. Domini II, 25) [1]. Trata-se, antes, dos frutos que o Apóstolo chama “obras da carne”, a saber: “fornicação, impureza, liber­tinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes” (Gl 5, 19ss). 

São esses, pois, os frutos com os quais podemos conhecer quem é árvore boa e quem é árvore má: as más frutificam em obras da carne; as boas dão o fruto do Espírito, que é “caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança” (Gl 5, 22s); as más, ainda que se revistam de folhas frondosas, ainda que pareçam por fora cheias de vitalidade, estão podres por dentro, carregadas de frutos estragados; as boas, ao contrário, ainda que nem sempre sejam as mais atraentes, são as que se deixam podar por Cristo e nele dão frutos abundantes de fé viva, operante pelo amor e com boas obras. Portanto, é por esses frutos que havemos de julgar, antes de tudo, se temos nós mesmos sido lobo ou ovelha, árvore boa ou má, ocasião de queda ou soerguimento para os nossos irmãos na fé: “Vós os conhecereis pelos seus frutos”. 

 

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