sábado, 9 de dezembro de 2023

1ª Semana do Advento - A presença de Cristo no sacerdote

03/12/2016 - São Mateus 9,35 - 10,1.6-8 - AAPI

Primeira Leitura (Is 30,19-21.23-26)

Leitura do Livro do Profeta Isaías.

Assim fala o Senhor, o Santo de Israel: 19 Povo de Sião, que habitas em Jerusalém, não terás motivo algum para chorar: ele se comoverá à voz do teu clamor; logo que te ouvir, ele atenderá.

20 O Senhor decerto dará a todos o pão da angústia e a água da aflição, não se apartará mais de ti o teu mestre; teus olhos poderão vê-lo 21 e teus ouvidos poderão ouvir a palavra de aviso atrás de ti: “o caminho é este para todos, segui por ele”, sem desviar-vos à direita ou à esquerda.

23 Ele te dará chuva para a semente que tiveres semeado na terra, e o fruto da terra será abundante e rico; nesse dia, o teu rebanho pastará em vastas pastagens, 24 teus bois e os animais que lavram a terra comerão forragem salgada, limpa com pá e peneira.

25 Haverá em toda montanha alta e em toda colina elevada arroio de água corrente, num dia em que muitos serão mortos com o desabamento de seus torreões.

26 A lua brilhará como a luz do sol e o sol brilhará sete vezes mais, como a luz de sete dias, no dia em que o Senhor curar a ferida de seu povo e fizer sarar a lesão de sua chaga.

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Responsório Sl 146(147A),1-2.3-4.5-6 (R. Is 30,18)

— Felizes são aqueles que esperam no Senhor!

— Felizes são aqueles que esperam no Senhor!

— Louvai o Senhor Deus, porque ele é bom, cantai ao nosso Deus, porque é suave: ele é digno de louvor, ele o merece! O Senhor reconstruiu Jerusalém, e os dispersos de Israel juntou de novo;

— Ele conforta os corações despedaçados, ele enfaixa suas feridas e as cura; fixa o número de todas as estrelas e chama a cada uma por seu nome.

— É grande e onipotente o nosso Deus, seu saber não tem medida nem limites. O Senhor Deus é o amparo dos humildes, mas dobra até o chão os que são ímpios.

Evangelho (Mt 9,35–10,1.6-8)

— Aleluia, Aleluia, Aleluia.

— É o Senhor nosso juiz e nosso Rei. O Senhor legislador nos salvará. (Is 33,22)

— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.

— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 35 Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando o evangelho do Reino, e curando todo tipo de doença e enfermidade.

36 Vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse a seus discípulos: 37 “A Messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. 38 Pedi pois ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!”

10,1 E, chamando os seus doze discípulos deu-lhes poder para expulsarem os espíritos maus e para curarem todo tipo de doença e enfermidade.

Enviou-os com as seguintes recomendações: “Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel! Em vosso caminho, anunciai: ‘O Reino dos Céus está próximo’. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar!”

Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

 Reflexão

Em sua imensidade, Deus Se faz presente ao homem a todo momento e de modos os mais variados. Essa presença divina, porém, assume feições peculiares e, por assim dizer, mais visíveis nas diversas vindas que Ele, ao longo da história humana, faz não só à sua Igreja, mas também a cada um dos seus filhos. Em Cristo Jesus, cujo Natal esperamos ansiosos durante o tempo do Advento, Ele veio a nós na carne; o mesmo Cristo, com efeito, há de voltar uma vez mais em sua glória, a fim de dar aos bons os gozos do Céu e aos maus, a solidão do Inferno; há, contudo, uma terceira vinda — entre a primeira, na humildade natalícia, e a última, cheia de glória e autoridade —, em que o Senhor se faz representar pelos operários da "messe", quer dizer, pelos discípulos que, participantes do seu próprio sacerdócio, são chamados a pastorear as "ovelhas perdidas" a que alude o Evangelho deste sábado.

