quarta-feira, 31 de julho de 2013

A JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE QUE COMOVEU OS EVANGÉLICOS.

 

A beleza da fé católica celebrada durante a semana da JMJ atraiu muitos irmãos protestantes a buscarem a unidade com a Igreja e o Sucessor de Pedro
A Jornada Mundial da Juventude também foi uma oportunidade ímpar para a promoção da unidade dos cristãos. Em meio aos 3,5 milhões de jovens que participaram da Missa de envio, no encerramento da Jornada, chamou a atenção um cartaz que dizia: "Sou evangélico, mas amo o Papa Francisco. Reze por nós. Tu és Pedro". Para quem conhece o mínimo de doutrina, é fácil compreender a enormidade dessa declaração. Reconhecer Francisco como Pedro é confessar a unidade que está na rocha sobre a qual Cristo fundou sua Igreja una, santa, católica e apostólica.

A presença de Francisco nas ruas do Brasil levou para fora das sacristias a realidade da Igreja Católica. Unido aos jovens do mundo todo, o Romano Pontífice peregrinou como Pedro, de porta em porta, para anunciar o Evangelho a todas as criaturas. Isso é significativo, pois exige das pessoas o rompimento com a passividade. Com efeito, da boca do Papa não precisou ecoar nenhum anátema ou juízo severo, mas simplesmente a verdade de sempre, ou seja, todos os artigos de fé que compõem o Corpo de Cristo. E isso atrai, pois a beleza do que é verdadeiro atrai!

Esse poder de atração da Igreja já era lembrado pelo Papa Emérito Bento XVI. Durante sua homilia da Missa de abertura da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, em 2007, o Santo Padre afirmava: "A Igreja não faz proselitismo. Ela cresce muito mais por "atração": como Cristo "atrai todos a si" com a força do seu amor, que culminou no sacrifício da Cruz, assim a Igreja cumpre a sua missão na medida em que, associada a Cristo, cumpre a sua obra conformando-se em espírito e concretamente com a caridade do seu Senhor".
Ora, é evidente que a divisão entre os cristãos é uma chaga dolorosa que deve ser o quanto antes superada. A Jornada Mundial da Juventude abriu novos caminhos, sobretudo num terreno marcado muitas vezes pela cizânia das acusações e da discórdia. Cristo novamente faz o chamado para que todos sejam um. E a Igreja, fiel ao chamado do Mestre, repete o convite: filhos, voltem para casa.






Por: Equipe Christo Nihil Praeponere

"EU SOU FILHO DA IGREJA" - ENTREVISTA DO PAPA SOBRE LOBBY GAY.

A posição do Papa é a posição da Igreja
O Papa Francisco voltou para Roma e deixou um rastro de amor, misericórdia, paz, carisma e acolhimento entranhados na mente e no coração do povo brasileiro e dos jovens do mundo inteiro. Com certeza, estamos com saudades do Papa Francisco.

Muitas pessoas, no entanto, maldosamente dão inúmeras interpretações sobre a visita do Pontífice ao Brasil e também sobre a entrevista que ele concedeu aos jornalistas, no avião, quando retornava para a Itália.

Algo que não podemos deixar de destacar foi o que ele afirmou sobre sua opinião: “É a da Igreja, eu sou filho da Igreja”, ou seja, a opinião da minha Mãe Igreja também é a minha.


Vamos, então, ao que o Santo Padre citou – O que o Catecismo da Igreja diz sobre a realidade da homossexualidade?
“A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que experimentam uma atração sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo. Tem-se revestido de formas muito variadas, através dos séculos e das culturas. A sua gênese psíquica continua continua em grande parte por explicar. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves, a Tradição sempre declarou que ‘os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados’. São contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementariedade afetiva sexual, não podem em caso algum, ser aprovados.

Um número considerado de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas. Esta propensão, objetivamente desordenada, constitui, para a maior parte deles, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da Cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição.

As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes do autodomínio, educadoras da liberdade interior, e, às vezes, pelo apoio de uma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem aproximar-se, gradual e resolutamente, da perfeição Cristã”.
(Catecismo da Igreja Católica 2357-2359).

Essa é a posição da Igreja que o Papa Francisco afirmou ser a dele também. Acolhemos aqueles que vivem nesta realidade [homossexualidade] com muito amor e misericórdia, mostrando o caminho da castidade que leva à perfeição cristã.

Vale a pena ressaltar o que foi afirmado veementemente por ele, o Papa, referindo-se ao lobby, que chama de problema, pois nem todos os lobbies são bons. Mas você, que está lendo esse post, sabe o que é um lobby?

“Lobby é o nome que se dá à atividade de pressão de grupos, ostensiva ou velada, com o objetivo de interferir diretamente nas decisões do poder público, em especial do Legislativo, em favor de interesses privados.

Sobre a aprovação do casamento de pessoas do mesmo sexo, o então Cardeal Mario Jorge Bergoglio afirmou: “Não sejamos ingênuos. Não se trata de uma simples luta política; pretende-se a destruição do plano de Deus. É uma jogada do pai da mentira para confundir e enganar os filhos de Deus”.

Portanto, fica muito claro que o Santo Padre acolhe com amor todas as pessoas, mas não concorda, em hipótese nenhuma, com o lobby, com a militância, com toda a pressão para que tais grupos tenham privilégios nas nações.
Um conselho de pai, de irmão, de amigo e de filho da Igreja: não acredite em notícias que você lê nos jornais, escuta no rádio ou assiste na TV, sem antes ir à fonte, principalmente às fontes da Igreja, do Magistério.
Continuamos unidos no amor e na misericórdia de Deus, acolhendo todos os que se aproximam de nós e apresentando-lhes o amor de Cristo.

Deus os abençoe.



Padre Roger Luis

LITURGIA DIÁRIA - O TESOURO ESCONDIDO.

Primeira Leitura: Êxodo 34, 29-35

SANTO INÁCIO DE LOIOLA
PRESBÍTERO
(branco, pref. comum ou dos pastores - ofício da memória)

Leitura do livro do Êxodo - 29Moisés desceu do monte Sinai, tendo nas mãos as duas tábuas da lei. Descendo do monte, Moisés não sabia que a pele de seu rosto se tornara brilhante, durante a sua conversa com o Senhor. 30E, tendo-o visto Aarão e todos os israelitas, notaram que a pele de seu rosto se tornara brilhante e não ousaram aproximar-se dele. 31Mas ele os chamou, e Aarão com todos os chefes da assembléia voltaram para junto dele, e ele se entreteve com eles. 32Aproximaram-se, em seguida, todos os israelitas, a quem ele transmitiu as ordens que tinha recebido do Senhor no monte Sinai. 33Tendo Moisés acabado de falar, pôs um véu no seu rosto. 34Mas, entrando Moisés diante do Senhor para falar com ele, tirava o véu até sair. E, saindo, transmitia aos israelitas as ordens recebidas. 35Estes viam irradiar a pele de seu rosto; em seguida Moisés recolocava o véu no seu rosto até a próxima entrevista com o Senhor. - Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial(98)

REFRÃO: Santo é o Senhor nosso Deus.

