sexta-feira, 29 de abril de 2011

COLOCAR A MÃO.

O “ver para crer” não é próprio somente do apóstolo Tomé. Aliás, mesmo vendo Jesus Ressuscitado ele teve que manifestar sua fé, que vai além do visível no Filho de Deus. Ver num homem o próprio Deus manifesta o ato de adesão à divindade. O invisível é visto por quem tem o horizonte da vida no imorredouro da eternidade prometida pelo Cristo.

Costumamos, dentro de nossa experiência e percepção dos limites humanos, acreditar menos em promessas de pessoas como nós, quando essas não mostram credibilidade em suas falas. Queremos ver para crer. A fé no humano passa pela veracidade de seus feitos com ética e honradez. Muitos sabem enganar, fazendo promessas para angariar simpatia ou voto. Há quem acredite, principalmente por ganhar algum favor. Não discernindo bem a verdade da mentira, podem prejudicar a comunidade através do voto dado a pessoas enganadoras e de mau caráter.

Com a superação da morte Jesus nos chama a segui-Lo com toda a coragem, confiança, perseverança e disponibilidade. Ele tem palavra de vida, capaz de nos orientar para a consecução do objetivo da nossa própria existência. Com Ele temos certeza da vitória em nosso esforço para a prática do bem, da doação e do sacrifício em proveito do semelhante. Temos a convicção de que vemos sua presença em toda a pessoa que representa Sua vontade, no respeito e dignidade de cada pessoa carente ou necessitada de promoção. Lembramo-nos das palavras: “Eu tive fome e me destes de comer...” (Mateus 25,35).

“Felizes os que creram sem terem visto” (Jo 20, 29). Comparando a fé em Jesus com a fé no ser humano, vamos colocar mais ou então menos a mão na cicatriz de ambos. Mas certamente por causa da fé no Filho de Deus, vamos usar nossas mãos para uni-las com as do próximo e engrossarmos o grupo de quem apresenta aos outros o exemplo de Jesus. Assim poderão também crer no que propomos porque testemunhamos, na prática, a credibilidade de pessoas de palavra. Com a colocação em prática da Palavra de Deus promovemos a superação de tudo o que faz matar a vida, seja no aspecto biológico, seja no espiritual.

Ressuscitados com o amor de Cristo somos capazes de levar esperança, promover a família como fonte de vida plena, cuidar do planeta como verdadeira missão, promover a política de real serviço à cidadania, viver como comunidade religiosa de pessoas que trabalham incessantemente para a cultura da justiça e da paz.

O descompromisso com o bem comum pode fazer a pessoa não colocar a mão na massa para fazer o convívio de real promoção do próximo e de toda a sociedade. Nessa posição ela fica escrava de si, sem um sentido e conquista de altivez. Quem, no entanto, se aproxima de Cristo e aceita a realidade de sua ressurreição, tem a alegria de contar conscientemente com a presença transformadora de sua existência. Parte para a missão de imitá-lo, levando seu amor a todos.

Colocando nossas mãos unidas às dos outros, por causa da fé no Ressuscitado, transformamos nosso convívio para enchê-lo de vida nova!



 
Por: Dom José Alberto Moura
Fonte: CNBB

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