sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Liturgia Diária - A vós, ó Deus, louvamos!

  Dia 25 – Solenidade do Natal de Jesus – Missa do Dia 25 – O Verbo se fez  carne e habitou entre nós – São João 1, 1-18 – | Ide e Anunciai
Leitura (1 João 2,18-21)

Leitura da primeira carta de são João.

2 18 Filhinhos, esta é a última hora. Vós ouvistes dizer que o Anticristo vem. Eis que já há muitos anticristos, por isto conhecemos que é a última hora.
19 Eles saíram dentre nós, mas não eram dos nossos. Se tivessem sido dos nossos, ficariam certamente conosco. Mas isto se dá para que se conheça que nem todos são dos nossos.
20 Vós, porém, tendes a unção do Santo e sabeis todas as coisas.
21 Não vos escrevi como se ignorásseis a verdade, mas porque a conheceis, e porque nenhuma mentira vem da verdade.

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 95/96

O céu se rejubile e exulte a terra!

 Cantai ao Senhor Deus um canto novo,

cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira!

Cantai e bendizei seu santo nome!

Dia após dia anunciai sua salvação.

 O céu se rejubile e exulte a terra,

aplauda o mar com o que vive em suas águas;

os campos com seus frutos rejubilem

e exultem as florestas e as matas.

Na presença do Senhor, pois ele vem,

porque vem para julgar a terra inteira.

Governará o mundo todo com justiça,

e os povos julgará com lealdade.


Evangelho (João 1,1-18)

Aleluia, aleluia, aleluia.

A palavra se fez carne, entre nós ela habitou; e todos os que a acolheram, de Deus filhos se tornaram (Jo 1,14.12).

 Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.

1 1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus.
2 Ele estava no princípio junto de Deus.
3 Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito.
4 Nele havia a vida, e a vida era a luz dos homens.
5 A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.
6 Houve um homem, enviado por Deus, que se chamava João.
7 Este veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele.
8 Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz.
9 era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem.
10 Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o reconheceu.
11 Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam.
12 Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus,
13 os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus.
14 E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade.
15 João dá testemunho dele, e exclama: “Eis aquele de quem eu disse: ‘O que vem depois de mim é maior do que eu, porque existia antes de mim’”.
16 Todos nós recebemos da sua plenitude graça sobre graça.
17 Pois a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.
18 Ninguém jamais viu Deus. O Filho único, que está no seio do Pai, foi quem o revelou.

Palavra da Salvação.

 Reflexão

Hoje, o último dia do ano civil, a Igreja celebra a memória de S. Silvestre, Papa, grande defensor da divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, e concede indulgência plenária a todos os fiéis que, cumpridas as condições de costume, recitarem publicamente o hino Te Deum, em ação de graças pelos benefícios recebidos ao longo de mais um ano de trabalhos e orações. Neste dia, com efeito, a Igreja nos convida a olhar para a história com o olhar de Deus, de modo a estimularmos em nossos corações profundos sentimentos de gratidão não apenas por tudo o que Ele, em sua misericórdia, nos deu, mas também por tudo o que, em sua justiça, Ele nos negou. De fato, precisamos ser agradecidos ao Senhor inclusive pelo que dele não recebemos, pelas orações não atendidas, pelos desejos não realizados, porque só um Pai de infinita bondade, que conhece à ciência perfeita o que convém a seus filhos, tem a delicadeza de negar o que sabe ser mal e pernicioso. Se, como diz Jesus no Evangelho, até os pais humanos dão o que é necessário aos filhos, como não irá Deus conceder-nos apenas o que é realmente bom e proveitoso em ordem à nossa santificação e salvação?

E não só no que nos nega, mas também no que Ele nos permite se manifesta infinita bondade do nosso Pai que está nos céus: de fato, muito do que, a olhos humanos, se nos afigura uma calamidade insanável, um desastre terrível e irreparável, é, aos olhos da sapientíssima Providência divina, um meio necessário e salutar para salvar quem talvez se perderia, para converter quem talvez se obstinaria, para reconduzir os que talvez se perdessem sem chance de voltar atrás. Tenhamos fé em que, ao longo de mais este ano que se encerra, Deus, sem anular a nossa liberdade nem apagar a nossa responsabilidade, só permitiu o que nos poderia ser proveitoso, ainda que nós, tolos como somos, não tenhamos tirado proveito desses chamados do Pai à conversão. Pedindo-lhe hoje perdão pelas oportunidades perdidas, demos-lhe graças por tudo o que Ele nos deu e nos negou e imploremos a graça de, durante este próximo ano, aproveitarmos melhor as disposições de sua santíssima vontade, que cuida dos menores detalhes do nosso dia-a-dia.

Oração. — Ó Deus, cuja misericórdia é sem limites e cuja bondade é um tesouro inesgotável, prostrados ante a vossa piíssima majestade, nós vos rendemos graças pelos benefícios que nos fizestes, suplicando sempre a vossa clemência, para que não desampareis nunca aqueles a quem concedestes o que vos pediram, e os disponhais para receber os prêmios eternos. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém.

 

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Superstições de Ano Novo.

 

Quanto mais cresce o neo-paganismo, mais cresce o esoterismo, o ocultismo, as superstições, etc.  Foi assim no tempo do paganismo pré-cristão em Roma, Grécia, Egito, Babilônia, Éfeso, etc., e hoje se repete em novas metrópoles modernas.

Quando o homem não encontra o Deus verdadeiro, e não se entrega a Ele, então, fabrica o seu deus, à sua pequena imagem e semelhança; semelhante á pedra, ao cristal, à magia, etc.

Este deus é um deus “que lhe obedece” mediante algumas práticas rituais um tanto secretas, misteriosas e mágicas. Ele busca neste deus com pés de barro, o conhecimento do futuro ou as revelações do presente, de modo a ser feliz durante o Ano que surge.

Sobretudo na festa de Ano Novo os espíritos esotéricos se exaltam em busca das melhores condições para serem agraciados por seus deuses e pelos poderes ocultos do além. Para uns é a exigência de começar o Ano com o pé direito; para outro é estar de roupa branca, mesmo as mais íntimas, ainda que alma não esteja tão clara; para outro é pular as ondinhas do mar… e a pobre miséria humana multiplica as fantasias e suas falsidades.

