Leitura da Carta aos Hebreus.
Irmãos, 1tenhamos cuidado, enquanto
nos é oferecida a oportunidade de entrar no repouso de Deus, não
aconteça que alguém de vós fique para trás.
2Também nós, como eles, recebemos
uma boa nova. Mas a proclamação da palavra de nada lhes adiantou, por
não ter sido acompanhada da fé naqueles que a tinham ouvido, 3enquanto
nós, que acreditamos, entramos no seu repouso. É assim como ele falou:
“Por isso jurei na minha ira: jamais entrarão no meu repouso”. Isso, não
obstante as obras de Deus estarem terminadas desde a criação do mundo. 4Pois, em certos lugares, assim falou do sétimo dia: “E Deus repousou no sétimo dia de todas as suas obras”, 5e ainda novamente: “Não entrarão no meu repouso”.
11Esforcemo-nos, portanto, por entrar neste repouso, para que ninguém repita o acima referido exemplo de desobediência.
— Não vos esqueçais das obras do Senhor!
— Não vos esqueçais das obras do Senhor!
— Tudo aquilo que ouvimos e aprendemos, e
transmitiram para nós os nossos pais, à nova geração nós contaremos: as
grandezas do Senhor e seu poder.
— Levantem-se e as contem a seus filhos, para que
ponham no Senhor sua esperança; das obras do Senhor não se esqueçam, e
observem fielmente os seus preceitos.
— Não vos esqueçais das obras do Senhor!
— Nem se tornem, a exemplo de seus pais, rebelde e
obstinada geração, uma raça de inconstante coração, infiel ao Senhor
Deus, em seu espírito.
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.
1Alguns dias depois, Jesus entrou de novo em Cafarnaum. Logo se espalhou a notícia de que ele estava em casa. 2E reuniram-se ali tantas pessoas, que já não havia lugar, nem mesmo diante da porta. E Jesus anunciava-lhes a Palavra. 3Trouxeram-lhe, então, um paralítico, carregado por quatro homens. 4Mas
não conseguindo chegar até Jesus, por causa da multidão, abriram então o
teto, bem em cima do lugar onde ele se encontrava. Por essa abertura
desceram a cama em que o paralítico estava deitado. 5Quando viu a fé daqueles homens, Jesus disse ao paralítico: “Filho, os teus pecados estão perdoados”. 6Ora, alguns mestres da Lei, que estavam ali sentados, refletiam em seus corações: 7“Como este homem pode falar assim? Ele está blasfemando: ninguém pode perdoar pecados, a não ser Deus”. 8Jesus percebeu logo o que eles estavam pensando no seu íntimo, e disse: “Por que pensais assim em vossos corações? 9O que é mais fácil: dizer ao paralítico: ‘os teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te, pega a tua cama e anda’? 10Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem, na terra, poder de perdoar pecados disse ele ao paralítico: 11eu te ordeno: levanta-te, pega tua cama, e vai para tua casa!” 12O
paralítico então se levantou e, carregando a sua cama, saiu diante de
todos. E ficaram todos admirados e louvavam a Deus, dizendo: “Nunca
vimos uma coisa assim”.
Reflexão
Jesus está em casa, e novamente uma multidão
lhe cerca. Multidão é o mundo que nos cerca hoje, com suas filosofias. Dentre
ela estão aqueles que querem apenas ouvir, outros que querem ouvir para
refutar, gente que está ali porque todo mundo também está. Enfim, existem
pessoas que buscam Jesus pelos mais variados motivos.
Independente dos motivos, Jesus simplesmente
os recebe, com sua simplicidade esmagadora, e apenas fala sobre o Reino de
Deus. O que é o Reino de Deus pra Jesus senão o momento onde todos são
incluídos, com suas diferenças, em uma só comunidade de aceitação. Jesus fala
sempre de um Reino onde não há maior, menor, ou melhor, pois nele somos apenas
um.
Naquele momento havia pessoas dos mais
diferentes níveis, e que se viam diferentes uns dos outros. Em todo momento
Jesus prega sobre um Reino onde todos são incluídos, e isso para pessoas que
não se enxergavam como iguais.
Então entra o miserável paralítico. Seus
amigos, que pelo simples fato de serem amigos de um doente já mostravam que não
se viam melhores ou piores que o pobre paralítico. Apenas o levaram movidos por
essa fé.
