domingo, 31 de julho de 2022

18º Domingo do Tempo Comum - O tesouro do Céu.

 meditação do dia 19/10/15 – O rico insensato | Católico, volta pra casa!

Primeira Leitura: Eclesiastes 1,2; 2,21-23

Leitura do livro do Eclesiastes – 2″Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, vaidade das vaidades! Tudo é vaidade.” 2,21Por exemplo, um homem que trabalhou com inteligência, competência e sucesso vê-se obrigado a deixar tudo em herança a outro que em nada colaborou. Também isso é vaidade e grande desgraça. 22De fato, que resta ao homem de todos os trabalhos e preocupações que o desgastam debaixo do sol? 23Toda a sua vida é sofrimento; sua ocupação, um tormento. Nem mesmo de noite repousa o seu coração. Também isso é vaidade. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 89(90)

Vós fostes, ó Senhor, um refúgio para nós.

1. Vós fazeis voltar ao pó todo mortal / quando dizeis: “Voltai ao pó, filhos de Adão!” / Pois mil anos para vós são como ontem, / qual vigília de uma noite que passou. – R.

2. Eles passam como o sono da manhã, / são iguais à erva verde pelos campos: / de manhã ela floresce vicejante, / mas à tarde é cortada e logo seca. – R.

3. Ensinai-nos a contar os nossos dias / e dai ao nosso coração sabedoria! / Senhor, voltai-vos! Até quando tardareis? / Tende piedade e compaixão de vossos servos! – R.

4. Saciai-nos de manhã com vosso amor, / e exultaremos de alegria todo o dia! / Que a bondade do Senhor e nosso Deus † repouse sobre nós e nos conduza! / Tornai fecundo, ó Senhor, nosso trabalho. – R.

Segunda Leitura: Colossenses 3,1-5.9-11

Leitura da carta de São Paulo aos Colossenses – Irmãos, 1se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; 2aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. 3Pois vós morrestes e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus. 4Quando Cristo, vossa vida, aparecer em seu triunfo, então vós aparecereis também com ele, revestidos de glória. 5Portanto, fazei morrer o que em vós pertence à terra: imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a cobiça, que é idolatria. 9Não mintais uns aos outros. Já vos despojastes do homem velho e da sua maneira de agir 10e vos revestistes do homem novo, que se renova segundo a imagem do seu Criador, em ordem ao conhecimento. 11Aí não se faz distinção entre grego e judeu, circunciso e incircunciso, inculto, selvagem, escravo e livre, mas Cristo é tudo em todos. – Palavra do Senhor.

Evangelho: Lucas 12,13-21

Aleluia, aleluia, aleluia.

Felizes os humildes de espírito, / porque deles é o Reino dos céus (Mt 5,3). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 13alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo”. 14Jesus respondeu: “Homem, quem me encarregou de julgar ou de dividir vossos bens?” 15E disse-lhes: “Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”. 16E contou-lhes uma parábola: “A terra de um homem rico deu uma grande colheita. 17Ele pensava consigo mesmo: ‘O que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita’. 18Então resolveu: ‘Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir maiores; neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. 19Então poderei dizer a mim mesmo: Meu caro, tu tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe, aproveita!’ 20Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?’ 21Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus”. – Palavra da salvação.

Reflexão

O Evangelho que a Igreja hoje nos propõe vem muito a calhar nestes nossos dias, pois vivemos numa sociedade para qual os bens materiais — o dinheiro, sobretudo — se tornaram a coisa mais importante, a única fonte de uma "felicidade" que parece inalcançável. Associamos o sucesso, o "bem-estar", a alegria a até mesmo a paz à posse de riquezas, a uma condição de estabilidade e relativa comodidade financeira. Não é de espantar, pois, que uma crise econômica deixe tantos corações inquietos, quase à beira do desespero. E, apesar de tudo, Deus nos dirige palavras que tanto admoestam quanto confortam a alma: "Tomai cuidado contra todo o tipo de ganância [πλεονεξίας]", isto é, contra a sanha de querer guardar e acumular coisas, "porque [...] a vida de um homem não consiste na abundância de bens." Cristo nos indica neste passo que a verdadeira vida é a vida da alma, feita para a alegria e os gozos do Céu, onde Deus será, definitivamente, nosso mais rico e inesgotável tesouro.

A perícope do rico insensato guarda, porém, algo de curioso e que nos desperta para a natureza algo misteriosa do pecado da ganância. Os demais pecados, como a gula e a luxúria, nos inclinam a desejar desordenadamente bens que são, de fato, necessários à vida individual e social: afinal, todos temos de comer e nos reproduzir; o problema está, de modo geral, no excesso a que somos levados. A avareza, por outro lado, parece manter-se sob um véu: ela não nos sinaliza com clareza a razão de querermos simplesmente acumular coisas. Ora, São Máximo Confessor ensina que podemos querer ter bens por três motivos principais: por prazer, por vaidade, ou (o que é pior) por falta de fé. Se comprar prazeres ou glórias mundanas já é ruim, querer as coisas para depositar nelas a nossa esperança é tornar-se pobre diante de Deus, é construir a casa sobre a areia das veleidades de um mundo corroído pela traça e repleto de ladrões. "Louco!", diz o Senhor ao avarento insensato, "Ainda nesta noite pedirão de volta a tua vida."

Jesus nos convida hoje a darmos o passo confiante da fé, e de uma fé firme, pela qual nos abandonamos inteiros às mãos de Deus, aos desígnios de sua Providência. É apenas nEle, nesta Rocha de salvação, que devemos construir a nossa casa; é em Deus que temos de depositar toda a nossa confiança, e não numa conta corrente polpuda. A felicidade, o mundo não a pode oferecer a ninguém, pois ela só existe no Céu, que não pode ser comprado, mas apenas conquistado por aqueles que se fazem ricos aos olhos de Deus e investem todas as suas fichas num projeto de santidade e amor.

 
 
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sábado, 30 de julho de 2022

17ª Semana do Tempo Comum - “É João Batista, que ressuscitou dos mortos!”

