segunda-feira, 31 de julho de 2017

LITURGIA DIÁRIA - O REINO DOS CÉUS AGE NO NOSSO CORAÇÃO.

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1a Leitura - Êxodo 32,15-24.30-34
Leitura do livro do Êxodo.
32 15 Moisés desceu da montanha segurando nas mãos as duas tábuas da lei, que estavam escritas dos dois lados, sobre uma e outra face.
16 Eram obra de Deus, e a escritura nelas gravada era a escritura de Deus. 17 Ouvindo o barulho que o povo fazia com suas aclamações, Josué disse a Moisés: “Há gritos de guerra no acampamento!” 18 “Não, respondeu Moisés, não são gritos de vitória, nem gritos de derrota: o que ouço são cantos.” 19 Aproximando-se do acampamento, viu o bezerro e as danças. Sua cólera se inflamou, arrojou de suas mãos as tábuas e quebrou-as ao pé da montanha. 20 Em seguida, tomando o bezerro que tinham feito, queimou-o e esmagou-o até reduzi-lo a pó, que lançou na água e a deu de beber aos israelitas. 21 Moisés disse a Aarão: “Que te fez este povo para que tenhas atraído sobre ele um tão grande pecado?” 22 Aarão respondeu: “Não se irrite o meu senhor. Tu mesmo sabes o quanto este povo é inclinado ao mal. 23 Eles disseram-me: faze-nos um deus que marche à nossa frente, porque este Moisés, que nos tirou do Egito, não sabemos o que é feito dele. 24 Eu lhes disse: Todos aqueles que têm ouro, despojem-se dele! E mo entregaram: joguei-o ao fogo e saiu esse bezerro.” 30 No dia seguinte, Moisés disse ao povo: “Cometestes um grande pecado. Mas vou subir hoje ao Senhor; talvez obtenha o perdão de vossa culpa.” 31 Moisés voltou junto do Senhor e disse: “Oh, esse povo cometeu um grande pecado: fizeram para si um deus de ouro. 32 Rogo-vos que lhes perdoeis agora esse pecado! Senão, apagai-me do livro que escrevestes.” 33 O Senhor disse a Moisés: “Aquele que pecou contra mim, este apagarei do meu livro. 34 Vai agora e conduze o povo aonde eu te disse: meu anjo marchará diante de ti. Mas, no dia de minha visita, eu punirei seu pecado.”
Palavra do Senhor.

Salmo - 105/106
Dai graças ao Senhor, porque ele é bom!
Construíram um bezerro no Horeb
e adoraram uma estátua de metal;
eles trocaram o seu Deus, que é sua glória,
pela imagem de um boi que come feno.

Esqueceram-se do Deus que os salvara,
que fizera maravilhas no Egito;
no país de Cam fez tantas obras admiráveis,
no mar Vermelho, tantas coisas assombrosas.

Até pensava em acabar com sua raça,
não se tivesse Moisés, o seu eleito,
interposto, intercedendo junto a ele
para impedir que sua ira os destruísse.

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Evangelho - Mateus 13,31-35
Aleluia, aleluia, aleluia.
Deus nos gerou pela palavra da verdade como as primícias de suas criaturas! (Tg 1,18)
 

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
13 31 Em seguida, propôs-lhes outra parábola: “O Reino dos céus é comparado a um grão de mostarda que um homem toma e semeia em seu campo.
32 É esta a menor de todas as sementes, mas, quando cresce, torna-se um arbusto maior que todas as hortaliças, de sorte que os pássaros vêm aninhar-se em seus ramos”.
33 Disse-lhes, por fim, esta outra parábola. “O Reino dos céus é comparado ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha e que faz fermentar toda a massa”.
34 Tudo isto disse Jesus à multidão em forma de parábola. De outro modo não lhe falava,
35 para que se cumprisse a profecia: “Abrirei a boca para ensinar em parábolas; revelarei coisas ocultas desde a criação”.
Palavra da Salvação.
 
 Reflexão
 
O Senhor também nos revela coisas que estão escondidas desde a criação do mundo, na medida em que consentimos que o reino dos céus se estabeleça no nosso coração. Assim, podemos ver que o reino dos céus é o amor de Deus que como uma semente pequenina vai crescendo e se torna uma grande árvore capaz de abrigar os pássaros, isto é, pessoas que vêm, e fazem moradas em seus ramos. O amor dos céus é também comparável ao fermento que modifica o estado e a substância da nossa vida, dos nossos pensamentos, sentimentos e ações. Uma gotinha do amor de Deus é capaz de transformar qualquer situação, pois vai se infiltrando, vai acontecendo a ponto de nos fazer perdoar, aceitar, dar guarida, compreender e até dar a própria vida pelo irmão. O reino de Deus é, portanto, o Seu amor agindo no nosso coração e se manifestando em nós a partir das coisas criadas para a nossa felicidade. O reino dos céus é um estado de espírito é um modo de viver sob a dependência de Jesus Cristo, Rei Absoluto que é poderoso e onipotente, mas se rebaixa para nos revelar os Seus mistérios. Por isso,  Ele mesmo disse que o reino dos céus é dos pequeninos e quanto mais nos sentirmos assim mais compreendermos as coisas que estão escondidas desde a criação do mundo.  – Você entende como é o reino dos céus? – Você já aceitou viver nesse reino? – O amor de Deus o (a) tem transformado? – Você já consegue perdoar a quem o (a) tem ofendido? – Você percebe o crescimento do reino dos céus em você?
  







