domingo, 14 de abril de 2024

3º Domingo da Páscoa - Não é vã a nossa esperança!

 Um “espírito desencarnado”?

Aclamai a Deus, terra inteira, cantai salmos a seu nome, glorificai-o com louvores, aleluia (Sl 65,1s).

O Ressuscitado caminha conosco e manifesta-se como presença viva e real a cada um dos seus seguidores, fazendo brilhar em nós o esplendor de sua face. Abramos a inteligência para entendermos tudo o que Ele nos diz e deixemos que o amor de Deus se realize plenamente em nós pela celebração desta Eucaristia.

Primeira Leitura: Atos 3,13-15.17-19

Cristo ressuscitado, o Santo, o Justo, autor da vida e nosso eterno defensor junto ao Pai, convida-nos a ouvir e guardar sua Palavra, fonte de paz e de perdão.

Leitura dos Atos dos Apóstolos – Naqueles dias, Pedro se dirigiu ao povo, dizendo: 13“O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos antepassados glorificou o seu servo Jesus. Vós o entregastes e o rejeitastes diante de Pilatos, que estava decidido a soltá-lo. 14Vós rejeitastes o Santo e o Justo e pedistes a libertação para um assassino. 15Vós matastes o autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos, e disso nós somos testemunhas. 17E agora, meus irmãos, eu sei que vós agistes por ignorância, assim como vossos chefes. 18Deus, porém, cumpriu desse modo o que havia anunciado pela boca de todos os profetas: que o seu Cristo haveria de sofrer. 19Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos, para que vossos pecados sejam perdoados”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 4

Sobre nós fazei brilhar o esplendor de vossa face!

1. Quando eu chamo, respondei-me, ó meu Deus, minha justiça! † Vós que soubestes aliviar-me nos momentos de aflição, / atendei-me por piedade e escutai minha oração! – R.

2. Compreendei que nosso Deus faz maravilhas por seu servo / e que o Senhor me ouvirá quando lhe faço a minha prece! – R.

3. Muitos há que se perguntam: “Quem nos dá felicidade?” / Sobre nós fazei brilhar o esplendor de vossa face! – R.

4. Eu tranquilo vou deitar-me e na paz logo adormeço, / pois só vós, ó Senhor Deus, dais segurança à minha vida! – R.

Segunda Leitura: 1 João 2,1-5

Leitura da primeira carta de São João 1Meus filhinhos, escrevo isto para que não pequeis. No entanto, se alguém pecar, temos junto do Pai um defensor: Jesus Cristo, o Justo. 2Ele é a vítima de expiação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos pecados do mundo inteiro. 3Para saber que o conhecemos, vejamos se guardamos os seus mandamentos. 4Quem diz: “Eu conheço a Deus”, mas não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele. 5Naquele, porém, que guarda a sua palavra, o amor de Deus é plenamente realizado. – Palavra do Senhor.

Evangelho: Lucas 24,35-48

Aleluia, aleluia, aleluia.

Senhor Jesus, revelai-nos o sentido da Escritura, / fazei o nosso coração arder quando nos falardes (Lc 24,32). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 35os dois discípulos contaram o que tinha acontecido no caminho e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão. 36Ainda estavam falando quando o próprio Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: “A paz esteja convosco!” 37Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um fantasma. 38Mas Jesus disse: “Por que estais preocupados e por que tendes dúvidas no coração? 39Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um fantasma não tem carne nem ossos, como estais vendo que eu tenho”. 40E dizendo isso, Jesus mostrou-lhes as mãos e os pés. 41Mas eles ainda não podiam acreditar, porque estavam muito alegres e surpresos. Então Jesus disse: “Tendes aqui alguma coisa para comer?” 42Deram-lhe um pedaço de peixe assado. 43Ele o tomou e comeu diante deles. 44Depois, disse-lhes: “São estas as coisas que vos falei quando ainda estava convosco: era preciso que se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”. 45Então Jesus abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras 46e lhes disse: “Assim está escrito: ‘O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia, 47e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém’. 48Vós sereis testemunhas de tudo isso”. – Palavra da salvação.

