quinta-feira, 31 de agosto de 2023

21ª Semana do Tempo Comum - O alimento diário da alma.

 Evangelho do Dia: Jesus em sua própria terra (Mt 13, 54-58) – Oratório São  Luiz – 120 Anos

Inclinai, Senhor, o vosso ouvido e escutai-me; salvai, meu Deus, o servo que confia em vós. Tende compaixão de mim, clamo por vós o dia inteiro (Sl 85,1ss).

Não obstante “toda angústia e tribulação”, os missionários sentem-se confortados com a solidez da fé dos cristãos, com sua fidelidade e prudência. Deixemo-nos inspirar por estas animadoras palavras: “O Senhor vos conceda que o amor entre vós e para com todos aumente e transborde sempre mais”.

Primeira Leitura: 1 Tessalonicenses 3,7-13

Leitura da primeira carta de São Paulo aos Tessalonicenses – Irmãos, 7ficamos confortados, em meio a toda angústia e tribulação, pela notícia acerca de vossa fé. 8Agora, sentimo-nos reviver, porque vós estais firmes no Senhor. 9Como podemos agradecer a Deus por toda a alegria que nos invade, diante do nosso Deus, por causa de vós? 10Noite e dia rezamos efusivamente para vos rever e completar o que ainda falta na vossa fé. 11Que o próprio Deus e nosso Pai e nosso Senhor Jesus dirijam os nossos passos até vós. 12O Senhor vos conceda que o amor entre vós e para com todos aumente e transborde sempre mais, a exemplo do amor que temos por vós. 13Que assim ele confirme os vossos corações numa santidade sem defeito aos olhos de Deus, nosso Pai, no dia da vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 89(90)

Saciai-nos de manhã com vosso amor!

1. Vós fazeis voltar ao pó todo mortal / quando dizeis: “Voltai ao pó, filhos de Adão!” / Pois mil anos para vós são como ontem, / qual vigília de uma noite que passou. – R.

2. Ensinai-nos a contar os nossos dias / e dai ao nosso coração sabedoria! / Senhor, voltai-vos! Até quando tardareis? / Tende piedade e compaixão de vossos servos! – R.

3. Saciai-nos de manhã com vosso amor, / e exultaremos de alegria todo o dia! / Que a bondade do Senhor e nosso Deus / repouse sobre nós e nos conduza! / Tornai fecundo, ó Senhor, nosso trabalho, / fazei dar frutos o labor de nossas mãos! – R.

Evangelho: Mateus 24,42-51

Aleluia, aleluia, aleluia.

Vigiai, diz Jesus, vigiai, / pois, no dia em que não esperais, / o vosso Senhor há de vir (Mt 24,42.44). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 42“Ficai atentos, porque não sabeis em que dia virá o Senhor. 43Compreendei bem isto: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. 44Por isso, também vós ficai preparados! Porque, na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá. 45Qual é o empregado fiel e prudente que o senhor colocou como responsável pelos demais empregados, para lhes dar alimento na hora certa? 46Feliz o empregado cujo senhor o encontrar agindo assim quando voltar. 47Em verdade vos digo, ele lhe confiará a administração de todos os seus bens. 48Mas se o empregado mau pensar: ‘Meu senhor está demorando’ 49e começar a bater nos companheiros, a comer e a beber com os bêbados, 50então o senhor desse empregado virá no dia em que ele não espera e na hora que ele não sabe. 51Ele o partirá ao meio e lhe imporá a sorte dos hipócritas. Ali haverá choro e ranger de dentes”. – Palavra da salvação.

Reflexão
 
O Evangelho de hoje fala-nos dos servos encarregados pelo senhor de distribuir aos funcionários de sua casa a ração diária, isto é, a porção de alimento que a cada um corresponde. Trata-se de uma alusão ao tempo em que vivemos, o tempo da Igreja, ao longo do qual, enquanto aguardamos a vinda gloriosa de Cristo, só podemos perseverar na fé e na caridade se tivermos dia após dia o que comer, ou seja, o pão quotidiano de que nos fala o Pai-nosso: “O pão nosso de cada dia dai-nos hoje”. Ora, esse pão diário, como o nome mesmo já indica, é uma ração, uma medida, um “maná” adequado às necessidades próprias de cada cristão que o Senhor faz descer do céu, a fim de nos alimentar durante a travessia do deserto deste mundo rumo à terra prometida, ao Reino que pela cruz nos foi aberto. Mas esse pão diário é, ao mesmo tempo, o pão da Palavra, ouvida atentamente em toda Santa Missa e meditada com carinho nos momentos de oração, e o pão da Eucaristia, na qual Jesus mesmo, com seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade, se faz presente como nutrimento espiritual, viático para o caminho e penhor de vida eterna. Trata-se, em resumo, do pão da graça, da qual foram instituídos na Igreja verdadeiros ministros ordenados, aos quais foi confiada, como aos servos da parábola de hoje, a missão de alimentar os funcionários da casa, ou seja, os demais membros do Corpo de Cristo, mediante os sacramentos, a pregação do Evangelho e o ensinamento fiel da doutrina cristã. É pela santificação destes ministros, chamados a ser sacerdotes segundo o coração de Deus, que devemos rezar muito nestes tempos, em que nunca foram tão necessários ao clero os sacrifícios e as penitências de leigos realmente comprometidos com uma vida cristã séria e autêntica. — Dai-nos, Senhor, santos sacerdotes, fiéis administradores dos vossos bens!
 
 
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quarta-feira, 30 de agosto de 2023

21ª Semana do Tempo Comum - O ai de você.

 Vigésimo Sétimo Domingo do Tempo Comum – São Mateus 21, 33-43 – Dia 4 de  outubro de 2020 | Ide e Anunciai

Inclinai, Senhor, o vosso ouvido e escutai-me; salvai, meu Deus, o servo que confia em vós. Tende compaixão de mim, clamo por vós o dia inteiro (Sl 85,1ss).

Os dirigentes da comunidade sentem-se recompensados ao constatar o crescimento espiritual dos fiéis. Cuidando do nosso interior, saberemos colaborar para que nossas assembleias litúrgicas sejam dinâmicas, participativas e orantes.

Primeira Leitura: 1 Tessalonicenses 2,9-13

Leitura da primeira carta de São Paulo aos Tessalonicenses9Irmãos, certamente ainda vos lembrais dos nossos trabalhos e fadigas. Trabalhamos dia e noite para não sermos pesados a nenhum de vós. Foi assim que anunciamos o Evangelho de Deus. 10Vós sois testemunhas, e Deus também, de quão santo, justo, irrepreensível foi o nosso proceder para convosco, os fiéis. 11Bem sabeis que, como um pai a seus filhos, 12nós exortamos a cada um de vós e encorajamos e insistimos para que vos comporteis de modo digno de Deus, que vos chama ao seu Reino e à sua glória. 13Por isso agradecemos a Deus sem cessar por vós terdes acolhido a pregação da Palavra de Deus não como palavra humana, mas como aquilo que, de fato, é: Palavra de Deus, que está produzindo efeito em vós, que abraçastes a fé. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 138(139)

Senhor, vós me sondais e me conheceis!

1. Em que lugar me ocultarei de vosso espírito? / E para onde fugirei de vossa face? / Se eu subir até os céus, ali estais; / se eu descer até o abismo, estais presente. – R.

2. Se a aurora me emprestar as suas asas, / para eu voar e habitar no fim dos mares, / mesmo lá vai me guiar a vossa mão / e segurar-me com firmeza a vossa destra. – R.