O homem tem sede de Deus! Ou ele adora e serve ao Deus verdadeiro, “Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis”, como diz o Credo, ou passa a adorar e a servir a deuses falsos, mesmo que conscien­temente não se dê conta disso. E assim as seitas se multiplicam a cada dia.

Outros ainda, mais desorientados, correm atrás de horóscopos, de zodíacos, de mapas astrais, de cartomantes, de necromantes, de búzios, de umbanda, de macumba e de todos os tipos de ocultismos, ten­tando encontrar uma forma de satisfazer as suas necessidades.

Nas grandes e pequenas livrarias, proliferam todos esses tipos de livros, muito bem explorados por alguns escritores e editoras. Lamentavelmente, muitos cristãos (e até católicos!), por ignorância religiosa na sua maioria, acabam também seguindo esses caminhos tortuosos e perigosos para a própria vida espiritual.

A doutrina cristã sempre condenou todas essas práticas re­ligiosas. Já no Antigo Testamento, Deus proibiu todos os cultos idolátricos, supersticiosos e ocultos. O livro do Deuteronômio relata a Lei de Deus dada ao povo: “Que em teu meio não se encontre alguém que se dê à adivinhação, à astrologia, ao agou­ro, ao feiticismo, à magia, ao espiritismo ou à evocação dos mortos, porque o Senhor teu Deus abomina aqueles que se dão a essas práticas” (Dt 18,10-12). É interes­sante que, logo em seguida, disse Deus ao povo: “Serás inteira­mente do Senhor; teu Deus” (Dt 18,13).

No livro do Levítico tam­bém encontramos: “Não vos dirijais aos espíritas nem aos adivinhos: não os consulteis, para que não sejais contaminados por eles. Eu sou o Senhor, vosso Deus” (Lv 19,31) e: “Não praticareis a adivinha­ção nem a magia” (Lv 19,26b).

A busca dessas práticas ocultistas revela grande falta de fé e confiança em Deus, já que a pessoa está buscando poder ou conhecimento do futuro, fora de Deus e contra a Sua vontade.

Ao cristão é permitido buscar unicamente em Deus, pela oração, todo consolo, auxílio e força de que necessita – e em nenhum outro meio ou lugar. São Paulo disse: “Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças” (Fl 4,6). E São Paulo advertiu severamente as comunidades cristãs de que fugissem da idolatria (cf. I Cor 10,14) e mais: “As coisas que os pagãos sacrificam, sacrificam-nas a demônios e não a Deus. E eu não quero que tenhais comunhão com os demônios. Não podeis beber ao mesmo tempo o cálice do Senhor e o cálice dos demônios”

Não podeis participar ao mesmo tempo da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. Ou queremos provocara ira do Senhor?” (1 Cor 10,20-22)

Muitos católicos, por ignorância, quando não conseguem por suas orações as graças e favores que pedem a Deus, especialmente nos momentos difíceis da vida, perigosamente vão atrás dessas práticas supersticiosas proibidas pela fé católica, arriscando-­se, como disse São Paulo, a prestar culto ao demônio sem o saberem, magoando a Deus (cf. 1 Cor 10,20-22).

Quando Deus não atende um pedido nosso, Ele sabe a razão; e, se temos fé e confiança nEle, não vamos atrás de coi­sas proibidas. Toda busca de poder, de realização, de conheci­mento do futuro, etc., fora de Deus, sem que Ele nos tenha dado, é grave ofensa ao Senhor por revelar desconfiança nEle.

O Ano que começa é um grande presente de Deus para cada um de nós; e deve ser colocado inteiramente em Suas mãos para que Ele cuide de cada dia e de nós. Nada alegra tanto a Deus do que vivermos na fé.

 

Prof. Felipe Aquino

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Liturgia Diária - O olhar da fé.

  Evangelho do dia: A Profetisa Ana e O Menino Jesus em Nazaré (Lc 2,36-40) –  Oratório São Luiz
Leitura (1 João 2,12-17)

Leitura da primeira carta de são João.
1 12 Filhinhos, eu vos escrevo, porque vossos pecados vos foram perdoados pelo seu nome.
13 Pais, eu vos escrevo, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevo, porque vencestes o Maligno.
14 Crianças, eu vos escrevo, porque conheceis o Pai. Pais, eu vos escrevi, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes e a palavra de Deus permanece em vós, e vencestes o Maligno.
15 Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai.
16 Porque tudo o que há no mundo - a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida - não procede do Pai, mas do mundo.
17 O mundo passa com as suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente.
Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 95/96

O céu se rejubile e exulte a terra!

Ó família das nações, daí ao Senhor,

Ó nações, daí ao Senhor poder e glória,

Dai-lhe a glória que é devida ao seu nome!

Oferecei um sacrifício nos seus átrios,

Adorai-o no esplendor da santidade,

Terra inteira, estremecei diante dele!

Publicai entre as nações: “Reina o Senhor!”

Ele firmou o universo inabalável,

E os povos ele julga com justiça.


Evangelho (Lucas 2,36-40)

Aleluia, aleluia, aleluia.

Um dia sagrado brilhou para nós: nações, vinde todas adorar o Senhor: pois hoje desceu grande luz sobre a terra.

 Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, 2 36 havia também uma profetisa chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser; era de idade avançada.
37 Depois de ter vivido sete anos com seu marido desde a sua virgindade, ficara viúva, e agora com oitenta e quatro anos não se apartava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e orações.
38 Chegando ela à mesma hora, louvava a Deus e falava de Jesus a todos aqueles que em Jerusalém esperavam a libertação.
39 Após terem observado tudo segundo a lei do Senhor, voltaram para a Galiléia, à sua cidade de Nazaré.
40 O menino ia crescendo e se fortificava: estava cheio de sabedoria, e a graça de Deus repousava nele.
Palavra da Salvação.

Reflexão

O Evangelho dá continuidade à leitura de ontem, em que começamos a assistir à apresentação do menino Jesus no Templo de Jerusalém. Hoje, aprece-nos mais uma personagem: a profetisa Ana, que, assim como Simeão, reconhece naquele menino agarrado aos braços de Maria a presença misteriosa de Deus, a consolação de Israel (cf. Lc 2, 25). É a respeito deste encontro, aliás, que Bento XVI, em sua homilia de 2 de fevereiro de 2011, fez uma observação curiosa. Embora o próprio Deus feito carne se tenha feito presente ali mesmo, em meio a uma multidão de homens ocupados com seus afazeres, nenhum dos que estavam no Templo à procura do Senhor — sacerdotes, levitas, peregrinos etc. — oi capaz de aperceber-se da presença de Cristo. Apenas dois anciãos — disse o Papa —, guiados pelo Espírito Santo, conseguem descobrir a grande novidade, a Boa Nova que se esconde na humildade de um menino que acabara de nascer.