Reflexão
 
As aparições do Senhor ressuscitado aos Apóstolos, segundo o relato de S. Lucas, revestem-se de algumas características que, por um motivo ou outro, nem sempre são notadas pelos demais evangelistas, ao menos não com a mesma clareza e destaque. A primeira delas refere-se ao fato de que os Apóstolos, ao verem Cristo de volta à vida, não podiam acreditar no que viam, “porque estavam muito alegres e surpresos”. A razão disso é que a esperança cristã, por ser uma virtude teologal, depende da ação de Deus, ao passo que a esperança meramente humana, fundada em expectativas naturais, é insuficiente para nos levar a crer nos bens prometidos por Ele. Existe uma desproporção entre o que somos capazes de esperar apenas com nossas forças e a grandeza, superior à nossa compreensão e racionalidade, das maravilhas do Senhor. É por isso que os Apóstolos, ao mesmo tempo que se alegram de ver o Ressuscitado, não conseguem fiar-se dos próprios olhos: a Ressurreição de Cristo, nesse sentido, é “boa demais para ser verdade”, superando em muito tudo o que a razão humana poderia intuir e o coração do homem poderia esperar. Ao aparecer hoje no meio dos Onze, Jesus quer tirá-los dos limites estreitos das esperanças naturais para, por sua ação divina, introduzi-los no mistério da verdadeira esperança cristã, fundada na fé sobrenatural, capaz de enxergar, sob a luz da sabedoria divina, que o Cristo tinha de padecer, morrer e ressuscitar ao terceiro dia, a fim de que no seu Nome santíssimo fossem anunciados o perdão dos pecados e a conversão de todos os povos. Que Ele toque hoje os nossos corações e nos faça dar esse passo da esperança humana àquele esperança que, segundo S. Paulo, prevalece sobre toda outra esperança (cf. Rm 4, 18): o Senhor ressuscitou verdadeiramente, como prometera, e unidos a Ele também nós hemos de ressuscitar!

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sábado, 13 de abril de 2024

2ª Semana da Páscoa - Não tenham medo, Sou Eu!

 LEITURA ORANTE: Jo 6, 16-21 – Não tenham medo! Sou eu!

Povo adquirido por Deus, anunciai os grandes feitos daquele que vos chamou das trevas à sua luz maravilhosa, aleluia (1Pd 2,9).

Jesus ressuscitado se faz presente na comunidade reunida em seu nome. Sua Palavra transmite vida e segurança aos seus seguidores, acalmando as tempestades e iluminando as noites escuras da caminhada. Nesta celebração, renovemos nosso compromisso de anunciar o Evangelho e ir ao encontro dos mais necessitados da grande comunidade dos filhos e filhas de Deus.

Primeira Leitura: Atos 6,1-7

Leitura dos Atos dos Apóstolos1Naqueles dias, o número dos discípulos tinha aumentado, e os fiéis de origem grega começaram a queixar-se dos fiéis de origem hebraica. Os de origem grega diziam que suas viúvas eram deixadas de lado no atendimento diário. 2Então os doze apóstolos reuniram a multidão dos discípulos e disseram: “Não está certo que nós deixemos a pregação da Palavra de Deus para servir às mesas. 3Irmãos, é melhor que escolhais entre vós sete homens de boa fama, repletos do Espírito e de sabedoria, e nós os encarregaremos dessa tarefa. 4Desse modo nós poderemos dedicar-nos inteiramente à oração e ao serviço da Palavra”. 5A proposta agradou a toda a multidão. Então escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo; e também Filipe, Prócoro, Nicanor, Timon, Pármenas e Nicolau de Antioquia, um pagão que seguia a religião dos judeus. 6Eles foram apresentados aos apóstolos, que oraram e impuseram as mãos sobre eles. 7Entretanto, a Palavra do Senhor se espalhava. O número dos discípulos crescia muito em Jerusalém, e grande multidão de sacerdotes judeus aceitava a fé. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 32(33)

Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, / da mesma forma que em vós nós esperamos!

1. Ó justos, alegrai-vos no Senhor! / Aos retos fica bem glorificá-lo. / Dai graças ao Senhor ao som da harpa, / na lira de dez cordas celebrai-o! – R.

