sexta-feira, 26 de julho de 2024

Memória - Santos Joaquim e Ana, pais da Bem-aventurada Virgem Maria.

 Memória de São Joaquim e Sant'Ana, pais de Nossa Senhora

Festejemos São Joaquim e Sant’Ana, pais da Virgem Maria, pois Deus lhes concedeu a bênção de todas as nações.

Alegremo-nos no Senhor, celebrando os pais da Virgem Maria: Joaquim e Ana. Esta memória nos faz recordar as promessas de Deus que se cumprem na vida do seu povo, passando pela história de muitas famílias até consumar-se a vinda do Cristo salvador. Neste dia, recordando os avós de Jesus, rezemos por todos os nossos avós e pessoas idosas.

Primeira Leitura: Eclesiástico 44,1.10-15

Leitura do livro do Eclesiástico 1Vamos fazer o elogio dos homens famosos, nossos antepassados através das gerações. 10Estes são homens de misericórdia; seus gestos de bondade não serão esquecidos. 11Eles permanecem com seus descendentes; seus próprios netos são a sua melhor herança. 12A descendência deles mantém-se fiel às alianças 13e, graças a eles, também os seus filhos. Sua descendência permanece para sempre, e sua glória jamais se apagará. 14Seus corpos serão sepultados na paz, e seu nome dura através das gerações. 15Os povos proclamarão a sua sabedoria, e a assembleia vai celebrar o seu louvor. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 131(132)

O Senhor vai dar-lhe o trono / de seu pai, o rei Davi.

1. O Senhor fez a Davi um juramento, / uma promessa que jamais renegará: / “Um herdeiro que é fruto do teu ventre / colocarei sobre o trono em teu lugar!” – R.

2. Pois o Senhor quis para si Jerusalém / e a desejou para que fosse sua morada: / “Eis o lugar do meu repouso para sempre, / eu fico aqui: este é o lugar que preferi!” – R.

3. “De Davi farei brotar um forte herdeiro, / acenderei ao meu ungido uma lâmpada. / Cobrirei de confusão seus inimigos, / mas sobre ele brilhará minha coroa!” – R.

Evangelho: Mateus 13,16-17

Aleluia, aleluia, aleluia.

Esperavam estes pais a redenção de Israel, / e o Espírito do Senhor estava sobre eles (Lc 2,25). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 16“Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. 17Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não viram, desejaram ouvir o que ouvis e não ouviram”. – Palavra da salvação.

Reflexão

Se estivesse em nosso poder escolher ou fazer nossa própria mãe, acaso não a formaríamos de tal modo que ela fosse, a um tempo, alheia ao defeito que mais nos aborrece  e enriquecida com as qualidades que mais nos enlevam? Pois à honra do filho, diz a Escritura, pertence a honra da mãe (cf. Pr 17, 6), nem há no mundo outra coisa que um homem estime mais do que sua mãe. Ora, Jesus Cristo, que escolheu para si uma Mãe desde a eternidade e no tempo a modelou com as próprias mãos, decerto a fez de tal índole que ela fosse completamente estranha ao pecado, que Ele detesta acima de tudo, e adornadíssima de todo gênero de virtudes, nas quais está o seu único contentamento. Ela foi, portanto, concebida sem pecado original, a única dentre os mortais a ser enriquecida com tamanho privilégio. Com efeito, não convinha que a Mãe do Deus puríssimo, a qual esmagaria a cabeça da serpente, fôra alguma vez escrava do diabo, inimiga de Deus e ré da Geena; mas que, assim como o primeiro Adão saíra de uma terra virgem e pura, ainda não sujeita a maldição alguma, também Cristo, segundo Adão, assumisse a carne da Virgem Mãe, livre de absolutamente toda mancha de pecado.

