terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A ALEGRIA DE TER UM SUPERIOR.


Deus criou o mundo onde os seres, apesar de possuírem uma igualdade básica, são profundamente desiguais, unidos e harmonizados em uma perfeita hierarquia. O universo assim ordenado faz resplandecer a beleza de Deus.
Como seria tétrico nos depararmos com o cadáver de alguém que houvesse cortado sua própria cabeça, alegando demasiada opressão desta sobre o resto do corpo! Pior todavia se a decapitação fosse obra não da própria pessoa, mas de outra. Neste caso, o ato não será apenas tétrico, mas digno de compaixão e de ódio. Compaixão pela desgraça que se abatera sobre aquela vítima, ódio contra os autores desta tremenda injustiça.

Mas alguém poderia objetar: injustiça? Não é injusto o modo como a cabeça se aproveita do corpo? Tem a cabeça o direito de sugar as energias, beneficiar-se dos alimentos trabalhados pelo aparelho digestivo, usar os membros para executar seus planos e pensamentos? Tudo isso não é uma exploração dos membros inferiores? Não é uma vergonha para os demais membros e partes do corpo estar mais abaixo e ter constantemente sobre si a cabeça?
Estas perguntas absurdas, que pareciam brotadas de uma mente insana, surgiram na mente e nos lábios de homens que se diziam adoradores da razão e contagiaram uma nação, não apenas no âmbito individual, mas no corpo de toda uma sociedade. "A Revolução Francesa foi o triunfo do igualitarismo em dois campos. No campo religioso, sob a forma de ateísmo, artificiosamente rotulado de laicismo. E na esfera política, pela falsa máxima de que toda a desigualdade é uma injustiça, toda autoridade um perigo, e a liberdade o bem supremo" [1].

Agitada por tais ideias revolucionárias, a França viu seus soberanos decapitados, seus nobres e seu clero massacrados. Ainda em nome do povo se praticavam estas barbaridades, o verdadeiro povo, no oeste do país, dava sua vida na defesa de seu Deus e seu Rei. Na defesa de Deus? Mas o ataque não era contra os nobres, ricos e opressores? Basta analisar os fatos históricos e as doutrinas revolucionárias para concluir que o ódio dos revolucionários era no fundo contra Deus.
As autoridades, tão ferozmente atacadas, não são senão um reflexo do Altíssimo e representantes dEle na Terra. "Toda autoridade existente na terra é significado de Deus. [...] Não se trata da pessoa do rei, que pode ser um crápula, senão a autoridade do rei - os atributos, a missão, o poder, o cargo régios - é um fulgor de Deus" [2].

Agradou o Senhor criar um mundo onde os seres, apesar de possuir uma igualdade elementar, são profundamente desiguais, unidos e harmonizados pela mais perfeita hierarquia. O universo assim ordenado faz resplandecer a beleza de Deus. Os superiores são completados pelos inferiores e vice-versa. A Missão do superior não é a de ser um opressor em relação ao inferior, mas seu pai e protetor; enquanto ao inferior, não deve ser um contestatário, que se rebela contra o que está acima, senão aquele que encontra toda sua alegria em poder servir. Esta é, de fato, a maior alegria que um homem pode ter nesta Terra, a de ter um superior a quem servir. E este gáudio é acessível a todos os homens, posto que o mais ilustre dos Papa ou dos Reis está infinitamente abaixo de Deus e lhe deve toda a veneração e obediência, havendo recebido dEle a autoridade.




Por María Teresa Ribeiro Matos

SIMPLICIDADE E MISTÉRIO.

Tenho orado há muitos e muitos anos e posso falar muitas coisas sobre a oração, mas se só pudesse enfatizar um aspecto, diria às pessoas que ela é muito mais fácil do que pensamos.
Quando Deus começou a me ensinar a orar, fiquei surpresa ao aprender que Ele não fez da oração algo complicado, mas que ela é realmente simples.
Às vezes as pessoas transformam a oração em algo árido e difícil; às vezes nossa mentalidade e nossos sistemas religiosos apresentam a oração de um jeito que ela parece ser algo fora do alcance da maioria de nós.
Pode acreditar, estou dizendo a verdade quando digo que Deus deseja que tenhamos uma vida de oração natural e agradável. Ele quer que nossas orações sejam honestas e sinceras, e que a nossa comunicação com Ele independa de regras, regulamentos, legalismos, intermediários e obrigações. Ele deseja que a oração seja parte integrante da nossa vida — a parte mais fácil de nossa atividade diária.

Suspeito que muitas pessoas oram muito mais do que pensam e que elas têm uma vida de oração muito mais eficaz e vitoriosa do que imaginam. Elas nem sempre percebem quando estão orando porque lhes foi ensinado que a oração requer determinado ambiente, certa postura e certa forma de expressão, ou então que precisam seguir estritamente certos princípios. Orar é simplesmente falar com Deus. Na verdade, podemos orar a qualquer hora, em qualquer lugar — até mesmo dirigir um pensamento a Deus pode ser considerado uma oração silenciosa.

Deus quer que você aprenda a orar com mais eficácia, e Ele deseja que você alcance mais realizações por intermédio da sua vida de oração. Estou certa de que algo dentro de você quer aprofundar sua intimidade com Deus através da oração. Acredito que você saiba que a oração é poderosa e que anseie por ver o seu tremendo poder liberado em sua vida, nas vidas daqueles a quem você ama e nas situações que lhe dizem respeito.
Orações curtas e simples podem ser extremamente poderosas, mas isso não elimina o fato de que a oração é também um grande mistério. Watchmann Nee, um cristão chinês que escreveu muitos livros profundos enquanto esteve preso por causa de sua fé, declarou: “A oração é o ato mais maravilhoso da esfera espiritual, assim como um romance extremamente misterioso”.

O maior mistério da oração é o fato de que ela une o coração das pessoas ao coração de Deus. A oração é espiritual e penetra na esfera do invisível; ela extrai coisas dessa esfera invisível e as traz para a esfera em que as podemos ver, exatamente onde vivemos. Ela introduz bênçãos espirituais em nossa vida natural diária e faz com que um poder espiritual seja derramado sobre as circunstâncias terrenas que nos envolvem. Nós, seres humanos, somos as únicas criaturas no universo que podem permanecer na esfera natural e tocar a esfera espiritual.
Gosto de dizer que a oração abre a porta para Deus trabalhar.
À medida que colaboramos com Ele na esfera espiritual por meio da oração, trazemos as coisas dessa mesma esfera para dentro da nossa vida, do nosso mundo, da nossa sociedade, e para dentro da vida de outras pessoas. Tudo isso vem do céu, esses dons de Deus já estão reservados para nós, mas nunca os possuiremos se não orarmos e pedirmos a Deus.





Joyce Meyer, em “O PODER DA ORAÇÃO SIMPLES”

LITURGIA DIÁRIA - O PODER DA FÉ EM JESUS.


Primeira Leitura: 2º Samuel 18, 9-10.14.24-25.30; 19, 1-3

SÃO JOÃO BOSCO PRESBÍTERO
(branco, prefácio comum ou dos pastores - ofício da memória)

Leitura do segundo livro de Samuel - Naqueles dias, 9Absalão encontrou-se de repente em presença dos homens de Davi. Montava uma mula, e esta enfiou-se sob a folhagem espessa de um grande carvalho. A cabeça de Absalão prendeu-se nos galhos da árvore, e ele ficou suspenso entre o céu e a terra, enquanto a mula em que montava passava adiante. 10Vendo isso, um homem informou a Joab, dizendo: Eu vi Absalão suspenso a um carvalho.
14Joab disse: Não tenho tempo a perder contigo. Tomou, então, três dardos na mão e plantou-os no coração de Absalão. E estando ele ainda vivo no carvalho, 24Davi estava sentado entre as duas portas. A sentinela que tinha subido ao terraço da porta, sobre a muralha, levantou os olhos e viu um homem que vinha correndo sozinho.
25Gritando, anunciou-o ao rei, que disse: Se ele vem só, traz alguma boa nova. Entretanto, o homem se aproximava. 30O rei disse-lhe: Põe-te aqui ao lado e espera. Ele afastou-se e esperou ali. 1E foram dizer a Joab: Eis que o rei chora e se lamenta por causa de Absalão. 2E a vitória se transformou em luto naquele dia para todo o exército, porque o povo ouvira dizer que o rei estava acabrunhado de dor por causa de seu filho. 3Por isso, o exército entrou na cidade em silêncio, como faria um exército coberto de vergonha por ter fugido ao combate. - Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial(85)
REFRÃO: Inclinai vosso ouvido, ó Senhor, e respondei-me!
1. Oração de Davi. Inclinai, Senhor, vossos ouvidos e atendei-me, porque sou pobre e miserável. Protegei minha alma, pois vos sou fiel; salvai o servidor que em vós confia. Vós sois meu Deus; - R.
2. tende compaixão de mim, Senhor, pois a vós eu clamo sem cessar. Consolai o coração de vosso servo, porque é para vós, Senhor, que eu elevo minha alma. - R.
3. Porquanto vós sois, Senhor, clemente e bom, cheio de misericórdia para quantos vos invocam. Escutai, Senhor, a minha oração; atendei à minha suplicante voz. - R.
Evangelho: Marcos 5, 21-43