3. Seu eu pensasse: “A escuridão venha esconder-me / e que a luz ao meu redor se faça noite!” / Mesmo as trevas para vós não são escuras, / a própria noite resplandece como o dia. – R.

Evangelho: Mateus 23,27-32

Aleluia, aleluia, aleluia.

O amor de Deus se realiza em todo aquele / que guarda sua Palavra fielmente (1Jo 2,5). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, disse Jesus: 27“Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós sois como sepulcros caiados: por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão! 28Assim também vós: por fora, pareceis justos diante dos outros, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e injustiça. 29Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós construís sepulcros para os profetas e enfeitais os túmulos dos justos, 30e dizeis: ‘Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos sido cúmplices da morte dos profetas’. 31Com isso, confessais que sois filhos daqueles que mataram os profetas. 32Completai, pois, a medida de vossos pais!” – Palavra da salvação.

Reflexão

Mateus recolhe em sete a expressão: ai de vós, usada por Jesus, para introduzir as acusações dirigidas contra os escribas e fariseus como já tivemos ocasião de meditar no Evangelho de ontem! No Evangelho de hoje, temos os dois últimos “ai de vós” da seqüência. A repetição explícita, “ai de vós, escribas e fariseus hipócritas…”, mostra-nos a contundência da censura. Na ocasião das grandes festas, os sepulcros eram caiados para evitar algum contato involuntário de alguém que, assim, se tornaria impuro.

A indignação de Jesus contra os mestres da Lei e fariseus é tão grande, que Ele os compara a “sepulcros caiados”, pois têm a aparência exterior de um túmulo recém pintado de branco que tenta esconder uma realidade interior cheia de podridão. São eles aqueles que aparentando ser boas pessoas, escondem uma realidade de mentiras, pecados e nada comprometida com os preceitos morais.

Depois Jesus fala das edificações (sepulcros e sacrários), que ficam ao redor de Jerusalém, para os profetas martirizados. Ele acusa escribas e fariseus de serem descendentes (física e espiritualmente) dos responsáveis por esses martírios.

É desta forma, expressando seus “ais”, que Jesus mostra sua mágoa pela forma como escribas e fariseus fazem mau uso de sua liderança religiosa que deveria estar a serviço da comunidade e não servindo para exaltação e interesse próprio.

Este são os mesmos perigos que permeiam nossas comunidades, ainda hoje, e que prejudicam a vida espiritual de muitos. Certamente Jesus diria novamente um “ai”, se participasse das comunidades de agora.

Meu irmão, minha irmã! Jesus continua a nos interpelar assim como fez com os mestres da Lei e os fariseus a respeito da sinceridade nas nossas “boas ações”. A franqueza e a transparência devem ser um princípio básico nas nossas atitudes. O nosso coração deve dar o ritmo para as nossas realizações, do contrário, por mais esforço exterior que façamos as nossas obras denotarão sinal de morte e não de vida. Seremos como sepulcros caiados, por fora, impecáveis, por dentro cheios de imundície. Assim também, em relação às palavras que pronunciamos, aos elogios fáceis e cheios de hipocrisia que emitimos com o intuito de agradar a alguém, enquanto o nosso coração, muitas vezes, até critica e reprova. A verdade e a justiça devem permear as nossas atitudes, nem que doa. Jesus foi transparente e sincero quando disse: “Ai de vós, hipócritas”!

Será que eu e você, somos nós, hoje, os mestres da Lei e os fariseus, falsos e cínicos? Como está a sua justiça? Ela é verdadeira? O que será que você poderá estar vivendo, só de fachada? Você gosta de criticar as falhas dos outros achando que não cairia no mesmo erro? Você costuma fazer alguma coisa somente para parecer “bonzinho – boazinha”? Você costuma refletir sobre as conseqüências das suas ações? Você tem costume de elogiar as pessoas somente para agradá-las? Se a sua conduta não for diferente da dos mestres e doutores da Lei saiba que Jesus está dirigindo para você estas palavras: Ai de você fariseu, hipócrita e doutor ou doutora da Lei!

Pai, torna-me de tal modo transparente que meu íntimo possa ser revelado por meus gestos e atitudes. Livra-me de ser como um sepulcro caiado!

 

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terça-feira, 29 de agosto de 2023

Martírio de São João Batista - Memória

 Memória do Martírio de São João Batista

Diante dos reis falo da vossa aliança, sem temer a vergonha. Encontro alegria em vossos preceitos, porque muito os amo (Sl 118,46s).

João, mais conhecido como o Batista, morreu mártir por sua coerência com a mensagem que pregava. A celebração desta memória tem origens antigas: século 5º, na França; século 6º, em Roma. Deixemo-nos impulsionar pelo exemplo desse santo profeta, que “tombou na luta pela justiça e pela verdade”.

Primeira Leitura: Jeremias 1,17-19

Leitura do livro do profeta Jeremias – Naqueles dias, a palavra do Senhor foi-me dirigida: 17“Vamos, põe a roupa e o cinto, levanta-te e comunica-lhes tudo que eu te mandar dizer: não tenhas medo, senão eu te farei tremer na presença deles. 18Com efeito, eu te transformarei hoje numa cidade fortificada, numa coluna de ferro, num muro de bronze, contra todo o mundo, frente aos reis de Judá e seus príncipes, aos sacerdotes e ao povo da terra; 19eles farão guerra contra ti, mas não prevalecerão, porque eu estou contigo para defender-te”, diz o Senhor. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 70(71)

Minha boca anunciará vossa justiça.

1. Eu procuro meu refúgio em vós, Senhor: / que eu não seja envergonhado para sempre! / Porque sois justo, defendei-me e libertai-me! / Escutai a minha voz, vinde salvar-me! – R.

2. Sede uma rocha protetora para mim, / um abrigo bem seguro que me salve! / Porque sois a minha força e meu amparo, † o meu refúgio, proteção e segurança! / Libertai-me, ó meu Deus, das mãos do ímpio. – R.

3. Porque sois, ó Senhor Deus, minha esperança, / em vós confio desde a minha juventude! / Sois meu apoio desde antes que eu nascesse, / desde o seio maternal, o meu amparo. – R.

4. Minha boca anunciará todos os dias / vossa justiça e vossas graças incontáveis. / Vós me ensinastes desde a minha juventude, / e até hoje canto as vossas maravilhas. – R.

Evangelho: Marcos 6,17-29

Aleluia, aleluia, aleluia.

Felizes os que são perseguidos por causa da justiça do Senhor, / porque o Reino dos Céus há de ser deles! (Mt 5,10) – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos – Naquele tempo, 17Herodes tinha mandado prender João e colocá-lo acorrentado na prisão. Fez isso por causa de Herodíades, mulher do seu irmão Filipe, com quem se tinha casado. 18João dizia a Herodes: “Não te é permitido ficar com a mulher do teu irmão”. 19Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, mas não podia. 20Com efeito, Herodes tinha medo de João, pois sabia que ele era justo e santo, e por isso o protegia. Gostava de ouvi-lo, embora ficasse embaraçado quando o escutava. 21Finalmente, chegou o dia oportuno. Era o aniversário de Herodes, e ele fez um grande banquete para os grandes da corte, os oficiais e os cidadãos importantes da Galileia. 22A filha de Herodíades entrou e dançou, agradando a Herodes e seus convidados. Então o rei disse à moça: “Pede-me o que quiseres e eu to darei”. 23E lhe jurou, dizendo: “Eu te darei qualquer coisa que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino”. 24Ela saiu e perguntou à mãe: “O que vou pedir?” A mãe respondeu: “A cabeça de João Batista”. 25E, voltando depressa para junto do rei, pediu: “Quero que me dês agora, num prato, a cabeça de João Batista”. 26O rei ficou muito triste, mas não pôde recusar. Ele tinha feito o juramento diante dos convidados. 27Imediatamente, o rei mandou que um soldado fosse buscar a cabeça de João. O soldado saiu, degolou-o na prisão, 28trouxe a cabeça num prato e a deu à moça. Ela a entregou à sua mãe. 29Ao saberem disso, os discípulos de João foram lá, levaram o cadáver e o sepultaram. – Palavra da salvação.

