segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Meditação diária. 
O lótus nasce no lodo mas sua flor permanece sempre branca e limpa. Eis o nosso maior desafio: viver intensamente o problema, mas não deixar dominar por ele. É a alegria da liberdade. 






Blog Pe Emilio

O CARÁTER DE CRISTO.

 
Por toda a Bíblia vemos uma importante verdade ilustrada repetidamente: o Espírito Santo libera poder no momento em que você dá um passo de fé.
Quando Moisés tocou com a vara nas águas o mar vermelho abriu e o povo passou a pé enxuto.
Quando Josué se defrontou com um obstáculo intransponível, as águas transbordantes do rio Jordão recuaram somente depois que os líderes obedeceram sua voz para atravessar, pisaram na água corrente em obediência e fé.

A obediência libera o poder de Deus.
Deus espera que nós ajamos por primeiro.
Não espere sentir-se poderoso ou confiante. Siga adiante na sua fraqueza, fazendo a coisa certa a despeito de seus medos e sentimentos.
É assim que nós cooperamos com o Espírito Santo, e essa é a forma que seu caráter se desenvolve.
Embora esforço não tenha nada que ver com salvação está relacionado com o crescimento espiritual.
Pelo menos em oito ocasiões no Novo Testamento recebemos a ordem de nos esforçarmos em nosso crescimento, até nos tornarmos semelhantes a Jesus.
Você não fica apenas por ali, à espera de que isso aconteça.
Paulo explica em Efésios 4,22-24 os deveres para nos tornarmos semelhantes a Cristo.
Precisamos “adquirir” o caráter de Cristo ao desenvolver hábitos novos e dignos de Deus.

O caráter é basicamente a soma dos hábitos; é como você habitualmente age.
A Bíblia diz: ... revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade.
Deus usa sua Palavra, as pessoas e as circunstâncias para moldar-nos.
Os três fatores são indispensáveis para o desenvolvimento do caráter ao qual realiza em nos a santidade de vida.
“O Santo não é um super-homem, o santo é um homem verdadeiro.   
O santo é um verdadeiro homem porque adere a Deus e, portanto, ao ideal para o qual foi construído o seu coração e do qual é constituído o seu destino.”

E se Deus tem destino e se podemos falar em Destino de Deus um somente existe – A nossa Salvação.
Vocês querem o céu? O que precisa para ganharmos o céu? Ser Santo!
E o que precisa para ser santo, a primeira condição para ser Santo – é convencer-se que se é pecador. Sim quem não se considera pecador não será santo...
Os Santos interpretaram o plano do Pai de recuperação do coração dos homens. Compreenderam que ser homem não é aceitar-nos como somos, mas como Deus quer que sejamos.
A santidade é obra de Deus e do seu Espírito e se realiza em nós mediante o sacrifício de Cristo.

A cruz de Cristo não é apenas a causa eficiente e meritória da santidade dos homens, mas também sua causa exemplar. Somente imitando a Cristo podemos ser salvos e santos. E só mediante um ato de seu amor misericordioso que Deus se faz presente no meio dos homens e os acolhe de novo em sua intimidade.
Só quando descobrimos a voz de Deus, é que podemos aventurar-nos em busca da santidade. Se confiamos em nossas próprias possibilidades, acabamos não saindo do lugar.

O papa emérito Bento XVI afirmou que se sente "consolado" pelo fato de os santos terem sido "homens normais, com problemas e pecados", e disse que a santidade não consiste em não pecar, mas sim "na capacidade de conversão, reconciliação e do perdão. Os santos não caem do céu, eram homens como nós, com problemas e com pecados, a santidade não consiste em não ter cometido pecados, não ter caído , ao contrario a santidade consiste em ter caído , mas saber se levantar.

A Santidade é o chamado essencial do homem. Ele existe para a santidade, foi criado por Deus para participar de Sua santidade.
Mas, por que sou chamado a ser santo? A resposta é simples: porque Deus é santo!
”Sede santos, porque eu, Javé, sou santo” - Lv 11, 44; 19, 02. A santidade de Deus é a causa da santidade do homem. E por que, sendo Deus santo, eu também tenho que sê-lo?
Porque o homem não foi criado ao acaso, mas para participar da vida de Deus.
A santidade acontece pela participação do homem no mistério de Cristo pelo Espírito Santo. Cristo, assumindo a carne humana, santifica-a pela obediência e por Ele, toda a humanidade.

