sábado, 30 de abril de 2022

2ª Semana da Páscoa - Não tenhais medo!

 Discípulos Vêm Jesus Caminhar Sobre as Águas

Primeira Leitura: Atos 6,1-7

Leitura dos Atos dos Apóstolos1Naqueles dias, o número dos discípulos tinha aumentado, e os fiéis de origem grega começaram a queixar-se dos fiéis de origem hebraica. Os de origem grega diziam que suas viúvas eram deixadas de lado no atendimento diário. 2Então os doze apóstolos reuniram a multidão dos discípulos e disseram: “Não está certo que nós deixemos a pregação da Palavra de Deus para servir às mesas. 3Irmãos, é melhor que escolhais entre vós sete homens de boa fama, repletos do Espírito e de sabedoria, e nós os encarregaremos dessa tarefa. 4Desse modo nós poderemos dedicar-nos inteiramente à oração e ao serviço da Palavra”. 5A proposta agradou a toda a multidão. Então escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo; e também Filipe, Prócoro, Nicanor, Timon, Pármenas e Nicolau de Antioquia, um pagão que seguia a religião dos judeus. 6Eles foram apresentados aos apóstolos, que oraram e impuseram as mãos sobre eles. 7Entretanto, a Palavra do Senhor se espalhava. O número dos discípulos crescia muito em Jerusalém, e grande multidão de sacerdotes judeus aceitava a fé. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 32(33)

Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, / da mesma forma que em vós nós esperamos!

1. Ó justos, alegrai-vos no Senhor! / Aos retos fica bem glorificá-lo. / Dai graças ao Senhor ao som da harpa, / na lira de dez cordas celebrai-o! – R.

2. Pois reta é a palavra do Senhor, / e tudo o que ele faz merece fé. / Deus ama o direito e a justiça, / transborda em toda a terra a sua graça. – R.

3. O Senhor pousa o olhar sobre os que o temem / e que confiam, esperando em seu amor, / para da morte libertar as suas vidas / e alimentá-los quando é tempo de penúria. – R.

Evangelho: João 6,16-21

Aleluia, aleluia, aleluia.

Ressurgiu Cristo, o Senhor, que criou tudo; / ele teve compaixão da humanidade. – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João16Ao cair da tarde, os discípulos desceram ao mar. 17Entraram na barca e foram em direção a Cafarnaum, do outro lado do mar. Já estava escuro, e Jesus ainda não tinha vindo ao encontro deles. 18Soprava um vento forte, e o mar estava agitado. 19Os discípulos tinham remado mais ou menos cinco quilômetros quando enxergaram Jesus, andando sobre as águas e aproximando-se da barca. E ficaram com medo. 20Mas Jesus disse: “Sou eu. Não tenhais medo”. 21Quiseram, então, recolher Jesus na barca, mas imediatamente a barca chegou à margem para onde estavam indo. – Palavra da salvação.

Reflexão

Após multiplicar pães e peixes, Cristo manifesta hoje o seu poder ao andar sobre as águas do mar de Tiberíades. Já havia entardecido, como diz o Evangelista, e os discípulos decidem ir de barco até Cafarnaum; o Senhor, por sua vez, ficara sozinho em terra, orando ao Pai (cf. Mt 22, 23). Sob uma perspectiva mística, a barca dos Apóstolos, sacudida pelas ondas do mar, representa a Igreja de Cristo, que atravessa o lago da história humana em meio às trevas e aos pecados que de todos os lados a envolvem. Cristo, porém, intercedendo sempre por nós como o "grande Sumo Sacerdote que penetrou nos céus" (Hb 4, 14), faz-se presente a todos e cada um dos membros do seu Corpo Místico.

Vivemos, com efeito, rodeados pela escuridão e pelo "sem-sentido" de um mundo que ignora a face de Jesus; mas Ele, vivendo sempre "ad interpellandum pro nobis" (Hb 7, 25), vem ao nosso encontro e diz-nos: "Sou eu. Não tenhais medo". Não há, pois, trevas que ele não possa dissipar; não há golfada d'água, não há vento rijo que lhe possa resistir: "Silêncio! Cala-te!" (Mc 4, 39). À sua palavra, cessam as tempestades, seguem-se grandes bonanças. Não sejamos medrosos; creiamos, com verdadeira fé, que o Senhor anda, vivo e sereno, sobre as agitações que nos inquietam, sobre as tormentas que nos sacodem. — "Sou eu. Não tenhais medo"! É Ele que, triunfante, se faz presente nas tempestades da nossa vida. Renovando hoje a nossa fé em sua presença constante, abandonemo-nos às mãos dAquele a quem até o mar e o vento obedecem (cf. Mc 4, 41).

 

 https://padrepauloricardo.org

sexta-feira, 29 de abril de 2022

2ª Semana da Páscoa - Cuidado se você só busca milagres!

 04/01 – Dai-lhes vós mesmos de comer. – Pastoral Universitária UniSALESIANO

Primeira Leitura: Atos 5,34-42

Leitura dos Atos dos Apóstolos – Naqueles dias, 34um fariseu, chamado Gamaliel, levantou-se no sinédrio. Era mestre da Lei e todo o povo o estimava. Gamaliel mandou que os acusados saíssem por um instante. 35Depois disse: “Homens de Israel, vede bem o que estais para fazer contra esses homens. 36Algum tempo atrás apareceu Teudas, que se fazia passar por uma pessoa importante, e a ele se juntaram cerca de quatrocentos homens. Depois ele foi morto e todos os que o seguiam debandaram, e nada restou. 37Depois dele, no tempo do recenseamento, apareceu Judas, o galileu, que arrastou o povo atrás de si. Contudo, também ele morreu e todos os seus seguidores se dispersaram. 38Quanto ao que está acontecendo agora, dou-vos um conselho: não vos preocupeis com esses homens e deixai-os ir embora. Porque, se esse projeto ou essa atividade é de origem humana, será destruído. 39Mas, se vem de Deus, vós não conseguireis eliminá-los. Cuidado para não vos pordes em luta contra Deus!” E os membros do sinédrio aceitaram o parecer de Gamaliel. 40Chamaram então os apóstolos, mandaram açoitá-los, proibiram que eles falassem em nome de Jesus e depois os soltaram. 41Os apóstolos saíram do conselho muito contentes por terem sido considerados dignos de injúrias por causa do nome de Jesus. 42E cada dia, no templo e pelas casas, não cessavam de ensinar e anunciar o Evangelho de Jesus Cristo. 

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 26(27)

Ao Senhor eu peço apenas uma coisa: / habitar no santuário do Senhor.

1. O Senhor é minha luz e salvação; / de quem eu terei medo? / O Senhor é a proteção da minha vida; / perante quem eu tremerei? – R.

2. Ao Senhor eu peço apenas uma coisa / e é só isto que eu desejo: / habitar no santuário do Senhor / por toda a minha vida; / saborear a suavidade do Senhor / e contemplá-lo no seu templo. – R.

3. Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver / na terra dos viventes. / Espera no Senhor e tem coragem, / espera no Senhor! – R.

Evangelho: João 6,1-15

Aleluia, aleluia, aleluia.

O homem não vive somente de pão, / mas de toda palavra da boca de Deus (Mt 4,4). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, 1Jesus foi para o outro lado do mar da Galileia, também chamado de Tiberíades. 2Uma grande multidão o seguia, porque via os sinais que ele operava a favor dos doentes. 3Jesus subiu ao monte e sentou-se aí com os seus discípulos. 4Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. 5Levantando os olhos e vendo que uma grande multidão estava vindo ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: “Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?” 6Disse isso para pô-lo à prova, pois ele mesmo sabia muito bem o que ia fazer. 7Filipe respondeu: “Nem duzentas moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada um”. 8Um dos discípulos, André, o irmão de Simão Pedro, disse: 9“Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas o que é isso para tanta gente?” 10Jesus disse: “Fazei sentar as pessoas”. Havia muita relva naquele lugar, e lá se sentaram, aproximadamente, cinco mil homens. 11Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes. 12Quando todos ficaram satisfeitos, Jesus disse aos discípulos: “Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca!” 13Recolheram os pedaços e encheram doze cestos com as sobras dos cinco pães, deixadas pelos que haviam comido. 14Vendo o sinal que Jesus tinha realizado, aqueles homens exclamavam: “Este é verdadeiramente o Profeta, aquele que deve vir ao mundo”. 15Mas, quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte. 

Palavra da salvação.

Reflexão

O Evangelho de hoje é o capítulo 6 de S. João. Iniciamos este belo capítulo que se inicia, por sua vez, já com certa empolgação. Aqui está o discurso de Jesus a respeito do pão da vida, o centro do ensinamento eucarístico do evangelho de João. Lembremos que S. João, ao narrar a Última Ceia, fala do lava-pés, mas não da instituição da Eucaristia. É por isso que o capítulo 6 é tão importante: porque tudo o que Jesus ensina agora, Ele o vai realizar mais tarde na Última Ceia. O capítulo começa dizendo, no versículo 4, que estava próxima a páscoa dos judeus. Isso quer dizer que, cronologicamente, estamos a um ano da Paixão de Cristo. Nosso Senhor sabe que, no ano seguinte, Ele irá morrer; no ano seguinte, nesta mesma data, Ele irá instituir a Eucaristia; no ano seguinte, Ele vai dar aos seus Apóstolos a ordenação sacerdotal. Trata-se, além disso, de um momento de verdadeira decisão. Por quê? Porque Jesus chega aqui ao ápice da fama. O Evangelho de hoje nos mostra a multiplicação dos pães, episódio em que Jesus alimentou uma grande multidão, que fora ao seu encontro. “Havia muita relva naquele lugar e lá se sentaram aproximadamente cinco mil homens”. Um exército de cinco mil homens! E todos começam a acalentar a esperança de que Jesus será o general, o Messias que veio triunfar e livrar o povo da dominação romana. Depois que Jesus multiplicou os pães e alimentou a multidão, diz o Evangelho que, no final, as turbas queriam proclamá-lo rei, mas Jesus retirou-se novamente para ir sozinho a um monte. Jesus multiplica os pães: momento de fama, em que todos querem um rei que dê comida de graça. Mas Jesus vê que estão equivocados, por isso foge aos que pretendem criá-lo rei temporal, mundano e político, a fim de mostrar-lhes onde está o seu reinado. 

Assim começa o ensinamento sobre a Eucaristia, cuja conclusão será: “O pão que multipliquei para vós é somente sinal de outro importante e substancial: da minha própria carne e do meu próprio sangue, que vos hei de dar”. Os ouvintes porém ficam escandalizados e começam a abandonar Jesus. Esse capítulo é importantíssimo por isso, ele marca ao mesmo tempo a hora do maior triunfo de Jesus e a do início de seu declínio. Agora, a aplicação disto à nossa vida. Muitos se convertem e creem em Jesus, querem tornar-se católicos, seguir os ensinamentos da Igreja etc., mas o fazem pelos motivos errados, por razões seculares, mundanas, naturais, ou seja: porque se sentem mais “abençoados”, porque veem os negócios prosperarem, porque se curaram de uma doença, porque superaram uma crise na família etc. Quando Jesus é visto como “aquele que vai resolver os meus problemas” — problemas mundanos, seculares, aqui deste mundo —, então Ele parece fazer bastante sucesso. Quantos pensam assim! Vão a Jesus à procura de milagres, de graças materiais… Não negamos que Jesus faça milagres. Sim, Ele faz milagres, como lemos no Evangelho da multiplicação dos pães. Ora, se Jesus multiplicou pães dois mil anos atrás, Ele pode dar trabalho a um desempregado; devolver a saúde a um doente; restabelecer a paz em uma família abalada e à beira do dicórcio; fazer um empresário quase falido recobrar os negócios etc. Jesus fez milagres e os pode fazer ainda hoje. Mas a questão é por que Ele fez e faz milagres. O evangelho de S. João chama os milagres por aquilo que eles são: “sinais”, como um dedo a apontar para a luz. Ora, não fiquemos olhando para o dedo, isto é, para o milagre! “O meu reino não é deste mundo”, dirá Jesus a Pilatos. No Evangelho de hoje, capítulo 6 de S. João, as pessoas querem fazer de Jesus um rei. No capítulo 18, Pilatos irá perguntar a Jesus: “Então tu és rei?” Cristo dirá: “Sim, tu dizes bem. Eu sou rei, foi para isso que eu nasci, mas o meu reino não é deste mundo”. Todos os sinais visíveis que Jesus nos dá apontam para o invisível, para o fato de que Deus quer-nos dar a vida eterna. Na prática, o que isso quer dizer? Que nós, que seguimos Jesus e fomos atraídos por seus sinais, temos de entender que, agora, precisamos fazer uma opção por Ele: precisamos permanecer com Ele, ainda que os sinais desapareçam. Se escolhemos seguir Jesus quando Ele multiplicou pães, temos de segui-lo também quando for crucificado, quando Ele parecer derrotado a olhos humanos.

Neste capítulo 6, as pessoas começam a abandonar Jesus, mas Ele se volta para nós e nos pergunta como perguntou aos Apóstolos dois mil anos atrás: “Também vós quereis me abandonar?”, e a nossa resposta deve ser semelhante à de Pedro: “Senhor, para onde iremos nós? Só tu tens palavras de vida eterna”. Eis aí. Precisamos decidir-nos vigorosamente pela fé, seguir Jesus, mas segui-lo não por razões mundanas, não por milagres transitórios, mas porque Ele, só Ele, tem palavras de vida eterna; só Ele é o pão da vida descido do céu; só Ele nos dá a felicidade. Renovemos nossa fé e nossa esperança em Jesus. É isso que Ele quer de nós.

 

https://padrepauloricardo.org

quinta-feira, 28 de abril de 2022

2ª Semana da Páscoa - A ira divina, um ato de amor.