É por meio dos sacerdotes que Cristo "não cessa de construir e conduzir Sua Igreja" (CIC, 1548). Fiel à promessa de permanecer conosco todos os dias (cf. Mt 28, 20), é o próprio Jesus quem, servindo-se das mãos humanas dos que foram constituídos seus legítimos representantes, está presente aos fiéis e à Igreja, "enquanto Cabeça de Seu Corpo, Pastor de Seu Rebanho" (CIC, 1548). Eis aqui, pois, o sentido daquelas fortes palavras de São Paulo: "[...] desempenhamos o encargo de embaixadores em nome de Cristo, e é Deus mesmo que exorta por nosso intermédio" (2Cor 5, 20). Assimilados ao Sumo e verdadeiro Sacerdote, os que receberam o sacerdócio hierárquico fazem as vezes do próprio Senhor, agem em sua pessoa e, por isso mesmo, tornam visível no meio da comunidade dos fiéis a presença concreta de Cristo como chefe da Igreja (cf. CIC, 1549).

Neste tempo ao longo do qual clamamos pela vinda do Senhor: "Vinde, Senhor Jesus!", não deixemos de pedir que Ele venha também mediante os seus sagrados pastores: "Pedi [...] ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para sua colheita!" Peçamos hoje que Deus dê à Igreja operários santos que, vivendo com fidelidade o seu chamado especialíssimo, sejam imagens vivas de Deus Pai, embaixadores de Cristo Jesus. Que o Senhor orne a Igreja com vocações santas, empenhadas em se tornar sinas radiantes de fidelidade ao Evangelho e operários dedicados, fecundos e apostólicos.

 

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sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora.

 Solenidade da Anunciação do Senhor – 25 de março

Eu exulto de alegria no Senhor, e minha alma rejubila no meu Deus. Pois me envolveu de salvação qual uma veste, e com o manto da justiça me cobriu, como a noiva que se enfeita com suas joias (Is 61,10).

Celebremos com alegria a solenidade da Imaculada Conceição. Maria, que acolheu confiante os planos divinos a seu respeito, por meio de seu incondicional SIM, nos anime, nesta liturgia, a também confiar na ação de Deus em nós.

Primeira Leitura: Gênesis 3,9-15.20

Leitura do livro do Gênesis 9O Senhor Deus chamou Adão, dizendo: “Onde estás?” 10E ele respondeu: “Ouvi tua voz no jardim e fiquei com medo, porque estava nu; e me escondi”. 11Disse-lhe o Senhor Deus: “E quem te disse que estavas nu? Então comeste da árvore de cujo fruto te proibi comer?” 12Adão disse: “A mulher que tu me deste por companheira, foi ela que me deu do fruto da árvore, e eu comi”. 13Disse o Senhor Deus à mulher: “Por que fizeste isso?” E a mulher respondeu: “A serpente enganou-me, e eu comi”. 14Então o Senhor Deus disse à serpente: “Porque fizeste isso, serás maldita entre todos os animais domésticos e todos os animais selvagens! Rastejarás sobre o ventre e comerás pó todos os dias da tua vida! 15Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. 20E Adão chamou à sua mulher Eva, porque ela é a mãe de todos os viventes. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 97(98)

Cantai ao Senhor Deus um canto novo, / porque ele fez prodígios!

1. Cantai ao Senhor Deus um canto novo, / porque ele fez prodígios! / Sua mão e o seu braço forte e santo / alcançaram-lhe a vitória. – R.

2. O Senhor fez conhecer a salvação, / e às nações, sua justiça; / recordou o seu amor sempre fiel / pela casa de Israel. – R.

3. Os confins do universo contemplaram / a salvação do nosso Deus. / Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, / alegrai-vos e exultai! – R.

Segunda Leitura: Efésios 1,3-6.11-12

Leitura da carta de São Paulo aos Efésios 3Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele nos abençoou com toda a bênção do seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo, no céu. 4Em Cristo, ele nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor. 5Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por intermédio de Jesus Cristo, conforme a decisão da sua vontade, 6para o louvor da sua glória e da graça com que ele nos cumulou no seu Bem-amado. 11Nele também nós recebemos a nossa parte. Segundo o projeto daquele que conduz tudo conforme a decisão de sua vontade, nós fomos predestinados 12a sermos, para o louvor de sua glória, os que de antemão colocaram a sua esperança em Cristo. – Palavra do Senhor.

Evangelho: Lucas 1,26-38

Aleluia, aleluia, aleluia.

Maria, alegra-te, ó cheia de graça, / o Senhor é contigo! (Lc 1,28) – R.

