domingo, 31 de outubro de 2021

31º Domingo do Tempo Comum - Amar a Deus no irmão.

  Evangelho do Dia: Os dois maiores mandamentos (Mc 12, 28b-34) – Oratório  São Luiz
Leitura (Deuteronômio 6,2-6)

Leitura do livro do Deuteronômio

Moisés falou ao povo dizendo: 2 "Temerás o Senhor teu Deus, observando durante toda a vida todas as suas leis e os seus mandamentos que te prescrevo, a ti, a teus filhos e netos, a fim de que se prolonguem os teus dias. 3 Ouve, Israel, e cuida de os pôr em prática, para seres feliz e te multiplicares sempre mais, na terra onde corre leite e mel, como te prometeu o Senhor, o Deus de teus pais. 4 Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. 5 Amarás O Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças. 6 E trarás gravadas em teu coração todas estas palavras que hoje te ordeno".

Palavra do Senhor

Salmo Responsorial 17/18

Eu vos amo, ó Senhor, porque sois minha força!

Eu vos amo, ó Senhor! Sois minha força,
Minha rocha, meu refúgio e salvador!
Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga,
Minha força e poderosa salvação.

Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga,
Sois meu escudo e proteção: em vós espero!
Invocarei o meu Senhor: a ele a glória!
E dos meus perseguidores serei salvo!

Viva o Senhor! Bendito seja o meu rochedo!
E louvado seja Deus, meu salvador!
Concedeis ao vosso rei grandes vitórias
E mostrais misericórdia ao vosso ungido.


Leitura (Hebreus 7,23-28)

Leitura da carta aos Hebreus

Irmãos, 23 os sacerdotes da Antiga Aliança sucediam-se em grande número, porque a morte os impedia de permanecer. 24 Cristo, porém, uma vez que permanece para a eternidade, possui um sacerdócio que não muda. 25 Por isso ele é capaz de salvar para sempre aqueles que, por seu intermédio, se aproximam de Deus. Ele está sempre vivo para interceder por eles. 26 Tal é precisamente o sumo sacerdote que nos convinha: santo, inocente, sem mancha, separado dos pecadores e elevado acima dos céus. 27 Ele não precisa, como os sumos sacerdotes, oferecer sacrifícios em cada dia, primeiro por seus próprios pecados e depois pelos do povo. Ele já o fez uma vez por todas, oferecendo-sea si mesmo. 28 A Lei, com efeito, constituiu sumos sacerdotes sujeitos à fraqueza, enquanto a palavra do juramento, que veio depois da Lei, constituiu alguém que é Filho, perfeito para sempre.

Palavra do Senhor

Evangelho (Marcos 12,28-34)

Aleluia, aleluia, aleluia. Quem me ama realmente guardará minha Palavra, e meu Pai o amará, e a ele nós viremos (Jo 14,23).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos

Naquele tempo, 28 um mestre da Lei aproximou-se de Jesus e perguntou: "Qual é o primeiro de todos os mandamentos?" 29 Jesus respondeu: "O primeiro é este: Ouve, ó Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. 30 Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e com toda a tua força! 31 O segundo mandamento é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo! Não existe outro mandamento maior do que estes". 32 O mestre da Lei disse a Jesus: "Muito bem, Mestre! Na verdade, é como disseste: ele é o único Deus e não existe outro além dele. 33 Amá-lo de todo o coração, de toda a mente e com toda a força, e amar o próximo como a si mesmo, é melhor do que todos os holocaustos e sacrifícios". 34 Jesus viu que ele tinha respondido com inteligência e disse: "Tu não estás longe do Reino de Deus". E ninguém mais tinha coragem de fazer perguntas a Jesus.

Palavra da salvação.

Reflexão

O Evangelho de hoje está centrado nos dois grandes mandamentos da Lei divina: amar a Deus com todas as forças e de todo o coração, e ao próximo como a si mesmo, por amor a Deus. Aqui, porém, parece esconder-se uma pequena "contradição": se, com efeito, devemos amar a Deus com todo o nosso ser, sem preferir a Ele nada nem ninguém, como podemos de fato amar o nosso irmão? Ora, mais do que uma tensão entre duas leis opostas à primeira vista, a relação entre o primeiro e o segundo mandamentos é a de um fim relativamente ao seu meio, pois é amando ao próximo no dia-a-dia que exercitamos o amor que temos a Deus. 

O primeiro mandamento, embora o seja em importância e dignidade, não o é para nós na ordem da execução, porque "aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê" (1Jo 4, 20). Só amamos Aquele que é puro espírito se sujamos as mãos no "barro" de que são feitos os homens em que Ele, para que O amemos, como se faz presente. Sentemo-nos hoje à soleira da casa de Deus, batamos-Lhe a porta e peçamos que nos conceda a graça de O amarmos como Ele quer ser amado, vendo-O o servindo-O em quantos nos rodeiam. Que o Coração Imaculado de Maria nos ajude, enfim, a vencer o nosso egoísmo e a corresponder à ardente caridade que o Coração Sacratíssimo de Jesus tem por cada um de nós.

 

 

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sábado, 30 de outubro de 2021

Liturgia Diária - O caminho da humilhação.

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Leitura (Romanos 11,1-2.11-12.25-29)

Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
11 1 Pergunto, então: Acaso rejeitou Deus o seu povo? De maneira alguma. Pois eu mesmo sou israelita, descendente de Abraão, da tribo de Benjamim.
2 Deus não repeliu o seu povo, que ele de antemão distinguiu! Desconheceis o que narra a Escritura, no episódio de Elias, quando este se queixava de Israel a Deus:
11 Pergunto ainda: Tropeçaram acaso para cair? De modo algum. Mas sua queda, tornando a salvação acessível aos pagãos, incitou-os à emulação.
12 Ora, se o seu pecado ocasionou a riqueza do mundo, e a sua decadência a riqueza dos pagãos, que não fará a sua conversão em massa?!
25 Não quero, irmãos, que ignoreis este mistério, para que não vos gabeis de vossa sabedoria: esta cegueira de uma parte de Israel só durará até que haja entrado a totalidade dos pagãos.
26 Então Israel em peso será salvo, como está escrito: “Virá de Sião o libertador, apartará de Jacó a impiedade.
27 E esta será a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados”.
28 Se, quanto ao Evangelho, eles são inimigos de Deus, para proveito vosso, quanto à eleição eles são muito queridos por causa de seus pais.
29 Pois os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis.
Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 93/94

O Senhor não rejeita o seu povo!