 Evangelho do dia 05 de agosto Sábado | Swjohn's Blog
Primeira Leitura: Jeremias 26,11-16.24

Leitura do livro do profeta Jeremias – Naqueles dias, 11os sacerdotes e profetas dirigiram-se aos chefes e a todo o povo, dizendo: “Este homem foi julgado réu de morte, porque profetizou contra esta cidade, como ouvistes com vossos ouvidos”. 12Disse Jeremias aos dignitários e a todo o povo: “O Senhor incumbiu-me de profetizar para esta casa e para esta cidade através de todas as palavras que ouvistes. 13Agora, portanto, tratai de emendar a vossa vida e as obras, ouvi a voz do Senhor, vosso Deus, que ele voltará atrás da decisão que tomou contra vós. 14Eu estou aqui, em vossas mãos; fazei de mim o que vos parecer conveniente e justo, 15mas ficai sabendo que, se me derdes a morte, tereis derramado sangue inocente contra vós mesmos e contra esta cidade e seus habitantes, pois em verdade o Senhor enviou-me a vós para falar tudo isso a vossos ouvidos”. 16Os chefes e o povo em geral disseram aos sacerdotes e profetas: “Este homem não merece ser condenado à morte; ele falou-nos em nome do Senhor, nosso Deus”. 24Jeremias passou a ter proteção de Aicam, filho de Safã, para não cair nas mãos do povo e evitar ser morto. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 68(69)

No tempo favorável, escutai-me, ó Senhor!

1. Retirai-me deste lodo, pois me afundo! † Libertai-me, ó Senhor, dos que me odeiam / e salvai-me destas águas tão profundas! / Que as águas turbulentas não me arrastem, † não me devorem violentos turbilhões, / nem a cova feche a boca sobre mim! – R.

2. Pobre de mim, sou infeliz e sofredor! / Que vosso auxílio me levante, Senhor Deus! / Cantando, eu louvarei o vosso nome / e, agradecido, exultarei de alegria! – R.

3. Humildes, vede isto e alegrai-vos: † o vosso coração reviverá / se procurardes o Senhor continuamente! / Pois nosso Deus atende à prece dos seus pobres / e não despreza o clamor de seus cativos. – R.

Evangelho: Mateus 14,1-12

Aleluia, aleluia, aleluia.

Felizes os que são perseguidos por causa da justiça do Senhor, / porque o Reino dos céus há de ser deles! (Mt 5,10) – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus1Naquele tempo, a fama de Jesus chegou aos ouvidos do governador Herodes. 2Ele disse a seus servidores: “É João Batista, que ressuscitou dos mortos; e, por isso, os poderes miraculosos atuam nele”. 3De fato, Herodes tinha mandado prender João, amarrá-lo e colocá-lo na prisão, por causa de Herodíades, a mulher de seu irmão Filipe. 4Pois João tinha dito a Herodes: “Não te é permitido tê-la como esposa”. 5Herodes queria matar João, mas tinha medo do povo, que o considerava como profeta. 6Por ocasião do aniversário de Herodes, a filha de Herodíades dançou diante de todos e agradou tanto a Herodes, 7que ele prometeu, com juramento, dar a ela tudo o que pedisse. 8Instigada pela mãe, ela disse: “Dá-me aqui, num prato, a cabeça de João Batista”. 9O rei ficou triste, mas, por causa do juramento diante dos convidados, ordenou que atendessem o pedido dela. 10E mandou cortar a cabeça de João no cárcere. 11Depois a cabeça foi trazida num prato, entregue à moça, e esta a levou para a sua mãe. 12Os discípulos de João foram buscar o corpo e o enterraram. Depois foram contar tudo a Jesus. – Palavra da salvação.

Reflexão
 
No Evangelho de hoje, S. Mateus introduz, no meio de sua narrativa do ministério galilaico de Cristo, uma reminiscência sobre a ocasião em que foi assassinado o Precursor do Messias. Jesus estava pregando o Evangelho e realizando milagres em diversas cidades, e a sua fama, que se estendia a passos rápidos, começou a levar as pessoas a se perguntarem pela identidade do novo profeta. Também Herodes ouviu falar dos feitos de Jesus e, atormentado pelo remorso de haver mandado matar S. João Batista, começa a delirar pensando que este voltara dos mortos para se vingar. Mais por fraqueza do que por impiedade, Herodes assassinou o Precursor de Cristo, e é por isto que noutra ocasião o Senhor lhe chama raposa, indicando assim que o patético tetrarca possuía uma ira cruel, mas traiçoeira, porque lhe faltava coragem de enfrentar o inimigo. Como as raposas, Herodes age sorrateiramente, à socapa, e foi por ser traiçoeiro que ele mesmo acabou caindo numa armadilha, montada por Herodíades para que ele se visse no impasse de decidir entre desonrar-se diante da corte ou fazer o que lhe pedia a mulher. 
João Batista, com efeito, não foi morto porque Herodes quisesse livrar-se dele, mas porque Herodes amava mais a própria imagem do que a justiça e a vida dos outros. Herodes é fraco como as raposas, pois não tem força interior para encarar a verdade sobre si mesmo e decidir-se por ela; não consegue dar o passo doloroso de reconhecer o próprio pecado e dispor-se a mudar, por ter finalmente enxergado a miséria em que vive. São como ele, infelizmente, os que adiam sua conversão ou não chegam nunca a converter-se. Somos como ele quando urdimos pretextos para atenuar as nossas faltas, e não é de espantar que, com consciência assim tão agravada, passemos a ser assombrados pelos fantasmas dos nossos pecados, que nos lembram dia e noite que, se não nos convertermos enquanto temos tempo, morreremos com eles para toda a eternidade: “É João Batista, que ressuscitou dos mortos!”
 
 

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sexta-feira, 29 de julho de 2022

17ª Semana do Tempo Comum - Memória de Santa Marta.

 O siostrach miłujących Jezusa: Marcie i Marii. Łk 10,38-42 | Apostolstwo  Modlitwy

Primeira Leitura: 1 João 4,7-16

Leitura da primeira carta de São João7Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus. 8Quem não ama não chegou a conhecer Deus, pois Deus é amor. 9Foi assim que o amor de Deus se manifestou entre nós: Deus enviou o seu Filho único ao mundo, para que tenhamos vida por meio dele. 10Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de reparação pelos nossos pecados. 11Caríssimos, se Deus nos amou assim, nós também devemos amar-nos uns aos outros. 12Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amamos uns aos outros, Deus permanece conosco e seu amor é plenamente realizado entre nós. 13A prova de que permanecemos com ele e ele conosco é que ele nos deu o seu Espírito. 14E nós vimos, e damos testemunho, que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo. 15Todo aquele que proclama que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece com ele e ele com Deus. 16E nós conhecemos o amor que Deus tem para conosco e acreditamos nele. Deus é amor: quem permanece no amor permanece com Deus, e Deus permanece com ele. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 33(34)

Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo!

1. Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, / seu louvor estará sempre em minha boca. / Minha alma se gloria no Senhor; / que ouçam os humildes e se alegrem! – R.

2. Comigo engrandecei ao Senhor Deus, / exaltemos todos juntos o seu nome! / Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu / e de todos os temores me livrou. – R.

3. Contemplai a sua face e alegrai-vos, / e vosso rosto não se cubra de vergonha! / Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido, / e o Senhor o libertou de toda angústia. – R.

4. O anjo do Senhor vem acampar / ao redor dos que o temem e os salva. / Provai e vede quão suave é o Senhor! / Feliz o homem que tem nele o seu refúgio! – R.

5. Respeitai o Senhor Deus, seus santos todos, / porque nada faltará aos que o temem. / Os ricos empobrecem, passam fome, / mas aos que buscam o Senhor não falta nada. – R.

Evangelho: João 11,19-27

Aleluia, aleluia, aleluia.

Eu sou a luz do mundo; / aquele que me segue / não caminha entre as trevas, / mas terá a luz da vida (Jo 8,12). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, 19muitos judeus tinham vindo à casa de Marta e Maria para as consolar por causa do irmão. 20Quando Marta soube que Jesus tinha chegado, foi ao encontro dele. Maria ficou sentada em casa. 21Então Marta disse a Jesus: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. 22Mas, mesmo assim, eu sei que o que pedires a Deus, ele to concederá”. 23Respondeu-lhe Jesus: “Teu irmão ressuscitará”. 24Disse Marta: “Eu sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia”. 25Então Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. 26E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá jamais. Crês isto?” 27Respondeu ela: “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo”. – Palavra da salvação.

Evangelho opcional: Lucas 10,38-42.

Reflexão

Celebramos hoje a memória de S. Marta, aquela de quem disse o Senhor: “Marta, Marta, tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas; porém, uma coisa só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será tirada”. Um pergunta que nos podemos fazer, embora sejam poucos os que a fazem, é a seguinte: se Marta, que é santa, é aqui repreendida por Jesus, e Maria, por sua vez, é elogiada, por que então a Igreja tem uma festa dedicada à primeira, mas não à segunda? Em verdade, esta festa existe, sim: trata-se da festa de S. Maria Madalena, celebrada há poucos dias, porque na tradição do Ocidente se costuma identificar Maria de Betânia, irmã de Lázaro e Marta, com Maria Madalena, a pecadora de quem Jesus expulsou sete demônios. Este detalhe não é desimportante, pois S. Teresinha do Menino Jesus, que tinha grande devoção à Maria Madalena, afirmava que esta, ao enxugar com os cabelos os pés de Cristo, arrependida de seus pecados, recebeu naquele instante o dom da contemplação: “Maria escolheu a melhor parte”. 

Nessa mesma passagem do Evangelho, ensina Jesus que é muito perdoado a quem muito ama, e é exatamente isto o que poderíamos “aconselhar” hoje à agitada Marta, mulher de temperamento sanguíneo, pouco perseverante, que se move de cá para lá, esquecida do único necessário. Porque nada nos ancora mais firmemente no caminho da contemplação, do unum necessarium, do que a certeza de havermos sido amados por Deus. É por isso que Maria, depois de receber o abraço misericordioso de Cristo, não se cansa de lhe ungir os pés: como pecadora, o fez na casa de Simão; já como santa, o repete um pouco antes de o Senhor entrar em Jerusalém para lá morrer nas mãos de seus algozes. Somos amados por Cristo com um perdão que não conhece limites: eis a nossa certeza, garantida pela palavra infalível da Escritura: “Tranquilizaremos a nossa consciência diante de Deus, caso nossa consciência nos censure, pois Deus é maior do que nossa consciência” (1Jo 3, 20). É a misericórdia divina, a certeza da fé de sermos muitos amados e perdoados ao preço do Sangue de Cristo, o que nos transforma de Martas agitadas em meios aos afazeres de casa em Marias centradas, com os olhos muito fixos naquele que nos amou e se entregou por nós. — Que S. Marta interceda por nós, ela que passou pelas mesmas agitações que nos inquietam, e nos alcance a graça de sermos um dia almas focadas, como os santos de sétima morada, que têm sempre presente a Deus. Que S. Marta, que contempla a Deus face a face no céu por toda a eternidade, sem nenhuma agitação mais, rogue a nosso favor e nos dê, por seus méritos e preces, o dom da contemplação. 

 

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quinta-feira, 28 de julho de 2022

17ª Semana do Tempo Comum - Como uma rede jogada ao mar.

 PE. JOÃO CARLOS - BLOG DA MEDITAÇÃO DA PALAVRA: O SEGREDO DE UMA PESCARIA  ABUNDANTE

Primeira Leitura: Jeremias 18,1-6

Leitura do livro do profeta Jeremias1Palavra dirigida a Jeremias, da parte do Senhor: 2“Levanta-te e vai à casa do oleiro, e ali te farei ouvir minhas palavras”. 3Fui à casa do oleiro, e eis que ele estava trabalhando ao torno; 4quando o vaso que moldava com barro se avariava em suas mãos, ei-lo de novo a fazer com esse material um outro vaso, conforme melhor lhe parecesse aos olhos. 5Fez-se em mim a palavra do Senhor: 6“Acaso não posso fazer convosco como este oleiro, casa de Israel? – diz o Senhor. Como é o barro na mão do oleiro, assim sois vós em minha mão, casa de Israel”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 145(146)

Feliz quem se apoia no Deus de Jacó!

1. Bendize, minha alma, ao Senhor! † Bendirei ao Senhor toda a vida, / cantarei ao meu Deus sem cessar! – R.

2. Não ponhais vossa fé nos que mandam, / não há homem que possa salvar. / Ao faltar-lhe o respiro, ele volta † para a terra de onde saiu; / nesse dia seus planos perecem. – R.

3. É feliz todo homem que busca † seu auxílio no Deus de Jacó / e que põe no Senhor a esperança. / O Senhor fez o céu e a terra, / fez o mar e o que neles existe. – R.