 Liturgia Diária

Primeira Leitura: Atos 5,27-33

Leitura dos Atos dos Apóstolos – Naqueles dias, os guardas 27levaram os apóstolos e os apresentaram ao sinédrio. O sumo sacerdote começou a interrogá-los, 28dizendo: “Nós tínhamos proibido expressamente que vós ensinásseis em nome de Jesus. Apesar disso, enchestes a cidade de Jerusalém com a vossa doutrina. E ainda nos quereis tornar responsáveis pela morte desse homem!” 29Então Pedro e os outros apóstolos responderam: “É preciso obedecer a Deus antes que aos homens. 30O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós matastes, pregando-o numa cruz. 31Deus, por seu poder, o exaltou, tornando-o Guia supremo e Salvador, para dar ao povo de Israel a conversão e o perdão dos seus pecados. 32E disso somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus concedeu àqueles que lhe obedecem”. 33Quando ouviram isso, ficaram furiosos e queriam matá-los. 

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 33(34)

Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido.

1. Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, / seu louvor estará sempre em minha boca. / Provai e vede quão suave é o Senhor! / Feliz o homem que tem nele o seu refúgio! – R.

2. Mas ele volta a sua face contra os maus / para da terra apagar sua lembrança. / Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta / e de todas as angústias os liberta. – R.

3. Do coração atribulado ele está perto / e conforta os de espírito abatido. / Muitos males se abatem sobre os justos, / mas o Senhor de todos eles os liberta. – R.

Evangelho: João 3,31-36 
 
Aleluia, aleluia, aleluia.

Acreditaste, Tomé, porque me viste. / Felizes os que creem sem ter visto (Jo 20,29). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João31“Aquele que vem do alto está acima de todos. O que é da terra pertence à terra e fala das coisas da terra. Aquele que vem do céu está acima de todos. 32Dá testemunho daquilo que viu e ouviu, mas ninguém aceita o seu testemunho. 33Quem aceita o seu testemunho atesta que Deus é verdadeiro. 34De fato, aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, porque Deus lhe dá o Espírito sem medida. 35O Pai ama o Filho e entregou tudo em sua mão. 36Aquele que acredita no Filho possui a vida eterna. Aquele, porém, que rejeita o Filho não verá a vida, pois a ira de Deus permanece sobre ele”. 

Palavra da salvação.

Reflexão

No Evangelho de hoje, Jesus nos diz que aquele que acredita no Filho possui já nesta terra o início da vida eterna de cuja plenitude gozará no século futuro; aquele, porém, que "rejeita o Filho", não crendo em sua divindade e não aceitando a sua doutrina, "não verá a vida", isto é, não será salvo, "pois a ira de Deus permanece sobre ele". Ora, se Deus é amor (cf. 1Jo 4, 8) e quer que todos os homens se salvem (cf. 1Tm 2, 4), como explicar essas palavras aparentemente tão "duras" e "intransigentes"? Antes de tudo, é preciso ter em mente que Deus, ao amar-nos, ama em nós Aquele que, gerado por Ele desde sempre e objeto de toda a sua complacência (cf. Mt 17, 5), é por nós acolhido e ao qual, pela graça, somos configurados. Além disso, é preciso lembrar que o pecado instaura entre o pecador e Deus uma relação de inimizade, já que leva aquele a subtrair-se ao amor e à obediência que por direito se devem a Este. No entanto, a fim de atrair para a casa paterna os seus filhos pródigos, Deus, cheio de justiça e misericórdia, permite que a sua ira — num ato de supremo amor — caia sobre os que O rejeitam. Permite, pois, que os pobres pecadores experimentem toda a amargura e toda a miséria de seus pecados para que, caídos em si, reconheçam que só terão verdadeira vida se retornarem à casa dAquele que, usando agora de sua divina ira, os tratou desde o princípio com paternal carinho e tem preparada para eles uma mansão de glória e bem-aventurança.

 

https://padrepauloricardo.org

quarta-feira, 27 de abril de 2022

2ª Semana da Páscoa | Quarta-feira - Quem crê não é julgado.

Filmes polêmicos que foram proibidos em outros países


Primeira Leitura: Atos 5,17-26

Leitura dos Atos dos Apóstolos – Naqueles dias, 17levantaram-se o sumo sacerdote e todos os do seu partido – isto é, o partido dos saduceus – cheios de raiva 18e mandaram prender os apóstolos e lançá-los na cadeia pública. 19Porém, durante a noite, o anjo do Senhor abriu as portas da prisão e os fez sair, dizendo: 20“Ide falar ao povo, no templo, sobre tudo o que se refere a este modo de viver”. 21Eles obedeceram e, ao amanhecer, entraram no templo e começaram a ensinar. O sumo sacerdote chegou com os seus partidários e convocou o sinédrio e o conselho formado pelas pessoas importantes do povo de Israel. Então mandaram buscar os apóstolos à prisão. 22Mas, ao chegarem à prisão, os servos não os encontraram e voltaram, dizendo: 23“Encontramos a prisão fechada, com toda segurança, e os guardas estavam a postos na frente da porta. Mas, quando abrimos a porta, não encontramos ninguém lá dentro”. 24Ao ouvirem essa notícia, o chefe da guarda do templo e os sumos sacerdotes não sabiam o que pensar e perguntavam-se o que poderia ter acontecido. 25Chegou alguém que lhes disse: “Os homens que vós colocastes na prisão estão no templo ensinando o povo!” 26Então o chefe da guarda do templo saiu com os guardas e trouxe os apóstolos, mas sem violência, porque eles tinham medo que o povo os atacasse com pedras. 

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 33(34)

Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido.

1. Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, / seu louvor estará sempre em minha boca. / Minha alma se gloria no Senhor; / que ouçam os humildes e se alegrem! – R.

2. Comigo engrandecei ao Senhor Deus, / exaltemos todos juntos o seu nome! / Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu / e de todos os temores me livrou. – R.

3. Contemplai a sua face e alegrai-vos, / e vosso rosto não se cubra de vergonha! / Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido, / e o Senhor o libertou de toda angústia. – R.

4. O anjo do Senhor vem acampar / ao redor dos que o temem e os salva. / Provai e vede quão suave é o Senhor! / Feliz o homem que tem nele o seu refúgio! – R.

Evangelho: João 3,16-21

Aleluia, aleluia, aleluia.

Deus o mundo tanto amou, / que lhe deu seu próprio Filho, / para que todo o que nele crer / encontre vida eterna (Jo 3,16). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João16Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. 17De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. 18Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito. 19Ora, o julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. 20Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas. 21Mas quem age conforme a verdade aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus. 

Palavra da salvação

Reflexão

Ao contrário do que muitas vezes nós pensamos Jesus não veio ao mundo para condenar as nossas más ações, mas, justamente para nos ajudar a não mais cometê-las. A salvação de Jesus implica, porém, em que nós o acolhamos e não o rejeitemos. No Evangelho de hoje mais uma vez Jesus afirma categoricamente. Ele não nos vai condenar. Antes pelo contrário, somos nós que nos condenamos ao não acreditar nas Suas Palavras: “Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado.”

“Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, pois as suas obras eram más.” Quem rejeita a Luz vive nas trevas e é condenado pelas suas próprias obras. Quem não crê em Jesus e dele não se aproxima, rejeita a luz e tem medo de que a verdade seja revelada porque as suas ações são más.

Jesus é a luz enviada pelo Pai não para condenar, mas para nos salvar. Luz que iluminou e continua iluminando através dos missionários de hoje, as nossas mentes, conduzindo-nos a seguir o verdadeiro caminho da verdade e da vida em abundância.

Mas Essa luz é tão forte, penetrante e ofuscante que às vezes fugimos dela, para que ninguém veja a nossa sujeira, representada pela nossa inveja, o nosso egoísmo, a nossa ganância por mais riqueza do que na verdade necessitamos, etc. Então, ficar no escuro, no esconderijo, disfarçado, fugir da igreja, é a sugestão de satanás, para que não sejamos iluminados pela Luz.

É por isso que o mestre disse: “Porquanto todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.”

Jesus veio iluminar a nossa mente e o nosso caminho a ser seguido. Ele nos mostrou de várias maneiras que longe de Deus não há felicidade. Nos convidou a segui-lo, mostrou-nos que Ele era o Próprio Deus, para que acreditássemos Nele, e tivéssemos um dia a vida eterna. Porém, muitos recusaram assim como hoje continuam recusando o seu convite. É convite por que Ele respeita a nossa decisão, a nossa escolha, o nosso sim ou não. Mas também não nos esqueçamos de rezar pela conversão principalmente daqueles a que dirigimos a palavra de Deus. Peçamos a Jesus que nos perdoe, nos proteja, e ao Espírito Santo que nos ilumine para que possamos levar a Luz para tanto quanto pudermos.

No entanto, se confiamos em Jesus, as nossas boas ações serão evidenciadas porque são elas realizadas em Deus, pelo poder do Seu Espírito Santo. Com efeito, a fé em Jesus Cristo é o meio mais eficaz para que nos aproximemos da luz de Deus. A luz esclarece, a luz tira da ignorância, a luz dá o norte, dá a direção. Jesus é a Luz do mundo, quem nele crer não ficará nas trevas. Ele veio para tirar todos os homens das trevas. Praticar o mal é não crer em Jesus, não se aproximar da Sua Luz, não aderir ao Seu projeto de Salvação. A Palavra de Deus nos assegura tudo isso. Ainda há tempo para que o mundo seja salvo. Ajudemos, portanto, a iluminá-lo com a luz de Deus que recebemos no nosso Batismo.

Você crê em Jesus como Luz para a sua vida? Como é que nós podemos iluminar o mundo com a Luz de Cristo? Qual é a virtude em você que mais revela ao mundo a luz de Jesus? Você tem tido a coragem de ficar debaixo da Luz, embora que a sua verdade seja descoberta? – Qual seria o primeiro passo para você fazer isto?

 

https://homilia.cancaonova.com

terça-feira, 26 de abril de 2022

2ª Semana da Páscoa - Nascer de alto.

 Quem era Nicodemos? (João 3: 1-8)

Primeira Leitura: Atos 4,32-37

Leitura dos Atos dos Apóstolos32A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava como próprias as coisas que possuía, mas tudo entre eles era posto em comum. 33Com grandes sinais de poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. E os fiéis eram estimados por todos. 34Entre eles ninguém passava necessidade, pois aqueles que possuíam terras ou casas vendiam-nas, levavam o dinheiro 35e o colocavam aos pés dos apóstolos. Depois, era distribuído conforme a necessidade de cada um. 36José, chamado pelos apóstolos de Barnabé, que significa filho da consolação, levita e natural de Chipre, 37possuía um campo. Vendeu e foi depositar o dinheiro aos pés dos apóstolos. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 92(93)

Reina o Senhor, revestiu-se de esplendor.

1. Deus é rei e se vestiu de majestade, / revestiu-se de poder e de esplendor! – R.

2. Vós firmastes o universo inabalável, † vós firmastes vosso trono desde a origem, / desde sempre, ó Senhor, vós existis! – R.

3. Verdadeiros são os vossos testemunhos, † refulge a santidade em vossa casa / pelos séculos dos séculos, Senhor! –  R.

Evangelho: João 3,7-15

Aleluia, aleluia, aleluia.

O Filho do Homem há de ser levantado, / para que quem nele crer possua a vida eterna (Jo 3,14s). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: 7“Vós deveis nascer do alto. 8O vento sopra onde quer, e tu podes ouvir o seu ruído, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim acontece a todo aquele que nasceu do Espírito”. 9Nicodemos perguntou: “Como é que isso pode acontecer?” 10Respondeu-lhe Jesus: “Tu és mestre em Israel, mas não sabes estas coisas? 11Em verdade, em verdade te digo, nós falamos daquilo que sabemos e damos testemunho daquilo que temos visto, mas vós não aceitais o nosso testemunho. 12Se não acreditais quando vos falo das coisas da terra, como acreditareis se vos falar das coisas do céu? 13E ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do Homem. 14Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, 15para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna”.

Palavra da salvação.

Reflexão

O Evangelho desta 3.ª-feira nos introduz na intimidade daquele conhecido colóquio entre Nosso Senhor e Nicodemos, um dos sinedritas e chefes da comunidade judaica (cf. Jo 3, 1). Tendo ouvido falar do novo profeta, cuja fama já corria por toda Jerusalém, Nicodemos — muito naturalmente — deseja conhecer de mais perto Aquele homem cercado de tantos mistérios e boatos. Prudente como os de sua casta, julgou mais conveniente ir ter com Jesus quando ainda era noite (cf. Jo 3, 2). Embora a fé ainda não lhe aqueça a alma, parece-lhe haver em Cristo algo de todo diferente; das maravilhas que O rodeiam só se pode concluir, raciocina este fariseu de boa vontade, que o Todo-Poderoso O esteja acompanhando. "Ninguém pode fazer esses milagres que fazes, se Deus não estiver com ele", diz com razão e delicadeza. Podemos aqui até conjeturar que a dúvida por detrás dessa exclamação é a mesma que, intimamente, se faziam todos os judeus esperançosos: "Afinal, és tu, Mestre, o Messias esperado?"

Mas eis que o Senhor, num primeiro esboço de sua doutrina divina, responde-lhe com uma ambiguidade cheia de significado: "Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer de novo [ἄνωθεν] não poderá ver o Reino de Deus" (Jo 3, 3), onde advérbio 'ἄνωθεν' pode exprimir aqui tanto a ideia de "de novo" quanto "do alto". Perplexo, e sem nada entender, Nicodemos interroga Jesus: "Como pode um homem renascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no seio de sua mãe e nascer pela segunda vez" (Jo 3, 3). Jesus, porém, após explicar novamente a sua doutrina, repreende-o com uma salutar humilhação: "És doutor em Israel e ignoras estas coisas!..." Humilha-o não por prazer, por despeito; humilha-o justamente para o fazer "nascer do alto", isto é, nascer para a fé, que não cabe num coração soberbo e cheio de si. Nicodemos tem de ver-se humilhado e despojado de suas glórias vãs de mestre e doutor da Lei, a fim de poder reconhecer, ali mesmo diante de si, o próprio Autor da Lei.