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 21Tendo Jesus navegado outra vez para a margem oposta, de novo afluiu a ele uma grande multidão. Ele se achava à beira do mar, quando 22um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo, se apresentou e, à sua vista, lançou-se-lhe aos pés, 23rogando-lhe com insistência: Minha filhinha está nas últimas.
Vem, impõe-lhe as mãos para que se salve e viva. 24Jesus foi com ele e grande multidão o seguia, comprimindo-o. 25Ora, havia ali uma mulher que já por doze anos padecia de um fluxo de sangue. 26Sofrera muito nas mãos de vários médicos, gastando tudo o que possuía, sem achar nenhum alívio; pelo contrário, piorava cada vez mais. 27Tendo ela ouvido falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou-lhe no manto. 28Dizia ela consigo: Se tocar, ainda que seja na orla do seu manto, estarei curada. 29Ora, no mesmo instante se lhe estancou a fonte de sangue, e ela teve a sensação de estar curada. 30Jesus percebeu imediatamente que saíra dele uma força e, voltando-se para o povo, perguntou: Quem tocou minhas vestes? 31Responderam-lhe os seus discípulos: Vês que a multidão te comprime e perguntas: Quem me tocou? 32E ele olhava em derredor para ver quem o fizera. 33Ora, a mulher, atemorizada e trêmula, sabendo o que nela se tinha passado, veio lançar-se-lhe aos pés e contou-lhe toda a verdade.
34Mas ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e sê curada do teu mal. 35Enquanto ainda falava, chegou alguém da casa do chefe da sinagoga, anunciando: Tua filha morreu. Para que ainda incomodas o Mestre? 36Ouvindo Jesus a notícia que era transmitida, dirigiu-se ao chefe da sinagoga: Não temas; crê somente. 37E não permitiu que ninguém o acompanhasse, senão Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. 38Ao chegar à casa do chefe da sinagoga, viu o alvoroço e os que estavam chorando e fazendo grandes lamentações. 39Ele entrou e disse-lhes: Por que todo esse barulho e esses choros? A menina não morreu. Ela está dormindo.
 40Mas riam-se dele. Contudo, tendo mandado sair todos, tomou o pai e a mãe da menina e os que levava consigo, e entrou onde a menina estava deitada. 41Segurou a mão da menina e disse-lhe: Talita cumi, que quer dizer: Menina, ordeno-te, levanta-te! 42E imediatamente a menina se levantou e se pôs a caminhar (pois contava doze anos). Eles ficaram assombrados. 43Ordenou-lhes severamente que ninguém o soubesse, e mandou que lhe dessem de comer.Jesus de Nazaré - Palavra da salvação.
catolicanet.com
Homilia - Pe Bantu

Estamos hoje diante de dois casos sobre os quais o poder de Deus na pessoa de Jesus se manifesta. Pois humanamente falando seria impossível, mas que pela fé em Jesus se tornam possíveis.
Jairo teve o privilégio de fazer uma oração na presença física do próprio Jesus. Poderia ousar dizendo que ele deu um passo certeiro, por ter sido feito com fé. Assim a minha e a tua oração deve ser um passo de fé: “em tudo porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas necessidades, pela oração e pela súplica, com ações de graça”. (Fl. 4:6). Jairo era uma pessoa muito importante, um dos principais da sinagoga e teve três ações diante de Jesus:
Jairo estava aflito, não sabia o que fazer, sua filhinha estava morrendo, então ele olha para Jesus. É preciso ser humilde e reconhecer que sem Deus nada podemos fazer (Jo. 15:5 “porque sem mim nada podeis fazer”). É preciso em primeiro lugar olhar para Jesus, saber que para Ele nada é impossível (Lc. 1:37). Jairo reconheceu isso e teve uma atitude de uma simplicidade ainda maior: prostrou-se diante de Jesus. Ele é o nosso rei, Ele é o nosso Mestre, devemos diariamente nos prostrar diante de Deus em oração. E prostrado diante de Jesus, Jairo suplicou: “Minha filhinha está à morte; vem impõe as mãos sobre ela, para que seja salva e viverá”.

O mais importante na oração de Jairo foi a certeza do poder de cura de Jesus: “vem, impõe as mãos sobre ela, para que seja salva e viverá”, Ele tinha a certeza de que se Jesus impusesse as mãos sobre ela, a menina seria curada, se Jesus iria atender ou não, não dependia de Jairo, mas ele tinha fé no poder salvífico e de cura de Jesus. Isso é ter fé: é crer que Jesus pode!

Antes de ir à casa de Jairo para curar sua filha, no caminho, aconteceu um outro milagre. Uma mulher que sofria de hemorragia por doze anos, já tinha passado por vários médicos, piorando cada vez mais, e no meio daquela multidão, a mulher tocou-lhe as vestes, e ela dizia: “se eu apenas lhe tocar as vestes, ficarei curada”, mais uma prova de fé, a mulher tinha certeza do poder de Jesus para curá-la. E no meio daquela multidão, Jesus pergunta: Quem me tocou? Então a mulher se prostrou diante de Jesus e declarou toda a verdade. Muitas pessoas, naquele momento, estavam tocando Jesus, mas Jesus percebeu que alguém tocou com fé, crendo no poder de Jesus. Hoje, muita gente busca a Jesus, tocá-lhe as vestes, mas falta a fé, apenas fruto desse cristianismo superficial, falta a certeza do poder de Jesus. E Ele disse: “Filha, a tua fé te salvou; vai te em paz e fica livre do teu mal”.

Fé é dar um passo de coragem e confiança. Jesus chega, então, na casa de Jairo, a situação estava ainda mais complicada, pois a menina já não estava mais doente, mas estava morta. Ninguém mais acreditava na possibilidade de um milagre: “tua filha já morreu; porque ainda incomodas o Mestre?” Mas, Jesus foi o pastor de Jairo e alimentou ainda mais a fé que ele tinha, dizendo: “não temas, crê somente”. Na carta de 1Jo. 5:15, João nos diz: “E, se sabemos que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito”. Jairo já tinha pedido a Jesus, portanto agora a ele bastava crer e confiar. Jesus também consolava as pessoas que estavam chorando no velório: “Porque estais em alvoroço e chorais? A criança não está morta, mas dorme”. Às vezes nos parece que tudo está morto, acabado, que não tem mais solução, mas para Jesus era apenas um sono.
Então Jesus toma pela mão e diz: Menina eu te ordeno, levanta-te.

A palavra de Jesus tem poder, quando Deus ordena, o mundo é criado, quando Jesus ordena a tempestade se acalma, quando Jesus ordena os demônios se afastam, quando Jesus ordena suas bênçãos são derramadas em nossas vidas.
Em todas as situações da nossa vida, temos que crer no poder de Jesus, é preciso crer que “tudo posso naquele que me fortalece” (Fl. 4:13). É preciso acreditar no poder de Jesus em todas as circunstâncias e saber que mesmo se a situação te levar a morte como a filha de Jairo, para Jesus é apenas um sono, pois cremos no poder da ressurreição. E como Jesus disse ao cego: Seja feito conforme a tua fé.
Somos desafiados a viver diariamente a nossa fé em Cristo, somos provados nessa fé, e só são aprovados aqueles que fazem da fé um estilo de vida e não atitudes momentâneas de oração e louvor sem compromisso e sem fidelidade.
Deixemos de viver o Cristianismo superficial sem comprometimento de fé na e com a Pessoa de Jesus. A fé que me refiro é aquela entendida como uma atitude radical, demanda uma crença além da razão e das circunstancias. Pois como nos diz a epístola aos Hebreus: “a fé é a certeza das coisas que se esperam a convicção de fatos que não se vêem” (Hb. 11:1). A fé não é ver para crer, a fé é crer para vermos o impossível humanamente falando acontecerem em mim e em ti assim como na vida dos meus e teus familiares.

Como Jairo, olhemos para Jesus. Prostremo-nos diante de Jesus e supliquemos aos pés de Jesus. Pois no Nome de Jesus há poder. Tudo aquilo que eu e tu julgávamos impossível Ele já o realizou. Basta com fé gritar Jesus Filho de David tem compaixão de mim e dos meus, o milagre da cura, da libertação e… acontecerá hoje aqui e agora. Acredite e tenha fé no poder da oração, visto que, com Jesus e pela força da oração tudo pode ser mudado!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

PROTESTANTE "ORA", CATÓLICO "REZA". MEU DEUS QUANTA DESINFORMAÇÃO!