A união com Cristo, que significa viver em Cristo a obediência ao Pai e assim assumir em tudo a Sua vontade é o que constitui a santidade do homem. Isso significa unir a humanidade própria à humanidade santa de Cristo. Entretanto, nada disso se dá se não for pelo Espírito que nos foi dado. É Ele que realiza nossa união a Cristo e
, por Cristo, ao Pai.

Não se pode confundir santidade no homem com perfeição.
A perfeição é própria de Deus. Deus é perfeito em tudo e tudo nele é perfeito.
A perfeição pressupõe a condição divina de ser pleno, completo e acabado, de forma a ser subsistente em Si mesmo, ou seja, não precisa de nada fora de si para se realizar ou melhorar.
A condição de criatura no homem pressupõe a imperfeição, pois o homem sempre precisará melhorar. Na perfeição não existe ganho ou perda, melhora ou piora, pois por essas mudanças se torna mais ou menos perfeito, o que fere o princípio segundo o qual a perfeição é completa, sem possibilidade de melhora ou piora.

“Sede perfeitos como vosso Pai celestial é perfeito” - Mt 5, 48. Para entender as palavras de Jesus, é preciso saber que, na mentalidade hebraica, perfeição é um atributo humano - tanto que, no AT, Deus nunca é chamado de Perfeito, mas de Santo – que significa totalidade, ser intacto, e Mateus, partindo dessa perspectiva humana, atribui a Deus essa qualidade, que não é propriamente divina, mas que é projeção em Deus de um ideal humano.

O chamado de Jesus para o homem é à santidade, isto é, à intimidade com Deus de forma a unir-se a Ele. A verdadeira santidade se contrapõe à busca de perfeição no homem. O homem santo se faz depender de Deus em sua imperfeição e por isso nunca é humilhado pelas imperfeições dos dons e riquezas pessoais, bem como pelas misérias e mesmo pelo pecado, porque a santidade é humilde. Somos humilhados quando pensamos ser alguém, quando nos achamos notáveis e melhores do que os outros e percebemos, pela nossa imperfeição, que não somos nada disso. Na humildade da santidade, o homem sabe-se rico pelas riquezas de Deus e a falta de uma das riquezas não o leva ao desespero, pois sabe-se imperfeito e a falta de perfeição não fere sua dignidade humana imperfeita, mas ao contrário, lança-o na vida de Deus na busca da contínua melhora de si pela íntima dependência de Deus, dos dons de Deus.
 
Os santos não são perfeitos. Mesmo os canonizados e colocados sobre os altares não são perfeitos. Mas são pessoas que se encheram de uma tal maneira da vida de Deus, santificaram-se de uma tal maneira que a Igreja os venera dessa forma.
Então, o santo não é perfeito, ele participa de uma forma profunda da santidade de Deus. Lógico que por causa disso ele é cheio de Deus e cheio da própria perfeição. Mas ele não é perfeito, seus atos não são perfeitos.
Perfeito, somente Deus.

A vocação à santidade mergulha as suas raízes no Batismo e volta a ser proposta pelos vários sacramentos, sobretudo pelo da Eucaristia: revestidos de Jesus Cristo e impregnados do Seu Espírito, os cristãos são “santos” e, por isso, são habilitados e empenhados em manifestar a santidade do seu ser na santidade de todo o seu operar.


Pe Emílio Carlos Mancini
Diocese de São Carlos

LITURGIA DIÁRIA - CONVIDA OS POBRES E SERÁS FELIZ

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1a Leitura - Filipenses 2,1-4
Leitura da carta de são Paulo aos Filipenses.
2 1 Se me é possível, pois, alguma consolação em Cristo, algum caridoso estímulo, alguma comunhão no Espírito, alguma ternura e compaixão,
2 completai a minha alegria, permanecendo unidos. Tende um mesmo amor, uma só alma e os mesmos pensamentos.
3 Nada façais por espírito de partido ou vanglória, mas que a humildade vos ensine a considerar os outros superiores a vós mesmos.
4 Cada qual tenha em vista não os seus próprios interesses, e sim os dos outros.
5 Dedicai-vos mutuamente a estima que se deve em Cristo Jesus.
Palavra do Senhor.


