"NÃO FAÇO O BEM QUE QUERO, MAS O MAL QUE NÃO QUERO" Rm 7,19
Graça e Paz!
O homem é um ser que é composto de dois elementos distintos um do outro: Matéria e Espírito. Portanto, ele é: Espírito – Mente e Matéria (corpo). Essa é a constituição do ser humano. O Espírito por primeiro é a principal, pois é a parte pela qual ele se comunica com o mundo espiritual e também a que necessita para entrar em comunhão com seu Criador. A Mente, é onde reside sua soberania. É onde está o seu poder de decisão. Onde está sua vontade. O corpo é parte em que o coloca em contato com o material. Com as coisas do mundo. A Mente localizada entre os dois elementos, por sua vez, oscila favoravelmente a um e outro conforme seja alimentada por um e por outro. Se desejo obter frutos do espírito, então preciso alimentá-lo com as coisas espirituais, as coisas do alto. Quando não o alimento, a matéria já tem toda provisão da qual precisa. Seremos abastecidos naturalmente. Só que o que é vontade da carne, da matéria, se opõe ao do Espírito (Gl 5,17) e dessa forma, nossa vida torna-se palco de ferrenha luta, um verdadeiro “campo de batalha”. São Paulo nos mostra por meio desse versículo, como que se dar esse processo dentro de nós. Paulo afirma que, em determinadas situações ele não consegue fazer o bem que quer fazer, mas que acaba fazendo o mal que não quer fazer. Quando queremos viver uma vida santa, mas na maioria das vezes não conseguimos resistir aos pensamentos e atos pervos, Quando não conseguimos fugir da lascívia. Quando não conseguimos viver uma castidade e nem temos forças para fugir do adultério. Usar da mentira, fofocas e palavras torpes, já não nos fazem mais sofrer nenhuma crise de consciência. Essa luta se dar exatamente quando penso e quero fazer o bem e não consigo. Tudo isso é o mal que lutamos para não fazer e no entanto fazemos e acabamos entristecendo o Espírito Santo que habita em nós (1Cor 6,19). .
Essa realidade de conflitos e de luta que aconteciam com o Apóstolo, não é diferente com a nossa hoje. Nenhum homem é todo mal e nem todo bem. É possível encontrar o pecado na vida dos mais santos, como também, encontrar o gérmen do bem no mais profundo praticante do mal (Mt 7,11). “Se tiverdes em conta nossos pecados, Senhor, Senhor, quem poderá subsistir diante de vós” (Sl 130,3 – Trad. Bíblia Ave Maria). O Senhor Deus, não exige perfeição de nossa parte, pois sabe que desde cedo são maus nossos pensamentos (Gn 8,21). Mas, quer que o temamos e trilhemos seus caminhos, amando-O e servindo-O (Dt 10,12-13). Uma vez que conhecendo essa misericórdia de Deus, não nos vale como absolvição para termos responsabilidade para com o controle dos nossos erros. Embora admitisse que ele mesmo travava uma luta contra os desejos errados, o apóstolo Paulo com coragem travou sua mais terrível batalha e passou a castigar a matéria para alimentar seu espírito. “castigo o meu corpo e o mantenho sem servidão, de medo de vir eu mesmo a ser excluído depois de eu ter pregado aos outros”, (1 Cor 9:27). A resistência, começa quando castigamos nosso corpo, seja pela penitência, seja pela privação de desejos e buscamos através de louvores, oração e adoração alimentar nosso espírito para que assim, nossa vontade, nosso poder de decisão venha a oscilar favorável a ele e dessa forma desejarmos amar sempre a Deus e está sempre em teus caminhos servindo-O.
Para Santo Inácio de Loyola, é nisso consiste nossa vida espiritual. Para ele se existe luta, há um conflito interior, por isso existe aí uma vida espiritual. Ou seja, a vida espiritual se traduz na luta. Se em cada um de nós existirmos essa luta, esses conflitos interiores de fazer o bem ou fazer o mal, então, de certo você ainda têm dentro de si uma vida espiritual. Caso em contrário, então sua vida espiritual está comprometida. Você poderá vir a tornar-se um morto vivo.
Tudo perdido? Não. Não importa o seu crime ou a gravidade do seu pecado. Agora temos uma esperança. Jesus tomo sobre Si as nossas dores, enfermidades e pecados (Is 53). E “Se confessarmos os nosso pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça." (I João 1:9). E ainda, “De agora em diante, pois, já não há condenação para aqueles que estão em Jesus Cristo” (Rm 8,1).
Não podemos desistir de lutar para sempre fazer o bem, assim como nos ensina Santa Terezinha: “Estou longe de praticar o que eu entendo, mas o simples desejo que trago de o realizar, é o suficiente para me dar a paz!”