Evangelho: Mateus 13,47-53

Aleluia, aleluia, aleluia.

Abre-nos, ó Senhor, o coração, / para ouvirmos a Palavra de Jesus! (At 16,14) – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 47“O Reino dos céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo. 48Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e recolhem os peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam. 49Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são justos 50e lançarão os maus na fornalha de fogo. E aí haverá choro e ranger de dentes. 51Compreendestes tudo isso?” Eles responderam: “Sim”. 52Então Jesus acrescentou: “Assim, pois, todo mestre da Lei que se torna discípulo do Reino dos céus é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”. 53Quando Jesus terminou de contar essas parábolas, partiu dali. – Palavra da salvação.

Reflexão

Com o Evangelho de hoje, damos por encerrada a leitura do sermão das parábolas do Reino (cf. Mt 13, 1-52). Jesus, que começara seu discurso falando em público às multidões, termina-o na intimidade dirigindo-se aos discípulos, como "um pai de família que tira de seu tesouro coisas novas e velhas" (Mt 13, 52). É interessante notar que, ao longo deste sermão, Cristo apresenta, ora sob a forma da parábola do joio e do trigo (cf. Mt 13, 24-30), ora sob a semelhança da rede jogada ao mar (cf. Mt 13, 47-50), um "compêndio" da história do mundo: naquela, aprendemos que entre os cristãos de verdade, representados pelo trigo, há também hereges e falsos fiéis, simbolizados pelo joio; nesta, o Senhor nos revela que, mesmo entre os que crêem verdadeiramente, existem bons e maus católicos, apanhados pela barca da Igreja, à semelhança de peixes bons e imprestáveis que dividem uma única rede.

O que Ele nos conta hoje no Evangelho, portanto, deve repercutir em nossa alma como uma urgente admoestação, como um chamado a que nos demos conta de que, ainda que professemos a reta fé, corremos o risco de ser arrojados na fornalha do Inferno como peixes podres e sem utilidade. Por isso, temos de ir além da fé e esforçar-nos por ser bons peixes, ou seja, por amar ardentemente e crescer na caridade de Cristo. Como os discípulos do Senhor, ponhamo-nos ao redor dEle na privacidade da oração e, abrindo-Lhe de par em par o nosso coração, manifestemos-Lhe nossas misérias e supliquemos-Lhe que nos ajude a corresponder devidamente à sua graça, a fim de preservarmos até o fim e sermos recolhidos nos cestos da eterna bem-aventurança. — Santa Maria, auxílio dos cristãos, dai-nos humildade e acudi-nos na hora da morte!

 

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quarta-feira, 27 de julho de 2022

17ª Semana do Tempo Comum - O tesouro escondido.

 Parable of the Hidden Treasure - Wikipedia
Primeira Leitura: Jeremias 15,10.16-21

Leitura do livro do profeta Jeremias 10“Ai de mim, minha mãe, que me geraste um homem de controvérsia, um homem em discórdia com toda a gente! Não emprestei com usura nem ninguém me emprestou, e contudo todos me amaldiçoam. 16Quando encontrei tuas palavras, alimentei-me, elas se tornaram para mim uma delícia e a alegria do coração, o modo como invocar teu nome sobre mim, Senhor Deus dos exércitos. 17Não costumo frequentar a roda dos folgazões e gabo-me disso; fiquei a sós, sob o influxo de tua presença e cheio de indignação. 18Por que se tornou eterna minha dor, por que não sara minha chaga maligna? Para mim te tornaste como miragem de um regato, como visão de águas ilusórias”. 19Ainda assim, isto diz-me o Senhor: “Se te converteres, converterei teu coração, para te sustentares em minha presença; se souberes separar o precioso do vil, falarás por minha boca; os outros voltarão para ti, e tu não voltarás para eles. 20Em favor deste povo, farei de ti uma muralha de bronze fortificada; combaterão contra ti, mas não prevalecerão, porque eu estou contigo para te salvar e te defender, diz o Senhor. 21Eu te libertarei das mãos dos perversos e te salvarei dos prepotentes”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 58(59)

Sois meu refúgio no dia da aflição.

1. Libertai-me do inimigo, ó meu Deus, / e protegei-me contra os meus perseguidores! / Libertai-me dos obreiros da maldade, / defendei-me desses homens sanguinários! – R.

2. Eis que ficam espreitando a minha vida, † poderosos armam tramas contra mim. / Mas eu, Senhor, não cometi pecado ou crime. – R.

3. Minha força, é a vós que me dirijo, † porque sois o meu refúgio e proteção, / Deus clemente e compassivo, meu amor! / Deus virá com seu amor ao meu encontro, / e hei de ver meus inimigos humilhados. – R.

4. Eu, então, hei de cantar vosso poder / e de manhã celebrarei vossa bondade, / porque fostes para mim o meu abrigo, / o meu refúgio no dia da aflição. – R.

5. Minha força, cantarei vossos louvores, † porque sois o meu refúgio e proteção, / Deus clemente e compassivo, meu amor! – R.

Evangelho: Mateus 13,44-46

Aleluia, aleluia, aleluia.

Eu vos chamo meus amigos, / pois vos dei a conhecer / o que o Pai me revelou (Jo 15,15). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 44“O Reino dos céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo. 45O Reino dos céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas. 46Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola”. – Palavra da salvação.

Reflexão

Jesus nos conta hoje duas pequenas parábolas. Na primeira, o Reino dos Céus é comparado a um tesouro escondido no campo, ou seja, que se oculta sob o véu obscuro da fé. Deus, com efeito, não se nos dá a conhecer plenamente, face a face, a rosto descoberto; Ele quer, sim, o nosso amor, mas sabe que, para que o amemos livremente, temos de aprender primeiro a confiar nEle, a tratar com Ele "como por espelho" (1 Cor 13, 12), descobrindo aos poucos o amor infinito dAquele que nos amou muito antes que pensássemos em O amar de volta. A alegria deste descobrimento, por sua vez, é descrita no Evangelho como uma renúncia da qual o Senhor mesmo é o protótipo: tendo achado no campo aquela riqueza escondida, o homem vai, cheio de júbilo, e "vende todos os seus bens e compra aquele campo", pois o próprio Cristo, embora fosse de condição divina, "não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens" (Fl 2, 7), a fim de nos comprar por seu precioso sangue (cf. 1 Cor 6, 20; 7, 23; 1 Pd 1, 18). Ele tudo fez e a tudo renunciou propter nos homines et propter nostram salutem, "por nós, homens, e para a nossa a salvação", como professamos aos domingos.