Com efeito, ainda que Deus se lhe faça presente, o coração humano não o pode enxergar se não for antes transformado desde dentro, capacitado a, sob a luz da fé, ver os sinais muitas vezes simples e ordinários por que Deus nos dá a conhecer a sua presença, a sua visita à nossa vida. Ora, do mesmo modo como, na Plenitude dos Tempos, Ele se escondera na fragilidade de um recém-nascido, assim também hoje, nestes nossos dias, Deus continua a esconder-se e apresentar-se a nós, sempre dispersos no vaivém de inúmeras preocupações. Que Jesus nos ajude a, recolhidos, metidos no nosso coração, reconhecer a sua presença dentro de nós. Que a ação de sua divina humanidade, agora assunta aos Céus e escondida sob o véu da Eucaristia, faça crescer em nós a fé nesta sua presença divina e o amor à sua infinita bondade. Sigamos, pois, o exemplo de Ana: que os nossos jejuns e orações nos levem a buscar, dia e noite, a Deus, a perceber a sua misteriosa presença, a abraçar todas as cruzes e alegrias que Ele se digna enviar-nos.

 

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quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Liturgia Diária - A fé de Simeão.

 UN PENSAMIENTO POR LA NOCHE: febrero 2020
Primeira Leitura: 1 João 2,3-11

Leitura da primeira carta de São João – Caríssimos, 3para saber que conhecemos Jesus, vejamos se guardamos os seus mandamentos. 4Quem diz: “Eu conheço a Deus”, mas não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele. 5Naquele, porém, que guarda a sua palavra, o amor de Deus é plenamente realizado. O critério para saber se estamos com Jesus é este: 6quem diz que permanece nele deve também proceder como ele procedeu. 7Caríssimos, não vos comunico um mandamento novo, mas um mandamento antigo, que recebestes desde o início; este mandamento antigo é a palavra que ouvistes. 8No entanto, o que vos escrevo é um mandamento novo – que é verdadeiro nele e em vós -, pois que as trevas passam e já brilha a luz verdadeira. 9Aquele que diz estar na luz, mas odeia o seu irmão, ainda está nas trevas. 10O que ama o seu irmão permanece na luz e não corre perigo de tropeçar. 11Mas o que odeia o seu irmão está nas trevas, caminha nas trevas e não sabe aonde vai, porque as trevas ofuscaram os seus olhos. 

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 95(96)

O céu se rejubile e exulte a terra!

1. Cantai ao Senhor Deus um canto novo, † cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! / Cantai e bendizei seu santo nome! – R.

2. Dia após dia anunciai sua salvação, † manifestai a sua glória entre as nações / e, entre os povos do universo, seus prodígios! – R.

3. Foi o Senhor e nosso Deus quem fez os céus: † diante dele vão a glória e a majestade, / e o seu templo, que beleza e esplendor! – R.

Evangelho: Lucas 2,22-35

Aleluia, aleluia, aleluia.

Sois a luz que brilhará para os gentios / e para a glória de Israel, o vosso povo (Lc 2,32). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 22Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém a fim de apresentá-lo ao Senhor. 23Conforme está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor”. 24Foram também oferecer o sacrifício – um par de rolas ou dois pombinhos -, como está ordenado na Lei do Senhor. 25Em Jerusalém havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele 26e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. 27Movido pelo Espírito, Simeão veio ao templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, 28Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: 29“Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; 30porque meus olhos viram a tua salvação, 31que preparaste diante de todos os povos: 32luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel”. 33O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. 34Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. 35Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma”. 

Palavra da salvação.

Reflexão

A Liturgia nos coloca diante da apresentação de Jesus no Templo. Haviam-se completado os dias da purificação, de acordo com as prescrições da Lei (cf. Lv 12, 6); por isso, Maria e José dirigem-se com o menino até à cidade santa de Jerusalém para ali consagrá-lo ao Senhor (cf. Ex 13, 2). Eis que Simeão, um ancião justo e piedoso que estava à espera da consolação de Israel, ao ver aquela bendita criança, exclama jubiloso: "Nunc dimittis servum tuum, Domine, secundum verbum tuum in pace. Quia viderunt oculi mei salutare tuum, quod parasti ante faciem omnium populorum, lumen ad revelationem gentium et gloriam plebis tuae Isrhael" — "Agora, Senhor, segundo a tua promessa, deixas teu servo ir em paz, porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória de Israel, teu povo".

Simeão, fazendo eco aqui à alegria de Jacó (cf. Gn 46, 30), vê em Jesus aquilo que ninguém até agora vira. Com os olhos da fé, ele enxerga em Cristo a salvação há tanto esperada: "meus olhos viram", exclama ele, "a luz" que o Senhor preparara "para iluminar as nações". Não foi nem o sangue nem a carne que lho revelaram; foi a fé que lhe deu a conhecer esse grande mistério que se escondia na fragilidade de um bebê: o mistério de Deus que se fez homem. Seria absurdo, com efeito, pensar que toda esta alegria se deva à visão de uma simples criança, se ali não se reconhecesse algo mais, algo que se revela apenas aos olhos certos, aos olhos da fé, aos olhos que se deixam iluminar pela Luz que se quer fazer visível aos homens.

O Evangelho nos convida, assim, a renovar nossa fé no mistério da Encarnação: O Filho de Deus, Pessoa divina, assume para si uma natureza humana, torna-se igual a nós em tudo, à exceção do pecado. Jesus Cristo, Nosso Senhor e Salvador, no mistério do seu amor, quis ser o verdadeiro e único pontífice entre Deus e os homens, entre o Céu e a terra. Que Ele nos ilumine, pois, com a fé que veio trazer ao mundo e nos dê a graça de, vendo-o à sua própria luz, irmos em paz para o Reino que nos veio pregar.

 

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terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Liturgia Diária - Festa dos Santos Inocentes.

Evangelho de hoje (Mt 2,13-18) - Egídio Serpa | Egídio Serpa - Diário do  Nordeste
Leitura (1 João 1,5-2,2)

Leitura da primeira carta de são João.