É feliz, ó Senhor, quem formais
e educais nos caminhos da lei
para dar-lhe um alívio na angústia.

O Senhor não rejeita o seu povo
e não pode esquecer sua herança:
voltarão a juízo as sentenças;
quem é reto andará na justiça.

Se o Senhor não me desse uma ajuda,
no silencia da morte estaria!
Quando eu penso: “Estou quase caindo!”
vosso amor me sustenta, Senhor!

Evangelho (Lucas 14,1.7-11)

Aleluia, aleluia, aleluia.

Tomai meu jugo sobre vós e aprendei de mim, que sou de coração humilde e manso! (Mt 11,29).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.

14 1 Jesus entrou num sábado em casa de um fariseu notável, para uma refeição; eles o observavam.
7 Observando também como os convivas escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes a seguinte parábola:
8 “Quando fores convidado às bodas, não te sentes no primeiro lugar, pois pode ser que seja convidada outra pessoa de mais consideração do que tu,
9 e vindo o que te convidou, te diga: ‘Cede o lugar a este’. Terias então a confusão de dever ocupar o último lugar.
10 Mas, quando fores convidado, vai tomar o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: ‘Amigo, passa mais para cima’. Então serás honrado na presença de todos os convivas.
11 Porque todo aquele que se exaltar será humilhado, e todo aquele que se humilhar será exaltado”.
Palavra da Salvação.

Reflexão

O Evangelho que a Igreja hoje nos propõe contém uma dessas páginas que só o evangelista Lucas nos relata. Enquanto se dirigia a Jerusalém pela última vez, o Senhor foi convidado para ceiar na casa de um dos chefes dos fariseus (v. 7). Ali, observando como se disputavam os primeiros lugares à roda da mesa, aproveita-se da ocasião para contar aos presentes mais uma de suas parábolas (v. 8). É importante, diz Ele, procurar sentar-se no lugar mais discreto, para que assim, quando chegar o anfitrião, ele nos chame a ocupar o lugar de honra: Amice, ascende superius, “Amigo, vem mais para cima” (v. 9-10), pois no Reino dos Céus, diferentemente do que sucede nos banquetes da terra, é quem se humilha que será exaltado, enquanto os que se elevam serão humilhados (v. 11). Este ensinamento, porém, não se reduz a uma simples exortação à modéstia, já que se insere no contexto mais amplo da subida de Cristo para a sua páscoa definitiva. Desde Lc 9, com efeito, Jesus caminha rumo à cidade santa, onde será humilhado de todas as formas e, por fim, exaltado na cruz à vista de todos: “Sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou soberanamente” (Fp 2, 8-9). 

O caminho da exaltação de Cristo e, portanto, da de todos nós é a humildade, vivida não como um comportamento fingido e teatral, para que os outros nos julguem humildes, mas com sinceridade de coração, para que o nosso relacionamento com Deus se paute na verdade — na verdade de que só Ele é grande, e de que os tronos do Reino celeste estão reservados não como “privilégios de classe”, mas como dom puro e gratuito. Na vida espiritual só cresce, por assim dizer, quem caminha “para baixo”, isto é, quem busca reconhecer em tudo tanto o seu próprio nada como a grandeza majestosa do nosso Deus e Senhor. Que Jesus infunda, pois, em nossos corações a virtude da humildade, a fim de que, humilhados aos olhos do Altíssimo, possamos ser um dia exaltados por Ele e admitidos às bodas eternas do Cordeiro.

 

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sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Liturgia Diária - Um olhar que cura.

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Leitura (Romanos 9,1-5)

Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
9 1 Digo a verdade em Jesus Cristo, não minto; a minha consciência me dá testemunho pelo Espírito Santo:
2 sinto grande pesar, incessante amargura no coração.
3 Porque eu mesmo desejaria ser reprovado, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, que são do mesmo sangue que eu, segundo a carne.
4 Eles são os israelitas; a eles foram dadas a adoção, a glória, as alianças, a lei, o culto, as promessas
5 e os patriarcas; deles descende Cristo, segundo a carne, o qual é, sobre todas as coisas, Deus bendito para sempre. Amém.
Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 147/147B

Glorifica o Senhor, Jerusalém!

Glorifica o Senhor, Jerusalém!
Ó Sião, canta louvores ao teu Deus!
Pois reforçou com segurança as tuas portas,
e os teus filhos em teu seio abençoou.

A paz em teus limites garantiu
e te dá como alimento a flor do trigo.
Ele envia suas ordens para a terra,
e a palavra que ele diz corre veloz.

Anuncia a Jacó sua palavra,
seus preceitos e suas leis de Israel.
Nenhum povo recebeu tanto carinho,
a nenhum outro revelou os seus preceitos.

Evangelho (Lucas 14,1-6)

Aleluia, aleluia, aleluia.

Minhas ovelhas escutam minha voz, eu as conheço e elas me seguem (Jo 10,27).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.

14 1 Jesus entrou num sábado em casa de um fariseu notável, para uma refeição; eles o observavam.
2 Havia ali um homem hidrópico.
3 Jesus dirigiu-se aos doutores da lei e aos fariseus: “É permitido ou não fazer curas no dia de sábado?”
4 Eles nada disseram. Então Jesus, tomando o homem pela mão, curou-o e despediu-o.
5 Depois, dirigindo-se a eles, disse: “Qual de vós que, se lhe cair o jumento ou o boi num poço, não o tira imediatamente, mesmo em dia de sábado?”
6 A isto nada lhe podiam replicar.
Palavra da Salvação.