Mas não bastava apenas levar até a casa de
Jesus, pois a casa estava cheia e o paralítico não podia entrar, assim como ele
não podia ir ao templo, pois naquele “lugar santo” não havia espaço para sua
“deficiência pecadora”.
Mas eles foram ousados. Não desistiram,
acreditavam que Jesus era diferente, porque a mensagem dele era diferente, e
aquele “pobre paralítico” tinha que ouvi-la. – “Então vamos fazer o impossível
para que ele possa ouvir, pois esse Jesus é inigualável. A única saída é pelo
teto, vamos correr o risco, pois esse Jesus é inigualável”.
Então esses homens passam o paralítico por uma
brecha no telhado da casa de Jesus. Essa é a atitude de fé de quem entende que
Jesus é único, inigualável e que aquele era um momento único na vida deles,
principalmente na vida do paralítico.
Você queria motivo maior do que esse para que
Jesus se admirasse da fé deles? A fé que faz com que Jesus se admire não é a fé
no milagre da cura, mas a fé no milagre do Reino, a fé no milagre de que, no
Reino, eu posso me aproximar com ousadia na presença de Deus sem
intermediários. A fé que causa “espanto” em Cristo é a fé daqueles que entendem
que a mensagem do Reino é inigualável, e quebra com todas as barreiras que
separam. A fé que move a mão de Jesus é a fé de que no Reino todos são
realmente próximos uns dos outros.
Por mais que naquele momento eles desejassem
ver o amigo deles curado, a fé deles já os havia curado, pois eles entenderam a
importância da mensagem do Reino. E então se preocupavam com a saúde, o bem
estar de todos. Qual é a tua atitude ante aqueles que estão no pecado? De julgar
e condenar? Ou de levar para Jesus afim de que Ele os cure e lhe perdoe os
pecados?
A insistência sobre o tema do perdão dos
pecados chama a atenção, na cena da cura do homem paralítico. Assim que Jesus o
vê descer através de um buraco aberto no teto, declara que seus pecados estão
perdoados. Esta declaração provoca alguns escribas que estavam por perto. Para
eles, a palavra do Mestre soava como uma verdadeira usurpação de algo reservado
exclusivamente a Deus. Portanto, Jesus era um blasfemo! A maneira como ele
rebate a maledicência dos escribas é significativa: cura o paralítico para
provar que “o Filho do Homem tem, na Terra, o poder de perdoar os pecados”. O
gesto poderoso de cura parece insignificante diante do poder maior de perdoar
os pecados. E Jesus, de certo modo, parece sentir-se mais feliz por perdoar os
pecados do que por curar. Por quê?
O perdão dos pecados tem, também, uma função
terapêutica. Trata-se da cura do ser humano na dimensão mais profunda de sua
existência, ali onde acontece seu relacionamento com Deus. Sendo esta dimensão
invisível aos olhos, as pessoas tendem a se preocupar mais com as dimensões
aparentes de sua vida, buscando a cura quando algo não está bem no âmbito
corporal. Jesus vê além, preocupando-se por libertar quem pena sob o peso do
pecado, mais do que sob o peso da doença. O primeiro é muito mais grave.
Permanecer no pecado significa viver afastado de Deus e correr o risco de ser
condenado. Este é o motivo por que o Mestre, antes de qualquer coisa, quer ver
o ser humano liberto de seus pecados.
Para os que diferenciam entre santos e
pecadores, a atitude de Jesus no Evangelho de hoje era uma blasfêmia, já que
aquele Jesus era um homem, e como homem não podia perdoar ninguém. – “Deus não
pode aceitar esse paralítico de forma tão simples assim, isso é blasfêmia!”,
pensavam os raivosos donos do poder religioso.
Todavia, na ótica do Jesus e na ótica do
reino, nada havia sido tão simples assim, a aceitação de Deus vem da cura do
coração, do arrependimento daqueles homens demonstrado pela fé nos princípios
do Reino pregado por Jesus. A cura do arrependimento é mais séria e mais
difícil que a cura do corpo.
Fazer o paralítico andar foi um sinal não para
o paralítico, mas para todos nós que ainda não enxergamos a realidade do Reino.
A cura física do paralítico era a representação terrena, carnal, física,
daquilo que Deus, através da Sua palavra, haveria de fazer naqueles que com fé,
esperança e confiança acreditam no Seu Filho muito amado.
CN
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