Lembrai-vos, Senhor, da vossa aliança e nunca esqueçais a vida dos vossos pobres. Levantai-vos, Senhor, e julgai vossa causa, e não fecheis o ouvido ao clamor dos que vos procuram (Sl 73,20.19.22s).
Reunimo-nos em torno de Jesus, pão descido do céu. Sempre solidário conosco, ele se revela como pão indispensável para a manutenção do que é essencial em nossa vida cristã. A Eucaristia tem a força de formar em nós um coração de filhos e filhas dispostos a viver no amor. Celebremos em comunhão com os vocacionados à vida em família, em especial com os pais.
A Palavra de Deus nos alimenta e sustenta na caminhada cotidiana, ajudando-nos a fazer desaparecer a maldade do nosso meio e tornando-nos imitadores de Cristo, pão da vida. Ouçamos com atenção.
Leitura do primeiro livro dos Reis – Naqueles dias, 4Elias entrou deserto adentro e caminhou o dia todo. Sentou-se finalmente debaixo de um junípero e pediu para si a morte, dizendo: “Agora basta, Senhor! Tira a minha vida, pois não sou melhor que meus pais”. 5E, deitando-se no chão, adormeceu à sombra do junípero. De repente, um anjo tocou-o e disse: “Levanta-te e come!” 6Ele abriu os olhos e viu junto à sua cabeça um pão assado debaixo da cinza e um jarro de água. Comeu, bebeu e tornou a dormir. 7Mas o anjo do Senhor veio pela segunda vez, tocou-o e disse: “Levanta-te e come! Ainda tens um caminho longo a percorrer”. 8Elias levantou-se, comeu e bebeu, e, com a força desse alimento, andou quarenta dias e quarenta noites até chegar ao Horeb, o monte de Deus. – Palavra do Senhor.
Provai e vede quão suave é o Senhor!
1. Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, / seu louvor estará sempre em minha boca. / Minha alma se gloria no Senhor; / que ouçam os humildes e se alegrem! – R.
2. Comigo engrandecei ao Senhor Deus, / exaltemos todos juntos o seu nome! / Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu / e de todos os temores me livrou. – R.
3. Contemplai a sua face e alegrai-vos, / e vosso rosto não se cubra de vergonha! / Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido, / e o Senhor o libertou de toda angústia. – R.
4. O anjo do Senhor vem acampar / ao redor dos que o temem e os salva. / Provai e vede quão suave é o Senhor! / Feliz o homem que tem nele o seu refúgio! – R.
Leitura da carta de São Paulo aos Efésios – Irmãos, 30não contristeis o Espírito Santo, com o qual Deus vos marcou como com um selo para o dia da libertação. 31Toda amargura, irritação, cólera, gritaria, injúrias, tudo isso deve desaparecer do meio de vós, como toda espécie de maldade. 32Sede bons uns para com os outros, sede compassivos; perdoai-vos mutuamente, como Deus vos perdoou por meio de Cristo. 5,1Sede imitadores de Deus, como filhos que ele ama. 2Vivei no amor, como Cristo nos amou e se entregou a si mesmo a Deus por nós, em oblação e sacrifício de suave odor. – Palavra do Senhor.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu sou o pão vivo, descido do céu; / quem deste pão come sempre há de viver. / Eu sou o pão vivo, descido do céu, / amém, aleluia, aleluia! (Jo 6,51) – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, 41os judeus começaram a murmurar a respeito de Jesus, porque havia dito: “Eu sou o pão que desceu do céu”. 42Eles comentavam: “Não é este Jesus o filho de José? Não conhecemos seu pai e sua mãe? Como então pode dizer que desceu do céu?” 43Jesus respondeu: “Não murmureis entre vós. 44Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o atrai. E eu o ressuscitarei no último dia. 45Está escrito nos Profetas: ‘Todos serão discípulos de Deus’. Ora, todo aquele que escutou o Pai e por ele foi instruído vem a mim. 46Não que alguém já tenha visto o Pai. Só aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. 47Em verdade, em verdade vos digo, quem crê possui a vida eterna. 48Eu sou o pão da vida. 49Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. 50Eis aqui o pão que desce do céu: quem dele comer nunca morrerá. 51Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”. – Palavra da salvação.
No Evangelho de hoje, Jesus declara que Ele é o Pão vivo que desceu do Céu e aquele que dele comer, terá a vida eterna.
Todas as vezes que a palavra “vida” surge neste Evangelho, utiliza-se o termo grego “zoé”, ou seja, uma vida de uma qualidade superior, que não é biológica, natural, e sim divina. É aqui que compreendemos a ação da graça em nossas vidas.
Quando Jesus veio a este mundo, Ele nos trouxe a graça que é, ao mesmo tempo, sanante e elevante. Pelo pecado original, aconteceu uma desordem na nossa natureza, que só se torna ordenada assim que Deus, com a sua graça, inspira nossa alma, para que ela possa manter o seu domínio sobre as paixões e sobre o corpo, para que haja a seguinte ordem hierárquica: Deus, alma, vida psíquica e passional, corpo.
Entretanto, quando tirarmos a graça do controle dessa hierarquia, acontece uma desordem dentro de nós. Por isso, a primeira realidade que Jesus faz quando começamos a crer nele é colocar nossa alma em ordem. Mas, a partir do momento em que as coisas vão sendo organizadas em nosso interior, Ele também nos eleva, dando-nos a chance de participarmos de uma vida divina que não é nossa naturalmente, a vida da Trindade: do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Jesus, Deus encarnado que se fez Homem, tem dentro dele essa vida divina por meio de sua Ressurreição. Por isso, quando nos unimos a Ele, vamos nos transformando interiormente, assim como o ferro que, ao ser aquecido no fogo, tem os seus defeitos “sanados” e, depois de certo tempo, parece mais fogo do que ferro. É isso que Deus deseja fazer espiritualmente conosco.
Cristo não quer somente purificar as impurezas da nossa natureza desordenada. Ele quer também nos elevar, a fim de que sejamos participantes da vida de Deus no Céu. Sabendo disso, devemos mudar nossa maneira de viver, buscando verdadeiramente as coisas do alto, porque existe uma felicidade maior do que aquela que teríamos neste mundo.
Cristo não deseja apenas que sejamos felizes, ordenados e perfeitos como seres humanos, mas também que nos alegramos com a felicidade divina do Pai, do Filho e do Espírito Santo, participando da vida de Deus a partir da nossa união com o Pão Vivo, Jesus.
Portanto, quando Jesus diz que Ele é o Pão Vivo que desceu do Céu e que Ele nos dará a Vida eterna, Ele está nos prometendo a vida do próprio Deus, uma participação que só é possível através da sua graça.
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