Ivanildo Oliveira Junior
Quantas vezes você já não ouviu esse paralelo ignorante que alguns protestantes fazem em relação a essas palavras? Quantas vezes você já não foi questionado a respeito de seu uso e desuso e, por fim, quantos de nós católicos também caem nessa falácia de que uma difere e profana a outra. ESTUPIDEZ e IGNORÂNCIA. Veremos que isso nada tem haver com que uma grande parte da população atual menciona como certo e errado.
Vermelho ou encarnado? Um termo vale o outro, com a diferença de que “vermelho” é da língua literária, “encarnado” da língua popular. Igualmente, “oração” é palavra clássica, ao passo que “reza” é da língua caseira. Mas o mesmíssimo significado: A elevação da mente e do coração a Deus, para o adorar, agradecer e pedir-lhe as graças de que necessitamos. É somente isto a vontade de Deus, não lhe interessa o som das palavras, diferentes nas várias línguas.
Isso vale aqueles que, destituídos de um mínimo de cultura ou honestidade intelectual, fazem das duas palavras, “oração” e “reza”, um cavalo de batalha. “Nós oramos os católicos rezam: logo, os católicos estão errados”. Os desinformados e/ou desonestos precisam saber que “oração” “orar” (sem necessidade de remontar ao hebraico “Or” (Luz)), são palavras originadas do latim, língua de Roma e, portanto, língua legítima da Igreja Católica: (Oratio , orare). Até a aparição dos primeiros protestantes (1520), foram de exclusividade nossa, na liturgia da Igreja Ocidental. Querer vender-nos o que é nosso é crime de estelionato!
Sendo um pouco mais específico Orar vem do latim orare; e rezar, do latim recitare, que também deu em português recitar. Já em latim, os verbos orare e recitare têm sentidos muito próximos: o primeiro significa “pronunciar uma fórmula ritual, uma oração, uma defesa em juízo”; o segundo, “ler em voz alta e clara” (portanto, o mesmo que em português recitar). Entretanto, para orare prevaleceu na latinidade e nas línguas românicas o sentido de rezar, isto é, dizer ou fazer uma oração ou súplica religiosa (cfr. A. Ernout–A. Meillet,Dictionnaire étymologique de la langue latine — Histoire des mots, Klincksieck, Paris, 4ª ed., 1979, p. 469). Nós, católicos, damos ao verbo rezar um sentido bastante amplo e genérico, e reservamos a palavra oração mais especialmente — mas não exclusivamente — para os diversos gêneros de oração mental, como a meditação, a contemplação etc. Não há razão, portanto, para fazer dessa ligeira diferença, comum nos sinônimos, um tema de disputas.
Os protestantes, entretanto, salientam a diferença por dois motivos. Primeiro, porque para eles serve de senha. Com efeito, acentuando arbitrariamente essa pequena diferença de matiz entre as palavras, eles utilizam orar em vez de rezar, e assim imediatamente se identificam como crentes (como diziam até há pouco) ou evangélicos (como preferem dizer agora). Isso tem a vantagem, para eles, de detectar entre os circunstantes os outros protestantes que ali estejam. É um expediente ao qual recorrem todas as seitas dotadas de um forte desejo de expansão, como é o caso dos protestantes no Brasil.
Por outro lado, a oração, para os protestantes, não tem o mesmo alcance que para nós, católicos. Enquanto para nós o termo oração engloba todos os gêneros de oração — desde a oração de petição até as orações de louvor e glorificação de Deus — os protestantes esvaziam a necessidade da oração de petição, que para eles tem pouco ou nenhum sentido. Com efeito, como nós, católicos, sabemos, a vida nesta Terra é uma luta árdua, em que devemos pedir a Deus em primeiro lugar os bens eternos, e depois os bens terrenos de que temos necessidade. É o que ensinou Nosso Senhor Jesus Cristo.
Até ontem, quando a Missa era em latim, assim como ainda hoje em boa língua portuguesa, o termo clássico era de uso comum, durante a Missa e ouvirão, mais de uma vez, o convite do celebrante: “Oremos!” E, uma vez o solene: “Orai irmãos para que nosso sacrifício seja aceito por Deus Pai, Todo Poderoso”. Dizer que a Igreja não ora é no mínimo preguiça de pesquisar a verdade, a Igreja nunca fez distinção entre uma coisa e outra, pois via e continua a ver o mesmo significado em ambas as palavras, o que sempre foi real, os santos e santas que nos antecederam assim já nos demonstravam:
“Depois que ficava em oração, via que saia dela muito melhorada e mais forte.” Santa Teresa d’Ávila
“Assim como necessitamos continuamente da respiração, assim também temos necessidade do auxílio de Deus; porém se queremos, facilmente podemos atraí-lo pela oração.” São João Crisóstomo
“Ora et Labora!”Reza e trabalha! São Bento
“Sabe viver bem quem sabe rezar bem.” Santo Afonso Maria de Ligório
“A oração consiste em tratar a Deus como um pai, um irmão, um Senhor e um Esposo.” Santa Teresinha
“Quem começou a rezar não deve interromper a oração, em que pesem os pecados cometidos.”
“Com a oração poderá logo soerguer-se, ao passo que sem ela ser-lhe-á muito difícil. Não deixe que o demônio o tente a abandonar a oração por humildade” Santa Teresinha
Podemos perceber então que tal distinção não fazia e nunca fez parte da vida religiosa dos santos e santas da Igreja, como então continuarmos com esse paralelismo que, até entre os católicos hoje existe? Basta parar de acreditar na primeira besteira que se ouve e buscar a Sabedoria da Igreja de dois mil anos, que tem todas as respostas necessárias.
Ainda neste contexto perceberemos que nem mesmo o Catecismo da Igreja Católica difere uma coisa da outra, pois ao utilizar ambas demonstra que não existe e nunca existiu diferentes significados, podendo assim serem usadas sem problema algum de cometer um dito “erro”, vejamos:
“A Oração é a elevação da alma a Deus ou o pedido a Deus nos bens convenientes. De onde falamos nós, ao rezar?…” CIC 2559
“[...] Os Salmos alimentam e exprimem a oração do povo de Deus como assembléia, por ocasião das grandes festas em Jerusalém e cada sábado nas sinagogas. [...] Rezados e realizados em Cristo, os Salmos são sempre essenciais à oração de Sua Igreja.” CIC 2586
“A oração não se reduz ao surgir espontâneo de um impulso interior; para rezar é preciso querer. Não basta saber o que as Escrituras revelam sobre a oração; também é indispensável aprender a rezar, E é por uma transmissão viva (a Sagrada Tradição) que o Espírito Santo, na ‘Igreja crente e orante’, ensina os filhos de Deus a rezar.” CIC 2650
Fica evidente então a Sabedoria da Igreja e a Verdade que nela, através de Nosso Senhor, se expressa. Em outra Crítica protestante acerca da prática de tais palavras veremos, a seguir, o cuidado que devemos ter.
A CRÍTICA PROTESTANTE A RESPEITO DAS PALAVRAS REPETIDAS
Para sustentar que “não devemos orar repetidas vezes”, os protestantes, como diz a missivista, apelam para a Bíblia. Provavelmente se referem ao Evangelho de São Mateus (6,7): “Nas vossas orações, não queirais usar muitas palavras, como os pagãos, pois julgam que, pelo seu muito falar, serão ouvidos”.
A interpretação deste texto de São Mateus não é entretanto a que os protestantes lhe dão. Ele significa simplesmente que a eficácia da oração não decorre da loquacidade, mas sobretudo das boas disposições do coração. As disposições sendo boas, em princípio, quanto mais se reza, melhor! E o próprio Jesus Cristo Nosso Senhor deu o exemplo de uma oração longa e repetitiva no Horto das Oliveiras, quando, prostrado com o rosto em terra, rezou por mais de uma hora, dizendo: Pai, se é possível, afaste-se de mim este cálice; mas não se faça a minha vontade, e sim a vossa (cfr. Mt 26, 39-44; Lc 22, 41-45).
Quanto à necessidade da insistência na oração, no Evangelho de São Lucas (11, 5-8) se lê a impressionante lição do Divino Mestre: “Se algum de vós tiver um amigo, e for ter com ele à meia-noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, porque um meu amigo acaba de chegar a minha casa de viagem, e não tenho nada que lhe dar; e ele, respondendo lá de dentro, disser: Não me sejas importuno, a porta já está fechada, e os meus filhos estão deitados comigo; não me posso levantar para te dar coisa alguma. E, se o outro perseverar em bater, digo-vos que, ainda que ele se não levantasse a dar-lhos por ser seu amigo, certamente pela sua importunação se levantará, e lhe dará quantos pães precisar”.
A reiteração de nossos pedidos a Deus deve pois chegar a esse ponto da importunação, segundo o conselho do mesmo Nosso Senhor. E por aí se vê como os protestantes, abandonando a sabedoria da Igreja e arrogando-se o direito ao livre exame, se afastam da reta interpretação das Sagradas Escrituras, fazendo ilações lineares, sem levar em conta outras passagens sobre o mesmo tema, o que é indispensável para chegar ao verdadeiro sentido de todas elas.
Que Nosso Senhor sempre vos Ilumine e que vosso coração sempre tenha espaço para a Santíssima Virgem Maria!

POLÍCIA INVESTIGA SOBRE ASSALTO EM MOSTEIRO.

O delegado responsável pela investigação do assalto ao mosteiro do padre Antônio Maria em Jacareí, no interior de São Paulo, afirma que a polícia analisa a participação de frequentadores e moradores do entorno do local religioso no crime, cometido na quarta-feira (25). Ao menos seis homens renderam 15 pessoas - entre freiras, funcionários, moradores e o próprio padre Antônio Maria - e levaram eletrodomésticos, dois carros e R$ 1,1 mil em dinheiro.
Segundo Talis Prado Pinto, delegado-assistente da seccional de Jacareí, chama a atenção dos investigadores o conhecimento demonstrado pelos assaltantes sobre a rotina e as hierarquias estabelecidas dentro do mosteiro.

