terça-feira, 31 de julho de 2012
POR QUE TANTOS ESTUPROS?
Por que ainda há tanto estupros no Brasil?
Estou assustado com o aumento do número de estupros em nosso país. A TV Bandeirantes (27 de julho de 012) mostrou um caso em que, dentro de casa, uma esposa foi violentada na frente do esposo, amarrado. Que absurdo! Insanidade!
Não há como não perguntar quais as causas de tanta violência aliada com imoralidade, desrespeito e crueldade. Só comecei a ouvir a palavra “estupro” depois de jovem, porque na minha infância e adolescência eu nunca tinha ouvido falar nessa palavra. Não havia casos de estupro; ao menos não se falava disso.
Penso que as causas são muitas; entre elas, certamente, a falta de mais policiamento ostensivo; mas como garantir que a polícia seja onipresente; especialmente nos locais mais escondidos? Não há policiais suficientes. Não podemos, portanto, jogar a culpa nas costas da polícia. Penso que nem mesmo se houvesse um policial em cada rua os estupros não seriam eliminados.
O problema mais profundo dessa insanidade é certamente a falta de educação das pessoas, especialmente a falta de formação moral. E de quem é a culpa? Antes de tudo da destruição das famílias. Quantas crianças e jovens crescem sem a mínima educação cívica, moral e religiosa, porque não têm família; não tem um pai que lhe dê uma boa educação, que corrija seus erros e incentive as virtudes. A proliferação do divórcio, a facilidade com que se adultera, o incitamento ao sexo “fácil e seguro”, etc., destruíram muitas famílias e deixaram muitos jovens sem a mínima formação moral.
Como disse o Papa João Paulo II, muitas pessoas vivem como se Deus não existisse; então, a moral divina fica desprezada, o sexo usado apenas como meio de prazer, sem compromisso, ainda que alcançado com violência e crime. O Papa Bento XVI disse também que o homem moderno “construiu um mundo repleto de prazer, glória e tecnologia, mas que não tem lugar para Deus”. Suas leis são desprezadas e pisoteadas. Assim, o sexto e nono Mandamentos, sagrados, são completamente violentados. O sexo acintoso está em toda parte como nunca visto antes. Há um sexismo desumano e bestial, incentivado de muitas maneiras; e, sem dúvida, fomenta os estupros.
A internet jorra o mais vil sexo despudorado; as revistas eróticas estão transbordando nas bancas de revistas; a educação sexual deturpada incentiva a prática sexual antes do casamento e incentiva os jovens a irem ao seu encontro com a farta distribuição de camisinhas; e agora ainda há a distribuição da pílula abortiva do dia seguinte que estimula ainda mais uma libido já extremamente excitada. A televisão, em muitos programas explora de muitas maneiras o sexo libertino, seja em atividades de auditório, seja em novelas, filmes, etc… O sexo vil se tornou objeto de consumo, de IBOPE, e de promoção de muitos.
O que podemos esperar de tudo isso?
Os jovens e adultos equilibrados, educados e, especialmente os que contam com a graça de Deus, conseguem, mesmo neste mar de lama e iniquidade, com grande esforço, viver uma moralidade sadia e uma vida sexual harmoniosa, casta, seja casado ou solteiro. Mas, muitos estão fora dessa realidade, e vivem abandonados ao pecado da carne, e ainda motivados de muitas maneiras por uma sociedade e governo que estimulam, incentivam e aplaudem o desprezo à castidade e à pureza.
O que esperar disso? Estupros, meninas grávidas, abortos, crimes sexuais, bestialidades… Penso que Sodoma, Gomorra, Roma e Pompeia se envergonhariam do que vemos hoje.
A sociedade calca aos pés a Lei Sagrada de Deus, zomba do que é sagrado, profana a moral e mergulha nas trevas do pecado, da morte e do desespero.
Prof. Felipe Aquino
LITURGIA DIÁRIA - A PARÁBOLA DO JOIO.
Primeira Leitura: Jeremias 14, 17-22
Leitura do livro do profeta Jeremias - 17E tu lhes dirás: Que se me fundam em lágrimas os olhos, noite e dia sem descanso, porquanto de um golpe horrível foi ferida a virgem, filha de meu povo, e sua chaga não tem cura! 18Se saio pelos campos, encontro homens atravessados pela espada; e se regresso à cidade, eu vejo outros passando pelo tormento da fome. Até o profeta e o sacerdote perambulam sem rumo pela terra. 19Repelistes Judá, de verdade, e vossa alma se desgostou de Sião? Por que nos feristes de mal incurável? Esperamos a salvação; nada, porém, existe de bom; aguardamos a era de soerguimento, mas só vemos o terror! 20Senhor! Conhecemos nossa malícia e a iniquidade de nossos pais. (Bem sabemos) que pecamos contra vós. 21Pela honra, porém, de vosso nome, não nos abandoneis, nem desonreis o vosso trono de glória. Lembrai-vos! E não rompais o pacto que conosco firmastes. 22Haverá, entre os vãos ídolos dos pagãos, algum que provoque a chuva? Ou é o céu que proporciona os aguaceiros? Não! Sois vós, Senhor, nosso Deus, vós, em quem depositamos nossa esperança; vós, que todas essas coisas haveis criado. - Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial(78)
REFRÃO: Por vosso nome e vossa glória,
libertai-nos!
1. De nossos antepassados esqueçais as culpas; vossa
misericórdia venha logo ao nosso encontro, porque estamos reduzidos a extrema
miséria. - R.
2. Ajudai-nos, ó Deus salvador, pela glória de vosso
nome; livrai-nos e perdoai-nos os nossos pecados pelo amor de vosso nome. -
R.
3. Cheguem até vós os gemidos dos cativos: livrai, por
vosso braço, os condenados à pena de morte. - R.
4. Quanto a nós, vosso povo e ovelhas de vosso rebanho,
glorificaremos a vós perpetuamente; de geração em geração cantaremos os vossos
louvores. - R.
Evangelho: Mateus 13, 36-43
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus -
Naquele tempo, 36Então despediu a multidão. Em seguida, entrou de
novo na casa e seus discípulos agruparam-se ao redor dele para perguntar-lhe:
Explica-nos a parábola do joio no campo. 37Jesus respondeu: O que
semeia a boa semente é o Filho do Homem. 38O campo é o mundo. A boa
semente são os filhos do Reino. O joio são os filhos do Maligno. 39O
inimigo, que o semeia, é o demônio. A colheita é o fim do mundo. Os ceifadores
são os anjos. 40E assim como se recolhe o joio para jogá-lo no fogo,
assim será no fim do mundo. 41O Filho do Homem enviará seus anjos,
que retirarão de seu Reino todos os escândalos e todos os que fazem o mal
42e os lançarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de
dentes. 43Então, no Reino de seu Pai, os justos resplandecerão como o
sol. Aquele que tem ouvidos, ouça. - Palavra da salvação.
catolicanet.comHomilia - Pe Bantu
Jesus Cristo, no decurso do seu ministério, por várias vezes fez uso das Parábolas. Hoje os discípulos pedem que eles lhes explique o significado da do Joio e do Trigo.
Por solicitação dos seus apóstolos, Jesus explicou o verdadeiro sentido da Parábola: “O que semeou boa semente é o filho do Homem (Jesus). O campo é o mundo, e a boa semente são os filhos do Reino, e o joio são os filhos do maligno. O inimigo que o semeou é o Espírito das trevas, e a ceifa é o fim da mundo, e os ceifeiros são os anjos. Assim como o joio escolhido e queimado no fogo, assim será na consumação deste mundo. Mandará o Filho do Homem os seus anjos e eles colherão do seu Reino tudo o que causa escândalo, e os que cometem iniqüidades, e lançá-los-ão na fornalha de fogo, onde haverá prantos e ranger de dentes. Então os justos resplandecerão como a sol no reino de seu Pai.”