 Reflexão

No Evangelho de hoje, dois olhares se cruzam e observam, e dois se silêncios se acusam mutuamente. Um olhar é dos fariseus, o outro é de Cristo. O silêncio dos primeiros, observando com malícia, condena a Cristo como transgressor do sábado; o silêncio de Cristo, observando com bondade, os condena como transgressores do amor ao próximo. Jesus, conta-nos o evangelista, foi jantar em dia de sábado à casa de um dos chefes dos fariseus, e havia entre os convivas um que era hidrópico, diante do qual se sentara o Senhor. “E eles”, isto é, os outros fariseus, “o observavam” reticentes, para ver se cometeria o Mestre o  crime de que já o acusavam em seu coração. Mas Jesus também os observa, e se o seu silêncio já era o bastante para os condenar, a sua palavra, cheia de terna dureza, seria suficiente para os converter, se não fossem inchados de coração: “Se algum de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado?” Isto é, se vós tomais pressa em tirar do poço, mesmo em dia de sábado, um dos vossos animais, com quanto maior razão não posso Eu curar a um homem, que vale mais do que qualquer cabeça de gado? 

O que vós fazeis, pensando não transgredir a Lei, é obra de avareza; mas o que Eu faço, cumprindo a mesma Lei em plenitude, é obra de amor. Com que autoridade, pois, me podeis arguir de transgredir o sábado com uma obra de amor, vós, que o transgredis com obras de avareza e interesse próprio [1]? “E eles”, conclui o evangelista, “não foram capazes de responder a isso”, convencidos da verdade da acusação, mas incapazes de abrir-se de coração Àquele que é a Verdade. Que não seja esse também o nosso caso nem tragamos dentro do peito uma alma hidrópica ou empedernida.

 

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quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Liturgia Diária - Por que Jesus quis rezar?

  Evangelho do Dia: A escolha dos doze apóstolos (Lc 6, 12-19) – Oratório São  Luiz
Leitura (Efésios 2,19-22)

Leitura da carta de são Paulo aos Efésios.

2 19 Conseqüentemente, já não sois hóspedes nem peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus,
20 edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus.
21 É nele que todo edifício, harmonicamente disposto, se levanta até formar um templo santo no Senhor.
22 É nele que também vós outros entrais conjuntamente, pelo Espírito, na estrutura do edifício que se torna a habitação de Deus.

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 18/19A

Seu som ressoa e se espalha em toda a terra.

Os céus proclamam a glória do Senhor,
e o firmamento, a obra de suas mãos;
o dia ao dia transmite essa mensagem,
a noite à noite publica essa notícia.

Não são discursos nem frases ou palavras,
nem são vozes que possa ser ouvidas;
seu som ressoa e se espalha em toda a terra,
chega aos confins do universo a sua voz.

Evangelho (Lucas 6, 12-19)

Aleluia, aleluia, aleluia.
A vós, ó Deus, louvamos, a vós, Senhor, cantamos; vos louva, ó Senhor, o corro dos apóstolos!

 Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
6 12 Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus.
13 Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que chamou de apóstolos:
14 Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João, Filipe, Bartolomeu,
15 Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelador;
16 Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor.
17 Descendo com eles, parou numa planície. Aí se achava um grande número de seus discípulos e uma grande multidão de pessoas vindas da Judéia, de Jerusalém, da região marítima, de Tiro e Sidônia, que tinham vindo para ouvi-lo e ser curadas das suas enfermidades.
18 E os que eram atormentados dos espíritos imundos ficavam livres.
19 Todo o povo procurava tocá-lo, pois saía dele uma força que os curava a todos.
Palavra da Salvação.

Reflexão

esus foi à montanha para rezar. E passou a noite toda em oração a Deus. — A) É tríplice a causa desta oração noturna de Cristo: 1.ª) para rogar ao Pai que, na manhã seguinte, designasse dentre os discípulos doze Apóstolos, escolhendo os que fossem dignos de tamanha missão; 2.ª) segunda, para, orando, lhes impetrar a graça e o espírito necessários ao cumprimento do seu apostolado e à conversão do mundo; 3.ª) terceira, para nos ensinar duas coisas, a saber: a) a necessidade de dedicar um tempo a Deus pela oração, o que se cumpre pela observância do descanso sabático, como visto no Evangelho de sábado; b) a necessidade de rezar constantemente (e por isso diz “a noite toda”) tanto pela vocação como pela santificação dos sacerdotes. Eis por que a Igreja, iluminada pelo exemplo de Cristo, prescrevia outrora aos fiéis, durante as Quatro Têmporas, a oração e o jejum, para que os ordinandos nesse período fossem dignos e, pela intercessão mais fervorosa dos fiéis, alcançassem de Deus graças idôneas à dignidade para a qual foram escolhidos.

B) Em sentido tropológico, o Senhor nos ensina a rezar à noite: 1.º) porque a noite simboliza o sossego, o silêncio e a solidão necessária ao recolhimento da alma, sem o que é difícil, senão impossível, elevar-se a Deus convenientemente; 2.º) para dissipar as ilusões noturnas, isto é, as tentações e terrores de consciência com que o demônio, perturbando-nos, busca sem descanso afastar-nos da oração; 3.º) a fim de, rezando à noite, pedirmos a Deus as virtudes de que precisaremos na manhã seguinte e as graças que ao longo do dia havemos de levar aos nossos irmãos. É por isso que Jesus rezava à noite, mas pregava de dia. O mesmo fizeram o Apóstolo S. Paulo (cf. At 16, 25; 1Tm 5, 5) e muitos outros santos, como S. Antônio, S. Domingos de Gusmão, S. Francisco de Assis etc. etc. Também Davi recomenda várias vezes a oração noturna: “Bendizei o Senhor […] durante as horas da noite” (Sl 133, 1); “Em meio à noite levanto-me para vos louvar” (Sl 118, 62); “De noite reflito no fundo do coração” (Sl 76, 7); “Minhas lágrimas se converteram em alimento dia e noite, enquanto me repetem sem cessar: ‘Teu Deus, onde está?’” (Sl 41, 4) [1].