“A dinâmica do assalto sugere que os criminosos sabiam quem era quem dentro do mosteiro. Eles (os criminosos) já devem ter ido às missas, devem ter conversado com as freiras ou com alguns dos funcionários. Eles sabiam quem era quem, sabiam que o padre morava naquele ponto, que as freiras dormiam naquela outra casa e que o zelador ficava em outro local”, diz Prado Pinto.
Além da disposição geográfica das pessoas pelo mosteiro, o delegado também ressalta a maneira como a ação foi conduzida. Após renderem o zelador, os criminosos passaram pela casa onde sete freiras dormiam na noite de quarta-feira e foram diretamente até a casa do padre Antônio Maria, localizada no alto do sítio. Lá, os assaltantes renderam um dos filhos adotivos do padre para, somente depois, imobilizar com cordas o religioso, que teve as mãos amarradas para trás.
“Eles utilizaram o filho pare atrair o padre. Depois, utilizaram o mesmo recurso com as freiras. Fizeram o caseiro bater na porta das freiras dizendo que o padre estava passando mal”, afirma o delegado.
Foi assim que a madre superiora do mosteiro, Rosana dos Santos Coelho, destrancou a porta do mosteiro, onde foi também rendida pelos assaltantes.
“Os criminosos souberam neutralizar os pontos do convento. Primeiro pegaram o padre, depois renderam as irmãs. Eles podem ter conversado com alguém antes para pegar informações do dia a dia do local, que aparentemente conheciam bem”, diz o delegado Prado Pinto.

Perdão

 Em entrevista, o padre Antônio Maria diz que um dos criminosos que invadiu e assaltou o mosteiro perguntou ao religioso se ele será perdoado por Deus.
“Eu estava sozinho com um dos rapazes e ele me desamarrou. Então eu disse: ‘Meu irmão, não sei seu nome e sei que você não vai falar. Mas sou seu irmão e, se você me permite, deixe-me te dar um abraço.’ E ele disse: ‘sim padre’. Fomos um de encontro ao outro. E nesse abraço, que foi de verdade, ele disse: ‘Padre, será que Deus me perdoa?’ Aí eu disse: ‘Filho, claro que Deus te perdoa’.”

O padre Antônio Maria, que também é cantor e escritor, conta que, apesar de ter feito mal às pessoas do mosteiro, prometeu rezar pelos criminosos. “Deus é justo. Vocês estão tocando pessoas que Deus ama muito, que largaram tudo por ele. Mas eu vou rezar por vocês.”

Segundo o religioso, tudo tem uma explicação. “O assalto aconteceu em 25 de janeiro, que é dia de São Paulo, um homem que largou tudo por Jesus. Eu acho que isso aconteceu para que todos nós aqui no mosteiro pudéssemos renovar nossa missão com Deus, a de ajudar ao próximo constantemente."
Carros recuperados
No início da tarde desta quinta, a polícia recuperou os dois carros levados pelos assaltantes do mosteiro. Os veículos foram encontrados a cerca de 30 km do mosteiro, em bairros próximos. O primeiro foi encontrado às 7h30 no Jardim Maria Amélia e o segundo, às 14h30, no Jardim Colônia. Os bairros se localizam na periferia da cidade. Ainda segundo a polícia, os carros seguiram para perícia.
Todas as vítimas do crime já foram ouvidas na delegacia. Foram apresentadas ao padre Antônio Maria fotos com prováveis suspeitos, moradores da região, mas ele não conseguiu apontar os autores do assalto.


 
 
por
G1Polícia investiga sobre assalto em mosteiro

MAIS UMA VEZ, QUARESMA!


- Mais uma vez, oportunidade privilegiada de acolher graças especiais reservadas unicamente a este tempo!
Mais uma vez... a ameaça de chegar ao final dos 40 dias sem ter cumprido os propósitos feitos na 4ª feira de Cinzas: Reconciliação, oração, jejum, penitência, esmola, conversão!
Por que será que todos os anos, de uma forma ou de outra, acabamos por não viver a Quaresma como gostaríamos? Tenho um palpite: porque não nos dispomos de verdade a vivê-la como Deus gostaria. Porque confiamos mais em nós do que nele.
Veja bem: quando iniciamos a Quaresma enchendo-nos de nossos bons e louváveis propósitos, acabamos por desanimar, desistir, talvez até, no 40º dia, nem nos lembrar direito do que nos dispusemos a fazer. Porque aqui - nessa situação infelizmente tão corriqueira em nossa vida espiritual – aqui, a força é nossa, o propósito é nosso, os planos são ... nossos! Resultado: desastre total. Continuamos os mesmos! Nada de ressurreição!
Que tal fazer diferente, este ano? Que tal examinar os últimos meses – ou anos! – de nossa vida e perceber em Deus o que Ele está tentando mudar em nós? Isso dá para saber não somente através do nosso caderno de oração (uma imensa ajuda!), mas especialmente pelo que Deus tentou fazer em nossa vida. Veja bem: vida exterior, mas também interior!
Podemos perguntar a Jesus, sabendo que Ele sempre nos responde: “Senhor, me faz perceber onde Tua graça está agindo – ou tentando agir – nos últimos tempos. Tens tentado me tirar do orgulho? Da vaidade? Do fechamento em mim mesmo? Do ressentimento com alguém? Da pouca oração? Da confiança demasiada em mim mesmo? Dos excessos? Da ridícula mania de achar que posso salvar a mim mesmo?”
A ação do Senhor, não nos esqueçamos, chama-se graça. É ela que muda nossa vida. É a ação do poder de amor do nosso Deus. É com ela que Ele bate à porta e pede, humilde: “Deixa-me entrar. Quero cear contigo!” Cabe a nós, como sabemos, o gesto simples, quase sem esforço, de girar a chave, baixar o trinco e abrir a porta.
Em nosso orgulho, porém, rejeitamos gestos simples. Achamos que abrir a porta para o Senhor que bate supõe que lhe tenhamos preparado aquela super ceia com os mais finos e caros manjares a exibir nossa grandeza. Pobres de nós! Nunca lhe abriremos a porta se estivermos à espera dos tais finos manjares. Só Ele no-los pode dar! Nunca encontraremos o Senhor se quisermos, primeiramente, “estar em condições”. É Ele e somente Ele quem, com sua graça, no-las dá!
Nossa auto-suficiência, aliada à soberba, pode até insinuar veladamente que essa história de graça, de porta, de batida, de ceia não passa de simbologia para nossa busca de conversão, de mudança, de “procurar ser melhor” e por aí vai. Que mania a gente tem de complicar as coisas, meu Deus!
Veja bem: nem você nem ninguém tem a mais ínfima capacidade de mudar sem a graça de Deus. Compreenda que é a graça de Deus que o transforma, não você mesmo! Tudo, mas tudo mesmo, que você algum dia realizou, mudou, cresceu, conseguiu de bom vem não de você, mas da graça!
Ihhhhhh! O que tem de gente que fica indignado ao ouvir isso! Claro, claro, sei que a graça supõe a natureza, que Deus não impõe sua vontade porque respeita sua liberdade, que Ele espera sua colaboração com a graça. Entretanto, me diga se não é verdade que ao ler que tudo, mas tudo mesmo, vem da graça de Deus, pode ter surgido lá no fundo do seu ser uma inquietaçãozinha? Um mal estar meio disfarçado, candidato a ser varrido para baixo do tapete do “não pensar”?
Mais uma vez, na Quaresma, o Senhor bate à sua porta. Esta porta cheia dos pregos pontiagudos e enferrujados do orgulho que rejeitam a submissão à graça. Porta lacrada pela auto-suficiência em todas as suas mínimas brechas. Travada com as barras de ferro da mentalidade da auto-salvação, aquela que tolamente acha que a gente se salva se fizer um monte de coisas boas a partir de nós mesmos.
Acontece que Jesus está acostumado a pregos, negações, barreiras e, insistente, compelido pelo amor, continua a bater. Uma criança, ao ouvir as batidas, irá correr até a porta, pôr-se na ponta dos pezinhos e puxar o trinco, sorrindo, acolhedora. Livre. Sem complicações. Movida pela graça, aberta à graça, sedenta da graça.
Para que essa Quaresma não seja mais um fiasco dos seus bons propósitos, comece desistindo de sua “força de vontade” e abrindo-se à graça. Comece, de preferência antes da Quaresma, seguindo o conselho de Santo Agostinho: "A confissão das más ações é o passo inicial." Depois do sacramento da Reconciliação, como resultado daquela revisão das graças de Deus não correspondidas do 6º parágrafo, tendo reconquistado, por pura graça, o mesmo estado em que você saiu no seu Batismo, corra para a porta e abra, livre, a sorrir, confiante, como uma criança.
Prepare-se para uma avalanche de graça. Em sua pródiga sabedoria, Deus reserva graças especiais para cada tempo litúrgico. Prepare-se, portanto, para uma grande avalanche. Como diz Santa Tereza, Deus se ofende quando lhe pedimos pouco. Ofende-se, portanto, quando esperamos pouco Dele. Ofende-se mais ainda quando não recebemos, não acolhemos, a fartura de graça que nos traz ao bater na porta.
Mais uma vez, Quaresma! Mais uma vez, o Senhor bate à porta! Abra, na ponta de seus pezinhos de criança e prepare-se para colher o fruto incomparável da Ressurreição.
Oração

“Jesus, dá-me a graça de viver esta Quaresma como Tu queres. Mostra-me o que Tu queres mudar em mim. Eis aqui minha primeira colaboração com Tua graça. Quero o que Tu queres. Abro a porta. Entra. Não tenho lá uma ceia muito fina, mas não quero fingir ser o que não sou. Sei que és Tu quem prepara a ceia, não eu. Dá-me a graça de comer e beber dos tesouros da Salvação conquistada por Ti na Paixão e Cruz. Eu a acolho. Acolho também a incomparável graça da Ressurreição que se segue à cruz. Tira o comando de minhas mãos. Guia-me com Tua graça. Amém”


por
Formação Shalom

LITURGIA DIÁRIA - JESUS CURA UM HOMEM.