Nessa curta mas luminosa parábola, o Senhor também nos faz notar a necessidade do recolhimento para a vida interior. De fato, o homem só pode pôr-se à busca de algo oculto e escondido se também ele, com paciência e aplicação, se ocultar e esconder dos olhos do mundo, à semelhança de um explorador que, para descobrir as maravilhas de uma caverna, não receia descer até às entranhas da terra, aonde não chega sequer a luz do sol. Assim também deve ser a nossa vida de oração e relacionamento com o Senhor: "Quando orares", diz Ele aos discípulos, "entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á" (Mt 6, 6). Ora, que é este "quarto", que é este lugar "escondido" senão o nosso coração, a nossa interioridade? É lá que encontramos o tesouro oculto de que hoje ouvimos falar. Daí a necessidade da , para começarmos a buscá-lo; daí a necessidade do recolhimento e do silêncio, para conseguirmos encontrá-lo. Peçamos a Deus, pois, que nos exercite nessas virtudes e nos ajude a procurá-lo onde Ele tanto deseja habitar: no nosso coração. Que a Virgem Santíssima, Moradia consagrada a Deus, ilumine os nossos caminhos e nos ensine a amar o seu Filho como Ele quer ser amado por nós.

 

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terça-feira, 26 de julho de 2022

17ª Semana do Tempo Comum - Transmita ao mundo o amor que você recebeu de Deus.

 Grupo de Oração Semeando a Paz: Liturgia Diária - O Espírito Santo é quem  nos ensina todas as coisas.

Primeira Leitura: Eclesiástico 44,1.10-15

Leitura do livro do Eclesiástico 1Vamos fazer o elogio dos homens famosos, nossos antepassados através das gerações. 10Estes são homens de misericórdia; seus gestos de bondade não serão esquecidos. 11Eles permanecem com seus descendentes; seus próprios netos são a sua melhor herança. 12A descendência deles mantém-se fiel às alianças 13e, graças a eles, também os seus filhos. Sua descendência permanece para sempre, e sua glória jamais se apagará. 14Seus corpos serão sepultados na paz, e seu nome dura através das gerações. 15Os povos proclamarão a sua sabedoria, e a assembleia vai celebrar o seu louvor. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 131(132)

O Senhor vai dar-lhe o trono / de seu pai, o rei Davi.

1. O Senhor fez a Davi um juramento, / uma promessa que jamais renegará: / “Um herdeiro que é fruto do teu ventre / colocarei sobre o trono em teu lugar!” – R.

2. Pois o Senhor quis para si Jerusalém / e a desejou para que fosse sua morada: / “Eis o lugar do meu repouso para sempre, / eu fico aqui: este é o lugar que preferi!” – R.

3. “De Davi farei brotar um forte herdeiro, / acenderei ao meu ungido uma lâmpada. / Cobrirei de confusão seus inimigos, / mas sobre ele brilhará minha coroa!” – R.

Evangelho: Mateus 13,16-17

Aleluia, aleluia, aleluia.

Esperavam estes pais a redenção de Israel, / e o Espírito do Senhor estava sobre eles (Lc 2,25). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 16“Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. 17Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não viram, desejaram ouvir o que ouvis e não ouviram”. – Palavra da salvação.

Reflexão

Meus irmãos, hoje nós comemoramos São Joaquim e Sant’Ana, avós de Jesus, os pais de Nossa Senhora. O Evangelho que acabamos de ouvir, Nosso Senhor, ali, está dizendo aos Seus discípulos que eles eram felizes porque eles estavam vendo a Ele, porque eles conseguiram perceber que a promessa do Antigo Testamento estava ali se concretizando n’Ele.

Os pais de Nossa Senhora, São Joaquim e Sant’Ana, viram a sua filha, geraram a sua filha; e ela, Maria, gerou o Salvador. Eles não tiveram o privilégio de ver Nosso Senhor, mas, mesmo assim, eles foram fiéis à vocação deles.

Hoje, temos como ver Nosso Senhor, nós O vemos na Eucaristia; temos a Palavra, onde tocamos também o Senhor, onde O experimentamos. Mas muitos de antigamente não tiveram esta oportunidade, mas foram fiéis. Transmitamos o bem que recebemos, que é Jesus, para este mundo

Hoje nós vemos, tocamos, ouvimos o Senhor que nos fala em cada Liturgia. Somos privilegiados, irmãos. Você é um privilegiado, porque você tem a Eucaristia, você tem a Palavra. Temos os Sacramentos, somos privilegiados.

“A quem muito foi dado, muito será cobrado” (Lucas 12,48). Estejamos atentos, então, à Palavra do Senhor, ao Senhor que se dá, que se entrega a nós, ao Senhor que nos ama e que espera de nós uma resposta de amor, que espera de nós também uma resposta de transformar este mundo através do nosso testemunho, através da nossa vida.

Ouvimos e vemos o Senhor presente no meio de nós. Sejamos responsáveis por aquilo que ouvimos e por aquilo que vemos. E vamos, hoje, transmitir aquilo que vemos e ouvimos a este mundo, que ainda não consegue perceber a presença do Senhor, que ainda estão cegos, surdos, mudos, porque ainda não tiveram contato com o Senhor.

Somos privilegiados, mas o nosso privilégio e a graça que nós recebemos não deve ser guardada, mas deve ser transmitida. Transmitamos o bem que recebemos, transmitamos o bem que recebemos, que é Jesus para este mundo!

Abençoe-vos o Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!


Padre Márcio Prado - Sacerdote da Comunidade Canção Nova.

segunda-feira, 25 de julho de 2022

17ª Semana do Tempo Comum - Alcance o seu lugar servindo e amando o Senhor.

