terça-feira, 31 de maio de 2011

IGREJA CATÓLICA: MÃE DAS UNIVERSIDADES.

Os estudantes universitários normalmente têm um conhecimento pouco profundo sobre a Idade Média; e porque muitos são mal informados, acham que foi um período de ignorância, superstição e repressão intelectual por parte da Igreja católica. No entanto, foi exatamente na Idade Média que surgiu a maior contribuição intelectual para o mundo: o sistema universitário.

A universidade foi um fenômeno totalmente novo na história da Europa. Nada como ele existiu no mundo grego ou romano afirmam os historiadores.
O ensino superior na Idade Média era ministrado por iniciativa da Igreja. A Universidade medieval não tem precedentes históricos; no mundo grego houve escolas públicas, mas todas isoladas. No período greco-romano cada filósofo e cada mestre de ciências tinham "sua escola", o que implicava justamente no contrário de uma Universidade. Esta surgiu na Idade Média, pelas mãos da Igreja Católica, e reunia mestres e discípulos de várias nações, os quais constituíam poderosos centros de saber e de erudição.

Por volta de 1100, no meio de uma grande fermentação intelectual, começam as surgir as Universidades; o orgulho da Idade Média cristã, irmãs das Catedrais. A sua aparição é um marco na história da civilização Ocidental que nenhum historiador tem coragem de negar. Elas nasceram às sombras das Catedrais e dos mosteiros. Logo receberam o apoio das autoridades da Igreja e dos Papas. Assim, diz Daniel Rops, "a Igreja passou a ser a matriz de onde saiu a Universidade" (A Igreja das Catedrais e das Cruzadas, pág. 345).
Tudo isso nesta bela época que alguns teimam em chamar maldosamente de "obscura" Idade Média. A razão e a fé sempre caminharam juntas na Igreja.
A raiz das Universidades esta no século IX com as escolas monásticas da Europa, especialmente para a formação dos monges, mas que recebiam também estudantes externos. Depois, no século XI surgiram as escolas episcopais; fundadas pelos bispos, os Centros de Educação nas cidades, perto das Catedrais. No século XII surgiram centros docentes debaixo da proteção dos Papas e Reis católicos, para onde acorriam estudantes de toda Europa.

A primeira Universidade do mundo Ocidental foi a de Bolonha (1158), na Itália, que teve a sua origem na fusão da escola episcopal com a escola monacal camaldulense de São Félix. Em 1200 Bolonha tinha dez mil estudantes (italianos, lombardos, francos, normandos, provençais, espanhóis, catalães, ingleses germanos, etc.). A segunda, e que teve maior fama foi a Universidade de Paris, a Sorbone, que surgiu da escola episcopal da Catedral de Notre Dame. Foi fundada pelo confessor de S. Luiz IX, rei de França, Sorbon. Ali foram estudar muitos grandes santos como Santo Inácio de Loyola, São Francisco Xavier e São Tomás de Aquino. A universidade de Paris (Sorbonne) era chamada de "Nova Atenas" ou o "Concílio perpétuo das Gálias", por ser especialmente voltada à teologia.
O documento mais antigo que contém a palavra "Universitas" utilizada para um centro de estudo é uma carta do Papa Inocêncio III ao "Estúdio Geral de Paris". A universidade de Oxford, na Inglaterra surgiu de uma escola monacal organizada como universidade por estudantes da Sorbone de Paris. Foi apoiada pelo Papa Inocêncio IV (1243-1254) em 1254.

Salamanca é a Universidade mais antiga da Espanha das que ainda existem, fundada pela Igreja; seu lema é "Quod natura non dat, Salmantica non praestat" (O que a natureza não nos dá, Salamanca não acrescenta". Entre as universidades mais antigas está a de Santiago de Compostela. A cidade foi um foco de cultura desde 1100 graças ao prestígio de sua escola capitular que era um centro de formação de clérigos vinculados à Catedral. A Universidade de Valladolid é anterior à de Compostela já que em 1346 obteve do papa Clemente VI a concessão de todas as faculdades, exceto a de Teología.

Em 1499 o Cardeal Cisneros fundou a famosa universidade "Complutense" mediante a Bula Pontifícia concedida pelo Papa Alexandre VI. Nos anos de 1509-1510 já funcionavam cinco Faculdades: Artes e Filosofía, Teología, Direito Canônico , Letras e Medicina.
Até 1440 foram erigidas na Europa 55 Universidades e 12 Institutos de ensino superior, onde se ministravam cursos de Direito, Medicina, Línguas, Artes, Ciências, Filosofia e Teologia. Todos fundados pela Igreja. O Papa Clemente V (1305-1314) no Concílio universal de Viena em 1311, mandou que se instaurassem nas escolas superiores cursos de línguas orientais (hebreu, caldeu, árabe, armênio, etc.), o que em breve foi feito também em Paris, Bolonha, Oxford, Salamanca e Roma.
A atual Universidade de Roma, La Sapienza - onde tristemente estudantes e professores impediram o Papa Bento XVI de proferir a aula inaugural em 2008 - foi fundada há sete séculos, em 1303, pelo Papa Bonifácio VIII (1294-1303), com o nome de "Studium Urbis".
Das 75 Universidades criadas de 1500, 47 receberam a Bula papal de fundação, enquanto muitas outras, que surgiram espontaneamente ou por decisão do poder secular, receberam em seguida a confirmação pontifícia, com a concessão da Faculdade de Teologia ou de Direito Canônico. (Sodano, 2004).

As universidades atraíam multidões de estudantes, da Alemanha, Itália, Síria, Armênia e Egito. Vinham para a de Paris chegavam a 4000, cerca de 10% da população.
Só na França havia uma dezena de universidades: Montepellier (1125), Orleans (1200), Toulouse (1217), Anger (1220), Gray, Pont-à-Mousson, Lyon, Parmiers, Norbonne e Cabors. Na Itália: Salerno (1220), Bolonha (1111), Pádua, Nápoles e Palerno. Na Inglaterra: Oxford (1214), nascida das Abadias de Santa Frideswide e de Oxevey, Cambridge. Além de Praga na Boêmia, Cracóvia (1362), Viena (1366), Heidelberg (1386). Na Espanha: Salamanca e Portugal, Coimbra. Todas fundadas pela Igreja. Como dizer que a Idade Média cristã foi uma longa "noite escura" no tempo? As universidades medievais foram centros de intensa vida intelectual, onde os grandes homens se enfrentavam em discussões apaixonadas nos grandes problemas. E a fé era o fermento que fazia a cultura crescer.
Graças ao latim todos se entendiam, era a língua universal e acadêmica; esta permitia aos sábios comunicar-se de um ponto a outro da Europa Ocidental. Havia uma unidade interna e de obediência aos mesmos princípios; era o reflexo de uma civilização vigorosa, segura de sua força e de si mesma.

A partir de 1250 o grego foi ensinado nas escolas dominicanas e, a partir de 1312 nas universidades de Sorbonne, Oxford, Bolonha e Salamanca. Abria-se assim um novo campo ao pensamento que desencadeou uma onda de paixão filosófica no nascimento da Escolástica-teologia e filosofia unidas para provar uma proposição de fé.
Santo Agostinho, Cassidoro, Santo Isidoro de Sevilha, Rábano Mauro e Alamino, os grandes mestres da Antigüidade, se apoiavam sobretudo nas Sagradas Escrituras. Agora o intelectual cristão da Idade Média quer demonstrar que os dogmas estão de acordo com a razão e que são verdadeiros. É a "teologia especulativa", onde a filosofia é amiga da teologia. Os problemas do mundo são estudados agora sob esta dupla ótica.

A Universidade medieval era um mundo turbulento e cosmopolita; os estudantes de Paris estavam repartidos em quatro nações: os Picardos, os Ingleses, os Alemães e os Franceses. Os professores também vinham de diversas partes do mundo: havia Sigério de Brabante (Bélgica), João de Salisbury (Inglaterra), S. Alberto Magno (Renânia), S. Tomás de Aquino e São Boaventua da Itália.

Os problemas que apaixonavam os filósofos, eram os mesmos em Paris, em Oxford, em Edimburgo, em Colônia ou em Pavia. O mundo estudantil era também um mundo itinerante: os jovens saiam de casa para alcançar a Universidade de sua escolha; voltavam para sua terra nas festas. O sistema universitário que temos hoje com cursos de graduação, pós-graduação, faculdades, exames e graus veio diretamente do mundo medieval.
Os papas sabiam bem da importância das universidades nascentes para a Igreja e para o mundo, e por isso intervinham em sua defesa muitas vezes. O Papa Honório III (1216-1227) defendeu os estudantes de Bolonha em 1220 contra as restrições de suas liberdades. O Papa Inocêncio III (1198-1216) interveio quando o chanceler de Paris insistiu em um juramento à sua personalidade. O Papa Gregório IX (1227-1241) publicou a Bula "Parens Scientiarum" em nome dos mestres de Paris, onde garantiu à Universidade de Paris (Sorbonne) o direito de se auto-governar, podendo fazer suas leis em relação aos cursos e estudos, e dando à Universidade uma jurisdição papal, emancipando-a da interferência da diocese.
O papado foi considerado a maior força para a autonomia da Universidade, segundo A. Colban (1975). Era comum as universidades trazerem suas queixas ao Papa em Roma. Muitas vezes o Papa interveio para que as universidades pagassem os salários dos professores; Bonifácio VIII (1294-1303), Clemente V (1305-1314), Clemente VI (1342-1352), e Gregório XI (1370-1378) fizeram isso. "Na universidade e em outras partes, nenhuma outra instituição fez mais para promover o saber do que a Igreja Católica", garante Thomas Woods( pg. 51).

O processo para se adquirir a licença para ensinar era difícil. Para se ter idéia da solenidade e importância do ato, basta dizer que a pessoa para ser licenciada se ajoelhava diante do Vice-chanceler, que dizia:

"Pela autoridade dos Apóstolos Pedro-Paulo, dou-lhe a licença de ensinar, fazer palestras, escrever, participar de discussões... e exercer outros atos do magistério, ambos na Faculdade de Artes em Paris e outros lugares, em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém" [Daly, 1961; pg 135].
Uma riqueza da universidade medieval é que era atenta às finalidades sociais. Não se aceitava a idéia de uma cultura desinteressada, ou um saber exclusivamente para seu próprio benefício pessoal. "Deve-se aprender apenas para a própria edificação ou para ser útil aos outros; o saber pelo saber é apenas uma vergonhosa curiosidade", já havia dito São Bernardo (1090-1153).
Para Inocêncio IV (1243-1254) a Universidade era o "Rio da ciência que rege e fecunda o solo da Igreja universal", e Alexandre IV (1254-1261) a chamava de: "Luzeiro que resplandece na Casa de Deus" (Daniel Rops, pg.348).