Primeira Leitura: 2º Samuel 15, 13-14.30; 16, 5-13

IV SEMANA COMUM
(verde - ofício do dia)

Leitura do segundo livro de Samuel - Naqueles dias, 13Vieram então anunciar a Davi: Os israelitas aderem a Absalão! 14Davi disse então a todos os que estavam com ele em Jerusalém: Vamos, fujamos, porque não podemos de outro modo escapar a Absalão! Apressai-vos e parti, não suceda que ele nos surpreenda de repente, e nos inflija a ruína, passando a cidade ao fio da espada. 30Davi subiu chorando o monte das Oliveiras, cabeça coberta e descalço. Todo o povo que o acompanhava subia também chorando, com a cabeça coberta. 5Quando o rei chegou a Baurim, apareceu um homem da família da casa de Saul, chamado Semei, filho de Gera, o qual ia proferindo maldições enquanto andava. 6Atirava pedras contra o rei Davi e contra todos os seus servos, embora todo o exército e todos os guerreiros valentes se encontrassem à direita e à esquerda do rei. 7E o amaldiçoava, dizendo: Vai-te, vai-te embora, homem sanguinário e celerado. 8O Senhor faz cair sobre ti todo o sangue da casa de Saul, cujo trono usurpaste; o Senhor entregou o reino ao teu filho Absalão. Eis-te oprimido de males, homem sanguinário que és! 9Então Abisai, filho de Sarvia, disse ao rei: Por que insulta esse cão morto ao rei, meu senhor? Deixa-me passar, vou cortar-lhe a cabeça. 10Que nos importa, filho de Sarvia?, respondeu Davi. Deixa-o amaldiçoar. Se o Senhor lhe ordenou que me amaldiçoasse, quem poderia dizer-lhe: por que fazes isso? 11E Davi disse a Abisai e à sua gente: Vede: se meu filho, fruto de minhas entranhas, conspira contra a minha vida, quanto mais agora esse benjaminita? Deixai-o amaldiçoar, se o Senhor lho ordenou. 12Talvez o Senhor considere a minha aflição e me dê agora bens por esses ultrajes. 13Davi e seus homens retomaram o seu caminho, mas Semei ia ao longo da montanha, ao lado dele, vomitando injúrias, atirando-lhe pedras e espalhando poeira pelo ar. - Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial(3)
 REFRÃO: Levantai-vos, ó Senhor, vinde salvar-me!
1. Senhor, como são numerosos os meus perseguidores! É uma turba que se dirige contra mim. Uma multidão inteira grita a meu respeito: Não, não há mais salvação para ele em seu Deus! - R.
2. Mas vós sois, Senhor, para mim um escudo; vós sois minha glória, vós me levantais a cabeça. Apenas elevei a voz para o Senhor, ele me responde de sua montanha santa. - R.
3. Eu, que me tinha deitado e adormecido, levanto-me, porque o Senhor me sustenta. Nada temo diante desta multidão de povo, que de todos os lados se dirige contra mim. - R.
Evangelho: Marcos 5, 1-20
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 1Passaram à outra margem do lago, ao território dos gerasenos. 2Assim que saíram da barca, um homem possesso do espírito imundo saiu do cemitério 3onde tinha seu refúgio e veio-lhe ao encontro. Não podiam atá-lo nem com cadeia, mesmo nos sepulcros, 4pois tinha sido ligado muitas vezes com grilhões e cadeias, mas os despedaçara e ninguém o podia subjugar. 5Sempre, dia e noite, andava pelos sepulcros e nos montes, gritando e ferindo-se com pedras. 6Vendo Jesus de longe, correu e prostrou-se diante dele, gritando em alta voz: 7Que queres de mim, Jesus, Filho do Deus Altíssimo?Conjuro-te por Deus, que não me atormentes. 8É que Jesus lhe dizia: Espírito imundo, sai deste homem! 9Perguntou-lhe Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu-lhe: Legião é o meu nome, porque somos muitos. 10E pediam-lhe com instância que não os lançasse fora daquela região. 11Ora, uma grande manada de porcos andava pastando ali junto do monte. 12E os espíritos suplicavam-lhe: Manda-nos para os porcos, para entrarmos neles. 13Jesus lhos permitiu. Então os espíritos imundos, tendo saído, entraram nos porcos; e a manada, de uns dois mil, precipitou-se no mar, afogando-se. 14Fugiram os pastores e narraram o fato na cidade e pelos arredores. Então saíram a ver o que tinha acontecido. 15Aproximaram-se de Jesus e viram o possesso assentado, coberto com seu manto e calmo, ele que tinha sido possuído pela Legião. E o pânico apoderou-se deles. 16As testemunhas do fato contaram-lhes como havia acontecido isso ao endemoninhado, e o caso dos porcos. 17Começaram então a rogar-lhe que se retirasse da sua região. 18Quando ele subia para a barca, veio o que tinha sido possesso e pediu-lhe permissão de acompanhá-lo. 19Jesus não o admitiu, mas disse-lhe: Vai para casa, para junto dos teus e anuncia-lhes tudo o que o Senhor fez por ti, e como se compadeceu de ti. 20Foi-se ele e começou a publicar, na Decápole, tudo o que Jesus lhe havia feito. E todos se admiravam. - Palavra da salvação.
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Homilia - Pe Bantu