Salmo - 130 /131
Guardai-me, em paz, junto a vós, ó Senhor!

Senhor, meu coração não é orgulhoso,
nem se eleva arrogante o meu olhar;
não ando à procura de grandezas,
nem tenho pretensões ambiciosas!

Fiz calar e sossegar a minha alma;
ela está em grande paz dentro de mim,
como a criança bem tranqüila, amamentada*
no regaço acolhedor de sua mãe.

Confia no Senhor, ó Israel, ó Israel,
desde agora e por toda a eternidade!
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Evangelho - Lucas 14,12-14
Aleluia, aleluia, aleluia.
Se guardais minha palavra, diz Jesus, realmente vós sereis os meus discípulos (Jo 8,31s).
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
14 12 Jesus dizia ao chefe dos fariseus que o tinha convidado: “Quando deres alguma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos. Porque, por sua vez, eles te convidarão e assim te retribuirão.
13 Mas, quando deres uma ceia, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos.
14 Serás feliz porque eles não têm com que te retribuir, mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos”.
Palavra da Salvação.


Neste Evangelho, mais do que uma parábola, Jesus nos faz um pedido muito claro: Quando dermos uma festa, não convidemos os nossos parentes, ou amigos, ou vizinhos ricos. Pois estes poderão nos retribuir, convidando-nos também. Pelo contrário, que convidemos os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos... Porque estes não nos poderão retribuir, e receberemos a recompensa de Deus, na ressurreição dos justos.
O pedido de Jesus é facílimo de entender, porque todos nós fazemos festinhas, de vez em quando, seja de aniversário natalício, de casamento, de batizado, por ocasião do Natal... O problema é que a fé ainda não penetrou tanto em nós, a ponto de nos mover a atender o pedido de Jesus. Alguns fazem até uma “releitura”, dizendo que Jesus não quis dizer isso que ele disse, mas outra coisa. Tudo para escapar do pedido dele, que é muito forte.
Sabemos que a recompensa de Deus é infinitamente mais generosa que a de qualquer ser humano. É o que disse Jesus em outra ocasião: “Dai e vos será dado. Uma medida boa, socada, sacudida e transbordante será colocada na dobra da vossa veste, pois a medida que usardes para os outros, servirá também para vós” (Lc 6,38). Naquele tempo, o povo usava túnicas, também os homens; e costumavam medir cereais na dobra da própria túnica.
Como é distante a vida que levamos, da vida que Jesus nos propõe! Este é apenas um exemplo; há muitos outros ensinamentos dele que têm a mesma radicalidade. Por exemplo:
- Os que se casam, “já não são dois, mas uma só carne. O que Deus uniu, o homem não separe” (Mt 19,6).
- “Se alguém te der uma bofetada na face direita, oferece-lhe também a outra” (Mt 5,39).
- “Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto!” (Mt 5,40).
- “Se alguém te forçar a acompanhá-lo por um quilômetro, caminha dois com ele!” (Mt 5,41). Etc.
Jesus cita o almoço porque eles estavam almoçando. Foi apenas um exemplo. O que ele quer é uma mudança de coração. Quando o nosso coração muda, muda todo o nosso comportamento.
Neste Evangelho, Jesus nos pede para dar preferência aos mais pobres e excluídos. No início de sua vida pública, ao apresentar seu programa de vida, ele disse: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Nova aos pobres. Enviou-me para proclamar a libertação aos presos e, aos cegos, a recuperação da vista; para dar liberdade aos oprimidos e proclamar um ano de graça da parte do Senhor” (Lc 4,18-19).
Isso foi opção de Deus Pai. O mesmo Deus que escolheu uma mãe para seu Filho, escolheu também uma classe social para ele viver, a fim de mostrar ao mundo de que lado Deus está.
Jesus disse que continuaria presente na terra, em quatro situações: 1) Na Eucaristia: “Isto é o meu corpo”. 2) Na Igreja: “Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei aí no meio deles”. 3) Nas crianças: “Quem acolher em meu nome uma criança como esta, estará acolhendo a mim mesmo” (Mt 18,5). 4) E nos pobres: “Todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!” (Mt 25,40).
No Evangelho de hoje, após nos pedir para convidar os pobres para o almoço, Jesus diz: “Então serás feliz!” Realmente, é indizível a alegria que sente uma pessoa que tem a coragem de atender a este pedido de Jesus.
Fica para nós a pergunta: A nossa Comunidade tem o mesmo coração de Jesus? Ela atende a esse pedido dele? “Queremos ver Jesus, caminho, verdade e vida.” Que mostremos ao povo do terceiro milênio o verdadeiro rosto de Jesus!
Certa vez, estava se aproximando o Natal, e as catequistas de uma Comunidade resolveram armar o presépio de forma comunitária. Cada criança devia trazer, ou sugerir, aquilo que ela acha que devia haver no presépio.
Um menino trouxe de casa um recorte de revista, contendo a foto de moradores de rua, entre eles várias crianças, e colocou no presépio.
A catequista lhe perguntou por quê, e ele explicou: “Eu acho que Jesus está no meio dessas pessoas, e quer que elas tenham moradia”.
Esse garoto demonstrou um profundo conhecimento de Jesus e do seu Evangelho.
Nossa Senhora seguiu à risca o Evangelho do seu Filho. Além de viver no meio dos pobres, ela, no hino Magnificat, criticou duramente os ricos. “Encheu de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias.” Que ela nos ajude a viver com coragem o que seu Filho ensinou, mesmo estando no meio de uma sociedade que segue, muitas vezes, o caminho contrário.