2. Pois reta é a palavra do Senhor, / e tudo o que ele faz merece fé. / Deus ama o direito e a justiça, / transborda em toda a terra a sua graça. – R.

3. O Senhor pousa o olhar sobre os que o temem / e que confiam, esperando em seu amor, / para da morte libertar as suas vidas / e alimentá-los quando é tempo de penúria. – R.

Evangelho: João 6,16-21

Aleluia, aleluia, aleluia.

Ressurgiu Cristo, o Senhor, que criou tudo; / ele teve compaixão da humanidade. – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 16Ao cair da tarde, os discípulos desceram ao mar. 17Entraram na barca e foram em direção a Cafarnaum, do outro lado do mar. Já estava escuro, e Jesus ainda não tinha vindo ao encontro deles. 18Soprava um vento forte, e o mar estava agitado. 19Os discípulos tinham remado mais ou menos cinco quilômetros quando enxergaram Jesus, andando sobre as águas e aproximando-se da barca. E ficaram com medo. 20Mas Jesus disse: “Sou eu. Não tenhais medo”. 21Quiseram, então, recolher Jesus na barca, mas imediatamente a barca chegou à margem para onde estavam indo. – Palavra da salvação.

Reflexão

O evangelho de hoje traz o episódio do barco no mar agitado. Jesus se encontra na montanha, os discípulos no mar e o povo em terra. Na maneira de descrever os fatos, João procura ajudar as comunidades a descobrir o mistério que envolvia a pessoa de Jesus. Ele faz isso evocando textos do Antigo Testamento que aludem ao êxodo.

Na época em que João escreve, o barquinho das comunidades enfrentava o vento contrário tanto da parte de alguns judeus convertidos que queriam reduzir o mistério de Jesus ao tamanho das profecias e figuras do Antigo Testamento, como da parte de alguns pagãos convertidos que pensavam ser possível uma aliança entre Jesus e o império.

De tardinha, esta palavra nos remete, à trevas, a escuridão e noite que lhe sucedem imediatamente. Estas por sua vez trazem para nós às realidades das nossas limitações humanas que consistem nos medos e nas dúvidas, nas incertezas e nas tempestades, nas tristezas e nas angústias, nos conflitos interiores, nos casos perdidos e a problemas que humanamente falando parecem não terem solução. E por causa disso, a fé dos discípulos ficou abalada e como que sacudida pelo vento forte e pelas ondas do mar. Até porque o Evangelista João propositadamente nos conduz a este cenário. Os discípulos de Jesus abandonam a terra firme, onde poderiam caminhar sem riscos e perigos. Dirigem-se ao lago onde sem chão por pisar senão a do frágil barco que os transportará para outro lado julgam encontrar segurança.

A palavra atravessar, revela precisamente a efemeridade da contingência humana. Na vida nada é eterno, tudo passa. Só a palavra de Deus não passará. Ora senão vejamos como João descreve o texto. O s discípulos saem de uma cidade e vão para outra. O sair implica uma rotura, uma mudança com o passado. E a mudança implica a aderência ao novo que muitas vezes provoca em nós resistência, dificuldades em acreditar e mudar de vida. E por isso, os discípulos se vêem em dificuldade, em aderir a nova doutrina trazida por Jesus, que deve provocar neles a conversão total através do processo de provações, purificações representadas pela escuridão que se aproximava deles.

Meu irmão, minha irmã, tu que estás sofrendo e passando por situações difíceis, quais são eu não sei. Mas tu sabes. Não fuja da terra firme, não te deixes ficar abandonado, abandonada. Corra para Jesus a terra firme. Não diga já fiz tudo o que tinha por fazer e agora é melhor desistir. Olhe para os discípulos. Eles tinham já remado uns cinco ou seis kilomentos. Tinha esgotado todas as suas forças. Mas não se renderam ao desânimo, não perderam a esperança. Porque logo depois viram Jesus andando sobre a água e então chegou a solução de todos os medos.

Portanto, à expressão não tenham medo, é dirigida para ti. Não na segunda pessoa do plural para na do singular. Ele te conhece profundamente e sabe o que tu precisas. Ele sabe a tua dor, situação por que estás passando. Por isso não tenha medo. Confie n’Ele e tenha coragem. Entrega-t profundamente à confiança, esperança e fé em Deus que tudo pode. Lembra-te com Jesus e pela força da oração tudo pode ser mudado.