Depois de atravessar o mar da Galiléia, Jesus chegou com seus discípulos o província de Gadara, onde encontrou um homem endemoninhado (Mc.5.1-20; Mt.8.28-34; Lc.8.26-39).
As narrativas de milagres, freqüentes nos evangelhos, são a expressão do amor libertador e vivificante de Jesus. Em Marcos, o ato inaugural do ministério de Jesus é a expulsão do demônio de um homem da sinagoga. Fica, assim, destacada a libertação da doutrina opressora desta sinagoga.
Na narrativa de hoje, Jesus liberta um homem em território dos gentios, sob o domínio do império romano. A identificação do demônio, que o possuía pelo nome de "legião", aponta para as legiões romanas que ocupavam esta região. Os porcos que se arremetem ao mar e perecem assemelham-se ao exército do faraó no mar Vermelho, no Êxodo.
O homem libertado por Jesus sai a anunciar a sua misericórdia, tornando-se um missionário gentio entre os gentios.
Aquele episódio, entre tantos registrados na Bíblia, nos mostra a existência dos demónios, que são espíritos maus, anjos caídos, que estão na terra com o propósito de prejudicar a humanidade e afrontar Deus.
Além de influenciar e oprimir os homens, os espíritos malignos chegam a possuir a mente e o corpo de muitas pessoas. Aquele homem tinha muitos demínios que se identificaram com o nome de legião. Assim era chamada uma divisão do exército romano composta por 6000 soldados. Percebe-se que a denominação de uma entidade maligna pode ser ocasional, utilizando uma palavra significativa em dado contexto cultural.
Muitos negam a existência de demônios e atribuem aos problemas mentais quaisquer manifestações desse tipo. Fato é que inúmeras pessoas têm sido libertas pelo nome de Jesus. Se esse nome tem o poder que a bíblia lhe atribui, então também é verídica a possessão demoníaca que a mesma bíblia afirma.
O gadareno vivia nos sepulcros, que eram cavernas. Ali não era lugar para pessoas vivas, mas o Diabo o levou para lá. Nisso percebemos o seu propósito de roubar, matar e destruir (João 10.10). A vida daquele homem estava encerrada, perdida. Estava separado da família, dos amigos e da sociedade. Era um morto-vivo morando no cemitério, sem esperança e sem perspectiva. Assim como Deus tem um plano para o ser humano, Satanás também tem, e aquele homem atingira um estágio avançado da execução dos desígnios diabólicos. Quem não segue a Cristo está caminhando com o inimigo rumo à perdição eterna. Ainda que não esteja possesso, está influenciado e dominado pelo mal, podendo chegar a situações muito piores.
Ninguém podia fazer coisa alguma por aquele homem. Não podiam salvá-lo ou ajudá-lo de alguma forma. Então, tentavam prendê-lo, talvez com a intenção de protegê-lo de si mesmo. Entretanto, os demônios se manifestavam com fúria, despedaçando correntes e cadeias. Ele era incontrolável. Nenhum ser humano tem força para controlar um demônio. O que dizer de milhares? Aquele homem precisava conhecer Jesus.
O possesso vivia perturbado. Era feroz e ameaçador (Mt.8.28). Não tinha descanso. Não conseguia dormir. Andava nu, gritando, dia e noite, enquanto se feria com pedras. O inferno será muito pior do que isso. Neste endemoninhado estava uma amostra do tormento eterno. Muitas pessoas, mesmo não estando possessas, estão oprimidas pelo Diabo e são descontroladas, inquietas, agitadas, vivem ferindo a si mesmas e aos outros. Precisam de um encontro com Jesus. Os que estão nas mãos de Satanás vão acumulando feridas diversas, numa vida de dor e sofrimento atroz. Cristo é o único que pode lhes trazer libertação e salvação-
O demônio reconheceu Jesus imediatamente e se prostrou para adorá-lo, como fazia quando era um anjo de Deus. Naquele momento, o espírito mau deu o seu testemunho de que Jesus é o Filho de Deus. Algo tão difícil para as pessoas acreditarem e reconhecerem, era fato natural para aquela entidade maligna porque a sua essência é divina e que está sofrendo as conseqüências da sua rebelião.
Imediatamente, Jesus expulsou a legião daquele homem. Quando o gadareno encontra o nazareno, tudo muda. Jesus faz o que ninguém mais pode fazer. O endemoninhado não podia libertar a si mesmo da escravidão espiritual. Os outros também não podiam libertá-lo. Mas sim, o Filho de Deus. Ele sim, veio trazer liberdade aos cativos, desfazendo as obras do Diabo.
Jesus atendeu ao pedido daqueles espíritos, permitindo que eles entrassem nos porcos. Imediatamente, aqueles animais foram precipitados no despenhadeiro, caindo no mar e morrendo afogados. Creio que era isso que os demônios pretendiam fazer ao gadareno. Então, por quê não fizeram? Eles só agem dentro dos limites da permissão divina (Mc.5.13). Além disso, os demônios usavam aquele corpo como casa (Mt.12.43-44) e não iriam destruí-lo tão cedo. O diabo utiliza seus escravos para fazer suas obras malignas neste mundo. Por isso, é útil para ele que suas vidas miseráveis sejam prolongadas por algum tempo.
Depois da libertação, o gadareno parecia outro homem. Foi encontrado assentado, vestido e em perfeito juízo (Mc.5.15). A conversão é o início de uma nova vida, com equilíbrio, sossego, descanso, paz, dignidade, ordem e decência. Além de ter sido liberto, aquele homem foi salvo (Lc.8.36).
Muitas pessoas vieram vê-lo, mas não glorificaram a Deus por sua libertação. O momento era propício ao louvor e às ações de graças, mas houve murmuração. Os demônios adoraram a Jesus, mas o povo não adorou. Muitos ficaram revoltados contra ele por causa da morte dos porcos. Portanto, aquele homem não tinha valor algum para o seu povo. Os porcos eram considerados mais importantes. A perda financeira foi mais sentida do que o ganho humano e espiritual. O materialismo dominava aquela gente. Encontraram Cristo, mas não foram salvos. Resolveram expulsá-lo daquela cidade. Que situação estranha! Jesus expulsou os demônios de um homem e depois foi expulso do lugar. Qual é a nossa atitude para com Jesus? Hoje, da mesma forma, cada pessoa deve tomar a decisão de acolher Jesus ou rejeitá-lo.
O gadareno liberto pediu para seguir a Jesus, mas ele não permitiu. Cristo havia atendido a um pedido dos demônios, mas não atendeu à oração daquele homem. Por quê? Jesus tinha um propósito para ele naquele lugar. Vemos nisso o amor e a misericórdia para com aquele povo ímpio que rejeitou Jesus. Ele deixou o gadareno ali como o pregador, dando seu testemunho para todos, começando pela sua casa. Agora que estava liberto, poderia retomar a normalidade da sua vida. Sua família também tinha sido abençoada através daquela libertação. Aquele que se converte torna-se bênção para o seu lar e para a sociedade.
Neste episódio, os discípulos nada fizeram, senão aprender com o Mestre aquilo que deveriam realizar após a sua ascensão. Jesus subiu ao céu, mas encarregou sua igreja de continuar sua obra de libertação. Assim, através de nós, Jesus continua libertando. Aqueles que alcançam a libertação e a salvação saem de uma vida de tormento e começam a usufruir a alegria de Deus em seus corações e se tornam evangelhos vivos para entre e nos seus.