1 5A nova que dele temos ouvido e vos anunciamos é esta: Deus é luz e nele não há treva alguma.
6 Se dizemos ter comunhão com ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não seguimos a verdade.
7 Se, porém, andamos na luz como ele mesmo está na luz, temos comunhão recíproca uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado.
8 Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós.
9 Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniquidade.
10 Se pensamos não ter pecado, nós o declaramos mentiroso e a sua palavra não está em nós.
2 1 Filhinhos meus, isto vos escrevo para que não pequeis. Mas, se alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo.
2 Ele é a expiação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 123/124

Nossa alma, como um pássaro, escapou
do laço que lhe armara o caçador.

Se o Senhor não estivesse ao nosso lado
enquanto os homens investiram contra nós,
com certeza nos teriam devorado
no furor de sua ira contra nós.

Então as águas nos teriam submergido,
a correnteza nos teria arrastado
e, então, por sobre nós teriam passado
essas águas sempre mais impetuosas.

O laço arrebentou-se de repente,
e assim nós conseguimos libertar-nos.
O nosso auxílio está no nome do Senhor,
do Senhor que fez o céu e fez a terra!

Evangelho (Mateus 2,13-18)

Aleluia, aleluia, aleluia.
A vós, ó Deus, louvamos, a vós, Senhor, cantamos; vos louva o exército dos vossos santos mártires!

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.

2 13 Depois que os magos partiram, um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: "Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar".
14 José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito.
15 Ali permaneceu até a morte de Herodes para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: "Eu chamei do Egito meu filho".
16 Vendo, então, Herodes que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito irado e mandou massacrar em Belém e nos seus arredores todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo exato que havia indagado dos magos.
17 Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias:
18 "Em Ramá se ouviu uma voz, choro e grandes lamentos: é Raquel a chorar seus filhos; não quer consolação, porque já não existem!"

Palavra da Salvação.

 Reflexão

Vendo que os magos do Oriente o haviam enganado, por terem desobedecido à ordem de referir-lhe, tão logo voltassem de Belém, onde havia nascido o Cristo, Herodes ficou muito furioso e, por causa do nascimento do verdadeiro rei de Israel, cujo trono ele vinha ocupando impunemente havia muito tempo, encheu-se de temor. Por isso, mandou alguns de seus soldados à cidade de Davi, para que ali trucidassem todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo indicado pelos magos, não porque — como querem alguns — o Senhor já contasse dois anos de idade, mas porque — como observa S. João Crisóstomo — a fúria e o medo do rei preferiram precaver-se, ajuntando mais tempo ao nascimento de Cristo, a fim de que não houvesse o perigo de alguma criança escapar à sua ambição assassina. Deste modo, conclui o evangelista, foi cumprido o vaticínio anunciado por boca do profeta Jeremias: “Ouve-se em Ramá uma voz, lamentos e amargos soluços. É Raquel que chora os filhos, recusando ser consolada, porque já não existem” (Jr 31, 15). O profeta apresenta a nação judaica sob a imagem de Raquel, sepultada perto de Belém (cf. Gn 35, 19), que chora em Ramá a deportação de seus filhos para o exílio babilônico (cf. Jr 40, 1). Esse lamento do povo judeu, portanto, era tipo e figura do luto que se abateria sobre as mães dos santos inocentes de Belém celebrados hoje pela Igreja.

Herodes enche-se de ira, porque deseja preservar o seu reinado humano. No seu coração, trava-se a mesma luta que teve início outrora, no princípio do mundo, quando Adão e Eva, enganados pela serpente e levados pela soberba, levantaram-se contra Deus e os direitos dele. “Vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses” (Gn 3, 5), ludibriou-os o diabo, e os nossos primeiros pais, despojados da inocência original, passaram a ver Deus como um inimigo atemorizante: “O Senhor Deus chamou o homem e perguntou-lhe: ‘Onde estás?’ E ele respondeu: ‘Ouvi o barulho dos vossos passos no jardim; tive medo, porque estou nu; e ocultei-me’” (Gn 3, 9-10). Tiveram medo, porque sentaram num trono que sabiam não ser seu. Assim também nós, à semelhança de Herodes, temos medo e raiva de Deus, porque receamos que ele nos venha tirar do trono que usurpamos e exigir que o deixemos guiar a nossa vida e ser, como só Ele é, conhecedor do que é realmente bom e mau. Temos medo e raiva de Deus, porque não desejamos renunciar ao cetro nem confiar a Ele a condução dos nossos assuntos e a realização ou não dos nossos desejos e projetos. Temos medo e raiva de Deus, porque ainda em nós soa, como um sussurro infernal, aquela desgraçada sedução de Satanás: “Sereis como deuses!...”. Não nos deixemos, porém, enganar pelo diabo. Voltemos o olhar para o presépio e, com um coração de criança semelhante aos dos santos inocentes, digamos confiadamente ao Menino Jesus:

Oração. — Senhor Jesus Cristo, confesso-vos como Rei universal. Tudo o que foi feito para vós foi feito. Exercei sobre mim todos os vossos direitos. Renovo os meus votos de Batismo, renunciando a Satanás, às suas pompas e às suas obras, e prometo viver como um bom cristão. E, acima de tudo, obrigo-mo a trabalhar tanto quanto me for possível para fazer triunfar os direitos de Deus e os da vossa Igreja. Ó divino Coração de Jesus, ofereço-vos as minhas pobres ações, a fim de obter que todos os corações reconheçam a vossa sagrada realeza e que, assim, se estabeleça por toda a redondeza da terra o reino da vossa paz. Amém. 

 

 

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segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Liturgia Diária - O Túmulo vazio.

  Lounge Cuiabá: Joaninos 2 - Estudo do Evangelho de João
Leitura (1 João 1,1-4)

Leitura da primeira carta de são João.

1 1 O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos olhos, o que temos contemplado e as nossas mãos têm apalpado no tocante ao Verbo da vida -
2 porque a vida se manifestou, e nós a temos visto; damos testemunho e vos anunciamos a vida eterna, que estava no Pai e que se nos manifestou -,
3 o que vimos e ouvimos nós vos anunciamos, para que também vós tenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo.
4 Escrevemo-vos estas coisas para que a vossa alegria seja completa.

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 96/97

Ó justos, alegrai-vos no Senhor!