Proclamação do santo Evangelho segundo Lucas – Naquele tempo, 26no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi, e o nome da virgem era Maria. 28O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” 29Maria ficou perturbada com essas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”. 34Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso se eu não conheço homem algum?” 35O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37porque para Deus nada é impossível”. 38Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se. – Palavra da salvação.

Reflexão
 
 O objeto da solenidade que alegra hoje toda a santa Igreja Católica, contido na saudação que ouvimos da boca de São Gabriel Arcanjo: Ave, cheia de graça, é o singular privilégio com que a bem-aventurada Virgem Maria, desde o primeiro instante de sua concepção, foi preservada imune por Deus onipotente, em atenção aos méritos futuros de Cristo, Redentor do gênero humano, de toda a mancha do pecado original. Trata-se do mistério da Imaculada Conceição, em virtude do qual Maria Santíssima teve sempre, apenas saiu das mãos do Criador, o dom da graça santificante. Como todo descendente de Adão segundo a carne, também a Virgem deveria contrair o pecado original, tão-logo fosse concebida por seus pais, São Joaquim e Sant’Ana, mas foi dele preservada a fim de tornar-se digna Mãe do Salvador. A causa eficiente deste privilégio, como diz um teólogo do século passado (1), foi o amor singularíssimo com que Deus amou desde o princípio sua futura Mãe, eximindo-a da lei comum do pecado sob a qual todo homem vem ao mundo. Tal privilégio — como definido pelos magistério eclesiástico na bula Ineffabilis Deus, do Papa Pio IX, em 8 de dezembro de 1854 — foi-lhe concedido em atenção aos méritos futuros de Nosso Senhor Jesus Cristo, de modo que também a Virgem Maria, ao contrário do que dizem hereges e cismáticos (2), foi verdadeiramente redimida por Cristo, e de maneira mais sublime. Com efeito, enquanto aos outros homens o mérito redentor de Cristo é aplicado para os libertar de um mal já contraído, à Virgem Santíssima foi aplicado para a preservar de todo contágio. Ora, não é melhor médico o que é capaz de impedir a contração da doença do que aquele que só pode curar os que já estão enfermos? Não foi portanto mais perfeita a redenção preservadora de Maria do que a restauradora dos outros homens? Como não louvar Deus por ter nela preparado, enriquecendo-a de todos os tesouros divinos, uma morada digna para o Filho encarnado? Se hoje os coros angélicos saúdam a Virgem Mãe com aquelas sublimes palavras: Ave, cheia de graça, como não iremos nós, unidos a todas as gerações de fiéis, proclamar para maior honra e glória da santíssima e indivisível Trindade que Maria é realmente a Imaculada Conceição? — Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!
 
 
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quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Santo Ambrósio, bispo e doutor da Igreja - Pela graça, podemos o impossível.

 Grupo de Oração Semeando a Paz: LTURGIA DIÁRIA - CONSTRUINDO A NOSSA  HISTÓRIA

No meio da Igreja, o Senhor abriu os seus lábios, encheu-o com o espírito de sabedoria e inteligência e o revestiu com um manto de glória (Eclo 15,5s).

Ambrósio nasceu na Alemanha em 340 e faleceu na Itália em 397. Prefeito de Milão, foi ordenado presbítero e, em seguida, aclamado bispo pelo povo. Lutou com firmeza contra o paganismo e a decadência da sociedade. Ele dizia: “Dás aos pobres? Não fazes outra coisa que restituir-lhes os bens deles. A terra pertence a todos, e não aos ricos”. Autor de ilustres textos litúrgicos, é considerado pai da liturgia ambrosiana. Aprendamos com esse dedicado pastor a administrar com equilíbrio os bens materiais e espirituais.

Primeira Leitura: Isaías 26,1-6

Leitura do livro do profeta Isaías1Naquele dia, cantarão este canto em Judá: “Uma cidade fortificada é a nossa segurança; o Senhor cercou-a de muros e antemuro. 2Abri as suas portas, para que entre um povo justo, cumpridor da palavra, 3firme em seu propósito; e tu lhe conservarás a paz, porque confia em ti. 4Esperai no Senhor por todos os tempos, o Senhor é a rocha eterna. 5Ele derrubou os que habitam no alto, há de humilhar a cidade orgulhosa, deitando-a por terra até fazê-la beijar o chão. 6Hão de pisá-la os pés, os pés dos pobres, as passadas dos humildes”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 117(118)

Bendito é aquele que vem vindo em nome do Senhor!

1. Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! / “Eterna é a sua misericórdia!” / É melhor buscar refúgio no Senhor / do que pôr no ser humano a esperança; / é melhor buscar refúgio no Senhor / do que contar com os poderosos deste mundo! – R.

2. Abri-me vós, abri-me as portas da justiça; / quero entrar para dar graças ao Senhor! / “Sim, esta é a porta do Senhor, / por ela só os justos entrarão!” / Dou-vos graças, ó Senhor, porque me ouvistes / e vos tornastes para mim o salvador! – R.

3. “Ó Senhor, dai-nos a vossa salvação, / ó Senhor, dai-nos também prosperidade!” / Bendito seja, em nome do Senhor, / aquele que em seus átrios vai entrando! / Desta casa do Senhor vos bendizemos. / Que o Senhor e nosso Deus nos ilumine! – R.

Evangelho: Mateus 7,21.24-27

Aleluia, aleluia, aleluia.

Buscai o Senhor, vosso Deus, / invocai-o, enquanto está perto! (Is 55,6) – R.

Proclamação do santo Evangelho segundo Mateus – Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 21“Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos Céus, mas o que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus. 24Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática é como um homem prudente, que construiu sua casa sobre a rocha. 25Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos deram contra a casa, mas a casa não caiu, porque estava construída sobre a rocha. 26Por outro lado, quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática é como um homem sem juízo, que construiu sua casa sobre a areia. 27Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos sopraram e deram contra a casa, e a casa caiu, e sua ruína foi completa!” – Palavra da salvação.

Reflexão

No Evangelho de hoje, dando remate ao sermão da montanha, Jesus nos diz que a nossa casa deve estar fundada sobre rocha firme, e não sobre a instabilidade da areia, para que possamos permanecer de pé quando vierem as borrascas da vida. Trata-se de uma palavra dura e desconcertante como todo o sermão da montanha, porque parece anunciar, mais do que uma boa nova, uma “má notícia”: as dificuldades virão, e para fazermos frente a elas devemos cumprir não só aquele mínimo contido nos Dez Mandamentos, mas ainda aquele “a mais” exigido pela moral do Evangelho. Agora, sob a nova Lei do amor, Deus espera de nós paciência e resignação, fortaleza e perseverança, pobreza de espírito e ânimo alegre nos momentos de injustiça e perseguição; espera, numa palavra, que tenhamos um coração semelhante ao do Cristo. Mas como não se sentir esmagado sob esse “fardo” aparentemente insuportável, superior às forças de qualquer ser humano? Como ouvir as palavras de Cristo e as pôr realmente em prática? Não há outro meio de o fazer senão pedindo o auxílio divino da graça, sem a qual nada podemos fazer, e implorando ao Senhor que venha também à nossa alma, como veio à de muitos santos da história da Igreja, para transformá-la por dentro, cimentá-la sobre a firmeza das virtudes, purificá-la da areia inútil dos vícios, fortalecê-la pela esperança e a paciência contra as preocupações e adversidades da vida. Neste tempo de Advento, tão propício para nos retificarmos e tomarmos a peito, com sério empenho, nossa vocação cristã, peçamos a Jesus que se digne vir aos nossos corações, a fim de os configurar à semelhança do seu, no qual se cumpriram da forma mais perfeita possível as bem-aventuranças do sermão da montanha.

 

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sábado, 2 de dezembro de 2023

34ª Semana do Tempo Comum - Aridez espiritual ou dispersão carnal?

 Evangelho do Dia: Dar testemunho (Lc 12,8-12) – Oratório São Luiz – 120 Anos

É de paz que o Senhor vai falar a seu povo e seus fiéis, e aos que a ele se converterem (Sl 84,9).

São grandes os perigos que nos ameaçam e muitas as provações, mas a segurança do Reino de Deus nos vem pela mediação do “Filho do Homem” – Jesus -, que sentimos próximo de nós. Somos convidados a cultivar um coração sensível ao bem, para recebermos o Senhor a todo instante.

