quinta-feira, 31 de março de 2016

ENFIM, NOSSO SENHHOR RESSUSCITOU !


Cristo Ressuscitado!


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“Assim que a alma de Nosso Senhor voltou ao corpo, Ele apareceu a Nossa Senhora. Como terá sido esse encontro?.
Nós poderíamos imaginar que Ele tenha aparecido como Senhor esplendoroso — Rei, como nunca ninguém foi nem será rei.
Ou, pelo contrário, com um sorriso de afago que lembrava o seu primeiro olhar no presépio de Belém.
O que o olhar d’Ele comunicou a Ela? O que Nossa Senhora, a criatura perfeita, teria dito, vendo-O e amando-O inteiramente?
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Foi o primeiro louvor que Nosso Senhor recebeu da sua Mãe, após a Ressurreição.
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Quando as cidades eram pouco ruidosas, ouvia-se o bimbalhar dos sinos ao meio- dia, celebrando a Ressurreição. Nas ruas, os moleques espancavam bonecos de Judas.
A Aleluia cantava-se por toda parte. As pessoas cumprimentavam-se, distribuíam ovos de Páscoa. As igrejas enchiam-se, a liturgia apresentava enorme pompa.
Da dor do Calvário nasceu a imensa alegria da Páscoa. A alegria verdadeira, que não é filha do vício, mas fruto abençoado da virtude.
Quando Deus volta a sua Face para os homens, tudo se torna fácil, suave, alegre, brilhante. Quando Deus desvia a sua Face dos homens, são épocas de castigo.
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É como o sol que desaparece. Ó Senhor Jesus, voltai para nós a vossa Face divina e olhai-nos com bondade. Nesse momento a graça há de nos iluminar, e sentir-nos-emos outros.
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Que o Divino Espírito Santo, pelos méritos de vossa Ressurreição, comunique aos que Vos são fiéis a força e o valor para congregar os bons e derrotar os inimigos da vossa Igreja.
Que Ele renove as almas, restaure as instituições, as nações e a Civilização Cristã — nós Vo-lo pedimos por meio de Nossa Senhora, Medianeira Onipotente e Co-redentora do gênero humano”.

LITURGIA DIÁRIA - A PAZ ESTEJA CONVOSCO.

 

Leitura (Atos 3,11-26)

Leitura dos Atos dos Apóstolos. 3 11 Como ele se conservava perto de Pedro e João, uma multidão de curiosos afluiu a eles no pórtico chamado Salomão. 12 À vista disso, falou Pedro ao povo: “Homens de Israel, por que vos admirais assim? Ou por que fitais os olhos em nós, como se por nossa própria virtude ou piedade tivéssemos feito este homem andar? 13 O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos pais glorificou seu servo Jesus, que vós entregastes e negastes perante Pilatos, quando este resolvera soltá-lo. 14 Mas vós renegastes o Santo e o Justo e pedistes que se vos desse um homicida. 15 Matastes o Príncipe da vida, mas Deus o ressuscitou dentre os mortos: disso nós somos testemunhas. 16 Em virtude da fé em seu nome foi que esse mesmo nome consolidou este homem, que vedes e conheceis. Foi a fé em Jesus que lhe deu essa cura perfeita, à vista de todos vós. 17 Agora, irmãos, sei que o fizestes por ignorância, como também os vossos chefes. 18 Deus, porém, assim cumpriu o que já antes anunciara pela boca de todos os profetas: que o seu Cristo devia padecer. 19 Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos para serem apagados os vossos pecados. 20 Virão, assim, da parte do Senhor os tempos de refrigério, e ele enviará aquele que vos é destinado: Cristo Jesus. 21 É necessário, porém, que o céu o receba até os tempos da restauração universal, da qual falou Deus outrora pela boca dos seus santos profetas. 22 Já dissera Moisés: ‘O Senhor, nosso Deus, vos suscitará dentre vossos irmãos um profeta semelhante a mim: a este ouvireis em tudo o que ele vos disser. 23 Todo aquele que não ouvir esse profeta será exterminado do meio do povo’. 24 Todos os profetas, que têm falado sucessivamente desde Samuel, anunciaram estes dias. 25 Vós sois filhos dos profetas e da aliança que Deus estabeleceu com os nossos pais, quando disse a Abraão: ‘Na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra’. 26 Foi em primeiro lugar para vós que Deus suscitou o seu servo, para vos abençoar, a fim de que cada um se aparte da sua iniqüidade”.
Palavra do Senhor.
 

Salmo responsorial 8

Ó Senhor, nosso Deus, como é grande vosso nome por todo o universo!

Ó Senhor, nosso Deus, como é grande
vosso nome por todo o universo!
Perguntamos: “Senhor, que é o homem,
para dele assim vos lembrardes
e o tratardes com tanto carinho?”

Pouco abaixo de Deus o fizestes,
coroando-os de glória e esplendor;
vós lhe destes poder sobre tudo,
vossas obras aos pés lhe pusestes.

As ovelhas, os bois, os rebanhos,
todo o gado e as feras da mata;
passarinhos e peixes dos mares,
todo ser que se move nas águas.
 

Evangelho (Lucas 24,35-48)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos! (Sl 117,24)
 
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, 24 35 Os discípulos, por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como o tinham reconhecido ao partir o pão.
36 Enquanto ainda falavam dessas coisas, Jesus apresentou-se no meio deles e disse-lhes: “A paz esteja convosco!”
37 Perturbados e espantados, pensaram estar vendo um espírito.
38 Mas ele lhes disse: “Por que estais perturbados, e por que essas dúvidas nos vossos corações?
39 Vede minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo; apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho”.
40 E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés.
41 Mas, vacilando eles ainda e estando transportados de alegria, perguntou: “Tendes aqui alguma coisa para comer?”
42 Então ofereceram-lhe um pedaço de peixe assado.
43 Ele tomou e comeu à vista deles.
44 Depois lhes disse: “Isto é o que vos dizia quando ainda estava convosco: era necessário que se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos”.
45 Abriu-lhes então o espírito, para que compreendessem as Escrituras, dizendo:
46 “Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia.
47 E que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém.
48 Vós sois as testemunhas de tudo isso”.
Palavra da Salvação. 

  
Reflexão

Na mesma hora em que os discípulos de Emaús foram dar aos outros a notícia do seu encontro com Jesus, como que para confirmar as suas palavras Ele apareceu-lhes e disse: “A paz esteja convosco! ” Jesus mostrava-se a eles, marcado, cicatrizado, porém vivo e ressuscitado. Alegres e surpresos os discípulos ainda mantinham dúvidas no coração, mas Jesus os convidou a que tocassem Nele e lhes pediu algo para comer. Por meio das palavras e dos gestos de Jesus os discípulos começaram a entender o porquê de todos os acontecimentos.  Jesus, então, abriu-lhes a inteligência para que entendessem as Escrituras e tudo quanto lhes dissera antes. Do mesmo modo acontece conosco! Para que possamos compreender Jesus nós precisamos nos aproximar Dele, tocá-Lo e alimentarmo-nos com Ele. Quando temos uma experiência com Jesus e chegamos a tocar no Seu mistério de Amor por meio da Sua Palavra nós também alimentamos a nossa alma e temos a inteligência iluminada para compreendermos a obra que Ele quer realizar em nós. Na verdade, a primeira manifestação de que estamos tocando Jesus é o sentimento de paz que invade o nosso coração. Jesus vem também dizer que quando nos apoiamos e temos como exemplo a Sua Ressurreição, o sofrimento, a dificuldade, a aflição, são acontecimentos que nos trarão mais tarde a paz, o entendimento, a alegria da superação. A paz é fruto da justiça. Jesus é o Justo por excelência por isso Ele é o doador da Paz. Porém a paz que Ele nos trouxe foi conquistada justamente na Cruz. O Seu sofrimento e a Sua entrega foram por Amor, por Paixão.   - Você agora entende melhor os acontecimentos que Jesus viveu? – E os acontecimentos da sua vida, você compreende-os? -  Você sente essa paz que Jesus veio nos dar? – Ela acontece em você apesar das suas dificuldades? – Você tem mostrado isso na sua vida? 
 