Deus é rei! Exulte a terra de alegria,
e as ilhas numerosas rejubilem!
Treva e nuvem o rodeiam no seu torno,
que se apóia na justiça e no direito.

As montanhas se derretem como cera
ante a face do Senhor de toda a terra;
e assim proclama o céu sua justiça,
todos os povos podem ver a sua glória.

Uma luz já se levanta para os justos,

e a alegria, pra os retos corações.
Homens justos, alegrai-vos no Senhor,
celebrai e bendizei seu santo nome!


Evangelho (João 20,2-8)

Aleluia, aleluia, aleluia.
A vós, ó Deus, louvamos, a vós, Senhor, cantamos, vos louva o exército dos vossos santos mártires!

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.

20 2 Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: "Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram!"
3 Saiu então Pedro com aquele outro discípulo, e foram ao sepulcro.
4 Corriam juntos, mas aquele outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro.
5 Inclinou-se e viu ali os panos no chão, mas não entrou.
6 Chegou Simão Pedro que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão.
7 Viu também o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte.
8 Então entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu.

Palavra da Salvação.

Reflexão 

A questão do desaparecimento do corpo de Jesus deixando "O túmulo Vazio" em Jerusalém, dois milênios atrás, ainda é fundamental para nossa fé cristã. Pois aí está a nossa Fé na sua Ressurreição e aparição diante dos Apóstolos e a muitos depois disso, confirmando o poder de nosso Deus. Quem senão Deus poderia fazer seu filho Jesus Ressuscitar dos mortos!
A resposta à questão do Túmulo Vazio vem ao encontro dos depoimentos de testemunhas da época convertidas devido às circunstâncias verídicas dos fatos ocorridos entre eles. Jesus ressuscitou! Sobre isso não há dúvida, pois ninguém daria sua vida como ocorre com seus seguidores Cristãos por tanto tempo se o fato não fosse verídico e de tal forma que mudou a vida de nossos irmãos no passado e que mudou a face da terra por séculos.
As mulheres fizeram planos para virem cedo na manhã de domingo com mais especiarias para completar o embalsamamento. Mas quando chegaram, encontraram a pedra tirada e nenhum corpo no Túmulo.
A proclamação de ressurreição por eles não lhes trouxe poder nem prestígio, mas perseguição e pobreza tanto que se escondiam com medo, jamais motivos para um roubo tão ousado. Eles morreram por seu testemunho da ressurreição; os homens morrem pelo que crêem ser verdade, não pelo que sabem ser mentira. Considere também os padrões morais dos discípulos. É razoável que seu caráter inatacável e ensinamento puro fossem baseados numa mentira premeditada e roubo? Mas, mesmo que o quisessem, os discípulos não poderiam ter roubado o corpo porque o Túmulo estava guardado por soldados especialmente encarregados da responsabilidade de prevenir o roubo desse corpo. A falta de um motivo, a natureza moral dos discípulos e os soldados romanos todos permanecem como testemunhas silenciosas. O corpo não foi roubado!
Jesus foi ressuscitado por Deus. Esta é a única explicação que leva e conta, adequadamente, todos os fatos do caso. Mas, se Jesus foi ressuscitado, o que isto significa ou importa para nós?
A ressurreição de Jesus abre as portas do Céu e garante certeza de nossa Salvação e Ressurreição (1 Coríntios 15; 1 Tessalonicenses 4:13-18). A ressurreição de Jesus não é um assunto de mero interesse histórico, mas serve como o protótipo da ressurreição de todo ser humano. Sua ressurreição é a base para a esperança (1 Pedro 1:5). A ressurreição de Jesus prova que ele julgará o mundo (Atos 17:30-31). Ele ainda vive e todos os homens o enfrentarão seu julgamento como Juiz da humandade, no dia já determinado por Deus e este dia e está hora ninguém o conhece só Deus.
Este fato deve provocar sóbria reflexão em nossa vida hoje mais que no tempo dos seus Discípulos. Se eles achavam que estava próxima sua volta eu hoje não temo em dizer que estamos ainda mais perto de ouvirmos as trombetas tocarem.
A ressurreição confirma as declarações de Jesus de ser o Filho de Deus (Romanos 1:4). Serve como fundamento de seu reinado (Efésios 1:19-23) e Sacerdote eterno (Hebreus 7:23-28).
A ressurreição de Cristo provê o modelo (Romanos 6:3-5) e o poder (1 Pedro 3:21) do batismo cristão. Todos os pecadores precisam morrer para o pecado como Jesus morreu na cruz. Nós precisamos ser sepultados como Jesus e ressuscitarmos no novo "batismo" para que possamos ser erguidos para caminhar numa nova vida. "O que aconteceu com o corpo de Jesus?" Hoje somos desafiados a responder à mesma pergunta e confirmar que "Jesus Cristo Ressuscitou dos mortos". Que Jesus Cristo está vivo e seu Espírito está entre nós neste momento e em breve voltará para resgatar os seus escolhidos.
 
 
 
 Pe. Bantu Mendonça katchipwi Sayla

São João Evangelista.

 São João Evangelista

 O nome deste evangelista significa: “Deus é misericordioso”: uma profecia que foi se cumprindo na vida do mais jovem dos apóstolos. Filho de Zebedeu e de Salomé, irmão de Tiago Maior, ele também era pescador, como Pedro e André; nasceu em Betsaida e ocupou um lugar de primeiro plano entre os apóstolos.

Jesus teve tal predileção por João que esse assinalava-se como “o discípulo que Jesus amava”. O apóstolo São João foi quem, na Santa Ceia, reclinou a cabeça sobre o peito do Mestre; e foi também a João, que se encontrava ao pé da Cruz ao lado da Virgem Santíssima, que Jesus disse: “Filho, eis aí a tua mãe”; e olhando para Maria disse: “Mulher, eis aí o teu filho” (Jo 19,26s).

Quando Jesus se transfigurou, foi João, juntamente com Pedro e Tiago, que estava lá. João é sempre o homem da elevação espiritual, mas não era fantasioso e delicado, tanto que Jesus chamou a ele e a seu irmão Tiago de Boanerges, que significa “filho do trovão”.