Primeira Leitura: Daniel 7,15-27

Leitura da profecia de Daniel15Fiquei chocado em meu íntimo: eu, Daniel, fiquei aterrorizado com estas coisas, e as visões da imaginação me deixaram perturbado. 16Aproximei-me de um dos presentes e pedi-lhe que me desse explicações sobre o significado de tudo aquilo. Respondeu-me, fazendo-me conhecer a interpretação das coisas: 17“Estes quatro possantes animais são quatro reinos que surgirão na terra; 18mas os que receberão o reino são os santos do Altíssimo: eles ficarão de posse do reino por todos os séculos, eternamente”. 19Depois, quis ser mais bem informado a respeito do quarto animal, que era bastante diferente dos outros e o mais terrível de todos, com seus dentes de ferro e garras de bronze, sempre devorando e triturando, e calcando aos pés o que restava; 20e ainda a respeito dos dez chifres e sobre o outro que nascera e fizera cair outros três, sobre o chifre que tinha olhos e boca, e que fazia ouvir uma fala forte, e era maior que os outros. 21Eu continuava a olhar, e eis que esse chifre combatia contra os santos e vencia, 22até que veio o ancião de muitos dias e fez justiça aos santos do Altíssimo, e chegou o tempo para os santos entrarem na posse do reino. 23Respondeu-me assim: “O quarto animal é um quarto reino que surgirá na terra e que será maior do que todos os outros reinos; há de devorar a terra inteira, espezinhá-la e esmagá-la. 24Quanto aos dez chifres do reino, serão dez reis; um outro surgirá depois deles, e este será mais poderoso do que seus antecessores, e abaterá os três reis, 25e articulará insolências contra o Altíssimo e perseguirá seus santos, e se julgará em condições de mudar os tempos e a lei; os santos serão entregues ao seu arbítrio por um tempo, por tempos e por um meio-tempo; 26o tribunal se estabelecerá, e ao chifre será tirado o poder, até ser destruído e desaparecer para sempre; 27e, então, que seja dado o reino, o poder e a grandeza dos reinos que existem sob o céu ao povo dos santos do Altíssimo, cujo reino é um reino eterno e a quem todos os reis servirão e prestarão obediência”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: Dn 3

Louvai-o e exaltai-o pelos séculos sem fim!

1. Filhos dos homens, bendizei o Senhor! / Filhos de Israel, bendizei o Senhor! – R.

2. Sacerdotes do Senhor, bendizei o Senhor! / Servos do Senhor, bendizei o Senhor! – R.

3. Almas dos justos, bendizei o Senhor! / Santos e humildes, bendizei o Senhor! – R.

Evangelho: Lucas 21,34-36

Aleluia, aleluia, aleluia.

Vigiai e orai para ficardes de pé / ante o Filho do Homem! (Lc 21,36) – R.

Proclamação do santo Evangelho segundo Lucas – Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 34“Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida e esse dia não caia de repente sobre vós; 35pois esse dia cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de toda a terra. 36Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem”. – Palavra da salvação.

Reflexão
Aridez ou dispersão? —No Evangelho de hoje, Jesus continua falando de nossa preparação para o fim dos tempos e aqui, de forma bem concreta, para o Juízo. Nós seremos julgados, e a expressão que Jesus usa para nos fazer entender esse julgamento é: “A fim de terdes forças para escapar a tudo que deve acontecer e para ficardes de pé diante do Filho do Homem”. Antigamente, o réu ficava de pé para receber a sentença do juiz, e aqui é Jesus que virá para nos julgar. Mas qual é a exortação que Ele nos dá para que estejamos prontos? Ele diz: “Tomai cuidado para que os vossos corações não fiquem insensíveis”. O coração pode ficar insensível como se fosse um couro grosso, uma mão calejada, sem sensibilidade e fineza. Pois bem, para que os nossos corações não fiquem assim, Jesus nos diz as causas mais comuns da insensibilidade: “Por causa da gula, da embriaguez, das preocupações da vida…”, ou seja, quando mergulharmos no mundo das aparências sensíveis. É importante notar isso. Existem coisas que embotam a nossa inteligência. Quando se mergulha demais nos prazeres sensíveis, a inteligência embota-se. Ou, para usar uma linguagem mais popular: quem vive no mundo sensual fica “burrinho” mesmo, incapaz de enxergar a verdade. Isso se vê claramente, por exemplo, quando uma pessoa se entrega ao sexo desregrado, à pornografia, à masturbação et. Esse tipo de impureza faz a inteligência diminuir, e aqui eu não estou falando de inteligência sobrenatural, não: refiro-me mesmo à inteligência da luz natural da razão. A pessoa fica tosca. É um fenômeno que se dá, sim, por causa de reações cerebrais, já que o nosso cérebro não foi feito para viver imerso em tanta sensualidade. É preciso “apreciar com moderação”. Deus nos deu comida, e podemos sentir prazer com ela, mas não gula; Deus nos deu capacidade de beber, mas não embriaguez; Deus nos dá prudência para buscar o necessário para a vida, mas não uma ansiedade constante, agitada por todos os lados. Por quê? Porque a alma fica embotada, e assim a pessoa é continuamente arrastada para fora de si.