 
 
 
 
 
 
Helena Serpa

quarta-feira, 30 de março de 2016

DEUS NOS AMA!



Sempre nos falaram das coisas que nós tínhamos que oferecer para Deus, mas nunca nos disseram que antes Deus tem muito a nos oferecer, que antes, muito antes de nós o amarmos ele já nos amou.
Sempre foi falado para nós das renúncias, das mortificações que tínhamos que fazer, mas nunca nos disseram que antes Deus perdeu a vida dele por nós, que sacrificou a vida dele por nós, que morreu numa cruz por nós. O Evangelho é o anuncio de que nós estamos "debaixo da graça" de Deus. 

Nós precisamos ter ânimo novo em relação às nossas vidas, uma esperança nova, um sentimento novo, porque Deus nos ama e isto é maravilhoso. 

O amor de Deus nos persegue,nos procura, vem ao nosso encontro desde sempre, nos envolve como num abraço cheio de ternura e amor. 

Esta é a grande novidade que Jesus veio trazer para nós: DEUS NOS AMA! Nada deve perturbar o nosso coração e afastá-lo desta certeza, nem mesmo os nossos pecados e fraquezas, "que Deus nos ama e nos oferece, hoje mesmo, a sua paz e a sua graça como frutos deste amor."
 
 
 
 
 
Pe.Emílio Carlos+

LITURGIA DIÁRIA - CAMINHANDO COM JESUS.

 

Leitura (Atos 3,1-10)

Leitura dos Atos dos Apóstolos.
Naqueles dias, 3 1 Pedro e João iam subindo ao templo para rezar à hora nona.
2 Nisto levavam um homem que era coxo de nascença e que punham todos os dias à porta do templo, chamada Formosa, para que pedisse esmolas aos que entravam no templo.
3 Quando ele viu que Pedro e João iam entrando no templo, implorou a eles uma esmola.
4 Pedro fitou nele os olhos, como também João, e disse:" Olha para nós".
5 Ele os olhou com atenção esperando receber deles alguma coisa.
6 Pedro, porém, disse: "Não tenho nem ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda!"
7 E tomando-o pela mão direita, levantou-o. Imediatamente os pés e os tornozelos se lhe firmaram. De um salto pôs-se de pé e andava.
8 Entrou com eles no templo, caminhando, saltando e louvando a Deus.
9 Todo o povo o viu andar e louvar a Deus.
10 Reconheceram ser o mesmo coxo que se sentava para mendigar à porta Formosa do templo, e encheram-se de espanto e pasmo pelo que lhe tinha acontecido.
Palavra do Senhor.

Salmo responsorial 104/105

Exulte o coração dos que buscam o Senhor.

Dai graças ao Senhor, gritai seu nome,
anunciai entre as nações seus grandes feitos!
Cantai, entoai salmos para ele,
publicai todas as suas maravilhas!

Gloriai-vos em seu nome que é santo,
exulte o coração que busca a Deus!
Procurai o Senhor Deus e seu poder,
buscai constantemente a sua face!

Descendentes de Abraão, seu servidor,
e filhos de Jacó, seu escolhido,
ele mesmo, o Senhor, é nosso Deus,
vigoram suas leis em toda a terra.

Ele sempre se recorda da aliança,
promulgada a incontáveis gerações;
da aliança que ele fez com Abraão
e do seu santo juramento a Isaac.
 

Evangelho (Lucas 24,13-35)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos! (Sl 117)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
24 13 Nesse mesmo dia, dois discípulos caminhavam para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios.
14 Iam falando um com o outro de tudo o que se tinha passado.
15 Enquanto iam conversando e discorrendo entre si, o mesmo Jesus aproximou-se deles e caminhava com eles.
16 Mas os olhos estavam-lhes como que vendados e não o reconheceram.
17 Perguntou-lhes, então: "De que estais falando pelo caminho, e por que estais tristes?"
18 Um deles, chamado Cléofas, respondeu-lhe: "És tu acaso o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que nela aconteceu estes dias?"
19 Perguntou-lhes ele: "Que foi?" Disseram: "A respeito de Jesus de Nazaré. Era um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo.
20 Os nossos sumos sacerdotes e os nossos magistrados o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram.
21 Nós esperávamos que fosse ele quem havia de restaurar Israel e agora, além de tudo isto, é hoje o terceiro dia que essas coisas sucederam.
22 É verdade que algumas mulheres dentre nós nos alarmaram. Elas foram ao sepulcro, antes do nascer do sol;
23 e não tendo achado o seu corpo, voltaram, dizendo que tiveram uma visão de anjos, os quais asseguravam que está vivo.
24 Alguns dos nossos foram ao sepulcro e acharam assim como as mulheres tinham dito, mas a ele mesmo não viram".
25 Jesus lhes disse: "Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes em tudo o que anunciaram os profetas!
26 Porventura não era necessário que Cristo sofresse essas coisas e assim entrasse na sua glória?"
27 E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava dito em todas as Escrituras.
28 Aproximaram-se da aldeia para onde iam e ele fez como se quisesse passar adiante.
29 Mas eles forçaram-no a parar: "Fica conosco, já é tarde e já declina o dia". Entrou então com eles.
30 Aconteceu que, estando sentado conjuntamente à mesa, ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e serviu-lho.
31 Então se lhes abriram os olhos e o reconheceram mas ele desapareceu.
32 Diziam então um para o outro: "Não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?"
33 Levantaram-se na mesma hora e voltaram a Jerusalém. Aí acharam reunidos os Onze e os que com eles estavam.
34 Todos diziam: "O Senhor ressuscitou verdadeiramente e apareceu a Simão".
35 Eles, por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como o tinham reconhecido ao partir o pão.
Palavra da Salvação.
  
Reflexão

Somos como os discípulos de Emaús! Caminhamos aqui absorvidos nas nossas dificuldades e não nos detemos para decifrar os enigmas da nossa vida. Também não conseguimos experimentar logo que o Senhor ressuscitado está muito perto de nós e perdemos um tempo precioso, murmurando, lamentando e questionando. Muitas vezes, não entendemos as coisas que nos ocorrem, nos apavoramos diante dos acontecimentos que nos tiram a tranquilidade mergulhando na tristeza e na desesperança. Parece até que chegamos ao final do nosso caminho e não temos mais para onde correr. Como cristãos, no entanto, precisamos ter em mente que Jesus Cristo se faz presente no nosso caminho de uma maneira muito sutil e também muito simples. “Como somos sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! ” Esta, também é a conclusão a que devemos chegar.  A certeza, porém, de que   o Senhor ressuscitou está muito perto de nós, muda a nossa compreensão diante dos fatos que nos tiram do sério. Precisamos estar atentos (as) para reconhecer Jesus quando, simplesmente meditando na Sua Palavra,  podemos sentir a  presença do  Ressuscitado; quando O contemplamos e O adoramos no Santíssimo Sacramento do Altar e nos deixamos banhar pela Sua Luz nós também desvendamos os mistérios da nossa existência; quando participamos de uma Celebração Eucarística e comungamos o Seu Corpo e o Seu Sangue nós distinguimos que algo mudou dentro de nós e que também o nosso coração arde mesmo que nada aconteça de extraordinário. Assim sendo, nós também, como os discípulos de Emaús, somos motivados a dar a Boa Nova por onde passarmos: “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a mim”!  Tudo está escrito e marcado no nosso coração! Nunca mais seremos os (as) mesmos (as)! – Você já pode sair anunciando isto por onde passar? – Você ainda continua olhando apenas para coisas ruins da sua vida? Você já percebeu que Cristo parte o pão para si? – Você se considera uma pessoa inteligente para desvendar os enigmas de Deus?  