 

 

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quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Liturgia Diária - O número dos que são salvos.

 Esforçai-vos por entrar pela porta estreita | Centro Espírita Amor e  Caridade Santarritense

Leitura (Romanos 8,26-30)

Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
8 26 Outrossim, o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza; porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis.
27 E aquele que perscruta os corações sabe o que deseja o Espírito, o qual intercede pelos santos, segundo Deus.
28 Aliás, sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo os seus desígnios.
29 Os que ele distinguiu de antemão, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que este seja o primogênito entre uma multidão de irmãos.
30 E aos que predestinou, também os chamou; e aos que chamou, também os justificou; e aos que justificou, também os glorificou.
Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 12/13

Senhor, eu confiei na vossa graça!

Olhai, Senhor, meu Deus, e respondei-me!
Não deixeis que se me apague a luz dos olhos
e se fechem, pela morte, adormecidos!
Que o inimigo não me diga: ‘Eu triunfei!’
Nem exulte o opressor por minha queda.

Uma vez que confiei no vosso amor,
meu coração, por vosso auxílio, rejubile
e que eu vos cante pelo bem que me fizestes!

Evangelho (Lucas 13,22-30)

Aleluia, aleluia, aleluia.

Pelo evangelho o Pai nos chamou, a fim de alcançarmos a glória de nosso Senhor Jesus Cristo (2Ts 2,14)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.

Naquele tempo, 13 22 sempre em caminho para Jerusalém, Jesus ia atravessando cidades e aldeias e nelas ensinava.
23 Alguém lhe perguntou: “Senhor, são poucos os homens que se salvam?” Ele respondeu:
24 “Procurai entrar pela porta estreita; porque, digo-vos, muitos procurarão entrar e não o conseguirão.
25 Quando o pai de família tiver entrado e fechado a porta, e vós, de fora, começardes a bater à porta, dizendo: ‘Senhor, Senhor, abre-nos’, ele responderá: ‘Digo-vos que não sei de onde sois’.
26 Direis então: ‘Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste em nossas praças’.
27 Ele, porém, vos dirá: ‘Não sei de onde sois; apartai-vos de mim todos vós que sois malfeitores’.
28 Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac, Jacó e todos os profetas no Reino de Deus, e vós serdes lançados para fora.
29 Virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e sentar-se-ão à mesa no Reino de Deus.
30 Há últimos que serão os primeiros, e há primeiros que serão os últimos”.
Palavra da Salvação.

 Reflexão

 Se o Reino de Deus é comparado à pequena semente de mostarda e ao pouco fermento colocado na massa, podemos dizer que são poucos os que se salvam? Ou, ao contrário, são muitos? Tal foi a pergunta de um dos que escutavam Jesus, bem como é a pergunta de muitos cristãos atualmente. Assim, antes mesmo de desconcertar seus ouvintes com duas parábolas que dão a entender ora o pequeno número, ora o grande número dos que são salvos, o Senhor responde: Lutai para entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão! Desse modo, longe de satisfazer a uma curiosidade que é, na maioria das vezes, inútil, Jesus nos aponta o cuidado que de nossa parte realmente importa: a luta, o esforço, pois a porta é estreita! Não é sem motivo que o Reino dos céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam (Mt 11, 12). Que ninguém, portanto, cruze os braços na presunção de já ter alcançado a salvação, ou no desespero de já estar condenado ao inferno. Esforcemo-nos, lutemos! O Senhor nos socorrerá com sua graça!

 

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terça-feira, 26 de outubro de 2021

Liturgia Diária - Crescer de fé em fé.

 

Leitura (Romanos 8,18-25)

Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
8 18 Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada.
19 Por isso, a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus.
20 Pois a criação foi sujeita à vaidade (não voluntariamente, mas por vontade daquele que a sujeitou),
21 todavia com a esperança de ser também ela libertada do cativeiro da corrupção, para participar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus.
22 Pois sabemos que toda a criação geme e sofre como que dores de parto até o presente dia.
23 Não só ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos em nós mesmos, aguardando a adoção, a redenção do nosso corpo.
24 Porque pela esperança é que fomos salvos. Ora, ver o objeto da esperança já não é esperança; porque o que alguém vê, como é que ainda o espera?
25 Nós que esperamos o que não vemos, é em paciência que o aguardamos.
Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 125/126

Maravilhas fez conosco o Senhor,
exultemos de alegria!


Quando o Senhor reconduziu nossos cativos,
parecíamos sonhar;
encheu-se de sorriso nossa boca,
nossos lábios, de canções.

Entre os gentios se dizia: “Maravilhas
fez com eles o Senhor!”
Sim, maravilhas fez conosco o Senhor,
exultemos de alegria!

Mudai a nossa sorte, ó Senhor,
como torrentes no deserto.
Os que lançam as sementes entre lágrimas
ceifarão com alegria.

Chorando de tristeza sairão,
espalhando suas sementes;
 cantando de alegria voltarão,
carregando os seus feixes!

Evangelho (Lucas 13,18-21)

Aleluia, aleluia, aleluia.

Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, pois revelaste os mistérios do teu reino aos pequeninos, escondendo-os aos doutores! (Mt 11,25)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.

Naquele tempo, 13 18 Jesus dizia ainda: “A que é semelhante o Reino de Deus, e a que o compararei?
19 É semelhante ao grão de mostarda que um homem tomou e semeou na sua horta, e que cresceu até se fazer uma grande planta e as aves do céu vieram fazer ninhos nos seus ramos”.
20 Disse ainda: “A que direi que é semelhante o Reino de Deus?
21 É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou em três medidas de farinha e toda a massa ficou levedada”.
Palavra da Salvação.