domingo, 29 de janeiro de 2012

4º DOMINGO DO TEMPO COMUM - VENCENDO O MAL




O Reino anunciado por Jesus provocou as forças do mal, que reagiram de imediato. Sua pregação desmascarava a malignidade de tudo quanto redundava em escravidão para o ser humano e o impedia de se realizar e ser feliz. Jesus se sabia destinado a libertar os oprimidos e escravizados pelo poder do mal.
Evidentemente, o processo de libertação não era fácil. Por um lado, os opressores não queriam abrir mão de suas intenções e métodos. Por outro lado, os oprimidos acabavam por se acostumar à sua situação, já não fazendo mais caso dela.
A libertação começava quando o escravo do mal se insurgia contra sua situação, com a ajuda de Jesus. Tratava-se de uma terrível luta interior! Às vezes, se pensava que a presença de Jesus só servisse para perturbar. Ele, porém, não se deixava intimidar. Sua presença purificava o ser humano dos espíritos imundos que o flagelavam e contaminavam. Livres de toda escravidão, os que tinham sido beneficiados por Jesus tornavam-se sinal do poder efetivo do Reino.
Toda a vida de Jesus foi perpassada de luta contra as forças do mal. Com sua palavra, ele as desarticulava, fazendo o Reino dar seus frutos na história humana. Jesus não cruzava os braços ao se deparar com quem era vítima do mal e do pecado. Sua presença fazia o dinamismo libertador do Reino entrar em ação.
A liturgia do 4º domingo do tempo comum garante-nos que Deus não se conforma com os projetos de egoísmo e de morte que desfeiam o mundo e que escravizam os homens e afirma que Ele encontra formas de vir ao encontro dos seus filhos para lhes propor um projeto de liberdade e de vida plena.
A primeira leitura propõe-nos – a partir da figura de Moisés – uma reflexão sobre a experiência profética. O profeta é alguém que Deus escolhe, que Deus chama e que Deus envia para ser a sua “palavra” viva no meio dos homens. Através dos profetas, Deus vem ao encontro dos homens e apresenta-lhes, de forma bem perceptível, as suas propostas.
O Evangelho mostra como Jesus, o Filho de Deus, cumprindo o projeto libertador do Pai, pela sua Palavra e pela sua ação, renova e transforma em homens livres todos aqueles que vivem prisioneiros do egoísmo, do pecado e da morte.
A segunda leitura convida os crentes a repensarem as suas prioridades e a não deixarem que as realidades transitórias sejam impeditivas de um verdadeiro compromisso com o serviço de Deus e dos irmãos.
1ª leitura – Dt. 18,15-20 – AMBIENTE
O livro do Deuteronômio é aquele “livro da Lei” ou “livro da Aliança” descoberto no Templo de Jerusalém no 18º ano do reinado de Josias (622 a.C.) (cf. 2Re. 22). Neste livro, os teólogos deuteronomistas – originários do Norte (Israel) mas, entretanto, refugiados no sul (Judá) após as derrotas dos reis do norte frente aos assírios – apresentam os dados fundamentais da sua teologia: há um só Deus, que deve ser adorado por todo o Povo num único local de culto (Jerusalém); esse Deus amou e elegeu Israel e fez com Ele uma aliança eterna; e o Povo de Deus deve ser um único Povo, a propriedade pessoal de Jahwéh (portanto, não têm qualquer sentido as questões históricas que levaram o Povo de Deus à divisão política e religiosa, após a morte do rei Salomão). A finalidade fundamental dos catequistas deuteronomistas é levar o Povo de Deus a um compromisso firme e exigente com a Lei de Deus, proclamada no Sinai. É um convite firme ao Povo de Deus no sentido de abraçar a Aliança com Jahwéh e de viver na fidelidade aos compromissos assumidos.
Literariamente, o livro apresenta-se como um conjunto de três discursos de Moisés, pronunciados nas planícies de Moab. Pressentindo a proximidade da sua morte, Moisés deixa ao Povo uma espécie de “testamento espiritual”: lembra aos hebreus os compromissos assumidos para com Deus e convida-os a renovar a sua aliança com Jahwéh.
O texto que hoje nos é proposto apresenta-se como parte do segundo discurso de Moisés (cf. Dt. 4,44-28,68). Trata-se de um texto que integra um conjunto legislativo sobre as estruturas de governo do Povo de Deus (cf. Dt. 16,18-18,22). Em concreto, o nosso texto refere-se ao papel e ao significado do profetismo.
O fenômeno profético não é exclusivo de Israel, mas é um fenômeno relativamente conhecido entre os povos do Crescente Fértil. Entre os cananeus, os movimentos proféticos apareciam com relativa frequência, normalmente ligados à adivinhação, ao êxtase, a convulsões, a delírios (habitualmente provocados por instrumentos sonoros, gritos, danças, etc.). A multiplicidade de experiências proféticas obriga, exatamente, a pôr o problema do discernimento entre a verdadeira e a falsa profecia… O que é que caracteriza o verdadeiro profeta? Quando é que um profeta fala, realmente, em nome de Deus? Este problema devia pôr-se, particularmente, no Reino do Norte, na época de Acab (874-853 a.C.) e de Jezabel, quando os profetas de Baal dominavam. As tradições sobre o profeta Elias (cf. 1Re. 17 - 2Re 13,21) traçam esse quadro de confronto diário entre a verdadeira e a falsa profecia.
O catequista deuteronomista refere-se, precisamente, a esta questão. Ele apresenta, aqui, o quadro do verdadeiro profeta, oferecendo assim ao seu povo os critérios para distinguir o verdadeiro do falso profeta.
MENSAGEM
Para os teólogos deuteronomistas, Moisés é o exemplo e o modelo do verdadeiro profeta. O que é que isso significa?
Significa, em primeiro lugar, que na origem e no centro da vocação de Moisés está Deus. Não foi Moisés que se candidatou à missão profética, por sua iniciativa; não foi Moisés que conquistou, pelas suas ações ou pelas suas qualidades, o “direito” a ser “profeta”. A iniciativa foi de Deus que, de forma gratuita, o escolheu, o chamou e o enviou em missão. Se Moisés foi designado para ser um sinal de Jahwéh, foi porque Deus assim o quis. A consagração do “profeta” resulta de uma ação gratuita de Deus que, de acordo com critérios muitas vezes ilógicos na perspectiva dos homens, escolhe aquela pessoa em concreto, com as suas qualidades e defeitos, para o enviar aos seus irmãos.
Em segundo lugar, Moisés disse sempre e testemunhou sempre as palavras que Deus lhe colocou na boca e que lhe ordenou que dissesse. A mensagem transmitida não era a mensagem de Moisés, mas a mensagem de Deus. O verdadeiro profeta não é aquele que transmite uma mensagem pessoal, ou que diz aquilo que os homens gostam de ouvir; o verdadeiro profeta é aquele que, com coragem e frontalidade, testemunha fielmente as propostas de Deus para os homens e para o mundo.
As palavras do profeta devem ser cuidadosamente escutadas e acolhidas, pois são palavras de Deus. O próprio Deus pedirá contas a quem fechar os ouvidos e o coração aos desafios que Deus, através do profeta, apresenta ao mundo.
ATUALIZAÇÃO
A vocação profética é uma vocação que surge por iniciativa de Deus. Ninguém é profeta por escolha própria, mas porque Deus o chama. O profeta tem de ter consciência, antes de mais, que é Deus quem está por detrás da sua escolha e do seu envio. O profeta não pode assumir uma atitude de arrogância e de auto-suficiência, mas tem de se sentir um instrumento humilde através do qual Deus age no mundo.
Ao tomar consciência de que é apenas um instrumento através do qual Deus age no meio da comunidade humana, o profeta descobre a necessidade de levar muito a sério a missão que lhe foi confiada. O testemunho profético não é um passatempo ou um compromisso para as horas vagas; está fora de causa o cruzar os braços e deixar correr. Trata-se de um compromisso que deve ser assumido e vivido com fidelidade absoluta e total empenho.
Se o profeta é designado para tornar presente no meio dos homens o projeto de Deus, ele não pode utilizar a missão em benefício próprio; não deve ceder à tentação de se vender aos poderes do mundo e pactuar com eles, a fim de concretizar a sua sede de poder e de protagonismo, não pode “vender a alma ao diabo” para daí tirar algum benefício, não deve utilizar o seu ministério para se exibir, para ser admirado, para conseguir sucesso, para promover a sua imagem e obter os aplausos das multidões. A missão profética tem de estar sempre ao serviço de Deus, dos planos de Deus, da verdade de Deus, e não ao serviço de esquemas pessoais, interesseiros e egoístas.
2ª leitura – 1Cor. 7,32-35 – AMBIENTE
A comunidade cristã de Corinto é uma comunidade tipicamente grega, que mergulha as suas raízes numa cultura-ambiente marcada por grandes contradições. As diversas escolas filosóficas que existiam na cidade (e um pouco por todo o mundo grego) tinham perspectivas muito diversas sobre o sentido da vida e sobre a forma de chegar à felicidade e à realização plena. As propostas de caminho apresentadas por essas escolas eram, frequentemente, divergentes e mesmo opostas.
Um dos sectores onde se nota, particularmente, esse balançar entre caminhos opostos, é nas questões de ética sexual. Neste âmbito, a cultura coríntia oscilava entre dois extremos: por um lado, um grande laxismo (como era normal numa cidade marítima, onde chegavam marinheiros de todo o mundo e onde reinava Afrodite, a deusa grega do amor); por outro lado, um desprezo absoluto pela sexualidade (típico de certas tendências filosóficas influenciadas pela filosofia platônica, que consideravam a matéria um mal e que faziam do não casar um ideal absoluto).
O desejo de Paulo é o de apresentar um caminho equilibrado, face a estes exageros: condenação sem apelo de todas as formas de desordem sexual, defesa do valor do casamento, elogio do celibato (cf. 1Cor. 7).
Provavelmente, os coríntios tinham consultado Paulo acerca do melhor caminho a seguir – o do matrimônio ou o do celibato. Paulo responde à questão no capítulo 7 da Primeira Carta aos Coríntios (de onde é retirado o texto da nossa segunda leitura). Paulo considera que não tem, a este propósito, “nenhum preceito do Senhor”; no entanto, o seu parecer é que quem não está comprometido com o casamento deve continuar assim e quem está comprometido não deve “romper o vínculo” (1Cor. 7,25-28). Na perspectiva de Paulo, os cristãos não devem esquecer que “o tempo é breve”, quando tiverem que fazer as suas opções – nomeadamente, quando tiverem que fazer a sua escolha entre o casamento ou o celibato.
MENSAGEM
Paulo reconhece que, quem não é casado tem mais tempo e disponibilidade para se preocupar “com as coisas do Senhor” (v. 32b) e para agradar ao Senhor. Quem é casado tem de atender às necessidades da família e de dividir a sua atenção por uma série de realidades ligadas à vida do dia a dia; quem não é casado pode responder aos desafios de Deus e gastar a sua vida ao serviço do projecto de Deus sem quaisquer condicionalismos ou limitações.