Helena Serpa

terça-feira, 29 de março de 2016

A IMPORTÂNCIA DA OITAVA DE PÁSCOA.

He is RisenApós o domingo de Páscoa a Igreja vive o Tempo Pascal; são sete semanas em que celebra a presença de Jesus Cristo Ressuscitado entre os Apóstolos, dando-lhes as suas últimas instruções (At1,2). Quarenta dias depois da Ressurreição Jesus teve a sua Ascensão ao Céu, e ao final dos 49 dias enviou o Espírito Santo sobre a Igreja reunida no Cenáculo com a Virgem Maria. É o coroamento da Páscoa. O Espírito Santo dado à Igreja é o grande dom do Cristo glorioso.
O Tempo Pascal compreende esses cinquenta dias (em grego = “pentecostes”), vividos e celebrados “como um só dia”. Dizem as Normas Universais do Ano Litúrgico que: “os cinquenta dias entre o domingo da Ressurreição até o domingo de Pentecostes devem ser celebrados com alegria e júbilo, “como se fosse um único dia festivo”, como um grande domingo” (n. 22).
É importante não perder o caráter unitário dessas sete semanas. A primeira semana é a “oitava da Páscoa”. Ela termina com o domingo da oitava, chamado “in albis”, porque nesse dia os recém batizados tiravam as vestes brancas recebidas no dia do Batismo.
Esse é o Tempo litúrgico mais forte de todo o ano. É a Páscoa (passagem) de Cristo da morte à vida, a sua existência definitiva e gloriosa. É a Páscoa também da Igreja, seu Corpo. No dia de Pentecostes a Igreja é introduzida na “vida nova” do Reino de Deus. Daí para frente o Espírito Santo guiará e assistirá a Igreja em sua missão de salvar o mundo, até que o Senhor volte no Último Dia, a Parusia. Com a vinda do Espírito Santo à Igreja, entramos “nos últimos tempos” e a salvação está definitivamente decretada; é irreversível; as forças o inferno vencidas pelo Cristo na cruz, não são mais capazes de barrar o avanço do Reino de Deus, até que o Senhor volte na Parusia.
A Igreja logo nos primórdios começou a celebrar as sete semanas do Tempo Pascal, para “prolongar a alegria da Ressurreição” até a grande festa de Pentecostes. É um tempo de prolongada alegria espiritual. Esse tempo deve ser vivido na expectativa da vinda do Espírito Santo; deve ser o tempo de um longo Cenáculo de oração confiante.
Nestes cinquenta dias de Tempo Pascal, e, de modo especial na Oitava da Páscoa, o Círio Pascal é aceso em todas as celebrações, até o domingo de Pentecostes. Ele simboliza o Cristo ressuscitado no meio da Igreja. Ele deve nos lembrar que todo medo deve ser banido porque o Senhor ressuscitado caminha conosco, mesmo no vale da morte (Sl 22). É tempo de renovar a confiança no Senhor, colocar em suas mãos a nossa vida e o nosso destino, como diz o salmista: “Confia os teus cuidados ao Senhor e Ele certamente agirá” (Salmo 35,6).
Os vários domingos do Tempo Pascal não se chamam, por exemplo, “terceiro domingo depois da Páscoa”, mas “III domingo de Páscoa”. As leituras da Palavra de Deus dos oito domingos deste Tempo na Santa Missa estão voltados para a Ressurreição. A primeira leitura é sempre dos Atos dos Apóstolos, as ações da Igreja primitiva, que no meio de perseguições anunciou o Senhor ressuscitado e o seu Reino, com destemor e alegria.
Portanto, este é um tempo de grande alegria espiritual, onde devemos viver intensamente na presença do Cristo ressuscitado que transborda sobre nós os méritos da Redenção. É um tempo especial de graças, onde a alma mais facilmente bebe nas fontes divinas. É o tempo de vencer os pecados, superar os vícios, renovar a fé e assumir com Cristo a missão de todo batizado: levar o mundo para Deus, através de Cristo. É tempo de anunciar o Cristo ressuscitado e dizer ao mundo que somente nele há salvação.
Então, a Igreja deseja que nos oito dias de Páscoa (Oitava de Páscoa) vivamos o mesmo espírito do domingo da Ressurreição, colhendo as mesmas graças. Assim, a Igreja prolonga a Páscoa, com a intenção de que “o tempo especial de graças” que significa a Páscoa, se estenda por oito dias, e o povo de Deus possa beber mais copiosamente, e por mais tempo, as graças de Deus neste tempo favorável, onde o céu beija a terra e derrama sobre elas suas Bênçãos copiosas.
Mas, só pode se beneficiar dessas graças abundantes e especiais, aqueles que têm sede, que conhecem, que acreditam, e que pedem. É uma lei de Deus, quem não pede não recebe. E só recebe quem pede com fé, esperança, confiança e humildade.
As mesmas graças e bênçãos da Páscoa se estendem até o final da Oitava. Não deixe passar esse tempo de graças em vão! Viva oito dias de Páscoa e colha todas as suas bênçãos. Não tenha pressa! Reclamamos tanto de nossas misérias, mas desprezamos tanto os salutares remédios que Deus coloca à nossa disposição tão frequentemente.
Muitas vezes somos miseráveis sentados em cima de grandes tesouros, pois perdemos a chave que podia abri-lo. É a chave da fé, que tão maternalmente a Igreja coloca todos os anos em nossas mãos. Aproveitemos esse tempo de graça para renovar nossa vida espiritual e crescer em santidade.
O Círio Pascal
O Círio Pascal estará acesso por quarenta dias nos lembrando isso. A grande vela acesa simboliza o Senhor Ressuscitado. É o símbolo mais destacado do Tempo Pascal. A palavra “círio” vem do latim “cereus”, de cera. O produto das abelhas. O círio mais importante é o que é aceso na vigília Pascal como símbolo de Cristo – Luz, e que fica sobre uma elegante coluna ou candelabro enfeitado. O Círio Pascal é já desde os primeiros séculos um dos símbolos mais expressivos da vigília, por isso ele traz uma inscrição em forma de cruz, acompanhada da data do ano e das letras Alfa e Ômega, a primeira e a última do alfabeto grego, para indicar que a Páscoa do Senhor Jesus, princípio e fim do tempo e da eternidade, nos alcança com força sempre nova no ano concreto em que vivemos. O Círio Pascal tem em sua cera incrustado cinco cravos de incenso simbolizando as cinco chagas santas e gloriosas do Senhor da Cruz.
O Círio Pascal ficará aceso em todas as celebrações durante as sete semanas do Tempo Pascal, ao lado do ambão da Palavra, até a tarde do domingo de Pentecostes. Uma vez concluído o tempo Pascal, convém que o Círio seja dignamente conservado no batistério. O Círio Pascal também é usado durante os batismos e as exéquias, quer dizer no princípio e o término da vida temporal, para simbolizar que um cristão participa da luz de Cristo ao longo de todo seu caminho terreno, como garantia de sua incorporação definitiva à Luz da vida eterna.
No Vaticano, a cera do Círio Pascal do ano anterior é usada para a confecção do “Agnus Dei” (Cordeiro de Deus), que muitos católicos usam no pescoço; é um sacramental valioso para nos proteger dos perigos desta vida, pois é feito do Círio que representa o próprio Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ele é confeccionado de cera branca onde se imprime a figura de um cordeiro, símbolo do Cordeiro Imolado para reparar os pecados do mundo.
Esses “Agnus Dei” são mergulhados pelo Papa em água misturada com bálsamo e o óleo Sagrado Crisma. O Sumo Pontífice eleva profundas orações a Deus implorando para os fiéis que os usarem com fé, as seguintes graças: expulsar as tentações, aumentar a piedade, afastar a tibieza, os perigos de veneno e de morte súbita, livrar das insidias, preservar dos raios, tempestades, dos perigos das ondas e do fogo – impedir que qualquer força inimiga nos prejudique – ajudar as mães no nascimento das crianças.