 Evangelho de hoje (Mt 20,20-28) - Egídio Serpa | Egídio Serpa - Diário do  Nordeste

Primeira Leitura: 2 Coríntios 4,7-15

Leitura da segunda carta de São Paulo aos Coríntios – Irmãos, 7trazemos esse tesouro em vasos de barro, para que todos reconheçam que esse poder extraordinário vem de Deus e não de nós. 8Somos afligidos de todos os lados, mas não vencidos pela angústia; postos entre os maiores apuros, mas sem perder a esperança; 9perseguidos, mas não desamparados; derrubados, mas não aniquilados; 10por toda parte e sempre, levamos em nós mesmos os sofrimentos mortais de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifestada em nossos corpos. 11De fato, nós, os vivos, somos continuamente entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifestada em nossa natureza mortal. 12Assim, a morte age em nós, enquanto a vida age em vós. 13Mas, sustentados pelo mesmo espírito de fé, conforme o que está escrito: “Eu creio e, por isso, falei”, nós também cremos e, por isso, falamos, 14certos de que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também com Jesus e nos colocará ao seu lado, juntamente convosco. 15E tudo isso é por causa de vós, para que a abundância da graça em um número maior de pessoas faça crescer a ação de graças para a glória de Deus. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 125(126)

Os que lançam as sementes entre lágrimas / ceifarão com alegria.

1. Quando o Senhor reconduziu nossos cativos, / parecíamos sonhar; / encheu-se de sorriso nossa boca, / nossos lábios, de canções. – R.

2. Entre os gentios se dizia: “Maravilhas / fez com eles o Senhor!” / Sim, maravilhas fez conosco o Senhor, / exultemos de alegria! – R.

3. Mudai a nossa sorte, ó Senhor, / como torrentes no deserto. / Os que lançam as sementes entre lágrimas / ceifarão com alegria. – R.

4. Chorando de tristeza, sairão, / espalhando suas sementes; / cantando de alegria, voltarão, / carregando os seus feixes! – R.

Evangelho: Mateus 20,20-28

Aleluia, aleluia, aleluia.

Eu vos designei para que vades e deis frutos, / e o vosso fruto permaneça, assim disse o Senhor (Jo 15,16). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 20a mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com seus filhos e ajoelhou-se com a intenção de fazer um pedido. 21Jesus perguntou: “O que tu queres?” Ela respondeu: “Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda”. 22Jesus, então, respondeu-lhes: “Não sabeis o que estais pedindo. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber?” Eles responderam: “Podemos”. 23Então Jesus lhes disse: “De fato, vós bebereis do meu cálice, mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. Meu Pai é quem dará esses lugares àqueles para os quais ele os preparou”. 24Quando os outros dez discípulos ouviram isso, ficaram irritados contra os dois irmãos. 25Jesus, porém, chamou-os e disse: “Vós sabeis que os chefes das nações têm poder sobre elas e os grandes as oprimem. 26Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser tornar-se grande torne-se vosso servidor; 27quem quiser ser o primeiro seja vosso servo. 28Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos”. – Palavra da salvação.

Reflexão

Hoje, comemoramos a festa de São Tiago Maior, apóstolo do Senhor. Ele foi um daqueles primeiros discípulos que o Senhor chamou para trabalhar na Sua vinha, para trabalhar para o Reino, para anunciar a Boa Nova por este mundo. São Tiago Maior também foi mártir.

E o episódio do Evangelho que nós escutamos é um tanto engraçado, cômico, mas também muito sério. Aqueles dois discípulos, filhos de Zebedeu, pediram para a mãe falar com Jesus que eles queriam um lugar no Reino. Jesus, que falava a respeito da Sua Paixão, da Sua Morte, da Sua Ressurreição, um assunto tão sério, e aqueles dois discípulos pareciam que estavam voando — vamos dizer assim — estavam em outra órbita e foram pedir para ter um lugar no Reino.

E Jesus, por isso, disse a eles: “Mas vocês estão cientes do que estão pedindo? Vocês podem beber do cálice que eu vou beber?”. E eles prontamente disseram “Sim!”. Eles não sabiam ainda que cálice era. Era o cálice da Paixão, era o cálice da perseguição, era o cálice da entrega; era esse o cálice que Nosso Senhor estava dizendo. O nosso lugar é servir e amar Nosso Senhor. Não status, não fama, não likes

Mas, de fato, a resposta deles, embora eles não tivessem tanta noção, eles responderam corretamente. De fato, eles depois puderam dar um testemunho do Senhor, eles puderam dar a vida por causa de Nosso Senhor, mas Jesus aproveitou a oportunidade. Porque eles pediram um lugar no Reino à direita, à esquerda, e Jesus aproveitou para dar essa lição: “Olha, no mundo há uma competição, no mundo busca-se o primeiro lugar, busca-se a fama, o status, mas entre vocês, meus discípulos, não deve ser assim. O primeiro deve ser o último e aquele que serve”.

Jesus aproveitou a situação para dizer para aqueles discípulos e para dizer para nós: “Não busque fama, não busque status, busque me servir”. A nossa felicidade, a nossa alegria, o nosso verdadeiro lugar, desculpe, não é à direita ou à esquerda. O nosso lugar é servir, esse é o nosso lugar, esse é o seu lugar!

São Tiago Maior e os demais Apóstolos aprenderam que não era necessário buscar um lugar, não era necessário buscar status, mas era necessário servir a Nosso Senhor.

Meus irmãos, a fama não salva ninguém, aliás, através da fama muitos se perderam. Quem salva é Cristo. E quem se coloca ao Seu serviço, muitas vezes, não terá palmas do mundo, mas quem serve por amor a Ele terá a palma da vitória, terá a coroa da vitória. É esse o nosso lugar: servir e amar Nosso Senhor! Não status, não fama, não likes, não, não, não… O nosso lugar é o serviço.

Sirvamos ao Senhor, que Ele cresça e nós diminuamos!

 

 

Abençoe-vos o Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!

Padre Márcio Prado - Sacerdote da Comunidade Canção Nova. 

domingo, 24 de julho de 2022

7º Domingo do Tempo Comum - Rezar com o Coração de Cristo.

 Jesus escolheu os seus discípulos em oração. – Blog do Erivelton Figueiredo

Leitura (Gênesis 18,20-32)

Leitura do livro do Gênesis.