Ora, acaso não era grande a nobreza da Arca da aliança (cf. Ex 36), feita de paus de acácia incorruptíveis e revestida de ouro puríssimo por dentro e por fora, a fim de guardar as tábuas do Decálogo, a vara de Aarão que desabrochara e um ephi de maná? Com quanto esmero, por conseguinte, não quis o Senhor embelezar aquela Virgem de cujo puríssimo sangue o Deus de toda majestade formaria para si um corpo, em cujo útero moraria por nove meses, de cujos seios se alimentaria e com a qual viveria por trinta anos seguidos? Admiremos pois esta Virgem, fruto abençoado de S. Joaquim e Sant’Ana, a veneremos e amemos intensamente, esforçando-nos por dar a conhecer ao mundo as suas glórias; e a invoquemos com confiança, para que, por sua Imaculada Conceição, ela nos alcance de seu Filho caríssimo a purificação de todos os nossos pecados e nos conserve doravante imunes da menor mancha de pecado [1].

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Referências

  1. O texto desta homilia é uma tradução levemente adaptada de uma meditação do Pe. Frans de Costere, S.J. (c. 1532-1619), in: A. J. Haehnlein (ed.), Mariologia. Wirceburgi, sumptibus Stahelianis, 1859, pp. 7-8. 

domingo, 23 de junho de 2024

12º Domingo do Tempo Comum - Acaso Deus está dormindo?

 Jesus acalma uma tempestade no mar cartazes para a parede • posters  discípulos, repreensão, Galiléia | myloview.com.br

O Senhor é a força do seu povo, é a fortaleza de salvação do seu Ungido. Salvai vosso povo, Senhor, abençoai vossa herança e governai-a pelos séculos (Sl 27,8s).

Em meio aos sofrimentos e às contrariedades da vida, que chegam como ondas perigosas, necessitamos da graça do Senhor, a fim de não sermos tragados e submersos pelo medo e pela falta de fé. Invoquemos a Jesus, nosso Mestre, nesta liturgia, para que venha em nosso socorro com a força do seu amor.

Primeira Leitura: Jó 38,1.8-11

Diante dos frequentes perigos que nos ameaçam, a Palavra de Deus nos anima e nos garante a presença do Senhor. Nele perdemos o medo e somos novas criaturas.

Leitura do livro de Jó 1O Senhor respondeu a Jó, do meio da tempestade, e disse: 8“Quem fechou o mar com portas quando ele jorrou com ímpeto do seio materno, 9quando eu lhe dava nuvens por vestes e névoas espessas por faixas; 10quando marquei seus limites e coloquei portas e trancas, 11e disse: ‘Até aqui chegarás, e não além; aqui cessa a arrogância de tuas ondas’?” – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 106(107)

Dai graças ao Senhor porque ele é bom, / porque eterna é a sua misericórdia!

1. Os que sulcam o alto-mar com seus navios, / para ir comerciar nas grandes águas, / testemunharam os prodígios do Senhor / e as suas maravilhas no alto-mar. – R.

2. Ele ordenou, e levantou-se o furacão, / arremessando grandes ondas para o alto; / aos céus subiam e desciam aos abismos, / seus corações desfaleciam de pavor. – R.

3. Mas gritaram ao Senhor na aflição, / e ele os libertou daquela angústia. / Transformou a tempestade em bonança, / e as ondas do oceano se calaram. – R.

4. Alegraram-se ao ver o mar tranquilo, / e ao porto desejado os conduziu. / Agradeçam ao Senhor por seu amor / e por suas maravilhas entre os homens! – R.

Segunda Leitura: 2 Coríntios 5,14-17

Leitura da segunda carta de São Paulo aos Coríntios – Irmãos, 14o amor de Cristo nos pressiona, pois julgamos que um só morreu por todos e que, logo, todos morreram. 15De fato, Cristo morreu por todos, para que os vivos não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. 16Assim, doravante, não conhecemos ninguém conforme a natureza humana. E, se uma vez conhecemos Cristo segundo a carne, agora já não o conhecemos assim. 17Portanto, se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo. – Palavra do Senhor.

Evangelho: Marcos 4,35-41

Aleluia, aleluia, aleluia.