2. Ser sóbrio para ser alma de oração. — Outro dia, eu estava atendendo a um de meus dirigidos espirituais, e ele falava de sua dificuldade de rezar. Muita gente tem dificuldade de rezar e acha que se trata de aridez: “É que eu já rezei bastante”, pensam, “então eu já estou num estágio avançado”. Mas, se formos ver, no fundo, no fundo — basta arranhar o verniz —, o que se esconde por baixo não é a purificação passiva de uma alma adiantada. Nada disso. A pessoa não tem conseguido rezar porque não tem se encontrado com a própria alma: ela vai rezar, mas o único contato que ela tem é com o seu mundo passional, com o “cérebro”, as agitações dos sentimentos. Porque a pessoa está aprisionada em seu ego afetivo, passional, carnal, material… É necessário ter por hábito de ascese a renúncia a essas coisas, a esse mundo, a essa “embriaguez do mundo” dos sentidos, para poder então — no início, com dificuldade, mas depois com alegria — se encontrar consigo mesmo e com Deus. É preciso dar-se conta de que existe dentro de si algo mais profundo do que as agitações do cérebro. A alma existe, e é a ela, como ao lugar onde Deus se encontra (o espírito) que nós precisamos ir, é lá que precisamos nos encontrar com Cristo. Mas se nós estamos o tempo todo perdidos no mundo passional, sensual, isso não vai dar certo. Mas você poderia perguntar: “Padre, o que fazer?”. A primeira coisa: sobriedade. Nosso Senhor Jesus Cristo pede no Evangelho de hoje que estejamos atentos: “Tomai cuidado”. Sobriedade! Façamos um pouco de ascese, um pouco de penitência, tiremos um pouco essas distrações exteriores, tenhamos coragem de silenciar, para podermos mergulhar em nossa alma e encontrar, lá no fundo do nosso espírito, Deus que quer falar conosco.

 

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sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

34ª Semana do Tempo Comum - Graças que não passam.

 Ավագ երկուշաբթի

É de paz que o Senhor vai falar a seu povo e seus fiéis, e aos que a ele se converterem (Sl 84,9).

O Filho do Homem anunciado na liturgia é, ao mesmo tempo, o Cristo que vem cumprir uma missão e o Cristo glorioso que julgará os povos. Celebremos movidos pela esperança de participarmos do seu Reino, “que não se dissolverá”.

Primeira Leitura: Daniel 7,2-14

Leitura da profecia de Daniel – Eu, Daniel, 2tive uma visão durante a noite: eis que os quatro ventos do céu revolviam o vasto mar, 3e quatro grandes animais, diferentes uns dos outros, emergiam do mar. 4O primeiro era semelhante a um leão e tinha asas de águia; ainda estava olhando, quando lhe foram arrancadas as asas; ele foi erguido da terra e posto de pé como um homem, e foi-lhe dado um coração de homem. 5Eis que surgiu outro animal, o segundo, semelhante a um urso, que estava erguido pela metade e tinha três costelas nas fauces entre os dentes; ouvia-se dizer: “Vamos, come mais carne”. 6Continuei a olhar, e eis que assomou outro animal, semelhante a um leopardo; tinha no dorso quatro asas de ave, e havia no animal quatro cabeças. E foi-lhe dado poder. 7Depois, eu insistia em minha visão noturna, e eis que apareceu o quarto animal, terrível, estranho e extremamente forte; com suas dentuças de ferro, tudo devorava e triturava, calcando aos pés o que sobrava; era bem diferente dos outros animais que eu vi antes e tinha dez chifres. 8Eu observava esses chifres, e eis que apontou entre eles outro chifre pequeno, e, em compensação, foram arrancados três dos primeiros chifres; e eis que neste chifre pequeno havia uns olhos como olhos de homem e uma boca que fazia ouvir uma fala muito forte. 9Eu continuava olhando até que foram colocados uns tronos, e um ancião de muitos dias aí tomou lugar. Sua veste era branca como neve e os cabelos da cabeça, como lã pura; seu trono eram chamas de fogo, e as rodas do trono, como fogo em brasa. 10Derramava-se aí um rio de fogo que nascia diante dele; serviam-no milhares de milhares, e milhões de milhões assistiam-no ao trono; foi instalado o tribunal e os livros foram abertos. 11Eu estava olhando para o lado das palavras fortes que o mencionado chifre fazia ouvir, quando percebi que o animal tinha sido morto e vi que seu corpo fora feito em pedaços e tinha sido entregue ao fogo para queimar; 12percebi também que aos restantes animais foi-lhes tirado o poder, sendo-lhes prolongada a vida por certo tempo. 13Continuei insistindo na visão noturna, e eis que, entre as nuvens do céu, vinha um como filho de homem, aproximando-se do ancião de muitos dias, e foi conduzido à sua presença. 14Foram-lhe dados poder, glória e realeza, e todos os povos, nações e línguas o serviam: seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: Dn 3