Uma outra palavra de Cristo neste Evangelho nos deve prender a atenção. "O vento [rowah]" — quer dizer, o Espírito — "sobra onde quer; ouve-lhes o ruído, mas não sabes donde vem, nem para onde vai" (Jo 3, 8). Esse ruído (φωνή, na versão grega) a que se refere Nosso Senhor é, segundo a interpretação comum dos Padres, a voz interior que o Espírito Santo suscita em nossa alma, como que a nos chamar constantemente de volta à casa do Pai. Temos, pois, este verbum interior de graça e de verdade, suave como o vento, delicado como a brisa da tarde em que o Senhor se entretém com os filhos dos homens. Não deixemos que os gritos da nossa soberba abafem esta voz que clama dentre de nós; não permitamos que o estardalhaço do nosso orgulho nos ensurdeça aos clamores do Espírito Santo, delicado como aquela bisa ligeira — "sibilus aurae tenuis" — que ouvira o profeta Elias (1Rs 19 12). Roguemos a Deus a graça de sermos humildes e de podermos ouvir a sua doce e suave voz. Deixemo-nos atrair por este amor imenso, tão apaixonadamente manifestado no Cristo levantado no madeiro!

 

 https://padrepauloricardo.org

segunda-feira, 25 de abril de 2022

Festa de São Marcos, Evangelista.

 História de São Marcos Evangelista - Santos e Ícones Católicos - Cruz Terra  Santa

Primeira Leitura: 1 Pedro 5,5-14

Leitura da primeira carta de São Pedro – Caríssimos, 5revesti-vos todos de humildade no relacionamento mútuo, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes. 6Rebaixai-vos, pois, humildemente, sob a poderosa mão de Deus, para que, na hora oportuna, ele vos exalte. 7Lançai sobre ele toda a vossa preocupação, pois é ele quem cuida de vós. 8Sede sóbrios e vigilantes. O vosso adversário, o diabo, rodeia como um leão a rugir, procurando a quem devorar. 9Resisti-lhe, firmes na fé, certos de que iguais sofrimentos atingem também os vossos irmãos pelo mundo afora. 10Depois de terdes sofrido um pouco, o Deus de toda a graça, que vos chamou para a sua glória eterna em Cristo, vos restabelecerá e vos tornará firmes, fortes e seguros. 11A ele pertence o poder, pelos séculos dos séculos. Amém. 12Por meio de Silvano, que considero um irmão fiel junto de vós, envio-vos esta breve carta, para vos exortar e para atestar que esta é a verdadeira graça de Deus, na qual estais firmes. 13A Igreja que está em Babilônia, eleita como vós, vos saúda, como também Marcos, o meu filho. 14Saudai-vos uns aos outros com o abraço do amor fraterno. A paz esteja com todos vós que estais em Cristo. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 88(89)

Ó Senhor, eu cantarei, eternamente, o vosso amor.

1. Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor, / de geração em geração eu cantarei vossa verdade! / Porque dissestes: “O amor é garantido para sempre!” / E a vossa lealdade é tão firme como os céus. – R.

2. Anuncia o firmamento vossas grandes maravilhas, / e o vosso amor fiel, a assembleia dos eleitos, / pois quem pode, lá nas nuvens, ao Senhor se comparar / e quem pode, entre seus anjos, ser a ele semelhante? – R.

3. Quão feliz é aquele povo que conhece a alegria; / seguirá pelo caminho, sempre à luz de vossa face! / Exultará de alegria em vosso nome dia a dia / e, com grande entusiasmo, exaltará vossa justiça. – R.

Evangelho: Marcos 16,15-20

Aleluia, aleluia, aleluia.

É Cristo que anunciamos, / Jesus Cristo, o crucificado, / poder e sabedoria de Deus (1Cor 1,23s). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos – Naquele tempo, Jesus se manifestou aos onze discípulos 15e disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! 16Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. 17Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; 18se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados”. 19Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu e sentou-se à direita de Deus. 20Os discípulos então saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua Palavra por meio dos sinais que a acompanhavam. – Palavra da salvação.

Reflexão

Baseada em testemunhos antiquíssimos, a tradição cristã sempre atribuiu o segundo Evangelho a um singelo escritor que, embora não fizesse parte do Colégio Apostólico, deixou provas suficientes de haver conhecido Nosso Senhor diretamente: trata-se de São Marcos, cuja festa temos hoje a alegria de celebrar. Como de costume entre os judeus da época, o nome "Marcos" é por certo o sobrenome romano de João Marcos (Yohanan Markos), mencionado em várias passagens do Novo Testamento (cf. At 12, 12.25; 13, 5-13; 15, 37.39) como sendo companheiro de São Paulo em sua primeira missão evangelizadora (cf. At 13, 5) e discípulo de São Pedro (cf. 1Pd 5, 13), além de primo do levita São Barnabé (cf. Col 4, 10). Os Atos dos Apóstolos também nos fazem saber que Maria, uma viúva de posses e convertida à fé cristã, era sua mãe. A ela deve ter pertencido, ao que parece, o conhecido Horto das Oliveiras, aonde Jesus costumava ir para recolher-se em oração.

Algumas outras tradições, cuja veracidade não se pode garantir com segurança, identificam a casa de Marcos com o Cenáculo em que se celebrou a Santa Ceia (cf. Mc 14,15) e ocorreu a vinda do Espírito Santo sob a forma de línguas de fogo (cf. At 1, 13). Foi justamente para lá, "onde muitos se tinham reunido e faziam oração" (At 12, 12), que São Pedro se dirigiu após escapar da prisão em que Herodes Agripa I o havia metido. A darmos crédito a certos escritos antigos, parece algo provável que Marcos seja aquele "homem, carregando um cântaro de água" (Mc 14, 13s), que levara os Apóstolos até à sala em que Cristo havia de celebrar sua última Páscoa. Em todo caso, ainda que não tenha sido do grupo dos Doze nem tampouco acompanhado a pregação do Senhor pela Palestina, São Marcos decerto conheceu a Cristo e presenciou ao menos um importante episódio de sua vida: o aprisionamento. Com efeito, é apenas no seu Evangelho que ficamos sabendo do jovem coberto apenas de um pano de linho que, atemorizado diante dos soldados, fugiu às pressas no meio da noite, deixando para trás o lençol que o cobria (cf Mc 14, 51s).

