terça-feira, 26 de abril de 2011

BOAS NOTÍCIAS.

Em nossa aldeia global, os fatos locais adquirem rapidamente projeção mundial. Ultimamente os acontecimentos negativos que machucam nossas comunidades, em pouco tempo atingem o mundo como um relâmpago levando a comunidade internacional a participar das dores e flagelos! Aliás, parece que nós nos acostumamos tanto com esse tipo de comunicação que os bons acontecimentos mais raramente fazem sucesso na mídia. É importante que saibamos dos fatos negativos para nos situarmos no tempo e na história, mas tenho certeza que os fatos positivos são a maioria.

Aparentemente fomos acostumados (quase diria condicionados) a gostar e consumir más notícias. Isso é muito claro quando lemos os números da audiência nos diversos tipos de mídia. O problema é que muitas vezes nós realimentamos os desequilíbrios presentes nas mentes das pessoas. Nem sempre, a programação de boa qualidade e construtiva é apreciada. É claro que existem exceções e, ultimamente, vemos com esperança que os responsáveis pelas diversas mídias começam a trabalhar também as boas notícias. Porém ainda há um grande caminho a percorrer para que os fatos positivos que são a maioria na sociedade prevaleçam também na divulgação.

Lembrei-me exatamente disso ao ver a fácil difusão das más notícias, das fofocas e das maledicências! E isso, evidentemente, não apenas nas mídias sociais, mas em todo o nosso tecido social – infelizmente, também em nosso meio eclesial. Eis o nosso grande desafio nestes atuais tempos: anunciar ao mundo, guiados pela luz do Espírito Santo, que Deus é Pai, e enviou o Seu Filho, Jesus Cristo, que deu sua vida por nós e está vivo ressuscitado e fazê-lo de tal maneira que seja interessante e entusiasmante para todos.

Há certo tempo que essas reflexões estão presentes em minhas meditações. Estava imerso nesses pensamentos sobre como sermos portadores de formação, de boa notícia, de incentivo para a educação, da difusão da cultura, e isso de forma que seja interessante para a maioria das pessoas, quando pensava sobre a maior notícia de todos os tempos que estamos celebrando neste final de semana.

Participamos nestes dias do Tríduo Pascal, ápice do ano litúrgico, porque celebramos a Morte e Ressurreição do Senhor. Os três momentos litúrgicos, instituição da Eucaristia, morte de cruz e Ressurreição, nos acompanharão por todos os dias de nossas vidas, atualizados em cada Missa, pois Jesus Cristo realizou a obra da redenção humana – morrendo, destruiu nossa morte e, ressuscitando, deu-nos nova vida.

É lamentável que nem todos os cristãos estejam motivados para viver esses momentos profundos de nossa fé: “fazer Páscoa”! Todos são chamados a participar intensamente desses momentos celebrativos, aprofundando nossa vida de fé e compartilhando com nossos irmãos a alegria de uma grande e bela notícia: Cristo Ressuscitou! E aí o questionamento: como dar essa boa notícia ao mundo de hoje de tal forma que as pessoas se interessem por ela e acolham-na com alegria e compromisso?

O kerigma, inicio da evangelização, o anúncio explicito do Evangelho que é justamente o anúncio da maior notícia já vista no cosmos; nós temos certeza de que é a resposta que todos aguardam, o anseio de todas as nações – a grande notícia da salvação conquistada por Cristo para todos nós, que porém, nem sempre conseguimos fazê-lo de forma com que muitos a acolham com alegria.

Como existe a dificuldade de fazer as pessoas se interessarem pelas boas notícias, e, diante da maior notícia de todos os tempos teremos duas possíveis respostas: de um lado acolher e aceitar essa notícia ou, então, rejeitar e não aceitar. E a grande notícia é que Cristo Ressuscitou, verdadeiramente Ressuscitou – Aleluia! Esta é a grande notícia deste final de semana e a permanente mensagem dos cristãos. É realmente uma boa notícia, a melhor notícia que, mesmo sem saber, todos desejam, e que nós temos a missão de testemunhá-la e anunciá-la aos irmãos e irmãs.

Com a nova evangelização, missão continental, missão permanente, a Igreja no Brasil insiste para que valorizemos ainda mais o testemunho cristão pela vida, pela unidade, pelo serviço aos irmãos e também a lectio divina, a proclamação da Palavra que nos ilumina e conduz a vida. O entusiasmo ao anunciar esta boa nova não pode ser apenas uma técnica de oratória, mas principalmente o testemunho de nossas vidas! Será que não é justamente isso que está criando dificuldades? Lembro-me, em relação a isso, das palavras de Paulo VI – que os homens de hoje aceitam muito mais as testemunhas que os mestres, e se acolhem e aceitam os mestres é porque são testemunhas!

Porém, a nossa boa notícia não é apenas teórica, como disse, mas principalmente existencial: vidas que renascem, pessoas que saem dos seus túmulos, cegos veem, e tantos outros sinais que fazem parte de testemunhar as maravilhas que Deus opera através dele. E esse é o como somos chamados também a anunciar essa grande e bela notícia: e esse é o grande segredo – através do testemunho de vida das pessoas.

Abramos os olhos, os corações, as mentes e os braços para acolhermos – e com muita alegria – a alegria do anúncio de Cristo Ressuscitado, e assim todo o nosso ser vibrará com esse acontecimento que entra na história, e assim, nós O anunciaremos aos irmãos e irmãs.

E é justamente aí que está a necessidade que temos de afirmar a boa nova da salvação a todos e que, com abertura do coração, estejam cada vez ainda mais vivenciado o seu itinerário de santidade e caminho para a vida. E nós somos enviados para que a manhã da ressurreição traga horizontes novos na vida de nosso povo.

De braços abertos, saiamos anunciando a todos a alegre e alvissareira notícia: Cristo Ressuscitou, verdadeiramente ressuscitou – Aleluia! Este é o tempo da vida que renasce, e quando o Senhor costumeiramente nos faz vibrar com sua força e com todas as graças.

Por isso nosso coração transborda de alegria e cantamos com toda a Igreja: “exulte o céu, e os Anjos triunfantes, mensageiros de Deus, desçam cantando; façam soar trombetas fulgurantes a vitória de um Rei de um rei anunciando”.

Por: Dom Orani João Tempesta


Fonte: CNBB

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