Um grande profeta surgiu, / surgiu e entre nós se mostrou; / é Deus que seu povo visita, / seu povo meu Deus visitou (Lc 7,16). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos – 35Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse a seus discípulos: “Vamos para a outra margem!” 36Eles despediram a multidão e levaram Jesus consigo, assim como estava, na barca. Havia ainda outras barcas com ele. 37Começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que a barca já começava a se encher. 38Jesus estava na parte de trás, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e disseram: “Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?” 39Ele se levantou e ordenou ao vento e ao mar: “Silêncio! Cala-te!” O vento cessou e houve uma grande calmaria. 40Então Jesus perguntou aos discípulos: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” 41Eles sentiram um grande medo e diziam uns aos outros: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?” – Palavra da salvação.

Reflexão
A Liturgia de hoje nos propõe à meditação o Evangelho da tempestade acalmada. Jesus dorme tranquilamente na barca de Pedro, símbolo da Igreja, que, chacoalhada de um lado a outro pelas ondas do Mar da Galileia, parece estar a ponto de ir a pique. Diante de uma Igreja em crise, cujos átrios parecem encher-se d’água, fazemos eco à pergunta dos Apóstolos: “Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?” É fácil ver como nesse Evangelho está presente a história do Corpo de Cristo ao longo dos séculos: seus problemas, suas crises, seus dilemas e a aparente “inatividade” de Jesus. O difícil é perceber quais são as conclusões que daí se podem tirar. Por que o Senhor parece às vezes estar adormecido, esquecido de sua Esposa, desatento às necessidades dela, como nos mostram tantos períodos dramáticos em que o pecado e a dissolução chegaram até mesmo ao trono de Pedro? E no entanto é justamente nestes momentos de dor, de fracasso, derrota, que Deus quer fazer surgir o triunfo e manifestar o poder de sua graça. O Cristo que desperta do sono e se levanta para acalmar a tempestade é o Jesus ressuscitado que, levantando-se do túmulo, vem acalmar a tempestade da nossa falta de fé. Ele, o guarda de Israel, não dorme nem cochila, senão que se demora, ainda que entrementes tenhamos de sofrer, para introduzir-nos ao fim numa vida nova. Peçamos a Maria SS., Mãe da Igreja, que nos dê grande confiança no poder, na presença e no cuidado constante que seu Filho não deixa nunca de nos dispensar.


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terça-feira, 18 de junho de 2024

11ª Semana do Tempo Comum - Amar quem não nos ama.

 Evangelho do Dia: Amar aos inimigos (Mt 5, 43-48) – Oratório São Luiz – 120  Anos

Escutai, Senhor, a voz do meu apelo. Sede meu amparo; não me rejeiteis nem me abandoneis, ó Deus, meu salvador (Sl 26,7.9).

Reunidos para celebrar a Eucaristia – banquete de gratuidade e amor sem medidas -, somos iluminados pelo agir de Deus e convidados a verificar se estamos amando verdadeiramente. O Evangelho nos anima a ir além da bondade para quem é bom conosco, sendo bons também com quem desgosta de nós. Acolhamos a proposta da liturgia para demonstrarmos, dia a dia, a força do amor divino, que vence as barreiras do ódio, da vingança e da discórdia.