Prof. Felipe Aquino

LITURGIA DIÁRIA - MULHER, POR QUE CHORAS?

Leitura (Atos 2,36-41)

Leitura dos Atos Apóstolos. 2 36 “Que toda a casa de Israel saiba, portanto, com a maior certeza de que este Jesus, que vós crucificastes, Deus o constituiu Senhor e Cristo”. 37 Ao ouvirem essas coisas, ficaram compungidos no íntimo do coração e indagaram de Pedro e dos demais apóstolos: “Que devemos fazer, irmãos?” 38 Pedro lhes respondeu: “Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. 39 Pois a promessa é para vós, para vossos filhos e para todos os que ouvirem de longe o apelo do Senhor, nosso Deus”. 40 Ainda com muitas outras palavras exortava-os, dizendo: “Salvai-vos do meio dessa geração perversa!” 4l Os que receberam a sua palavra foram batizados. E naquele dia elevou-se a mais ou menos três mil o número dos adeptos.
Palavra do Senhor.
 

Salmo responsorial 32/33

Transborda em toda a terra a bondade do Senhor.

Reta é a palavra do Senhor,
e tudo o que ele faz merece fé.
Deus ama o direito e a justiça,
transborda em toda a terra a sua graça.

Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem
e que confiam, esperando em seu amor,
pra da morte libertar as suas vidas
e alimentá-los quando é tempo de penúria.

No Senhor nós esperamos confiantes,
porque ele é nosso auxílio e proteção!
Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,
da mesma forma que em vós nós esperamos!
  

Evangelho (João 20,11-18)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos! (Sl 117)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
Naquele tempo, 20 11 entretanto, Maria se conservava do lado de fora perto do sepulcro e chorava. Chorando, inclinou-se para olhar dentro do sepulcro.
12 Viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde estivera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés.
13 Eles lhe perguntaram: “Mulher, por que choras?” Ela respondeu: “Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram”.
14 Ditas estas palavras, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não o reconheceu.
15 Perguntou-lhe Jesus: “Mulher, por que choras? Quem procuras?” Supondo ela que fosse o jardineiro, respondeu: “Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste e eu o irei buscar”.
16 Disse-lhe Jesus: “Maria!” Voltando-se ela, exclamou em hebraico: “Rabôni!” (que quer dizer Mestre).
17 Disse-lhe Jesus: “Não me retenhas, porque ainda não subi a meu Pai, mas vai a meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”.
18 Maria Madalena correu para anunciar aos discípulos que ela tinha visto o Senhor e contou o que ele lhe tinha falado.
Palavra da Salvação.

  
 Reflexão

A ressurreição é um facto sobrenatural, testemunhado pelo mundo sobrenatural: jovem vestido de branco (Mc 16, 5), um anjo (Mt 28, 5), homens vestidos de branco (Lc 24, 4), dois anjos (Jo 20, 12). Ao longo de Jo 20, vemos o crescimento e a afirmação da fé dos primeiros discípulos em Jesus ressuscitado.
O nosso texto compõe-se de duas partes: a aparição dos anjos a Maria (vv. 11-
13) e a aparição de Jesus à mulher (vv. 14-18). Maria deve ser libertada de um apego ainda muito sensível ao Jesus terreno. A ultrapassagem desta visão terrena permite ao discípulo encontrar o Senhor. Maria não chega à fé em Cristo ressuscitado por meio dos anjos, que são simples interlocutores. De facto, só reconheceu o Senhor quando Ele pronunciou o seu nome: «Maria!» (v. 16), inaugurando nela uma nova vida. Ao reconhecer o Mestre (Rabbuni!), é convidada por Jesus a anunciar aos discípulos a Ressurreição. Torna-se então símbolo da fé plena, que se torna missionária e evangelizadora da Palavra de Jesus: «Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: «Vi o Senhor!» E contou o que Ele lhe tinha dito» (v. 18).
O encontro de Jesus com Maria Madalena, e o anúncio feito pela mulher aos irmãos, encerra uma importante mensagem para o discípulo de todos os tempos: o Senhor está vivo e cada um O deve procurar por meio de uma caminhada de fé, na certeza de que, se fizer a sua parte, o Senhor não tardará, por Sua vez, a vir-lhe ao encontro e a fazer-Se reconhecer.

Meditatio
Animados pelo Espírito Santo, os Apóstolos pregaram Jesus Cristo Morto e Ressuscitado. A Boa Notícia foi acolhida com entusiasmo e «juntaram-se a eles cerca de três mil pessoas» (41). Como explicar tantas conversões? Estava-se no Pentecostes e o Espírito não actuava só nos Apóstolos, mas também nos seus ouvintes. O discurso de Pedro não era extraordinário nem irresistível. Mas os seus ouvintes ficaram fortemente emocionados com ele. E impõe-se uma conclusão: é o Espírito que torna fecunda a Palavra e converte os corações. O livro dos Actos ilustra esta verdade elementar: o protagonista da evangelização é o Espírito Santo.
Parece que estamos a redescobrir na Igreja esse caminho, que exige mais paz e oração, e menos agitação e correrias. A pregação só toca os corações quando vai incendiada pelo fogo do Espírito.
O evangelho comove e espanta pela sua simplicidade. Maria chora por aquilo que a devia encher de alegria. Mas ela ainda não sabe tudo, nem podia sabê-lo. Só um coração cavado pela dor pode ser repleto de alegria sobrenatural. Quantas vezes nos deixamos afundar na tristeza, em vez de exultarmos pela alegria que os sofrimentos nos preparam!
Maria não reconhece Jesus porque se deixou envolver na sua ilusão humana:
«Levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram» (v. 13). As suas palavras não estão totalmente erradas, porque expressam um profundo afecto pelo Senhor. Mas deve converter-se: procura um morto, e deve procurar um vivo. Uma tal conversão só irá acontecer quando Jesus a chamar pelo nome: «Maria!» (v. 16).
Nós também só podemos chorar e procurar o Senhor na noite. Mas, quando Ele quiser, pode tocar-nos o coração, chamar-nos pelo nome. E tudo mudará: «Rabbuni!»,

«Mestre!» (v. 16). Vamos reconhecê-Lo e ouvir da sua boca: «vai ter com os meus irmãos» (v. 17).
Antes da Paixão, Jesus nunca tinha chamado irmãos aos seus discípulos. Chamo- os, agora. A cruz aproximou-O de nós de um modo absolutamente único. Tendo entrado na glória, parece mais longe de nós. Mas está mais próximo: é um irmão que nos leva ao seu e nosso Pai.
A Igreja constituiu-se à volta do Ressuscitado, cuja presença ela
experimentava fortemente. É também à volta d´Ele que se constituem as comunidades religiosas, no respeito pela dignidade e pela liberdade das pessoas. Cristo é o centro de toda a comunidade religiosa. Por isso, mais do que fruto da habilidade dos homens, a comunidade é fruto da Graça. Mais do que por meio de recursos humanos, a comunidade há-de ser construída à volta do altar, na celebração e na adoração eucarísticas. As nossas Constituições afirmam: “A comunidade esforça- se por dar testemunho de Cristo, no nome do qual está reunida” (Cst 67); “Procuramos a inspiração e o modelo desta vida comunitária na comunidade dos discípulos reunidos em redor do Senhor e nas primitivas comunidades cristãs” 






Dehonianos

segunda-feira, 28 de março de 2016

MUITO MAIS DO QUE UM MEMORIAL.

