Jesus ressuscita na madrugada do sábado para o domingo - o primeiro dia da semana. Domingo deriva de “dominus” tendo como referência o Senhor da vida, Jesus. Sábado refere-se ao “shabat”, dia sagrado para os hebreus, destinado ao repouso do trabalho servil, bem como ao culto de louvor e gratidão a Deus, Senhor da vida.
O evento da ressurreição de Cristo ocorre do sábado para o domingo. Eis porque no domingo os cristãos celebram a ceia memorial do Senhor, a Eucaristia, celebração da páscoa, síntese do núcleo fundamental da fé e da vida cristã. O memorial da Eucaristia celebra e atualiza o evento da morte e ressurreição do Senhor.
Em que sentido a celebração da ceia do Senhor atualiza o sacrifício de Cristo, sua crucifixão, morte e ressurreição? Entendemos a celebração da Eucaristia numa perspectiva da fé e amor do próprio Cristo. O mistério celebrado é o seu próprio amor que se torna presença. Cristo continua a se doar à humanidade sob a forma misteriosa do seu amor insondável.
O Evangelho relata a vida de Jesus revelando os desígnios do Pai que o incumbe da missão de doar a sua vida e regenerar a humanidade. A vida terrena de Jesus caminharia para sua oblação total, na entrega livre e consciente à morte de cruz. Nos misteriosos desígnios do Pai, o seu Filho deveria superar a ruptura e separação dos filhos e filhas entre si.
Doar sua própria vida ao Pai da humanidade é um gesto permanente resgatando e reunindo os filhos e filhas que se dispersaram pelo pecado de divisão. Quem não ama permanece na morte. Quem ama gera vida. A morte de Jesus na cruz gera vida nova, como o grão de trigo que morre para frutificar abundantemente.
A morte misteriosa de Cristo na cruz gera vida nova no Espírito. Ressurreição! Eis o memorial da páscoa, celebração da passagem da morte à vida. “Eu sou a ressurreição e a Vida. Aquele que crê em mim, mesmo que morra, viverá, e todo aquele que vive e crê em mim não morrerá jamais” (Jo 11, 25-26). A missão de Jesus continua a doar vida através das atividades dos discípulos que se dispõem à construção do reino.
A continuidade dinâmica da vida de Jesus se consubstancia nas práticas efetivas de transformação das pessoas. Precisamos dessa força sobrenatural que somente Jesus possui e nos doa. Abrindo-nos à vida nova que Jesus traz em abundância, superamos as contradições e os males que enfrentamos na vida e nos relacionamentos pessoais, familiares, sociais.
Por: Dom Aldo Pagotto
Fonte: CNBB
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