Pe Queiroz

domingo, 30 de outubro de 2016

31º DOMINGO DO TEMPO COMUM - HOJE A SALVAÇÃO ENTROU NESSA CASA.

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A liturgia deste domingo convida-nos a contemplar o quadro do amor de Deus. Apresenta-nos um Deus que ama todos os seus filhos sem excluir ninguém, nem sequer os pecadores, os maus, os marginais, os “impuros”; e mostra como só o amor é transformador e revivificador.
Na primeira leitura um “sábio” de Israel explica a “moderação” com que Deus tratou os opressores egípcios. Essa moderação explica-se por uma lógica de amor: esse Deus omnipotente, que criou tudo, ama com amor de Pai cada ser que saiu das suas mãos – mesmo os opressores, mesmo os egípcios – porque todos são seus filhos.
O Evangelho apresenta a história de um homem pecador, marginalizado e desprezado pelos seus concidadãos, que se encontrou com Jesus e descobriu n’Ele o rosto do Deus que ama… Convidado a sentar-se à mesa do “Reino”, esse homem egoísta e mau deixou-se transformar pelo amor de Deus e tornou-se um homem generoso, capaz de partilhar os seus bens e de se comover com a sorte dos pobres.
A segunda leitura faz referência ao amor de Deus, pondo em relevo o seu papel na salvação do homem (é d’Ele que parte o chamamento inicial à salvação; Ele acompanha com amor a caminhada diária do homem; Ele dá-lhe, no final da caminhada, a vida plena)… Além disso, avisa os crentes para que não se deixem manipular por fantasias de fanáticos que aparecem, por vezes, a perturbar o caminho normal do cristão.
 
 
LEITURA I – Sab 11,22-12,2
Leitura do Livro da Sabedoria
Diante de Vós, Senhor, o mundo inteiro é como um grão de areia na balança, como a gota de orvalho que de manhã cai sobre a terra.
De todos Vós compadeceis, porque sois omnipotente, e não olhais para os seus pecados, para que se arrependam.
Vós amais tudo o que existe e não odiais nada do que fizestes; porque, se odiásseis alguma coisa, não a teríeis criado.
e como poderia subsistir, se Vós não a quisésseis?
Como poderia durar, se não a tivésseis chamado à existência?
Mas a todos perdoais, porque tudo é vosso, Senhor, que amais a vida.
O vosso espírito incorruptível está em todas as coisas.
Por isso castigais brandamente aqueles que caem e advertis os que pecam, recordando-lhes os seus pecados, para que se afastem do mal e acreditem em Vós, Senhor.
 
