Não achei que foi perda! Ela queria ir daquele jeito. Minha irmã Jefercina morreu recentemente, num sábado, diante da sua médica, aos 72 anos de vida. Eu estava em missão e não havia como voltar. Já nos víamos pouco e agora não mais a verei até o dia em que, espero, nos virmos no céu. Lá não terei tantas viagens e certamente nos veremos mais. Lá, também, ela não terá mais que me dizer que sendo pobre e sem estudos, não podia fazer mais nada por mim, além de orar. Não perdi suas orações. Acho que Jefercina vai continuar a fazer ainda mais por mim, junto á minha mãe Dona Divina e à minha irmã Maria que a precederam. Era da Conceição Oliveira. Também o Luiz deve se juntar ao time, mais outros tantos que oravam por mim neste mundo e sei que o fazem agora no céu.
Lá, onde fui pregar, não pude voltar para o enterro, nem interromper meu trabalho com a multidão por conta dos meus sentimentos. Sei que Deus cria, faz nascer, ensina a viver, perdoa, educa, forma e chama. Sei que quando o cristão aprende a se aceitar como pessoa pecadora, mas capaz de perdão e de reajustes, quando chega a hora de ir, não demonstra nenhum medo. Não vi este medo em nenhum dos meus familiares que já foram, desde meu pai até Jefercina. Espero que, quando for a minha hora, eu também vá sem medo. Mas gostaria de orar com a intensidade com que meu pai, mamãe e Jefercina oraram. À medida que o fim se aproximava, ela que já era de igreja, mais de igreja ficou. Foi seu ministério. O irmão padre viajava pelo mundo para pregar e ela se encafuava lá na paróquia, ajudando como e onde podia. Morreu como pediu.
Aos espantados fiéis que me viram sereno no show , como se nada tivesse acontecido, expliquei que desde pequenos, com a enfermidade rondando nossa casa, a gente encara a vida sem muito apego. Assume o que vem e pede graças, mais para saber ajudar os outros e pecar menos do que para ficar rico, ter sucesso ou vencer na vida. Já é uma grande vitória saber que Deus é o Senhor da nossa vida e que Ele vê tudo o que fazemos de certo e de errado e além disso sabe o que nos vai na alma. Sincera para com Deus, penso que Jefercina, que ria dos próprios defeitos, mas sabia dos seus valores de mulher simples e humilde, deve estar feliz por ter visto como seus filhos e irmãos se comportaram. Vai encontrar o bom e gentil marido Afonso que era dos Santos, que já está no céu há mais tempo. Por um tempo perderemos o seu riso forte e gostoso e suas idéias e falas que nos faziam rir. Não sei se no céu será como foi aqui, mas se aqui já era bom, acho que no céu será melhor. Eusó não gostaria de perder aquelas preces. Minha Igreja me diz que não as perderei. Dizem que no céu se ora o tempo todo. E, isso, ela gostava de fazer. Agora, terá toda a eternidade para falar com Jesus e Nossa Senhora. Como aqui falava pelos cotovelos acho que lá vaia prender também isso: ser menos ansiosa.
Hêee Jefercina! Você hein? Foi bom ter sido seu irmão neste mundo! A gente se ajudou e riu bastante! Se brinquei demais, mil desculpas, mas eu via o quanto isso lhe fazia bem e como você se acalmava depois do riso! Agora que você chegou lá, por favor, continue orando por nós. Vou sentir falta dos seus superlativos, mas prometo rir feliz e agradecido todas as vezes que alguém tocar no seu nome! Junte o resto da família que já chegou aí para que orem por nós que ficamos! Um dia a gente se verá de novo! Você sabe que eu creio nisso !
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