Reflexão

Ao celebrar hoje a memória de São João Batista, a Igreja faz-nos recordar não só o testemunho de fé e retidão que, do início ao fim da vida, deu o Precursor do Senhor, mas também a tragédia em que o pecado mergulhou o coração de Herodes. O evangelista São Marcos faz questão de registrar que o rei "respeitava João, sabendo que era um homem justo e santo; protegia-o e, quando o ouvia, sentia-se embaraçado. Mas, mesmo assim, de boa mente o ouvia". Duas coisas, portanto, se passavam no espírito de Herodes ao escutar a pregação do Batista: por um lado, agradava-se de suas palavras, enérgicas e inspiradoras; por outro, ficava embaraçado, indeciso, receoso de, cedendo à voz que clama no deserto (cf. Mc 1, 3), converter-se como todo pecador. Ele se encantava, pois, com a verdade que reconhecia nas palavras de João, mas não encontrava forças para pagar o preço de viver conforme essa verdade. Sentia-se atraído por aquele caminho novo que o Batista vinha aplainando, mas não estava disposto a largar a vida velha a que desde cedo se acomodara.

É só um juramento vão, feito a uns tantos comensais, que o faz decidir-se, enfim, por agradar antes aos homens do que a Deus: "O rei entristeceu-se", porque não queria dar cabo de João; "todavia, por causa da sua promessa e dos convivas", ou seja, por mero respeito humano, "não quis recusar". A ele se aplicam, pois, aquelas palavras que Jesus dirigiria noutra ocasião aos fariseus: "Como podeis crer, vós que que recebeis a glória uns dos outros, e não buscais a glória que é só de Deus?" (Jo 5, 44). Porque é apenas seguindo a amabilíssima vontade de Deus, e não os tolos caprichos de uma Salomé ou de uma Herodíades, que chegaremos um dia ao Reino dos Céus. Que o deplorável exemplo de Herodes mova-nos a pedir a Cristo a graça de, uma vez tocados pela verdade, termos a coragem de a viver sincera e integralmente, por mais amarga e exigente que ela seja. — São João Batista, intercedei por nós junto ao Cordeiro em testemunho do qual entregastes a vida!

 

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segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Santo Agostinho, bispo e doutor da Igreja - Memória

 Aí de vós, mestres da lei e fariseus hipócritas."Jesus📖M… | Flickr

No meio da Igreja, o Senhor colocou a palavra nos seus lábios; deu-lhe o espírito de sabedoria e inteligência e o revestiu de glória (Eclo 15,5).

Agostinho nasceu em Tagaste, no norte da África, em 354 e faleceu em Hipona, na mesma região, em 430. Bispo, foi considerado o pai dos pobres e o grande defensor da doutrina de Cristo, além de o mais profundo e importante filósofo e teólogo do seu tempo. Suas obras iluminaram quase todos os pensadores dos séculos seguintes. Escreveu livros de valor inestimável, entre os quais sua autobiografia, Confissões, e Cidade de Deus. Com esse doutor da Igreja, aprendamos a valorizar a cultura, sem descuidar a prática da caridade.

Primeira Leitura: 1 Tessalonicenses 1,1-5.8-10

Início da primeira carta de São Paulo aos Tessalonicenses1Paulo, Silvano e Timóteo à Igreja dos tessalonicenses, reunida em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo: a vós, graça e paz! 2Damos graças a Deus por todos vós, lembrando-vos sempre em nossas orações. 3Diante de Deus, nosso Pai, recordamos sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo. 4Sabemos, irmãos amados por Deus, que sois do número dos escolhidos. 5Porque o nosso Evangelho não chegou até vós somente por meio de palavras, mas também mediante a força que é o Espírito Santo; e isso com toda a abundância. Sabeis de que maneira procedemos entre vós, para o vosso bem. 8A vossa fé em Deus propagou-se por toda parte. Assim, nós já nem precisamos falar, 9pois as pessoas mesmas contam como vós nos acolhestes e como vos convertestes, abandonando os falsos deuses para servir ao Deus vivo e verdadeiro, 10esperando dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos: Jesus, que nos livra do castigo que está por vir. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 149

O Senhor ama seu povo de verdade.

1. Cantai ao Senhor Deus um canto novo / e o seu louvor na assembleia dos fiéis! / Alegre-se Israel em quem o fez / e Sião se rejubile no seu rei! – R.

2. Com danças glorifiquem o seu nome, / toquem harpa e tambor em sua honra! / Porque, de fato, o Senhor ama seu povo / e coroa com vitória os seus humildes. – R.

3. Exultem os fiéis por sua glória / e, cantando, se levantem de seus leitos / com louvores do Senhor em sua boca. / Eis a glória para todos os seus santos. – R.

Evangelho: Mateus 23,13-22

Aleluia, aleluia, aleluia.

Minhas ovelhas escutam minha voz, / eu as conheço e elas me seguem (Jo 10,27). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, disse Jesus: 13“Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós fechais o Reino dos Céus aos homens. Vós, porém, não entrais nem deixais entrar aqueles que o desejam.[14] 15Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós percorreis o mar e a terra para converter alguém e, quando o conseguis, o tornais merecedor do inferno, duas vezes pior do que vós. 16Ai de vós, guias cegos! Vós dizeis: ‘Se alguém jura pelo templo, não vale; mas, se alguém jura pelo ouro do templo, então vale!’ 17Insensatos e cegos! O que vale mais: o ouro ou o templo, que santifica o ouro? 18Vós dizeis também: ‘Se alguém jura pelo altar, não vale; mas, se alguém jura pela oferta que está sobre o altar, então vale!’ 19Cegos! O que vale mais: a oferta ou o altar que santifica a oferta? 20Com efeito, quem jura pelo altar, jura por ele e por tudo o que está sobre ele. 21E quem jura pelo templo, jura por ele e por Deus, que habita no templo. 22E quem jura pelo céu, jura pelo trono de Deus e por aquele que nele está sentado”. – Palavra da salvação.

Reflexão
 
Muitas vezes, temos dificuldades de ver a religião na sua totalidade e, com isso, a reduzimos a alguns aspectos que julgamos mais importantes, mas que são frutos na nossa subjetividade. O problema é que, na maioria das vezes, nos prendemos ao que é acidental no plano da fé, como, por exemplo, sinais externos ou formas de espiritualidade e nos esquecemos dos valores que de fato são essenciais à nossa fé, seja no plano das verdades, seja no campo da espiritualidade, seja no campo da moral ou da virtude, de modo que a nossa religiosidade fica sendo superficial e unilateral, a religião que nós queremos viver e não a religião que Deus quer que nós vivamos.
 