 Reflexão

O Evangelho de hoje nos apresenta duas parábolas sobre o Reino de Deus, que Cristo compara aqui ao grão de mostarda, a menor das sementes, e ao fermento, cujo efeito é fazer crescer a massa do pão. Apesar de diferentes, essas duas realidades, se bem consideradas, têm em comum o fato de haver nelas uma certa dinâmica, uma certa tendência ao crescimento, ao desabrochar. Sabemos, por outras passagens (cf. Lc 17, 6), que Jesus se refere neste Evangelho especialmente à , identificada com o Reino de Deus. É São Paulo, contudo, quem, logo no início de sua Epístola aos Romanos, traduz de forma incisiva tanto a necessidade de crescermos na virtude da fé quanto a dinamicidade da Palavra de Jesus Cristo: "Com efeito", escreve, "não me envergonho do Evangelho, pois ele é uma força vinda de Deus [δύναμις γὰρ θεοῦ] para a salvação de todo o que crê". O Evangelho, portanto, e a fé que ele nos inspira são uma força salvífica que age em nós, que nos leva a Deus e nos une a Cristo.

Mas essa força tem de ser alimentada, tem de ser cultivada como um grãozinho de mostarda, à semelhança do fermento que vai aos poucos inchando a massa em que se encontra. É ainda São Paulo quem nos esclarece a este respeito: "a justiça de Deus", revelada no Evangelho de Nosso Senhor, "se obtém pela fé e conduz à fé [ἐκ πίστεως εἰς πίστιν]" (Rm 1, 17), ou seja, deve crescer de fé em fé, de amor em amor, numa marcha progressiva e ascendente de união com Deus. A fé, crescendo vagarosamente como uma sementinha, deve também levedar o nosso coração, deve transformá-lo numa fornalha ardente e cheia de energia para amar. Peçamos a Deus que nos conceda a graça de crescermos todos os dias na fé com que Ele mesmo, segundo o seu beneplácito, nos presenteou. Que essa fé, crescendo em nosso peito "a caminho de Emaús", faça o nosso coração abrasar-se de amor por Jesus Cristo (cf. Lc 24, 32), que é o verdadeiro fermento de nossas vidas.

 

 

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segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Liturgia Diária - A cura da mulher encurvada.

 Evangelho do Dia: Cura de uma mulher encurvada (Lc 13,10-17) – Oratório São  Luiz

Leitura (Romanos 8,12-17)

Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
8 12 Portanto, irmãos, não somos devedores da carne, para que vivamos segundo a carne.
13 De fato, se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras da carne, vivereis,
14 pois todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.
15 Porquanto não recebestes um espírito de escravidão para viverdes ainda no temor, mas recebestes o espírito de adoção pelo qual clamamos: Aba! Pai!
16 O Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus.
17 E, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, contanto que soframos com ele, para que também com ele sejamos glorificados.
Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 67/68

Nosso Deus é um Deus que salva, é um Deus libertador! 

Eis que Deus se põe de pé, e os inimigos se dispersam!
Fogem longe de sua face os que odeiam o Senhor!
Mas os justos se alegram na presença do Senhor,
rejubilam satisfeitos e exultam de alegria!

Dos órfãos ele é pai e das viúvas protetor;
é assim o nosso Deus em sua santa habitação.
É o Senhor quem dá abrigo, dá um lar aos deserdados,
quem liberta os prisioneiros e os sacia com fartura.

Bendito seja Deus, bendito seja, cada dia,
o Deus da nossa salvação, que carrega os nossos fardos!
Nosso Deus é um Deus que salva, é um Deus libertador;
o Senhor, só o Senhor, nos poderá livrar da morte!

Evangelho (Lucas 13,10-17)

Aleluia, aleluia, aleluia.

Vossa palavra é a verdade; santificai-nos na verdade! (Jo 17,17)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.

Naquele tempo, 13 10 Estava Jesus ensinando na sinagoga em um sábado.
11 Havia ali uma mulher que, havia dezoito anos, era possessa de um espírito que a detinha doente: andava curvada e não podia absolutamente erguer-se.
12 Ao vê-la, Jesus a chamou e disse-lhe: “Estás livre da tua doença”.
13 Impôs-lhe as mãos e no mesmo instante ela se endireitou, glorificando a Deus.
14 Mas o chefe da sinagoga, indignado de ver que Jesus curava no sábado, disse ao povo: “São seis os dias em que se deve trabalhar; vinde, pois, nestes dias para vos curar, mas não em dia de sábado”.
15 “Hipócritas!”, disse-lhes o Senhor. “Não desamarra cada um de vós no sábado o seu boi ou o seu jumento da manjedoura, para os levar a beber?
16 Esta filha de Abraão, que Satanás paralisava há dezoito anos, não devia ser livre desta prisão, em dia de sábado?”
17 Ao proferir estas palavras, todos os seus adversários se encheram de confusão, ao passo que todo o povo, à vista de todos os milagres que ele realizava, se entusiasmava.
Palavra da Salvação.
 
Reflexão
 
A cura da mulher encurvada contém uma mensagem — sempre atual como o Evangelho — de profunda importância para a nossa vida espiritual. Cristo é a revelação de Deus, é a manifestação pessoal dos sentimentos do coração e dos pensamentos daquele que habita em luz inacessível. De modo que até em seus milagres, e não só em suas palavras e discursos, manifesta-se alguma das verdades que o Senhor nos quer transmitir. De fato, como diz S. Agostinho, aquele que criou o corpo é criador também da alma, de sorte que as curas que Jesus operou em cegos, leprosos, paralíticos e hidrópicos são um sinal da cura interior que ele deseja realizar em nós. E o que são essas doenças senão uma imagem das enfermidades da alma? Não é o cego figura de quem não crê em Deus, e o manco, de quem já não percorre o caminho da vida? Assim também a deformidade daquela mulher de que nos fala hoje o Evangelho era obra de Satanás, que a amarrou por dezoito anos, impedindo-a de endireitar-se e olhar para o alto. E acaso não somos todos, em virtude do pecado, escravos do demônio? Não nos encontramos amarrados em seus laços, seduzidos por suas mentiras, desviados como ele da face de Deus? 
 