Além do que nos contam os Atos do Apóstolos, são poucas as notícias que nos restam a seu respeito; depois do martírio de Pedro e Paulo, o seu itinerário de evangelizador e catequista se torna bastante incerto e de difícil recomposição. São Jerônimo e Eusébio, com base em tradições anteriores, dizem que Marcos fundou no Egito a igreja de Alexandria, cuja liturgia permanece, ainda hoje, intimamente ligada ao nome do seu santo patriarca. Martirizado por volta do ano 68 numa aldeola chamada Búcoli, São Marcos, com suas fraquezas e virtudes, deixou à cristandade um exemplo forte de humildade e confiança sempre crescente na graça de Deus. Embora sejamos fracos (ou precisamente por isso!), o Senhor quer servir-se de nós para realizar uma obra que é inteiramente sua: temos, pois, de colocar-nos à disposição da Vontade divina, que pode transformar nossas costumeiras faltas de fortaleza e constância em fontes preciosas de conversão e abnegação. Entreguemo-nos inteiramente às mãos de Deus! Sejamos pouco seguros de nós mesmos, tão falhos e fracos, e depositemos toda a nossa confiança no Único que nunca falha nem pode desfalecer!

 

https://padrepauloricardo.org

 

domingo, 24 de abril de 2022

2º Domingo da Páscoa - Dois rios de misericórdia.

 Jo 20, 19-31: A cegueira do Mundo – Bíblia e Catequese

Neste domingo da misericórdia divina, celebremos o Senhor, reconhecendo os sinais e maravilhas que realiza na vida dos seus fiéis. Sua Páscoa se manifesta nas pessoas e comunidades que dão testemunho de misericórdia, reconciliação e paz. Jesus, “o Primeiro e o Último”, passou da morte para a vida a fim de nunca mais se afastar de nós.

Primeira Leitura: Atos 5,12-16

Leitura dos Atos dos Apóstolos12Muitos sinais e maravilhas eram realizados entre o povo pelas mãos dos apóstolos. Todos os fiéis se reuniam, com muita união, no pórtico de Salomão. 13Nenhum dos outros ousava juntar-se a eles, mas o povo estimava-os muito. 14Crescia sempre mais o número dos que aderiam ao Senhor pela fé; era uma multidão de homens e mulheres. 15Chegavam a transportar para as praças os doentes em camas e macas, a fim de que, quando Pedro passasse, pelo menos a sua sombra tocasse alguns deles. 16A multidão vinha até das cidades vizinhas de Jerusalém, trazendo doentes e pessoas atormentadas por maus espíritos. E todos eram curados. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 117(118)

Dai graças ao Senhor porque ele é bom! / “Eterna é a sua misericórdia!”

1. A casa de Israel agora o diga: / “Eterna é a sua misericórdia!” / A casa de Aarão agora o diga: / “Eterna é a sua misericórdia!” / Os que temem o Senhor agora o digam: / “Eterna é a sua misericórdia!” – R.

2. “A pedra que os pedreiros rejeitaram / tornou-se agora a pedra angular. / Pelo Senhor é que foi feito tudo isso: / que maravilhas ele fez a nossos olhos! / Este é o dia que o Senhor fez para nós, / alegremo-nos e nele exultemos! – R.

3. Ó Senhor, dai-nos a vossa salvação, / ó Senhor, dai-nos também prosperidade!” / Bendito seja, em nome do Senhor, / aquele que em seus átrios vai entrando! / Desta casa do Senhor vos bendizemos. / Que o Senhor e nosso Deus nos ilumine! – R.

Segunda Leitura: Apocalipse 1,9-13.17-19

Leitura do livro do Apocalipse de São João9Eu, João, vosso irmão e companheiro na tribulação, e também no Reino e na perseverança em Jesus, fui levado à ilha de Patmos por causa da Palavra de Deus e do testemunho que eu dava de Jesus. 10No dia do Senhor, fui arrebatado pelo Espírito e ouvi atrás de mim uma voz forte, como de trombeta, 11a qual dizia: “O que vais ver, escreve-o num livro”. 12Então, voltei-me para ver quem estava falando; e, ao voltar-me, vi sete candelabros de ouro. 13No meio dos candelabros havia alguém semelhante a um “filho de homem”, vestido com uma túnica comprida e com uma faixa de ouro em volta do peito. 17Ao vê-lo, caí como morto a seus pés, mas ele colocou sobre mim sua mão direita e disse: “Não tenhas medo. Eu sou o primeiro e o último, 18aquele que vive. Estive morto, mas agora estou vivo para sempre. Eu tenho a chave da morte e da região dos mortos. 19Escreve, pois, o que viste, aquilo que está acontecendo e que vai acontecer depois”. – Palavra do Senhor.

Evangelho: João 20,19-31

Aleluia, aleluia, aleluia.

Acreditaste, Tomé, porque me viste. / Felizes os que creram sem ter visto! (Jo 20,29) – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 19Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. 20Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. 21Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. 22E depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. 23A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”. 24Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. 25Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o Senhor!” Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”. 26Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”. 27Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”. 28Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!” 29Jesus lhe disse: “Acreditaste porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” 30Jesus realizou muitos outros sinais, diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. 31Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome. 

Palavra da salvação.

Reflexão

1. Depois das grandes celebrações da Semana Santa, a Igreja vive agora o Tempo Pascal. Liturgicamente, os cristãos chamavam este Domingo da Oitava de Páscoa também de Domingo in albis, ou seja, “Domingo de branco”, porque os recém-batizados tinham de passar toda esta semana vestidos com vestes brancas e conservando-as limpas para, no dia do Senhor, se apresentarem ao bispo. Era uma pedagogia da Igreja para ensinar os neófitos a preservarem suas almas limpas de toda mancha do pecado.

Em tempos mais recentes, o Papa São João Paulo II instituiu para este mesmo domingo a festa da Divina Misericórdia, em atenção aos pedidos de Nosso Senhor a Santa Faustina Kowalska. Nessas revelações particulares, Jesus prometeu muitas graças a quem celebrasse a sua Misericórdia, de modo que muitos têm o costume de se preparar para essa festa já desde a Sexta-Feira da Paixão, rezando novenas, terços e outras devoções. Seja como for, o Evangelho e toda a liturgia deste Domingo da Oitava de Páscoa estão perfeitamente unidos à mensagem de Nosso Senhor sobre a Misericórdia Divina.

2. Lemos no Evangelho de São João que Jesus entrou na casa onde os discípulos se escondiam por medo dos judeus, e disse-lhes: “A paz esteja convosco”. Para a mentalidade daquela época, “paz” não era simplesmente ausência de guerra, mas o estado de quem, após muitas fadigas, lutas e angústia, conseguiu finalmente cumprir a meta e repousar a cabeça. A vida dos cristãos é uma luta constante, e Deus, com sua infinita misericórdia, quer unir-se a nós para deixar o nosso coração tranquilo. A “paz” que Cristo nos dá é a libertação do pecado, daquilo que gera a inimizade e nos impede de estar em comunhão com Ele, sobretudo na Eucaristia.

