O
relativismo é uma corrente que nega toda verdade absoluta e perene assim como
toda ética absoluta, ficando a critério de cada indivíduo definir a sua verdade
e o seu bem. Opõe-se-lhe o fundamentalismo, que afirma peremptoriamente a
existência de algumas verdades e algumas normas fundamentais. O indivíduo se
torna o padrão ou a medida de todas as coisas. Tal atitude está baseada em
fatores diversos, entre os quais o historicismo: com efeito a história mostra
que tudo evolui e se tornam obsoletas coisas que em tempos passados eram
plenamente válidas.
A Igreja rejeita o relativismo, mas também não aceita o
fundamentalismo: ao lado de verdades e normas perenes, existem outras, de
caráter contingente e mutável. Ao cristão toca o dever de testemunhar ao mundo
de hoje que a profissão de fé e a Moral católicas nada têm de obscurantista e
de recusa dos autênticos valores da civilização contemporânea.
Não
sejamos apáticos às coisas ao nosso redor.
Alguém
pode pensar que não é relativista pelo simples fato de nunca ter lido filósofos
relativistas como Kant, Hegel, Anaxímedes etc.
Ou
então julga que estamos falando de descaso, insensibilidade, ou ainda de
relativismo moral, ou seja, de imoralidade.
Nada
disso!
A
mentalidade de que falamos é um pouco de tudo o que está acima e algo mais.
Se
quem a possui julga que estamos discorrendo sobre certo tipo de apatia, terá
acertado, pois para o relativista nada importa.
“Como
assim? Sou relativista, mas não apático. Gosto de movimento, de ação, de
política, de trabalho, dos meus negócios. Logo, não sou relativista!”
Ledo
engano, pois é possível gostar de movimento, de ação, de labuta, da família, e
ser relativista.
Uma
espécie de neutralidade, de indiferença, de inconsciência em relação ao mundo
em torno de nós;
Expresso
na fórmula “deixa como está, para ver como fica”, é a ideia fixa do
relativismo. Este é o ponto.
Veja:
“Havia algo demasiadamente forte ao meu redor, que meus sentidos percebiam, mas
que minha razão não conseguia discernir, diante do que minha vontade não tinha
como reagir” (Guerreiros da Virgem, p. 48). O que diz: “Minha razão não
conseguia discernir, diante do que minha vontade não tinha como reagir”. Portanto,
o relativismo escapa à razão, e, como afirmava o libelo, é todo um modo de ser,
sem reação.
Ora,
reagir é preciso!
O
que é o relativismo no sentido em que o empregamos?
É
a falta de atenção, motivação ou entusiasmo, exceto no que toca a si próprio.
Para
nós, o relativismo não é apenas uma maneira de pensar, mas de ser.
Localizado
onde? Em cada um de nós.
No
relativismo de que estamos tratando, há duas esferas: As coisas próprias a cada
um, para as quais o relativista pode ser um leão; E o mundo exterior, a opinião
pública, que pouco lhe importa.
Algo
só é relevante se disser respeito ao “eu, eu, eu”;
Mas
se concernir aos interesses da Igreja ou da sociedade temporal externa; A sua
micrópolis repete o “deixe como está, para ver como fica”.
O
leão se torna um molusco sonolento.“Não me incomodem…”.
Relativismo
é também sinônimo de abatimento, marasmo, langor, desídia, desânimo,
indiferentismo.
O
que me preocupa são meus sonhos de uma vida confortável e segura, para mim e os
meus próximos! Fora disso, nada me interessa.
Por
exemplo, quanto ao triângulo decisivo dos dias de hoje, situação politica do
nosso país, Trump e Putin, deixe-me tranquilo.
Eles
estão lá fora, longe, e o que importa um defeito na minha TV, isto sim!”.
“Ver
julgar, agir” — eis a regra de ouro de Santo Tomás de Aquino, que deve pautar a
nossa conduta em face dos acontecimentos, grandes ou pequenos.
Atenção,
motivação, entusiasmo, sim, relativismo não!
Reação
sempre, ainda que só interna;
Cinismo,
consciente ou subconsciente, nunca! Relativismo, jamais!
Ele
é um “abismo cheio de umidade, de trevas e de frio, e não o cume elevadíssimo
de uma montanha cheia de luz, de harmonia e de beleza.” O resto é apatia e, em
algum sentido da palavra, cinismo, ainda que o termo seja forte.
Dizíamos
que o relativismo pode ser seu pior inimigo.
“Mas,
por que, se não sou tão mau, e quero apenas um pouco de tranquilidade?”
Um
italiano, cujo nome me escapa, afirma que Deus é o não-relativismo.
Aqueles
que dizem não querer levar as coisas ao extremo são o contrário da perfeição e;
Portanto,
de Deus, que é o próprio ardor, no mais alto grau de perfeição, de todos os
extremos.
Padre
Emílio Carlos Mancini
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