1. Exaltai o Senhor nosso Deus, e prostrai-vos perante seus pés, pois é santo o Senhor nosso Deus! -R.

2. Eis Moisés e Aarão entre os seus sacerdotes. E também Samuel invocava seu nome, e ele mesmo, o Senhor, os ouvia. -R.

3. Da coluna de nuvem falava com eles. E guardavam a lei e os preceitos divinos, que o Senhor nosso Deus tinha dado. -R.

4. Exaltai o Senhor nosso Deus, e prostrai-vos perante seu monte, pois é santo o Senhor nosso Deus! -R.
Evangelho: Mateus 13, 44-46


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, 44O Reino dos céus é também semelhante a um tesouro escondido num campo. Um homem o encontra, mas o esconde de novo. E, cheio de alegria, vai, vende tudo o que tem para comprar aquele campo. 45O Reino dos céus é ainda semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas. 46Encontrando uma de grande valor, vai, vende tudo o que possui e a compra. - Palavra da salvação.



 Homilia - Pe Bantu


Na parábola do tesouro escondido Jesus conta a história de certo homem que encontrou um tesouro escondido num campo. O Senhor não diz quem foi o homem (empregado, arrendatário) que encontrou o tesouro nem tampouco como ele o encontrou, se arando, cavando ou plantando no campo, não sabemos. Também não sabemos qual foi o tesouro encontrado. O que sabemos apenas é que certo homem encontrou um tesouro que estava escondido num campo. 

Na verdade, ao longo da história, vários tesouros escondidos têm sido encontrados. O homem que encontrou o tesouro no campo não estava à caça de tesouros escondidos. Ele o encontrou ao acaso. E qual foi a sua reação ao achar o tesouro escondido? Qual é a mensagem que Jesus quer aplicar no nosso coração com o ensino das parábolas do tesouro escondido e da pérola? Que tipo de atitude ele exige de nós como súditos do seu reino? Antes de atentar para a verdade central que Jesus quer aplicar no nosso coração com estas parábolas, vejamos primeiramente o que Jesus não está nos ensinando nelas:
Jesus não está ensinando que o crente deve comprar a sua salvação assim como os dois homens compraram o tesouro e a pérola. Alguns pensam assim ao interpretarem estas parábolas. Mas não devemos chegar a essa conclusão, pois a Bíblia, que não se contradiz em lugar nenhum, nos ensina em vários textos que nossa salvação é uma dádiva graciosa de Deus (Ef. 2.8-10; 2Tm. 1.9). O preço da nossa salvação foi o sangue de Cristo e não algo que podemos fazer para obtê-la. Não podemos comprar o reino de Deus. Pelo contrário, Deus é quem nos faz herdeiros e súditos do seu reino por pura graça mediante a fé em Cristo.

Jesus também não está ensinando que o crente deve fazer um voto de pobreza ao vender tudo quanto tem para se tornar participante do reino de Deus. Alguns pegam o detalhe da parábola de que os dois homens se desfizeram de tudo que tinham para obterem o que tinham encontrado e afirmam isso. Mas não é isso que Jesus está ensinando. Não é assim que você agora, por ser um cristão, vai vender sua casa, seu carro e todos seus bens para seguir Cristo. Sempre existiu e existirão cristãos fiéis que são ricos no sentido material. Isso é dom de Deus. Ser cristão não é sinônimo de ser pobre no sentido material. Portanto, Jesus não está nos ensinando a se tornar pobres nestas parábolas. Qual é então a atitude correta que Jesus requer dos seus discípulos nas parábolas do tesouro escondido e da pérola? A verdade central da parábola que Jesus quer colocar no nosso coração é a seguinte: O reino dos céus com tudo o que ele é e possui é um tesouro tão valioso que o crente que o encontra reconhece seu imenso valor e, motivado por grande alegria, dispõe-se de todo o coração a entregar tudo quanto possa interferir na obtenção desse reino tão valioso. Em outras palavras: aqueles que percebem o imenso valor do reino de Deus que foi revelado em Cristo sacrificarão qualquer coisa para desfrutar das riquezas desse reino.

O cristão que encontrou o Rei Jesus Cristo e todas as bênçãos do seu reino (o perdão dos pecados, nova vida no Espírito, governo e cuidado de Cristo sobre sua igreja, vida eterna), consciente de todos estes benefícios, abandonará alegremente o seu velho estilo de vida para então viver em total gratidão e louvor ao seu Rei e Salvador Jesus Cristo que, por pura graça, o faz desfrutar das riquezas do seu reino. Por causa de sua grande alegria por ter encontrado o Salvador de sua vida e se tornar um herdeiro do seu reino eterno, o crente não desejará outra coisa senão viver para o seu Senhor. E ele fará isso sem nenhum constrangimento, mas com toda alegria, pois ele agora sabe que, pela graça de Deus, foi transportado do império das trevas (uma vida de miséria e pecado) para o reino de luz do Filho Amado de Deus (perdão e salvação).

Deus nos fez encontrar o tesouro do seu reino. Ele nos revelou Cristo e sua obra de salvação em nosso favor. Seu reino se manifestou a nós. Ele nos fez compreender que o seu reino com todas as suas riquezas valem muito mais do que o ouro e a prata ou qualquer riqueza perecível que o mundo pode nos oferecer. Por seu Espírito, Deus também nos motiva a tomar a atitude alegre de abandonar qualquer coisa que possa nos impedir de desfrutar das riquezas do seu reino. Qual tem sido a nossa atitude como súditos do reino de Deus? Será que nós temos percebido o imenso valor do reino de Deus? Cristo é o nosso maior tesouro? Ocupa ele o primeiro lugar em nossa vida? Seus mandamentos e promessas valem mais para nós do que qualquer coisa que este mundo pode nos oferecer? Ou será que nos apegamos tanto às coisas terrenas que nos esquecemos de colocar o reino de Deus em primeiro lugar na nossa vida?

Cristo nos chama a tomar uma atitude firme e decisiva de segui-lo. Ele quer o nosso coração. Ele quer que sejamos discípulos alegres e gratos pelos benefícios do seu reino que ele nos deu de graça. Ele quer que abandonemos qualquer coisa que nos impeça de desfrutar das suas bênçãos. Cristo exige de nós o alegre abandono de todas as coisas que nos atrapalha de desfrutar das riquezas do seu reino e nos impede de servir a ele de todo o nosso coração. Pode ser que queremos seguir a Cristo e ao mesmo tempo viver em nossos pecados. Tal atitude é inaceitável a Cristo. Ele disse que é impossível servir a dois senhores e que devemos amar a Deus de todo o nosso coração. Pode ser que desejemos tanto as riquezas materiais que nos esquecemos do imenso valor das riquezas do reino que Cristo nos dá (perdão, vida eterna). Mas Jesus nos diz: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt. 6,33).

segunda-feira, 29 de julho de 2013

FRANCISCO É SUCESSOR DE SÃO PEDRO, NÃO DE JUDAS.

Um "teólogo da corte" declarou nos últimos dias que Francisco seria "o Papa da ruptura". Nunca ele esteve tão enganado.


