Ante o universo pairaram as últimas palavras do Crucificado lá no Calvário.
Cristo não falou apenas para um grupo de amigos como outrora Sócrates, nem para alguns epígonos; como Platão na sua Academia, ou como Aristóteles no seu Liceu, ou como Epicuro nos seus jardins, ou como Pitágoras para seus trezentos discípulos de Crotona. Ele não falou como Catão no Senado romano ou para uma cidade como Demóstenes para os atenienses ou para um povo como Moisés. Suas sete palavras foram para todos os povos, lugares, idades e gerações. Isto, inclusive, como condição de progresso, como normas de conquistas de glórias imperecíveis.
Extraordinárias sete palavras! Onde estão os oráculos de Delfos? Onde os mistérios do Egito? Onde as formosas inscrições romanas? Calaram-se as palavras da antigüidade, os santuários guardam silêncio. As sete mensagens de Cristo na Cruz, porém, atravessam os séculos. Elas passam sobre o mundo lançando sementes de compreensão e esperança, acima de todas as bandeiras, impregnando todas as civilizações, harmonizando-se com todos os governos, mas condenando todas as corrupções. Sempre novas e atuais, fundidas ali no monte da morte, a ressoarem argênteas em todos os corações. Eternas, porque divinas, se fizeram admiravelmente humanas. Assim como o sol se derrama em torrentes luminosas tanto pelos altos montes, como pelos profundos vales, elas aclaram todos os destinos dos homens.
Cada palavra que assim vem escalando os séculos chega até a todos os cristãos e são menagens de justiça e paz, de amor e vida! Cumpre que todo batizado se aproxime sempre do Homem da Dor, Mártir sublime que lhe acena do lenho da amargura, chamando-o para escutar comunicações que beatificam. É preciso abrir o coração à linguagem de Jesus! Ele ensina a sabedoria de Deus. É necessário ir a esta fonte de salvação para que cada um se sacie com dons divinos. A árvore bendita donde pendeu o fruto celeste indica uma passagem para um mundo no qual tudo é felicidade. É necessário saber ler este livro aberto com golpes tão cruéis. Fica bem que diante de seu Crucifixo esteja o cristão com Cristo, porque é à hora da morte que encontram os amigos o momento mais terno dos mais ternos comunicados, os pais as derradeiras dádivas para os filhos. Os mistérios da vida de Jesus não marcaram apenas um instante na História. Eles revivem para todos os que meditam na sua Paixão e Morte.
Cada alma que se acerca do divino Crucificado percebe no mais íntimo de si o inefável da graça a descer-lhe em cataratas celestes.
Penetrar fundo nas últimas palavras de Jesus antes de sua morte é se imergir num mar imenso de sabedoria e iluminações especiais.
Fonte: Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Local:Mariana (MG)
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