É dessa escravidão que nos veio libertar Jesus, reconciliando-nos com o Pai, enriquecendo-nos com a graça da adoção e fortalecendo-nos com os auxílios espirituais necessários para lutarmos contra a carne, o diabo e o mundo. Agora que nos sabemos redimidos e livres, mantenhamos o olhar, não para as coisas cá de baixo, mas para o céu, onde Cristo está sentado e temos à nossa espera uma herança imarcescível. Que aquele que, ao ser levantado da terra, tudo atraiu para si (cf. Jo 12, 31s), nos conceda a graça de aspirarmos só aos bens celestes, deixando para os porcos as bolotas deste vale de lágrimas.
 
 
 
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domingo, 24 de outubro de 2021

30º Domingo do Tempo Comum - Somos cegos e mendigos.

 A Cura de um cego em Jericó. – Comunidade Católica Presença

Primeira Leitura: Jeremias 31,7-9

Leitura do livro do profeta Jeremias7Isto diz o Senhor: “Exultai de alegria por Jacó, aclamai a primeira das nações; tocai, cantai e dizei: ‘Salva, Senhor, teu povo, o resto de Israel’. 8Eis que eu os trarei do país do Norte e os reunirei desde as extremidades da terra; entre eles há cegos e aleijados, mulheres grávidas e parturientes: são uma grande multidão os que retornam. 9Eles chegarão entre lágrimas e eu os receberei entre preces; eu os conduzirei por torrentes de água, por um caminho reto onde não tropeçarão, pois tornei-me um pai para Israel, e Efraim é o meu primogênito”. 

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 125(126)

Maravilhas fez conosco o Senhor, / exultemos de alegria!   

1. Quando o Senhor reconduziu nossos cativos, / parecíamos sonhar; / encheu-se de sorriso nossa boca, / nossos lábios, de canções. – R.

2. Entre os gentios se dizia: “Maravilhas / fez com eles o Senhor!” / Sim, maravilhas fez conosco o Senhor, / exultemos de alegria! – R.

3. Mudai a nossa sorte, ó Senhor, / como torrentes no deserto. / Os que lançam as sementes entre lágrimas / ceifarão com alegria. – R.

4. Chorando de tristeza, sairão, / espalhando suas sementes. / Cantando de alegria, voltarão, / carregando os seus feixes! – R.

Segunda Leitura: Hebreus 5,1-6

Leitura da carta aos Hebreus 1Todo sumo sacerdote é tirado do meio dos homens e instituído em favor dos homens nas coisas que se referem a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. 2Sabe ter compaixão dos que estão na ignorância e no erro, porque ele mesmo está cercado de fraqueza. 3Por isso, deve oferecer sacrifícios tanto pelos pecados do povo quanto pelos seus próprios. 4Ninguém deve atribuir-se esta honra, senão o que foi chamado por Deus, como Aarão. 5Deste modo, também Cristo não se atribuiu a si mesmo a honra de ser sumo sacerdote, mas foi aquele que lhe disse: “Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei”. 6Como diz em outra passagem: “Tu és sacerdote para sempre, na ordem de Melquisedeque”. 

Palavra do Senhor.

Evangelho: Marcos 10,46-52

Aleluia, aleluia, aleluia.

Jesus Cristo, salvador, destruiu o mal e a morte; / fez brilhar, pelo Evangelho, a luz e a vida imperecíveis (2Tm 1,10). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos – Naquele tempo, 46Jesus saiu de Jericó junto com seus discípulos e uma grande multidão. O filho de Timeu, Bartimeu, cego e mendigo, estava sentado à beira do caminho. 47Quando ouviu dizer que Jesus, o Nazareno, estava passando, começou a gritar: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” 48Muitos o repreendiam para que se calasse. Mas ele gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem piedade de mim!” 49Então Jesus parou e disse: “Chamai-o”. Eles o chamaram e disseram: “Coragem, levanta-te, Jesus te chama!” 50O cego jogou o manto, deu um pulo e foi até Jesus. 51Então Jesus lhe perguntou: “O que queres que eu te faça?” O cego respondeu: “Mestre, que eu veja!” 52Jesus disse: “Vai, a tua fé te curou”. No mesmo instante, ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho. 

Palavra da salvação.

Reflexão

O Evangelho de hoje traz a famosa cura do cego e mendigo de Jericó, Bartimeu. O que significa essa cura para nós? É importante recordar o seguinte: quando Jesus faz milagres, Ele nunca os faz simplesmente pela benfeitoria, pela caridade corporal. Não, não é somente isso. Quando Jesus faz milagres, além do bem físico feito à pessoa, Ele nos está dizendo alguma coisa também a nós. Por quê? Porque as ações de Cristo são salvíficas e reveladoras. E o que quer dizer a cura de Bartimeu, cego e mendigo? Em primeiro lugar, temos de entender que somos nós este cego e mendigo. Por que somos cegos? Somos cegos porque, embora tenhamos fé, nossa fé ainda precisa aumentar. E por que somos mendigos? Somos mendigos porque, embora possamos estar em estado de graça e, portanto, ter em nós a caridade de Deus, a nossa caridade também precisa aumentar. 