Ao final de sua homilia na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, o Papa Francisco citou uma frase de Bento XVI. Não foi a primeira e nem será a última vez que um Pontífice fará referência a seus predecessores. Afinal, ao mesmo tempo em que é visível no Papa o poder de São Pedro, dado pelo próprio Cristo (cf. Mt 16, 19), deve ficar nítida também a dimensão do serviço. O Papa não é o autor da verdade, mas seu servidor fiel; é sucessor de São Pedro e, por isto, tem consciência do imenso número de homens que o antecederam, ajudando a conservar e zelar pelo patrimônio imemorial que é a nossa fé.

Os meios de comunicação foram tomados por um grande "entusiasmo" com a visita de Francisco. Não é para menos. Sua Santidade conquistou com muita facilidade o coração dos brasileiros, com seu sorriso e simpatia cativantes.
No entanto, o que se percebe, muitas vezes, nos comentários de jornalistas e analistas religiosos, é aquele entusiasmo enganoso, que vislumbra uma Igreja que ande de mãos dadas com o aborto, com o "casamento" homossexual, com a eutanásia e um monte de outros temas da agenda progressista.
Infelizmente, o cenário é também consequência da falta de compromisso de muitos de nossos supostos católicos. Certamente você já ouviu palavras do tipo: "Eu sou católico, mas...". Em seguida, prepare-se para ouvir qualquer tipo de barbaridade. É-se católico, ma non troppo. A pessoa se diz cristã e em comunhão com a Igreja, mas se recusa a aceitar sua doutrina moral, coloca em xeque os ensinamentos dos legítimos pastores em comunhão com o Papa, pisoteia o Catecismo e cai na ilusão de um catolicismo self-service – segundo este, seria possível escolher, na doutrina de Cristo, aquilo que lhe agrada e aquilo que lhe incomoda.

Em discurso aos jovens argentinos hoje, o Papa Francisco recordou que a fé "no se licua". O dicionário não ajuda a explicar metáforas, mas "licuar" significa bater no liquidificador, desintegrar algo que é sólido em líquido. É o que se faz quando se tenta transformar a fé em uma substância palatável ou meramente agradável aos ouvidos. Contra esta tentativa de se reduzir a verdadeira fé a uma fábula, o Papa Paulo VI dizia: "Não minimizar em nada a doutrina salutar de Cristo é forma de caridade eminente para com as almas". Aquilo que o Espírito Santo ditou para a Igreja há dois mil anos também vale para hoje, também se encaixa em nosso tempo! A verdade de Cristo não muda, permanece sempre una. E indivisível.
Não é a primeira vez que Francisco declara a importância de se conservar a integridade da fé da Igreja. Certa vez, durante um diálogo, transcrito e publicado antes de ser eleito Papa, Bergoglio foi taxativo:
"Para mim também a essência do que se conserva está no testemunho dos pais. Em nosso caso, o dos apóstolos. Nos séculos III e IV formularam-se teologicamente as verdades de fé reveladas e transmitidas, que são inegociáveis, a herança. (...) Certas coisas são opináveis, mas – repito – a herança não se negocia. O conteúdo de uma fé religiosa é passível de ser aprofundado pelo pensamento humano, mas, quando esse aprofundamento colide com a herança, é heresia." [01]
Um "teólogo da corte" declarou nos últimos dias que este seria "o Papa da ruptura". Nunca ele esteve tão enganado. Francisco pode ter um estilo bem diferente e um comportamento bem peculiar, mas ao essencial – é ele mesmo quem o diz – não dá para renunciar. Afinal, Francisco é sucessor de São Pedro, e não de Judas.





Por: Equipe Christo Nihil Praeponere

Referências

  1. FRANCISCO, Papa. Sobre o céu e a terra. 1. ed. São Paulo: Paralela, 2013.
  2. http://www1.folha.uol.com.br/dw/1314660-este-e-o-papa-da-ruptura...

PAPA: "ENTRE A INDIFERENÇA EGOÍSTA E O PROTESTO VIOLENTO, HÁ UMA OPÇÃO SEMPRE POSSÍVEL: O DIÁLOGO!"

papa

O sentir comum de um povo, as bases do seu pensamento e da sua criatividade, os princípios fundamentais da sua vida, os critérios de juízo sobre as prioridades, sobre as normas de ação, assentam e crescem numa visão integral da pessoa humana. Esta visão do homem e da vida, tal como a fez própria o povo brasileiro, muito recebeu da seiva do Evangelho através da Igreja Católica: primeiramente a fé em Jesus Cristo, no amor de Deus e a fraternidade com o próximo. Mas a riqueza desta seiva deve ser plenamente valorizada. Ela pode fecundar um processo cultural fiel à identidade brasileira e construtor de um futuro melhor para todos.
[...]
A liderança sabe escolher a mais justa entre as opções, após tê-las considerado, partindo da própria responsabilidade e do interesse pelo bem comum; esta é a forma para chegar ao centro dos males de uma sociedade para vencê-los com a ousadia de ações corajosas e livres. No exercício da nossa responsabilidade, sempre limitada, é importante abarcar o todo da realidade, observando, medindo, avaliando, para tomar decisões na hora presente, mas estendendo o olhar para o futuro, refletindo sobre as consequências de tais decisões. Quem atua responsavelmente submete a própria ação aos direitos dos outros e ao juízo de Deus. Este sentido ético aparece hoje como um desafio histórico sem precedentes.Temos que inseri-lo na sociedade. Além da racionalidade científica e técnica, na atual situação, impõe-se o vínculo moral com uma responsabilidade social e profundamente solidária.
[... ]
Para completar a reflexão, além do humanismo integral, que respeite a cultura original, e da responsabilidade solidária,considero fundamental para enfrentar o presente: o diálogo construtivo. Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo. O diálogo entre as gerações, o diálogo com o povo, porque todos somos o povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade. Um país cresce, quando dialogam de modo construtivo as suas diversas riquezas culturais: cultura popular, cultura universitária, cultura juvenil, cultura artística e tecnológica, cultura econômica e cultura familiar e cultura da mídia. É impossível imaginar um futuro para a sociedade, sem uma vigorosa contribuição das energias morais numa democracia que evite o risco de ficar fechada na pura lógica da representação dos interesses constituídos. Será fundamental a contribuição das grandes tradições religiosas, que desempenham um papel fecundo de fermento da vida social e de animação da democracia.Favorável à pacífica convivência entre religiões diversas é a laicidade do Estado que, sem assumir como própria qualquer posição confessional, respeita e valoriza a presença do fator religioso na sociedade, favorecendo as suas expressões mais concretas.


LITURGIA DIÁRIA - JESUS É A RESSURREIÇÃO E A VIDA.

Primeira Leitura: 1º João 4, 7-16

SANTA MARTA DISCÍPULO DE JESUS
(branco, prefácio comum ou dos santos - ofício da memória)

Leitura da primeira carta de são Paulo - 7Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. 8Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. 9Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em nos ter enviado ao mundo o seu Filho único, para que vivamos por ele. 10Nisto consiste o amor: não em termos nós amado a Deus, mas em ter-nos ele amado, e enviado o seu Filho para expiar os nossos pecados. 11Caríssimos, se Deus assim nos amou, também nós nos devemos amar uns aos outros. 12Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amarmos mutuamente, Deus permanece em nós e o seu amor em nós é perfeito. 13Nisto é que conhecemos que estamos nele e ele em nós, por ele nos ter dado o seu Espírito. 14E nós vimos e testemunhamos que o Pai enviou seu Filho como Salvador do mundo. 15Todo aquele que proclama que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele e ele em Deus. 16Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele. - Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial(33)

REFRÃO: Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo!

1. Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, seu louvor estará sempre em minha boca. Minha alma se gloria no Senhor; que ouçam os humildes e se alegrem! -R.

2. Comigo engrandecei ao Senhor Deus, exaltemos todos juntos o seu nome! Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu, e de todos os temores me livrou. -R.

3. Contemplai a sua face e alegrai-vos, e vosso rosto não se cubra de vergonha! Este infeliz gritou a Deus, e foi ouvido, e o Senhor o libertou de toda angústia. -R.

4. O anjo do Senhor vem acampar ao redor dos que o temem, e os salva. Provai e vede quão suave é o Senhor! Feliz o homem que tem nele o seu refúgio! -R.

5. Respeitai o Senhor Deus, seus santos todos, porque nada faltará aos que o temem. Os ricos empobrecem, passam fome, mas aos que buscam o Senhor não falta nada. -R
Evangelho: João 11, 19-27


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João - Naquele tempo, 19Muitos judeus tinham vindo a Marta e a Maria, para lhes apresentar condolências pela morte de seu irmão. 20Mal soube Marta da vinda de Jesus, saiu-lhe ao encontro. Maria, porém, estava sentada em casa. 21Marta disse a Jesus: Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido! 22Mas sei também, agora, que tudo o que pedires a Deus, Deus to concederá. 23Disse-lhe Jesus: Teu irmão ressurgirá. 24Respondeu-lhe Marta: Sei que há de ressurgir na ressurreição no último dia. 25Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. 26E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá. Crês nisto? 27Respondeu ela: Sim, Senhor. Eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, aquele que devia vir ao mundo. - Palavra da salvação.


 Homilia - Pe Bantu


As palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo que acabamos de ler no Evangelho advertem-nos que, no meio da multiplicidade das ocupações deste mundo, há um bem único para o qual devemos tender. Tendemos porque ainda estamos a caminho e não em morada permanente; em viagem e não na pátria definitiva; em tempo de desejo e não da posse perfeita. Mas devemos tender sem preguiça e sem parar, a fim de podermos um dia chegar ao fim.
Marta e Maria eram duas irmãs, ambas irmãs não só de sangue, mas também pelos sentimentos religiosos. Ambas estavam unidas ao Senhor; ambas, em perfeita harmonia, serviam o Senhor corporalmente presente.
Marta recebeu-O como costumam ser recebidos os peregrinos; e, no entanto, era uma serva que recebia o seu Senhor, uma doente que acolhia o Salvador, uma criatura que hospedava o Criador. Recebeu o Senhor para Lhe dar o alimento corporal, ela que precisava do alimento espiritual. Com efeito, o Senhor quis tomar a forma de servo e nesta condição de servo quis ser alimentado pelos servos, por condescendência e não por necessidade. De facto, também foi por condescendência que Se apresentou para ser alimentado, porque tinha assumido um corpo sujeito à fome e à sede.

E assim pôde ser hospedado o Senhor, Aquele que veio para o que era seu e os seus não O receberam; mas a quantos O receberam deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Adoptou os servos e fê-los irmãos; remiu os cativos e fê-los coerdeiros. Mas ninguém de entre vós ouse dizer: «Oh bem-aventurados os que mereceram receber a Cristo na sua própria casa!». Não tenhas pena, não te lamentes por teres nascido num tempo em que já não podes ver o Senhor na sua carne. Ele não te privou dessa honra, porque Ele mesmo disse: O que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes.

Além disso, tu, Marta, – com tua licença o direi, e bendita sejas pelos teus bons serviços – buscas o descanso como recompensa do teu trabalho. Agora estás ocupada com muitos serviços, queres alimentar os corpos que são mortais, embora de pessoas santas. Porventura, quando chegares à outra pátria, poderás encontrar um peregrino a quem hospedar, um faminto com quem repartir o pão, um sequioso a quem dar de beber, um doente a quem visitar, algum litigante a quem reconciliar, algum morto a quem sepultar?
Lá, não haverá nada disto. Que haverá então? O que Maria escolheu: lá, seremos alimentados e não daremos alimento. Lá, há-de cumprir-se em plenitude aquilo que Maria aqui escolheu: daquela mesa opulenta, ela recolhia as migalhas da palavra do Senhor. Quereis saber o que haverá lá? O próprio Senhor o diz a respeito dos seus servos: Em verdade vos digo que Ele os mandará sentar à mesa e, passando no meio deles, os servirá.

domingo, 28 de julho de 2013

XVII DOMINGO DO TEMPO COMUM - O PAI NOSSO

 
 
O tema fundamental que a liturgia nos convida a refletir, neste domingo, é o tema da oração. Ao colocar diante dos nossos olhos os exemplos de Abraão e de Jesus, a Palavra de Deus mostra-nos a importância da oração e ensina-nos a atitude que os crentes devem assumir no seu diálogo com Deus.
 
A primeira leitura sugere que a verdadeira oração é um diálogo “face a face”, no qual o homem – com humildade, reverência, respeito, mas também com ousadia e confiança – apresenta a Deus as suas inquietações, as suas dúvidas, os seus anseios e tenta perceber os projetos de Deus para o mundo e para os homens.
O Evangelho senta-nos no banco da “escola de oração” de Jesus. Ensina que a oração do crente deve ser um diálogo confiante de uma criança com o seu “papá”. Com Jesus, o crente é convidado a descobrir em Deus “o Pai” e a dialogar frequentemente com Ele acerca desse mundo novo que o Pai/Deus quer oferecer aos homens.
A segunda leitura, sem aludir diretamente ao tema da oração, convida a fazer de Cristo a referência fundamental (neste contexto de reflexão sobre a oração, podemos dizer que Cristo tem de ser a referência e o modelo do crente que reza: quer na freqüência com que se dirige ao Pai, quer na forma como dialoga com o Pai).
 
1º leitura – Gn. 18,20-32 - AMBIENTE
 
Este texto do livro do Gênesis vem na seqüência da primeira leitura do passado domingo. Depois de terem deixado a tenda de Abraão, os três personagens dirigiram-se para a cidade de Sodoma, a fim de constatar “in loco” o pecado dos habitantes da cidade. Abraão acompanhou os seus visitantes divinos durante algum tempo. O autor jahwista situa num lugar alto, a Este de Hebron – de onde se avista Sodoma (cf. Gn. 19,27) – esse diálogo entre Abraão e Deus que o texto nos apresenta.
 