Naqueles dias, 20o Senhor disse a Abraão: “O clamor contra Sodoma e Gomorra cresceu, e agravou-se muito o seu pecado. 21Vou descer para verificar se as suas obras correspondem ou não ao clamor que chegou até mim”. 22Partindo dali, os homens dirigiram-se a Sodoma, enquanto Abraão ficou na presença do Senhor. 23Então, aproximando-se, disse Abraão: “Vais realmente exterminar o justo com o ímpio? 24Se houvesse cinquenta justos na cidade, acaso irias exterminá-los? Não pouparias o lugar por causa dos cinquenta justos que ali vivem? 25Longe de ti agir assim, fazendo morrer o justo com o ímpio, como se o justo fosse igual ao ímpio. Longe de ti! O juiz de toda a terra não faria justiça?” 26O Senhor respondeu: “Se eu encontrasse em Sodoma cinquenta justos, pouparia por causa deles a cidade inteira”. 27Abraão prosseguiu, dizendo: “Estou sendo atrevido em falar a meu Senhor, eu que sou pó e cinza. 28Se dos cinquenta justos faltassem cinco, destruirias, por causa dos cinco, a cidade inteira?” O Senhor respondeu: “Não destruiria se achasse ali quarenta e cinco justos”. 29Insistiu ainda Abraão e disse: “E se houvesse quarenta?” Ele respondeu: “Por causa dos quarenta, não o faria”. 30Abraão tornou a insistir: “Não se irrite o meu Senhor se ainda falo. E se houvesse apenas trinta justos?” Ele respondeu: “Também não o faria se encontrasse trinta”. 31Tornou Abraão a insistir: “Já que me atrevi a falar a meu Senhor, e se houver vinte justos?” Ele respondeu: “Não a iria destruir por causa dos vinte”. 32Abraão disse: “Que o meu Senhor não se irrite se eu falar só mais uma vez: e se houvesse apenas dez?” Ele respondeu: “Por causa dos dez, não a destruiria”.

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 137/138

Naquele dia em que gritei, vós me escutastes, ó Senhor!

Ó Senhor, de coração eu vos dou graças

porque ouvistes as palavras dos meus lábios!

Perante os vossos anjos vou cantar-vos

e ante o vosso templo vou prostrar-me.

 

Eu agradeço vosso amor, vossa verdade,

porque fizestes muito mais que prometestes;

naquele dia em que gritei, vós me escutastes

e aumentastes o vigor da minha alma.

 

Altíssimo é o Senhor, mas olha os pobres

e de longe reconhece os orgulhosos.

Se no meio da desgraça eu caminhar,

vós me fazeis tornar à vida novamente;

quando os meus perseguidores me atacarem

e com ira investirem contra mim,

estendereis o vosso braço em meu auxílio

e havereis de me salvar com vossa destra.

 

Completai em mim a obra começada;

ó Senhor, vossa bondade é para sempre!

Eu vos peço: não deixeis inacabada esta obra que fizeram vossas mãos!

Leitura (Colossenses 2,12-14)

Leitura da carta de São Paulo aos Colossenses.

Irmãos, 12com Cristo fostes sepultados no batismo; com ele também fostes ressuscitados por meio da fé no poder de Deus, que ressuscitou a Cristo dentre os mortos. 13Ora, vós estáveis mortos por causa dos vossos pecados, e vossos corpos não tinham recebido a circuncisão, até que Deus vos trouxe para a vida, junto com Cristo, e a todos nós perdoou os pecados. 14Existia contra nós uma conta a ser paga, mas ele a cancelou, apesar das obrigações legais, e a eliminou, pregando-a na cruz.

Palavra do Senhor.

Evangelho (Lucas 11,1-13)

Aleluia, aleluia, aleluia.

Recebestes o Espírito de adoção; é por ele que clamamos: Abá, Pai! (Rm 8,15)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.

1Jesus estava rezando num certo lugar. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos”. 2Jesus respondeu: “Quando rezardes, dizei: ‘Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. 3Dá-nos a cada dia o pão de que precisamos 4e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos os nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação'”. 5E Jesus acrescentou: “Se um de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: ‘Amigo, empresta-me três pães, 6porque um amigo meu chegou de viagem e nada tenho para lhe oferecer’, 7e se o outro responder lá de dentro: ‘Não me incomodes! Já tranquei a porta, e meus filhos e eu já estamos deitados; não me posso levantar para te dar os pães’, 8eu vos declaro: mesmo que o outro não se levante para dá-los porque é seu amigo, vai levantar-se ao menos por causa da impertinência dele e lhe dará quanto for necessário. 9Portanto, eu vos digo, pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto. 10Pois quem pede, recebe; quem procura, encontra; e, para quem bate, se abrirá. 11Será que algum de vós que é pai, se o filho pedir um peixe, lhe dará uma cobra? 12Ou ainda, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? 13Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem!”

Palavra da salvação.

Reflexão

O Evangelho segundo S. Lucas tem um traço específico que o distingue dos outros três relatos evangélicos: é a presença constante de Cristo em oração. De fato, são pelo menos nove as vezes em que S. Lucas diz explicitamente, interrompendo de um modo um tanto "abrupto" o correr da narrativa, que Jesus se recolheu para rezar ao Pai. E qual não devia ser a fascinação de que eram tomadas as pessoas ao verem o Senhor rezando! Prova disso é o que os discípulos hoje lhe pedem: "Senhor, ensina-nos a rezar", pedido, aliás, que só se explica se eles antes tiverem visto o exemplo de oração que de hora em hora lhes dava o Mestre. Precisamos aprender a rezar, não no sentido de que nos é necessário aprender esta ou aquela língua, mas porque só é possível falar a Deus com um coração novo e diferente.

E é só de Jesus que o podemos aprender, já que foi ele, Verbo encarnado, quem trouxe para esta terra de exílio aquele hino de louvor que é entoado ao Pai nas moradas celestes. Jesus tem, portanto, o único Coração capaz de rezar verdadeiramente, e é esse mesmo Coração que o Espírito Santo, derramado em nossa alma, gera em nosso peito para que também nós, elevados pela graça à condição de filhos adotivos, possamos clamar com verdade: "Aba!" Por isso, pedir a Cristo que nos ensine a orar, mais do que solicitar uma "receita", uma fórmula, uma prece pronta, é pedir que ele opere em nós essa configuração radical do nosso coração, agitado e inquieto, ao seu Coração sagrado, todo entregue às coisas de Deus. Imploremos hoje ao Espírito Santo que venha sobre nós, faça-nos ver que é na oração que está o nosso único necessário e dê-nos, por fim, o auxílio oportuno para sermos atentos e perseverantes neste santo exercício de intimidade com o Senhor. 

 

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sábado, 23 de julho de 2022

16ª Semana do Tempo Comum - O que somos: joio ou trigo?