Paulo estará, aqui, a desvalorizar a vida conjugal e a sexualidade? Estará a dizer que o matrimônio é um caminho a evitar, ou é um caminho que afaste de Deus? De modo nenhum. Para Paulo, o casamento é uma realidade importante (ele considera que tanto o casamento como o celibato são dons de Deus – cf. 1Cor. 7,7); mas não deixa de ser uma realidade terrena e efêmera, que não deve, por isso, ser absolutizada. Paulo nunca diz que o casamento seja uma realidade má ou um caminho a evitar; contudo, é evidente, nas suas palavras, uma certa predileção pelo celibato… Na sua perspectiva, o celibato leva vantagem enquanto caminho que aponta para as realidades eternas: anuncia a vida nova de ressuscitados que nos espera, ao mesmo tempo que facilita um serviço mais eficaz a Deus e aos irmãos.
Na verdade, as palavras de Paulo fazem sentido em todos os tempos e lugares; mas elas tornam-se mais lógicas se tivermos em conta o ambiente escatológico que se respirava nas primeiras comunidades. Para os crentes a quem a Primeira Carta aos Coríntios se destinava, a segunda e definitiva vinda de Jesus estava iminente; era preciso, portanto, preocupar-se com as coisas de Deus e relativizar as realidades transitórias e efêmeras, entre as quais se contava o casamento.
ATUALIZAÇÃO
Por detrás das afirmações que Paulo faz no texto que nos é proposto como segunda leitura, está a convicção de que as realidades terrenas são passageiras e efêmeras e não devem, em nenhum caso, ser absolutizadas. Não se trata de propor uma evasão do mundo e uma espiritualidade descarnada, insensível, alheia ao amor, à partilha, à ternura; mas trata-se de avisar que as realidades desta terra não podem ser o objetivo final e único da vida do homem. Esta reflexão convida-nos a repensarmos as nossas prioridades, e a não ancorarmos a nossa vida em realidades transitórias.
A virgindade consagrada, por amor do Reino, nem sempre é um valor compreendido, à luz dos valores da nossa sociedade. Paulo, contudo, sublinha o valor da virgindade como valor autêntico, pois anuncia o mundo novo que há-de vir e disponibiliza para o serviço de Deus e dos irmãos. É sinal de desprendimento, de doação, de disponibilidade e deve ser positivamente valorizada. Aqueles que são chamados a viver dessa forma não são gente estéril e infeliz, alheia às coisas bonitas da vida, mas são pessoas generosas, que renunciaram a um bem (o matrimônio) em vista da sua entrega a Deus e aos outros.
Evangelho – Mc. 1,21-28 – AMBIENTE
Naquele tempo, 21Dirigiram-se para Cafarnaum. E já no dia de sábado, Jesus entrou na sinagoga e pôs-se a ensinar. 22Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas. 23Ora, na sinagoga deles achava-se um homem possesso de um espírito imundo, que gritou: 24"Que tens tu conosco, Jesus de Nazaré? Vieste perder-nos? Sei quem és: o Santo de Deus! 25Mas Jesus intimou-o, dizendo: "Cala-te, sai deste homem!" 26O espírito imundo agitou-o violentamente e, dando um grande grito, saiu. 27Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: "Que é isto? Eis um ensinamento novo, e feito com autoridade; além disso, ele manda até nos espíritos imundos e lhe obedecem!" 28A sua fama divulgou-se logo por todos os arredores da Galiléia. - Palavra da salvação.
A primeira parte do Evangelho segundo Marcos (cf. Mc. 1,14-8,30) tem como objetivo fundamental levar à descoberta de Jesus como o Messias que proclama o Reino de Deus. Ao longo de um percurso que é mais catequético do que geográfico, os leitores do Evangelho são convidados a acompanhar a revelação de Jesus, a escutar as suas palavras e o seu anúncio, a fazerem-se discípulos que aderem à sua proposta de salvação/libertação. Este percurso de descoberta do Messias que o catequista Marcos nos propõe termina em Mc. 8,29-30, com a confissão messiânica de Pedro, em Cesareia de Filipe (que é, evidentemente, a confissão que se espera de cada crente, depois de ter acompanhado o percurso de Jesus a par e passo): “Tu és o Messias”.
O texto que nos é hoje proposto aparece, exatamente, no princípio desta caminhada de encontro com o Messias e com o seu anúncio de salvação. Rodeado já pelos primeiros discípulos, Jesus começa a revelar-Se como o Messias-libertador, que está no meio dos homens para lhes apresentar uma proposta de salvação.
A cena situa-nos em Cafarnaum (em hebraico Kfar Nahum, a “aldeia de Naum”), a cidade situada na costa noroeste do Lago Kineret (o Mar da Galileia). De acordo com os Evangelhos Sinópticos, é aí que Jesus se vai instalar durante o tempo do seu ministério na Galileia. Vários dos discípulos – Simão e seu irmão André, Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João – viviam em Cafarnaum.
MENSAGEM
É um sábado. A comunidade está reunida na sinagoga de Cafarnaum para a liturgia sinagogal. Jesus, recém-chegado à cidade, entra na sinagoga – como qualquer bom judeu – para participar na liturgia sabática. A celebração comunitária começava, normalmente, com a “profissão de fé” (cf. Dt 6,4-9), a que se seguiam orações, cânticos e duas leituras (uma da Torah e outra dos Profetas); depois, vinha o comentário às leituras e as bênçãos. É provável que Jesus tivesse sido convidado, nesse dia, para comentar as leituras feitas. Fê-lo de uma forma original, diferente dos comentários que as pessoas estavam habituadas a ouvir aos “escribas” (os estudiosos das Escrituras). As pessoas ficaram maravilhadas com as palavras de Jesus, “porque ensinava com autoridade e não como os escribas” (v. 22). A referência à autoridade das palavras de Jesus pretende sugerir que Ele vem de Deus e traz uma proposta que tem a marca de Deus.
A “autoridade” que se revela nas palavras de Jesus manifesta-se, também, em ações concretas (como se a “autoridade” das palavras tivesse de ser caucionada pela própria ação). Na sequência das palavras ditas por Jesus e que transmitem aos ouvintes um sinal inegável da presença de Deus, aparece em cena “um homem com um espírito impuro”. Os judeus estavam convencidos que todas as doenças eram provocadas por “espíritos maus” que se apropriavam dos homens e os tornavam prisioneiros. As pessoas afetadas por esses males deixavam de cumprir a Lei (as normas corretas de convivência social e religiosa) e ficavam numa situação de “impureza” – isto é, afastadas de Deus e da comunidade. Na perspectiva dos contemporâneos de Jesus, esses “espíritos maus” que afastavam os homens da órbita de Deus tinham um poder absoluto, que os homens não podiam, com as suas frágeis forças, ultrapassar. Acreditava-se que só Deus, com o seu poder e autoridade absolutos, era capaz de vencer os “espíritos maus” e devolver aos homens a vida e a liberdade perdidas.
Numa encenação com um singular poder evocador, Marcos põe o “espírito mau” que domina “um homem” presente na sinagoga, a interpelar violentamente Jesus. Sugere-se, dessa forma, que diante da proposta libertadora que Jesus veio apresentar, em nome de Deus, os “espíritos maus” responsáveis pelas cadeias que oprimem os homens ficam inquietos, pois sentem que o seu poder sobre a humanidade chegou ao fim. A ação da cura do homem “com um espírito impuro” constitui “a prova provada” de que Jesus traz uma proposta de libertação que vem de Deus; pela ação de Jesus, Deus vem ao encontro do homem para o salvar de tudo aquilo que o impede de ter vida em plenitude.
Para Marcos, este primeiro episódio é uma espécie de apresentação de um programa de acção: Jesus veio ao encontro dos homens para os libertar de tudo aquilo que os faz prisioneiros e lhes rouba a vida. A libertação que Deus quer oferecer à humanidade está a acontecer. O “Reino de Deus” instalou-se no mundo. Jesus, cumprindo o projeto libertador de Deus, pela sua Palavra e pela sua ação, renova e transforma em homens livres todos aqueles que vivem prisioneiros do egoísmo, do pecado e da morte.
ATUALIZAÇÃO
O “homem com um espírito impuro” representa todos os homens e mulheres, de todas as épocas, cujas vidas são controladas por esquemas de egoísmo, de orgulho, de auto-suficiência, de medo, de exploração, de exclusão, de injustiça, de ódio, de violência, de pecado. É essa humanidade prisioneira de uma cultura de morte, que percorre um caminho à margem de Deus e das suas propostas, que aposta em valores efêmeros e escravizantes ou que procura a vida em propostas falíveis ou efêmeras. O Evangelho de hoje garante-nos, porém, que Deus não desistiu da humanidade, que Ele não Se conforma com o fato de os homens trilharem caminhos de escravidão, e que insiste em oferecer a todos a vida plena.
Para Marcos, a proposta de Deus torna-se realidade viva e atuante em Jesus. Ele é o Messias libertador que, com a sua vida, com a sua palavra, com os seus gestos, com as suas ações, vem propor aos homens um projeto de liberdade e de vida. Ao egoísmo, Ele contrapõe a doação e a partilha; ao orgulho e à auto-suficiência, Ele contrapõe o serviço simples e humilde a Deus e aos irmãos; à exclusão, Ele propõe a tolerância e a misericórdia; à injustiça, ao ódio, à violência, Ele contrapõe o amor sem limites; ao medo, Ele contrapõe a liberdade; à morte, Ele contrapõe a vida. O projeto de Deus, apresentado e oferecido aos homens nas palavras e ações de Jesus, é verdadeiramente um projeto transformador, capaz de renovar o mundo e de construir, desde já, uma nova terra de felicidade e de paz. É essa a Boa Nova que deve chegar a todos os homens e mulheres da terra.
Os discípulos de Jesus são as testemunhas da sua proposta libertadora. Eles têm de continuar a missão de Jesus e de assumir a mesma luta de Jesus contra os “demônios” que roubam a vida e a liberdade do homem, que introduzem no mundo dinâmicas criadoras de sofrimento e de morte. Ser discípulo de Jesus é percorrer o mesmo caminho que Ele percorreu e lutar, se necessário até ao dom total da vida, por um mundo mais humano, mais livre, mais solidário, mais justo, mais fraterno. Os seguidores de Jesus não podem ficar de braços cruzados, a olhar para o céu, enquanto o mundo é construído e dirigido por aqueles que propõem uma lógica de egoísmo e de morte; mas têm a grave responsabilidade de lutar, objetivamente, contra tudo aquilo que rouba a vida e a liberdade ao homem.
O texto refere o incômodo do “homem com um espírito impuro”, diante da presença libertadora de Jesus. O pormenor faz-nos pensar nas reações agressivas e intolerantes – por parte daqueles que pretendem perpetuar situações de injustiça e de escravidão – diante do testemunho e do anúncio dos valores do Evangelho. Apesar da incompreensão e da intolerância de que são, por vezes, vítimas, os discípulos de Jesus não devem deixar-se encerrar nas sacristias, mas devem assumir corajosamente e de forma bem visível o seu empenho na transformação das realidades políticas, econômicas, sociais, laborais, familiares.
A luta contra os “demônios” que desfeiam o mundo e que escravizam os homens nossos irmãos é sempre um processo doloroso, que gera conflitos, divisões, sofrimento; mas é, também, uma aventura que vale a pena ser vivida e uma luta que vale a pena travar. Embarcar nessa aventura é tornar-se cúmplice de Deus na construção de um mundo de homens livres.



P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho