Leitura da Carta aos Hebreus.
Irmãos, 32lembrai-vos dos primeiros dias, quando, apenas iluminados, suportastes longas e dolorosas lutas. 33Às
vezes, éreis apresentados como espetáculo, debaixo de injúrias e
tribulações; outras vezes, vos tornáveis solidários dos que assim eram
tratados.
34Com efeito,
participastes dos sofrimentos dos prisioneiros e aceitastes com alegria o
confisco dos vossos bens, na certeza de possuir uma riqueza melhor e
mais durável. 35Não abandoneis, pois, a vossa coragem, que merece grande recompensa.
36De fato, precisais de perseverança para cumprir a vontade de Deus e alcançar o que ele prometeu. 37Porque ainda bem pouco tempo, e aquele que deve vir virá e não tardará. 38O meu justo viverá por causa de sua fidelidade, mas, se esmorecer, não encontrarei mais satisfação nele”. 39Nós não somos desertores, para a perdição. Somos homens da fé, para a salvação da alma.
— A salvação de quem é justo vem de Deus!
— A salvação de quem é justo vem de Deus!
— Confia no Senhor e faze o bem, e
sobre a terra habitarás em segurança. Coloca no Senhor tua alegria, e
ele dará o que pedir teu coração.
— Deixa aos cuidados do Senhor o
teu destino; confia nele, e com certeza ele agirá. Fará brilhar tua
inocência como a luz, e o teu direito, como o sol do meio-dia.
— É o Senhor quem firma os passos dos mortais e
dirige o caminhar dos que lhe agradam; mesmo se caem, não irão ficar
prostrados, pois é o Senhor quem os sustenta pela mão.
— A salvação dos piedosos vem de
Deus; ele os protege nos momentos de aflição. O Senhor lhes dá ajuda e
os liberta, defende-os e protege-os contra os ímpios, e os guarda porque
nele confiaram.
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 26Jesus disse à multidão: “O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. 27Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece.
28A terra, por si mesma, produz o
fruto: primeiro aparecem as folhas, depois vem a espiga e, por fim, os
grãos que enchem a espiga. 29Quando as espigas estão maduras, o homem mete logo a foice, porque o tempo da colheita chegou”.
30E Jesus continuou: “Com que mais poderemos comparar o Reino de Deus? Que parábola usaremos para representá-lo? 31O Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra. 32Quando
é semeado, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças, e
estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem abrigar-se à sua
sombra”.
33Jesus anunciava a Palavra usando muitas parábolas como estas, conforme eles podiam compreender. 34E só lhes falava por meio de parábolas, mas, quando estava sozinho com os discípulos, explicava tudo.
Reflexão
Jesus faz hoje uma discriminação feita sem saber
a razão de por que foi escolhida por Jesus. Os discípulos tinham ocasião de
saber o significado verdadeiro das comparações, por vezes não muito claras para
o ouvinte geral. O caso mais evidente é o do semeador e os diversos terrenos em
que a semente cai. O público em geral podia ficar com a idéia de que a semente
da palavra era recebida de formas mui diversas pelos ouvintes, mas a razão
destas diferenças só era explicada aos que, interessados, perguntaram junto aos
doze pela explicação da mesma (Mc 4, 13-20). O encontro com a palavra é um dom
de Deus, mas a resposta à mesma depende da vontade e do interesse de cada um. A
explicação correspondente sempre a receberá quem esteja interessado em saber a
verdade.Na primeira destas parábolas do dia de hoje temos a exposição de
como o Reino se expande com uma força que não depende dos homens, mas do
próprio Deus. Poderíamos dizer que descreve a força interna do Reino.
Na segunda parábola encontramos a visão externa do Reino. Seu
crescimento seria espetacular desde um pequeno grupo insignificante como é a
semente da mostarda que se parece com a cabeça de um alfinete, até uma árvore
que nada tem a invejar os carrascos da Palestina.
Uma certeza é evidente: o Reino é uma realidade que não se pode
ignorar. Em que consiste? Jesus não revela sua essência, mas devido ao nome
estamos inclinados a afirmar que o Reino como nova instituição é uma irrupção
da presença de Deus na História humana, que seria uma revolução e uma conquista,
não violenta, mas interior do homem, e que deveria mudar a religião em primeiro
lugar e as relações sociais em segundo termo. Numa época em que revoluções
externas e lutas pelo poder estavam unidas a uma teocracia religiosa era
perigoso anunciar a natureza verdadeira do Reino. Daí que só as externas
qualidades do Reino tenham sido descritas e de modo a não levantar reações
violentas. O reino sofrerá violências, mas não será o violentador.
Se quisermos apurar as coisas, poderíamos atribuir ao Reino uma universalidade
que não tinha a Antiga aliança. Mas isto é esticar as coisas além do estado
natural das coisas e da narração de hoje no evangelho de Marcos.
Nessa parábola, Jesus encoraja a esperança de sua comunidade! Qual
é a semelhança entre o Reino de Deus e um grão de mostarda?
Ambos parecem quase nada, insignificantes no começo e tornam-se
muito grandes em seus resultados!
As aves do céu representam as diferentes nações, povos que ao longo
da história, vão aderindo ao projeto de Deus, semeado por Jesus e sua Igreja,
pelo qual o Reino de Deus cresce, cresce, sem parar, lenta e progressivamente,
porque a seiva desta grande árvore é o Amor de Deus, mais forte que a morte!
(Ct 8,6).
Agora olhemos para nossa realidade. Podemos dizer
que vivemos numa cultura caracterizada como cultura do instantâneo e do
espetáculo, pelo qual esta proposta de um reino que inicia pequenino, que
cresce lentamente, quase sem se perceber, é, sem dúvida,
contra-cultural. Por isso, as parábolas de Jesus são um convite, ou melhor,
uma proposta ousada, que requer a resposta dos ouvintes. Em primeiro lugar,
convida-nos a erguer os olhos e ver os campos, pois já branquejam para a ceifa,
propõe-nos descobrir o que já está crescendo lentamente, florescendo
silenciosamente, e até dando fruto do reino ao nosso redor.
Pai, dá-me sensibilidade para perceber teu Reino acontecendo no meio de nós, aí onde lutamos para a construção de uma sociedade mais humana e fraterna.
CN
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