Somos mendigos de Deus e dependemos da graça para que tudo isso cresça. A cegueira significa a fé que precisa aumentar; a mendicância, a caridade que precisa crescer. Mas como iremos vê-lo realizar-se em nossa vida? Antes de tudo, entendamos a cegueira. Se não vemos as coisas com o olhar de Deus, não as vemos como elas são. Eis uma de nossas grandes misérias. Pelo pecado original, temos uma dificuldade enorme de enxergar os fatos. Vivemos perturbados passionalmente, ou seja, nossas paixões e emoções nos fazem distorcer a realidade. Quantas vezes passamos por situações que parecem enormes, monstruosas, tremendas, enquanto as pessoas ao redor não entendem por que sofremos tanto. Para elas, que não estão envolvidas afetivamente como nós, a dificuldade parece simples; para nós, é uma montanha que não conseguimos transpor.

 Pois bem, além da dificuldade de enxergar a realidade por causa do pecado original, há também uma outra: como ainda não vemos a Deus face a face, não compreendemos de todo como as coisas realmente são no projeto divino. Sim, porque Deus é a fonte do ser todas as coisas, de modo que elas são como Deus as vê, não como nós as vemos. Por exemplo, cremos que nos conhecemos; mas, na verdade, nos ignoramos. É Jesus quem nos conhece, Ele sabe quem somos. Muitas vezes, temos de nós mesmos uma visão distorcida: há em nós coisas más que não reconhecemos, e outras boas que exageramos… Mas Jesus nos conhece perfeitamente, e não só isso: ama-nos e quer o nosso bem. Por isso precisamos enxergar a realidade, e a forma de o fazer chama-se oração. A oração é o exercício da fé no qual pedimos a Jesus seus olhos emprestados. Na oração, pedimos a Cristo que nos revele a nós mesmos: “Quem sou eu, Jesus? Que projetos tendes para mim? O que quereis de mim, Senhor?” 

Somos cegos, não vemos sequer quem nós somos. Não é que não enxerguemos um palmo à frente do nariz, não enxergamos um palmo para dentro do nariz! Não vemos as coisas de fora, não vemos as coisas de dentro. Mas Jesus vê, “Ele é a luz que ilumina todo homem”, diz o evangelho de S. João. Aqui, portanto, está a primeira lição da cura de Bartimeu: Jesus quer-nos curar da nossa cegueira. Sim, precisamos enxergar quem somos. Feito isso, ou seja, uma vez que começamos a ver-nos nos planos de Deus, então podemos começar a transformar nosso coração, para que ele queira o que Jesus mesmo quer. Afinal, não só não nos conhecemos como tampouco nos amamos. Não temos por nós verdadeiro amor porque não nos amamos com a vontade de Cristo. Jesus é quem nos ama de verdade. 

Quantas coisas andamos querendo por julgá-las boas, quando, na verdade, são veneno! Por quantas coisas passamos dias, semanas, meses, anos, a vida inteira lutando, mas que, no fim das contas, só nos farão mal! Nós não somos nossos amigos, mas Cristo o é, Ele quer o nosso bem. Por isso, a melhor coisa que temos a fazer é parar de querer o que queremos para querer o que Jesus quer. Se desejamos o que Jesus não deseja, mudemos imediatamente de vontade, conformando-a à de Cristo, querendo o que Ele quer, porque é Ele quem sabe o que é bom para nós. Jesus põe-se diante de nós como um Amigo que passa à beira do caminho desses cegos e mendigos que somos nós. Temos de pedir a Ele na oração: “Jesus, que eu veja. Jesus, que eu veja com os vossos olhos. Jesus, que eu enxergue como vós enxergais”. Somente assim, com os olhos emprestados de Cristo, começaremos a ver que nossas vontades e projetos pessoais nem sempre são bons, mas que as vontades e projetos de Cristo para nós, sim, sempre o são. Jesus nos ama, Ele é o nosso verdadeiro amigo! Queiramos pois o que Jesus quer, deixemo-nos transformar. 

Quando formos rezar, é importante que estejamos dispostos a mudar. Se rezamos, mas não estamos dispostos a sair da oração diferentes, não estamos rezando direito. Sim, há gente que passa horas perdidas na oração. Não porque a oração seja coisa ruim, mas porque as pessoas é que rezam mal. Há quem vá ao sacrário para tentar mudar Jesus, como se a oração fosse uma espécie de “queda de braço” para convencer Deus a seguir os nossos planos: “Seja feita a minha vontade assim na terra como no céu”... Precisamos curar-nos dessa cegueira e então, vendo que Deus quer mudar a nossa vontade, querer o que Ele quer. Somente assim deixaremos de ser cegos e mendigos, porque enxergaremos a verdade com os olhos de Cristo e teremos a grande riqueza que é o seu amor, a sua vontade realizada em nossos corações.

 

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sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Liturgia Diária -Seremos julgados pelo amor.

 Evangelho: Lc 12,54-59

Leitura (Romanos 7,18-25)

Leitura do livro da carta de são Paulo aos Romanos.
7 18 Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita o bem, porque o querer o bem está em mim, mas não sou capaz de efetuá-lo.
19 Não faço o bem que quereria, mas o mal que não quero.
20 Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que faço, mas sim o pecado que em mim habita.
21 Encontro, pois, em mim esta lei: quando quero fazer o bem, o que se me depara é o mal.
22 Deleito-me na lei de Deus, no íntimo do meu ser.
23 Sinto, porém, nos meus membros outra lei, que luta contra a lei do meu espírito e me prende à lei do pecado, que está nos meus membros.
24 Homem infeliz que sou! Quem me livrará deste corpo que me acarreta a morte?...
25 Graças sejam dadas a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor!
Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 118/119

Ensinai-me a fazer vossa vontade!

Dai-me bom senso, retidão, sabedoria,
pois tenho fé nos vossos santos mandamentos!

Porque sois bom e realizais somente o bem,
ensinai-me a fazer vossa vontade!

Vosso amor seja m consolo para mim,
conforme a vosso servo prometestes.

Venha a mim o vosso amor e viverei,
porque tenho em vossa lei o meu prazer!

Eu jamais esquecerei vossos preceitos,
por meio deles conservais a minha vida.