Faça sua essa oração: Pai, em meio às tempestades, faze-me compreender que o Ressuscitado caminha comigo, incentivando-me a não temer e a permanecer firme no rumo traçado por Ele.

 

Postado há por Pe. Bantu Mendonça katchipwi Sayla
 

sexta-feira, 12 de abril de 2024

2ª Semana da Páscoa - Cuidado se você só busca milagres!

 Homilia Diária | Sexta-feira da 2.ª Semana da Páscoa – Cuidado se você só  busca milagres! (1762: 16 de abril de 2021)

Vós nos redimistes, Senhor, pelo vosso sangue, de todas as raças, línguas, povos e nações, e fizestes de nós um reino e sacerdotes para nosso Deus, aleluia (Ap 5,9s).

Abertos e sensíveis às inspirações do Espírito Santo, à semelhança dos apóstolos, não tenhamos medo de “ensinar e anunciar o Evangelho de Jesus Cristo”. Jesus, doador de vida plena para todos, multiplica os pães para a multidão faminta. Com seu gesto generoso, o Mestre nos convida a partilhar nossos bens materiais e espirituais.

Primeira Leitura: Atos 5,34-42

Leitura dos Atos dos Apóstolos – Naqueles dias, 34um fariseu, chamado Gamaliel, levantou-se no sinédrio. Era mestre da Lei, e todo o povo o estimava. Gamaliel mandou que os acusados saíssem por um instante. 35Depois disse: “Homens de Israel, vede bem o que estais para fazer contra esses homens. 36Algum tempo atrás apareceu Teudas, que se fazia passar por uma pessoa importante, e a ele se juntaram cerca de quatrocentos homens. Depois ele foi morto, e todos os que o seguiam debandaram, e nada restou. 37Depois dele, no tempo do recenseamento, apareceu Judas, o galileu, que arrastou o povo atrás de si. Contudo, também ele morreu e todos os seus seguidores se dispersaram. 38Quanto ao que está acontecendo agora, dou-vos um conselho: não vos preocupeis com esses homens e deixai-os ir embora. Porque, se esse projeto ou essa atividade é de origem humana, será destruído. 39Mas, se vem de Deus, vós não conseguireis eliminá-los. Cuidado para não vos pordes em luta contra Deus!” E os membros do sinédrio aceitaram o parecer de Gamaliel. 40Chamaram então os apóstolos, mandaram açoitá-los, proibiram que eles falassem em nome de Jesus e depois os soltaram. 41Os apóstolos saíram do conselho muito contentes por terem sido considerados dignos de injúrias por causa do nome de Jesus. 42E cada dia, no templo e pelas casas, não cessavam de ensinar e anunciar o Evangelho de Jesus Cristo. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 26(27)

Ao Senhor eu peço apenas uma coisa: / habitar no santuário do Senhor.

1. O Senhor é minha luz e salvação; / de quem eu terei medo? / O Senhor é a proteção da minha vida; / perante quem eu tremerei? – R.

2. Ao Senhor eu peço apenas uma coisa / e é só isto que eu desejo: / habitar no santuário do Senhor / por toda a minha vida; / saborear a suavidade do Senhor / e contemplá-lo no seu templo. – R.

3. Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver / na terra dos viventes. / Espera no Senhor e tem coragem, / espera no Senhor! – R.

Evangelho: João 6,1-15

Aleluia, aleluia, aleluia.

O homem não vive somente de pão, / mas de toda palavra da boca de Deus (Mt 4,4). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, 1Jesus foi para o outro lado do mar da Galileia, também chamado de Tiberíades. 2Uma grande multidão o seguia, porque via os sinais que ele operava a favor dos doentes. 3Jesus subiu ao monte e sentou-se aí com os seus discípulos. 4Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. 5Levantando os olhos e vendo que uma grande multidão estava vindo ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: “Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?” 6Disse isso para pô-lo à prova, pois ele mesmo sabia muito bem o que ia fazer. 7Filipe respondeu: “Nem duzentas moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada um”. 8Um dos discípulos, André, o irmão de Simão Pedro, disse: 9“Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas o que é isso para tanta gente?” 10Jesus disse: “Fazei sentar as pessoas”. Havia muita relva naquele lugar, e lá se sentaram, aproximadamente, cinco mil homens. 11Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes. 12Quando todos ficaram satisfeitos, Jesus disse aos discípulos: “Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca!” 13Recolheram os pedaços e encheram doze cestos com as sobras dos cinco pães, deixadas pelos que haviam comido. 14Vendo o sinal que Jesus tinha realizado, aqueles homens exclamavam: “Este é verdadeiramente o Profeta, aquele que deve vir ao mundo”. 15Mas, quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte. – Palavra da salvação.