Na Santa Missa, nós não só assistimos a um memorial, mas somos elevados à participação na natureza divina. Não só choramos a morte de Cristo, mas recebemos os frutos de Seu sacrifício de amor em nossa própria vida.


Quem quer que se detenha a contemplar por alguns minutos uma imagem do Senhor Morto — aquela tradicionalmente levada em procissão na noite da Sexta-feira Santa — não pode deixar de trazer à mente a imagem de um funeral. Quando sentimos saudades de alguém que já passou desta para a outra vida, é o seu corpo que vamos visitar no cemitério, como se os restos mortais de quem amamos pudessem, de alguma forma, trazer novamente a presença de quem se foi.
Durante "o grande silêncio" que pairava sobre a Terra naquela fatídica tarde do primeiro Sábado Santo, a religião cristã parecia fadada a um desfecho mais ou menos parecido: com Jesus morto, não restaria nada aos Seus seguidores, senão o luto — as lágrimas pela morte de mais um profeta e por promessas ainda em vista de se cumprirem — e o "amargo consolo" de possuir um cadáver trancado num sepulcro. Os eventos que se seguiram, no entanto, fugiam completamente de quaisquer roteiros humanos. Aquele corpo que mal acabara de ser descido da Cruz, frio, pálido, coberto pelas mais ignominiosas chagas, milagrosamente ressuscitou dos mortos; apareceu várias vezes aos discípulos de Cristo, vivo, resplandecente, glorioso; ascendeu prodigiosamente aos céus, à vista deles; e, por fim, se foi.
A um olhar desatento, essa privação poderia parecer um mal. Sim, o túmulo é uma lembrança "amarga", mas é melhor do que nada. Não é coisa muito dura que Cristo tenha subido aos céus e privado os Seus amigos de Sua presença física? Não seria melhor que ficasse em nosso meio para sempre?
A resposta para essas perguntas precisa ser medida de acordo com outros dados da Revelação. Santo Tomás de Aquino, por exemplo, diz que, "embora os fiéis, pela ascensão, tenham sido privados da presença corporal de Cristo, sua presença divina é constante entre os fiéis" [1]. Ele mesmo tinha prometido ficar conosco "todos os dias, até a consumação dos tempos" (Mt 28, 20). O que acontece é que muitas vezes nos esquecemos do modo admirável como Cristo permanece em nosso meio. Antes mesmo de morrer, Ele deixou aos que O amam um memorial que é, ao mesmo tempo, Sua presença viva e real. O seu nome é Eucaristia.
Em toda Santa Missa, pelas palavras da consagração — que repetem as que Jesus pronunciou na Última Ceia —, Ele mesmo desce de novo dos céus, escondendo-se sob as aparências do pão e do vinho, para a adoração e o alimento dos fiéis. Ninguém precisa esperar a Sexta-feira Santa para relembrar o sacrifício de Cristo — nem mesmo de uma escultura do corpo do Senhor. Ele está em toda Santa Missa, deitado sobre o altar; Ele está em todo tabernáculo, acessível a quem O quiser adorar.
Essa é uma realidade extraordinária, que deveria fazer arder o nosso coração, mas — como tudo o que é sagrado e grandioso — também corre o risco de ser obscurecida ou até mesmo impiedosamente negada.
É o que acontece quando as pessoas responsáveis pela liturgia, ignorando o devido valor que tem a Santa Missa, pretendem inovar e apresentar "alguma coisa diferente" à comunidade. Num domingo, é um teatro para encenar uma passagem do Evangelho; noutro, uma dança para levar a Bíblia ou as oferendas; noutro, uma campanha de conscientização política sobre o que quer que seja. Enquanto isso, o Senhor dos senhores, o Rei dos reis, o "Assunto dos assuntos", está esquecido na mesa do altar, como se fosse apenas mais um, e não o próprio centro da celebração. É como se fôssemos a um funeral e nos esquecêssemos qual a verdadeira finalidade do que está acontecendo: fazer memória.
Alguém poderá dizer que a Missa não é um funeral. É verdade, não é, mas se trata do memorial da morte do Senhor e da atualização do Seu sacrifício no Calvário, de modo que, diz o Santo Padre Pio de Pietrelcina, é preciso assistir a ela como São João e a Virgem Maria assistiram ao sacrifício da Cruz. Existe, é certo, uma radiante alegria na alma do cristão que vai à Missa, principalmente por saber que Cristo está vivo e ressuscitado. Ao mesmo tempo, porém, ele sabe que isso não lhe dá licença para banalizar. Jesus está em nosso meio verdadeiramente, mas continua sendo Deus, continua devendo ser adorado, respeitado e reverenciado. Ele está verdadeiramente ressuscitado, mas Sua morte na Cruz continua sendo o grande sinal do Seu amor por nós e o grande chamado a que O amemos de volta.
Fixe o seu olhar nesta verdade. Bem perto de você, daqui a pouco, estará sendo celebrado o Santo Sacrifício da Missa. Na pequenina capela que se esconde sob os arranha-céus das grandes cidades, quem vem? Não é nenhum astro musical, nenhuma estrela de cinema, nenhum filósofo ou intelectual, mas o próprio Jesus Cristo, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade — o Deus feito homem, maior que tudo o que existe e que há de existir.
Ele vem, vem em toda Santa Missa, para nos alimentar, fazendo-nos beber de seu costado ferido pela lança [2]. Ali, nós não só assistimos a um memorial, mas tomamos parte da própria divindade, somos elevados à participação na natureza divina (cf. 2 Pd 1, 4). Não só choramos a morte de Cristo, mas recebemos os frutos de Seu sacrifício de amor em nossa própria vida. Não existe nada maior do que isso, e só quando descobrirmos a grandeza do tesouro que ali se esconde seremos verdadeiramente felizes. 










Por Equipe Christo Nihil Praeponere

Referências

  1. Suma Teológica, III, q. 57, a. 1, ad 3.
  2. Cf. São João Crisóstomo, Homilias sobre o Evangelho de São João, 85, 3 (PG 59, 463).

LITURGIA DIÁRIA - NÃO TEMAIS.