 
Fonte CNBB

domingo, 27 de agosto de 2023

21º Domingo do Tempo Comum - “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”

 CRISTO minha CERTEZA: LEITURA ORANTE DO DIA - 23/08/2020

Inclinai, Senhor, o vosso ouvido e escutai-me; salvai, meu Deus, o servo que confia em vós. Tende compaixão de mim, clamo por vós o dia inteiro (Sl 85,1ss).

A liturgia nos questiona sobre quem é Jesus para nós e nos convida a uma resposta pessoal, inspirada pela sabedoria divina. As palavras de Pedro, representando os discípulos, têm a força de suscitar em nós a fé que vai além de palavras e se exprime na confiança em Deus, o único que pode dar a segurança de uma rocha, sobre a qual a comunidade é construída. Celebremos em comunhão com os catequistas e com todos os servidores da comunidade.

Primeira Leitura: Isaías 22,19-23

Leitura do livro do profeta Isaías – Assim diz o Senhor a Sobna, o administrador do palácio: 19“Eu vou te destituir do posto que ocupas e demitir-te do teu cargo. 20Acontecerá que nesse dia chamarei meu servo Eliacim, filho de Helcias, 21e o vestirei com a tua túnica e colocarei nele a tua faixa, porei em suas mãos a tua autoridade; ele será um pai para os habitantes de Jerusalém e para a casa de Judá. 22Eu o farei levar aos ombros a chave da casa de Davi; ele abrirá, e ninguém poderá fechar; ele fechará, e ninguém poderá abrir. 23Hei de fixá-lo como estaca em lugar seguro, e aí ele terá o trono de glória na casa de seu pai”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 137(138)

Ó Senhor, vossa bondade é para sempre! / Completai em mim a obra começada!

1. Ó Senhor, de coração eu vos dou graças, / porque ouvistes as palavras dos meus lábios! / Perante os vossos anjos vou cantar-vos / e ante o vosso templo vou prostrar-me. – R.

2. Eu agradeço vosso amor, vossa verdade, / porque fizestes muito mais que prometestes; / naquele dia em que gritei, vós me escutastes / e aumentastes o vigor da minha alma. – R.

3. Altíssimo é o Senhor, mas olha os pobres / e de longe reconhece os orgulhosos. / Ó Senhor, vossa bondade é para sempre! † Eu vos peço: não deixeis inacabada, / esta obra que fizeram vossas mãos! – R.

Segunda Leitura: Romanos 11,33-36

Leitura da carta de São Paulo aos Romanos 33Ó profundidade da riqueza, da sabedoria e da ciência de Deus! Como são inescrutáveis os seus juízos e impenetráveis os seus caminhos! 34De fato, quem conheceu o pensamento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? 35Ou quem se antecipou em dar-lhe alguma coisa, de maneira a ter direito a uma retribuição? 36Na verdade, tudo é dele, por ele e para ele. A ele a glória para sempre. Amém! – Palavra do Senhor.

Evangelho: Mateus 16,13-20

Aleluia, aleluia, aleluia.

Tu és Pedro, e sobre esta pedra / edificarei minha Igreja; / e os poderes do reino das trevas / jamais poderão contra ela! (Mt 16,18) – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 13Jesus foi à região de Cesareia de Filipe e aí perguntou a seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” 14Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros, ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”. 15Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” 16Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. 17Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. 19Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”. 20Jesus, então, ordenou aos discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Messias. – Palavra da salvação.

Reflexão

Temos, neste domingo, a alegria de poder meditar sobre tão augusto mistério, que também é o tema do nosso curso mais recente de Cristologia. Das palavras do Evangelho, recolhemos uma verdade da qual poucos se dão conta: a identidade de Jesus não pode ser realmente conhecida, senão pelo auxílio de uma luz sobrenatural. Nem os melhores historiadores, nem os melhores sociólogos, nem os mais sublimes teólogos, biblistas e exegetas podem conhecer, de fato, a Pessoa de Cristo, se não estiverem cobertos pela unção do Espírito Santo, como nos atesta S. Paulo (cf. 1Cor 12, 3).

2. O Evangelho nos mostra que o conhecimento natural não é suficiente para saber quem é Jesus. Se, por um lado, as suas ações demonstram um poder extraordinário — Ele faz milagres, anda por sobre as águas, conhece os corações —, por outro elas não nos levam a concluir, necessariamente, que aquele homem seja o Deus vivo, que se encarnou para nos salvar. Há uma desproporção enorme. Até os mais piedosos de seu tempo acreditavam que Jesus era apenas mais um profeta poderoso — como Moisés, que abriu o mar Vermelho, ou Elias, que foi arrebatado aos céus —, e não a segunda Pessoa da Beatíssima Trindade. Porque esse conhecimento, seja como for, só nos pode ser concedido pela Revelação. Trata-se, portanto, de algo que nem mesmo uma inteligência angélica poderia conhecer por si mesma.

Deve ser motivo de grande júbilo, nesse sentido, o fato de que Deus queira se revelar a nós, criaturas débeis e pouco instruídas. Mas essa graça só é concedida aos que a pedem com perseverança, conforme a promessa de Nosso Senhor: “Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem” (Lc 11, 13). Não significa que devamos ser, desde já, almas místicas de sétimas moradas; mas importa que sejamos, sim, homens e mulheres de oração, que tudo esperam de Deus, cuja graça “não está tampouco do outro lado do mar”, recordam-nos as Escrituras, mas “está perto de ti, na tua boca e no teu coração” (Dt 30, 13–14). 

3. Não obstante, nenhuma graça pode ser obtida por quem se mantém preso aos deuses mudos. Em sua professio fidei, S. Pedro destaca que Jesus é o “Filho do Deus vivo”, contrapondo-o aos ídolos mortos dos pagãos. A religião pagã tinha o costume nocivo de cultuar deuses cósmicos como as estrelas ou figuras míticas, desprovidas de verdadeira personalidade. Hoje em dia, esses falsos deuses estão presentes sob uma nova roupagem (o dinheiro, o sexo, a fama, a carreira, o entretenimento etc.) e têm a mesma influência negativa sobre nossos corações, fazendo-nos querer servir a dois senhores. No fim das contas, tornamo-nos reféns de nossas paixões e do nosso ego, agindo ora como cãezinhos feridos, lambendo as próprias vergonhas, ora como pavões vaidosos, exibindo glórias passageiras.

Com efeito, o Concílio Vaticano II explica que, em Cristo, não é só o mistério de Deus que se abre a nós, mas a nossa própria existência: “Cristo, novo Adão, na própria revelação do mistério do Pai e do seu amor, revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua sublime vocação” (Gaudium et Spes, n. 22). E, de fato, Jesus revelou a identidade mais profunda de Simão a partir daquela manifestação eloquente de fé. Desde então, o príncipe dos Apóstolos passou a se chamar Pedro, em referência à sua vocação de sustentar e confirmar a fé da Igreja de Cristo.

Neste domingo, peçamos a Nosso Senhor o dom de um conhecimento mais profundo de sua Pessoa divina, a fim de que não fiquemos mais vagando como indigentes neste mundo, mas, a exemplo de S. Pedro no Evangelho, sejamos apresentados à nossa verdadeira identidade e finalidade: a comunhão eterna com o Pai.

Oração. — Ó “Messias e Filho do Deus vivo”, cujo prêmio prometido aos vencedores “é uma pedrinha branca, na qual estará escrito um nome novo” (Ap 2, 17), tornai-nos dignos de professar a mesma fé de S. Pedro, a fim de que sejamos felizes pelo conhecimento do Pai do Céu e pela descoberta de nossa própria identidade e vocação. Amém.