João esteve desterrado em Patmos, por ter dado testemunho de Jesus. Deve ter acontecido durante a perseguição de Domiciano (81-96 dC). O sucessor desse, o benigno e já quase ancião Nerva (96-98), concedeu anistia geral; em virtude dela pôde João voltar a Éfeso (centro de sua atividade apostólica durante muito tempo, conhecida atualmente como Turquia). Lá o coloca a tradição cristã da primeiríssima hora, cujo valor histórico é irrecusável.

O Apocalipse e as três cartas de João testemunham igualmente que o autor vivia na Ásia e lá gozava de extraordinária autoridade. E não era para menos. Em nenhuma outra parte do mundo, nem sequer em Roma, havia já apóstolos que sobrevivessem. E é de imaginar a veneração que tinham os cristãos dos fins do século I por aquele ancião, que tinha ouvido falar o Senhor Jesus, e O tinha visto com os próprios olhos, e Lhe tinha tocado com as próprias mãos, e O tinha contemplado na sua vida terrena e depois de ressuscitado, e presenciara a sua Ascensão aos céus. Por isso, o valor dos seus ensinamentos e o peso das suas afirmações não podiam deixar de ser excepcionais e mesmo únicos.

Dele dependem (na sua doutrina, na sua espiritualidade e na suave unção cristocêntrica dos escritos) os Santos Padres daquela primeira geração pós-apostólica que com ele trataram pessoalmente ou se formaram na fé cristã com os que tinham vivido com ele, como S. Pápias de Hierápole, S. Policarpo de Esmirna, Santo Inácio de Antioquia e Santo Ireneu de Lião. E são essas precisamente as fontes donde vêm as melhores informações que a Tradição nos transmitiu acerca desta última etapa da vida do apóstolo.

São João, já como um ancião, depara-se com uma terrível situação para a Igreja, Esposa de Cristo: perseguições individuais por parte de Nero e perseguições para toda a Igreja por parte de seu sucessor, o Imperador Domiciano.

Além destas perseguições, ainda havia o cúmulo de heresias que desentranham o movimento religioso gnóstico, nascido e propagado fora e dentro da Igreja, procurando corroer a essência mesma do Cristianismo.

Nesta situação, Deus concede ao único sobrevivente dos que conviveram com o Mestre, a missão de ser o pilar básico da sua Igreja naquela hora terrível. E assim o foi. Para aquela hora e para as gerações futuras também. Com a sua pregação e os seus escritos, ficava assegurado o porvir glorioso da Igreja, entrevisto por ele nas suas visões de Patmos e cantado em seguida no Apocalipse.

Completada a sua obra, o santo evangelista morreu quase centenário, sem que nós saibamos a data exata. Foi no fim do primeiro século ou, quando muito, nos princípios do segundo, em tempo de Trajano (98-117 dC).

Três são as obras saídas da sua pena incluídas no cânone do Novo Testamento: o quarto Evangelho, o Apocalipse e as três cartas que têm o seu nome.

São João Evangelista, rogai por nós!

domingo, 26 de dezembro de 2021

Sagrada Família: Jesus, Maria e José - Perda e encontro do Menino Jesus no Templo.

 Os exemplos da Sagrada Família para sermos famílias sagradas - Clube da  Evangelização
Primeira Leitura: Eclesiástico 3,3-7.14-17

Leitura do livro do Eclesiástico3Deus honra o pai nos filhos e confirma, sobre eles, a autoridade da mãe. 4Quem honra o seu pai alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los e será ouvido na oração quotidiana. 5Quem respeita a sua mãe é como alguém que ajunta tesouros. 6Quem honra o seu pai terá alegria com seus próprios filhos; e, no dia em que orar, será atendido. 7Quem respeita o seu pai terá vida longa, e quem obedece ao pai é o consolo da sua mãe. 14Meu filho, ampara o teu pai na velhice e não lhe causes desgosto enquanto ele vive. 15Mesmo que ele esteja perdendo a lucidez, procura ser compreensivo para com ele; não o humilhes em nenhum dos dias de sua vida: a caridade feita a teu pai não será esquecida, 16mas servirá para reparar os teus pecados 17e, na justiça, será para tua edificação. 

Palavra do Senhor.

Leitura opcional: 1 Samuel 1,20-22.24-28.

Salmo Responsorial: 127(128)

Felizes os que temem o Senhor e trilham seus caminhos!

1. Feliz és tu se temes o Senhor / e trilhas seus caminhos! / Do trabalho de tuas mãos hás de viver, / serás feliz, tudo irá bem! – R.

2. A tua esposa é uma videira bem fecunda / no coração da tua casa; / os teus filhos são rebentos de oliveira / ao redor de tua mesa. – R.

3. Será assim abençoado todo homem / que teme o Senhor. / O Senhor te abençoe de Sião / cada dia de tua vida. – R.

Salmo opcional: 83(84),2-3.5-6.9-10.

Segunda Leitura: Colossenses 3,12-21

Leitura da carta de São Paulo aos Colossenses – Irmãos, 12vós sois amados por Deus, sois os seus santos eleitos. Por isso, revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, 13suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente se um tiver queixa contra o outro. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai vós também. 14Mas, sobretudo, amai-vos uns aos outros, pois o amor é o vínculo da perfeição. 15Que a paz de Cristo reine em vossos corações, à qual fostes chamados como membros de um só corpo. E sede agradecidos. 16Que a palavra de Cristo, com toda a sua riqueza, habite em vós. Ensinai e admoestai-vos uns aos outros com toda a sabedoria. Do fundo dos vossos corações, cantai a Deus salmos, hinos e cânticos espirituais, em ação de graças. 17Tudo o que fizerdes, em palavras ou obras, seja feito em nome do Senhor Jesus Cristo. Por meio dele, dai graças a Deus, o Pai. 18Esposas, sede solícitas para com vossos maridos, como convém, no Senhor. 19Maridos, amai vossas esposas e não sejais grosseiros com elas. 20Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais, pois isso é bom e correto no Senhor. 21Pais, não intimideis os vossos filhos, para que eles não desanimem.

Palavra do Senhor.

Evangelho: Lucas 2,41-52

Aleluia, aleluia, aleluia.