Reflexão
 
O Evangelho de hoje é o capítulo 6 de S. João. Iniciamos este belo capítulo que se inicia, por sua vez, já com certa empolgação. Aqui está o discurso de Jesus a respeito do pão da vida, o centro do ensinamento eucarístico do evangelho de João. Lembremos que S. João, ao narrar a Última Ceia, fala do lava-pés, mas não da instituição da Eucaristia. É por isso que o capítulo 6 é tão importante: porque tudo o que Jesus ensina agora, Ele o vai realizar mais tarde na Última Ceia. O capítulo começa dizendo, no versículo 4, que estava próxima a páscoa dos judeus. Isso quer dizer que, cronologicamente, estamos a um ano da Paixão de Cristo. Nosso Senhor sabe que, no ano seguinte, Ele irá morrer; no ano seguinte, nesta mesma data, Ele irá instituir a Eucaristia; no ano seguinte, Ele vai dar aos seus Apóstolos a ordenação sacerdotal. Trata-se, além disso, de um momento de verdadeira decisão. Por quê? Porque Jesus chega aqui ao ápice da fama. O Evangelho de hoje nos mostra a multiplicação dos pães, episódio em que Jesus alimentou uma grande multidão, que fora ao seu encontro. “Havia muita relva naquele lugar e lá se sentaram aproximadamente cinco mil homens”. Um exército de cinco mil homens! E todos começam a acalentar a esperança de que Jesus será o general, o Messias que veio triunfar e livrar o povo da dominação romana. 
 
Depois que Jesus multiplicou os pães e alimentou a multidão, diz o Evangelho que, no final, as turbas queriam proclamá-lo rei, mas Jesus retirou-se novamente para ir sozinho a um monte. Jesus multiplica os pães: momento de fama, em que todos querem um rei que dê comida de graça. Mas Jesus vê que estão equivocados, por isso foge aos que pretendem criá-lo rei temporal, mundano e político, a fim de mostrar-lhes onde está o seu reinado. Assim começa o ensinamento sobre a Eucaristia, cuja conclusão será: “O pão que multipliquei para vós é somente sinal de outro importante e substancial: da minha própria carne e do meu próprio sangue, que vos hei de dar”. Os ouvintes porém ficam escandalizados e começam a abandonar Jesus. Esse capítulo é importantíssimo por isso, ele marca ao mesmo tempo a hora do maior triunfo de Jesus e a do início de seu declínio. Agora, a aplicação disto à nossa vida. Muitos se convertem e creem em Jesus, querem tornar-se católicos, seguir os ensinamentos da Igreja etc., mas o fazem pelos motivos errados, por razões seculares, mundanas, naturais, ou seja: porque se sentem mais “abençoados”, porque veem os negócios prosperarem, porque se curaram de uma doença, porque superaram uma crise na família etc. Quando Jesus é visto como “aquele que vai resolver os meus problemas” — problemas mundanos, seculares, aqui deste mundo —, então Ele parece fazer bastante sucesso. Quantos pensam assim! Vão a Jesus à procura de milagres, de graças materiais… Não negamos que Jesus faça milagres. Sim, Ele faz milagres, como lemos no Evangelho da multiplicação dos pães. Ora, se Jesus multiplicou pães dois mil anos atrás, Ele pode dar trabalho a um desempregado; devolver a saúde a um doente; restabelecer a paz em uma família abalada e à beira do dicórcio; fazer um empresário quase falido recobrar os negócios etc. Jesus fez milagres e os pode fazer ainda hoje. Mas a questão é por que Ele fez e faz milagres. O evangelho de S. João chama os milagres por aquilo que eles são: “sinais”, como um dedo a apontar para a luz. Ora, não fiquemos olhando para o dedo, isto é, para o milagre! “O meu reino não é deste mundo”, dirá Jesus a Pilatos. No Evangelho de hoje, capítulo 6 de S. João, as pessoas querem fazer de Jesus um rei. No capítulo 18, Pilatos irá perguntar a Jesus: “Então tu és rei?” Cristo dirá: “Sim, tu dizes bem. Eu sou rei, foi para isso que eu nasci, mas o meu reino não é deste mundo”. Todos os sinais visíveis que Jesus nos dá apontam para o invisível, para o fato de que Deus quer-nos dar a vida eterna. Na prática, o que isso quer dizer? Que nós, que seguimos Jesus e fomos atraídos por seus sinais, temos de entender que, agora, precisamos fazer uma opção por Ele: precisamos permanecer com Ele, ainda que os sinais desapareçam. Se escolhemos seguir Jesus quando Ele multiplicou pães, temos de segui-lo também quando for crucificado, quando Ele parecer derrotado a olhos humanos. Neste capítulo 6, as pessoas começam a abandonar Jesus, mas Ele se volta para nós e nos pergunta como perguntou aos Apóstolos dois mil anos atrás: “Também vós quereis me abandonar?”, e a nossa resposta deve ser semelhante à de Pedro: “Senhor, para onde iremos nós? Só tu tens palavras de vida eterna”. Eis aí. Precisamos decidir-nos vigorosamente pela fé, seguir Jesus, mas segui-lo não por razões mundanas, não por milagres transitórios, mas porque Ele, só Ele, tem palavras de vida eterna; só Ele é o pão da vida descido do céu; só Ele nos dá a felicidade. Renovemos nossa fé e nossa esperança em Jesus. É isso que Ele quer de nós.