AMBIENTE
O “Livro da Sabedoria” é o mais recente de todos os livros do Antigo Testamento (aparece durante a primeira metade do séc. I a.C.). O seu autor – um judeu de língua grega, provavelmente nascido e educado na Diáspora (Alexandria?) – exprimindo-se em termos e concepções do mundo helénico, faz o elogio da “sabedoria” israelita, traça o quadro da sorte que espera o justo e o ímpio no mais-além e descreve (com exemplos tirados da história do Êxodo) as sortes diversas que tiveram os egípcios (idólatras) e o hebreus (fiéis a Jahwéh). O seu objectivo é duplo: dirigindo-se aos seus compatriotas judeus (mergulhados no paganismo, na idolatria, na imoralidade), convida-os a redescobrirem a fé dos pais e os valores judaicos; dirigindo-se aos pagãos, convida-os a constatar o absurdo da idolatria e a aderir a Jahwéh, o verdadeiro e único Deus… Para uns e para outros, só Jahwéh garante a verdadeira “sabedoria”, a verdadeira felicidade.
O texto que nos é proposto pertence à terceira parte do livro (cf. Sab 10,1-19,22). Nessa parte, recorrendo, sobretudo, à técnica do midrash, o autor faz a comparação entre os castigos que Deus lançou contra aos “ímpios” (os pagãos) e a salvação reservada aos “justos” (o Povo de Deus).
Depois de descrever como a “sabedoria” de Deus que se manifestou na história de Israel (cf. Sab 10,1-11,14), o autor faz referência ao pecado dos egípcios, que rendiam culto “a répteis irracionais e a bichos miseráveis” (Sab 11,15); e manifesta o seu espanto de que o castigo de Deus sobre os egípcios tenha sido tão moderado e benevolente (cf. Sab 11,17-20). Porque é que Deus foi tão moderado e não exterminou totalmente os egípcios? É a essa questão que o nosso texto responde.
 
MENSAGEM
Fundamentalmente, o autor encontra três razões para justificar a moderação e a benevolência de Deus.
A primeira tem a ver com a grandeza e a omnipotência de Deus (cf. Sab 11,22). Quem é grande e poderoso, não se sente incomodado e posto em causa pelos actos daqueles que são pequenos e finitos… Ele vê as coisas com suficiente distância, percebe as razões do agir do homem, não perde o “fair play”; daí resulta a tolerância e a misericórdia.
A segunda vem dessa lógica que caracteriza sempre a atitude de Deus em relação ao homem: a lógica do perdão (cf. Sab 11,23). Ele não quer a morte do pecador, mas que este se converta e viva; por isso, “fecha os olhos” diante do pecado do homem, a fim de o convidar ao arrependimento… Repare-se, no entanto, que esta lógica não se exerce aqui sobre o Povo de Deus, mas sobre um império pagão e opressor: é a universalidade da salvação que aqui é sugerida.
A terceira tem a ver com o amor de Deus (cf. Sab 11,24-26), que se derrama sobre todas as criaturas. A criação foi a obra de amor de um pai; e esse pai ama todos os seus filhos. Ele é o Senhor que “ama a vida”.
É porque todos os homens levam dentro de si esse “sopro de vida” que Deus infundiu sobre a criação, que Ele se preocupa, corrige, admoesta, perdoa as faltas, faz que se afastem do mal e estabeleçam comunhão com Ele (cf. Sab 12,1-2).
 