Primeira Leitura: 1 Reis 21,17-29

Leitura do primeiro livro dos Reis – Após a morte de Nabot, 17a palavra do Senhor foi dirigida a Elias, o tesbita, nestes termos: 18“Levanta-te e desce ao encontro de Acab, rei de Israel, que reina em Samaria. Ele está na vinha de Nabot, aonde desceu para dela tomar posse. 19Isto lhe dirás: ‘Assim fala o Senhor: Tu mataste e ainda por cima roubas!’ E acrescentarás: ‘Assim fala o Senhor: No mesmo lugar em que os cães lamberam o sangue de Nabot, lamberão também o teu'”. 20Acab disse a Elias: ”Afinal, encontraste-me, ó meu inimigo?” Elias respondeu: “Sim, eu te encontrei. Porque te vendeste para fazer o que desagrada ao Senhor, 21farei cair sobre ti a desgraça: varrerei a tua descendência, exterminando todos os homens da casa de Acab, escravos ou livres, em Israel. 22Farei com a tua família como fiz com as famílias de Jeroboão, filho de Nabat, e de Baasa, filho de Aías, porque provocaste a minha ira e fizeste Israel pecar. 23Também a respeito de Jezabel o Senhor pronunciou uma sentença: ‘Os cães devorarão Jezabel no campo de Jezrael. 24Os da família de Acab que morrerem na cidade serão devorados pelos cães, e os que morrerem no campo serão comidos pelas aves do céu'”. 25Não houve ninguém que se tenha vendido como Acab para fazer o que desagrada ao Senhor, porque a isso o incitava sua mulher Jezabel. 26Portou-se de modo abominável, seguindo os ídolos dos amorreus que o Senhor tinha expulsado diante dos filhos de Israel. 27Quando Acab ouviu essas palavras, rasgou as vestes, pôs um cilício sobre a pele e jejuou. Dormia envolto num pano de penitência e andava abatido. 28Então a palavra do Senhor foi dirigida a Elias, o tesbita, nestes termos: 29“Viste como Acab se humilhou diante de mim? Já que ele assim procedeu, não o castigarei durante a sua vida, mas nos dias de seu filho enviarei a desgraça sobre a sua família”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 50(51)

Misericórdia, ó Senhor, porque pecamos!

1. Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia! / Na imensidão de vosso amor, purificai-me! / Lavai-me todo inteiro do pecado / e apagai completamente a minha culpa! – R.

2. Eu reconheço toda a minha iniquidade, / o meu pecado está sempre à minha frente. / Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei / e pratiquei o que é mau aos vossos olhos! – R.

3. Desviai o vosso olhar dos meus pecados / e apagai todas as minhas transgressões! / Da morte como pena, libertai-me, / e minha língua exaltará vossa justiça! – R.

Evangelho: Mateus 5,43-48

Aleluia, aleluia, aleluia.

Eu vos dou novo preceito: / que uns aos outros vos ameis, como eu vos tenho amado (Jo 13,34). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 43“Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ 44Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! 45Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos. 46Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? 47E se saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? 48Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”. – Palavra da salvação.

Reflexão

"Amai os vossos inimigos". Esse mandamento do Senhor, decerto um dos mais exigentes do Evangelho, contém tanto um preceito, obrigatório para todos nós, quanto um conselho, a ser seguido pelos que, com ânimo heroico, almejam participar das perfeições do Pai celestial (cf. Mt 5, 48). Por ordem divina, temos de amar afetivamente aos nossos inimigos, ou seja, com aquele amor geral devido aos nossos semelhantes e que nos leva a manifestar-lhes, com sinceridade e discrição, sinais de respeito, atenção e cortesia. Estamos, por igual motivo, obrigados a orar pelos que nos desejam mal, segundo aquilo: "Rezai por aqueles que vos perseguem"; com efeito, excluí-los deliberadamente de nossas preces comuns e ordinárias seria um grave pecado contra a caridade. Além de desejar-lhe a salvação eterna, temos também o sério dever de socorrer a quem nos odeia sempre que tal pessoa se encontrar em estado de necessidade, quer física quer espiritual: não nos é lícito negar-lhe comida, esmola, conselho etc. nem, como é óbvio, privá-la de seus legítimos direitos. Afora esses casos, não temos o dever de lhes dar mostras de especial amizade.

Os que aspiram à santidade, no entanto, sentem-se impelidos a ir ainda mais longe. "Que recompensa tereis", interroga-nos Jesus, "se amais somente aqueles que vos amam? Que fazeis de extraordinário?" Auxiliando-nos com a sua graça, o Senhor nos convida também a amar nossos inimigos com aquela ardentíssima caridade de quem ama tanto a Deus e a tudo quanto lhe diz respeito que, esquecido dos ódios alheios, sente-se atraído com especial predileção por aqueles que o caluniam, perseguem e maltratam (cf. A. Royo Marín, Teología de la Perfección Cristiana, n. 363). Peçamos hoje ao Senhor que nos inspire desejos mais ardentes de perfeição e, com a sua ajuda, nos dê força para vivermos esse heroísmo que, embora não seja obrigatório, nos fará mais e mais semelhantes ao Pai. Ele, que nos amou quando éramos ainda pecadores e infensos à sua bondade (cf. Rm 5, 8), "faz chover sobre justos e injustos", cumula de bens indizíveis mesmo os que repudiam o seu paternal carinho e entrega todos os dias sobre os nossos alteres o maior dom que pode haver: seu próprio Filho Unigênito.