Helena Serpa

ONZE REMÉDIOS PARA ENFRENTAR AS TRIBULAÇÕES


1. Não tenha medo
Jesus disse: Não temas, crê somente! “Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tomo pela mão e te digo: “Não temas; eu te ajudarei” (Is 41,13-14).
2. Nada acontece sem Deus permitir
“Até os cabelos de nossa cabeça estão contados” e “nenhum passarinho cai por terra sem a vontade de Deus” (Mt 10,29-30).
3. Saiba que tudo concorre para o nossa santificação
“Tudo concorre para o bem dos que amam a Deus” (Rom 8,28).
4. Tenha paciência nas provações
“As provações do justo são muitas, mas de todas as livra o Senhor” (Sl 33,20).
5. Abandone-se nas mãos de Deus
“Meu destino está em Vossas mãos Senhor!” (Sl 30,16).
6. Ofereça todo sofrimento para quem precisa de salvação
“Completo na minha carne o que falta à paixão de Cristo no seu corpo que é a Igreja” (Col 1,24).
7. Conte com a graça de Deus
“Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapasse as forças humanas. Deus é fiel e não permitirá que sejamos tentados acima das vossas forças, mas com a tentação Ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes delas” (1 Cor 10,13).
8. Louve a Deus por tudo; pois do mal Ele sabe sempre tirar o bem
“Em todas as circunstâncias, dai graças, pois esta é a vontade de Deus a vosso respeito em Cristo Jesus” (1 Tes 5,17-18).
9. Rezar sempre
“Vivei sempre contentes. Orai sem cessar” (1 Tes 5,16).
10. Invoque sempre a proteção da Virgem Maria, dos Santos e dos Anjos
“Para Deus nada é impossível” (Lc 1,37).
11. Recorra sempre à Palavra de Deus para te fortalecer na luta espiritual
“A Palavra de Deus é viva e eficaz. É mais penetrante que espada de dois gumes” (Hb 12,4). “Vossa palavra é uma luz para os meus passos, é uma lâmpada luzente em meu caminho” (Sl 118,105).