ATUALIZAÇÃO
A reflexão pode fazer-se a partir dos seguintes elementos:
• O Deus que este texto apresenta é uma figura benevolente e tolerante, cheia de bondade e misericórdia, que não quer a destruição do pecador, mas a sua conversão e que ama todos os homens que criou, mesmo aqueles que praticam acções erradas. Ora, todos nós conhecemos bem este quadro de Deus, pois ele aparece-nos a par e passo… Mas já o interiorizámos suficientemente?
• Interiorizar esta “fotografia” de Deus significa “empapar-nos” da lógica do amor e da misericórdia e deixar que ela transpareça em gestos para com os nossos irmãos. Isso acontece, realmente? Qual é a nossa atitude para com aqueles que nos fizeram mal, ou cujos comportamentos nos desafiam e incomodam?
• Muitas vezes, percebemos certos males que nos incomodam como “castigos” de Deus pelo nosso mau proceder. No entanto, este texto deixa claro que Deus não está interessado em castigar os pecadores… Quando muito, procura fazer-nos perceber – com a pedagogia de um pai cheio de amor – o sem sentido de certas opções e o mal que nos
fazem certos caminhos que escolhemos.
 
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 144(145)
Refrão: Louvarei para sempre o vosso nome, Senhor meu Deus e meu Rei.
Quero exaltar-Vos meu Deus e meu Rei e bendizer o vosso nome para sempre.
Quero bendizer-vos, dia após dia, e louvar o vosso nome para sempre.
O Senhor é clemente e compassivo, paciente e cheio de bondade.
O Senhor é bom para com todos e a sua misericórdia se estende a todas as criaturas.
Graças Vos dêem, Senhor, todas as criaturas e bendigam-Vos os vossos fiéis.
Proclamem a glória do vosso Reino e anunciem os vossos feitos gloriosos.
O Senhor é fiel à sua palavra e perfeito em todas as suas obras.
O Senhor ampara os que vacilam e levanta todos os oprimidos.
 
LEITURA II – 2 Tes 1,11-2,2
Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses
Irmãos: Oramos continuamente por vós, para que Deus vos considere dignos do seu chamamento e, pelo seu poder, se realizem todos os vosso bons propósitos e se confirme o trabalho da vossa fé.
Assim o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo será glorificado em vós, e vós n’Ele, segundo a graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo.
Nós vos pedimos, irmãos, a propósito da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo e do nosso encontro com Ele: Não vos deixeis abalar facilmente nem alarmar por qualquer manifestação profética, por palavras ou por cartas, que se digam vir de nós, pretendendo que o dia do Senhor está iminente.
 
AMBIENTE
Forçado a deixar Filipos, Paulo chegou a Tessalônica pelo ano 50. Segundo o seu costume, pregou primeiro aos judeus na sinagoga, obtendo algum sucesso; mas os judeus – incomodados pelo testemunho de Paulo – sublevaram a multidão e o apóstolo teve de abandonar, à pressa, a cidade. De lá, dirigiu-se para Bereia, Atenas e, depois, Corinto.
Em Tessalônica ficou uma comunidade entusiasta e fervorosa, constituída na sua maioria por pagãos convertidos… Mas Paulo estava inquieto, pois chegaram-lhe notícias da hostilidade dos judeus para com os cristãos de Tessalônica; e essa comunidade, ainda insuficientemente catequizada, com uma fé muito “verde”, corria riscos. Paulo enviou Timóteo a Tessalônica, para saber notícias e encorajar os cristãos… Quando Timóteo voltou, Paulo estava em Corinto. As notícias eram boas: os tessalonicenses continuavam a viver com entusiasmo a fé e a dar testemunho de Jesus. Havia, apenas, algumas questões de doutrina que os preocupavam – nomeadamente a questão da segunda vinda do Senhor. Paulo decidiu-se, então, a escrever aos cristãos de Tessalónica, animando-os a viverem na fidelidade ao Evangelho e esclarecendo-os quanto à doutrina sobre o “dia do Senhor”. Estamos no ano 51.
Embora não haja qualquer dúvida de que a Primeira Carta aos Tessalonicenses provém de Paulo, há quem ponha em causa a autoria paulina da Segunda Carta aos Tessalonicenses. De qualquer forma, a Segunda Carta aos Tessalonicenses é considerada pela Igreja um texto inspirado que deve, portanto, ser visto como Palavra de Deus.
 