 

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sexta-feira, 14 de junho de 2024

10ª Semana do Tempo Comum - O perigo dos maus pensamentos.

 O perigo dos maus pensamentos

O Senhor é minha luz e salvação, de quem eu terei medo? O Senhor é a proteção da minha vida; perante quem eu tremerei? São eles, inimigos e opressores, que tropeçam e sucumbem (Sl 26,1s).

A presença divina, que se revelou ao profeta Elias como brisa suave, manifesta-se também em nosso dia a dia. Somos convidados a mergulhar no silêncio e a ficar atentos para sentir a passagem de Deus entre nós. Na união conjugal, essa presença tem raízes na fidelidade vivida desde o coração. Celebrando a Eucaristia, cortemos de nossa vida tudo o que nos impede de viver de modo coerente com o projeto do Reino.

Primeira Leitura: 1 Reis 19,9.11-16

Leitura do primeiro livro dos Reis – Naqueles dias, ao chegar a Horeb, o monte de Deus, 9o profeta Elias entrou numa gruta, onde passou a noite. E eis que a palavra do Senhor lhe foi dirigida nestes termos: 11“Sai e permanece sobre o monte diante do Senhor, porque o Senhor vai passar”. Antes do Senhor, porém, veio um vento impetuoso e forte, que desfazia as montanhas e quebrava os rochedos. Mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento houve um terremoto. Mas o Senhor não estava no terremoto. 12Passado o terremoto, veio um fogo. Mas o Senhor não estava no fogo. E, depois do fogo, ouviu-se o murmúrio de uma leve brisa. 13Ouvindo isso, Elias cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da gruta. Ouviu, então, uma voz que dizia: “Que fazes aqui, Elias?” 14Ele respondeu: “Estou ardendo de zelo pelo Senhor, Deus todo-poderoso, porque os filhos de Israel abandonaram tua aliança, demoliram teus altares e mataram à espada teus profetas. Só eu escapei. Mas, agora, também querem matar-me”. 15O Senhor disse-lhe: “Vai e toma o teu caminho de volta, na direção do deserto de Damasco. Chegando lá, ungirás Hazael como rei da Síria. 16Unge também a Jeú, filho de Namsi, como rei de Israel, e a Eliseu, filho de Safat, de Abel-Meula, como profeta em teu lugar”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 26(27)

Senhor, é vossa face que eu procuro!

1. Ó Senhor, ouvi a voz do meu apelo, / atendei por compaixão! / Meu coração fala convosco confiante, / é vossa face que eu procuro. – R.

2. Não afasteis em vossa ira o vosso servo, / sois vós o meu auxílio! / Não me esqueçais nem me deixeis abandonado, / meu Deus e salvador! – R.

3. Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver / na terra dos viventes. / Espera no Senhor e tem coragem, / espera no Senhor! – R.

Evangelho: Mateus 5,27-32

Aleluia, aleluia, aleluia.

Como astros no mundo brilheis, / pregando a Palavra da vida! (Fl 2,15s) – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 27“Ouvistes o que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. 28Eu, porém, vos digo, todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo de possuí-la já cometeu adultério com ela no seu coração. 29Se o teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e joga-o para longe de ti! De fato, é melhor perder um de teus membros do que todo o teu corpo ser jogado no inferno. 30Se a tua mão direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e joga-a para longe de ti! De fato, é melhor perder um dos teus membros do que todo o teu corpo ir para o inferno. 31Foi dito também: ‘Quem se divorciar de sua mulher, dê-lhe uma certidão de divórcio’. 32Eu, porém, vos digo, todo aquele que se divorcia de sua mulher, a não ser por motivo de união irregular, faz com que ela se torne adúltera; e quem se casa com a mulher divorciada comete adultério”. – Palavra da salvação.