 

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sábado, 26 de agosto de 2023

20ª Semana do Tempo Comum

 Evangelho do Dia: Jesus adverte os mestres da lei e fariseus (Mt 23, 13-22)  – Oratório São Luiz – 120 Anos

Ó Deus, nosso protetor, volvei para nós o vosso olhar e contemplai a face do vosso ungido, porque um dia em vosso templo vale mais que outros mil (Sl 83,10s).

Deus tece a história da salvação servindo-se dos acontecimentos corriqueiros de famílias ou pessoas específicas. Aprendamos a prestar atenção nos meios pelos quais o Senhor nos comunica sua mensagem e, em todas as situações, tenhamos em Cristo o guia seguro da nossa vida.

Primeira Leitura: Rute 2,1-3.8-11; 4,13-17

Leitura do livro de Rute1Noemi tinha um parente por parte do marido, homem poderoso e muito rico, da família de Elimelec, chamado Booz. 2Rute, a moabita, disse à sua sogra: “Permite que eu vá ao campo apanhar espigas, onde possa encontrar quem se mostre clemente para comigo”. Noemi respondeu: “Vai, minha filha”. 3Rute foi, pois, colher espigas num campo atrás dos ceifeiros. Aconteceu que aquele era justamente o campo de Booz, parente de Elimelec. 8E Booz disse a Rute: “Ouve, minha filha, não vás apanhar espigas a outro campo e não te afastes daqui, mas junta-te às minhas servas. 9Observa onde estão ceifando e vai atrás delas; pois ordenei aos meus servos que ninguém te moleste. Quando tiveres sede, vai aos cântaros e bebe da água de que bebem os meus servos”. 10Então Rute, caindo-lhe aos pés, inclinou-se profundamente e disse: “Como pude encontrar graça a teus olhos e te dignaste fazer caso de mim, uma mulher estrangeira?” 11Respondeu-lhe Booz: “Contaram-me tudo o que fizeste por tua sogra, depois da morte de teu marido: como deixaste teus pais e a terra onde nasceste e vieste para um povo que antes não conhecias”. 4,13Então Booz tomou Rute e recebeu-a como esposa. Uniu-se a ela e o Senhor concedeu-lhe a graça de conceber e dar à luz um filho. 14As mulheres diziam a Noemi: “Bendito seja o Senhor, que não permitiu que faltasse um sucessor à tua família e quis que o seu nome se conservasse em Israel, 15para que tenhas quem console a tua alma e te sustente na velhice, porque nasceu um menino de tua nora, que te ama e é para ti melhor que sete filhos”. 16E Noemi tomou o menino, colocou-o no colo e serviu-lhe de ama. 17As vizinhas congratulavam-se com ela, dizendo: “Nasceu um filho a Noemi!”, e deram-lhe o nome de Obed. Ele foi o pai de Jessé, pai de Davi. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 127(128)

Será assim abençoado todo aquele que respeita o Senhor.

1. Feliz és tu se temes o Senhor / e trilhas seus caminhos! / Do trabalho de tuas mãos hás de viver, / serás feliz, tudo irá bem! – R.

2. A tua esposa é uma videira bem fecunda / no coração da tua casa; / os teus filhos são rebentos de oliveira / ao redor de tua mesa. – R.

3. Será assim abençoado todo homem / que teme o Senhor. / O Senhor te abençoe de Sião / cada dia de tua vida. – R.

Evangelho: Mateus 23,1-12

Aleluia, aleluia, aleluia.

Vós tendes um só Pai, que está no céu, / vosso guia é um somente, é o Messias (Mt 23,9s). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 1Jesus falou às multidões e aos seus discípulos: 2“Os mestres da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. 3Por isso, deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. 4Amarram pesados fardos e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los nem sequer com um dedo. 5Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros. Eles usam faixas largas, com trechos da Escritura, na testa e nos braços e põem na roupa longas franjas. 6Gostam de lugar de honra nos banquetes e dos primeiros lugares nas sinagogas. 7Gostam de ser cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de Mestre. 8Quanto a vós, nunca vos deixeis chamar de Mestre, pois um só é vosso Mestre e todos vós sois irmãos. 9Na terra, não chameis a ninguém de pai, pois um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. 10Não deixeis que vos chamem de guias, pois um só é o vosso Guia, Cristo. 11Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. 12Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado”. – Palavra da salvação.

Reflexão

Jesus recomenda publicamente muita cautela contra os mestres da Lei e os fariseus, e aponta neles quatro atitudes reprováveis: eles impõem pesada carga de observâncias nas costas dos outros; fazem as coisas para serem vistos e admirados; ocupam os primeiros lugares nos banquetes e nas sinagogas; enfim, deleitam-se com os títulos humanos e apreciam que lhes façam reverência. Então, o que fazer? Assumir atitudes de humildade e não buscar títulos nem postos de honra. Aliás, na comunidade de Jesus, todos devem apresentar-se e viver com espírito de serviço, pois “o maior de vocês será aquele que presta serviço aos outros”. Quanto aos títulos e deferências, sejam atribuídos a quem se deve: Somente Deus é o verdadeiro Pai; somente Cristo é o verdadeiro Mestre de todos. Destaca-se o valor da irmandade.

 

Dia a Dia com o Evangelho 2023)
 

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

20ª Semana do Tempo Comum - Qual o primeiro dos Mandamentos?

 183. Reflexão para o 30º Domingo do Tempo Comum – Mt 22,34-40 (Ano A)

Primeira Leitura (Rt 1,1.3-6.14b-16.22)

Início do Livro de Rute.

1No tempo em que os juízes governavam, houve uma fome no país e um homem de Belém de Judá foi morar nos campos de Moab com sua mulher e seus dois filhos. 3Entretanto, morreu Elimelec, marido de Noemi, e esta ficou sozinha com seus dois filhos. 4Eles casaram-se com mulheres moabitas, uma das quais se chamava Orfa, a outra, Rute. E ali permaneceram uns dez anos. 5Depois morreram também os dois, Maalon e Quelion e a mulher ficou só, sem os dois filhos e sem o marido. 6Então ela se dispôs a voltar do campo de Moab para a sua pátria com as duas noras, porque tinha ouvido dizer que o Senhor havia olhado para o seu povo, e lhe tinha dado alimentos.

14bOrfa beijou sua sogra e partiu. Rute, porém, ficou com Noemi. 15Esta disse-lhe: “Olha, tua cunhada voltou para o seu povo e para os seus deuses. Vai com ela”. 16Mas Rute respondeu: “Não insistas comigo para que te deixe e me afaste de ti. Porque para onde fores irei contigo, onde pousares, lá pousarei eu também. Teu povo será o meu povo, e o teu Deus será o meu Deus”. 22Assim Noemi voltou dos campos de Moab, acompanhada de sua nora Rute, a moabita. Regressaram a Belém, quando começava a colheita da cevada.

- Palavra do Senhor - Graças a Deus.

Responsório Sl 145(146),5-6.7.8-9a.9bc-10 (R. 2a)

— Bendize, ó minha alma, ao Senhor!

— Bendize, ó minha alma, ao Senhor!

— É feliz todo homem que busca seu auxílio no Deus de Jacó, e que põe no Senhor a esperança. O Senhor fez o céu e a terra, fez mar e o que neles existe.

— Faz justiça aos que são oprimidos; ele dá alimento aos famintos, é o Senhor quem liberta os cativos.

— O Senhor abre os olhos aos cegos o Senhor faz erguer-se o caído; o Senhor ama aquele que é justo. É o Senhor quem protege o estrangeiro.