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quinta-feira, 11 de abril de 2024

Santo Estanislau, bispo e mártir - Memória - É necessário acolher e acreditar nas palavras de Jesus Cristo.

 Jesus tolerava o pecado?

A luz eterna brilhará para os vossos santos, Senhor, e eles viverão pelos séculos sem fim, aleluia (4Esd 2,35).

Estanislau nasceu na Polônia, por volta do ano 1030, e lá faleceu em 1079. Bispo de Cracóvia, destacou-se como valente defensor da liberdade da Igreja e da dignidade do ser humano, principalmente dos pequenos e dos pobres. Foi assassinado a mando do rei Boleslau 2º, enquanto celebrava a missa. A celebração de sua memória nos motive a ser fiéis discípulos de Jesus, ainda que tenhamos de enfrentar duras oposições.

Primeira Leitura: Atos 5,27-33

Leitura dos Atos dos Apóstolos – Naqueles dias, os guardas 27levaram os apóstolos e os apresentaram ao sinédrio. O sumo sacerdote começou a interrogá-los, 28dizendo: “Nós tínhamos proibido expressamente que vós ensinásseis em nome de Jesus. Apesar disso, enchestes a cidade de Jerusalém com a vossa doutrina. E ainda nos quereis tornar responsáveis pela morte desse homem!” 29Então Pedro e os outros apóstolos responderam: “É preciso obedecer a Deus antes que aos homens. 30O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós matastes, pregando-o numa cruz. 31Deus, por seu poder, o exaltou, tornando-o Guia supremo e Salvador, para dar ao povo de Israel a conversão e o perdão dos seus pecados. 32E disso somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus concedeu àqueles que lhe obedecem”. 33Quando ouviram isso, ficaram furiosos e queriam matá-los. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 33(34)

Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido.

1. Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, / seu louvor estará sempre em minha boca. / Provai e vede quão suave é o Senhor! / Feliz o homem que tem nele o seu refúgio! – R.

2. Mas ele volta a sua face contra os maus / para da terra apagar sua lembrança. / Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta / e de todas as angústias os liberta. – R.

3. Do coração atribulado ele está perto / e conforta os de espírito abatido. / Muitos males se abatem sobre os justos, / mas o Senhor de todos eles os liberta. – R.