 WE MUST REFRAIN FROM DISMISSING OTHERS | A CHRISTIAN PILGRIMAGE

Leitura (Jeremias 7,1-11)

Leitura do livro do profeta Jeremias.

7 1 A palavra do Senhor foi nestes termos dirigida a Jeremias:

2 Vai à porta do templo do Senhor; lá pronunciarás este discurso: escutai a palavra do Senhor, vós todos, povos de Judá, que entrais por estas portas para vos prosternar diante dele.

3 Eis o que diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: reformai vosso procedimento e a maneira de agir, e eu vos deixarei morar neste lugar.

4 Não vos fieis em palavras enganadoras, semelhantes a estas: Templo do Senhor, templo do Senhor, aqui está o templo do Senhor.

5 Se reformardes vossos costumes e modos de proceder, se verdadeiramente praticardes a justiça;

6 se não oprimirdes o estrangeiro, o órfão, a viúva; se não espalhardes neste lugar o sangue inocente e não correrdes, para vossa desgraça, atrás dos deuses alheios,

7 então permitirei que permaneçais neste lugar, nesta terra que dei a vossos pais por todos os séculos.

8 Vós, contudo, vos fiais em fórmulas enganadoras que de nada vos servirão.

9 Roubais, matais, cometeis adultérios, prestais juramentos falsos; ofereceis incenso a Baal e procurais deuses que vos são desconhecidos;

10 E depois, vindes apresentar-vos diante de mim, nesta casa em que foi invocado meu nome, e exclamais: Estamos salvos! - para, em seguida, recomeçar a cometer todas essas abominações.

11 É, por acaso, a vossos olhos uma caverna de bandidos esta casa em que meu nome foi invocado? Também eu o vejo - oráculo do Senhor.

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 83/84

Quão amável, ó Senhor, é vossa casa!

Minha alma desfalece de saudades

e anseia pelos átrios do Senhor!

Meu coração e minha carne rejubilam

e exultam de alegria no Deus vivo!

 

Mesmo o pardal encontra abrigo em vossa casa,

e a andorinha ali prepara o seu ninho,

para nele seus filhotes colocar:

vossos altares, ó Senhor Deus do universo!

Vossos altares, ó meu rei e meu Senhor!

 

Felizes os que habitam vossa casa;

para sempre haverão de vos louvar!

Felizes os que em vós têm sua força,

caminharão com um ardor sempre crescente.

 

Na verdade, um só dia em vosso templo

vale mais do que milhares fora dele!

Prefiro estar no limiar de vossa casa

a hospedar-me na mansão dos pecadores!

Evangelho (Mateus 13,24-30)

Aleluia, aleluia, aleluia.

Acolhei docilmente a palavra semeada em vós, meus irmãos; ela pode salvar vossas vidas! (Tg 1,21)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.

13 24 Jesus propôs outra parábola: “O Reino dos céus é semelhante a um homem que tinha semeado boa semente em seu campo.

25 Na hora, porém, em que os homens repousavam, veio o seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e partiu.

26 O trigo cresceu e deu fruto, mas apareceu também o joio.

27 Os servidores do pai de família vieram e disseram-lhe: “Senhor, não semeaste bom trigo em teu campo? Donde vem, pois, o joio?"

28 Disse-lhes ele: "Foi um inimigo que fez isto!" Replicaram-lhe: "Queres que vamos e o arranquemos?"

29 "Não", disse ele; "arrancando o joio, arriscais a tirar também o trigo.

30 Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifadores: arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para o queimar. Recolhei depois o trigo no meu celeiro".

Palavra da Salvação.

Reflexão

Pensavam os judeus que, com a vinda do Messias, teriam fim todas as consequências do pecado: os homens viveriam em paz, o reino de Israel triunfaria de uma vez para sempre de seus inimigos e já não existiria mais sofrimento na terra. Esta interpretação, que confunde em uma só a primeira e a segunda vinda de Cristo, foi uma das razões por que muitos israelitas se negaram a crer em Nosso Senhor: se Ele, com efeito, era mesmo o Messias, não poderia nunca ter sucumbido a seus perseguidores nem ser morto à vista de todos numa cruz. Nós porém, iluminados por melhor luz, sabemos que Jesus é de fato o Cristo anunciado pelos profetas, e que a sua primeira vinda não implica o fim definitivo dos males deste mundo, porque isto está reservado para o seu retorno glorioso no Fim dos Tempos, quando enfim virão à luz novos céus e nova terra. Enquanto isso, o que tem lugar na história é a chamada economia sacramental, ou seja, o tempo em que a Igreja milita na terra, pregando às inteligências o Evangelho e confortando as vontades com os sacramentos. E, por estar presente em um mundo onde impera o mal, também a Igreja de Cristo tem de lutar contra os poderes das trevas. Jesus mesmo o quis dar a entender por meio da parábola do trigo e do joio. O trigo simboliza o fruto de santidade e justiça que há no seu Reino, ao passo que o joio indica tudo o que o maligno, por suas mentiras e tentações, semeia entre os fiéis: pecados, heresias, cismas, escândalos, infidelidades, tudo o que, numa palavra, encobre e sufoca o trigo. Também Jesus precisou opor-se fortemente aos semeadores de cizânia, isto é, aos escribas fariseus, que no meio da pregação do Evangelho semeavam discórdia, desconfiança e calúnias, dizendo que o Senhor contrariava a Lei mosaica, transgredia o sábado, comia com pecadores e prostitutas, tinha parte com demônio e em nome dele expulsava os espíritos malignos, e desta forma arrancavam do coração dos israelitas a boa semente da fé que a tanto custo Jesus havia semeado [1]. Hoje, são muitos os que, dentro e fora da Igreja, desprezam a doutrina e disciplina evangélicas, servindo assim como semenetes podres na mão do homo inimicus, isto é, do diabo. Mas não tenhamos medo: assim como Cristo venceu o mundo por sua cruz gloriosa, assim também o podemos vencer todos os dias, se formos fiéis ao que o Senhor nos ensina e ordena, se nos servirmos dos meios que Ele deixou para sermos trigo bom, se continuarmos a pedir-lhe, incansáveis na esperança, que volte o quanto antes: “Vinde, Senhor Jesus!”Referências

 

 

  1. Cf. Cornélio a Lapide, Commentaria in S. Scripturam. Neapoli, 1857, vol. 8, p. 224.

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