Reflexão
 
Ao condenar no Evangelho de ontem todo ódio voluntário ao próximo, Jesus refreava-nos o apetite irascível; ao proscrever no de hoje o adultério e os maus pensamentos, oferece-nos um remédio eficaz para o concupiscível. Os que desejam manter-se castos, com efeito, têm de ter a coragem de ser "covardes": além de evitar as ocasiões próximas de pecado, precisam afogar com prontidão as primeiras solicitações da carne. Não podemos, sob nenhum pretexto, deixá-las tomar corpo e se tornarem como um "Golias", resistentes com seu capacete e afiadas para cortar, com sua espada, os laços de amizade que nos unem a Deus. A estas súbitas sugestões do desejo sexual desordenado podem acomodar-se aquelas palavras do salmista: "Feliz aquele que se apoderar de teus filhinhos, para esmagá-los contra o rochedo" (Sl 137 [136], 9). O Senhor dotou-nos, sim, de uma preciosa capacidade de amar; não a maculemos, porém, com imundícies e indecências. Procuremos a Deus, o único que pode saciar nossa ânsia de amor, onde Ele quer que O encontremos: sacramentalmente na Eucaristia, misticamente no próximo, suavemente na oração. Peçamos hoje aos santíssimos Esposos Maria, virgem imaculada, e José, lírio de castidade, que nos alcancem a graça de vivermos em mais perfeita pureza aos olhos de seu Filho, Jesus Cristo.


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quinta-feira, 13 de junho de 2024

Memória de Santo Antônio de Pádua, presbítero e doutor da Igreja - Por que não queremos perdoar?

 Jesus é Deus: TERCEIRO SERMÃO DA MONTANHA

O justo tem nos lábios o que é sábio, sua língua tem palavras de justiça; traz a aliança do seu Deus no coração (Sl 36,30s).

Fernando nasceu em Lisboa, Portugal, em 1195. Ordenado padre na Ordem dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, foi atraído para o ideal de vida dos Franciscanos, nos quais ingressou, assumindo o nome de frei Antônio. Foi ilustre pregador da Palavra, a qual serviu com simplicidade e fervor. Não mediu esforços para socorrer os pobres que cruzavam seu caminho. Faleceu no ano de 1231 em Pádua, na Itália. A seu exemplo, cultivemos profundo amor à Palavra de Deus e eficaz dedicação aos pobres.

Primeira Leitura: 1 Reis 18,41-46

Leitura do primeiro livro dos Reis – Naqueles dias, 41Elias disse a Acab: “Sobe, come e bebe, porque já ouço o ruído de muita chuva”. 42Enquanto Acab subia para comer e beber, Elias subiu ao cume do Carmelo, prostrou-se por terra e pôs o rosto entre os joelhos. 43E disse ao seu servo: “Sobe e observa na direção do mar”. Ele subiu, observou e disse: “Não há nada”. Elias disse-lhe de novo: “Volta sete vezes”. 44À sétima vez o servo disse: “Eis que sobe do mar uma nuvem, pequena como a mão de um homem”. Então, Elias disse-lhe: “Vai dizer a Acab que prepare o carro e desça, para que a chuva não o detenha”. 45Nesse meio-tempo, o céu cobriu-se de nuvens escuras, soprou o vento e a chuva caiu torrencialmente. Acab subiu para o seu carro e partiu para Jezrael. 46A mão do Senhor esteve sobre Elias; e ele, cingindo os rins, correu adiante de Acab até a entrada de Jezrael. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 64(65)

Ó Senhor, que o povo vos louve em Sião!

1. Visitais a nossa terra com as chuvas, / e transborda de fartura. / Rios de Deus que vêm do céu derramam águas, / e preparais o nosso trigo. – R.