Louvai-o e exaltai-o pelos séculos sem fim!

1. Montes e colinas, bendizei o Senhor! † Plantas da terra, bendizei o Senhor! / Mares e rios, bendizei o Senhor! – R.

2. Fontes e nascentes, bendizei o Senhor! / Baleias e peixes, bendizei o Senhor! – R.

3. Pássaros do céu, bendizei o Senhor! / Feras e rebanhos, bendizei o Senhor! – R.

Evangelho: Lucas 21,29-33

Aleluia, aleluia, aleluia.

Levantai vossa cabeça e olhai, / pois a vossa redenção se aproxima! (Lc 21,28) – R.

Proclamação do santo Evangelho segundo Lucas – Naquele tempo, 29Jesus contou-lhes uma parábola: “Olhai a figueira e todas as árvores. 30Quando vedes que elas estão dando brotos, logo sabeis que o verão está perto. 31Vós também, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Reino de Deus está perto. 32Em verdade eu vos digo, tudo isso vai acontecer antes que passe esta geração. 33O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar”. – Palavra da salvação.

Reflexão

Nosso Senhor nos conta hoje uma de suas parábolas a respeito dos sinais dos tempos: do mesmo modo como a figueira e todas as árvores anunciam a proximidade do verão, assim também os sinais de que Cristo nos vem falando nos últimos dias prenunciarão a chegada do Reino de Deus. O sinal por excelência, no entanto, é a própria caducidade do mundo: os dias brotam ao amanhecer e à noite já estão secos, desgastados. "O céu e a terra passarão" e levarão consigo, sem deixar vestígios, as suas veleidades. A Palavra de Deus, porém, permanece para sempre; gerações vêm e vão, e a Verdade do Senhor mantém-se inabalável, eterna. A leitura desta 6.ª-feira, com efeito, nos chama a atenção para dois fatos de grande importância para a nossa vida espiritual: a transitoriedade das realidades materiais, palpáveis e efêmeras, e a perenidade das coisas espirituais, duradouras e invisíveis.

Por isso, a Igreja nos oferece hoje a oportunidade de celebrarmos a festa de Nossa Senhora das Graças e nos convida, assim, a considerar o inestimável valor dos bens espirituais que a nossa amada Mãe do Céu nos pode dispensar. Devemos, sim, pedir a Deus benefícios materiais: ajudas, socorros e curas. Todas essas graças passageiras, "mundanas", porém, devem conduzir-nos àquilo que efetivamente não passa. De fato, de que adiantaria o Senhor ressuscitar um nosso amigo querido para que depois, recuperado, este viesse a morrer eternamente? Peçamos-lhe a cura do corpo, mas lhe imploremos sobretudo a salvação da alma; oremos pela saúde física, mas trabalhemos antes pelo vigor das virtudes. Que Deus abra nossos olhos para os sinais que anunciam a cada um de nós a proximidade do seu Reino: a fraqueza do corpo, o brancura dos cabelos, a morte dos familiares. Que Ele nos inspire a querer apenas o que não passa, as suas divinas graças, e nos permita viver, ao lado de nossa Mãe Santíssima, a vida que nunca acaba, que nunca envelhece.

 

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