— Ele ampara a viúva e o órfão mas confunde os caminhos dos maus. O Senhor reinará para sempre! Ó Sião, o teu Deus reinará para sempre e por todos os séculos!

Evangelho (Mt 22,34-40)

— Aleluia, Aleluia, Aleluia.

— Fazei-me conhecer vossa estrada, vossa verdade me oriente e me conduza! Sl 24(25),4b.5a

— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.

— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 34os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então eles se reuniram em grupo, 35e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo: 36”Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” 37Jesus respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!’ 38Esse é o maior e o primeiro mandamento. 39O segundo é semelhante a esse: ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’. 40Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos”.

Palavra da Salvação — Glória a vós, Senhor.

No Evangelho de hoje, Jesus reduz a dois princípios básicos e acessíveis todo o conjunto da Lei: amar a Deus acima de tudo e ao próximo, como a si mesmo, por amor a Deus. É interessante notar, em primeiro lugar, que a vinda de Cristo a este mundo implicou, entre outras coisas, a abolição de todos os preceitos rituais e processuais do Antigo Testamento; só permaneceu vigente o que era, e sempre será, de direito natural, ou seja: o Decálogo, que exprime em suas duas tábuas "os deveres fundamentais do homem para com Deus e para com o próximo" (CIC, n. 2072). Trata-se de obrigações morais graves que, em seu núcleo essencial, podem resumir-se ao chamado que Jesus dirige hoje a cada um de nós: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração [...] e ao teu próximo como a ti mesmo". 

Reflexão

O primeiro destes preceitos é cumprido quando, por causa de Deus, buscamos com toda sinceridade observar o segundo, isto é: amamos o Senhor de todo o coração quando é por amor a Ele que amamos ao próximo. Disto se vê que esses dois amores, longe de se oporem um ao outro, na verdade se complementam mutuamente, porque "aquele que não ama seu irmão, a quem vê", diz São João, "é incapaz de amar a Deus, a quem não vê" (1Jo 4, 20). É no próximo, portanto, que temos ocasião de amar concretamente a Deus, e é do amor que temos a Ele, antes de tudo, que a caridade para com nossos irmãos recebe todo o seu valor, todo o seu sentido, todo o seu mérito. Que à nossa vida de oração não falte, pois, esse "ingrediente" essencial e indispensável a uma vida de genuína santidade: esforçar-se com todas as forças, confiante no auxílio da graça, por amar a Deus presente em nossos semelhantes.

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terça-feira, 22 de agosto de 2023

Nossa Senhora Rainha - Maria do sim.

 Prª Stª Teresinha on Twitter: "Maria, então, disse: Eis aqui a serva do  Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra! E o anjo retirou-se (Lc 1,38)  http://t.co/CskyVvfTBp" / Twitter

A rainha está à vossa direita com suas vestes de ouro, ornada de esplendor (Sl 44,10).

O calendário romano aproximou a celebração litúrgica da memória de Nossa Senhora Rainha à solenidade da Assunção, a fim de tornar mais evidente a conexão entre a assunção e a realeza de Maria. O senhorio de Maria amadureceu na obediência à vocação materna, acolhida na anunciação. O anúncio do Reino de Jesus trazido pelo anjo engloba também o da Rainha Mãe. Deixemo-nos impulsionar por Maria, cujo reinar é servir. Servir a Deus e aos irmãos.

Primeira Leitura: Isaías 9,1-6

Leitura do livro do profeta Isaías 1O povo que andava na escuridão viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu. 2Fizeste crescer a alegria e aumentaste a felicidade; todos se regozijam em tua presença como alegres ceifeiros na colheita ou como exaltados guerreiros ao dividirem os despojos. 3Pois o jugo que oprimia o povo – a carga sobre os ombros, o orgulho dos fiscais -, tu os abateste como na jornada de Madiã. 4Botas de tropa de assalto, trajes manchados de sangue, tudo será queimado e devorado pelas chamas. 5Porque nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho; ele traz aos ombros a marca da realeza; o nome que lhe foi dado é: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai dos tempos futuros, Príncipe da paz. 6Grande será o seu reino, e a paz não há de ter fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reinado, que ele irá consolidar e confirmar em justiça e santidade a partir de agora e para todo o sempre. O amor zeloso do Senhor dos exércitos há de realizar essas coisas. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 112(113)

Bendito seja o nome do Senhor, / agora e por toda a eternidade!

1. Louvai, louvai, ó servos do Senhor, / louvai, louvai o nome do Senhor! / Bendito seja o nome do Senhor, / agora e por toda a eternidade. – R.

2. Do nascer do sol até o seu ocaso, / louvado seja o nome do Senhor! / O Senhor está acima das nações, / sua glória vai além dos altos céus. – R.

3. Quem pode comparar-se ao nosso Deus, † ao Senhor, que no alto céu tem o seu trono / e se inclina para olhar o céu e a terra? – R.

4. Levanta da poeira o indigente / e do lixo ele retira o pobrezinho, / para fazê-lo assentar-se com os nobres, / assentar-se com os nobres do seu povo. – R.

Evangelho: Lucas 1,26-38

Aleluia, aleluia, aleluia.

Maria, alegra-te, ó cheia de graça, o Senhor é contigo; / és bendita entre todas as mulheres da terra! (Lc 1,28) – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 26o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi, e o nome da virgem era Maria. 28O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” 29Maria ficou perturbada com essas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”. 34Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso se eu não conheço homem algum?” 35O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37porque para Deus nada é impossível”. 38Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se. – Palavra da salvação.

Reflexão
 
“Que a paz esteja com você, Maria! Você é muito abençoada.”! Com essa expressão o anjo se dirigiu a Maria e anunciou advento do Filho do Altíssimo, o qual reinaria eternamente segundo o plano de Deus para a redenção da humanidade. Porque conhecia as Escrituras e confiava na promessa do Pai, Maria submeteu-se a ação do Espírito Santo e deu o seu sim para que a humanidade fosse redimida. O sim de Maria trouxe-nos Jesus. As mesmas palavras que o anjo dirigiu à Mãe de Jesus nos são dirigidas também, hoje, quando somos escolhidos a cooperar na edificação do reino de Deus aqui na terra: “Não tenhas medo,… porque encontraste graça diante de Deus!”
No Evangelho de hoje três aspectos me chamaram a atenção: a Fé de Maria que não questiona a vontade de Deus transmitida pelo anjo, o conteúdo da mensagem do anjo e a obediência expressa na resposta: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.”
            Maria recebeu o dom da divina maternidade porque teve fé e pela fé se torna felizarda. O nascimento de Jesus é obra da intervenção de Deus, pois Maria concebe sem conhecer homem algum. Aquele que vai iniciar nova história surge dentro da história de maneira totalmente inédita.
            0 título Filho de Deus, associado à ostentação de poder, foi atribuído aos faraós e a outros chefes de nações ou impérios, além de ao próprio rei Davi.  Muitos discípulos de Jesus se inclinaram a essa interpretação. Jesus, contudo, sempre se colocou em relação de filiação com o Deus Pai, misericordioso e todo amoroso. Filho de uma jovem pobre e de um carpinteiro, Jesus revela-se como o Filho de Deus humilde e solidário com os pobres e excluídos, aos quais deseja comunicar a vida divina.
            Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra. Palavras muito simples mais que atraem responsabilidade. Pois doravante aquela pobre menina vai ser depositária dos desígnios de Deus. Deus entra no tempo por meio do sim de Maria que se coloca como escreva ao serviço do seu senhor 24 horas por dia.
Assim como precisou de Maria, Deus precisa de cada um de nós para introduzir o Seu reino nas famílias do mundo. Todos nós somos escolhidos para nos submeter à ação do Espírito Santo e assim conceber Jesus no nosso coração. Por isso, precisamos estar sempre disponíveis a fazer a vontade do Pai que quer realizar em nós coisas admiráveis a fim de que sejamos também cheios de graça. Maria é um exemplo de humildade e obediência ao Pai. Devemos aprender com Maria a darmos sempre o sim a Deus acolhendo com humildade a Sua vontade sobre nós e nossas comunidades. 
Maria, Mãe de Jesus e minha mãe. Ensinai-me a dizer e viver o meu sim a Deus para que pelo meu sim eu possa continuar dando à luz a Jesus através das minhas palavras e obras aos meus irmãos. 
 