Leitura (Atos 2,14.22-32)

Leitura dos Atos dos Apóstolos. 2 14 Pedro então, pondo-se de pé em companhia dos Onze, com voz forte lhes disse: “Homens da Judéia e vós todos que habitais em Jerusalém: seja-vos isto conhecido e prestai atenção às minhas palavras. 15 Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, visto não ser ainda a hora terceira do dia. 16 Mas cumpre-se o que foi dito pelo profeta Joel: 17 ‘Acontecerá nos últimos dias’ - é Deus quem fala -, ‘que derramarei do meu Espírito sobre todo ser vivo: profetizarão os vossos filhos e as vossas filhas. Os vossos jovens terão visões, e os vossos anciãos sonharão. 18 Sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei naqueles dias do meu Espírito e profetizarão. 19 Farei aparecer prodígios em cima, no céu, e milagres embaixo, na terra: sangue fogo e vapor de fumaça. 20 O sol se converterá em trevas e a lua em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor. 21 E então todo o que invocar o nome do Senhor será salvo’. 22 Israelitas, ouvi estas palavras: Jesus de Nazaré, homem de quem Deus tem dado testemunho diante de vós com milagres, prodígios e sinais que Deus por ele realizou no meio de vós como vós mesmos o sabeis. 32 A este Jesus, Deus o ressuscitou: do que todos nós somos testemunhas”.
Palavra do Senhor.
 

Salmo responsorial 15/16

Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio!

Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio!
Digo ao Senhor: somente vós sois meu Senhor.
Ó Senhor, sois minha herança e minha taça,
meu destino está seguro em vossas mãos!

Eu bendigo o Senhor, que me aconselha
e até de noite me adverte o coração.
Tenho sempre o Senhor ante meus olhos,
pois, se o tenho a meu lado, não vacilo.

Eis por que meu coração está em festa,
minha alma rejubila de alegria
e até meu corpo no repouso está tranquilo;
pois não haveis de me deixar entregue à morte
nem vosso amigo conhecer a corrupção.

Vós me ensinais vosso caminho para a vida;
junto a vós, felicidade sem limites,
delícia eterna e alegria ao vosso lado!
  

Evangelho (Mateus 28,8-15)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, 28 8 as mulheres se afastaram prontamente do túmulo com certo receio, mas ao mesmo tempo com alegria, e correram a dar a boa nova aos discípulos.
9 Nesse momento, Jesus apresentou-se diante delas e disse-lhes: “Salve!” Aproximaram-se elas e, prostradas diante dele, beijaram-lhe os pés.
10 Disse-lhes Jesus: “Não temais! Ide dizer aos meus irmãos que se dirijam à Galiléia, pois é lá que eles me verão”.
11 Enquanto elas voltavam, alguns homens da guarda já estavam na cidade para anunciar o acontecimento aos príncipes dos sacerdotes.
12 Reuniram-se estes em conselho com os anciãos. Deram aos soldados uma importante soma de dinheiro, ordenando-lhes:
13 “Vós direis que seus discípulos vieram retirá-lo à noite, enquanto dormíeis.
14 Se o governador vier a sabê-lo, nós o acalmaremos e vos tiraremos de dificuldades”.
15 Os soldados receberam o dinheiro e seguiram suas instruções. E esta versão é ainda hoje espalhada entre os judeus.
Palavra da Salvação.

  

 Reflexão

As mulheres estavam com medo, por causa da sua limitação humana, mas correram com grande alegria para dar a notícia aos seus amigos.   A alegria é o sinal que o cristão dá ao mundo da sua fé e esperança na ressurreição de Jesus. O medo é consequência da nossa limitação humana e é mais intenso na medida em que não conseguimos nos apoiar na fé e na esperança.  A alegria e o destemor são sinais de que a nossa vida está guardada com Jesus e é a nossa motivação para também anunciar ao mundo a sua presença em nós. Jesus também vem a nós na hora que estamos temerosos (as) diante das coisas que ainda não entendemos e nos alenta: “Alegrai-vos, não tenhais medo;  Ide anunciar”! Só podemos dar testemunho de que Jesus está vivo e faz vida em nós, quando vivemos realmente esses três mandatos de Jesus. A alegria é o primeiro sinal de uma vida em Deus; O destemor faz parte da vida do cristão, e anunciar o Evangelho é a missão de todos (as) aqueles (as) que vivem em Cristo. O medo faz parte da nossa humanidade, porém, quando nos apropriamos da Palavra de Cristo e assumimos as suas promessas, nós podemos atravessar o vale escuro sem nenhum temor. Tudo na vida passa e todas as dificuldades nós poderemos suportar em vista da alegria de ter uma vida interior renovada pela presença de Jesus dentro de nós. Alegremo-nos: Jesus ressuscitou e está no meio de nós, vitorioso para nos fazer também vencedores.  - Você tem obedecido às ordens de Jesus? – Você cultiva a alegria? – O que o seu coração ainda teme? – Como você tem anunciado ao mundo a sua vida nova? – Você tem se apossado das promessas de Deus e confiando na Palavra de Cristo? – Então você já é um (a) vencedor (a)!  






Helena Serpa

domingo, 27 de março de 2016

SOLENIDADE DA PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR.

 
A liturgia deste domingo celebra a ressurreição e garante-nos que a vida em plenitude resulta de uma existência feita dom e serviço em favor dos irmãos. A ressurreição de Cristo é o exemplo concreto que confirma tudo isto.
A primeira leitura apresenta o exemplo de Cristo que “passou pelo mundo fazendo o bem” e que, por amor, Se deu até à morte; por isso, Deus ressuscitou-O. Os discípulos, testemunhas desta dinâmica, devem anunciar este “caminho” a todos os homens.
O Evangelho coloca-nos diante de duas atitudes face à ressurreição: a do discípulo obstinado, que se recusa a aceitá-la porque, na sua lógica, o amor total e a doação da vida não podem nunca ser geradores de vida nova; e o discípulo ideal, que ama Jesus e que, por isso, entende o seu caminho e a sua proposta – a esse não o escandaliza nem o espanta que da cruz tenha nascido a vida plena, a vida verdadeira.
A segunda leitura convida os cristãos, revestidos de Cristo pelo Baptismo, a continuarem a sua caminhada de vida nova, até à transformação plena que acontecerá quando, pela morte, tivermos ultrapassado a última fronteira da nossa finitude.