Portanto, são maldosos ou ignorantes da História aqueles que insistem em se referir à Idade Média e à Igreja como promotoras da inimizade à Ciência e perseguidora dos cientistas.


Prof. Felipe Aquino




por
Cléofas

AS HERESIAS DURANTE A FUNDAÇÃO DA IGREJA.

Igreja Nascente - Algumas Heresias Cristológicas

D. Estevão Bettencourt, OSB

Após verificar que o Filho de Deus é verdadeiro Deus com o Pai e o Espírito Santo, a atenção dos teólogos devia voltar-se mais detidamente para a questão: como Jesus pode ser autêntico Deus e autêntico homem? Como se relacionam entre si a Divindade e a humanidade de Jesus? A resposta a estas perguntas exigiu grande esforço por parte dos estudiosos, que a formularam em quatro etapas:

1) a fase apolinarista;
2) a fase nestoriana;
3) a fase monofisita;
4) a fase monotelita.

A seguir, estudaremos as três primeiras destas etapas.

O Apolinarismo

Em plena controvérsia ariana, o Bispo Apolinário de Laodicéia (Síria), 310-390, mostrava-se fervoroso defensor do Credo niceno contra os arianos, mas afirmava que em Cristo a natureza humana carecia de alma humana; tomava ao pé da letra as palavras de S. João 1,14: “O Logos se fez carne”, entendendo carne no sentido estrito, com exclusão de alma. O Logos de Deus faria as vezes de alma humana em Jesus, isto é, seria responsável pelas funções vitais da natureza humana assumida pelo Logos.

Os argumentos em favor desta tese eram os seguintes: duas naturezas completas (Divindade e humanidade) não podem tornar-se um ser único; se Jesus as tivesse, Ele teria duas pessoas ou dois eu – o que seria monstruoso. Além disto, dizia, onde há um homem completo, há também o pecado; ora o pecado tem origem na vontade; por conseguinte, Jesus não podia ter vontade humana nem a alma espiritual, que é a sede da vontade.

Apolinário expôs suas ideias no livro “Encarnação do Verbo de Deus”, que ele apresentou ao Imperador Joviano e que os seus discípulos difundiram. – Foram condenadas num sínodo de Alexandria em 362; depois, pelo Papa S. Dâmaso em 377 e 382 e, especialmente, pelo Concílio de Constantinopla I (381). Verificando a oposição que lhe faziam bons teólogos, Apolinário limitou-se a negar a presença de mente (nous) humana em Jesus. S. Gregório de Nissa († 394) e outros autores lhe responderam mediante belo princípio: “O que não foi assumido pelo Verbo, não foi redimido” – o que quer dizer: Deus quer santificar e salvar a natureza humana pelo próprio mistério da Encarnação ou pela união da Divindade com a humanidade; se pois, a humanidade estava mutilada em Jesus, ela não foi inteiramente salva. Em Antioquia, fundou-se uma comunidade apolinarista, tendo à frente o Bispo Vital. Por volta de 420 esta foi reabsorvida pela Igreja ortodoxa, mas nem todos os seus membros abandonaram o erro, que reviveu, de certo modo, na heresia monofisita.

O Nestorianismo

Afirmada a existência da natureza humana completa em Jesus, os teólogos puderam estudar mais detidamente o modo como humanidade e Divindade se relacionaram em Cristo. Antes, porém, de entrar em particulares, devemos mencionar as duas principais escolas teológicas da antiguidade: a alexandrina e a antioquena, que muito influíram na elaboração da Cristologia. A escola alexandrina era herdeira de forte tendência mística; procurava exaltar o divino e o transcendental nos artigos da fé. Interpretava a S. Escritura em sentido alegórico, tentando desvendar os mistérios divinos contidos nas Sagradas Letras. Em assuntos cristológicos, portanto, era inclinada a realçar o divino, com detrimento do humano. Ao contrário, a escola antioquena era mais dada à filosofia e à razão: voltava-se mais para o humano, sem negar o divino. Interpretava a S. Escritura em sentido literal e tendia a salientar em Jesus os predicados humanos mais do que os atributos divinos.

Era mais racional, ao passo que a de Alexandria era mais mística. Dito isto, voltemos à história do dogma cristológico. A primeira tentativa de solução foi encabeçada por Nestório, elevado à cátedra episcopal de Constantinopla em 428. Afirmava que o Logos habitava na humanidade de Jesus como um homem se acha num templo ou numa veste; haveria duas pessoas, em Jesus “uma divina e outra humana” – unidas entre si por um vínculo afetivo ou moral. Por conseguinte, Maria não seria a Mãe de Deus (Theotókos), como diziam os antigos, mas apenas Mãe de Cristo (Christokós); ela teria gerado o homem Jesus, ao qual se uniu a segunda pessoa da SS. Trindade com a sua Divindade. Nestório propunha suas ideias em pregações ao povo, nas quais substituía o título “Mãe de Deus” por “Mãe de Cristo” As suas concepções suscitaram reação não só em Constantinopla, mas em outras regiões também, especialmente em Alexandria, onde S. Cirilo era Bispo ardoroso. Este escreveu em 429 aos bispos e aos monges do Egito, condenando a doutrina de Nestório. As duas correntes se dirigiram ao Papa Celestino I, que rejeitou a doutrina de Nestório num sínodo de 430. Deu ordem a S. Cirilo para que intimasse Nestório a retirar suas teorias no prazo de dez dias, sob pena de exílio; Cirilo enviou ao Patriarca de Constantinopla uma lista de doze anatematismos que condenavam o nestorianismo. Nestório não se quis dobrar, de mais a mais que podia contar com o apoio do Imperador; além do mais, tinha muitos seguidores na escola antioquena, entre os quais o próprio Bispo João de Antioquia.

Em 431, o Imperador Teodósio II, instado por Nestório, convocou para Éfeso o terceiro Concílio Ecumênico a fim de solucionar a questão discutida. S. Cirilo, como representante do Papa Celestino I, abriu a assembleia diante de 153 Bispos. Logo na primeira sessão, foram apresentados os argumentos da literatura antiga favoráveis ao título Theotókos, que acabou sendo solenemente proclamado; daí se seguia que em Jesus havia uma só pessoa (a Divina); Maria se tornara Mãe de Deus pelo fato de que Deus quisera assumir a natureza humana no seu seio. Quatro dias após esta sessão, isto é, a 26/06/431 chegou a Éfeso o Patriarca Jogo de Antioquia, com 43 Bispos seus seguidores, todos favoráveis a Nestório; não quiseram unir-se ao Concílio presidido por S. Cirilo, representante do Papa; por isto formaram um conciliábulo, no qual depôs Cirilo. O Imperador acompanhava tudo de perto e sentia-se indeciso. S. Cirilo então mobilizou todos os seus recursos, para mover Teodósio II em favor da reta doutrina; nisto foi ajudado por Pulquéria, piedosa e influente irmã mais velha do Imperador. Este finalmente apoiou a sentença de Cirilo e exilou Nestório. Todavia os antioquenos não se renderam de imediato; acusavam Cirilo de arianismo e apolinarismo.

Após dois anos de litígio, em 433 puseram-se de acordo sobre uma fórmula de fé que professava um só Cristo e Maria como Theotókos. O Nestorianismo, porém, não se extinguiu. Os seus adeptos, expulsos do Império Bizantino, foram procurar refúgio na Pérsia, onde fundaram a Igreja Nestoriana. Esta teve notável expansão até a China e a Índia Meridional; mas do século XIV em diante foi definhando por causa das incursões dos mongóis; em grande parte, os nestorianos voltaram à comunhão da Igreja universal (são hoje os cristãos caldeus e os cristãos de São Tomé). Em nossos dias muitos estudiosos têm procurado reabilitar a pessoa e a obra de Nestório, que parece ser autor de uma apologia intitulada “Tratado de Heraclides de Damasco”: pode-se crer que tenha tido reta intenção ; mas certamente sustentou posições errôneas por se ter apegado demasiadamente à Escola Antioquena.

O Monofisismo

A luta contra o Nestorianismo, que admitia em Jesus duas naturezas e duas pessoas, deu ocasião ao surto do extremo oposto, que é o monofisismo ou monofisitismo (“em Jesus há uma só natureza e uma só pessoa: a divina”).

O primeiro arauto desta tese foi Eutiques, arquimandrita de Constantinopla: reconhecia que Jesus constava originariamente da natureza divina e da humana, mas afirmava que a natureza divina absorveu a humana, divinizando-a; após a Encarnação, só se poderia falar de uma natureza em Jesus: a divina. Esta doutrina tornou-se a heresia mais popular e mais poderosa da antiguidade, pois, para os orientais, a divinização da humanidade em Cristo era o modelo do que deve acontecer com cada cristão.

Eutiques foi condenado como herege no Sínodo de Constantinopla em 448, sob o Patriarca Flaviano. Todavia não cedeu e reclamou contra uma pretensa injustiça, pois tencionava combater o Nestorianismo. Conseguiu assim ganhar os favores da corte.

Solicitado pelo Patriarca Dióscoro de Alexandria, Teodósio II Imperador convocou em 449 novo Concílio Ecumênico para Éfeso, confiando a presidência do mesmo a Dióscoro, que era partidário de Estiques. Dióscoro, tendo aberto o Concílio negou a presidência aos legados papais; não permitiu que fosse lida a Carta do Papa S. Leão Magno, que propunha a reta doutrina: as duas naturezas em Cristo não se misturam nem confundem, mas cada qual exerce a sua atividade própria em comunhão com a outra; assim Cristo teve realmente fome, sede e cansaço, como homem, e pode ressuscitar mortos como Deus. Esse Concílio de Éfeso proclamou a ortodoxia de Eutiques; depôs Flaviano, Patriarca de Constantinopla, e outros Bispos contrários à tese monofisita... Todavia os seus decretos foram de curta duração. Os Bispos de diversas regiões o repudiaram como ilegítimo ou, segundo a expressão do Papa São Leão Magno, como “latrocínio de Éfeso”; pediam novo Concílio que de fato foi convocado após a morte de Teodósio II pela Imperatriz Pulquéria (irmã de Teodósio) e pelo general Marcião, que em 450 foi feito Imperador e se casou com Pulquéria.