Prof. Felipe Aquino

domingo, 30 de julho de 2017

17º DOMINGO DO TEMPO COMUM - O REINO DO CÉU É COMO UM TESOURO ESCONDIDO

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A liturgia deste domingo convida-nos a refletir nas nossas prioridades, nos valores sobre os quais fundamentamos a nossa existência. Sugere, especialmente, que o cristão deve construir a sua vida sobre os valores propostos por Jesus.
A primeira leitura apresenta-nos o exemplo de Salomão, rei de Israel. Ele é o protótipo do homem “sábio”, que consegue perceber e escolher o que é importante e que não se deixa seduzir e alienar por valores efêmeros.
No Evangelho, recorrendo à linguagem das parábolas, Jesus recomenda aos seus seguidores que façam do Reino de Deus a sua prioridade fundamental. Todos os outros valores e interesses devem passar para segundo plano, face a esse “tesouro” supremo que é o Reino.
A segunda leitura convida-nos a seguir o caminho e a proposta de Jesus. Esse é o valor mais alto, que deve sobrepor-se a todos os outros valores e propostas.
1ª Leitura – 1 Reis 3,5.7-12 - AMBIENTE
O grande rei David morreu por volta de 972 a.C., após um reinado longo e fecundo, ocupado a expandir as fronteiras do reino, a consolidar a união entre as tribos do norte e do sul e a conquistar a paz e a tranqüilidade para o Povo de Deus. Sucedeu-lhe no trono o filho, Salomão.
Salomão desenvolveu um trabalho meritório na estruturação do reino que o pai lhe legou. Organizou a divisão administrativa do território que herdou, dotou-o de grandes construções (das quais a mais emblemática é o Templo de Jerusalém), fortificou as cidades mais importantes, potenciou o intercâmbio cultural e comercial com os países da zona, incentivou e apoiou a cultura e as artes.
Preocupado com a constituição de uma classe política preparada para as tarefas da governação, Salomão recrutou “sábios” estrangeiros (sobretudo egípcios) para a sua corte e rodeou-se de homens que se distinguiam pelo seu “saber”, pela sua justiça e prudência. Esses “quadros”, além de aconselharem o rei, tinham também a tarefa de preparar os futuros “funcionários” para desempenharem funções no aparelho governativo montado por Salomão.
A corte de Salomão tornou-se, assim, um “viveiro” de “sabedoria”. Os “sábios” de Salomão coligiram provérbios, redigiram “máximas” de caráter sapiencial, deram “instruções” (sobre as virtudes que deviam ser cultivadas para ter êxito e para ser feliz). Nesta fase, também redigiram-se crônicas sobre os reinados anteriores e publicaram-se textos sobre as tradições dos antepassados (provavelmente, é nesta época que a “escola jahwista” dá à luz algumas das tradições que irão ocupar um lugar fundamental no Pentateuco). Não admira, portanto, que Salomão tenha ficado na memória histórica de Israel como o protótipo do rei sábio, “cuja sabedoria excedia a todos os orientais e egípcios” (1Re 4,30).
Salomão é também, historicamente, o primeiro rei que “herda” o trono. Até agora, os seus predecessores não chegaram ao trono por herança, mas receberam-no das mãos de Deus (segundo a visão “religiosa” dos catequistas bíblicos). Os teólogos de Israel vão, pois, esforçar-se por sacralizar o poder de Salomão e demonstrar que, se Salomão chegou a governar o Povo de Deus, não foi apenas por um direito hereditário (sempre contestável), mas pela vontade de Deus.
O texto que hoje nos é proposto supõe todo este enquadramento. O chamado “sonho de Gabaon” (cf. 1Re. 3,5) é uma ficção literária montada pelos teólogos deuteronomistas (esse grupo que reflete a vida e a história na linha das grandes idéias teológicas apresentadas no Livro do Deuteronômio) com uma dupla finalidade: apresentar Salomão como o escolhido de Jahwéh e justificar a sua proverbial “sabedoria”.
MENSAGEM
No Antigo Testamento, o “sonho” aparece, com alguma freqüência, como uma forma privilegiada de Deus comunicar com os homens e de lhes indicar os seus caminhos. No nosso texto, aparece-nos também um sonho: os catequistas deuteronomistas vão utilizar este recurso literário para apresentar Salomão como “o escolhido” de Deus, a quem Jahwéh comunica os seus projetos e a quem confia a condução do seu Povo.
O “sonho” de Salomão está estruturado na forma de um diálogo entre Deus e Salomão. Há, em primeiro lugar, uma interpelação de Deus (“que posso Eu dar-te?”); e há, depois, uma resposta de Salomão: consciente da grandeza da sua tarefa e das suas próprias limitações, o jovem rei pede a Deus que lhe dê um coração “sábio” para governar com justiça. A prece do rei é atendida e Deus concede a Salomão uma “sabedoria” inigualável (na continuação – que, todavia, o nosso texto de hoje já não apresenta – Deus acrescenta ainda outros três dons: a riqueza, a glória e a longa vida – cf. 1Re. 3,13-14).
Em termos religiosos, qual a mensagem que os autores deuteronomistas pretendem deixar com esta “ficção”?
Antes de mais, o nosso texto deixa claro que, em Israel, o rei é o “instrumento de Deus”, o intermediário entre Deus e o seu Povo. É através da pessoa do rei que Deus governa, que intervém na vida do seu Povo e o conduz pela história.
Depois, o texto mostra que Salomão não concebeu o seu papel como um privilégio pessoal que podia ser usado em benefício próprio, mas sim como um ministério que lhe foi confiado por Deus. Salomão tinha consciência de que a autoridade é um serviço que deve ser exercido com “sabedoria” e que o objetivo final desse serviço é a realização do bem comum.
Finalmente (e é talvez o aspecto mais significativo para o tema da liturgia deste domingo), os autores deuteronomistas sublinham a “qualidade” da resposta de Salomão: ele não pede riqueza nem glória, mas pede as aptidões necessárias e a capacidade para cumprir bem a missão que Deus lhe confiou. Salomão aparece aqui como o modelo do homem que sabe escolher as coisas importantes e que não se deixa distrair por valores efêmeros.
Dizer que a súplica de Salomão “agradou ao Senhor” (v. 10) é propor aos israelitas que optem pelos valores eternos, duradouros e essenciais.
ATUALIZAÇÃO
• Algumas pessoas e grupos com um peso significativo na opinião pública procuram vender a idéia de que a realização plena do indivíduo está num conjunto de valores que decidem quem pertence à elite dos vencedores, dos que estão na moda, dos que têm êxito… Em muitos casos, esses valores propostos são realidades efêmeras, materiais, secundárias, relativas. Quase sempre, por detrás da proposição de certos valores, estão interesses particulares e egoístas, a tentativa de vender determinada ideologia ou a preocupação em tornar o mercado dependente dos produtos comerciais de determinada marca… O “sábio”, contudo, é aquele que está consciente destes mecanismos, que sabe ver com olhar crítico os valores que a moda propõe, que sabe discernir o verdadeiro do falso, que distingue o que apenas tem um brilho doirado daquilo que, na essência, é um tesouro que importa conservar. O “sábio” é aquele que consegue perceber o que efetivamente o realiza e lhe permite levar a cabo, dentro da comunidade, a missão que lhe foi confiada. Como é que eu me situo face a isto? O que me seduz e que eu abraço é o imediato, o brilhante, o sedutor, ainda que efêmero, ou é o que é exigente e radical mas que me permite conquistar uma felicidade duradoura e concretizar o meu papel no mundo, na empresa, na família ou na minha comunidade cristã?
• A figura de Salomão interpela também todos aqueles que detêm responsabilidades na comunidade (seja em termos civis, seja em termos religiosos). Convida-os a uma verdadeira atitude de serviço: o seu objetivo não deve nunca ser a realização dos próprios esquemas pessoais, mas sim o benefício de toda a comunidade, a concretização do bem comum.
2ª leitura: Rm. 8,28-30 - AMBIENTE
O texto que nos é proposto como segunda leitura continua a reflexão de Paulo sobre o projeto de salvação que Deus tem para oferecer aos homens.
Já vimos nos domingos anteriores que, na perspectiva de Paulo, todo o homem que chega a este mundo mergulha num contexto de pecado que o marca e condiciona (cf. Rm. 1,18-3,20); no entanto, Deus, na sua bondade, oferece gratuitamente ao homem pecador a sua graça e dá-lhe a possibilidade de chegar à salvação (cf. Rm. 3,21-4,25); e é em Jesus Cristo que esse dom de Deus se comunica ao homem (cf. Rm. 5,1-7,25). É o Espírito Santo que permite ao homem acolher esse dom e viver na fidelidade à graça que Deus oferece (cf. Rm. 8,1-39).
Depois de assegurar aos cristãos de Roma (e, através deles, aos cristãos de todas as épocas e lugares) que o Espírito “vem em auxílio da nossa fraqueza” e “intercede por nós” (cf. Rm. 8,26-27), Paulo relembra – no texto que nos é proposto como segunda leitura – que Deus tem um projeto de amor que se traduz no oferecimento da salvação ao homem.
MENSAGEM
Esse projeto não é um acontecimento casual, mas algo que, desde sempre, está previsto nos planos de Deus.
Aos que aderem a esse projeto, Deus chama-os a identificarem-se com o seu filho Jesus, liberta-os do egoísmo e do pecado e fá-los, com Jesus, chegar à vida nova e plena (justificação).
Neste contexto, Paulo fala “daqueles” que Deus “conheceu” de antemão, que “predestinou” para viverem à imagem de Jesus, que “chamou”, que “justificou” e que “glorificou”. No entanto, estes versículos não devem ser entendidos no sentido de que a salvação que Deus oferece se destine apenas a um grupo de predestinados, que Deus escolheu de entre os homens de acordo com critérios que nos escapam… A teologia paulina é clara a este respeito: o projeto salvador de Deus está aberto a todos aqueles que querem acolhe-l’O. O que Paulo sublinha aqui é que se trata de um dom gratuito de Deus e que esse dom está previsto desde toda a eternidade.
ATUALIZAÇÃO
