Celebramos o acontecimento da entrada triunfal de Jesus na capital de seu país. Jerusalém não tinha noção do fato. Mas a multidão que sabia dos prodígios realizados pelo Rei queria aclamá-lo como grande líder e benfeitor. Mas seu reino era diferente. Mais tarde Ele até disse a Pilatos: “O meu reino não é deste mundo”. Isso se podia perceber até pelo meio de transporte por Ele usado, um jumento. Quisesse Ele o triunfo do poder conquistado pelo prestígio político, econômico ou meramente social, poderia usar uma carruagem. Ao contrário, o Rei pobre, simples, amigo, doador de vida e semelhante aos mais empobrecidos apenas queria dizer a todos o porquê de seu reinado. Ele quer implantar a riqueza do amor, da solidariedade, da defesa da vida e da dignidade do ser humano. Seu instrumento para isso é a ética, a valorização da pessoa humana pelo que ela é e não pelo que tem. É o reinado das bem-aventuranças. Quem quer participar de seu convívio deve estar disposto a dar de si pelo bem do outro, não se importando com o sacrifício, fazendo a opção pelas virtudes, com zelo pela obra criada por Deus. Deve construir a própria identidade com a colocação em prática do amor a Deus e ao semelhante.
Jesus fez inúmeros milagres, demonstrando seu poder para servir. Mas não bastam os milagres por si mesmos. A fé em sua pessoa divina faz as pessoas a não só aclamá-lo como grande profeta. Mais: Ele é o Rei do universo. Com sua natureza humana nos mostra como sermos humanos com os critérios de seu Reino. Dar de si pelo bem dos outros, trabalhar pela implantação na terra dos valores da vida conforme o projeto de Deus e cuidar bem do planeta para que seja lugar de benefício para toda a criatura nele residente são de necessidade vital. O que neste é produzido de cultura, bens materiais, progresso científico, desenvolvimento religioso deve servir a todos e não acumulado para o benefício de alguns em detrimento de outros. O ser filho de Deus torna cada pessoa humana maior do que ter coisas materiais. Estas são apenas instrumentos para a vida digna de todos. Enquanto isto não se der, o compromisso de justiça e inclusão social de todos tornam-se indispensáveis. No Reino de Cristo todos devem ter vez e serem tratados como filhos do mesmo Pai.
Os ramos nas mãos podem indicar verdadeira fé comprometida na realização do projeto do filho de Davi, ou seja, Filho de Deus, ou mera aclamação de um líder como outros. A fé no Cristo faz com que os ramos da abertura ao infinito de Deus comprometa e indique a aclamação da aceitação dos valores divinos no humano.
Jesus vai a Jerusalém para concluir a missão que o Pai lhe deu. O sacrifício total de si incorpora todo o grito humano de salvação. Só um homem Deus é capaz de tomar sobre os próprios ombros os limites da humanidade para redimi-los e torná-los aptos para uma vida de plena realização.
Nesta celebração de Ramos somos convocados a fazer o gesto concreto de ajudarmos a promoção da vida onde ela é mais massacrada, através da coleta da Campanha da Fraternidade. O tema tem sido “Fraternidade e Vida no Planeta”. As Dioceses e toda a Igreja no Brasil aplicam o resultado concreto, através das ofertas das comunidades, para ajudarem a execução de projetos de promoção da cidadania para lugares e grupos mais carentes.
Por:Dom José Alberto Moura
Fonte: CNBB
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