2. É assim que preparais a nossa terra: / vós a regais e aplainais, / os seus sulcos com a chuva amoleceis / e abençoais as sementeiras. – R.

3. O ano todo coroais com vossos dons, † os vossos passos são fecundos; / transborda a fartura onde passais. / Brotam pastos no deserto, / as colinas se enfeitam de alegria. – R.

Evangelho: Mateus 5,20-26

Aleluia, aleluia, aleluia.

Eu vos dou novo preceito: / que uns aos outros vos ameis, como eu vos tenho amado (Jo 13,34). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 20“Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus. 21Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal’. 22Eu, porém, vos digo, todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo; quem disser ao seu irmão ‘patife!’ será condenado pelo tribunal; quem chamar o irmão de tolo será condenado ao fogo do inferno. 23Portanto, quando tu estiveres levando a tua oferta para o altar e ali te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24deixa a tua oferta ali, diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão. Só então vai apresentar a tua oferta. 25Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto caminha contigo para o tribunal. Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. 26Em verdade eu te digo, dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo”. – Palavra da salvação.

Reflexão
 
O Evangelho de hoje faz parte do Sermão da Montanha, no qual Jesus, de alguma forma, nos explica mais claramente o que ensinara já no Pai-nosso: “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”, isto é, Ele nos ensina a necessidade do perdão; mais ainda, a necessidade de, por amor, aceitar certas injustiças pacientemente. Qual é a dificuldade da sociedade em que vivemos? Trata-se de uma sociedade justicialista, na qual todo o mundo tem “direito”. Ora, como estamos num mundo em que o pecado existe, as pessoas erram, cometem pequenas ou grandes injustiças. Por isso, se quisermos reparar toda pequena injustiça que sofremos — porque, afinal, nós só temos “direitos”… —, nossa sociedade irá dilacerar-se, as famílias vão deixar de sê-lo e nada terá solução a não ser na delegacia. Mas Nosso Senhor Jesus Cristo veio ensinar-nos o perdão vivendo-o Ele mesmo. Com efeito, fomos nós os primeiros ofensores, Deus porém desceu do alto dos céus, encarnou-se para morrer por nós  e perdoar-nos de nossos pecados, ao mesmo tempo que sofria uma grande injustiça. Foi isso que Deus fez para nos reconciliar consigo. Mas, esquecidos que vivemos dessa misericórdia, isto é, do perdão divino, olhamos as pequenas injustiças que nossos irmãos cometem contra nós e, com a mesquinharia tacanha de quem tem tudo anotado na ponta do lápis, queremos pedir contas de cada centavo devido! Ora, que há de acontecer com nossa família, se agirmos assim? Que será de nossas amizades? Iremos morrer sós porque, entre os pecadores que somos, não pode haver comunhão se não se aprende o perdão, a paciência, o controle da ira pela docilidade, o amor ao próximo. Exemplo luminoso disso foi São Francisco de Sales. Contam os biógrafos que ele era um homem irascível, realmente colérico; mas, de tanto ele meditar a Paixão de Cristo e contemplar o exemplo de mansidão e humildade de Nosso Senhor, o Espírito Santo foi-lhe transformando o coração, tornando-o cada vez mais semelhante ao de Jesus. Assim, quando se apresentava diante de seus adversários, que tinham contra ele verdadeira raiva e ódio, S. Francisco de Sales fitava-os com doçura. Um dia, um deles se irritou e disse: “Não vais responder ao que digo? Não me dirás nada? Ficarás aí, olhando-me com este olhar?”, ao que S. Francisco respondeu: “Irmão, vou-te olhar com bondade, ainda que me arranques um olho”. Eis um exemplo de mansidão e paciência! Hoje é sexta-feira, e sexta de Quaresma. Unamo-nos à mansidão e à paciência de Nosso Senhor crucificado e aprendamos a perdoar a nossos irmãos, aprendamos a dá-lo e a pedi-lo. Somente assim iremos viver na comunhão que o Pai celeste quis realizar ao nos enviar seu Filho e derramar o Espírito Santo.

Reflexão
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