• Em todas as cartas de Paulo transparece o espanto que o apóstolo sente diante do amor de Deus pelo homem. Este tema está, contudo, especialmente presente na Carta aos Romanos. O nosso texto convida-nos a dar conta – outra vez – desse fato extraordinário que é o amor de Deus (amor que o homem não merece, mas que Deus, com ternura, insiste em oferecer, de forma gratuita e incondicional), traduzido num projeto de salvação preparado desde sempre, e que leva Deus a enviar ao mundo o seu próprio Filho para conduzir todos os homens e mulheres a uma nova condição. Numa época marcada por uma certa indiferença face a Deus, este texto convida-nos a tomar consciência de que Deus nos ama, vem continuamente ao nosso encontro, aponta-nos o caminho da vida plena e verdadeira, desafia-nos à identificação com Jesus, convida-nos a integrar a sua família. Nós, os crentes, somos convidados a conduzir a nossa vida à luz desta realidade; e somos convocados a testemunhar, com palavras, com ações, com a vida, no meio dos irmãos que dia a dia percorrem conosco o caminho da vida, o amor e o projeto de salvação que Deus tem.
• Diante da oferta de Deus, somos livres de fazer as nossas opções – opções que Deus respeita de forma absoluta. No entanto, a vida plena está no acolhimento desse “valor mais alto” que é o seguimento de Jesus e a identificação com Ele. É esse o “valor mais alto”, o “tesouro” pelo qual eu optei de forma decidida no dia do meu batismo? Tenho sido, na caminhada da vida, coerente com essa escolha?
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Evangelho: Mt. 13,44-52 - AMBIENTE
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos, 13 44 "O Reino dos céus é também semelhante a um tesouro escondido num campo. Um homem o encontra, mas o esconde de novo. E, cheio de alegria, vai, vende tudo o que tem para comprar aquele campo.
45 O Reino dos céus é ainda semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas.
46 Encontrando uma de grande valor, vai, vende tudo o que possui e a compra.
47 O Reino dos céus é semelhante ainda a uma rede que, jogada ao mar, recolhe peixes de toda espécie.
48 Quando está repleta, os pescadores puxam-na para a praia, sentam-se e separam nos cestos o que é bom e jogam fora o que não presta.
49 Assim será no fim do mundo: os anjos virão separar os maus do meio dos justos
50 e os arrojarão na fornalha, onde haverá choro e ranger de dentes.
51 Compreendestes tudo isto?" "Sim, Senhor", responderam eles.
52 "Por isso, todo escriba instruído nas coisas do Reino dos céus é comparado a um pai de família que tira de seu tesouro coisas novas e velhas".
Palavra da Salvação.
Concluímos, neste domingo, a leitura do capítulo dedicado às “parábolas do Reino” (cf. Mt. 13). Nele, recorrendo a imagens e comparações simples, sugestivas e questionantes (“parábolas”), Jesus apresenta esse mundo novo de liberdade e de vida nova que Ele veio propor aos homens e ao qual Ele chamava Reino de Deus.
Concretamente, o nosso texto apresenta-nos três parábolas que são exclusivas de Mateus (nenhuma delas aparece nos outros três evangelhos considerados canônicos. No entanto, as três aparecem num texto não canônico – o Evangelho de Tomé – embora aí apresentem notáveis variantes em relação à versão mateana): a parábola do tesouro, a parábola da pérola e a parábola da rede e dos peixes.
Para enquadrarmos melhor a mensagem aqui proposta por Mateus, devemos ter em conta a realidade da comunidade a quem o Evangelho se destina… Estamos no final do primeiro século (anos oitenta). Passaram-se mais de trinta anos após a morte de Jesus. O entusiasmo inicial deu lugar à monotonia, à falta de empenho, a uma vivência “morna”, pouco exigente e pouco comprometida. No horizonte próximo das comunidades cristãs perfilam-se tempos difíceis de perseguição e de hostilidade e os cristãos parecem pouco preparados para enfrentar as dificuldades. Mateus sente que é preciso renovar o compromisso cristão e chamar a atenção dos crentes para o Reino, para as suas exigências e para os seus valores. As parábolas do Reino que hoje nos são propostas devem ser lidas neste contexto.
MENSAGEM
O texto do Evangelho deste domingo pode ser dividido em três partes. Em cada uma delas, há aspectos e questões que convém pôr em relevo e ter em conta.
Na primeira parte, temos duas parábolas – a parábola do tesouro escondido no campo e a parábola da pérola preciosa (vs. 44-46). Ambas desenvolvem o mesmo tema e apresentam ensinamentos semelhantes.
A questão principal abordada nesta primeira parte é a da descoberta do valor e da importância do Reino. Quer a parábola do tesouro escondido, quer a parábola da pérola preciosa, sugerem que o Reino proposto por Jesus (esse mundo de paz, de amor, de fraternidade, de serviço, de reconciliação que Jesus veio anunciar e oferecer) é um “tesouro” precioso, que os seguidores de Jesus devem abraçar, antes de qualquer outro valor ou proposta. Os cristãos são, antes de mais, aqueles que encontraram algo de único, de fundamental, de decisivo: o Reino. Ora, quando alguém encontra um “tesouro” como esse, deve elegê-lo como a riqueza mais preciosa, o fim último da própria existência, o valor fundamental pelo qual se renuncia a tudo o resto e pelo qual se está disposto a pagar qualquer preço. Provavelmente, Mateus está sugerindo a esses cristãos a quem o seu Evangelho se destina (adormecidos numa fé morna, inconseqüente, pouco exigente) que é preciso redescobrir e optar decisivamente por esse valor mais alto, que deve dar sentido às suas vidas – o Reino. O cristão é confrontado, a par e passo, com muitos valores e opções; mas deve aperceber-se de que o Reino é o valor mais importante.
Na segunda parte, Mateus apresenta o Reino na imagem de uma rede que, lançada ao mar, apanha diversos tipos de peixes (vs. 47-50). Na versão apresentada por Mateus, a parábola apresenta um ensinamento semelhante ao da parábola do trigo e do joio (sobre a qual meditamos no passado domingo): o Reino não é um condomínio fechado, onde só há gente escolhida e santa, mas é uma realidade onde o mal e o bem crescem simultaneamente. Deus não tem pressa de condenar e destruir. Ele não quer a morte do pecador; por isso, dá ao homem o tempo necessário e suficiente para amadurecer as suas opções e para fazer as suas escolhas (no Evangelho de Tomé, a versão é diferente: conta a história de um pescador “sábio” que pesca vários peixes, mas fica só com o maior e lança os outros ao mar. Aí, portanto, a parábola da rede e dos peixes apresenta uma mensagem que vai na linha das parábolas do tesouro descoberto no campo e da pérola preciosa. Alguns autores pensam que a versão apresentada no Evangelho de Tomé constitui a versão primitiva da parábola da rede e dos peixes).
A referência que Mateus faz (mais uma vez) ao juízo final é uma forma de exortar os irmãos da sua comunidade no sentido de escolherem decididamente o Reino e porem em prática as propostas de Jesus.
Na terceira parte do Evangelho que nos é proposto, Mateus apresenta um breve diálogo entre Jesus e os discípulos (vs. 51-52).
Neste diálogo temos uma espécie de conclusão de todo o capítulo. Mateus sugere que o verdadeiro discípulo de Jesus é aquele que “compreende”. Ora, “compreender”, na teologia mateana, significa “prestar atenção” e comprometer-se com o ensinamento proposto. Os cristãos são, pois, convidados a descobrir a realidade do Reino, a entender as suas exigências, a comprometerem-se com os seus valores. A referência ao “escriba” que “tira do seu tesouro coisas novas e velhas” pode referir-se aos judeus, conhecedores profundos do Antigo Testamento (o “velho”), convidados agora a refletirem essas velhas promessas à luz das propostas de Jesus (o “novo”). É nessa dialética sempre exigente e questionante que o verdadeiro discípulo encontra o caminho para o Reino; e, depois de encontrar esse caminho, deve comprometer-se com ele de forma decisiva, exigente, empenhada.
ATUALIZAÇÃO
• A primeira e mais importante questão abordada neste texto é a das nossas prioridades. Para Mateus, não há qualquer dúvida: ser cristão é ter como prioridade, como objetivo mais importante, como valor fundamental, o Reino. O cristão vive no meio do mundo e é todos os dias desafiado pelos esquemas e valores do mundo; mas não pode deixar que a procura dos bens seja o objetivo número um da sua vida, pois o Reino é partilha. O cristão está permanentemente mergulhado num ambiente em que a força e o poder aparecem como o grande ideal; mas ele não pode deixar que o poder seja o seu objetivo fundamental, porque o Reino é serviço. O cristão é todos os dias convencido de que o êxito profissional, a fama a qualquer preço são condições essenciais para triunfar e para deixar a sua marca na história; mas ele não pode deixar-se seduzir por esses esquemas, pois a realidade do Reino vive-se na humildade e na simplicidade. O cristão faz a sua caminhada num mundo que exalta o orgulho, a auto-suficiência, a independência; mas ele já aprendeu, com Jesus, que o Reino é perdão, tolerância, encontro, fraternidade… O que é que comanda a minha vida? Quais são os valores pelos quais eu sou capaz de deixar tudo? Que significado têm as propostas de Jesus na minha escala de valores?
• A decisão pelo Reino, uma vez tomada, não admite meias tintas, tibiezas, hesitações, jogos duplos. Escolher o Reino não é agradar a Deus e ao diabo, pactuar com realidades que mutuamente se excluem; mas é optar radicalmente por Deus e pelos valores do Evangelho. A minha opção pelo Reino é uma opção radical, sincera, que não pactua com desvios, com compromissos a “meio gás”, com hipocrisias e incoerências?
• Porque é que os cristãos apresentam, tantas vezes, um ar amargurado, sofredor, desolado? Quando a tristeza nos tolda a vista e nos impede de sorrir, quando apresentamos semblantes carrancudos e preocupados, quando deixamos transparecer em gestos e em palavras a agitação e o desassossego, quando olhamos para o mundo com os óculos do pessimismo e do desespero, quando só nos deixamos impressionar pelo mal que acontece à nossa volta, já teremos descoberto esse valor fundamental – o Reino – que é paz, esperança, serenidade, alegria, harmonia?
• Mais uma vez o Evangelho convida-nos a admirar (e a absorver) os métodos de Deus, que não tem pressa nenhuma em condenar e destruir, mas dá tempo ao homem – todo o tempo do mundo – para amadurecer as suas opções e fazer as suas opções. Sabemos respeitar, com esta tolerância e liberdade, o ritmo de crescimento e de amadurecimento dos irmãos que nos rodeiam?
 
 
 
 
 
 
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho


sábado, 29 de julho de 2017

LITURGIA DIÁRIA - EU SOU A RESSURREIÇÃO E A VIDA

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1a Leitura - 1 João 4,7-16
Leitura da primeira carta de São João.
4 7 Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.
8 Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. 9 Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em nos ter enviado ao mundo o seu Filho único, para que vivamos por ele. 10 Nisto consiste o amor: não em termos nós amado a Deus, mas em ter-nos ele amado, e enviado o seu Filho para expiar os nossos pecados. 11 Caríssimos, se Deus assim nos amou, também nós nos devemos amar uns aos outros. 12 Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amarmos mutuamente, Deus permanece em nós e o seu amor em nós é perfeito. 13 Nisto é que conhecemos que estamos nele e ele em nós, por ele nos ter dado o seu Espírito. 14 E nós vimos e testemunhamos que o Pai enviou seu Filho como Salvador do mundo. 15 Todo aquele que proclama que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele e ele em Deus. 16 Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele.
Palavra do Senhor.


Salmo - 33/34
Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo.

Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo,

seu louvor estará sempre e minha boca.

Minha alma se gloria no Senhor;

que ouçam os humildes e se alegrem!

Comigo engrandecei ao senhor Deus,

exaltemos todos juntos o seu nome!

Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu

e de todos os temores me livrou.

Contemplai a sua face e alegrai-vos,

E vosso rosto não se cubra de vergonha!

Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido,

E o Senhor o libertou de toda angústia.

 
O anjo do Senhor vem acampar

Ao redor dos que o temem e os salva.

Provai e vede quão suave é o Senhor!

Feliz o homem que tem nele o seu refúgio!
 
Respeitai o Senhor Deus, seus santos todos,

Porque nada faltará aos que o temem.

Os ricos empobrecem, passam fome,

Mas aos que buscam o Senhor não falta nada.
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Evangelho - João 11,19-27
Aleluia, aleluia, aleluia.

Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não caminha entre as trevas, mas terá a luz da vida (Jo 8,12).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.

Naquele tempo, 11 19 muitos judeus tinham vindo a Marta e a Maria, para lhes apresentar condolências pela morte de seu irmão. 20 Mal soube Marta da vinda de Jesus, saiu-lhe ao encontro. Maria, porém, estava sentada em casa. 21 Marta disse a Jesus: "Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido! 22 Mas sei também, agora, que tudo o que pedires a Deus, Deus to concederá". 23 Disse-lhe Jesus: "Teu irmão ressurgirá". 24 Respondeu-lhe Marta: "Sei que há de ressurgir na ressurreição no último dia". 25 Disse-lhe Jesus: "Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. 26 E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá. Crês nisto?" 27 Respondeu ela: "Sim, Senhor. Eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, aquele que devia vir ao mundo".
Palavra da Salvação.
 
 
 Reflexão
 

E Jesus disse a Marta:  ”Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, 
não morrerá jamais. Crês isto?" 
Jesus é a própria vida em si. Ele é fonte de água viva, e quem bebe dessa água jamais terá sede. Quem crer em Jesus, mesmo que morra, viverá eternamente. Quem realmente crer em Jesus, terá sua vida restaurada, como aconteceu com o irmão de Marta.
Como sabemos, o coração é o princípio da vida. É ele que bombeia no nosso sangue levando oxigênio e nutrientes para os demais órgãos, músculos, e todo o nosso corpo.
Reparando um jovem, notamos que a vida em seu corpo flui de forma vigorosa. E isso acontece porque o seu coração é capaz de levar sem nenhum obstáculo, o sangue gerador da vida a todo o seu corpo.
Ao contrário, acontece a um idoso, cujos vasos estão comprimidos, endurecidos, com trombos de cálcio nas paredes das artérias, entupidos com gorduras e tudo mais.
Assim desse modo, seu velho e já cansado coração, não é capaz de levar o sangue como deveria, a todo o seu corpo, como acontece num corpo jovem. Por isso, sem nutrientes e sem o oxigênio necessário, seu corpo fica cansado e fraco. O seu cérebro funciona mal, sua memória falha, apresentando sintomas de tonturas, desequilíbrio, etc, e assim, vamos morrendo aos poucos.
O irmão de Marta não era tão velho assim. Mas a sua morte foi planejado por Deus, para que soubéssemos do poder que ele havia dado ao seu Filho.
Jesus pelo seu poder infinito, devolveu a vida a Lázaro. Com o poder de Deus, também nós podemos preservar, manter a vida em nosso corpo, evitando gorduras, sedentarismo (ficar sentado por muito tempo sem fazer exercício), mantendo os nossos vasos flexíveis e desobstruídos (desentupidos). E podemos fazer isso de forma natural e bem baratinho.
Com água de alho chá de berinjela, Cloreto de Magnésio PA, e monitoramento constante da nossa pressão. (adquira um medidor de pressão). Se necessário, tome um vasodilatador. (consulte seu médico).
A primeira leitura nos fala do amor.  Amor que deveríamos sentir pelos nossos irmãos, e irmãs. Amor sincero, desinteressado, e fraterno.
São João nos fala do amor verdadeiro, o amor que vem de Deus.
Não um amor por nós mesmo, não um AMOR DE PEIXE.
AMOR DE PEIXE
O pescador e seus amigos estavam à beira do lago saboreando peixe assado. E ele dizia. Isso é maravilhoso! É gostoso demais! Adoro peixe. E gritou: Eu amo peeeeeixe!
Analisando o que aquele homem disse, veremos que ele não falou a verdade. Porque na verdade, ele não amava o peixe que comia. Se ao amasse, não o tiraria da água, da sua vida natural na companhia de outros peixes, não o mataria. 
Aquele pescador não gosta de peixe, mas sim, do prazer de saboreá-lo, ele, na verdade gosta é de satisfazer suas necessidades através do peixe que come.
Será que amamos de fato a pessoa amada? Ou será que apreciamos mesmo é o prazer que ela nos proporciona?
Muitos carinhos e presentes que damos, na verdade estamos presenteando a nós mesmo. Pois agradamos as pessoas visando sempre um retorno.
O nosso amor não dever um AMOR DE PEIXE, mas sim, deve ser como o amor de Deus para conosco.
“Deus enviou o seu Filho único ao mundo, para que tenhamos vida por meio dele. Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus,
mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de reparação pelos nossos pecados”.
Devemos amar uns aos outros como Jesus nos amou. Sem visar nenhum retorno, um amor incondicional.
O nosso amor deve ser desinteressado, as nossas dádivas devem ser fraternas, sem visar nenhum tipo de retorno.
Como Jesus que por amor ao seu amigo, devolveu-lhe a vida!
 
 
 
 
 
 
 
José Salviano.

POR QUE JESUS CRISTO FALAVA EM PARÁBOLAS?

Se Jesus devia pregar o Evangelho da salvação, por que decidiu expor boa parte de seu ensinamento em forma de parábolas? Era conveniente que o Filho de Deus “escondesse” sua doutrina dos homens, aos quais veio trazer o conhecimento da verdade?