 

 Pe. Bantu Mendonça katchipwi Sayla

segunda-feira, 21 de agosto de 2023

20ª Semana do Tempo Comum - Jesus não é uma “obrigação” a mais

 Evangelho do Dia: O jovem rico (Mt 19,16-22) – Oratório São Luiz – 120 Anos

O Senhor o escolheu para a plenitude do sacerdócio e, abrindo seus tesouros, o cumulou de bens.

José Sarto nasceu na Itália em 1835 e lá faleceu em 1914. Nomeado cardeal e patriarca de Veneza, foi eleito papa em 1903, com o nome de Pio 10º. Empenhou-se por realizar inúmeras reformas nas áreas de catequese, liturgia, pastoral e missões. Celebrando sua memória, peçamos humildemente que nossa obra apostólica esteja alicerçada na íntima união pessoal com Cristo.

Primeira Leitura: Juízes 2,11-19

Leitura do livro dos Juízes – Naqueles dias, 11os filhos de Israel fizeram o que desagrada ao Senhor, servindo a deuses cananeus. 12Abandonaram o Senhor, o Deus de seus pais, que os havia tirado do Egito, e seguiram outros deuses dos povos que em torno deles habitavam, e os adoraram, provocando assim a ira do Senhor. 13Afastaram-se do Senhor para servir a Baal e a Astarte. 14Por isso, acendeu-se contra Israel a ira do Senhor, que os entregou nas mãos dos salteadores, que os saqueavam, e os vendeu aos inimigos que habitavam nas redondezas. E eles não puderam resistir aos seus adversários. 15Em tudo o que desejassem empreender, a mão do Senhor estava contra eles para sua desgraça, como lhes havia dito e jurado. A sua aflição era extrema. 16Então, o Senhor mandou-lhes juízes que os livrassem das mãos dos saqueadores. 17Eles, porém, nem aos seus juízes quiseram ouvir e continuavam a prostituir-se com outros deuses, adorando-os. Depressa se afastaram do caminho seguido por seus pais, que haviam obedecido aos mandamentos do Senhor; não procederam como eles. 18Sempre que o Senhor lhes mandava juízes, o Senhor estava com o juiz e os livrava das mãos dos inimigos enquanto o juiz vivia, porque o Senhor se deixava comover pelos gemidos dos aflitos. 19Mas, quando o juiz morria, voltavam a cair e portavam-se pior que seus pais, seguindo outros deuses, servindo-os e adorando-os. Não desistiram de suas obras perversas nem da sua conduta obstinada. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 105(106)

Lembrai-vos de nós, ó Senhor, / segundo o amor para com vosso povo!

1. Não quiseram suprimir aqueles povos / que o Senhor tinha mandado exterminar; / misturaram-se, então, com os pagãos / e aprenderam seus costumes depravados. – R.

2. Aos ídolos pagãos prestaram culto, / que se tornaram armadilha para eles; / pois imolaram até mesmo os próprios filhos, / sacrificaram suas filhas aos demônios. – R.

3. Contaminaram-se com suas próprias obras, / prostituíram-se em crimes incontáveis. / Acendeu-se a ira de Deus contra o seu povo, / e o Senhor abominou a sua herança. – R.

4. Quantas vezes o Senhor os libertou! / Eles, porém, por malvadez o provocavam. / Mas o Senhor tinha piedade do seu povo / quando ouvia o seu grito na aflição. – R.

Evangelho: Mateus 19,16-22

Aleluia, aleluia, aleluia.

Felizes os humildes de espírito, / porque deles é o Reino dos Céus (Mt 5,3). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 16alguém aproximou-se de Jesus e disse: “Mestre, o que devo fazer de bom para possuir a vida eterna?” 17Jesus respondeu: “Por que tu me perguntas sobre o que é bom? Um só é o bom. Se tu queres entrar na vida, observa os mandamentos”. 18O homem perguntou: “Quais mandamentos?” Jesus respondeu: “Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, 19honra teu pai e tua mãe e ama teu próximo como a ti mesmo”. 20O jovem disse a Jesus: “Tenho observado todas essas coisas. O que ainda me falta?” 21Jesus respondeu: “Se tu queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”. 22Quando ouviu isso, o jovem foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico. – Palavra da salvação.

Reflexão
O Evangelho de hoje repisa um dos pontos centrais da pregação de Cristo: a diferença entre o mínimo necessário para ser salvo e o único necessário que devemos ter em vista se, além de salvar-nos, quisermos ser perfeitos. A personagem que aparece hoje no Evangelho, por exemplo, é um símbolo perfeito do que poderíamos chamar “cristão médio”, cumpridor de suas obrigações religiosas e de seus deveres de estado, mas que ainda não tomou a peito, com santa violência, o chamado universal à santidade, que não é mais do que a perfeição no amor. Trata-se do jovem rico, que desde a infância observou, com zelo irreprochável, os Mandamentos que nos permitem “entrar na vida”, isto é, ir para o céu: “Tenho observado todas essas coisas”. No entanto, ainda lhe faltava, para tornar-se o que Jesus espera de todos os fiéis, o que falta a muitos de nós: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”. Não significa isto que os fiéis leigos tenham de abandonar o mundo, mas que devem viver nele como se já não vivessem, tendo como fim último de todas as suas ações, de todos os seus compromissos e afazeres, um amor sempre maior a Jesus Cristo. Aos que vivem no século como casados e trabalhadores normais não é possível, com efeito, vender literalmente tudo o que têm; mas lhes é possível, tanto quanto a um padre ou consagrado, ordenar a própria vida, em seus menores detalhes, à glória de Deus, amando-o com toda a intensidade nas ocupações mais “irrelevantes”: numa fila de banco, numa ida ao cartório, no cuidado de um parente enfermo, no preparo de uma refeição etc. etc. Em tudo isso, se tivermos a Cristo como fim, como a razão por que fazemos o que quer que façamos, teremos de certo modo vendido tudo o que temos, porque já não viveremos para nós, mas para aquele que, por tanto nos ter amado, bem merece ser o único cuidado do nosso coração: “Se queres ser perfeito…”.
 
 
 
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domingo, 20 de agosto de 2023

Solenidade - Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria.

 Maria nos visita trazendo Cristo

Grande sinal apareceu no céu: uma mulher que tem o sol por manto, a lua sob os pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça (Ap 12,1).

Com Maria cantemos as maravilhas que Deus continua a realizar em favor do seu povo. Assunta ao céu, ela atingiu a plenitude da salvação e nos espera a todos, à direita do Filho, fazendo-se nossa intercessora. Celebremos esta solenidade unidos aos vocacionados à vida consagrada: mulheres e homens que dão seu sim ao projeto de Jesus.