Que a paz de Cristo reine em vossos corações / e ricamente habite em vós sua palavra! (Cl 3,15s) – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas41Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. 42Quando ele completou doze anos, subiram para a festa, como de costume. 43Passados os dias da Páscoa, começaram a viagem de volta, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. 44Pensando que ele estivesse na caravana, caminharam um dia inteiro. Depois começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. 45Não o tendo encontrado, voltaram para Jerusalém à sua procura. 46Três dias depois, o encontraram no templo. Estava sentado no meio dos mestres, escutando e fazendo perguntas. 47Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com sua inteligência e suas respostas. 48Ao vê-lo, seus pais ficaram muito admirados, e sua mãe lhe disse: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura”. 49Jesus respondeu: “Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?” 50Eles, porém, não compreenderam as palavras que lhes dissera. 51Jesus desceu então com seus pais para Nazaré e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, conservava no coração todas essas coisas. 52E Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens. 

Palavra da salvação.

Reflexão

Meditação. — 1. A Solenidade da Sagrada Família é sempre uma oportunidade de refletirmos sobre nossas relações familiares, buscando renová-las segundo as máximas da Boa Nova de Nosso Senhor. O convívio amoroso e espiritual entre Jesus, Maria e José mostra-nos um caminho de santidade, que deveria servir de inspiração e modelo para todas as famílias, mas sobretudo para aquelas mais atormentadas pelas vicissitudes dos tempos modernos. No Evangelho deste domingo, vemos como a obediência a Deus está na base da estrutura familiar, cuja origem não se baseia apenas em laços biológicos, mas fundamentalmente espirituais.

Aos 12 anos de idade, Jesus já dispunha de certa responsabilidade pelos seus atos. Para a tradição judaica, o menino torna-se maior de idade a partir dos 13 anos, pelo que os judeus celebram o rito chamado Bar-Mitzvah. O Evangelho conta que Jesus ficou no templo para fazer a vontade de Seu Divino Pai. Por isso não se deve interpretar a Sua resposta à Virgem Maria e a São José como um ato de rebeldia e insurreição. Ao contrário, Ele “era-lhes obediente” porque José e Maria eram também bons servos do Senhor. Maria, afinal, era aquela que “conservava no coração todas estas coisas”, mesmo não compreendendo todo o mistério do qual fazia parte.

2. A obediência de um filho aos pais depende estritamente da obediência dos pais a Deus. Se estes pais se comportam contra os Mandamentos do Senhor e incentivam o filho a viver no pecado, este filho não só pode como deve desobedecê-los, pois “importa obedecer antes a Deus do que aos homens” (At 5, 29). A tragédia familiar dos tempos modernos explica-se justamente por essa rebeldia dos pais contra a Lei Divina. Criados como animais, os filhos obviamente reproduzem comportamentos animalescos, ou seja, de pessoas que não se preocupam com a própria alma e sua salvação.

Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, em obediência à lei mosaica. Assim também deveriam ser os pais de hoje, participando da Santa Missa e dos demais sacramentos. A Igreja Católica não defende uma família machista e patriarcal, mas uma família temente a Deus, em cuja testa esteja um líder obediente ao Senhor. A submissão da esposa e dos filhos depende primeiro da submissão do marido a Deus, que deve amar sua família como Cristo amou a Igreja. Nessa dinâmica, a família pode educar os filhos segundo aqueles conselhos paternos de que falava Santo Tomás de Aquino, na Suma Teológica. Trata-se de colocar o filho no caminho do bem a partir do poder do exemplo e da legítima autoridade, e não da força bruta e coercitiva.

3. José e Maria obviamente não perderam Jesus por desleixo. Acontece que, naquela época, as caravanas eram dividas em grupos, e ambos pensaram que Jesus estava no grupo do outro. Assim que notaram a Sua ausência, no entanto, puseram-se a procurá-lO diligentemente. E O encontraram na casa de Seu Pai, no meio dos doutores, distribuindo conselhos paternos com toda inteligência e sabedoria. Ali no Templo, Jesus revelou-se como o Pai de todas as famílias, o menino que nasceu, segundo a profecia de Isaías, para ser “conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz” (9, 5).

Na leitura do Evangelho ou numa pregação, podemos perder de vista a presença de Jesus, não percebendo o sentido de Suas palavras. Ora, esse é o momento de repetirmos o gesto da Sagrada Família, partindo à procura do Senhor, a fim de que Ele nos eduque com Seus conselhos de Pai amoroso. A vida dos Santos, o Magistério da Igreja, as Sagradas Escrituras e os Sacramentos são o “Templo” onde certamente encontraremos o Senhor. Nessa Solenidade, unamo-nos à Virgem Maria e a São José para juntos meditarmos e conservarmos no coração a sabedoria do Verbo Encarnado.

Oração. —  Menino Jesus, cuja sabedoria causou maravilhamento entre os mestres do Templo, educai-me com vossos conselhos para que eu jamais siga o caminho das trevas. E se eu vier a me perder, enviai os vossos santos pais, Maria e José, para me ajudarem a encontrar-vos novamente. Assim seja.

Propósito. — Rezar pelos pais que, por alguma razão, perderam ou estão longe de seus filhos nesse período do Natal.

 

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sábado, 25 de dezembro de 2021

Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo - E o Verbo era Deus.

  Missa do Dia do Natal do Senhor - Ano C
Leitura (Isaías 52,7-10)

Leitura do livro do profeta Isaías.

52 7 Como são belos sobre as montanhas os pés do mensageiro que anuncia a felicidade, que traz as boas novas e anuncia a libertação, que diz a Sião: "Teu Deus reina!"
8 Ouve! Tuas sentinelas elevam a voz, e todas juntas soltam alegres gritos, porque vêem com seus próprios olhos o Senhor voltar a Sião.
9 Prorrompei todas em brados de alegria, ruínas de Jerusalém, porque o Senhor se compadece de seu povo, e resgata Jerusalém!
10 O Senhor descobre seu braço santo aos olhares das nações, e todos os confins da terra verão o triunfo de nosso Deus.

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 97/98

Os confins do universo contemplaram
a salvação do nosso Deus.


Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
porque ele fez prodígios!
Sua mão e o seu braço forte e santo
alcançaram-lhe a vitória.

O Senhor fez conhecer a salvação
e, às nações, sua justiça;
recordou o seu amor sempre fiel
pela casa de Israel.

Os confins do universo contemplaram
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,
alegrai-vos e exultai!

Cantai salmos ao Senhor ao som da harpa
e da cítara suave!
Aclamai, com os clarins e as trombetas,
ao Senhor, o nosso rei!