Lemos no Evangelho que Cristo ensinou algumas coisas privadamente a seus Apóstolos, mas ordenando-lhes que as pregassem depois publicamente: "O que eu vos digo na obscuridade, dizei-o às claras, e o que é dito ao ouvido, pregai-o sobre os telhados" ( Mt 10, 27).
Outras vezes, porém, o Senhor ensinou por meio de parábolas, que ele explicava depois aos seus discípulos, mas cujo sentido escapava à maior parte de seus ouvintes. Os próprios Apóstolos perguntaram ao Senhor a razão dessa maneira de pregar, e obtiveram uma resposta cuja interpretação exata é um tanto obscura e difícil:
"Chegando-se a ele os discípulos, disseram-lhe: 'Por que razão lhes falas por meio de parábolas?' Ele respondeu-lhes: 'Porque a vós é concedido conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é concedido. Porque ao que tem lhe será dado (ainda mais), e terá em abundância, mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. Por isso lhes falo em parábolas, porque vendo não vêem, e ouvindo não ouvem nem entendem. E cumpre-se neles a profecia de Isaías (6,9-10), que diz: Ouvireis com os ouvidos, e não entendereis; olhareis com os vossos olhos, e não vereis. Porque o coração deste povo tornou-se insensível, os seus ouvidos tornaram-se duros, e fecharam os olhos, para não suceder que vejam com os olhos, e ouçam com os ouvidos, e entendam com o coração, e se convertam, e eu os sare" (Mt 13, 10-15).
Esta é uma das passagens evangélicas que mais fizeram suar os exegetas. Vejamos, pois, em síntese, a interpretação do Doutor Angélico ( S. Th. III, q. 42, a. 3):
Por três motivos uma doutrina pode permanecer oculta:
a) Pela intenção de quem ensina, que não quer comunicá-la a muitos, mas antes mantê-la oculta, seja por inveja e desejo de excelência, seja por tratar-se de uma doutrina errada ou imoral. É evidente que não foi este o caso de Nosso Senhor.

b) Porque se ensina a poucos. Tampouco este motivo diz respeito a Jesus Cristo, pois, como Ele mesmo disse a Pilatos, "Eu falei publicamente ao mundo; ensinei sempre na sinagoga e no templo, aonde concorrem todos os Judeus; nada disse em segredo" (Jo 18, 20). As mesmas instruções que o Senhor dava privadamente a seus Apóstolos deveriam depois ser pregadas publicamente (Mt 10, 27).

c) Pelo modo de ensinar. Dessa forma, Cristo ocultava algumas coisas às turbas quando lhes expunha em parábolas os mistérios que não eram capazes ou dignas de receber. No entanto, ainda lhes era melhor recebê-los assim e ouvir a doutrina espiritual sob o véu das parábolas que permanecer totalmente excluídas dela. E, além disso, o Senhor expunha a verdade clara e desnuda das parábolas aos discípulos, por meio dos quais ela haveria de chegar aos outros que fossem capazes de recebê-la.
Segundo esta interpretação do Doutor Angélico, a razão profunda da pregação em parábolas deve ser buscada em uma ação combinada da misericórdia e da justiça de Deus: "porque não eram capazes ou dignos" de receber abertamente a doutrina de Cristo.
a) Em primeiro lugar, não eram capazes de receber abertamente essa doutrina por conta de seus prejulgamentos messiânicos, completamente opostos à realidade evangélica. Eles imaginavam um Messias em forma de rei temporal, forte e poderoso, que esmagaria todos os inimigos de Israel e os encheria de felicidades e prosperidades temporais. Frente a esta concepção, tão arraigada no povo, a doutrina evangélica, orientada inteiramente ao Reino dos Céus e ao desprezo das coisas da terra, era demasiado sublime e elevada para que pudessem captá-la exposta em toda a sua nudez. Cristo lhes dá o pão da verdade na forma que então podiam compreendê-la, deixando a seus discípulos o cuidado de expô-la com toda claridade à medida que fossem capazes de assimilá-la. Di-lo expressamente São Marcos (4, 33-34): "Assim lhes propunha a palavra com muitas parábolas como estas, segundo podiam entender. Não lhes falava sem parábolas; porém, tudo explicava em particular a seus discípulos".
b) Em segundo lugar, não eram dignos de recebê-la claramente por causa da sua obstinada incredulidade. Era um fato, como lamentava o próprio Cristo, que "vendo não veem e ouvindo não ouvem nem entendem". Os milagres estupendos com que o Cristo demonstrava, diante do povo, sua divina missão endureciam mais e mais os corações obstinados, até o ponto de atribuir os milagres ao poder de Belzebu (Lc 11, 15) ou de querer matar Lázaro, visto que, por motivo de sua ressurreição, muitos criam em Jesus (Jo 12, 10-11). Diante de tanta obstinação e malícia, a justiça de Deus tinha forçosamente que castigá-los, e por isso lhes anuncia a verdade de forma velada e misteriosa, a fim de que os homens de boa vontade tivessem as luzes suficientes para abraçar a verdade evangélica, e os rebeldes obstinados recebessem o justo castigo de sua maldade. Contudo, com relação a estes últimos brilha ainda de algum modo a misericórdia de Deus, porque, como adverte Santo Tomás, "ainda lhes era melhor receber a doutrina do reino de Deus sob o véu das parábolas que permanecer totalmente privados dela".

Não deixe de assistir, também, à nossa aula recente sobre o Sermão das Parábolas, no curso exclusivo "Os Evangelhos Sinóticos". Abaixo, um pequeno trecho deste material:

Essa interpretação explica a misteriosa passagem bíblica de forma discreta e razoável. Mas, em todo caso, seja como for, não se pode interpretar a pregação parabólica como uma restrição da vontade salvífica universal de Deus, que está clara e expressamente revelada na Sagrada Escritura. É-nos dito claramente que "Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade" ( 1Tm 2, 4); que "Deus não quer a morte do pecador, mas sim que se converta e viva" (Ez 18, 23); que Cristo "não veio chamar os justos, mas os pecadores à penitência" (Lc 5, 31); que Deus "prefere a misericórdia ao sacrifício" (Mt 9, 13) e outras muitas coisas do mesmo tipo. Deve-se interpretar as passagens obscuras da Sagrada Escritura pelas claras, e não o contrário. Trata-se de uma norma fundamental da hermenêutica bíblica.