Evangelho: João 3,31-36

Aleluia, aleluia, aleluia.

Acreditaste, Tomé, porque me viste. / Felizes os que creem sem ter visto (Jo 20,29). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 31“Aquele que vem do alto está acima de todos. O que é da terra pertence à terra e fala das coisas da terra. Aquele que vem do céu está acima de todos. 32Dá testemunho daquilo que viu e ouviu, mas ninguém aceita o seu testemunho. 33Quem aceita o seu testemunho atesta que Deus é verdadeiro. 34De fato, aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, porque Deus lhe dá o Espírito sem medida. 35O Pai ama o Filho e entregou tudo em sua mão. 36Aquele que acredita no Filho possui a vida eterna. Aquele, porém, que rejeita o Filho não verá a vida, pois a ira de Deus permanece sobre ele”. – Palavra da salvação.

Reflexão

Mais uma vez estamos diante dos opostos, característicos de São João: céu/terra. Enquanto o homem Adão foi tirado da terra e por isso à terra pertence, o Homem Jesus vem do céu e por isso ao céu pertence. Suas palavras e ações são de onde Ele veio.
Neste texto de hoje, Jesus continua se dando a conhecer como sendo o único que veio do céu, que possui a vida e que Sua Palavra supera todas as outras. Pois Ele somente fala do que viu e ouviu do Seu Pai que está no céu. Quem aceita o Seu testemunho e crê n’Ele recebe o Espírito e tem a vida eterna, que é o extraordinário e maravilhoso dom de Deus.
O evangelista nos convida, no dia de hoje, a olhar para Jesus acolhendo as Suas palavras e transformá-las em um Evangelho vivo na nossa vida. Visto que são “palavras de vida eterna”. E se é verdade que fomos regenerados e renascidos na água e no fogo do Espírito, como diz São Pedro, devemos aspirar ao leite puro e espiritual, a fim de que por ele possamos crescer para a salvação.
Portanto, por Ele e n’Ele, toda a humanidade recebe não por direito, por mérito, mas por mera benevolência de Deus a vida eterna, ontem, hoje e sempre!
Oxalá, meu irmão e minha irmã, se hoje ouvíssemos a sua voz e não fechássemos os nossos corações! Mas que os abríssemos profundamente para acolher a Sua Palavra e transformá-la no Evangelho vivo em nossas vidas.
Acolhamos e acreditemos nas palavras d’Aquele que veio do Céu. Pois em nenhum outro nome podemos ser salvos, senão no nome de Jesus, Aquele que veio do céu.

(Padre Bantu Mendonça – Canção Nova).

quarta-feira, 10 de abril de 2024

2ª Semana da Páscoa - Deus enviou seu filho amado.

 Jesus e Nicodemos - Jo 3,1-8 - YouTube

Eu vos louvarei, Senhor, entre os povos e anunciarei o vosso nome aos meus irmãos, aleluia (Sl 17,50; 21,23).

Nossas ações a favor ou contra a vida demonstram se somos ou não seguidores do Cristo ressuscitado. Celebrando sua Páscoa, bendigamos a Deus Pai, que nos deu seu Filho unigênito para que tenhamos vida em plenitude; e seguindo sua luz, como apóstolos corajosos, continuemos a anunciar a mensagem que liberta da escravidão do pecado e de toda opressão.

Primeira Leitura: Atos 5,17-26

Leitura dos Atos dos Apóstolos – Naqueles dias, 17levantaram-se o sumo sacerdote e todos os do seu partido – isto é, o partido dos saduceus – cheios de raiva 18e mandaram prender os apóstolos e lançá-los na cadeia pública. 19Porém, durante a noite, o anjo do Senhor abriu as portas da prisão e os fez sair, dizendo: 20“Ide falar ao povo, no templo, sobre tudo o que se refere a este modo de viver”. 21Eles obedeceram e, ao amanhecer, entraram no templo e começaram a ensinar. O sumo sacerdote chegou com os seus partidários e convocou o sinédrio e o conselho formado pelas pessoas importantes do povo de Israel. Então mandaram buscar os apóstolos à prisão. 22Mas, ao chegarem à prisão, os servos não os encontraram e voltaram, dizendo: 23“Encontramos a prisão fechada, com toda segurança, e os guardas estavam a postos na frente da porta. Mas, quando abrimos a porta, não encontramos ninguém lá dentro”. 24Ao ouvirem essa notícia, o chefe da guarda do templo e os sumos sacerdotes não sabiam o que pensar e perguntavam-se o que poderia ter acontecido. 25Chegou alguém que lhes disse: “Os homens que vós colocastes na prisão estão no templo ensinando o povo!” 26Então o chefe da guarda do templo saiu com os guardas e trouxe os apóstolos, mas sem violência, porque eles tinham medo que o povo os atacasse com pedras. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 33(34)

Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido.

1. Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, / seu louvor estará sempre em minha boca. / Minha alma se gloria no Senhor; / que ouçam os humildes e se alegrem! – R.

2. Comigo engrandecei ao Senhor Deus, / exaltemos todos juntos o seu nome! / Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu / e de todos os temores me livrou. – R.

3. Contemplai a sua face e alegrai-vos, / e vosso rosto não se cubra de vergonha! / Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido, / e o Senhor o libertou de toda angústia. – R.

4. O anjo do Senhor vem acampar / ao redor dos que o temem e os salva. / Provai e vede quão suave é o Senhor! / Feliz o homem que tem nele o seu refúgio! – R.

Evangelho: João 3,16-21

Aleluia, aleluia, aleluia.

Deus o mundo tanto amou, / que lhe deu seu próprio Filho, / para que todo o que nele crer / encontre vida eterna (Jo 3,16). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João16Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. 17De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. 18Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito. 19Ora, o julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. 20Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas. 21Mas quem age conforme a verdade aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus. – Palavra da salvação.

Reflexão
 
O tema central do evangelho de João é a presença do Filho do Próprio Deus no mundo. Para que o mundo seja salvo por Ele. Jesus é o único que desceu do céu para dar a vida eterna a todos que crerem nele.
A salvação, como foi projetada, está associada diretamente à redenção do homem, a qual equivale ao pagamento de um resgate por alguém escravizado e condenado graças à encarnação do verbo.
No prólogo do seu evangelho João nos mostra como Deus manifestou o seu amor para conosco. A Palavra que no Gêneses 1,1, criou todas as coisas, veio habitar entre nós tomando a carne humana. Pois a encarnação do Filho de Deus se faz em um processo normal de gestação. Embora a sua concepção fosse por ação do Espírito Santo. A condição humana é assumida por Deus desde o ventre materno de Maria. Em Jesus, o Filho de Deus, o humano se une ao divino e eterno. Quem crê em Jesus participa da sua condição divina e eterna. Crer em Jesus é unir-se a ele na prática da verdade, isto é, na prática de tudo aquilo que está conforme a vontade do Pai. É por isso que Lucas descrevendo a vida da Igreja Primitiva diz que os que abraçaram a fé tinham um só coração e uma só alma.
Quer dizer, o homem iluminado pela luz pascal se une totalmente a Cristo que se fez um com o Pai, cumprindo e fazendo a sua vontade. Nele se opera um contraste. Porque assim como Cristo vive, ele também viverá embora esteja ainda vivendo no seu corpo mortal. Estabelece-se, destarte os contrastes: vida e morte, luz e trevas freqüentes no evangelho de João. Trevas é ausência de luz. Aonde chega a luz, as trevas desaparecem. Assim também, a vida e a morte. Onde chega a vida, a morte desaparece. Na comunhão com Jesus, na prática da vontade de Deus, na verdade e na justiça, promovendo a vida plena para todos, goza-se da vida eterna.
Ao não encontrar na terra quem pudesse pagar, com a própria vida o preço do resgate do homem, de seus pecados, Deus enviou o Seu único Filho para que o fizesse, livrando, assim, a humanidade da condenação eterna. Desta forma Deus dá prova do Seu amor para conosco. Quando ainda éramos pecadores, Cristo morreu por nós” (Romanos 5:8).
Senhor, dai-me uma fé viva que me faça abandonar as trevas do meu coração, da minha mente afim de que iluminado pela vossa Palavra eu não morra nos meus pecados, mas sim, tenha a vida eterna.
 
 
Padre Bantu Mendonça