No mesmo Evangelho, Jesus também exorta os discípulos a partirem em missão, a fim de perdoarem os pecados, soprando sobre eles o Espírito Santo. De imediato, essa imagem pode relacionar-se com o rio branco que sai do lado aberto de Jesus, na famosa visão de Santa Faustina. A misericórdia de Deus é, sem dúvida, o remédio eficaz para as nossas misérias. Bebendo, pois, das águas desse rio (as águas batismais), temos a nossa alma arrancada das mãos do Maligno e o caminho pavimentado para a união com Deus no sacramento da Eucaristia. Não custa lembrar que o mandamento da Igreja pede a todos os fiéis que se confessem e comunguem ao menos no período pascal.

3. O segundo rio da misericórdia, conforme a visão de Santa Faustina, é justamente o rio de sangue, isto é, a graça da união com Deus. Trata-se de um ponto importante, porque muitos cristãos deixam de progredir na santidade precisamente porque não buscam a união íntima com o Senhor, que acontece apenas por meio da oração e das comunhões bem feitas. Além da parte negativa (a limpeza dos pecados), precisamos nos aplicar à parte positiva da misericórdia, que é o desejo de unir-se a Deus já nesta vida. Unidos ao coro de São João no livro do Apocalipse, temos de dizer aqui e agora: “Vem, Senhor” (22, 20).

A vida moderna oferece muitas distrações, que abafam a voz de Cristo no nosso coração. Em nosso dia a dia, as preocupações mundanas parecem muito mais vivas do que Jesus ressuscitado. E é por isso que, neste domingo, a Igreja nos recorda a grande Misericórdia do Senhor, cujo desejo de unir-se a nós é infinito. Em resumo, Ele nos concede duas fontes de misericórdia (a água batismal e o sangue eucarístico) para perdoar os nossos pecados e nos unir ao seu Sagrado Coração. De nossa parte, resta desejar a união com o Senhor também no meio das angústias, dificuldades e provações, fugindo do ceticismo de Tomé e deixando que Ele nos toque e, assim, renove a nossa fé.

Oração.Meu Jesus misericordioso, em quem deposito toda minha confiança, ajudai-me a crer com mais fervor na vossa presença substancial na Eucaristia, a fim de que eu me deixe tocar pela vossa graça sacramental e me una totalmente ao vosso amor infinito. Assim seja!

Propósito. — Rezar o Terço da Misericórdia neste domingo.

 

https://padrepauloricardo.org 

sábado, 23 de abril de 2022

Oitava da Páscoa - A caridade de Cristo nos urge!

 Igreja Nossa Senhora do Brasil – Aprofundamento da Fé

Leitura (Atos 4,13-21)

Leitura dos Atos dos Apóstolos.

Naqueles dias, 4 13 vendo eles a coragem de Pedro e de João, e considerando que eram homens sem estudo e sem instrução, admiravam-se. Reconheciam-nos como companheiros de Jesus.

14 Mas vendo com eles o homem que tinha sido curado, não puderam replicar.

15 Mandaram que se retirassem da sala do conselho, e conferenciaram entre si:

16 "Que faremos destes homens? Porquanto o milagre por eles feito se tornou conhecido de todos os habitantes de Jerusalém, e não o podemos negar.

17 Todavia, para que esta notícia não se divulgue mais entre o povo, proibamos com ameaças, que no futuro falem a alguém nesse nome".

18 Chamaram-nos e ordenaram-lhes que absolutamente não falassem nem ensinassem em nome de Jesus.

19 Responderam-lhes Pedro e João: "Julgai-o vós mesmos se é justo diante de Deus obedecermos a vós mais do que a Deus.

20 Não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido".

21 Eles então, ameaçando-os de novo, soltaram-nos, não achando pretexto para os castigar por causa do povo, porque todos glorificavam a Deus pelo que tinha acontecido.

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 117/118

Dou-vos graças, ó Senhor, porque me ouvistes.

Dai graças ao Senhor, porque ele é bom!

“Eterna é a sua misericórdia!”

O Senhor é minha força e o meu canto

e tornou-se para mim o salvador.

“Clamores de alegria e de vitória

ressoem pelas tendas dos fiéis.

 

A mão direita do Senhor fez maravilhas,

a mão direita do Senhor me levantou,

a mão direita do Senhor fez maravilhas!”

O Senhor severamente me provou,

mas não me abandonou às mãos da morte.

 

Abri-me vós, abri-me as portas da justiça;

quero entrar para dar graças ao Senhor!

“Sim, esta é a porta do Senhor,

por ela só os justos entrarão!”

Dou-vos graças, ó Senhor, porque me ouvistes,

e vos tornastes para mim o salvador!

Evangelho (Marcos 16,9-15)

Aleluia, aleluia, aleluia.

Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos! (Sl 117,24)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.

16 9 Tendo Jesus ressuscitado de manhã, no primeiro dia da semana apareceu primeiramente a Maria de Magdala, de quem tinha expulsado sete demônios.

10 Foi ela noticiá-lo aos que estiveram com ele, os quais estavam aflitos e chorosos.

11 Quando souberam que Jesus vivia e que ela o tinha visto, não quiseram acreditar.

12 Mais tarde, ele apareceu sob outra forma a dois entre eles que iam para o campo.

13 Eles foram anunciá-lo aos demais. Mas estes tampouco acreditaram.

14 Por fim apareceu aos Onze, quando estavam sentados à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e dureza de coração, por não acreditarem nos que o tinham visto ressuscitado.

15 E disse-lhes: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura".

Palavra da Salvação.

Reflexão

No Evangelho de hoje, que dá continuidade ao relato das aparições de Jesus, S. Marcos nos apresenta um sumário das manifestações do Senhor ressuscitado aos seus discípulos. O evangelista recorda, antes de tudo, a aparição feita a Maria Madalena. Aquela de que haviam sido expulsos sete demônios torna-se agora mensageira da Ressurreição: “Ela”, pontua S. Marcos, “foi anunciar isso aos seguidores de Jesus, que estavam de luto e chorando”. Trata-se de uma profunda transformação, que o Senhor quer realizar também nos nossos corações. Todos nós, antes da morte de Cristo na cruz, éramos escravos de Satanás; encontrávamo-nos, como Maria Madalena, tomados pelos poderes do inferno. Mas agora, depois da vitória do Senhor sobre o demônio, tornamo-nos livres, chamados a anunciar o seu santo Nome a toda criatura. Nele e por Ele, ressuscitamos a uma vida nova — a vida da graça — e esperamos participar um dia plenamente de sua Ressurreição. Que possamos manter acesa em nossa alma essa certeza de que Cristo, vivo e glorioso, nos impele e ordena a que anunciemos a sua boa-nova, ainda que sejamos mal recebidos e até mesmo ignorados. A sua caridade nos urge! E o que são diante do seu divino amor as dificuldades e tribulações deste mundo? Fundados em Cristo e confiantes na intercessão salutar da Virgem Maria, de S. Maria Madalena e de todos os Apóstolos, tomemos a peito a missão de que o Senhor hoje nos encarrega: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o  


https://padrepauloricardo.org

sexta-feira, 22 de abril de 2022

Oitava da Páscoa - Jesus está mais perto do que nunca.