Sodoma era uma cidade antiga, que se supõe ter existido nas margens do mar Morto, ao sul da península de El-Lisan. De acordo com as lendas, foi uma das cidades destruídas (as outras teriam sido Gomorra, Adama, Seboim e Segor) por um cataclismo que ficou na memória do povo bíblico. Alguns estudiosos modernos têm procurado uma explicação para a lenda na geologia da área: a região fica situada na falha do vale do Jordão, numa zona sujeita a terremotos e a atividades vulcânicas. Depósitos de betume e de petróleo têm sido descobertos nesta região; e alguns escritores antigos atestam a presença de gases que, uma vez inflamados, poderiam causar uma terrível destruição, do tipo relatado em Gn. 19. Terá sido isso que aconteceu nessa zona?
É, provavelmente, essa recordação de um antigo cataclismo que, em tempos imemoriais, destruiu a área, que originou a reflexão que esta leitura nos apresenta. Poder-se-ia pensar que um acontecimento pré-histórico muito remoto, cujos traços enigmáticos eram ainda visíveis no tempo de Abraão (como o são ainda hoje), tenha excitado a fantasia religiosa, no sentido de procurar as causas de uma tão terrível catástrofe.
O diálogo que a primeira leitura de hoje nos propõe é um texto de transição que serve para ligar a lenda de Mambré com as lendas que relatam a destruição de Sodoma e das cidades vizinhas. Os autores jahwistas aproveitaram o ensejo para propor uma catequese sobre o peso que o justo e o pecador têm diante de Deus.
 
MENSAGEM
Deus prepara-se para iniciar a “investigação”, a fim de constatar da culpabilidade ou da não culpabilidade de Sodoma. É precisamente aí que o autor jahwista resolve inserir essa pergunta fundamental que o inquieta: que acontecerá se essa “investigação” revelar a existência na cidade de um pequeno grupo de justos? Deus vai castigar toda a comunidade? Será que um punhado de justos vale tanto que, por amor deles, Deus esteja disposto a perdoar o castigo a uma multidão de culpados?
A idéia de que um punhado de “justos” possa salvar a cidade pecadora é, em pleno séc. X a.C. (a época do jahwista), uma idéia revolucionária. Para a mentalidade religiosa dos israelitas desta altura, todos os membros de uma comunidade (família, cidade, nação) eram solidários no bem e no mal; se alguém falhasse, o castigo devia, invariavelmente, derramar-se sobre o grupo. No entanto, os catequistas jahwistas atrevem-se a sugerir que talvez a “justiça” de uns tantos seja, para Deus, mais importante do que o pecado da maioria. Apesar de tudo, ainda estamos longe da perspectiva da retribuição e da responsabilidade individuais: essas idéias só serão consagradas pela catequese de Israel a partir do séc. VI a.C. (época do exílio na Babilônia).
O problema que Abraão procura resolver é, portanto, se aos olhos de Deus um grupo de “justos” tem tal peso que, por amor deles, Deus esteja disposto a suspender o castigo que pesa sobre toda a coletividade. Os números sucessivamente avançados por Abraão (em forma descendente, de 50 até 10) fazem parte do folclore do “regateio” oriental; mas servem, também, para pôr em relevo a misericórdia e a “justiça de Deus”: a descida até aos dez “justos” e as sucessivas manifestações da vontade de Deus em suspender o castigo mostram que, n’Ele, a misericórdia é maior do que vontade de castigar, que a vontade de salvar é infinitamente maior do que a vontade de perder.
 
Definida a questão fundamental que o jahwista quer abordar, detenhamo-nos agora um pouco na forma como se desenrola a “conversa” entre Abraão e Deus. É um diálogo “face a face” no qual Abraão se apresenta com humildade, com respeito, pois sente-se “pó e cinza” diante da onipotência de Deus. No entanto, à medida que o diálogo avança e que Abraão se confronta com a benevolência de Deus, vai surgindo a confiança. Abraão chega a ser importuno na sua insistência e ousado no seu regateio. Recordando a Deus os seus compromissos, ele aparece como o “intercessor”, que consegue da misericórdia de Deus que um número insignificante de justos tenha mais peso do que um número muito elevado de culpados.
 
É possível dialogar com Deus desta forma familiar, confiante, insistente, ousada? Certamente, pois o Deus de Abraão é esse Deus que veio ao encontro do homem, que entrou na sua tenda, que Se sentou à sua mesa, que estabeleceu com ele comunhão, que realizou os sonhos desse homem que O acolheu, que aceitou partilhar com Ele os seus projetos. Um Deus que Se revela dessa forma é um Deus com quem o homem pode dialogar, com amor e sem temor.
 
ATUALIZAÇÃO
• O diálogo entre Abraão e Deus a propósito de Sodoma confirma esse Deus da comunhão, que vem ao encontro do homem, que entra na sua casa, que Se senta à mesa com ele, que escuta os seus anseios e que lhes dá resposta; e mostra, além disso, um Deus cheio de bondade e de misericórdia, cuja vontade de salvar é infinitamente maior do que a vontade de condenar. É esse Deus “próximo”, cheio de amor, que quer vir ao nosso encontro e partilhar a nossa vida que temos de encontrar: só será possível rezar, se antes tivermos descoberto este “rosto” de Deus.
• A “oração” de Abraão é paradigmática da “oração” do crente: é um diálogo com Deus – um diálogo humilde, reverente, respeitoso, mas também cheio de confiança, de ousadia e de esperança. Não é uma repetição de palavras ocas, gravadas e repetidas por um gravador ou um papagaio, mas um diálogo espontâneo e sincero, no qual o crente se expõe e coloca diante de Deus tudo aquilo que lhe enche o coração. A minha oração é este diálogo espontâneo, vivo, confiante com Deus, ou é uma repetição fastidiosa de fórmulas feitas, mastigadas à pressa e sem significado?
 
2º leitura – Cl. 2,12-14 – AMBIENTE
 
Pela terceira semana consecutiva, temos como segunda leitura um trecho dessa carta aos Colossenses em que Paulo defende a absoluta suficiência de Cristo para a salvação do homem.
O texto que hoje nos é proposto integra uma perícope em que Paulo polemiza contra os “falsos doutores” que confundiam os cristãos de Colossos com exigências acerca de anjos, de ritos e de práticas ascéticas (cf. Cl. 2,4-3,4). Depois de exortar os colossenses à firmeza na fé frente aos erros dos “falsos doutores” (cf. Cl. 2,4-8), Paulo afirma que Cristo basta, pois é n’Ele que reside a plenitude da divindade; Ele é a cabeça de todo o principado e potestade e foi Ele que nos redimiu com a sua morte (cf. Cl. 2,9-15).
 
MENSAGEM
A questão fundamental é, neste texto breve, a afirmação da supremacia de Cristo e da sua suficiência na salvação do crente. Pelo batismo, o crente aderiu a Cristo e identificou-se com Cristo; a vida de Cristo passou a circular nele: por isso, o crente – revivificado por Cristo – morreu para o pecado e nasceu para a vida nova do Homem Novo. Em Cristo encontramos, portanto, a vida em plenitude, sem que seja necessário recorrer a mais nada (poderes angélicos, ritos, práticas) para ter acesso à salvação.
 