E claro, na Parábola, que o trigo simboliza as criaturas boas, caridosas, misericordiosas, que cumprem a vontade de Deus. O joio, por sua vez, representa os indivíduos maldosos, que vivem praticando iniqüidades, criminosos contumazes que se revoltam contra as leis de Deus. Deus, em sua infinita misericórdia, permite que todos vivam juntos no mundo, pois, pela vivência e exemplos recíprocos, muitos homens maus poderão tomar a decisão de palmilhar o caminho do Bem.
Enquanto o nosso mundo estiver no estágio de “Mundo de Provas e Expiações”, essa situação prevalecerá, pois é indubitável que, pelas expiações penosas, muitos indivíduos maldosos se regenerarão, passando a alimentar sentimentos mais nobres e distanciados da maldade. Desta forma, o Pai do céu está propiciando a seus filhos mais uma de suas incontáveis oportunidades.
Entretanto, como os novos tempos se aproximam, quando chegar o fim do mundo, quando todos serão julgados cada um segundo o que tiver feito, então, nessa nova fase, os maus, os obstinados, os rebeldes recalcitrantes, os criminosos contumazes já não nascerão mais neste mundo, mas renascerão em mundos menos felizes, em mundos onde imperam a dor e a aflição, onde haverá “prantos e ranger de dentes”, pois, da mesma forma como aconteceu com a raça adâmica, lamentarão terem perdido o “Paraíso”.
Não obstante, as teologias têm interpretado essa Parábola dos modos mais dispares, com fundamento no diabo, no pecado original, na divindade de Jesus, na Salvação pelo sacrifício no Calvário, na Ressurreição, no fim dos tempos e no Juízo Final. Numa dessas interpretações, eles sustentam que Deus criou – mundo, para que nele houvesse somente a plantação do bom trigo, ou seja, que nele habitassem apenas criaturas boas e virtuosas, como se o nosso mundo já pertencesse à categoria de Mundo Feliz, servindo de morada apenas para os justos.
No entanto, a famigerada e incrível “transgressão” cometida por Adão e Eva originou o chamado “pecado original”, dando, assim, margem à larga semeadura do joio, tendo, como ponto inicial o assassinato de Abel pelo seu irmão Caim. O mundo, que deveria ser um eterno paraíso, onde apenas reinasse o Bem, passou, também, a servir para a proliferação do mal, dos genocídios, dos estupros, dos sequestros e dos desregramentos de todos os matizes, tornando-se, assim, um campo fértil para a germinação do joio.Noutra interpretação, ainda afirmam essas teologias que o personagem central que fez a semeadura do joio foi o decantado diabo, ou Espírito das trevas que, desta forma, se contrapôs à vontade de Deus. Acreditando piamente na existência do utópico Satanás, passam, deste modo, a admitir que ele próprio comandou a semeadura do joio.
Numa terceira interpretação também as teologias concebem que o sacrifício de Jesus na Cruz teve por escopo tomar sobre seus ombros os pecados de todos os homens e mulheres do mundo, desde que passassem a crer nele e fossem “batizados”. Com esse simplório batismo pela água, o pecador ficaria redimido de todos os seus erros, e, passando a acreditar em Jesus, faria jus ao acesso aos Céus, de forma miraculosa, sem maiores esforços e sem dar apreço à sentença do Mestre: “A cada um será dado segundo as suas obras.”
segunda-feira, 30 de julho de 2012
A FÉ DA IGREJA APOSTÓLICA NOS PRIMEIROS SÉCULOS.
1) “Considera agora qual deles é de maior valor: o pão
dos anjos ou a Carne de Cristo, que é o corpo da vida.
Aquele maná vem do céu; este está
acima do céu.
Aquele, do céu; este, do Senhor dos céus.
Aquele é corruptível, se guardado para o dia seguinte; este é totalmente imune de corrupção e quem o tomar piedosamente não poderá experimentar a corrupção.
Para aqueles brotou a água da pedra; para ti, o Sangue de Cristo.
Àqueles, por um momento, a água saciou; a ti o Sangue do Senhor refresca para sempre.
O povo antigo bebe e tem sede; tu, ao beberes, não podes mais sentir sede, pois, de fato, aquilo era sombra, enquanto isto é realidade“. (Santo Ambrósio, século IV).
Aquele, do céu; este, do Senhor dos céus.
Aquele é corruptível, se guardado para o dia seguinte; este é totalmente imune de corrupção e quem o tomar piedosamente não poderá experimentar a corrupção.
Para aqueles brotou a água da pedra; para ti, o Sangue de Cristo.
Àqueles, por um momento, a água saciou; a ti o Sangue do Senhor refresca para sempre.
O povo antigo bebe e tem sede; tu, ao beberes, não podes mais sentir sede, pois, de fato, aquilo era sombra, enquanto isto é realidade“. (Santo Ambrósio, século IV).
Eis, Amigos, a graça incomensurável dos
sacramentos da Igreja, instituídos pelo Cristo nosso Deus: Eles nos dão de modo
definitivo e real, nos gestos, palavras e símbolos do rito litúrgico, aquilo que
era prefigurado na história do antigo povo de Deus! Sem liturgia não há
cristianismo pleno e verdadeiro…
2) “Coisa admirável o ter Deus feito chover o maná para
sustentar com o alimento celeste os patriarcas. Por isso se disse: O homem comeu
o pão dos anjos. No entanto, aqueles que comeram deste pão,todos eles morreram
no deserto; o alimento, porém, que tu recebes, pão vivo que desceu do céu,
comunica a substância da vida eterna e quem quer que dele comer não morrerá
eternamente, pois é o corpo de Cristo.” (Santo Ambrósio, século
IV).
Como pode um cristão pensar em ser fiel à fé
da Igreja e das Escrituras negando uma convicção que provém dos primórdios da
Igreja de Cristo, da fé mesma de nossos pais? Pense
nisto!
3)Ӄ realmente a verdadeira carne de Cristo que foi
crucificada, sepultada; é verdadeiramente o sacramento desta carne. O próprio
Senhor Jesus declara: Isto é o meu corpo.
Antes da bênção das palavras celestes
era outra realidade; depois da consagração, entende-se o corpo.
Ele mesmo diz que é seu sangue.
Antes da consagração é outra coisa; depois da consagração, chama-se sangue.
E tu dizes: “Amém”; o que quer dizer: “É verdade”.
Confesse o nosso interior o que proclamam os lábios, sinta o afeto o que a palavra soa” (Santo Ambrósio de Milão, séc. IV).
Ele mesmo diz que é seu sangue.
Antes da consagração é outra coisa; depois da consagração, chama-se sangue.
E tu dizes: “Amém”; o que quer dizer: “É verdade”.
Confesse o nosso interior o que proclamam os lábios, sinta o afeto o que a palavra soa” (Santo Ambrósio de Milão, séc. IV).
4) ”Fixemos o olhar no sangue de Cristo e vejamos o
quanto ele é precioso junto a Deus, Seu Pai, porque, derramado pela nossa
salvação, levou a todo o mundo a graça do arrependimento” - São Clemente Romano – terceiro Sucessor de Pedro, séc.
I.