Vinde salvar-me, ó Senhor, eu vos pertenço!
Porque sempre procurei vossa vontade.

Evangelho (Lucas 12,54-59)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, pois revelaste os mistérios do teu reino aos pequeninos, escondendo-os aos doutores! (Mt 11,25)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, 12 54 Jesus ainda dizia ao povo: “Quando vedes levantar-se uma nuvem no poente, logo dizeis: ‘Aí vem chuva’. E assim sucede.
55 Quando vedes soprar o vento do sul, dizeis: ‘Haverá calor’. E assim acontece.
56 Hipócritas! Sabeis distinguir os aspectos do céu e da terra; como, pois, não sabeis reconhecer o tempo presente?
57 Por que também não julgais por vós mesmos o que é justo?
58 Ora, quando fores com o teu adversário ao magistrado, faze o possível para entrar em acordo com ele pelo caminho, a fim de que ele te não arraste ao juiz, e o juiz te entregue ao executor, e o executor te ponha na prisão.
59 Digo-te: não sairás dali, até pagares o último centavo”.
Palavra da Salvação.

Reflexão

Utilizando-se da interpretação tão simples e comum do tempo meteorológico, Nosso Senhor quer dar um recado a todos nós: "Hipócritas! Vós sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu. Como é que não sabeis interpretar o tempo presente?". Nos últimos dias, repetidas vezes o Senhor nos tem chamado de hipócritas, e muito está enganado quem, julgando ser apenas um artifício retórico, lhe dá pouca importância. As palavras do Senhor nunca são ao acaso; e aqui, o objetivo de Jesus não é outro senão arrancar as nossas máscaras de fingimento. 

Dentre aquela multidão à qual Jesus se dirigia, muitos simulavam não compreender as palavras do Senhor, pois não queriam mudar de vida, embora tivesse chegado para eles a Salvação. E nós? Tanto já ouvimos os ensinamentos de Cristo e da Igreja, e tanto ainda fingimos não compreender, esquivando-nos da necessária conversão que o Senhor nos pede! Por isso, ao contar em seguida a parábola dos que se encaminham para o juiz, Jesus nos alerta para o quanto esta vida é séria: estamos caminhando para o juízo de Deus, no qual seremos julgados pelo amor. Preparemo-nos, portanto! Não sejamos hipócritas, dissimulados, fingidos! Sabemos bem o que o Senhor nos pede: Ele quer a nossa conversão; Ele quer o nosso amor.

 

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quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Liturgia Diária - Fogo sobre a terra.

 5ª-feira da 29ª Semana do Tempo Comum « Paróquia Nossa Senhora das Dores

Leitura (Romanos 6,19-23)

Leitura do livro da carta de são Paulo aos Romanos.
6 19 Vou-me servir de linguagem corrente entre os homens, por causa da fraqueza da vossa carne. Pois, como pusestes os vossos membros a serviço da impureza e do mal para cometer a iniqüidade, assim ponde agora os vossos membros a serviço da justiça para chegar à santidade.
20 Quando éreis escravos do pecado, éreis livres a respeito da justiça.
21 Que frutos produzíeis então? Frutos dos quais agora vos envergonhais. O fim deles é a morte.
22 Mas agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes por fruto a santidade; e o termo é a vida eterna.
23 Porque o salário do pecado é a morte, enquanto o dom de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 1

É feliz quem a Deus se confia!

Feliz é todo aquele que não anda
conforme os conselhos dos perversos;
que não entra no caminho dos malvados
nem junto aos zombadores vai sentar-se;
mas encontra seu prazer na lei de Deus
e medita, dia e noite, sem cessar.

Eis que ele é semelhante a uma árvore
que à beira da torrente está plantada;
ela sempre dá seus frutos a seu tempo
e jamais as suas folhas vão murchar.
Eis que tudo o que ele faz vai prosperar.

Mas bem outra é a sorte dos perversos.
Ao contrário, são iguais à palha seca
espalhada e dispersada pelo vento.

Evangelho (Lucas 12,49-53)

Aleluia, aleluia, aleluia.

Eu tudo considero como perda e como lixo a fim de eu ganhar Cristo e ser achado nele! (Fl 3,8s)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.

Naquele tempo, 12 49 disse Jesus: “Eu vim lançar fogo à terra, e que tenho eu a desejar se ele já está aceso?
50 Mas devo ser batizado num batismo; e quanto anseio até que ele se cumpra!
51 Julgais que vim trazer paz à terra? Não, digo-vos, mas separação.
52 Pois de ora em diante haverá numa mesma casa cinco pessoas divididas, três contra duas, e duas contra três;
53 estarão divididos: o pai contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, e a nora contra a sogra”.
Palavra da Salvação.

Reflexão

No Evangelho de hoje, Jesus nos descreve a sua missão de uma maneira abrasada e um tanto enigmática. "Eu vim para lançar fogo sobre a terra", disse o Senhor, e ainda: "Devo receber um batismo, e como estou ansioso até que isto se cumpra". Jesus anseia, tem pressa! E por quê? Porque nos ama e quer o nosso amor, quer a nossa salvação! De fato, será depois do batismo de Sua Paixão que o fogo do amor de Deus, o Espírito Santo, será ateado nos corações que creem, a fim de que, como o ouro é purgado no fogo, sejam eles purificados de todo pecado e imperfeição. 

Porém, o efeito dessa transformação salvífica é dramático e inevitável, como acrescentou o Senhor: "Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão". Pois a paz que o Cristo nos trouxe é da comunhão com Deus, a qual provoca inevitavelmente o rompimento com o mundo e com os que rejeitam o Senhor, o que não significa abandonar aqueles em quem ainda esperamos ver o fogo de Deus incendido. Por isso, lembremo-nos: o Senhor tem pressa! Tenhamos também nós a pressa de sermos totalmente consumidos pelo Amor de Deus e o desejo ardente de levar aos outros o mesmo Amor que recebemos.

 

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