O novo Concílio, desta vez legítimo, reuniu-se em Calcedônia, diante de Constantinopla, em 451; foi o mais concorrido da antiguidade, pois dele participaram mais de 600 membros, entre os quais três legados papais. A assembleia rejeitou o “latrocínio de Éfeso”; depôs Dióscoro e aclamou solenemente a Epístola Dogmática do Papa São Leão a Flaviano; esta serviu de base a uma confissão de fé, que rejeitava os extremos do Nestorianismo e do Monofisismo, propondo em Cristo uma só pessoa e duas naturezas:

“Ensinamos e professamos um Único e idêntico Cristo... em duas naturezas, não confusas e não transformadas, não divididas, não separadas, pois a união das naturezas não suprimiu as diferenças; antes, cada uma das naturezas conservou as suas propriedades e se uniu com a outra numa Única pessoa e numa Única hipóstase”.
Assim terminou a fase principal das disputas cristológicas: em Cristo não há duas naturezas e duas pessoas, pois isto destruiria a realidade da Encarnação e da obra redentora de Cristo; mas também não há uma só natureza e uma só pessoa, pois Cristo agiu como verdadeiro homem, sujeito à dor e à morte para transfigurar estas nossas realidades. Havia, pois, uma só pessoa (um só eu) divina, que, além de dispor da natureza divina desde toda a eternidade, assumiu a natureza humana no seio de Maria Virgem e viveu na terra agindo ora como Deus, ora como homem, mas sempre e somente com o seu eu divino.

O encerramento do Concílio de Calcedônia não significou a extinção do monofisismo. Além da atração que esta doutrina exercia sobre os fiéis (especialmente os monges), propondo-lhes a humanidade divinizada de Cristo como modelo, motivos políticos explicam essa persistência da heresia; com efeito, na Síria e no Egito certos cristãos viam no Monofisismo a expressão de suas tendências nacionalistas, opostas ao helenismo e à dominação bizantina. Por isto os monofisitas continuaram a lutar contra o Imperador, que havia exilado Dióscoro e Eutiques e ameaçado de punição os adeptos destes: ocuparam sedes episcopais; inclusive a de Jerusalém (ao menos temporariamente). No século VII a situação se agravou, pois os muçulmanos ocuparam a Palestina, a Síria e o Egito, impedindo a ação de Bizâncio em prol da ortodoxia nesses países. Em consequência, os monofisitas foram constituindo Igrejas nacionais: a armena, a síria, a mesopotâmica, a egípcia e a etíope, que subsistem até hoje com cerca de 10 milhões de fiéis.

No Egito, os monofisitas tomaram o nome de coptas, nome que guarda as três consoantes da palavra grega Aigyptos (g ou k, p, t ); são os antigos egípcios. Os ortodoxos se chamam melquitas (de melek, Imperador), pois guardam a doutrina ortodoxa patrocinada pelo Imperador em Calcedônia. Há coptas que se uniram a Roma em 1742, enquanto os outros permanecem monofisitas, mas professam quase o mesmo Credo que os católicos. Na Abissínia os monofisitas também são chamados coptas pois receberam forte influência do Egito. – Dentre os melquitas, grande parte aderiu ao cisma bizantino, separando-se de Roma em 1054; certos grupos, porém, estão hoje unidos à Igreja universal.

Na Síria e nos países vizinhos, os monofisitas foram chamados jacobitas, nome derivado de um dos seus primeiros chefes: Jacó Baradai (= o homem da coberta de cavalo, alusão às suas vestes maltrapilhas). Jacó, bispo de Edessa (541-578), trabalhou com zelo e êxito para consolidar as Comunidades monofisitas, às quais deu por cabeça o Patriarca Sérgio de Antioquia (544).


por Dom Estêvão Bettencourt, monge beneditino *

QUATRO CARACTERÍSTICAS DA VISITA DE MARIA À ISABEL.

imagen_visita.jpg“Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá”.
A primeira característica desta visita de N. Senhora foi a sua motivação para fazer uma visita a sua prima Isabel. Quando temos motivação para fazer algo, já indica que vamos fazer algo de muito importante que perpassa pelas nossas emoções e sentimentos, produzindo em nós uma necessidade apressada de concretizar tal gesto. A primeira característica de Maria que motivou a sua visita a Isabel, foi a “pressa”. Ela se levantou e foi às pressas às montanhas….
visitacao.jpgA segunda característica que encontrei foi à saudação. “Maria entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel” Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança que estava em seu ventre estremeceu no seu ventre e no mesmo momento Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Que maravilha de saudação que é capaz de envolver toda a pessoa de Isabel ao ponto de estremecer até o seu ventre onde estava João Batista. Maria estava ali por inteira e levava consigo o menino Deus. Quando nos encontramos com alguma pessoa ou nos relacionamos com ela mesmo que por alguns minutos, este momento deve produzir o mesmo impacto que produziu no encontro de Maria com Isabel. Temos que transportar através da nossa saudação os efeitos de carregarmos em nós a presença de Deus. Maria levava Deus em si, e foi Deus que ela transmitiu a Isabel. “Isabel ficou cheia do Espírito Santo”.
visitacion.jpgA terceira característica vem logo a seguir. Isabel exclama em alta voz; “Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe do meu Senhor?” Ora, quem havia dito a Isabel que Maria estava grávida? Por acaso, naquela época já havia telefone? Claro que não! Quem a revelou foi o Espírito Santo que estava presente naquele encontro. Quando Deus está presente em nossa vida, onde e com quem encontrarmos produziremos diálogos profundamente proféticos e construtivos. Está é uma terceira característica da visita de Maria a sua prima Isabel.
A quarta e última característica é a mais perfeita ainda. Após a declamação de Isabel, Maria é inspirada a compor uma das orações mais lindas que a bíblia tem. “Minha alma glorifica ao Senhor, meu Espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador…”. Um encontro que gera louvor, onde Deus passa a ser o primeiro plano, o maior motivo da nossa presença ali. Quando estas quatro características vier a fazer parte da nossa conduta, então, não haverá possibilidade de alguém passar em vão em nossa vida.
Tenho certeza que depois de rezar com esta palavra hoje, minha vida fraterna terá outro sabor, ganha um novo sentido e vigor. Motivado por estas quatro características, peço a Santíssima Virgem que nos ensine a levar Jesus em todos os ambientes, em todos os encontros seja com quem quer que seja! Assim seja, amém.


Paz e bem +      

CHINA, O DRAGÃO.

NO LIMIAR DE UMA NOVA ERA
Por Arlindo Montenegro

Lindsey Williams é um respeitado colunista e editorialista, especializado em comentar a história dos EUA. É associado à Suncoast Media Group, uma empresa privada de mídia. Recentemente este  jornalista foi entrevistado por Alex Jones e suas mais novas revelações, "recebidas diretamente da Elite", (v.link abaixo), confirmam muitas percepções dos que acompanham a marcha dos acontecimentos à distância, nestes campos da ignorância, da irresponsabilidade e do desprezo à vida.

Diz Lindsey que, a China é o "poderoso chefão" do momento mundial e não está interessada no comércio com os parceiros e sim nas tecnologias que possa absorver, (tipo Embraer vai produzir lá passando toda a tecnologia), que depois eles vão "jogar na cara da gente". Lyndsey informa este procedimento referindo os EUA, revelando que o Bush pai esteve envolvido neste processo, que deixa a nação americana com a corda no pescoço, desde o começo. Sabe-se que este senhor está no núcleo duro do poder mundial.

Como somos quintal dos patrões americanos e europeus, agora reféns da China, nada de admirar que os poderosos domésticos tenham ido buscar as bençãos da matriz do poder econÃ?mico mundial. Nada de admirar que abram todas as portas, numa vassalagem tal, que perdoa todos os crimes dos comunistas, como se perdoaram dos próprios crimes cometidos aqui, que mascaram como "defesa da democracia", na historia que contam, agressivamente retocada em vermelho.

Já se anuncia também que "Se tudo seguir de acordo com os planos da Elite, (Bilderberger, banqueiros e governo paralelo dos EUA) o dólar estará morto no final de 2012." Os sinais do tsunami que vai quebrar muitas nações dependentes dos Bancos Centrais que seguem fielmente o FMI, Banco da Inglaterra e Federal Reserve, são visíveis para os operadores de bolsas: “A China está comprando todo o ouro e até as minas de ouro." enquanto a Casa da Moeda dos EUA (que há muito não tem um quilinho de ouro) está vendendo quantidades imensas de sua prata".

A "Elite" informa ainda que "a partir do momento que o Euro quebrar, as pessoas vão ter três semanas para se livrar do papel moeda". Isto significa que está tudo podre, sem lastro. Há uma especulação adoidada para que os bancos fiquem com todos os recursos do planeta e então, vão negociar uma nova moeda com a China dona do ouro, dona das tecnologias avançadas, com poder para impor sua vontade aos sócios norte americanos e europeus... o resto não conta, obedece.

Aí sim, a nova ordem mundial capimunista será definida, os renitentes serão invadidos pelas "forças de paz", aqui ou acolá territórios serão anexados em novos mapas, conformando as regiões, onde os consules imperiais vão disputar o posto de mais cruel e fiel cumpridor das ordens emanadas do poder das armas, poder do dinheiro e o poder de persuasão, com uma só agencia de notícias repetida mundialmente, a teletela orweliana.

O panorama está brabo! As nuvens estão carregadas. Mas o jornalista Lindsey Williams tem um bom conselho para que a gente-boiada se prepare para o que está anunciado: "Ponha a sua casa espiriutal em ordem.” Encontre e confie em Deus no seu coração agora, que amanhã será tarde demais. É bom lembrar que este planetinha já conheceu outras civilizações e é hora praticar as orações que nos levem à “arca dos genes espiritualmente fortes” para o recomeço depois do tombo.