Para representar, de forma mais explícita, o que significa este “morrer” e “ressuscitar”, Paulo refere-se a um “documento de dívida” que a morte de Cristo teria “anulado”. Este “documento” em que se reconhece a nossa dívida para com Deus pode designar aqui, quer a Lei de Moisés (com as suas leis, exigências, prescrições, impossíveis de cumprir na totalidade e constituindo, portanto, um documento de acusação contra as falhas dos homens), quer o “registro” onde, de acordo com as tradições judaicas da época, Deus inscreve as contas da humanidade (cf. Sl. 139,16). De uma forma ou de outra, não interessa acentuar demasiado esta imagem do “documento de dívida”: ela é, apenas, uma linguagem, utilizada para significar que Cristo anulou os nossos débitos (no sentido em que o nosso egoísmo e o nosso pecado morreram, no instante em que Ele nos libertou); e, através de Cristo, começou para nós uma vida nova, liberta de tudo o que nos oprime, nos escraviza, nos rouba a felicidade, nos impede o acesso à vida plena.
 
ATUALIZAÇÃO
• Mais uma vez, a Palavra de Deus afirma a absoluta centralidade de Cristo na nossa experiência cristã. É por Ele – e apenas por Ele – que o nosso pecado e o nosso egoísmo são saneados e que temos acesso à salvação – quer dizer, à vida nova do Homem Novo. É nisto que reside o fundamental da nossa fé e é à volta de Cristo (da sua vida feita doação, entrega, amor até à morte) que se deve centralizar a nossa existência de cristãos. Ao denunciar a atitude dos Colossenses (mais preocupados com os poderes dos anjos e com certas práticas e ritos do que com Cristo), Paulo adverte-nos para não nos deixarmos afastar do essencial por aspectos secundários. O critério fundamental, no que diz respeito à vivência da nossa fé, deve ser este: tudo o que contribui para nos levar até Cristo é bom; tudo o que nos distrai de Cristo é dispensável.
• É necessário ter consciência de que o batismo, identificando-nos com Jesus, constitui um ponto de partida para uma vida vivida ao jeito de Jesus, na doação, no serviço, na entrega da vida por amor. É este “caminho” que temos vindo a percorrer? A minha vida caminha, decisivamente, em direção ao Homem Novo, ou mantém-me fossilizado no homem velho do egoísmo, do orgulho e do pecado?
 
Evangelho – Lc. 11,1-13 – AMBIENTE
 
Continuamos, ainda, nesse “caminho de Jerusalém” – quer dizer, a percorrer esse caminho espiritual que prepara os discípulos para se assumirem, plenamente, como testemunhas do Reino. A catequese que, neste contexto, Jesus apresenta aos discípulos é, hoje, sobre a forma de dialogar com Deus.
 
Lucas é o evangelista da oração de Jesus. Ele refere a oração de Jesus no batismo (cf. Lc. 3,21), antes da eleição dos Doze (cf. Lc. 6,12), antes do primeiro anúncio da paixão (cf. Lc. 9,18), no contexto da transfiguração (cf. Lc. 9,28-29), após o regresso dos discípulos da missão (cf. Lc. 10,21), na última ceia (cf. Lc. 22,32), no Getsêmani (cf. Lc. 22,40-46), na cruz (cf. Lc. 23,34.46). Em geral, a oração é o espaço de encontro de Jesus com o Pai, o momento do discernimento do projeto do Pai.
O texto que hoje nos é proposto apresenta-nos Jesus a orar ao Pai e a ensinar aos discípulos como orar ao Pai. Não se trata tanto de ensinar uma fórmula fixa, que os discípulos devem repetir de memória, mas mais de propor um “modelo”. De resto, o “Pai nosso” conservado por Lucas é um tanto diferente do “Pai nosso” conservado por Mateus (cf. Mt. 6,9-13) – o que pode explicar-se por tradições litúrgicas distintas. A versão de Mateus condiz com um meio judeu-cristão, enquanto que a de Lucas – mais breve e com menos embelezamentos litúrgicos – está mais próxima (provavelmente) da oração original. Nenhuma destas versões pretende, na realidade, reproduzir literalmente as palavras de Jesus, mas mostrar às comunidades cristãs qual a atitude que se deve assumir no diálogo com Deus.
 
MENSAGEM
Como é que os discípulos devem, então, rezar? Lucas refere-se a dois aspectos que devem ser considerados no diálogo com Deus. O primeiro diz respeito à “forma”: deve ser um diálogo de um filho com o Pai; o segundo diz respeito ao “assunto”: o diálogo incidirá na realização do plano do Pai, no advento do mundo novo.
Tratar Deus como “Pai” não é novidade nenhuma. No Antigo Testamento, Deus é “como um pai” que manifesta amor e solicitude pelo seu Povo (cf. Os. 11,1-9). No entanto, na boca de Jesus, a palavra “Pai” referida a Deus não é usada em sentido simbólico, mas em sentido real: para Jesus, Deus não é “como um pai”, mas é “o Pai”.
A própria linguagem com que Jesus se dirige a Deus mostra isto: a expressão “Pai” usada por Jesus traduz o original aramaico “abba” (cf. Mc. 14,36), tomada da maneira comum e familiar como as crianças chamavam o seu “papá”. Ao referir-se a Deus desta forma, Jesus manifesta a intimidade, o amor, a comunhão de vida, que o ligam a Deus.
 
No entanto, o aspecto mais surpreendente reside no fato de Jesus ter aconselhado os seus discípulos a tratarem a Deus da mesma forma, admitindo-os à comunhão que existe entre Ele e Deus. Porque é que os discípulos podem chamar “Pai” a Deus? Porque, ao identificarem-se com Jesus e ao acolherem as propostas de Jesus, eles estabelecem uma relação íntima com Deus (a mesma relação de comunhão, de intimidade, de familiaridade que unem Jesus e o Pai). Tornam-se, portanto, “filhos de Deus”.
Sentir-se “filho” desse Deus que é “Pai” significa outra coisa: implica reconhecer a fraternidade que nos liga a uma imensa família de irmãos. Dizer a Deus “Pai” implica sair do individualismo que aliena, superar as divisões e destruir as barreiras que impedem de amar e de ser solidários com os irmãos, filhos do mesmo “Pai”.
Desta forma, Cristo convida os discípulos a assumirem, na sua relação e no seu diálogo com Deus, a mesma atitude de Jesus: a atitude de uma criança que, com simplicidade, se entrega confiadamente nas mãos do pai, acolhe naturalmente a sua ternura e o seu amor e aceita a proposta de intimidade e de comunhão que essa relação pai/filho implica; convida, também, os discípulos a assumirem-se como irmãos e a formarem uma verdadeira família, unida à volta do amor e do cuidado do “Pai”.
 
Definida a “atitude”, falta definir o “assunto” ou o “tema” da oração. Na perspectiva de Jesus, o diálogo do crente com Deus deve, sobretudo, abordar o tema do advento do Reino, do nascimento desse mundo novo que Deus nos quer oferecer. A referência à “santificação do nome” expressa o desejo de que Deus se manifeste como salvador aos olhos de todos os povos e o reconhecimento por parte dos homens, da justiça e da bondade do projeto de Deus para o mundo; a referência à “vinda do Reino” expressa o desejo de que esse mundo novo que Jesus veio propor se torne uma realidade definitivamente presente na vida dos homens; a referência ao “pão de cada dia” expressa o desejo de que Deus não cesse de nos alimentar com a sua vida (na forma do pão material e na forma do pão espiritual); a referência ao “perdão dos pecados” pede que a misericórdia de Deus não cesse de derramar-se sobre as nossas infidelidades e que, a partir de nós, ela atinja também os outros irmãos que falharam; a referência à “tentação” pede que Deus não nos deixe seduzir pelo apelo das felicidades ilusórias, mas que nos ajude a caminhar ao encontro da felicidade duradoura, da vida plena…
Duas parábolas finais completam o quadro. O acento da primeira (vs. 5-8) não deve ser posto tanto na insistência do “amigo importuno”, mas mais na ação do amigo que satisfaz o pedido; o que Jesus pretende dizer é: se os homens são capazes de escutar o apelo de um amigo importuno, ainda mais Deus atenderá gratuitamente aqueles que se Lhe dirigem. A segunda parábola (vs. 9-13) convida à confiança em Deus: Ele conhece-nos bem e sabe do que necessitamos; em todas as circunstâncias Ele derramará sobre nós o Espírito, que nos permitirá enfrentar todas as situações da vida com a força de Deus.
 