Do livro Jesucristo y la vida cristiana, do Pe. Antonio Royo Marín,
Madrid: BAC, 1961, p. 286s. (Tradução, adaptação e grifos nossos.)

sexta-feira, 28 de julho de 2017

LITURGIA DIÁRIA - A SITUAÇÃO EM QUE SE ENCONTRA O NOSSO TERRENO

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1a Leitura - Êxodo 20,1-17
Leitura do livro do Êxodo.
20 1 Então Deus pronunciou todas estas palavras:
2 “Eu sou o Senhor teu Deus, que te fez sair do Egito, da casa da servidão. 3 Não terás outros deuses diante de minha face. 4 Não farás para ti escultura, nem figura alguma do que está em cima, nos céus, ou embaixo, sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra. 5 Não te prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto. Eu sou o Senhor, teu Deus, um Deus zeloso que vingo a iniqüidade dos pais nos filhos, nos netos e nos bisnetos daqueles que me odeiam, 6 mas uso de misericórdia até a milésima geração com aqueles que me amam e guardam os meus mandamentos. 7 “Não pronunciarás o nome de Javé, teu Deus, em prova de falsidade, porque o Senhor não deixa impune aquele que pronuncia o seu nome em favor do erro. 8 Lembra-te de santificar o dia de sábado. 9 Trabalharás durante seis dias, e farás toda a tua obra. 10 Mas no sétimo dia, que é um repouso em honra do Senhor, teu Deus, não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu servo, nem tua serva, nem teu animal, nem o estrangeiro que está dentro de teus muros. 11 Porque em seis dias o Senhor fez o céu, a terra, o mar e tudo o que contêm, e repousou no sétimo dia; e por isso. o Senhor abençoou o dia de sábado e o consagrou. 12 Honra teu pai e tua mãe, para que teus dias se prolonguem sobre a terra que te dá o Senhor, teu Deus. 13 Não matarás. 14 Não cometerás adultério. 15 Não furtarás. 16 Não levantarás falso testemunho contra teu próximo. 17 Não cobiçarás a casa do teu próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem seu escravo, nem sua escrava, nem seu boi, nem seu jumento, nem nada do que lhe pertence.” Palavra do Senhor.

Salmo - 18/19B
Senhor, só tu tens palavras de vida eterna!
A lei do Senhor Deus é perfeição,
conforto para a alma!
O testemunho do Senhor é fiel,
sabedoria dos humildes.

Os preceitos do Senhor são precisos,
alegria ao coração.
O mandamento do Senhor é brilhante,
para os olhos é uma luz.

é puro o temor do Senhor,
imutável para sempre.
Os julgamentos do Senhor são corretos
e justos igualmente.

Mais desejáveis do que o ouro são eles,
do que o ouro refinado.
suas palavras são mais doces que o mel,
que o mel que sai dos favos.
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Evangelho - Mateus 13,18-23
Aleluia, aleluia, aleluia.
Felizes os que observam a palavra do Senhor de reto coração e que produzem muitos frutos, até o fim perseverantes (Lc 8,15).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
13 18 Disse Jesus: “Ouvi, pois, o sentido da parábola do semeador:
19 quando um homem ouve a palavra do Reino e não a entende, o Maligno vem e arranca o que foi semeado no seu coração. Este é aquele que recebeu a semente à beira do caminho.
20 O solo pedregoso em que ela caiu é aquele que acolhe com alegria a palavra ouvida,
21 mas não tem raízes, é inconstante: sobrevindo uma tribulação ou uma perseguição por causa da palavra, logo encontra uma ocasião de queda.
22 O terreno que recebeu a semente entre os espinhos representa aquele que ouviu bem a palavra, mas nele os cuidados do mundo e a sedução das riquezas a sufocam e a tornam infrutuosa.
23 A terra boa semeada é aquele que ouve a palavra e a compreende, e produz fruto: cem por um, sessenta por um, trinta por um”.
Palavra da Salvação.
 
 Reflexão
 
A semente que é semeada dentro do nosso coração é a Palavra de Deus, que dará frutos, conforme a situação em que se encontra o nosso terreno. Por isso, não basta apenas ouvi-la, mas acolhe-la, apreende-la, digeri-la, a fim de que seja vivenciada. Os frutos aparecerão na medida em a compreendermos e dermos testemunho da sua ação. Compreender a palavra é o primeiro estágio para que saibamos saber se o terreno está ou não preparado. No entanto, para que possamos compreendê-la é preciso que tenhamos uma alma simples e aberta, desejosa de realmente acolhe-la. Quando escutamos a palavra apenas superficialmente, isto é, com os nossos ouvidos e não temos um coração contrito vem o maligno e, carrega para longe, aquelas palavras que à primeira vista nos pareceram tão “bonitas”! No entanto, voltamos à estaca zero e nada acontece. O terreno duro e pedregoso é aquele que não tem raiz, é superficial, é de momento, não se aprofunda e por qualquer motivo, na hora de sofrimento e provação se decepciona e não consegue acolher a graça e o consolo que a palavra produz. O terreno cheio de espinhos é o coração da pessoa cheia de preocupações com a vida e iludida pela riqueza que lhe tiram o foco de Deus, porquanto está muito envolvida com as “coisas mundanas”.  Aquele (a), porém, que tem um coração disposto e submisso aos ensinamentos de Deus, pode ser considerado terreno bom para que a semente germine e dê muitos frutos. Podemos deduzir, então, que é a partir do nosso desejo de encontrar a Deus e da nossa abertura para acolher a semente que nós poderemos compreender a Palavra e produzir  frutos cem, sessenta ou trina por um.  – Você tem dificuldade de compreender a Palavra de Deus? – As coisas do mundo, as suas preocupações dificultam o seu entendimento? – Você acha muito difícil também vivenciar esta Palavra? – Como está atualmente o terreno do seu coração? 
 
 
 
 
 
Helena Serpa