Lembrar ainda aos que não acreditam em bruxas... mas que elas existem e estão aí, é indubitável. Neste desequilibrado mundo manobrado por psicopatas, a qualquer momento um fato inesperado pode pesar, pode barrar as intenções satânicas dos herdeiros vitalícios do poder do ouro. Dizem até que há alguns anos já descobriram e mantém em segredo, um novo planeta habitável, um tal de Nibiru. Vai ver já estão preparando as naves para fugir com sementes e espécies selecionadas, para escapar à possível fúria de multidões estouradas que nem boiada.

Este é o resultado da supremacia do material sobre o espiritual, habilmente implantada pelos satanistas, nas mentes destas formas de vida-fragmento dos que se dizem humanos e, de modo arrogante, nominaram e imaginaram com diversas máscaras – o que vem a ser enquadrar em determinados limites – a própria inominável, ilimitada fonte de vida, a suprema inteligência eterna e imutável.

Com isto sufocaram a percepção e concepção natural, a responsabilidade entre semelhantes e a confiança reforçada nos alimentos da fonte original e eterna. É cabível e oportuno o conselho do jornalista. Talvez a última das oportunidades que tenhamos de barrar ou atrapalhar os deuses do poder material.
Artigo fonte em
http://tobefree.wordpress.com/2011/01/19/lindsey-williams-returns-china-is-the-big-one-watch-china-and-russia-theyre-interested-in-the-technology-and-once-they-get-it-theyll-turn-around-and-throw-it-right-back-in-our-face-just-lik/
 
OBS> Vejam que até mesmo os jornalistas nem tanto ligados em Deus percebem que um grande caos financeiro está instalado no planeta. Os movimentos da China, país para o qual desde muitos anos viemos alertando, no sentido de acumular riqueza, sacar das entranhas da terra todo o ouro e minerais nobres que precisam e também acumular divisas junto aos outros países em dificuldade, faz deste país hoje um verdadeiro monstro apocaliptico. E quase pronto a atacar. Todo mundo está se curvando diante do poderia deles, que formam ao mesmo tempo um exército super equipado, e ele vem para a última e mais destruidora de todas as guerras.
 
Gog chegará em breve, para tingir o planeta de vermelho. Os Estados Unidos estão curvados ao peso de sua dívida impagável, e o governo americano conseguiu dar um último suspiro, negociando com o Congresso e a oposição os termos de uma governabilidade, até o próximo setembro. Não creio que conseguirão ganhar mais tempo. O mes fatídico já está marcado, o ano também, e este é 2011. Por acaso, o ano que estamos vivendo. Quem viver, verá!

 

recadosdoaarão

LITURGIA DIÁRIA - A SEMPRE BEM-AVENTURADA.

Primeira Leitura: Sofonias 3, 14-18

VISITAÇÃO DE NOSSA SENHORA
(branco, glória, prefácio de Maria - ofício da festa)

Leitura da profecia de Sofonias -14Solta gritos de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, ó Israel! Alegra-te e rejubila-te de todo o teu coração, filha de Jerusalém! 15O Senhor revogou a sentença pronunciada contra ti, e afastou o teu inimigo. O rei de Israel, que é o Senhor, está no meio de ti; não conhecerás mais a desgraça. 16Naquele dia, dir-se-á em Jerusalém: Não temas, Sião! Não se enfraqueçam os teus braços! 17O Senhor teu Deus está no meio de ti como herói Salvador! Ele anda em transportes de alegria por causa de ti, e te renova seu amor. Ele exulta de alegria a teu respeito 18como num dia de festa. Suprimirei os que te feriram, tirarei a vergonha que pesa sobre ti. - Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial(Is 12)

REFRÃO: O Santo de Israel é grande entre vós.

1. Eis o Deus que me salva, tenho confiança e nada temo, porque minha força e meu canto é o Senhor, e ele foi o meu salvador. Vós tirareis com alegria água das fontes da salvação, e direis naquele tempo: Louvai ao Senhor, invocai o seu nome, fazei que suas obras sejam conhecidas entre os povos; proclamai que seu nome é sublime. Cantai ao Senhor, porque ele fez maravilhas, e que isto seja conhecido por toda a terra. Exultai de gozo e alegria, habitantes de Sião, porque é grande no meio de vós o Santo de Israel. - R.

Evangelho: Lucas 1, 39-56

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - 39Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá. 40Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. 41Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. 43Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? 44Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. 45Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas! 46E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor, 47meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, 48porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, 49porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo. 50 Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem. 51Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos. 52Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. 53Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos. 54Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, 55conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre. 56Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois voltou para casa. - Palavra da salvação.
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Homilia - Pe Bamtu

O encontro das duas parentes em sua primeira gravidez se direciona para o encontro misterioso de Jesus e João e para o hino de Maria. Estabelece-se a ligação entre as duas anunciações e os respectivos filhos. Através de sua mãe, o profeta precursor saúda e dá testemunho do Senhor presente em Maria de Nazaré. Isabel acolhe Maria “em alta voz”, como o povo acolheu a arca da presença de Deus com fortes aclamações (cf. 1Cr 15,28;2Cr 5,13-14). Davi exclama: “Como poderá vir a mim a arca do Senhor”? (2 Sm 6,9); mas depois acolherá a arca com alegria e danças. Isabel interpreta o agitar-se da nova vida que leva no seio como um anúncio profético da alegria por aquele que devia ser consagrado pelo Espírito desde o seio materno (cf. Jr 1,5;Is 49,1;Lc 1,15). Maria é agora a arca que traz a presença salvífica do Senhor ao meio de seu povo. Porque ao saudar a sua prima, Isabel ficou cheia do Espírito Santo quando Maria a visitou! Assim sendo, a Mãe de Jesus nos ensina que quando levamos Jesus para as pessoas, elas também ficam cheias do Espírito, por isso, se alegram com a nossa chegada. Às vezes até podemos achar que somos imprescindíveis e muito importantes para o irmão, todavia, devemos ter consciência de que somos meros canais da graça do Senhor. O Espírito Santo é quem realiza a obra do Senhor no nosso coração e é quem nos faz sair de nós mesmos e ir à busca dos que estão necessitados. Sem mesmo percebermos nós somos instrumentos de Deus na vida dos nossos irmãos para que se cumpram os Seus desígnios e os Seus planos se realizem. Basta que nos ponhamos atentos e disponíveis, o Senhor nos usa para levarmos consolo, abrigo, alegria e solidariedade.
De fato, Ela é saudada por Isabel como a mais bendita entre as mulheres porque o menino que nela está é o Senhor (cf Jt 13,18). Enfim Isabel proclama a bem-aventurança de Maria, que dá um significado profundo à sua maternidade: Maria é aquela que acreditou na eficácia da Palavra de Deus. Nenhuma maternidade da história pode ser comparada com a de Maria.
Ela soube distinguir isto e não perdeu tempo, pôs-se a caminho das montanhas esquecendo a glória de ser mãe de Deus se fez serva, auxiliadora, anunciadora e canal da graça do Espírito Santo. Assim, ela foi a primeira a levar a alegria de Jesus ao mundo! Maria mesma se auto afirmou ser bem-aventurada, feliz, cheia de graças! Somos também bem aventurados se acreditamos nas promessas do Senhor. O Espírito Santo é quem nos ensina a louvar a Deus e a manifestar gratidão pelos Seus grandes feitos na nossa vida, por isso, também somos felizes. Assim como visitou Isabel, transmitindo a ela e a João Batista, o poder do Espírito, Maria hoje, também nos visita e traz para nós o Seu Menino Jesus, cheio do Espírito Santo que nos ensina a cantar, a louvar, a bendizer a Deus com os nossos lábios.
O Magnificat é o seu cântico de agradecimento, o louvor que Ela dirige para Deus, que fez tudo, ao passo que Ela deixou fazer. E Ela profetiza: “Doravante todas as gerações chamar-me-ão bem-aventurada”. Profecia que vem se cumprindo na Igreja de Cristo Jesus, o Senhor.
Você também se considera bem aventurado (a)? Você se sente comprometido (a) com Deus? – Você tem usado o Espírito Santo que mora em você para ir à busca daqueles que precisam ser amados e ajudados?- Imagine-se como Maria visitando hoje alguém que você sabe que está precisando de amor! Reze com Maria, hoje: “Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus meu Salvador, porque olhou para a sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo!”
Pai, conduze-me pelos caminhos de Maria, tua fiel servidora, cuja vida se consumou, sendo exaltada por ti. Que, como Maria, eu saiba me preparar para a comunhão plena contigo.





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segunda-feira, 30 de maio de 2011

O PUDOR.

O sentido do pudor

Se o corpo é expressão da alma, a educação do corpo levará a apresentá-lo como manifestação adequada do ser espiritual da pessoa. A intimidade pessoal tem também um reflexo na intimidade corporal. (…) O pudor é o aspecto da educação que nos leva a apresentar-nos, sempre como pessoas com alma e corpo. É a defesa do aspecto pessoal do corpo, é evitar que apareça como simples objeto sexual. Uma vez que essa experiência do corpo como simples objeto apetitoso está dentro das possibilidades normais de qualquer pessoa, quando nos apresentamos junto dos outros procuramos evitar-lhes que caiam numa consideração meramente animal do nosso próprio corpo. E assim evitamos ser considerados como animais. Porque o nosso corpo é parte da nossa pessoa. O pudor consiste em apresentar o caráter pessoal do corpo. O impudor consiste em apresentar-se como objeto sexual, em destacar o estritamente sexual, de maneira que chame a atenção do outro de maneira imediata.

As leis do pudor

Para saber o que é o pudor e o impudor no homem e na mulher, cada um deles deve ter em conta a diferença natural de percepção do outro. Já referimos que o homem reage naturalmente, de modo automático, perante os valores meramente carnais do sexo feminino, enquanto que a mulher não sente habitualmente essa mesma atração imediata perante o corpo do homem.
Por outro lado, o que é pudico ou impudico depende da situação em que nos encontramos e da função que tem que cumprir o vestuário. Não é o mesmo estar a tomar banho que estar numa festa. O que é perfeitamente apresentável como fato de banho, é totalmente inadequado como fato de festa. Aparecer numa festa de sociedade em fato de banho, é apresentar-se de modo impudico, destacar o estritamente sexual. E assim o sentirão todos os presentes.