ATUALIZAÇÃO
• O Evangelho de Lucas sublinha o espaço significativo que Jesus dava, na sua vida, ao diálogo com o Pai – nomeadamente, antes de certos momentos determinantes, nos quais se tornava particularmente importante o cumprimento do projeto do Pai. Na minha vida, encontro espaço para esse diálogo com o Pai? Na oração, procuro “sentir o pulso” de Deus a propósito dos acontecimentos com que me deparo, de forma a conhecer o seu projeto para mim, para a Igreja e para o mundo?
 
• A forma como Jesus Se dirige a Deus mostra a existência de uma relação de intimidade, de amor, de confiança, de comunhão entre Ele e o Pai (de tal forma que Jesus chama a Deus “papá”) e Ele convida os seus discípulos a assumirem uma atitude semelhante quando se dirigem a Deus… É essa a atitude que eu assumo na minha relação com Deus? Ele é o “papá” a quem amo, a quem confio, a quem recorro, com quem partilho a vida, ou é o Deus distante, inacessível, indiferente?
• A minha oração é uma oração egoísta, de “pedinchice” ou é, antes de mais, um encontro, um diálogo, no qual me esforço para escutar Deus, por estar em comunhão com Ele, por perceber os seus projetos e acolhê-los?
• A minha oração é uma “negociata” entre dois parceiros comerciais (“dou-te isto, se me deres aquilo”) ou é um encontro com um amigo de quem preciso, a quem amo e com quem partilho as preocupações, os sonhos e as esperanças?
 
 
 
 
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho

sábado, 27 de julho de 2013

JMV RIO 2013: A LUZ DE SOPHIE, JOVEM FALECIDA EM ACIDENTE RUMO AO RIO E CITADA EM ORAÇÃO PELO PAPA FRANCISCO.



Uma jovem “luminosa”, “verdadeiramente carinhosa”, que “dava tudo de si e sabia fazer os outros felizes”: estas são palavras que encontramos nos testemunhos dos amigos de Sophie Morinière, a jovem falecida na Guiana Francesa, no acidente de um ônibus de peregrinos da JMJ Rio2013.

“Tenho seu rosto gravado na mente, sempre com um grande sorriso”, explica Amelie à Rádio Notre-Dame, por ocasião da vigília de oração pela jovem, realizada em sua paróquia de São Leão, em Paris.

Estudante da Escola Politécnica Feminina de Sceaux, a jovem havia aceitado dar seu testemunho sobre a JMJ todas as manhãs, à Rádio Notre-Dame; na véspera da sua morte, após ouvir uma catequese sobre a missão, disse: “Vivendo de Jesus Cristo, não necessariamente todos têm de ir falar, gritar ao seu redor, mas também pode haver testemunhas de Jesus Cristo que vivem sua vida de maneira muito simples, e assim haverá testemunhas de que Jesus nos ama”.

“É uma mensagem bonita, que poderemos levar conosco – disse seu pai, François Morinière, durante a vigília de oração em São Leão. Dar testemunho de que Cristo está vivo é o motivo que a levou à Guiana, diante dos que sofrem, dos que estão tristes, para oferecer sua alegria. Ela fez isso e agora está no céu.”

Em sua homilia, o cardeal André Vingt-Trois recordou que, graças ao “amor que Deus oferece a cada um, e que se expressa no amor que há entre as pessoas”, é possível enfrentar os dramas da existência e levar esperança: “esse amor que Sophie colocava em prática na sua vida diária”.

Com relação aos jovens que continuaram sua viagem ao Rio, o arcebispo de Paris quis dizer às suas famílias que esta provação “vai dar ainda mais destaque e profundidade à sua experiência da JMJ, porque eles estarão muito impactados pelo que viveram, e talvez provados em sua fé e em seu desejo de encontrar-se com o Senhor”.

O Papa Francisco enviou um telegrama de pêsames ao bispo de Cayenne, na Guiana Francesa. No telegrama, que o cardeal Tarcisio Bertone lhe enviou em nome do Papa, lê-se que o Pontífice se associa de todo coração ao sofrimento da família afligida pela perda da jovem, aos responsáveis do grupo e dos organizadores.

O Papa garantiu-lhes a sua oração e exprimiu sua proximidade em relação aos feridos, socorristas, e todas as pessoas envolvidas. Francisco mandou também uma bênção apostólica a todas as pessoas tocadas por este drama.




Fonte: Aleteia

ERA ATEIA E BUDISTA. NA BUSCA PELA VERDADE, ENCONTREI A IGREJA CATÓLICA.


Encontrou Deus lendo sobre o Genoma
Pablo J. Ginés/ReL – religionenlibertad.com


“Nunca quis ser católica, nem sequer queria ser cristã. Quando meu marido me convenceu de que me somasse em sua busca espiritual há 15 anos, através de religiões grandes e pequenas, o fiz sobretudo por contentá-lo”, explica a norte-americana Misty em seu testemunho de CatholicSistas.
Eu estava vivendo há mais de dez anos como uma atéia declarada, não podia pensar que existisse A Verdade, nem muito menos que se pudesse encontrar. Não podia aceitar que Deus fosse real”, recorda do início de seu itinerário.
Até Deus, lendo sobre o genoma

“Um dia, lendo um artigo sobre o projeto genoma humano -eu escrevia sobre temas técnicos- senti a necessidade de contemplar minha mão. O que antes era uma engenhosa máquina de carne e osso agora se revelava como um puro milagre da criação. Foi exatamente nesse momento: um segundo antes eu era atéia; no seguinte, era crente. Soube com absoluta certeza que só um desenhista inteligente (Deus) podia ter criado algo tão maravilhoso como eu”.

Porém uma coisa é o deus dos deístas (Que ou aquele que crê em Deus sem aceitar religião nem culto….), um relojoeiro que põe em marcha a Criação e se retira, irrelevante na vida, e outra coisa é um Deus pessoal que intervém e se relaciona com suas criaturas.
Misty tinha amigos meramente deístas, mas para ela “era impensável que Deus criasse um universo glorioso, com gente assombrosa, como meu esposo, para depois retirar-se. Dava-me conta de que a beleza que enchia de lágrimas meus olhos inclusive quando era ateia podia interpretar-se só como um cuidado pessoal de um Deus que ama e se deleita com sua criação. Criou a terra majestosa, nos deu a alegria da música e uma mente para apreciá-la, não tinha sentido que o fizesse para dar-lhe as costas”.