LEITURA I – Act 10,34.37-43
Leitura dos Atos dos Apóstolos
Naqueles dias,
Pedro tomou a palavra e disse:
«Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia,
a começar pela Galileia,
depois do baptismo que João pregou:
Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré,
que passou fazendo o bem
e curando a todos os que eram oprimidos pelo Demônio,
porque Deus estava com Ele.
Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez
no país dos judeus e em Jerusalém;
e eles mataram-n’O, suspendendo-O na cruz.
Deus ressuscitou-O ao terceiro dia
e permitiu-Lhe manifestar-Se, não a todo o povo,
mas às testemunhas de antemão designadas por Deus,
a nós que comemos e bebemos com Ele,
depois de ter ressuscitado dos mortos.
Jesus mandou-nos pregar ao povo
e testemunhar que Ele foi constituído por Deus
juiz dos vivos e dos mortos.
É d’Ele que todos os profetas dão o seguinte testemunho:
quem acredita n’Ele
recebe pelo seu nome a remissão dos pecados».
AMBIENTE
A obra de Lucas (Evangelho e Atos dos Apóstolos) aparece entre os anos 80 e 90, numa fase em que a Igreja já se encontra organizada e estruturada, mas em que começam a surgir “mestres” pouco ortodoxos, com propostas doutrinais estranhas e, às vezes, pouco cristãs. Neste ambiente, as comunidades cristãs começam a necessitar de critérios claros que lhes permitam discernir a verdadeira doutrina de Jesus da falsa doutrina dos falsos mestres.
Lucas apresenta, então, a Palavra de Jesus, transmitida pelos apóstolos sob o impulso do Espírito Santo: é essa Palavra que contém a proposta libertadora de Deus para os homens. Nos Atos, em especial, Lucas mostra como a Igreja nasce da Palavra de Jesus, fielmente anunciada pelos apóstolos; será esta Igreja, animada pelo Espírito, fiel à doutrina transmitida pelos apóstolos, que tornará presente o plano salvador do Pai e o fará chegar a todos os homens.
Neste texto em concreto, Lucas propõe-nos o testemunho e a catequese de Pedro em Cesareia, em casa do centurião romano Cornélio. Convocado pelo Espírito (cf. Act 10,19-20), Pedro entra em casa de Cornélio, expõe-lhe o essencial da fé e baptiza-o, bem como a toda a sua família (cf. Act 10,23b-48). O episódio é importante, porque Cornélio é o primeiro pagão a cem por cento a ser admitido ao cristianismo por um dos Doze (o etíope de que se fala em Act 8,26-40 já era “prosélito”, isto é, simpatizante do judaísmo). Significa que a vida nova que nasce de Jesus é para todos os homens.
MENSAGEM
O nosso texto é uma composição lucana, onde ecoa o kerigma primitivo. Pedro começa por anunciar Jesus como “o ungido”, que tem o poder de Deus (vers. 38a); depois, descreve a actividade de Jesus, que “passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos” (vers. 38b); em seguida, dá testemunho da morte na cruz (vers. 39) e da ressurreição (vers. 40); finalmente, tira as suas conclusões acerca da dimensão salvífica de tudo isto (vers. 43b: “quem acredita n’Ele recebe, pelo seu nome, a remissão dos pecados”). Esta catequese refere também, com alguma insistência, o testemunho dos discípulos que acompanharam, a par e passo, a caminhada histórica de Jesus (vers. 39a. 41. 42).
Repare-se como a ressurreição de Jesus não é apresentada como um facto isolado, mas como o culminar de uma vida vivida de um determinado jeito. Depois de Jesus ter passado pelo mundo “fazendo o bem e libertando todos os que eram oprimidos”; depois de Ele ter morrido na cruz como consequência desse “caminho”, Deus ressuscitou-O. A radical transformação e transfiguração da realidade terrestre de Jesus, a plenitudização das suas possibilidades humanas e divinas, parece ser o ponto de chegada de uma vida posta ao serviço do projeto salvador e libertador de Deus. Por outro lado, esta vida, vivida na entrega e no dom, é uma proposta transformadora que, uma vez acolhida, liberta da escravidão do egoísmo e do pecado (vers. 43).
E os discípulos? Eles são aqueles que aderiram a Jesus, acolheram a sua proposta libertadora e estão a ressuscitar, à medida que a sua vida se identifica com a de Jesus; mas, além disso, eles são as testemunhas de tudo isto: é absolutamente necessário que esta proposta de ressurreição, de vida plena, de vida transfigurada, chegue a todos os homens. É que essa proposta de salvação é universal e deve atingir, através dos discípulos, todos os povos da terra, sem distinção. Os acontecimentos do dia do Pentecostes já haviam anunciado este projeto.
ATUALIZAÇÃO
Refletir a Palavra, a partir das seguintes coordenadas:
• A ressurreição de Jesus é a consequência de uma vida gasta a “fazer o bem e a libertar os oprimidos”. Isso significa que, sempre que alguém – na linha de Jesus – se esforça por vencer o egoísmo, a mentira, a injustiça e por fazer triunfar o amor, está a ressuscitar; significa que sempre que alguém – na linha de Jesus – se dá aos outros e manifesta em gestos concretos a sua entrega aos irmãos, está a ressuscitar. Eu estou a ressuscitar, porque caminho pelo mundo fazendo o bem, ou a minha vida é uma submissão ao egoísmo, ao orgulho, ao comodismo?
• A ressurreição de Jesus significa, também, que o medo, a morte, o sofrimento, a injustiça deixam de ter poder sobre o homem que ama, que se dá, que partilha a vida. Ele tem assegurado a vida plena, essa vida que os poderes deste mundo não podem atingir nem restringir. Ele pode, assim, enfrentar o mundo com a serenidade que lhe vem da fé. Estou consciente disto ou deixo-me dominar pelo medo, sempre que tenho de agir para combater aquilo que rouba a vida e a dignidade a mim e a cada um dos meus irmãos?
• Aos discípulos pede-se também que sejam as testemunhas da ressurreição. Nós não vimos o sepulcro vazio, mas fazemos todos os dias a experiência do Senhor ressuscitado, vivo e caminhando ao nosso lado nos caminhos da história. Temos de testemunhar essa realidade; no entanto, é preciso que o nosso testemunho seja comprovado por factos concretos: por essa vida de amor e de entrega que é sinal da vida nova de Jesus em nós.

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 117 (118)
Refrão 1: Este é o dia que o Senhor fez:
exultemos e cantemos de alegria.
Refrão 2: Aleluia.
Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Israel:
é eterna a sua misericórdia.
A mão do Senhor fez prodígios,
a mão do Senhor foi magnífica.
Não morrerei, mas hei-de viver
para anunciar as obras do Senhor.
A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos.

LEITURA II – Col 3,1-4
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses
Irmãos:
Se ressuscitastes com Cristo,
aspirai às coisas do alto,
onde está Cristo, sentado à direita de Deus.
Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra.
Porque vós morrestes
e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.
Quando Cristo, que é a vossa vida, Se manifestar,
também vós vos haveis de manifestar com Ele na glória.
AMBIENTE
Quando escreveu aos Colossenses, Paulo estava na prisão (em Roma?). Epafras, seu amigo, visitou-o e falou-lhe da “crise” por que estava a passar a igreja de Colossos. Alguns doutores locais ensinavam doutrinas estranhas, que misturavam especulações acerca dos anjos (cf. Col 2,18), práticas ascéticas, práticas legalistas, prescrições sobre os alimentos e observância de determinadas festas (cf. Col 2,16.21): tudo isso deveria (na opinião desses “mestres”) completar a fé em Cristo, comunicar aos crentes um conhecimento superior dos mistérios e possibilitar uma vida religiosa mais autêntica. Contra este sincretismo religioso, Paulo afirma a absoluta suficiência de Cristo.
O texto que nos é proposto como segunda leitura é a introdução à reflexão moral da carta (cf. Col 3,1-4,1-6). Depois de apresentar a centralidade de Cristo no projecto salvador de Deus para os homens (cf. Col 1,13-2,23), Paulo assinala como fundamento da vida cristã a ressurreição e a consequente união com Cristo.
MENSAGEM
Neste texto, Paulo apresenta como ponto de partida e base da vida cristã a união com Cristo ressuscitado, na qual o cristão é introduzido pelo Baptismo. Ao ser baptizado, o cristão morreu para o pecado e renasceu para uma vida nova, que terá a sua manifestação gloriosa quando ultrapassarmos, pela morte, as fronteiras da nossa finitude. Enquanto caminhamos ao encontro desse objectivo último, a nossa vida tem que tender para Cristo. Em concreto, isso implica despojarmo-nos do “homem velho” por uma conversão nunca acabada e revestirmo-nos cada dia mais profundamente da imagem de Cristo, de forma que nos identifiquemos com Ele pelo amor e pela entrega.
No texto de Paulo, está bem presente a ideia de que temos que viver com os pés na terra, mas com a mente e o coração no céu: é lá que estão os bens eternos e a nossa meta definitiva (“afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra”). Daqui resulta um conjunto de exigências práticas que Paulo vai enumerar, de forma bem concreta, nos versículos seguintes (cf. Col 3,5-4,1).
ATUALIZAÇÃO
Considerar as seguintes questões, para reflexão da Palavra:
• O Batismo introduz-nos numa dinâmica de comunhão com Cristo ressuscitado. Tenho consciência de que o meu Batismo significou um compromisso com Cristo? Quando, de alguma forma, tenho um papel ativo na preparação ou na celebração do sacramento do Batismo, estou consciente e procuro deixar claro que não se trata de um ato tradicional ou social, mas num compromisso sério e exigente com Cristo ressuscitado?
• A minha vida tem sido, na sequência, uma caminhada coerente com esta dinâmica de vida nova? Esforço-me realmente por me despojar do “homem velho”, egoísta e escravo do pecado, e por me revestir do “homem novo”, que se identifica com Cristo e que vive no amor, no serviço e na doação?