5) ”Sei que sois bem dispostos com fé indefectível e
credes plenamente no nosso Senhor. (Ele) por nós penetrado na carne por cravos –
nós somos fruto desta bendita e divina paixão! – para elevar, com a Sua
ressurreição, um estandarte pelos séculos e reunir no corpo uno da Sua Igreja o
Seus santos e os Seus crentes. Ele suportou todos estes sofrimentos por nós,
para que fôssemos salvos; e sofreu realmente, como realmente ressuscitou! Eu sei
e creio que mesmo depois da ressurreição, Jesus Cristo era na carne. E quando Se
aproximou daqueles que estavam ao redor de Pedro… tocaram-nO e, ao contato com a
Sua carne e o Seu espírito, creram! Por isso eles desprezaram a morte e
triunfaram sobre ela. Para associar-me à Sua paixão, eu suporto qualquer
coisa!” - Santo Inácio da Antioquia,
bispo do século I, morto devorado pelas feras por causa de Cristo
Jesus.
Note:
(1) O santo mártir quer deixar claro que
Jesus não é uma lenda: é real! Cremos a partir de fatos reais, de uma dolorosa
paixão muito concreta e de uma ressurreição muito real! Num mundo de tantos
mitos, cremos numa Realidade maravilhosa!
(2) Por terem visto e tocado de verdade
e na verdade, nossos primeiros irmãos não tiveram medo das privações e da morte:
por Cristo morto e ressuscitado enfrentaram todos os sofrimentos e triunfaram
com Ele!
6) “A água viva murmura dentro de mim e me diz: ‘Vem
para o Pai!’ Não mais me deleitam o alimento corruptível nem os prazeres desta
vida. Desejo o ‘pão de Deus’, aquele pão que é a Carne de Jesus Cristo, filho de
Davi; quero por bebida o Seu Sangue, que é o amor incorruptível!“ - Santo Inácio – Bispo de Antioquia, séc.
I.
Observe: (1) A água que murmura é o Espírito Santo, que
nos atrai a Cristo e, por Ele, ao Pai, nossa última saudade. (2) Quanto mais o
Espírito de Cristo age em nós, menos os “alimentos” deste mundo nos atraem, nos
satisfazem. (3) O verdadeiro alimento, que sacia, que enche de paz e sentido é o
Cristo, que teremos eternamente no Céu e, já agora, no sacramento do Seu Corpo
real e verdadeiro de filho de Davi, humano, e do Seu Sangue derramado e
entregue, sinal de um amor eterno e incorruptível, aquele amor pelo qual tanto
ansiamos!
Conclusão
Note, meu Amigo, como é belo ser
católico: guardamos a mesmíssima fé, professada sem
interrupção desde os primórdios: a nossa é a fé de Pedro e de Paulo, de Inácio
de Antioquia, de Policarpo de Esmirna, de Irineu de Lião, de Lourenço, de
Ambrósio, de Atanásio de Alexandria e de Agostinho de Hipona. É a fé que vem dos
Apóstolos e subsistirá, pela assistência do Santo Espírito, até o fim dos
tempos!
Dom Henrique Soares da
Costa
ARTE OU DESRESPEITO? CONHEÇA AS NOVAS VERSÕES DE MARIA.
O artista Soasig Chamaillard está dando o que falar!!
Soasig criou uma série de esculturas polêmicas da Virgem Maria vestida como Sailor Moon, Power Ranger rosa, My Little Pony, versão vampira (crepúsculo), Super Mario e outros.
Veja abaixo, as diferentes versões de Maria por Soasig Chamaillard:
Versão “Hello Maria”
Versão “Power Virgem Maria”
Versão “Crepúsculo”
Versão “My Little Virgem Maria”
Versão “Barbie Virgem”:
Versão “Maria, a Rainha do Deserto”
Versão “Holy Pocket”
Versão “Rock in Maria”
Versão “Sailor Moonria”
Versão “Miss Divindade”
Versão “Maria Mamilos polêmicos”
Versão “Virgem Maria Estelar”
Versão “Super Maria”
Quer conhecer mais sobre o trabalho de Soasig Chamaillard?? http://www.soasig-chamaillard.com
Fonte Tô Passada
NOTA DO BLOG: SÓ PODEMOS LAMENTAR. Não sou um profundo conhecedor sobre o assunto, nem tenho tal pretensão, mas usar a iconografia religiosa de forma a desrespeitar, ofender e inverter a ordem social, faz o trabalho perder seu real objetivo. A arte deixa de ser arte e passa a ser Blasfêmia. A arte pode até ser complexa, como de fato o é, pode ainda ser aberta a várias interpretações como muitos assim a defendem, mas, mesmo um total e completo ignorante nesse assunto, entende que a obra do artista é no mínimo ofensiva e desrespeitosa.
CONVERSÃO DE CRIMINOSOS NA PRISÃO É VERDADEIRA?
O programa Fantástico, veiculado pela TV Globo, mostrou cenas que intrigaram e causaram impacto no público. No pátio da penitenciária de Tremembé, Suzane Von Richthofen e Anna Carolina Jatobá, ambas condenadas por crimes bárbaros e cruéis, andavam e conversavam descontraidamente.
A narração de Valmir Salaro trouxe a informação mais chocante: Suzane agora é pastora evangélica e prega entre as detentas do local.
Além de Suzane, outros condenados por crimes hediondos também revelaram que se converteram, entre eles, Anna Carolina Jatobá, o goleiro Bruno Fernandes, o ator Guilherme de Pádua, para citar os mais conhecidos.
Em comum, eles têm na ficha policial crimes contra membros da própria família, pais, enteadas e namoradas.
“Não há como determinar se a conversão de uma pessoa é verdadeira ou não, pois isso é de ordem interior e espiritual”, segundo o apologista e doutor em Filosofia das Religiões Alex Belmonte. Segundo ele, o real convertido pode ser conhecido por suas obras e frutos, e que só com o tempo esses fatores podem ser observados.
Já a notícia de que alguns deles se tornaram pastores, Belmonte diz que não acredita no sucesso de líderes religiosos formados sem a estrutura acadêmica e espiritual necessária.
Para o estudioso, é necessário não somente um curso teológico ministrado por mestres teólogos experientes, mas também um conteúdo teológico, o exame realizado antes de assumir o ministério e, principalmente, o tempo e experiência na jornada cristã.
Ele explica que o termo “pastor” hoje em dia se tornou objeto de status, o que leva a distorções no uso do termo. “Isso leva muitas vezes a gerar um pastor que não pastoreia, um bispo que não conhece o episcopado, um apóstolo que não é enviado”.
Segundo ele, entre as denominações que ainda zelam por ter uma estrutura e boa formação de seus ministros estão a batista, presbiteriana, wesleyana e alguns assembleianos de nova geração.
Tomada de decisão
O fato de uma pessoa estar presa muitas vezes à leva a refletir seriamente e tomar decisões quando está no cárcere. “É a hora de tomar decisões e fazer escolhas forçadas pelas consequências violentas das decisões e escolhas erradas do passado.”
Ele explica que o detento tem muitas possibilidades de escolha, entre elas se converter a Cristo. Mas isso significa que também pode optar em continuar fazendo escolhas erradas.
Outras “conversões” podem ainda possuir caráter meramente temporário, pois são baseadas na emoção.
No caso de desvios de caráter ou mesmo problemas de ordem mental, ele diz que o poder do Evangelho pode tirar a pessoa da escravidão do pecado, pois ela se torna livre para ser um canal de bênçãos para a sociedade.
Mas o discipulado e a assistência pastoral são fundamentais para tratar a pessoa nos campos espiritual e psicológico. “E é justamente isso que Jesus fez: cuidou da saúde mental e espiritual das pessoas”, resume.
Fonte: Gospel Prime
LITURGIA DIÁRIA - A LINGUAGEM DAS PARÁBOLAS
Primeira Leitura: Jeremias 13, 1-11
XVII SEMANA COMUM*
(verde - ofício do dia)
(verde - ofício do dia)
Leitura do livro do profeta Jremias - 1Disse-me o Senhor: Vai e compra um cinto de linho e coloca-o sobre os rins, sem contudo mergulhá-lo na água. 2Comprei-o, conforme ordenara o Senhor, e com ele me cingi. 3Pela segunda vez, assim me falou o Senhor: 4Toma o cinto que compraste e que trazes contigo e encaminha-te para as margens do Eufrates. Lá ocultarás esse cinto na cavidade de um rochedo. 5Fui assim escondê-lo, junto do Eufrates, como me havia dito o Senhor. 6Tempos depois, voltou o Senhor a dizer-me: Põe-te a caminho em demanda das margens do Eufrates, a fim de buscar o cinto que, conforme minhas ordens, lá escondeste. 7Dirigi-me, então, ao rio e, tendo cavado, retirei o cinto do local onde o escondera. O cinto, porém, apodrecera, e para nada mais servia. 8Então, nestes termos, foi-me dirigida a palavra do Senhor: 9Eis o que diz o Senhor: assim também destruirei a soberba de Judá, e o orgulho imenso de Jerusalém. 10Esse povo perverso que recusa executar-me as ordens, que segue os pendores do coração empedernido, que corre aos deuses estranhos para render-lhes homenagens e prostrar-se ante eles, tornar-se-á semelhante a esse cinto sem mais serventia alguma. 11É semelhança de um cinto que se prende aos rins de um homem, assim uni a mim toda a casa de Israel e toda a casa de Judá - oráculo do Senhor -, a fim de que constituíssem meu povo, minha honra, glória e ufania. Elas, porém, não obedeceram. - Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial(Dt 32)
REFRÃO: Esqueceram o Deus que os
gerou.
1. Abandonaste o rochedo que te gerou e esqueceste Deus
que te formou! Ao ver tais coisas, o Senhor indignou-se com seus filhos e suas
filhas, - R.
2. e disse: vou ocultar-lhes o meu rosto e ver o que
lhes sucederá...Pois são uma geração perversa, filhos sem lealdade. -
R.
3. Excitaram o meu ciúme com coisas que não são Deus,
magoaram-me com suas idolatrias; também eu excitarei o seu ciúme com gente que
não constitui um povo; magoá-los-ei com uma nação insensata. - R.
Evangelho: Mateus 13, 31-35
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus -
Naquele tempo, 31Em seguida, propôs-lhes outra parábola: O Reino dos
céus é comparado a um grão de mostarda que um homem toma e semeia em seu campo.
32É esta a menor de todas as sementes, mas, quando cresce, torna-se
um arbusto maior que todas as hortaliças, de sorte que os pássaros vêm
aninhar-se em seus ramos. 33Disse-lhes, por fim, esta outra parábola.
O Reino dos céus é comparado ao fermento que uma mulher toma e mistura em três
medidas de farinha e que faz fermentar toda a massa. 34Tudo isto
disse Jesus à multidão em forma de parábola. De outro modo não lhe falava,
35para que se cumprisse a profecia: Abrirei a boca para ensinar em
parábolas; revelarei coisas ocultas desde a criação (Sl 77,2). - Palavra da
salvação.
catolicanet.com
Homilia - Pe Bantu
Mais uma vez Jesus recorre ao uso das parábolas, definidas como história terrestre, possível de acontecer, com sentido celestial. Em várias delas o mestre ora usa os verbos no passado, ora no presente e ora ainda no futuro mas em todos os casos com a mesma finalidade: falar ao fundo do nosso ser, alheios ao que ocorre na superfície da nossa vida ou no fluir dos acontecimentos que nos rodeiam. Dirigidas quer aos eruditos quer aos ignorantes; quer aos modernos quer aos antiquados. As parábolas desafiam a ordem estabelecida, as estruturas sociais e os sistemas de contra valores. Desmascaram a vida injusta cotidiana. São um espelho. Através delas, o ouvinte vê a si próprio como é, e não como pretende ser. Elas forçam o ouvinte a reavaliar as pautas do próprio comportamento, pensamento e emoções. Sacodem-nos, induzindo-nos a reformar-nos e a renovar-nos. Tiram-nos do engano a respeito de nós mesmos e da falta de verdadeiros propósitos. Dizem-nos o que se deve e o que não se deve aceitar.
Manifestam a fidelidade definitiva de Deus que é amor e, como tal, resposta para todos os conflitos humanos.
Hoje Mateus nos apresenta duas parábolas que fazem parte do conjunto de sete presentes no capítulo 13 de seu Evangelho.
A intenção fundamental de Jesus é salientar a presença pouco percebida do Reino de Deus no mundo, porém real, efetiva e em processo de crescimento. O grão de mostarda semeado e o fermento na massa são expressões do Reino de Deus, realmente presente no mundo, na sua dimensão de humildade e simplicidade. Não como afirmação de poder, com ostentações de construções, rituais ou roupagens, mas pela transformação dos corações e das relações pessoais, no amor e na justiça, fundamentos do mundo novo querido pelo Pai. Em chocante contraste, vemos o país mais rico e poderoso do mundo que fala em nome da civilização cristã, contudo se destaca pela idolatria do dinheiro e por sua capacidade destrutiva. Jesus nos desperta para percebermos a presença do Reino nas multidões dos filhos de Deus, empobrecidos e excluídos, nas suas adversidades e privações, mas também em suas alegrias e esperanças, onde o amor, como um fermento na massa, está presente.
Fazendo um resumo diríamos que as duas parábolas são elaboradas a partir de imagens do ambiente familiar: um homem em seu campo e uma mulher em sua casa preparando o pão. Na primeira parábola são relativizadas as esperanças messiânicas de Israel como poderoso centro das nações, tomando-se como referência o pequeno grão de mostarda plantado por um camponês. E na segunda, com a mulher que coloca o discreto fermento na massa de farinha, levedando-a, temos o fermento do amor, que se diferencia do fermento da hipocrisia dos fariseus, sobre o qual Jesus adverte seus discípulos (Lc 12,1).
Portanto, em ambas, revela-se o Reino de Deus, realmente presente no mundo, na sua dimensão de humildade e simplicidade. Não como afirmação de poder, mas pela transformação dos corações e das relações pessoais, no amor e na justiça, fundamentos da nova sociedade possível.
domingo, 29 de julho de 2012
XVII DOMINGO DO TEMPO COMUM - A MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES
A
liturgia do 17º domingo comum dá-nos conta da preocupação de Deus em saciar a
“fome” de vida dos homens. De forma especial, as leituras deste domingo
dizem-nos que Deus conta conosco para repartir o seu “pão” com todos aqueles que
têm “fome” de amor, de liberdade, de justiça, de paz, de
esperança.
Na
primeira leitura, o profeta Eliseu, ao partilhar o pão que lhe foi oferecido com
as pessoas que o rodeiam, testemunha a vontade de Deus em saciar a “fome” do
mundo; e sugere que Deus vem ao encontro dos necessitados através dos gestos de
partilha e de generosidade para com os irmãos que os “profetas” são convidados a
realizar.
O
Evangelho repete o mesmo tema. Jesus, o Deus que veio ao encontro dos homens, dá
conta da “fome” da multidão que O segue e propõe-Se libertá-la da sua situação
de miséria e necessidade. Aos discípulos (aqueles que vão continuar até ao fim
dos tempos a mesma missão que o Pai lhe confiou), Jesus convida a despirem a
lógica do egoísmo e a assumirem uma lógica de partilha, concretizada no serviço
simples e humilde em benefício dos irmãos. É esta lógica que permite passar da
escravidão à liberdade; é esta lógica que fará nascer um mundo
novo.
Na
segunda leitura, Paulo lembra aos crentes algumas exigências da vida cristã.
Recomenda-lhes, especialmente, a humildade, a mansidão e a paciência: são
atitudes que não se coadunam com esquemas de egoísmo, de orgulho, de
auto-suficiência, de preconceito em relação aos
irmãos.
1
leitura: 2Re. 4,42-44 - AMBIENTE
As
tradições proféticas sobre Elias e Eliseu (os “ciclos” de Elias e Eliseu) ocupam
um espaço significativo no Livro dos Reis (cf. 1Re. 17,1-21,29; 2Re. 1,1-13,21).
Referem-se a um período bastante conturbado – quer em termos políticos, quer em
termos religiosos – da vida do Reino do Norte (Israel). Elias exerce a sua
missão profética durante os reinados de Acab (874-853 a.C.) e de Acazias
(853-852 a.C.); Eliseu dá o seu testemunho profético durante os reinados de
Jorão (853-842 a.C.), de Jeú (842-813 a.C.) e de Joacaz (813-797
a.C.).
Os
reis de Israel procuraram sempre estabelecer relações comerciais, econômicas,
políticas e militares com os povos circunvizinhos. Essa abertura de fronteiras
teve, no entanto, os seus custos em termos de fidelidade a Jahwé e à Aliança,
uma vez que os cultos aos deuses estrangeiros entravam no país e ocupavam um
lugar significativo na vida e no coração dos israelitas. É uma época de
sincretismo religioso, em que a religião jahwista é, com a complacência até com
o apoio declarado dos reis de Israel, preterida em favor dos cultos de Baal e de
Astarte. Em termos sociais, é uma época em que se multiplicam as injustiças
contra os pobres e as arbitrariedades contra os fracos. Tudo isto consubstancia
um quadro de graves infidelidades contra Deus e contra a
Aliança.
É
contra este quadro que se levantam Elias e Eliseu. Elias aparece como o
representante desses israelitas fiéis aos valores religiosos tradicionais, que
recusavam a coexistência de Jahwéh e de Baal no horizonte da fé de Israel; e a
luta de Elias será continuada por um dos seus discípulos –
Eliseu.
Parece
que Eliseu – o ator principal da primeira leitura deste domingo – fazia parte de
uma comunidade de “filhos de profetas” (os “benê nebi'im” – 2Re. 2,3; 4,1).
Trata-se de uma comunidade de homens que viviam pobremente (2Re. 4,1-7) e que
eram os seguidores incondicionais de Jahwéh. O Povo consultava-os regularmente e
buscava neles apoio face aos abusos dos poderosos. Eliseu é apresentado muitas
vezes, nas histórias narradas no “ciclo de Eliseu” (cf. 2Re. 2; 3,4-27;
4,1-8,15; 9,1-10; 13,14-21), como um profeta “dos milagres”, cujas ações mostram
a presença da força e da vida de Deus no meio do seu Povo. Outras vezes, Eliseu
é o profeta da intervenção política; a sua ação neste campo ultrapassa mesmo as
fronteiras físicas de Israel e chega a Damasco (cf. 2Re.
8,7-15).
MENSAGEM
O
texto que nos é proposto como primeira leitura conta que um homem de
Baal-Shalisha trouxe a Eliseu o “pão das primícias”: vinte pães de cevada e
trigo novo num saco. De acordo com Lv. 23,20, o pão das primícias devia ser
apresentado diante do Senhor e consagrado ao Jahwéh, embora depois revertesse em
benefício do sacerdote… Deve ser este costume que está subjacente ao episódio da
entrega dos pães a Eliseu.
Eliseu,
no entanto, não conservou os dons para si, mas mandou reparti-los pelas pessoas
que rodeavam o profeta. O “servo” do profeta não acreditava que os alimentos
oferecidos chegassem para cem pessoas; no entanto, chegaram e ainda
sobraram.
Estamos,
aqui, diante de uma sucessão de gestos que revelam generosidade e vontade de
partilhar: do homem que leva os dons ao profeta e do profeta que não os guarda
para si, mas os manda partilhar com as pessoas que o rodeiam. A descrição de uma
milagrosa multiplicação de pães de cevada e de grãos de trigo sugere que, quando
o homem é capaz de sair do seu egoísmo e tem disponibilidade para partilhar os
dons recebidos de Deus, esses dons chegam para todos e ainda sobram. A
generosidade, a partilha, a solidariedade, não empobrecem, mas são geradoras de
vida e de vida em abundância.
Este
relato fornecerá aos autores neo-testamentários o modelo literário em que se
inspirarão para apresentar os relatos evangélicos das multiplicações dos pães
(cf. Mc. 6,34-44; 8,1-10; Mt. 14,13-21; 15,32-38; Lc.
9,10-17).
ATUALIZAÇÃO
•
O “profeta” é um homem chamado por Deus e enviado a ser o rosto de Deus no meio
do mundo. Nas palavras e nos gestos do “profeta”, é Deus que Se manifesta aos
homens e que lhes indica a sua vontade e as suas propostas. No gesto de repartir
o pão para saciar a fome das pessoas, o “profeta” manifesta a eterna preocupação
de Deus com a “fome” do mundo (fome de pão, fome de liberdade, fome de
dignidade, fome de realização plena, fome de amor, fome de paz…) e a sua vontade
de dar aos homens vida em abundância… Não tenhamos dúvidas: Deus preocupa-Se,
todos os dias, em oferecer aos seus filhos vida em abundância. É Deus que nos
dá, dia a dia, o pão que mata a nossa fome de vida.
•
Como é que Deus atua para saciar a fome de vida dos homens? É fazendo chover do
céu, milagrosamente, o “pão” de que o homem necessita? A nossa primeira leitura
sugere que Deus atua de forma mais simples e mais normal… É através da
generosidade e da partilha dos homens (primeiro do homem que decide oferecer o
fruto do seu trabalho; depois, do profeta que manda distribuir o alimento) que o
“pão” chega aos necessitados. Normalmente, Deus serve-Se dos homens para
intervir no mundo e para fazer chegar ao mundo os seus dons. Muitas vezes
sonhamos com gestos espetaculares de Deus e vivemos de olhos fixos no céu à
espera que Deus Se digne intervir no mundo; e acabamos por não perceber que Deus
já veio ao nosso encontro e que Ele Se manifesta na ação generosa de tantos
homens e mulheres que praticam, sem publicidade, gestos de partilha, de
solidariedade, de doação, de entrega. É preciso aprendermos a detectar a
presença e o amor de Deus nesses gestos simples que todos os dias testemunhamos
e que ajudam a construir um mundo mais justo, mais fraterno e mais
solidário.
• Ao
mostrar que é através das ações dos homens que Deus sacia a fome do mundo, o
nosso texto convida-nos ao compromisso. Deus precisa de nós, da nossa
generosidade e bondade, para ir ao encontro dos nossos irmãos necessitados e
para lhes oferecer vida em abundância. Nós, os crentes, somos chamados a ser –
como o profeta Eliseu – testemunhas desse Deus que quer partilhar com os homens
o seu “pão”; e esse “pão” de Deus deve derramar-se sobre os nossos irmãos nos
nossos gestos de partilha, de generosidade, de solidariedade, de amor sem
limites.
2
leitura: Ef. 4,1-6 - AMBIENTE
A
carta aos Efésios (que temos vindo a refletir e cujo texto vai continuar a
acompanhar-nos nos próximos domingos) parece ser uma “carta circular”, enviada a
várias comunidades cristãs da parte ocidental da Ásia Menor, inclusive aos
cristãos de Éfeso. É considerada uma “carta de cativeiro”, escrita por Paulo da
prisão (os que aceitam a autoria paulina desta carta discutem qual o lugar onde
Paulo está preso, nesta altura, embora a maioria ligue a carta ao cativeiro de
Paulo em Roma entre 61/63).
De
qualquer forma, é um texto bem trabalhado, que apresenta uma catequese sólida e
bem elaborada. Poderia ser um texto da fase “madura” de Paulo. Alguns autores
consideram a Carta aos Efésios uma espécie de síntese do pensamento
paulino.
O
texto que hoje nos é proposto como segunda leitura é o início da parte moral e
parenética da carta (cf. Ef. 4,1-6,20). Temos, aí, uma espécie de “exortação aos
batizados”, na qual Paulo reflete longamente sobre a edificação e o crescimento
do “Corpo de Cristo”. Em termos sempre bastante concretos, Paulo dá pistas aos
cristãos acerca da forma como eles devem viver os seus compromissos com Cristo,
de forma a chegarem a ser Homens Novos.
MENSAGEM
O
nosso texto começa com uma referência ao fato de Paulo estar preso… A condição
de prisioneiro por causa de Jesus e do Evangelho dá um peso especial às
recomendações do apóstolo: são as palavras de alguém que leva tão a sério a
proposta de Jesus, que é capaz de sofrer e de arriscar a vida por
ela.
Na
perspectiva de Paulo, a vida nova exige, em primeiro lugar, que os crentes vivam
unidos em Cristo. Ora, há comportamentos e atitudes que são condição necessária
para que essa unidade se torne efetiva (vs. 2-3)… Antes de mais, Paulo refere a
humildade, pois só ela permite superar o egoísmo, o orgulho, a auto-suficiência
que afastam os irmãos e que erguem entre eles barreiras de separação; depois,
Paulo refere a mansidão, irmã da humildade, e qualidade que derruba barreiras na
comunhão; Paulo refere também a paciência, que permite ser tolerante e
compreensivo para com as falhas dos irmãos e que permite entender e aceitar as
diferentes maneiras de ser e de agir… Em resumo, trata-se, fundamentalmente, de
fazer com que a caridade presida às relações que estabelecemos uns com os
outros; o amor deve ser sempre o suporte das nossas relações humanas. A unidade
é um dom de Deus; mas a sua efetivação depende do contributo e do esforço de
cada irmão.
Na
segunda parte do nosso texto, Paulo apresenta um conjunto de elementos que
fundamentam a obrigatoriedade da unidade dos crentes: “há um só Corpo e um só
Espírito, como existe uma só esperança” na vida a que todos os crentes foram
chamados; “há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; há um só Deus e Pai de
todos, que está acima de todos, atua em todos e em todos se encontra” (vs. 4-6).
A menção do Pai, do Filho e do Espírito, neste contexto, sugere que a Trindade é
a fonte última e o modelo da unidade que os cristãos devem viver, na sua
experiência de caminhada comunitária.
ATUALIZAÇÃO
• A
Igreja é um “corpo” – o “Corpo de Cristo”. Naturalmente, esse “corpo” é formado
por muitos membros, todos eles diversos; mas todos eles dependem de Cristo (a
“cabeça” desse “corpo”) e recebem d’Ele a mesma vida. Formam, portanto, uma
unidade… Têm o mesmo Pai (Deus), têm um projeto comum (o projeto de Jesus), têm
o mesmo objetivo (fazer parte da família de Deus e encontrar a vida em
plenitude), caminham na mesma direção animados pelo mesmo Espírito, têm a mesma
missão (dar testemunho no mundo do projeto de amor que Deus tem para os homens).
Neste esquema, não fazem qualquer sentido as divisões, os ciúmes, as
rivalidades, as invejas, os ódios, as divergências que tantas vezes dividem os
irmãos da mesma comunidade. Quando os irmãos não se esforçam por caminhar
unidos, provavelmente ainda não descobriram os fundamentos da sua fé. A minha
comunidade (cristã ou religiosa) é uma comunidade que caminha unida e solidária,
partilhando a vida e o amor, apesar das diferenças legítimas dos seus membros?
Em termos pessoais, sinto-me um construtor de unidade, ou um fator de
divisão?
• Para
que a unidade seja possível, Paulo recomenda aos destinatários da Carta aos
Efésios a humildade, a mansidão e a paciência. São atitudes que não se coadunam
com esquemas de egoísmo, de orgulho, de auto-suficiência, de preconceito em
relação aos irmãos. Como é que eu me situo face aos outros? A minha relação com
os irmãos é marcada pelo egoísmo ou pela disponibilidade para servir e
partilhar? Procuro estar atento às necessidades dos outros e ir ao seu encontro,
ou levanto muros de orgulho e de auto-suficiência que impedem a relação, a
comunhão, a comunicação? Estou aberto às diferenças e disposto a dialogar, ou
vivo entrincheirado nos meus preconceitos, catalogando e marginalizando aqueles
que não concordam comigo?
• A
Igreja é uma unidade; mas é também uma comunidade de pessoas muito diferentes,
em termos de raça, de cultura, de língua, de condição social ou econômica, de
maneiras de ser... As diferenças legítimas nunca devem ser vistas como algo
negativo, mas como uma riqueza para a vida da comunidade; não devem levar ao
conflito e à divisão, mas a uma unidade cada vez mais estreita, construída no
respeito e na tolerância. A diversidade é um valor, que não pode nem deve anular
a unidade e o amor dos irmãos.
Evangelho:
Jo 6,1-5 - AMBIENTE
A
liturgia propõe-nos hoje (e durante mais alguns domingos) a leitura do capítulo
6 do Evangelho segundo João – a catequese sobre Jesus, o Pão da
vida.
Na
primeira parte do Evangelho (cf. Jo 4,1-19,42), João apresenta a atividade de
Jesus no sentido de criar e dar vida ao homem, de forma a que surja um Homem
Novo, liberto do egoísmo e do pecado, animado pelo Espírito, capaz de seguir
Jesus e de viver na mesma dinâmica de Jesus – isto é, no amor ao Pai e aos
irmãos. Esta primeira parte divide-se em dois “livros” – o “Livro dos Sinais”
(cf. Jo 4,1-11,56) e o “Livro da Hora” (cf. Jo
12,1-19,42).
No
“livro dos Sinais” (cf. Jo 4,1-11,56), o autor do Quarto Evangelho expõe,
recorrendo a símbolos significativos (a “água” – cf. Jo 4,1-5,47; o “pão” – cf.
Jo 6,1-7,53; a “luz” – cf. Jo 8,12-9,41; o “pastor” – cf. Jo 10,1-42; a
“ressurreição” – cf. Jo 11,1-56), a sua catequese sobre a ação de Jesus em favor
do homem. Jesus é aí apresentado como a proposta de vida verdadeira que o homem
é convidado a acolher e a assimilar.
No
capítulo 6 – que hoje começamos a ler – João apresenta Jesus como o Pão que
sacia a sede de vida que o homem sente. O episódio hoje narrado é
geograficamente situado “na outra margem” do Lago de Tiberíades (no capítulo
anterior, Jesus estava em Jerusalém, no centro da instituição judaica; agora,
sem transição, aparece na Galileia, a atravessar o “mar” para o outro lado). Em
termos cronológicos, João nota que estava perto a Páscoa, a festa mais
importante do calendário religioso judaico, que celebrava a libertação do Povo
de Deus da opressão do Egito.
MENSAGEM
Uma
leitura, ainda que superficial, do texto que nos é proposto mostra alguns
interessantes paralelos entre a cena da multiplicação dos pães e a libertação do
Povo de Deus da escravidão do Egito, com Jesus no papel de Moisés, o libertador.
O fato dá-nos, logo à partida, uma chave de leitura para entender esta
catequese: João quer apresentar a ação de Jesus como uma ação libertadora que
visa fazer passar o Povo da terra da escravidão para a terra da liberdade… A
catequese que João nos apresenta vai desenvolver-se em vários
passos:
1.
Começa com uma referência à “passagem do mar” (que, na realidade, é um lago);
essa referência pode aludir à passagem do Mar Vermelho por Moisés com o Povo
libertado do Egito (cf. Ex. 14,15-31). O objetivo final de Jesus é, portanto,
fazer o Povo que o acompanha passar da terra da escravidão para a terra da
liberdade.
2.
Como aconteceu com Moisés, com Jesus vai uma grande multidão. A multidão que
acompanha Jesus pretende “ver os milagres que Ele realizava nos doentes” (v. 2).
O termo grego aqui utilizado (“asthenês” – “enfermos”) designa, em geral, alguém
que está numa situação de grande debilidade. A multidão segue Jesus, pois quer
ver os sinais que Ele faz e que representam a libertação do homem da sua
debilidade e fragilidade. É um Povo marcado pela opressão, que quer experimentar
a libertação. Já perceberam que só Jesus, o libertador, conseguirá ajudá-los a
superar a sua condição de miséria e de escravidão.
3.
Jesus – diz o nosso texto – subiu a “um monte” (v. 3). A referência ao “monte”
leva-nos ao contexto da Aliança do Sinai e ao monte onde Deus ofereceu ao Povo,
através de Moisés, os mandamentos. Dizer que Jesus subiu ao “monte” significa
dizer que é através de Jesus que se vai realizar a nova Aliança entre Deus e
esse Povo de gente livre que, com Jesus, “atravessou o mar” em direção à terra
da liberdade.
4.
A referência à Páscoa que estava próxima (v. 4) seria uma referência inútil, se
não estivéssemos no contexto da libertação do Povo da escravidão. Na época de
Jesus, a Páscoa era a festa da libertação e da constituição do Povo de Deus; mas
era também a festa que anunciava esse tempo futuro em que o Messias ia libertar
definitivamente o Povo de Deus. Nesta altura, o Povo devia subir a Jerusalém
para, no “monte” do Templo, celebrar a libertação; em contrapartida, a multidão
segue Jesus para um outro “monte”, do outro lado do mar… O Povo começa a
libertar-se do jugo das instituições judaicas e a perceber que é em Jesus que se
vão inaugurar os tempos novos da liberdade e da paz.
5.
A multidão que segue Jesus tem fome e não tem que comer (vs. 5-6). A referência
leva-nos, outra vez, ao Êxodo, ao deserto, quando o Povo que caminhava para a
terra da liberdade sentiu fome. Então, foi Deus que respondeu à necessidade do
Povo e lhe deu comida em abundância; aqui, é Jesus que Se apercebe das
necessidades da multidão e tenta remediá-las. Ele mostra, assim, o rosto do Deus
do amor e da bondade, sempre atento às necessidades do seu
Povo.
6.
Qual a solução que Jesus vai dar à “fome” da multidão? Na procura da solução,
Jesus envolve a comunidade dos discípulos (“onde havemos de comprar pão para
lhes dar de comer?” – v. 5). A comunidade de Jesus (onde naturalmente Jesus Se
inclui) tem de sentir-se responsável pela “fome” dos homens e tem de sentir que
é sua responsabilidade e missão saciar essa “fome”.
João
nota que Jesus põe a questão aos discípulos (representados por Filipe) para os
“experimentar” (v. 6). O problema pode ser posto da seguinte forma: como é que a
comunidade dos discípulos – formados na escola e nos valores de Jesus – pretende
responder à fome do mundo? É recorrendo ao sistema econômico vigente, que se
baseia no egoísmo e no poder do dinheiro e coloca os bens nas mãos de poucos,
gerando uma lógica de opressão, de dependência e de necessidade? Será este o
sistema desse mundo novo e livre que Jesus deseja instituir? Os discípulos de
Jesus alinham com esse sistema opressor, baseado na compra, na venda e no lucro,
ou já perceberam que Jesus tem uma proposta nova a fazer, geradora de libertação
e de vida em abundância para todos?
7.
Filipe constata a impossibilidade de resolver o problema, dentro do quadro
econômico vigente… “Duzentos denários não bastariam para dar um pedaço a cada
um” (v. 7). Um denário equivalia ao salário base de um dia de trabalho; assim,
nem o dinheiro de mais de meio ano de trabalho daria para resolver o problema.
Por outras palavras: confiando no sistema instituído (o da compra e venda, que
supõe o sistema econômico regido pelo lucro egoísta), é impossível resolver o
problema da necessidade dos esfomeados. A comunidade de Jesus é convidada,
portanto, a abandonar este sistema e a encontrar
outros…
8.
André, porém, vislumbra uma solução diferente (v. 8-9). Este apóstolo
representa, na comunidade de Jesus, essa categoria dos que aderiram a Jesus de
forma convicta, que têm uma grande intimidade com Jesus e que, portanto, estão
mais conscientes das propostas de Jesus. No entanto, André não está muito
convicto dos resultados (“o que é isso para tanta gente?”). Seria bom –
considera André – encontrar outro sistema diferente do sistema explorador; mas
isso não resulta… Jesus vai, precisamente, provar que é possível encontrar outro
sistema que reparta vida e que elimine a lógica da
exploração.
9.
A figura do “menino” que apenas aparece na cena da multiplicação dos pães na
versão de João é uma figura desnecessária do ponto de vista da narração: para o
resultado final, tanto dava que o possuidor dos pães e dos peixes fosse uma
criança ou um adulto. Sendo assim, porque é que João insiste em falar de uma
criança? Porque a figura do “menino” é muito significativa: quer pela idade,
quer pela condição, é um “débil”, física e socialmente. Representa a debilidade
da comunidade de Jesus face às enormes carências do mundo. A palavra grega
utilizada por João para falar da criança indica simultaneamente um “menino” e um
“servo”: a comunidade, representada nesse “menino”, apresenta-se diante do mundo
como um grupo socialmente humilde, sem pretensão alguma de poder e de domínio,
dedicada ao serviço dos homens. É essa comunidade simples e humilde, vocacionada
para o serviço, que é chamada a resolver a questão da necessidade dos pobres e a
instaurar um novo sistema libertador. Qual é esse
sistema?
10.
Os números “cinco” (“pães”) e “dois” (“peixes”), também não aparecem por acaso:
a sua soma dá “sete” – o número que significa totalidade… Ou seja: é na partilha
da totalidade do que a comunidade possui que se responde à carência dos homens.
É uma totalidade fracionada e diversificada; mas que, posta ao serviço dos
irmãos, sacia a fome do mundo.
11.
Sobre os alimentos disponibilizados pela comunidade, Jesus pronuncia uma “ação
de graças” (v. 11). O “dar graças” significa reconhecer que os bens são dons que
vêm de Deus. Ora, reconhecer que os bens vêm de Deus significa desvinculá-los do
seu possessor humano, para reconhecer que eles são um dom gratuito que Deus
oferece aos homens; e Deus não oferece a uns e não a outros… “Dar graças” é
reconhecer que os bens recebidos pertencem a todos e que quem os possui é apenas
um administrador encarregado de os pôr à disposição de todos os irmãos, com a
mesma gratuidade com que os recebeu. Os bens são, assim, libertos da posse
exclusiva de alguns, para serem dom de Deus para todos os homens. É este o
sistema que Deus quer instaurar no mundo; e a comunidade cristã é chamada a
testemunhar esta lógica.
12.
