Entre as normas deixadas a seus discípulos, Jesus, admirável preceptor, assim se
expressou: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele
que serve a todos” (Mc 9,35). Traçou admiravelmente o estilo de vida do cristão.
No nível da espiritualidade a humildade deve ser considerada como a mais bela
qualidade do ser humano, mesmo porque é impossível sem esta virtude se submeter
a Deus e se colocar a serviço do próximo. Ela abre as portas da sabedoria
celestial, do desabrochamento de tudo que conduz à perfeição, levando à
plenitude as verdadeiras aspirações do ser racional.
A humildade é a pedra
fundamental da autenticidade cristã, pois é nela que habita a dileção ao Ser
Supremo e o devotamento ao semelhante. Dela jorra uma profunda serenidade
interior, afastando a inquietude e as turbulências do espírito. Liberta do
egocentrismo e, deste modo, o cristão evita enquadrar os outros nos seus moldes
mentais, mas procura estar sempre no serviço daqueles que giram em sua órbita.
Deste modo, não há lugar para a ira, a maledicência. Grande gáudio causa o
êxito alheio e se regozija com os talentos que contemplado naqueles que o
cercam.
A humildade dilata a capacidade de se doar aos outros dos quais atrai a
simpatia e a gratidão. Com efeito, pelo modo de ser habitual quem é humilde e
serviçal cria um ambiente de tranquilidade, de alegria, imperturbabilidade
porque não se sobrepõe aos outros e lhes reconhece o valor. Tudo isto porque o
humilde se identifica com Cristo ao qual pede continuamente: “Jesus, manso e
humilde de coração fazei o meu coração semelhante ao vosso”. Disto resulta a
mansidão, a simplicidade, o equilíbrio pessoal. É que o humilde é como uma
árvore frutífera que oferece inúmeros frutos. Estes aliás foram elencados por
São Paulo na Carta aos Gálatas como está na Vulgata: paz, alegria,
longanimidade, bondade, benignidade, mansidão, paciência, castidade, modéstia,
continência, fidelidade, caridade (Gl 5,22).
Estes frutos do Espírito Santo não
são, portanto, formas de humildade, mas uma demonstração palpitante desta
virtude. Sem a mesma o cristão se desvaloriza, pois superestimando suas
capacidades não cultiva estes frutos e cai na mediocridade espiritual. É a
humildade que se opõe a todas as visões deformadas as quais impedem o discípulo
de Cristo usufruir dos bens advindos da graça santificante. Bem se expressou
Maria no seu hino gratulatório: “Deus resiste aos soberbos, aos humildes porém
concede as suas graças” (Lc 1,51). É de se notar que a humildade não é
qualidade inata ao ser humano, mas deve ser adquirida dia a dia até se atingir
aquela maturidade afetiva e espiritual que tanto dignifica o cristão. Isto o
impede de ter desgosto de si mesmo e de se aborrecer da vida, pois tem olhos
para ver as maravilhas que o Criador derrama em seu derredor. Passa a ter uma
consciência esclarecida, arejada de sua condição e de seu lugar no cosmos, na
Igreja, na comunidade em que vive. Donde uma gratidão profunda à Providência
divina que tanto gratifica suas criaturas. É por isto que a humildade não se
confunde com a falsa modéstia, mas leva cada um a reconhecer as qualidades que
possui e a corrigir os defeitos que surgem da má administração do que Deus lhe
deu para o próprio bem e dos outros.
Para se cultivar esta virtude é preciso não
querer impor aos outros a própria opinião. Cumpre ser serviçal para com os
outros, paciente sem altear a voz seja com quem for, humano, sabendo que só Deus
é perfeito. Pratica-se a humildade também através da cortesia, da boa educação,
do total respeito ao próximo. Enfim, quando Jesus aconselhou: “Se alguém quiser
ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele eu serve a todos” ele estava
preconizando um comportamento existencial para seu discípulo que deve ser
humilde interior e exteriormente, de pensamento e de vontade, na prosperidade e
na adversidade, em todo lugar e em todo tempo. É que esta virtude leva à
verdade, à justiça e à ordem. A humildade prospera nos corações que bem
conhecem sua própria indigência, seus limites, persuadidos intimamente de que
todo bem procede de Deus. Esta virtude é a primeira fonte de verdadeira
grandeza aos olhos dos homens e do Criador de tudo. Eis porque a Maria pôde
afirmar que Deus olhou para a humildade de sua serva e fez nela grandes coisas.
Sigamos o que Jesus ensinou e imitemos sua Mãe Santíssima e veremos maravilhas
em nossas vidas.
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quarta-feira, 29 de agosto de 2012
COMPORTAMENTO CRISTÃO.
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