Primeira Leitura: Apocalipse 11,19; 12,1.3-6.10

Leitura do livro do Apocalipse de São João19Abriu-se o templo de Deus que está no céu e apareceu no templo a arca da Aliança. 12,1Então apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas. 3Então apareceu outro sinal no céu: um grande dragão, cor de fogo. Tinha sete cabeças e dez chifres e, sobre as cabeças, sete coroas. 4Com a cauda, varria a terça parte das estrelas do céu, atirando-as sobre a terra. O dragão parou diante da mulher, que estava para dar à luz, pronto para devorar o seu Filho, logo que nascesse. 5E ela deu à luz um filho homem, que veio para governar todas as nações com cetro de ferro. Mas o Filho foi levado para junto de Deus e do seu trono. 6A mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar. 10Ouvi então uma voz forte no céu, proclamando: “Agora, realizou-se a salvação, a força e a realeza do nosso Deus e o poder do seu Cristo”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 44(45)

À vossa direita se encontra a rainha / com veste esplendente de ouro de Ofir.

1. As filhas de reis vêm ao vosso encontro, † e à vossa direita se encontra a rainha / com veste esplendente de ouro de Ofir. – R.

2. Escutai, minha filha, olhai, ouvi isto: / “Esquecei vosso povo e a casa paterna! / Que o rei se encante com vossa beleza! / Prestai-lhe homenagem: é vosso Senhor! – R.

3. Entre cantos de festa e com grande alegria, / ingressam, então, no palácio real”. – R.

Segunda Leitura: 1 Coríntios 15,20-27

Leitura da primeira carta de São Paulo aos Coríntios – Irmãos, 20Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. 21Com efeito, por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. 22Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão. 23Porém cada qual segundo uma ordem determinada: em primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. 24A seguir, será o fim, quando ele entregar a realeza a Deus Pai, depois de destruir todo principado e todo poder e força. 25Pois é preciso que ele reine até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. 26O último inimigo a ser destruído é a morte. 27Com efeito, “Deus pôs tudo debaixo de seus pés”. – Palavra do Senhor.

Evangelho: Lucas 1,39-56

Aleluia, aleluia, aleluia.

Maria é elevada ao céu, / alegram-se os coros dos anjos. – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naqueles dias, 39Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. 40Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. 41Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! 43Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? 44Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. 45Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”. 46Então Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, 47e o meu espírito se alegra em Deus, meu salvador, 48porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, 49porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, 50e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o respeitam. 51Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. 52Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. 53Encheu de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias. 54Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, 55conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”. 56Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa. – Palavra da salvação.

Reflexão
Celebramos, neste domingo, a grande Solenidade da Assunção da Virgem Maria, cujo dogma foi proclamado por Pio XII, em 1950. “A imaculada Mãe de Deus”, diz a Bula Munificentissimus Deus, “terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”. Essa glória, de que goza agora nossa Mãe Bendita, é um privilégio maior do que o de todos os demais anjos e santos juntos, de modo que a felicidade de cada um deles, no Céu, consiste também em ver a felicidade eterna de Maria, que está singularmente unida a Nosso Senhor Jesus Cristo.

No Evangelho de hoje, a “humilde escrava do Senhor” canta jubilosamente as maravilhas que Deus ainda realizaria em seu coração, como uma profecia da sua Assunção gloriosa. A alegria que Nossa Senhora experimentou desde a Anunciação do Anjo foi consumada com a sua coroação na glória celestial. Por isso, a solenidade de hoje deveria ser celebrada com demasiado enlevo por todos os fiéis católicos. Porque, afinal de contas, qual filho não se alegraria com a felicidade de sua mãe?

2. Devemos, portanto, compreender o que é a felicidade, em primeiro lugar, para podermos meditar sobre o que se passou verdadeiramente no coração de nossa Mãe, no Céu. A felicidade, em sentido estrito, é a realização plena do propósito para o qual determinado ser existe. A finalidade dos olhos, por exemplo, é a visão, assim como a finalidade das narinas é a respiração. A alma humana, consequentemente, possui também uma finalidade última e é na realização dessa finalidade que podemos ser realmente felizes.

Infelizmente, é verdade, as pessoas de hoje acreditam que podem se satisfazer totalmente, tendo a liberdade para escolher apenas o que mais lhes apetece. Desse modo, elas se comportam como crianças que querem comer só bobagens, e não as refeições nutritivas para o desenvolvimento de seu organismo. Aqui, porém, é preciso recordar uma frase muito propícia de Santo Agostinho: “Fizestes-nos para Vós e o nosso coração está inquieto enquanto não descansar em Vós” (Confissões, I, 1, 1). Não, homem nenhum pode encontrar a felicidade perfeitíssima fora de sua vocação para Deus. E a própria história da humanidade dá testemunho disso, sobretudo nos momentos em que ela mais se mostrou incrédula e irreverente ao Sagrado: todos aqueles que quiseram criar um paraíso sem Deus, neste mundo, só conseguiram produzir o inferno.

Além disso, a felicidade que já teríamos aqui na terra foi corrompida pelo pecado original. No “jardim das delícias de Deus”, nossos primeiros pais se deixaram seduzir pela palavra do inimigo, pelo que acabaram expulsos daquele paraíso terreno. Agora, carregamos os fardos das doenças, das contradições, das violências, enfim, de todo tipo de dor e sofrimento. Por isso, as tentativas de se criar um “mundo ideal” são bastante utópicas e só podem terminar em fracassos e contendas, com um acusando o outro pela própria miséria. Grosso modo, somos como galinhas num granjeiro, tendo de pôr ovos e bicando-nos mutuamente.

3. A boa notícia, por outro lado, é que o Deus felicíssimo quis nos tornar participantes da sua eterna felicidade no Céu. E para recebê-la, consequentemente, nós devemos imitar o exemplo de Nossa Senhora. Antes de tudo, a Virgem Santíssima recebeu a Boa-nova com um ato de fé no anúncio do mensageiro de Deus. Depois, feliz com a notícia, seguiu apressadamente para a casa de sua prima Isabel, a fim de ajudá-la em sua gravidez. E Santa Isabel a recebeu com estas palavras, cheias do Espírito Santo: “Bem-aventurada és tu que creste, pois se há de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas” (Lc 1, 45).

Deus trouxe a felicidade à Virgem Maria e quer compartilhá-la conosco também. Mas sem fé não é possível recebê-la, porque, como diz a Carta aos Hebreus, “a fé é fundamento daquilo que ainda se espera e prova de realidades que não se veem” (11, 1). Nossa Senhora, por sua vez, alcançou a perfeita bem-aventurança na eternidade e, hoje, pode cantar o Cântico dos Cânticos: “Eu sou do meu amado e meu amado é meu” (6, 3). Do mesmo modo, nós precisamos crer na posse dessa felicidade eterna, o prêmio dos eleitos, “os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam” e que “os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou” (1Cor 2, 9).

Peçamos, pois, à Virgem que nos ensine a crer com a mesma fé dos bem-aventurados.

Oração.Mãe bendita, bem-aventurada Virgem Maria, vós que neste dia alcançastes a suma felicidade em corpo e alma no Céu, olhai compassiva para estes vossos filhos que peregrinam aqui na terra, e dai-nos viver com uma fé sempre crescente, uma esperança certa e um amor abrasado, para que, convosco, possamos um dia contemplar definitivamente a face daquele que quer entregar-se definitivamente a nós. Amém.

 
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