Leitura (Hebreus 1,1-6)

Leitura da carta aos Hebreus.
1 1 Muitas vezes e de diversos modos outrora falou Deus aos nossos pais pelos profetas. 2 Ultimamente nos falou por seu Filho, que constituiu herdeiro universal, pelo qual criou todas as coisas. 3 Esplendor da glória (de Deus) e imagem do seu ser, sustenta o universo com o poder da sua palavra. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, está sentado à direita da Majestade no mais alto dos céus, 4 tão superior aos anjos quanto excede o deles o nome que herdou.
5 Pois a quem dentre os anjos disse Deus alguma vez: "Tu és meu Filho; eu hoje te gerei"? Ou então: "Eu serei seu Pai e ele será meu Filho"?
6 E novamente, ao introduzir o seu Primogênito na terra, diz: "Todos os anjos de Deus o adorem".
Palavra do Senhor.

Evangelho (João 1,1-18 ou 1-5.9-14)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Despontou o santo dia para nós: ó nações, vinde adorar o Senhor Deus, porque hoje grande luz brilhou na terra!


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.

1 1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus.
2 Ele estava no princípio junto de Deus.
3 Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito.
4 Nele havia a vida, e a vida era a luz dos homens.
5 A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.
6 Houve um homem, enviado por Deus, que se chamava João.
7 Este veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele.
8 Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz.
9 era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem.
10 Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o reconheceu.
11 Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam.
12 Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus,
13 os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus.

14 E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade.
15 João dá testemunho dele, e exclama: "Eis aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim é maior do que eu, porque existia antes de mim".
16 Todos nós recebemos da sua plenitude graça sobre graça.
17 Pois a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.
18 Ninguém jamais viu Deus. O Filho único, que está no seio do Pai, foi quem o revelou.

Palavra da Salvação.

Reflexão

O Evangelho da Missa do dia de Natal, como se terá notado, fala-nos não do nascimento temporal de Filho segundo a carne nem de sua concepção mística nas almas dos fiéis, mas da geração eterna com que Deus Pai, desde toda a eternidade, lhe comunica tudo que é, tudo o que possui. O Evangelho segundo S. João abre-se, pois, com um exórdio admirável, no qual se nos revela não apenas que Deus existe, mas que é um Deus de amor tão abundante que se desborda, por assim dizer, em uma comunhão de Pessoas na unidade de uma única e mesma essência divina. Elevando-se sobre o exército dos anjos e de todas as potestades invisíveis, o evangelista que escutou do Coração sobre o qual repousara os mais íntimos segredos da vida de Cristo mostra-nos, no dia de hoje, que o Menino Jesus, antes da Encarnação, era e sempre será o Filho único do Pai, coeterno e co-igual àquele por quem foi gerado e enviado ao mundo (cf. S. Agostinho, In Ioan., tract. 36, 1).

Na Missa deste dia não celebramos, portanto, algo que Deus fez por nós, seja ao nascer na cidade de Davi, seja ao dissipar com a luz de sua presença as trevas de nossa alma, mas simplesmente o que Ele é em si mesmo, Trindade santa e inefável: “No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus” (Jo 1, 1). É neste mistério luminoso, que nos aponta para a existência, fora da fugacidade das coisas temporais e da caducidade das dores e misérias humanas, de um Sol incompreensível de amor, que devemos ter sempre postos os nossos olhos. Pois a revelação do mistério trinitário é como um feixe de luz que, à semelhança dos milagres de que nos fala a história tanto sagrada como profana, rompe a escuridão deste mundo que nos rodeia e faz esquecer tantas vezes que não temos aqui morada permanente.

De fato, somos tentados muita vez a condenar Deus por aquilo que julgamos que Ele deveria fazer a nosso favor. Encerrados desde o início nesse “quarto escuro” que é a vida humana após a Queda, achamos que Deus está obrigado a satisfazer-nos todas as vontades, a impedir todos os males e desgraças de que, no fundo, somos nós os únicos responsáveis. Exigimos dele intervenções extraordinárias e provas cabais de que existe e se importa conosco; e, tolos, não nos damos conta de que os milagres, embora existam, não são mais do que indicações pontuais, como lampejos passageiros em meio às trevas, de que há um Sol de amor à nossa espera após esta vida. Sim, o mundo, depois da vinda de Cristo, em certa medida continua o mesmo, e os problemas que antes existiam continuam a afligir a humanidade, mas nem por isso deixam de ser verdade aquelas palavras do autor da Epístola aos Hebreus: “Muitas vezes e de diversos modos outrora falou Deus aos nossos pais pelos profetas; mas nestes tempos, que são os últimos, nos falou por seu Filho” (Hb 1, 1-2).

São, pois, os últimos estes tempos que vivemos, porque Deus nos deu de uma vez para sempre a prova de que todos os séculos vindouros precisam para saber que há um além no qual nos quer introduzir a Trindade santa: “E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que recebe do Pai como Filho unigênito, cheio de graça e de verdade” (Jo 1, 14). Ainda que não houvesse mais milagres, ainda que, até o fim da história, o mundo não visse nenhum outro facho de luz a romper a escuridão em que jazemos, nenhum cristão deveria perder a fé e a esperança de que, sim, há um Sol de amor acima das nuvens carregadas dos nossos pecados, das nossas infidelidades, das nossas traições, das nossas injustiças: num palavra, desse mysterium iniquitatis que pesa sobre a humanidade inteira. Porque esse Sol, na Pessoa do Filho unigênito, veio, fez luzir ante os olhos de testemunhas inquestionáveis um pouco da glória, da alegria e do amor em que Deus, Trindade santa, nos quer submergir.

Que hoje, unidos a toda a Santa Igreja, possamos louvar e bendizer a Deus de todo o nosso coração, não porque Ele tenha erguido aleijados, restituído a vista a cegos ou limpado leprosos, mas por ser Ele quem é, Pai, Filho e Espírito, um só Deus em três Pessoas realmente distintas, Sol eterno e Luz inapagável, o mistério de cuja vida íntima estamos chamados a contemplar um dia no céu, entre os anjos e santos da corte celeste que, no instante imóvel da eternidade, proclamam sem cessar: “A vós, ó Deus, louvamos e por Senhor nosso vos confessamos. A vós reverencia e adora toda a terra. A vós, todos os anjos; a vós os céus e todas as potestades; a vós os querubins e serafins com incessantes vozes proclamam: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos Exércitos! Os céus e a terra estão cheios da vossa glória e majestade!” 


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