 Terceira aparição do Ressuscitado aos discípulos

Leitura (Atos 4,1-12)

Leitura dos Atos dos Apóstolos.

4 1 Enquanto eles falavam ao povo, vieram os sacerdotes, o chefe do templo e os saduceus,

2 contrariados porque ensinavam ao povo e anunciavam, na pessoa de Jesus, a ressurreição dos mortos.

3 Prenderam-nos e os meteram no cárcere até o outro dia, pois já era tarde.

4 Muitos, porém, dos que tinham ouvido a pregação creram; e o número dos fiéis elevou-se a mais ou menos cinco mil.

5 No dia seguinte reuniram-se em Jerusalém os chefes do povo, os anciãos, os escribas,

6 com Anás, sumo sacerdote, Caifás, João, Alexandre e todos os que eram da linhagem pontifical.

7 Colocando-os no meio, perguntaram: “Com que poder ou em que nome fizestes isso?”

8 Então Pedro, cheio do Espírito Santo, respondeu-lhes: “Chefes do povo e anciãos, ouvi-me:

9 se hoje somos interrogados a respeito do benefício feito a um enfermo, e em que nome foi ele curado,

10 ficai sabendo todos vós e todo o povo de Israel: foi em nome de Jesus Cristo Nazareno, que vós crucificastes, mas que Deus ressuscitou dos mortos. Por ele é que esse homem se acha são, em pé, diante de vós.

11 Esse Jesus, pedra que foi desprezada por vós, edificadores, tornou-se a pedra angular.

12 Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos”.

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 117/118

A pedra que os pedreiros rejeitaram

tornou-se a pedra angular.

Dai graças ao Senhor, porque ele é bom!

“Eterna é a sua misericórdia!”

A casa de Israel agora o diga:

“Eterna é a sua misericórdia!”

Os que temem o Senhor agora o digam:

“Eterna é a sua misericórdia!”

 

“A pedra que os pedreiros rejeitaram

tornou-se agora a pedra angular.

Pelo Senhor é que foi feito tudo isso:

que maravilhas ele fez a nossos olhos!

Este é o dia que o Senhor fez para nós,

alegremo-nos e nele exultemos!

 

Ó Senhor, dai-nos a vossa salvação;

ó Senhor, dai-nos também prosperidade!”

Bendito seja, em nome do Senhor,

aquele que em seus átrios vai entrando!

Desta casa do Senhor vos bendizemos

Que o Senhor e nosso Deus nos ilumine!

Evangelho (João 21,1-14)

Aleluia, aleluia, aleluia.

Este é o dia que o Senhor fez para nós alegremo-nos e nele exultemos! (Sl 117,24)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.

Naquele tempo, 21 1 tornou Jesus a manifestar-se aos seus discípulos junto ao lago de Tiberíades. Manifestou-se deste modo:

2 Estavam juntos Simão Pedro, Tomé (chamado Dídimo), Natanael (que era de Caná da Galileia), os filhos de Zebedeu e outros dois dos seus discípulos.

3 Disse-lhes Simão Pedro: "Vou pescar". Responderam-lhe eles: "Também nós vamos contigo". Partiram e entraram na barca. Naquela noite, porém, nada apanharam.

4 Chegada a manhã, Jesus estava na praia. Todavia, os discípulos não o reconheceram.

5 Perguntou-lhes Jesus: "Amigos, não tendes acaso alguma coisa para comer?" "Não", responderam-lhe.

6 Disse-lhes ele: "Lançai a rede ao lado direito da barca e achareis". Lançaram-na, e já não podiam arrastá-la por causa da grande quantidade de peixes.

7 Então aquele discípulo, que Jesus amava, disse a Pedro: "É o Senhor!" Quando Simão Pedro ouviu dizer que era o Senhor, cingiu-se com a túnica (porque estava nu) e lançou-se às águas.

8 Os outros discípulos vieram na barca, arrastando a rede dos peixes (pois não estavam longe da terra, senão cerca de duzentos côvados).

9 Ao saltarem em terra, viram umas brasas preparadas e um peixe em cima delas, e pão.

10 Disse-lhes Jesus: "Trazei aqui alguns dos peixes que agora apanhastes".

11 Subiu Simão Pedro e puxou a rede para a terra, cheia de cento e cinquenta e três peixes grandes. Apesar de serem tantos, a rede não se rompeu.

12 Disse-lhes Jesus: "Vinde, comei". Nenhum dos discípulos ousou perguntar-lhe: "Quem és tu?", pois bem sabiam que era o Senhor.

13 Jesus aproximou-se, tomou o pão e lhos deu, e do mesmo modo o peixe.

14 Era esta já a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado.

Palavra da Salvação.

Reflexão

O Evangelho de hoje leva-nos às margens do mar de Tiberíades, onde encontramos, dedicados novamente à pesca, alguns dos discípulos do Senhor, à frente dos quais — como de costume — está Simão Pedro. Pedro encontra-se aqui, depois dos acontecimentos da Semana Santa, no ponto inicial do seu apostolado; foi neste mesmo mar, com efeito, que há cerca de três anos ele fora chamado a seguir Jesus. Desta vez, porém, o Senhor não está com ele na barca, mas de pé, às margens do lago. Como se costuma destacar sempre que se comenta esta passagem, o sentido místico da distância entre a barca de Pedro, em pleno mar, e Jesus ressuscitado, de pé em terra firme, é que nós estamos no mar deste mundo, com suas incertezas e dificuldades, enquanto Cristo está na glória e segurança do céu. 

E no entanto, apesar dessa distância aparentemente intransponível entre o Corpo e a Cabeça, Cristo pode, com uma só palavra, governar os rumos da Igreja, e não só governá-la, mas ainda estar em contato muito íntimo e muito verdadeiro com cada um dos seus membros. De fato, foi com uma curta frase: “Lançai a rede à direita da barca, e achareis” que Ele tornou possível a pesca milagrosa, e foi com um simples convite: “Vinde comer” que Ele achegou a si os seus amigos. E se o pôde fazer então, antes de partir deste mundo, o pode fazer ainda uma vez, agora e enquanto durar a história. Ele, ainda que tenha ascendido ao céu, não abandonou os que resgatou por seu Sangue, senão que continua perto deles, dando-se-lhes de comer na Eucaristia, tocando com sua graça todos os que levantam o coração a Ele com fé e esperança. Sim, o Corpo glorioso do Ressuscitado está no céu, mas nem por isso se tornou inalcançável: tocamo-lo ao comungarmos, fazemos-lhe companhia diante do sacrário e recebemos a virtude santificadora que dele emana ao exercitarmos a fé que nele temos. Por esta razão, podemos com toda justiça dizer todos os dias, ao recebermos a Comunhão e sermos tocados pela graça do Espírito Santo, o que diz hoje o discípulo amado: “É o Senhor!”.

 

https://padrepauloricardo.org