SEQUÊNCIA
À Vítima pascal
ofereçam os cristãos
sacrifícios de louvor.
O Cordeiro resgatou as ovelhas:
Cristo, o Inocente,
reconciliou com o Pai os pecadores.
A morte e a vida
travaram um admirável combate:
Depois de morto,
vive e reina o Autor da vida.
Diz-nos, Maria:
Que viste no caminho?
Vi o sepulcro de Cristo vivo
e a glória do Ressuscitado.
Vi as testemunhas dos Anjos,
vi o sudário e a mortalha.
Ressuscitou Cristo, minha esperança:
precederá os seus discípulos na Galileia.
Sabemos e acreditamos:
Cristo ressuscitou dos mortos.
Ó Rei vitorioso,
tende piedade de nós.

ALELUIA – 1Cor 5,7b-8a
Aleluia. Aleluia.
Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado:
celebremos a festa do Senhor.


EVANGELHO – Jo 20,1-9
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro.
Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o discípulo predilecto de Jesus e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro
e não sabemos onde O puseram».
Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro.
Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro.
Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou.
Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira.
Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte.
Entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro:
viu e acreditou.
Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.
AMBIENTE
Na primeira parte do Quarto Evangelho (cf. Jo 4,1-19,42), João descreve a atividade criadora e vivificadora do Messias (o último passo dessa atividade destinada a fazer surgir o homem novo é, precisamente, a morte na cruz: aí, Jesus apresenta a última e definitiva lição – a lição do amor total, que não guarda nada para Si, mas faz da sua vida um dom radical); na segunda parte (cf. Jo 20,1-31), João apresenta o resultado da acção de Jesus: a comunidade de Homens Novos, recriados e vivificados por Jesus, que com Ele aprenderam a amar com radicalidade. Trata-se dessa comunidade de homens e mulheres que se converteram e aderiram a Jesus e que, em cada dia – mesmo diante do sepulcro vazio – são convidados a manifestar a sua fé n’Ele.
MENSAGEM
O texto começa com uma indicação aparentemente cronológica, mas que deve ser entendida sobretudo em chave teológica: “no primeiro dia da semana”. Significa que começou um novo ciclo – o da nova criação, o da Páscoa definitiva. Aqui começa um novo tempo, o tempo do homem novo, que nasce a partir da doação de Jesus. Maria Madalena representa a nova comunidade que nasceu da acção criadora e vivificadora do Messias; essa nova comunidade, testemunha da cruz, acredita, inicialmente, que a morte triunfou e procura Jesus no sepulcro: é uma comunidade desorientada, desamparada, que ainda não conseguiu descobrir que a morte não venceu; mas, diante do sepulcro vazio, o verdadeiro discípulo descobre que Jesus está vivo.
Para ilustrar esta dupla realidade, são-nos apresentadas duas figuras de discípulo que correm ao túmulo, mostrando a sua adesão a Jesus e o seu interesse pela notícia do túmulo vazio: Simão Pedro e um “outro discípulo”, que parece poder identificar-se com esse “discípulo amado” apresentado no Quarto Evangelho. João coloca estas duas figuras lado a lado em várias circunstâncias (na última ceia, é o discípulo amado que percebe quem está do lado de Jesus e quem O vai trair – cf. Jo 13,23-25; na paixão, é ele que consegue estar perto de Jesus no pátio do sumo sacerdote, enquanto Pedro o trai – cf. Jo 18,15-18.25-27; é ele que está junto da cruz quando Jesus morre – cf. Jo 19,25-27; é ele quem reconhece Jesus ressuscitado nesse vulto que aparece aos discípulos no lago de Tiberíades – cf. Jo 21,7). Nas outras vezes, o “discípulo amado” levou vantagem sobre Pedro. Aqui, isso irá acontecer outra vez: o “outro discípulo” correu mais e chegou ao túmulo primeiro que Pedro (o facto de se dizer que ele não entrou logo, pode querer significar a sua deferência e o seu amor, que resultam da sua sintonia com Jesus); e, depois de ver, “acreditou” (o mesmo não se diz de Pedro).
Provavelmente, o autor do Quarto Evangelho quis descrever, através destas figuras, o impacto produzido nos discípulos pela morte de Jesus e as diferentes disposições existentes entre os membros da comunidade cristã. Em geral, Pedro representa, nos evangelhos, o discípulo obstinado, para quem a morte significa fracasso e que se recusa a aceitar que a vida nova passe pela humilhação da cruz (Jo 13,6-8.36-38; 18,16.17.18.25-27; cf. Mc 8,32-33; Mt 16,22-23); ao contrário, o “outro discípulo” é o discípulo amado”, que está sempre próximo de Jesus, que faz a experiência do amor de Jesus; por isso, corre ao seu encontro de forma mais decidida e “percebe” – porque só quem ama muito percebe certas coisas que passam despercebidas aos outros – que a morte não pôs fim à vida. Esse “outro discípulo” é, portanto, a imagem do discípulo ideal, que está em sintonia total com Jesus, que corre ao seu encontro com um total empenho, que compreende os sinais e que descobre (porque o amor leva à descoberta) que Jesus está vivo. Ele é o paradigma do “homem novo”, do homem recriado por Jesus.
ATUALIZAÇÃO
A reflexão pode partir das seguintes coordenadas:
• A lógica humana vai na linha da figura representada por Pedro: o amor partilhado até à morte, o serviço simples e sem pretensões, a entrega da vida só conduzem ao fracasso e não são um caminho sólido e consistente para chegar ao êxito, ao triunfo, à glória; da cruz, do amor radical, da doação de si, não pode resultar vida plena. É verdade que é esta a perspectiva da cultura dominante. Como me situo face a isto?
• A ressurreição de Jesus prova precisamente que a vida plena, a vida total, a libertação plena, a transfiguração total da nossa realidade e das nossas capacidades passam pelo amor que se dá, com radicalidade, até às últimas consequências. Tenho consciência disso? É nessa direção que conduzo a caminhada da minha vida?
• Pela fé, pela esperança, pelo seguimento de Cristo e pelos sacramentos, a semente da ressurreição (o próprio Jesus) é depositado na realidade do homem/corpo. Revestidos de Cristo, somos nova criatura: estamos, portanto, a ressuscitar, até atingirmos a plenitude, a maturação plena, a vida total (quando ultrapassarmos a barreira da morte física). Aqui começa, pois, a nova humanidade.
• A figura de Pedro pode também representar, aqui, essa velha prudência dos responsáveis institucionais da Igreja, que os impede de ir à frente da caminhada do Povo de Deus, de arriscar, de aceitar os desafios, de aderir ao novo, ao desconcertante. O Evangelho de hoje sugere que é precisamente aí que, tantas vezes, se revela o mistério de Deus e se encontram ecos de ressurreição e de vida nova.





Dehonianos