O pudor não se pode reduzir, portanto, a centímetros de roupa. Depende de um conjunto de fatores que influem na percepção que os outros têm de nós. Depende das diversas situações e da função do vestuário e depende também dos costumes no modo de vestir. Se, numa sociedade em que todas as mulheres andassem com as saias até ao tornozelo, uma se apresentasse com a saia a meio da perna, chamaria a atenção. E a atenção recairia sobre aspectos significativamente sexuais.

Por outro lado, as mesmas mulheres que andavam com as saias até ao tornozelo, quando chegava a hora de ir trabalhar para a horta, não tinham nenhuma dúvida em recolher as saias, pois a situação assim o exigia, para não estragar a pouca roupa que tinham. E ninguém considerava que aquilo fosse impudico. Se todas as mulheres andam com a saia a meia perna, isso não chamará a atenção, nem provocará uma consideração basicamente sexual do corpo. Mas nem tudo é uma questão de costume. Há certas leis características da percepção que reclamam a atenção sobre um ou outro aspecto do corpo. Determinados tipos de decotes ou mini-saias, roupas cingidas, etc., não podem deixar de chamar a atenção sobre os aspectos provocativamente sexuais do corpo feminino. E não é questão de mais ou menos roupa. Pode ter mais roupa e menos pudor. Podemos ver isso, nalguns casos, na nossa sociedade.

Isto é também o caso de certas tribos sem cultura nem técnica, que habitam em zonas húmidas e quentes. As circunstâncias de ambiente e a sua falta de técnica tornam impossível a roupa adequada, pelo que andam quase nus. O pudor costuma expressarse dissimulando o estritamente sexual, mediante uma simples faixa. Mas quando uma mulher quer chamar a atenção do homem, o que faz é precisamente cobrir o peito. As leis da percepção fazem que isso chame mais a atenção, uma vez que nunca anda coberta. E o que não se vê, mas se imagina, é mais provocativo que o que se vê normalmente, porque as circunstâncias fazem que esse modo elementar de vestir seja o único possível e, portanto, que seja pudico. Nessas circunstâncias, a percepção do conjunto da sociedade está habituada a expressar o pudor e o impudor sempre da mesma maneira.

Uma percepção deste género seria impossível num lugar como o nosso, no qual o clima exige cobrir-se em determinadas épocas. O simples facto de andar vestido em certas alturas altera totalmente a percepção da intimidade corporal. Se estamos habituados a ver-nos vestidos, a nudez tem um significado totalmente diferente, destaca uma “disponibilidade” sexual que não se apresenta na percepção de quem por necessidade anda habitualmente nu. Há aqui uma legalidade natural que nenhuma vontade pode alterar, nem sequer pelo desejo de uma pretendida naturalidade. O natural para o homem depende da sua formação cultural, pois essa formação altera a sua constituição neuronal e estabelece modos naturais de percepção, dificilmente alteráveis. O fenómeno contemporâneo da perda do pudor e do nudismo é algo totalmente diferente da nudez habitual e constante dos “bons selvagens”.

A intimidade corporal e a entrega

Uma vez que as condições ambientais, técnicas, culturais, estabelecem as leis próprias do pudor, define-se espontaneamente a fronteira entre o pudico e o impudico. E estabelece-se o limite natural da intimidade pessoal. O vestuário tem a função de personalizar o corpo, de expressar a própria personalidade. Por isso tem a função de estabelecer o grau de relação com uma determinada pessoa. Quando as leis do pudor estabeleceram o que define a intimidade corporal, estabelece-se uma união entre a intimidade pessoal e a intimidade corporal. As duas caminham a par, porque a pessoa é ao mesmo tempo corpo e espírito. Quando se entrega o corpo, entrega-se a própria pessoa. E quando se abre a intimidade corporal, abre-se a intimidade pessoal. Separar esses dois factores produz uma ruptura interior da pessoa. Como a pessoa é indissociavelmente corporal, para criar um espaço de intimidade espiritual, de riqueza interior pessoal, tem de se criar um espaço de intimidade corporal. Todos os torturadores sabem que a nudez corporal é um modo muito eficaz de rebaixar e destruir a dignidade e a resistência interna das pessoas. Quando uma pessoa não defende a sua própria intimidade corporal, isso significa que não tem uma intimidade pessoal a salvar.

A prostituição destrói o mais íntimo das pessoas, por isso provoca tanta pena ou tanta repugnância. Quem entrega o corpo sem entregar a alma, prostitui-se. Quem entrega a intimidade corporal sem entregar a intimidade pessoal, prostitui-se.

Por isso, a nudez, a abertura da intimidade corporal, deve estar sempre ligada à entrega mútua e total da própria pessoa, que se realiza no matrimónio. A nudez é sinal de abandono e entrega plena, por isso tem de haver uma entrega mútua e para sempre; doutra forma, haveria prostituição por parte de um ou de outro. Se a nudez não é expressão de uma entrega pessoal, então é porque essa pessoa se está apresentando perante os outros como simples objecto, com o seu inevitável valor sexual em primeiro plano.



por
Mikel Gotzon Santamaría Garai, in Saber Amar com o Corpo,
site:educacao.aaldeia.net

SE DEUS É BOM, POR QUE ...?

No dia 21 de abril, sexta-feira santa, a emissora de televisão italiana ‘RaiUno’ convidou o Papa Bento XVI a participar do programa “À sua imagem”, respondendo a perguntas feitas por telespectadores de vários países. A entrevista durou uma hora e meia, e a maior parte do tempo foi dedicada ao sofrimento humano: quatro das sete questões se referiram explicitamente a ele.
A primeira foi dirigida por uma menina japonesa de sete anos que, diante do terror sofrido por seu país ante os terremotos e tsunamis, perguntou ao Papa: «Tenho muito medo, porque a casa onde eu me sentia segura, desabou. Muitas crianças da minha idade morreram. Por que as crianças precisam passar por tamanha tristeza?».

Bento XVI reconheceu que «não temos respostas, mas sabemos que Jesus sofreu com vocês. Nestes momentos, é importante lembrar que Deus nos ama, ainda que pareça que se esqueça de nós». Recordando a solidariedade e a ajuda manifestadas por pessoas do mundo inteiro, acrescentou: «Um dia, eu compreenderei que esse sofrimento não é vazio, não é inútil, mas, pelo contrário, atrás dele, há sempre um projeto de amor. Nada acontece por acaso».

A segunda pergunta foi formulada por uma mulher italiana, cujo filho está em estado vegetativo há um ano: «Santidade, a alma do meu filho abandonou o seu corpo – visto que ele está totalmente inconsciente – ou ainda continua nele?». Bento XVI respondeu com uma comparação: «A situação é semelhante à de um violão que, por ter as cordas rompidas, não pode ser tocado. Da mesma forma, por assim dizer, o instrumento do corpo é frágil e vulnerável, e a alma não pode tocar, mas fica sempre presente».

Um grupo de jovens de Bagdá interpelou o Papa sobre a perseguição dos cristãos no Iraque: «Como podemos ajudar a nossa comunidade cristã a reconsiderar a vontade de ir para outros países e convencê-la de que emigrar não é a única solução?». Renovando seu apoio aos cristãos e muçulmanos do país, o Santo Padre afirmou que a raiz do problema é «uma sociedade em profundo estado de dilaceração. É preciso reconstruir a consciência de que, na diversidade, todos têm uma história e um projeto comum».

A quarta pergunta veio da Costa do Marfim. Foi feita por uma mulher muçulmana, que se referiu à complicada situação política de seu país, dividido entre cristãos e muçulmanos: «Como embaixador de Jesus, o que o Sr. aconselharia ao nosso país?». O Papa recordou a necessidade de orar pela população e lembrou algumas ações concretas da Santa Sé: «Pedi ao cardeal Tuckson, Presidente do Conselho Justiça e Paz, que vá à Costa do Marfim e tente mediar com os diferentes grupos, para facilitar um novo começo. O caminho é renunciar à violência e reiniciar o diálogo para juntos encontrar a paz, através de uma nova atenção recíproca, de uma nova disposição a se abrir uns aos outros».

No mesmo dia, Frei Rainiero Catalamessa, pregador pontifício, assim se referiu à resposta do Sumo Pontífice à menina japonesa: «Terremotos, furacões e outros desastres que atingem inocentes e culpados não são castigo de Deus. Eles nos lembram que não são suficientes a ciência e a técnica para nos salvar. Se não nos impusermos limites, nós mesmos nos tornamos – e é o que está acontecendo hoje – a ameaça mais grave. Mas os terremotos podem ser benéficos, como aconteceu na ressurreição de Jesus: “Eis que houve um violento tremor de terra: um anjo do Senhor desceu do céu, rolou a pedra e sentou-se sobre ela” (Mt 28, 2). É sempre assim: a cada terremoto de morte sucede um terremoto de ressurreição e de vida!».

Pelo menos uma vez preciso dar razão a Nietzsche e citar uma sua sentença lapidar: «Quem tem “por que” viver, suporta quase qualquer “como”». É a maneira como nos posicionamos diante do sofrimento que divide os seres humanos em “vitoriosos” ou “perdedores”. É também a conclusão a que chega Viktor Frankl, em seu livro “Em busca de sentido”, depois de passar três anos num campo de extermínio nazista: «Conhecemos o ser humano como, talvez, nenhuma geração humana antes de nós. O que é, então, um ser humano? É o ser que sempre decide o que ele é. É o ser que inventou as câmaras de gás; mas é também aquele ser que entrou nas câmaras de gás, ereto, com uma oração nos lábios».


Por: Dom Redovino Rizzardo


DEUS RESPEITA A LIBERDADE HUMANA.

O que ocorreu um dia lá no Calvário com Gestas e Dimas mostra como Deus respeita a liberdade humana que pode ou não corresponder às graças celestiais. Debochado, Gestas lançou ao ar a grande blasfêmia que era um desafio, um repto, uma afronta a mais: “Não és tu o Messias? Salva-te a ti mesmo e a nós” (Lc 23,39). Jesus não respondeu ao atrevimento e deu, deste modo, uma lição ao petulante. Dimas, porém, analisou a situação e foi firmando sua nova visão do mundo e dos homens. Envolveu-se numa nova mundividência. Gestas queria um milagre, mas este em nada lhe adiantaria. Ele queria se libertar para continuar sua vida de crimes hediondos.

Deus exige sempre sinceridade, honestidade, pois Ele “não despreza nunca o coração contrito e humilhado” (Sl 50,19). Não era este o caso daquele que entraria nas crônicas como o Mau Ladrão. Consciência insensibilizada, ele havia transposto as próprias fronteiras e passara para o outro lado da vida donde torno retorno é impossível. Tudo junto de Cristo pode ser perdoado, exceto a recusa do perdão, pois Deus não pode passar recibo à máxima intransigência humana, mesmo porque Ele se propõe, mas nunca se impõe. Realizou-se no Calvário o que Simeão havia profetizado com relação a Cristo, a saber, que Ele “foi colocado para a queda e o soerguimento de muitos em Israel, e como um sinal de contradição” (Lc 2,34).

O que muitos se esquecem, além disto, é que o próprio Jesus falou que um dia haverá aqueles que irão para o fogo eterno (Mt 25,41), recebendo inapelável sentença de condenação, Série de infelizes que repetiriam o gesto indesejável de Gestas e entre ser trigo, preferiram ser joio, optando livremente não pela Jerusalém celeste, mas pela cidade de Satã e seus sequazes. Dimas tomou então a palavra e repreendeu a Gestas, outra chance que lhe é dada para cair em si e se arrepender: “Nem sequer temes a Deus, estando na mesma condenação? Quanto a nós é de justiça; estamos pagando por nossos atos; mas ele não fez nenhum mal” (Lc 23,40-41). Voltando-se para Jesus, num gesto sublime, numa das mais comovedoras atitudes que o mundo veria, com imensa humildade, mas com muito amor no coração, ele dirigiu a Cristo estas palavras salvíficas: “Jesus, lembra-te de mim, quando vieres com teu reino” (Lc 23,42).

O agravo de Gestas ficara sem resposta. Aquelas palavras, porém, de Dimas tão espontâneas e repletas de sinceridade enterneceram a Jesus e lhe forçam a adicionar um codicilo a seu testamento: “Em verdade, eu te digo, hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 43). Enorme a felicidade de Dimas que num instante de pulcra inspiração, de sublime correspondência à graça, conquistou o coração do divino Mártir e arrebatou o céu! Eis aí os procedimentos de Deus, quando contempla a lealdade, a franqueza no ser humano. Os homens são sempre tardos, relapsos em se fazerem atendidos. Quão longos, morosos os processos da justiça! Quão complexos os sistemas da burocracia! Quão lentamente se movem as reivindicações, muitas vezes ou quase sempre, inadiáveis, decisivas, isto trazendo conseqüências desastrosas e de imprevisíveis desgraças. Cristo esperava, parece, aquele simples apelo e à primeira súplica do Bom Ladrão a resposta é imediata e ele promete a salvação eterna àquele desventurado: “Hoje estarás comigo no paraíso”! Gestas e Dimas estavam ao lado do Redentor da humanidade, mas um desprezou a oportunidade de se redimir, o outro recebeu com amor as luzes divinas e salvou! O ser racional é livre para aceitar a Jesus como Dimas ou recusá-lo como Gestas.

 A palavra de Deus nas Escrituras esclarece, os sinais feitos por Cristo indicam sua divindade. Entretanto, nem a poderosa palavra divina, nem os milagres feitos por Jesus podem tolher a liberdade humana. Deus quer uma adesão pessoal, consciente de cada um. É por isto que é tão beatificante a entrega a Ele pela fé e aí está o valor da virtude, pois é um ser dotado de inteligência que se volta para o seu Senhor. Aí a fonte de todo o mérito. Há, porém, um grande obstáculo ao poder da graça, por assim dizer maior do que a palavra do Todo-Poderoso e do que tudo que está no Evangelho que é o endurecimento do coração. Este impede definitivamente que Cristo possa repetir: “Hoje estarás comigo no Paraíso”. Bem-aventurados, entretanto, aqueles que se deixam iluminar pelas inspirações celestes e se imergem na beleza das mensagens de Jesus, na grandiosidade de seus prodígios, pois este, sim, escutará um dia estas dulcíssimas palavras: “Hoje estarás comigo no Paraíso”. Suprema desgraça de uns, excelsa ventura de outros! Eis porque se deve sempre pedir a Deus que ilumine nosso espírito e fortifique nossa vontade, ilustre nossa consciência e nos submeta ao império de sua graça. Solicitar sempre que Ele remova os óbices que nos separam dele, dissipando nossas ilusões.
Cumpre estar atentos para não se deixasr levar pelas surpresas com que o mundo assalta cada um e, deste modo, estar apto para jamais dizer um não à passagem do Mestre divino na vida de cada um. Então, sim, no final da vida se poderá ouvir venturosamente o mesmo que Dimas escutou um dia lá no Gólgota: “Hoje estarás comigo no Paraíso. Nosso deve ser o desejo do grande sábio Copérnico em cuja lousa sepulcral brilham desde 1543 estas palavras: “Dai-me, Senhor não a graça de Paulo, não o perdão de Pedro, senão a misericórdia que na cruz tivestes com o Bom Ladrão”. Esta misericórdia nos fará ouvir: “Hoje estarás comigo no Paraíso”. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.




 
Fonte: Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Local:Mariana (MG)


JMV - MENSAGENS DO PAPA ATRAVÉS DO CELULAR.

Os organizadores da Jornada Mundial da Juventude Madri 2011 (JMJ), expressaram sua “esperança de poder fazer chegar um SMS do Papa Beto XVI a todos os jovens participantes na JMJ todos os dias entre 16 e 21 de agosto”. Destacaram que para receber a mensagem, os jovens deverão preencher um formulário que está no site do evento.

Os organizadores afirmaram que na atualidade mais de 250 mil jovens seguem a organização da JMJ através das redes sociais, por isso exortaram os responsáveis de grupos que chegarão à capital espanhola, a enviar “duas mensagens a todos os jovens que estejam inscritos em seus grupos”.
 
“Faltam só 82 dias para a JMJ 2011 Madri! Temos muita vontade de receber todos aqui em Madri!”, afirmaram. (SP)



O formulário de inscrição para receber os SMS do Papa está em: http://www.madrid11.com



Fonte: Rádio Vaticano
Local:Madri,

LITURGIA DIÁRIA - O ESPÍRITO DA VERDADE.

Primeira Leitura: Atos dos Apóstolos 16, 11-15

VI SEMANA DA PÁSCOA
(branco - ofício do dia)

Leitura dos Atos dos Apóstolos - 11Embarcados em Trôade, fomos diretamente à Samotrácia e no outro dia a Neápolis; 12e dali a Filipos, que é a cidade principal daquele distrito da Macedônia, uma colônia (romana). Nesta cidade nos detivemos por alguns dias. 13No sábado, saímos fora da porta para junto do rio, onde pensávamos haver lugar de oração. Aí nos assentamos e falávamos às mulheres que se haviam reunido. 14Uma mulher, chamada Lídia, da cidade dos tiatirenos, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos escutava. O Senhor abriu-lhe o coração, para atender às coisas que Paulo dizia. 15Foi batizada juntamente com a sua família e fez-nos este pedido: Se julgais que tenho fé no Senhor, entrai em minha casa e ficai comigo. E obrigou-nos a isso. - Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial(149)

REFRÃO: O Senhor ama seu povo de verdade.
1. Cantai ao Senhor Deus um canto novo, e o seu louvor na assembleia dos fiéis! Alegre-se Israel em quem o fez, e Sião se rejubile no seu Rei!
2. Com danças glorifiquem o seu nome, toquem harpa e tambor em sua honra! Porque, de fato, o Senhor ama seu povo e coroa com vitória aos seus humildes.
3. Exultem os fiéis por sua glória, e cantando se levantem de seus leitos, com louvores do Senhor em sua boca, eis a glória para todos os seus santos.


Evangelho: João 15, 26; 16, 4

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João - Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos 26Quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim. 4Disse-vos, porém, essas palavras para que, quando chegar a hora, vos lembreis de que vo-lo anunciei. E não vo-las disse desde o princípio, porque estava convosco. - Palavra da salvação.
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Homilia - Pe Bantu

Diante de tanto ódio dos grandes deste mundo que felizmente é passageiro, os cristãos estão convidados a não desanimar. Pois eles não estão sós. Jesus permanece com eles de uma maneira invisível enviando-lhes o Espírito da Verdade.
Uma das funções do Espírito da Verdade é a de dar testemunho de Jesus. Sua ação em favor dos discípulos consiste em convencê-los da veracidade da pessoa e dos ensinamentos do Mestre. O conteúdo do seu testemunho será o próprio Jesus.
Tal testemunho faz-se perceptível na própria ação dos discípulos. Pelo fato de o Espírito manter sempre viva no coração deles a imagem de Jesus, estão em condições de mostrar a todos a verdade do Filho de Deus, que veio armar sua tenda no meio da humanidade carente de salvação.
A ação do Espírito da Verdade predispõe os discípulos a enfrentar a perversidade do mundo, sem se intimidarem.
Afinal, a missão deles consistirá em levar a luz de Cristo para quem caminha nas trevas do erro e da mentira. Move-os a esperança de que a humanidade marcada pelo pecado acolha a palavra de Jesus para ser salva.
O testemunho do Espírito supõe do discípulo total discernimento e docilidade para acolhê-lo, pois ele o recebe em meio a hostilidades que, muitas vezes, o impedem de captar com clareza a moção do bom Espírito. Por outro lado, o mau espírito, encarnado nos adversários, busca inculcar-lhe dúvidas a respeito da pessoa de Jesus, e da credibilidade de suas palavras.
Só com muito discernimento e disposição para deixar-se guiar pelo Espírito, é possível manter-se fiel a Jesus. Peça comigo a Deus a graça e a força do Espírito Santo, para que doce saibas acolhe-lo e possas enfrentar a perversidade do mundo sem medo de nada e de mingúem. Que ela seja o teu auxílio, e defensor em todas as circunstâncias.
Espírito Santo enche o meu ser, fortalece a minha pouca fé no Filho de Deus, feito homem para me salvar.



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domingo, 29 de maio de 2011

6º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO A - O ESPÍRITO SANTO DE DEUS.

A liturgia do 6º Domingo da Páscoa convida-nos a descobrir a presença – discreta, mas eficaz e tranquilizadora – de Deus na caminhada histórica da Igreja. A promessa de Jesus – "não vos deixarei órfãos" – pode ser uma boa síntese do tema.
O Evangelho apresenta-nos parte do "testamento" de Jesus, na ceia de despedida, em Quinta-feira Santa. Aos discípulos, inquietos e assustados, Jesus promete o "Paráclito": Ele conduzirá a comunidade cristã em direção à verdade; e levá-la-á a uma comunhão cada vez mais íntima com Jesus e com o Pai. Dessa forma, a comunidade será a "morada de Deus" no mundo e dará testemunho da salvação que Deus quer oferecer aos homens.
A primeira leitura mostra exatamente a comunidade cristã a dar testemunho da Boa Nova de Jesus e a ser uma presença libertadora e salvadora na vida dos homens. Avisa, no entanto, que o Espírito só se manifestará e só actuará quando a comunidade aceitar viver a sua fé integrada numa família universal de irmãos, reunidos à volta do Pai e de Jesus.
A segunda leitura exorta os crentes – confrontados com a hostilidade do mundo – a terem confiança, a darem um testemunho sereno da sua fé, a mostrarem o seu amor a todos os homens, mesmo aos perseguidores. Cristo, que fez da sua vida um dom de amor a todos, deve ser o modelo que os cristãos têm sempre diante dos olhos.

1ª leitura – Atos 8,5-8.14-17 - AMBIENTE

Durante os primeiros anos, o cristianismo praticamente não saiu de Jerusalém: os primeiros sete capítulos do livro dos Atos dos Apóstolos apresentam-nos a Igreja de Jerusalém e o testemunho dado pelos primeiros cristãos no espaço restrito da cidade.
Por volta do ano 35, no entanto, desencadeou-se uma perseguição contra os membros da comunidade cristã de Jerusalém. Pode supor-se, com grande probabilidade, que esta perseguição (desencadeada após a morte de Estevão) não afetou de igual forma todos os membros da comunidade (os apóstolos continuam em Jerusalém), mas dirigiu-se, de forma especial, contra os judeo-helenistas do círculo de Estevão (os cristãos "hebreus", que mantêm uma fidelidade relativa à Lei e ao judaísmo, ficam – até nova ordem – ao abrigo da perseguição). Estes, contudo, não se conformaram com uma morte inútil: deixaram Jerusalém e espalharam-se pelas outras regiões da Palestina. Tratou-se de um facto providencial (porque não ver nele a ação do Espírito?), que permitiu a difusão do Evangelho pelas outras regiões palestinas.
A primeira leitura deste domingo fala-nos de Filipe – um dos sete diáconos, do mesmo grupo do mártir Estevão (cf. At 6,1-7) – que, deixando Jerusalém foi anunciar o Evangelho aos habitantes da região central da Palestina, a Samaria.
É curioso que a difusão do Evangelho fora de Jerusalém ocorra, precisamente, na Samaria. A Samaria era, para os judeus, uma terra praticamente pagã. Os judeus desprezavam os samaritanos por serem uma mistura de sangue israelita com estrangeiros e consideravam-nos hereges em relação à pureza da fé jahwista. O anúncio do Evangelho aos samaritanos mostra que a Igreja não tem fronteiras e anuncia o passo seguinte: a evangelização do mundo pagão.

MENSAGEM
O nosso texto divide-se em duas partes.
Na primeira parte (vers. 5-8), temos um sumário que resume a atividade missionária de Filipe entre os samaritanos. Filipe pregava "o Messias" – isto é, apresentava aos samaritanos Jesus Cristo e a sua proposta de salvação e de libertação. Diante da interpelação que o Evangelho constituía, os samaritanos "aderiam unanimemente às palavras de Filipe". Dessa adesão, nascia a comunidade do "Reino", isto é, começava a aparecer uma comunidade de homens livres, iluminados pela luz libertadora de Jesus, e que possuíam a vida nova de Deus (Lucas descreve esta realidade nova de homens livres e cheios de vida nova, dizendo que os espíritos impuros abandonavam os possessos e que os coxos e paralíticos eram curados). Desta nova realidade brotava uma profunda alegria: a alegria é um dos traços característicos que, na obra de Lucas, acompanha a erupção da comunidade do "Messias".
Na segunda parte (vs. 14-17), Lucas refere a chegada à Samaria dos apóstolos Pedro e João. Quando a comunidade cristã de Jerusalém soube que a Samaria tinha já acolhido a mensagem de Jesus, despachou para lá Pedro e João em visita de inspeção. Lucas não diz qual a reação de Pedro e João ao constatarem o avanço do Evangelho; apenas refere que os samaritanos, apesar de batizados, ainda não tinham recebido o Espírito Santo. Que significa isto? Provavelmente, significa que a adesão dos samaritanos ao Evangelho era superficial (talvez mais motivada pelos gestos espetaculares que acompanhavam a pregação de Filipe, do que por uma convicção bem fundada) e que não havia ainda, entre eles, uma verdadeira consciência de pertencer a essa grande família de Jesus que é a Igreja universal. Logo que chegaram – refere Lucas – Pedro e João impuseram as mãos aos samaritanos, a fim de que também eles recebessem o Espírito. O Espírito aparece, aqui, como o selo que comprova a pertença dos samaritanos – depois de unidos à Igreja universal e em comunhão com ela – à Igreja de Jesus Cristo.
A mensagem é a seguinte: para que uma comunidade se constitua como Igreja, não basta uma aceitação superficial da Palavra, nem manifestações humanas (por muito impressionantes que sejam). Ao mesmo tempo, é preciso que qualquer comunidade cristã tenha consciência de que não é uma célula autónoma, mas que é convidada a viver a sua fé integrada na Igreja universal, em comunhão com a Igreja universal. Toda a comunidade que quer fazer parte da família de Jesus deve, portanto, acolher a autoridade e buscar o reconhecimento dos pastores da Igreja universal. Só então se manifestará nela o Espírito, a vida de Deus.

ATUALIZAÇÃO
• Uma comunidade cristã é uma comunidade onde se manifesta a comunhão com Jesus e a comunhão com todos os outros irmãos que partilham a mesma fé. É na comunhão com os irmãos, é no amor partilhado, é na consciência de que fazemos parte de uma imensa família que caminha animada pela mesma fé, que se manifesta a vida do Espírito. Cada crente precisa de desenvolver a consciência de que não é um caso isolado, independente, autônomo: afirmações como "eu cá tenho a minha fé" não fazem sentido, se traduzem a vontade de percorrer um caminho à margem da comunidade, sem aceitar confrontar-se com os irmãos… Cada comunidade precisa de desenvolver a consciência de que não é um grupo autônomo e sem ligações, mas uma parcela de uma Igreja universal, chamada a viver na comunhão, na partilha, na solidariedade com todos irmãos que, em qualquer canto do mundo, partilham a mesma fé.
• Constitui, para nós, um tremendo desafio a ação evangelizadora de Filipe… Apesar dos riscos corridos em Jerusalém, Filipe não desistiu, não sentiu que já tinha feito o possível, não se acomodou; mas simplesmente partiu para outras paragens a dar testemunho de Jesus. É o mesmo entusiasmo que nos anima, quando temos de dar testemunho do Evangelho de Jesus?
• O nosso texto deixa claro, ainda, que "Deus escreve direito por linhas tortas": de uma situação má (perseguição aos crentes), nasce a possibilidade de levar a Boa Nova da libertação a outras comunidades. Às vezes, Deus tem que usar métodos drásticos para nos obrigar a sair do nosso cantinho cômodo e levar-nos ao compromisso. Muitas vezes, os aparentes dramas da nossa vida fazem parte dos projetos de Deus. É necessário aprender a olhar para os acontecimentos da vida com os olhos da fé e aprender a confiar nesse Deus que, do mal, tira o bem.

2ª leitura – 1 Pedro 3,15-18 - AMBIENTE
A primeira carta de Pedro tem-nos acompanhado nos últimos domingos… Por isso, já sabemos que se trata de um texto exortativo, enviado às comunidades cristãs estabelecidas em certas zonas rurais da Ásia Menor. Os cristãos que compõem essas comunidades pertencem majoritariamente às classes menos favorecidas. Apresentam, portanto, um quadro de fragilidade, que os torna bastante vulneráveis às perseguições que se aproximam.
O objetivo do autor é animar esses cristãos e exortá-los à fidelidade aos compromissos que assumiram com Cristo, no dia do seu batismo. Para isso, o autor lembra-lhes o exemplo de Cristo, que percorreu um caminho de cruz, antes de chegar à ressurreição.
MENSAGEM
O nosso texto, sempre em tom exortativo, mostra qual deve ser a atitude dos crentes, confrontados com a hostilidade do mundo. Como é que os cristãos devem reagir, diante das provocações e das injustiças?
Os cristãos devem, antes de mais, reconhecer nos seus corações a "santidade" de Cristo, que é "o Senhor" (o "Kyrios" – isto é, o próprio Deus, Senhor do mundo e da história). Desse reconhecimento da santidade e da soberania absoluta de Cristo, brota a confiança e a esperança; e, dessa forma, os crentes nada temerão e poderão enfrentar a injustiça e a perseguição (v. 15a).
Os cristãos devem, também, estar sempre dispostos a apresentar as razões da sua fé e da sua esperança – isto é, a dar testemunho daquilo em que acreditam (v. 15b). No entanto, devem fazê-lo sem agressividade, com delicadeza, com modéstia, com respeito, com boa consciência, mostrando o seu amor por todos, mesmo pelos seus perseguidores. Dessa forma, os perseguidores ficarão desarmados e sem argumentos; e todos perceberão mais facilmente de que lado está a verdade e a justiça (v. 16).
Os cristãos devem, ainda, em qualquer circunstância – mesmo diante do ódio e da hostilidade dos perseguidores – preferir fazer o bem do que fazer o mal (v. 17).
O autor da carta remata a sua exortação, apresentando aos crentes a razão fundamental pela qual os crentes devem agir desta forma tão "ilógica": o próprio "Cristo morreu uma só vez pelos nossos pecados – o justo pelos injustos – para nos conduzir a Deus" (v. 18a). Ora, se Cristo propiciou, mesmo aos injustos, a salvação, também os cristãos devem dar a vida e fazer o bem, mesmo quando são perseguidos e sofrem.
Aliás, esse caminho de dom da vida não é um caminho de fracasso e de morte: Cristo, que morreu pelos injustos, voltou à vida pelo Espírito; por isso, os cristãos que fizerem da vida um dom – como Cristo – também ressuscitarão.

