segunda-feira, 4 de abril de 2011

CRÍTICAS E ELOGIOS.

Pe Zezinho

A um amigo ateu que questionava a minha fé, pedi licença para questionar o seu ateísmo. A um irmão pentecostal que questionava a meu catolicismo todo racional, pedi licença para questionar o seu pentecostalismo todo emotivo.

Mas, nos dois casos tomei o cuidado de também elogiar o que havia de bom, não só na experiência do ateu como na experiência do pentecostal. Dos dois, porém, não ouvi nenhum elogio ao que há de bom na minha igreja. Ou não sabiam, ou não quiseram elogiar. Entendi que era problema pessoal deles e não da sua comunidade. Há ateus e crentes de outras igrejas que sabem elogiar o que há de bom nos outros. Havia um problema sério, não tanto com a minha Igreja, mas, com a cabeça deles. Eu consigo elogiar grupos dos quais discordo, naquilo que eles tem de bom. Minha Igreja me ensina isso.

Uma semana depois, num congresso encontrei pessoas de outras religiões, entre elas outra vez um evangélico e um pentecostal. Deles ouvi discordância e elogio à Igreja Católica. Fiquei mais tranqüilo. Penso que criticar, discordar e elogiar é uma questão pessoal. Alguns conseguem, outros não.

Considero uma enorme graça de Deus, ligada à virtude da caridade a capacidade de discordar de alguém ou de alguma Igreja e ser capaz de mostrar os pontos de discordância, mas também os pontos de convergência. Quem não tem nenhum elogio para fazer a uma outra Igreja, ou errou de Igreja ou errou de rumo. Quem não tem fé precisa aprender a virtude do elogio, inclusive aos adversários e, se preciso, até aos inimigos.

Não temos que concordar em tudo com os outros, mas também não temos que discordar em tudo. É sinal de maturidade discordar no que é ponto de divergência e concordar nos pontos positivos. Se queremos um mundo melhor aprendamos este equilíbrio: discordar com classe, elogiar com maturidade.

Artigo – INGÊNUOS E DESINFORMADOS

Muitos de nós, milhões de nós são ingênuos e desinformados com relação a sociedade em que vivemos.
Milhões de pessoas ouviram falar mas, não tem a menor noção da extensão do problema da droga nem na sua cidade e nem no seu país.
Milhões nunca visitaram uma periferia, milhões não conseguem imaginar o que é viver com duzentos reais por mês.
Muitos conseguem milhões estão conseguindo. Outra vez falando em milhões há um numero inimaginável de brasileiros que não tem noção do grau de violência que se apossou em sua cidade. Seja nos prédios mais sofisticados ou seja, nos ambientes de periferia. Somos um país violento, talvez para cada dez pessoas boas tenhamos uma violenta e marginal. Ou sendo generoso talvez para cada cem pessoas boas uma seja violenta e marginal.
Mas, há um poder de organização da marginalidade que prejudica profundamente o país, para fazer um muro as vezes leva-se dois a três meses, alguém pode picha-lo em dois minutos.
É sempre mais fácil desorganizar, demolir, detonar ou pichar do que construir. Basta um violento para explodir um prédio que trezentos construíram.
Essa força tremenda do mal, é há cidadões que não tem a menor noção do grau de sofrimento a que estão expostos.
Milhões de brasileiros, para não falar do mundo com seus bilhões de sofredores, isso não vai mudar tão cedo, começará a mudar quando de fato nos preocupar-nos em lutar para que todos tenham o mínimo necessário para uma vida digna é humana.
Enquanto não tivermos noção do sofrimento da maioria da população do planeta e da maioria da população do nosso país, não podemos dizer que sabemos o que é viver.
Elas não são muito visíveis mas, nossas cidades estão cheias de campanolas e redomas que protegem milhões de pessoas mais ricas e bem afortunadas elas acabam sem jamais ver o que se passa nas periferias e ambientes pobres da nossa nação.
Não vão lá e quando vão não conseguem enxergar como eles são.
Uma Senhora que teve o filho assassinado por um outro jovem rico por causa de droga definiu com exatidão a situação de algumas famílias privilegiadas:
-“eu nunca pensei que isso pudesse acontecer conosco, porque vivíamos numa redoma e achávamos que esse tipo de crime só acontecia nas periferias. Pois, aconteceu no mesmo prédio onde vivíamos, alguém do segundo andar matou meu filho que morava no nono andar, por dividas de drogas,
Agora eu sai da redoma, tenho visto os sofrimentos de outra mães, em memória do meu filho que também errou, quero aprender do meu jeito a suavizar a dor de milhões de mães que já não tinham nada e perderam a única riqueza que tinham: a paz.
Faço parte das mães empobrecidas, perdemos os filhos e a paz.”




Fonte: Pe. Zezinho SCJ

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