A busca pelo Deus Pessoal

“Assim que meu esposo agnóstico e eu começamos a fazer perguntas as pessoas que diziam saber algo de Deus: os crentes. Todos os crentes. Cada vez que encontrávamos uma pessoa de fé, lhe convidávamos a jantar e respeitosamente lhe assediávamos com perguntas. Visitamos suas igrejas e templos, fomos ao seu culto, líamos’ ad nauseam’ sobre o que acreditavam e porque e como vivian suas crenças”.
“O que a princípio mais nos atraía era o budismo, sem dúvida porque celebridades proeminentes de Hollywood faziam dele uma religião ´cool´. Mas em que pese a nossos melhores esforços, não conseguimos aceitar que o budismo fosse verdadeiro”, explica Misty.
Ela e seu marido tinham aceitado a lógica da postura pró-vida poucos anos antes. “Inclusive quando era ateia via que se tratava de um tema de direitos humanos. Então nos perturbou escutar a uma budista que dizia respeitar toda a vida mas nos descreveu como ajudava em abortos”.

Um budismo de moral relativista

O budismo oferecia uma moral relativista: “tal coisa só é má se for má para ti”. “Isto não nos encaixava: ou o aborto é mau em todos os casos porque tira uma vida humana, ou não é mau nunca. A ideia de que a moralidade de uma ação se baseia no que eu quero que seja bom ou mau parecia simplesmente um self-service ridículo. Estremecia-nos imaginar um mundo no qual as pessoas decidissem por si mesmas se matar, roubar ou mentir está bem ou mal”.

Também, no centro budista de seu bairro, quando traziam algum mestre importante, cobravam várias centenas de dólares por um retiro espiritual de poucos dias. “A sabedoria de seus santos viventes vinha no geral com um preço caro na etiqueta”. Para o marido de Misty isto era um argumento eliminatório: a sabedoria, a verdade, também devia ser acessível aos pobres.
Para Misty não lhe convencia o ‘Mais Além budista’. Inclusive se alguém é um budista muito virtuoso e purificado, ao final a recompensa consiste em renunciar a todo “eu” ao entrar no Nirvana. Para isso podem ser necessárias muitas reencarnações… onde tampouco se mantém teu “eu”, tua pessoa. No cristianismo, o indivíduo mantém seu “eu”, sua personalidade e individualidade, seu ser Pedro ou Susana, inclusive em união com Deus. No budismo, tudo isso (ou melhor, a pessoa) desaparece. “Pensava nas pessoas que eu amava e me parecia terrível imaginar que o que lhes faz ser quem são -sua alma- desapareceria”. Não era atrativo.

Um mórmon que amava Cristo

Misty, grande amante de café, fazia piadas a respeito do Mormonismo, que proíbe esta substância por criar certo grau de dependência. Mas convidaram uma família mórmon para comer em casa. “Depois dos budistas, era um prazer poder voltar a servir carne”, disse Misty. Atraíam-lhes por seu sentido de comunidade e sua defesa da vida e da família.
O pai daquela família mórmon foi a primeira pessoa que lhes falou de Jesus Cristo com paixão, com um amor palpável por Ele.
“Tinha uma relação pessoal com Jesus. Era como ler sobre Abraham Lincoln toda tua vida e descobrir de repente que está vivo ainda, de verdade, e que pessoas que conheces são seus amigos”, explica Misty. Assim “foi um mórmon que nos fez dar conta de que a chave era Jesus”.

Misty e seu marido, no entanto, tinham lido muito sobre a história de Joseph Smith e a fundação do mormonismo. Não podiam aceitar que Smith fosse de verdade um profeta de Deus.
Católicos tíbios, evangélicos entusiastas
Decidiram buscar entre os amigos de Jesus: os protestantes. E os católicos? Misty tinha uma companheira de trabalho católica que ia à Missa todo domingo mas dizia que “não necessito crer em todas essas coisas sobre Jesus; eu gosto da ideia de que Deus veio para viver conosco mas não me importa se aconteceu de verdade ou não”. Conheciam dois jovens católicos que se eram respeitosos com sua fé, mas muito silenciosos, não falavam disso.
Em troca os evangélicos que conheciam eram entusiastas, lhes convidavam para eventos, lhes acompanhavam e acolhiam enquanto cruzavam a porta de seus locais e antes. Pelo contrário, mesmo decidindo ir várias vezes à Missas católicas, nunca ninguém na Missa lhes recebeu, lhes acolheu nem se apresentou para saudar-lhes. “De fato, uma vez que nos aproximamos de um sacerdote para perguntar se podíamos fazer-lhe perguntas sobre a fé nos disse, entediado: ´chamai a Diocese´”, recorda Misty.

Em Fairfax, Virgínia, viveram pela primeira vez o que era uma Páscoa vibrante, intensa, numa congregação evangélica “ardente” . “Sentias-te como num concerto de rock, era gente alegre por ser cristã”, reconhece.
Cada pastor, uma doutrina diferente
Grande sentido de comunidade, como os mórmons. Mas, e a doutrina? Convidaram para jantar muitos pastores diferentes… e cada um ensinava uma doutrina distinta, mesmo todos dizendo estarem “baseados na Bíblia”. Um pastor episcopal lhes dizia que o aborto nunca é aceitável; outro lhes dizia que às vezes sim. O mesmo com a ordenação de mulheres, o matrimônio de divorciados, etc…
“Quanto mais líamos a História do Cristianismo, mais nos dávamos conta de que as igrejas protestantes tinham mudado ‘A Verdade’ pelo que fosse culturalmente aceitável em sua época. E se ‘A Verdade’ existia, sabíamos intuitivamente que não se decidia por comitê”.
Católicos, como os primeiros cristãos

Assim passaram a estudar a história do catolicismo. “Lemos que os primeiros católicos, apenas 100 o 200 anos depois de Jesus, já acreditavam na Eucaristia como o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus; acreditavam no batismo de crianças. Na confissão, no purgatório, no inferno. Eram contra o aborto e, sim, também contra a anticoncepção. Vimos que o cânon da Bíblia coletou porque os livros apoiavam a tradição oral da Igreja, e não o contrário”.
Essa consistência histórica, o conservar as doutrinas, lhes levou ao catolicismo apesar dos exemplos pouco inspiradores de católicos que conheciam.

Eles estavam dispostos a seguir ‘A Verdade’ onde estivesse: a raspar a cabeça como os budistas ou mudarem-se para Utah com os mórmons. E descobriram que o catolicismo é exigente: “nunca mais mentir, nunca mais fofocar, ir à Missa todo domingo depois de muitos anos de dedicá-los a dormir, renunciar à anticoncepção pela método natural da fertilidade.”
Fizeram-no, convencidos de que para converter-se a Cristo tinham que converter-se aos ensinamentos de Cristo na Igreja.
“Jesus esteve sempre aqui, conduzindo-nos por este caminho, assegurando que tivéssemos a graça para encontrar a verdade, aceitá-la e viver segundo ela”, conclui Misty.
Atualmente ela vive no Alaska cuidando e educando seus cinco filhos.