Uma vez saciada a fome do mundo, através desses bens que a comunidade recebeu de
Deus e que pôs ao serviço de todos os homens, os discípulos são chamados a
outras tarefas. Há sobras que não se podem perder, mas que devem ser o princípio
de outras abundâncias. É preciso multiplicar incessantemente o amor e o pão… E a
comunidade, uma vez percebido o projeto de Jesus, deve usar o que tem para
continuar a oferecer a vida aos homens. A referência aos doze cestos recolhidos
pelos discípulos pode ser uma alusão a Israel (as doze tribos): se a comunidade
dos discípulos souber partilhar aquilo que recebeu de Deus, pode satisfazer a
fome de todo o Povo (vs. 12-13).
13.
Alguns dos que testemunharam a multiplicação dos pães e dos peixes têm
consciência de que Jesus é o Messias que devia vir para dar ao seu Povo vida em
abundância e querem fazê-lo rei (vs. 14-15). Jesus não aceita… Ele não veio
resolver os problemas do mundo instaurando um sistema de autoridade e de poder;
mas veio convidar os homens a viverem numa lógica de partilha e de
solidariedade, que se faz dom e serviço humilde aos irmãos. É dessa forma que
Ele se propõe – com a colaboração dos discípulos – eliminar o sistema opressor,
responsável pela fome e pela miséria. O mundo novo que Jesus veio propor não
assenta numa lógica de poder e autoridade, mas no serviço simples e humilde que
leva a partilhar a vida com os irmãos.
A
perícope que nos é hoje proposta pretende, pois, apresentar o projeto de Deus
realizado em Jesus como um projeto de libertação, que há-de eliminar a opressão
e instaurar um mundo de homens livres, salvos do egoísmo e capazes de amar e de
partilhar. Frente ao sistema que se baseia no lucro e na exploração, Jesus
propõe uma nova atitude. É necessário – diz Jesus – substituir o egoísmo pelo
amor e pela partilha. A comunidade de Jesus tem a função de descobrir esta
lógica, de a acolher e de propô-la ao mundo. Ela tem de aprender que os bens são
um dom de Deus, destinados a todos. Procedendo dessa forma, ela está a instaurar
um novo sistema e a libertar os homens desses condicionamentos egoístas que
geram injustiça, necessidade, carência, debilidade, sofrimento. Quem quiser
acompanhar Jesus neste caminho, passará seguramente da escravidão do lucro para
a liberdade da partilha, do serviço, do amor aos
irmãos.
ATUALIZAÇÃO
•
Jesus é o Deus que Se revestiu da nossa humanidade e veio ao nosso encontro para
nos revelar o seu amor. O seu projeto – projeto que Ele concretizou em cada
palavra e em cada gesto enquanto percorreu, com os seus discípulos, as vilas e
aldeias da Palestina – consiste em libertar os homens de tudo aquilo que os
oprime e lhes rouba a vida. O nosso texto mostra Jesus atento às necessidades da
multidão, empenhado em saciar a fome de vida dos homens, preocupado em
apontar-lhes o caminho que conduz da escravidão à liberdade. A atitude de Jesus
é, para nós, uma expressão clara do amor e da bondade de um Deus sempre atento
às necessidades do seu Povo. Garante-nos que, ao longo do caminho da vida, Deus
vai ao nosso lado, atento aos nossos dramas e misérias, empenhado em satisfazer
as nossas necessidades, preocupado em dar-nos o “pão” que sacia a nossa fome de
vida. A nós, compete-nos abrir o coração ao seu amor e acolher as propostas
libertadoras que Ele nos faz.
• A
“fome” de pão que a multidão sente e que Jesus quer saciar é um símbolo da fome
de vida que faz sofrer tantos dos nossos irmãos… Os que têm “fome” são aqueles
que são explorados e injustiçados e que não conseguem libertar-se; são os que
vivem na solidão, sem família, sem amigos e sem amor; são os que têm que deixar
a sua terra e enfrentar uma cultura, uma língua, um ambiente estranho para
poderem oferecer condições de subsistência à sua família; são os marginalizados,
abandonados, segregados por causa da cor da sua pele, por causa do seu estatuto
social ou econômico, ou por não terem acesso à educação e aos bens culturais de
que a maioria desfruta; são as crianças vítimas da violência e da exploração;
são as vítimas da economia global, cuja vida dança ao sabor dos interesses das
multinacionais; são as vítimas do imperialismo e dos interesses dos grandes do
mundo… É a esses e a todos os outros que têm “fome” de vida e de felicidade, que
a proposta de Jesus se dirige.
• No
nosso Evangelho, Jesus dirige-Se aos seus discípulos e diz-lhes: “dai-lhes vós
mesmos de comer”. Os discípulos de Jesus são convidados a continuar a missão de
Jesus e a distribuírem o “pão” que mata a fome de vida, de justiça, de
liberdade, de esperança, de felicidade de que os homens sofrem. Depois disto,
nenhum discípulo de Jesus pode olhar tranquilamente os seus irmãos com “fome” e
dizer que não tem nada com isso… Os discípulos de Jesus são convidados a
responsabilizarem-se pela “fome” dos homens e a fazerem tudo o que está ao seu
alcance para devolver a vida e a esperança a todos aqueles que vivem na miséria,
no sofrimento, no desespero.
• No
nosso Evangelho, os discípulos constatam que, recorrendo ao sistema econômico
vigente, é impossível responder à “fome” dos necessitados. O sistema capitalista
vigente – que, quando muito, distribui a conta gotas migalhas da riqueza para
adormecer a revolta dos explorados – será sempre um sistema que se apóia na
lógica egoísta do lucro e que só cria mais opressão, mais dependência, mais
necessidade. Não chega criar melhores programas de assistência social ou
programas de rendimento mínimo garantido, ou outros sistemas que apenas
perpetuam a injustiça… Os discípulos de Jesus têm de encontrar outros caminhos e
de propor ao mundo que adote outros valores. Quais?
• Jesus
propõe algo de realmente novo: propõe uma lógica de partilha. Os discípulos de
Jesus são convidados a reconhecer que os bens são um dom de Deus para todos os
homens e que pertencem a todos; são convidados a quebrar a lógica do
açambarcamento egoísta dos bens e a pôr os dons de Deus ao serviço de todos.
Como resultado, não se obtém apenas a saciedade dos que têm fome, mas um novo
relacionamento fraterno entre quem dá e quem recebe, feito de reconhecimento e
harmonia que enriquece ambos e é o pressuposto de uma nova ordem, de um novo
relacionamento entre os homens. É esta a proposta de Deus; e é disto que os
discípulos são chamados a dar testemunho.
• Os
discípulos de Jesus não podem, contudo, dirigir-se aos irmãos necessitados
olhando-os “do alto”, instalados nos seus esquemas de poder e autoridade, usando
a caridade como instrumento de apoio aos seus projetos pessoais, ou exigindo
algo em troca… Os discípulos de Jesus devem ser um grupo humilde (a “criança” do
Evangelho), sem pretensão alguma de poder e de domínio, e que apenas está
preocupado em servir os irmãos com “fome”.
• O
que resulta da proposta de Jesus é uma humanidade totalmente livre da escravidão
dos bens. Os necessitados tornam-se livres porque têm o necessário para viverem
uma vida digna e humana; os que repartem os bens libertam-se da lógica egoísta
dos bens e da escravidão do dinheiro e descobrem a liberdade do amor e do
serviço.
• No
final, os discípulos são convidados a recolher os restos, que devem servir para
outras “multiplicações”. A tarefa dos discípulos de Jesus é uma tarefa nunca
acabada, que deverá recomeçar em qualquer tempo e em qualquer lugar onde haja um
irmão “com fome”.
P.
Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas
Carvalho
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