ATUALIZAÇÃO
• Mais uma vez (tem sido um tema que tem aparecido, volta não volta, na liturgia deste tempo pascal), põe-se-nos o problema do sentido de uma vida feita dom e entrega aos outros, até à morte (sobretudo se esses "outros" são os nossos perseguidores e detratores). É possível "dar o braço a torcer" e triunfar? O amor e o dom da vida não serão esquemas de fragilidade, que não conduzem senão ao fracasso? Esta história de o amor ser o caminho para a felicidade e para a vida plena não será uma desculpa dos fracos? Não – responde a Palavra de Deus que nos é proposta. Reparemos no exemplo de Cristo: Ele deu a vida pelos pecadores e pelos injustos e encontrou, no final do caminho, a ressurreição, a vida plena.
• Diante das dificuldades, das propostas contrárias aos valores cristãos, é em Cristo – o Senhor da vida, do mundo e da história – que colocamos a nossa confiança e a nossa esperança? Ou é noutros esquemas mais materiais, mais imediatos, mais lógicos, do ponto de vista humano?
• Diante dos ataques – às vezes incoerentes e irracionais – daqueles que não concordam com os valores de Jesus, como nos comportamos? Com a mesma agressividade com que nos tratam? Com a mesma intolerância dos nossos adversários? Tratando-os com a lógica do "olho por olho, dente por dente"? Como é que Jesus tratou aqueles que o condenaram e mataram?

Evangelho – João 14,15-21 - AMBIENTE
Continuamos no mesmo contexto em que nos colocava o Evangelho do passado domingo. A decisão de matar Jesus já está tomada pelas autoridades judaicas e Jesus sabe-o. A morte na cruz é mais do que uma probabilidade: é o cenário imediato.
Nessa noite de quinta-feira do ano trinta, na véspera da sua morte na cruz, Jesus reuniu-Se com os seus discípulos numa "ceia". No decurso da "ceia", Jesus despediu-Se dos discípulos e fez-lhes as últimas recomendações. As palavras de Jesus soam a "testamento final": Ele sabe que vai partir para o Pai e que os discípulos vão continuar no mundo. Jesus fala-lhes, então, do caminho que percorreu (e que ainda tem de percorrer, até à consumação da sua missão e até chegar ao Pai); e convida os discípulos a seguir o mesmo caminho de entrega a Deus e de amor radical aos irmãos. É seguindo esse "caminho" que eles se tornarão Homens Novos e que chegarão a ser "família de Deus" (cf. Jo 14,1-12).
Os discípulos, no entanto, estão inquietos e desconcertados. Será possível percorrer esse "caminho" se Jesus não caminhar ao lado deles? Como é que eles manterão a comunhão com Jesus e como receberão d'Ele a força para doar, dia a dia, a própria vida?

MENSAGEM
No entanto, Jesus garante aos discípulos que não os deixará sós no mundo. Ele vai para o Pai; mas vai encontrar forma de continuar presente e de acompanhar, a par e passo, a caminhada dos seus discípulos.
É preciso, no entanto, que os discípulos continuem a seguir Jesus, a manifestar a sua adesão a Ele, a amá-l'O (o amor será o culminar dessa caminhada de adesão e de seguimento). A consequência desse amor é o cumprir os mandamentos que Jesus deixou. Nesse caso, os mandamentos deixam de ser normas externas que é preciso cumprir, para se tornarem a expressão clara do amor dos discípulos e da sua sintonia com Jesus (vers. 15).
Como é que Jesus vai estar presente ao lado dos discípulos, dando-lhes a coragem para percorrer "o caminho" do amor e do dom da vida?
Jesus fala no envio do "Paráclito", que estará sempre com os discípulos (vers. 16). A palavra grega "paráklêtos", utilizada por João, pertence ao vocabulário jurídico e designa, nesse contexto, aquele que ajuda ou defende o acusado. Pode, portanto, traduzir-se como "advogado", "auxiliar", "defensor". A partir daqui, pode deduzir-se, também, quer o sentido de "consolador", quer o sentido de "intercessor". No Novo Testamento, a palavra só aparece em João, onde é usada quer para designar o Espírito (cf. Jo 14,26; 15,26; 16,7), quer o próprio Jesus (que no céu, cumpre uma missão de intercessão - cf. 1 Jo 2,1).
O "Paráclito" que Jesus vai enviar é o Espírito Santo – apresentado aqui como o "Espírito da Verdade" (v. 17). Enquanto esteve com os discípulos, Jesus ensinou-os, protegeu-os, defendeu-os; mas, a partir de agora, será o Espírito que ensinará e cuidará da comunidade de Jesus. O Espírito desempenhará, neste contexto, um duplo papel: em termos internos, conservará a memória da pessoa e dos ensinamentos de Jesus, ajudando os discípulos a interpretar esses ensinamentos à luz dos novos desafios; por outro, dará segurança aos discípulos, guiá-los-á e defendê-los-á quando eles tiverem de enfrentar a oposição e a hostilidade do mundo. Em qualquer dos casos, o Espírito conduzirá essa comunidade em marcha pela história, ao encontro da verdade, da liberdade plena, da vida definitiva.
Depois de garantir aos discípulos o envio do "Paráclito", Jesus reafirma aos discípulos que não os deixará "órfãos" no mundo. A palavra utilizada ("órfãos") é muito significativa: no Antigo Testamento, o "órfão" é o protótipo do desvalido, do desamparado, do que está totalmente à mercê dos poderosos e que é a vítima de todas as injustiças. Jesus é claro: os seus discípulos não vão ficar indefesos, pois Ele vai estar ao lado deles.
É verdade que Ele vai deixar o mundo, vai para o Pai. O "mundo" deixará de vê-l'O, pois Ele não estará fisicamente presente. No entanto, os discípulos poderão "vê-l'O" ("contemplá-l'O"): eles continuarão em comunhão de vida com Jesus e receberão o Espírito que lhes transmitirá, dia a dia, a vida de Jesus ressuscitado (vs. 18-19).
Nesse dia (o dia em que Jesus for para o Pai e os discípulos receberem o Espírito), a comunidade descobrirá – por acção do Espírito – que faz parte da família de Deus (vers. 20-21). Jesus identifica-Se com o Pai, por ter o mesmo Espírito; os discípulos identificam-se com Jesus, por acção do Espírito. A comunidade cristã está unida com o Pai, através de Jesus, numa experiência de unidade e de comunhão de vida entre Deus e o homem. Nesse dia, a comunidade será a presença de Deus no mundo: ela e cada membro dela convertem-se em morada de Deus, o espaço onde Deus vem ao encontro dos homens. Na comunidade dos discípulos e através dela, realiza-se a acção salvadora de Deus no mundo.

ATUALIZAÇÃO
• A paixão de Jesus continua a acontecer, todos os dias, na vida de cada um de nós e na vida de tantos irmãos nossos. Sentimo-nos impotentes face à guerra e ao terrorismo; não conseguimos prever e evitar as catástrofes naturais; sofremos por causa da injustiça e da opressão; vemos o mundo construir-se de acordo com critérios de egoísmo e de materialismo; não podemos evitar a doença e a morte… Acreditamos no "Reino de Deus", mas ele parece nunca mais chegar, e caminhamos, desanimados e frustrados, para um futuro que não sabemos aonde conduzirá a humanidade. No entanto, nós os crentes temos razões para ter esperança: Jesus garantiu-nos que não nos deixaria órfãos e que estaria sempre a nosso lado. Na minha leitura do mundo e da história, o que é que prevalece: o pessimismo de quem se sente só e perdido no meio de forças de morte, ou a esperança de quem está seguro de que Jesus ressuscitado continua presente, a acompanhar a caminhada da sua comunidade pela história?
• O "caminho" que Jesus propõe aos seus discípulos (o "caminho" do amor, do serviço, do dom da vida) parece, à luz dos critérios com que a maior parte dos homens do nosso tempo avaliam estas coisas, um caminho de fracasso, que não conduz nem à riqueza, nem ao poder, nem ao êxito social, nem ao bem estar material – afinal, tudo o que parece dar verdadeiro sabor à vida dos homens do nosso tempo. No entanto, Jesus garantiu-nos que era no caminho do amor e da entrega que encontraríamos a vida nova e definitiva. Na minha leitura da vida e dos seus valores, o que é que prevalece: o pessimismo de alguém que se sente fraco, indefeso, humilde e que vai passar ao lado das grandes experiências que fazem felizes os grandes do mundo, ou a esperança de alguém que se identifica com Jesus e sabe que é nesse "caminho" de amor e de dom da vida que se encontra a felicidade plena e a vida definitiva?
• Jesus garantiu aos seus discípulos o envio de um "defensor", de um "consolador", que havia de animar a comunidade cristã e conduzi-la ao longo da sua marcha pela história. Nós acreditamos, portanto, que o Espírito está presente, animando-nos, conduzindo-nos, criando vida nova, dando esperança aos crentes em caminhada. Quais são as manifestações do Espírito que eu vejo na vida das pessoas, nos acontecimentos da história, na vida da Igreja?
• A comunidade cristã, identificada com Jesus e com o Pai, animada pelo Espírito, é o "templo de Deus", o lugar onde Deus habita no meio dos homens. Através dela, o Deus libertador continua a concretizar o seu projeto de salvação. A Igreja é, hoje, o lugar onde os homens encontram Deus? Ela dá testemunho (em gestos de amor, de serviço, de humanidade, de liberdade, de compreensão, de perdão, de tolerância, de solidariedade para com os pobres) do Deus que quer oferecer aos homens a salvação? O que é que nos falta – a nós, "família de Deus" – para sermos verdadeiros sinais de Deus no meio dos homens?


P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho - www.ecclesia.pt