MENSAGEM
O texto que nos é proposto apresenta dois temas. O primeiro (cf. 2 Tess 1,11-12) expõe uma súplica de Paulo, para que os tessalonicenses sejam cada vez mais dignos do chamamento que Deus lhes fez; o segundo (cf. 2 Tess 2,1-2) refere-se à vinda do Senhor.
A primeira parte põe em relevo o papel de protagonista que Deus desempenha na salvação do homem. Não basta a boa vontade e os bons propósitos do homem; é preciso que Deus acompanhe os esforços do crente e lhe dê a força de percorrer até ao fim o caminho do Evangelho. De resto, tudo é dom de Deus que chama, que anima e que leva o homem para a meta.
A segunda parte é o início da doutrina sobre o “dia do Senhor”. A intenção fundamental de Paulo é denunciar e desautorizar alguns fanáticos e fantasistas que, invocando visões ou mesmo cartas pretensamente escritas por Paulo, anunciavam a iminência do fim do mundo… Isto estava a provocar perturbações na comunidade, porque alguns – alvoroçados pela proximidade da segunda vinda de Jesus – demitiam-se das suas responsabilidades e esperavam ociosamente o acontecimento.
 
ATUALIZAÇÃO
Considerar, para a reflexão pessoal e comunitária, as seguintes linhas:
• No nosso caminho pessoal ou comunitário, rumo à salvação, Deus está sempre no princípio, no meio e no fim. É preciso reconhecer que é Ele quem está por detrás do chamamento que nos foi feito, que é Ele quem anima e dá forças ao longo da caminhada, que é Ele quem nos espera no final do caminho, para nos dar a vida plena. Tenho consciência desta centralidade de Deus? Tenho consciência de que a salvação não é uma conquista minha, mas um dom de Deus?
• Ao longo do caminho, é preciso estar atento para saber discernir o certo do errado, o verdadeiro do falso, o que é um desafio de Deus e o que é o fanatismo ou a fantasia de algum irmão perturbado ou em busca de protagonismo. O caminho para discernir o certo do errado está na Palavra de Deus e numa vida de comunhão e de intimidade com Deus.
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ALELUIA – Jo 3,16
Aleluia. Aleluia.
Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu Filho unigénito;
quem acredita nele tem a vida eterna.
 
EVANGELHO – Lc 19,1-10
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, Jesus entrou em Jericó e começou a atravessar a cidade.
Vivia ali um homem rico chamado Zaqueu, que era chefe de publicanos.
Procurava ver quem era Jesus, mas, devido à multidão, não podia vê-l’O, porque era de pequena estatura.
Então correu mais à frente e subiu a um sicómoro,
para ver Jesus, que havia de passar por ali.
Quando Jesus chegou ao local, olhou para cima e disse-lhe: «Zaqueu, desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua casa».
Ele desceu rapidamente e recebeu Jesus com alegria.
Ao verem isto, todos murmuravam, dizendo: «Foi hospedar-Se em cada dum pecador».
Entretanto, Zaqueu apresentou-se ao Senhor, dizendo: «Senhor, vou dar aos pobres metade dos meus bens e, se causei qualquer prejuízo a alguém, restituirei quatro vezes mais».
Disse-lhe Jesus:«Hoje entrou a salvação nesta casa, porque Zaqueu também é filho de Abraão.
Com efeito, o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido».
 
AMBIENTE
O episódio de hoje coloca-nos em Jericó, o oásis situado nas margens do mar Morto, a cerca de 34 quilómetros de Jerusalém. Era a última etapa dos peregrinos que, da Pereia e da Galileia, se dirigiam a Jerusalém para celebrar as grandes festividades do culto judaico (o que indica que o “caminho de Jerusalém”, que temos vindo a percorrer sob
a condução de Lucas, está a chegar ao fim).
No tempo de Jesus, é uma cidade próspera (sobretudo devido à produção de bálsamo), dotada de grandes e belos jardins e palácios (por acção de Herodes, o Grande, que fez de Jericó a sua residência de inverno). Situada num lugar privilegiado de uma importante rota comercial, era um lugar de oportunidades, que devia proporcionar negócios chorudos (e também várias possibilidades de negócios “duvidosos”).
O personagem que se defronta com Jesus é, mais uma vez, um publicano (neste caso, um “chefe dos publicanos”). O nosso herói é, portanto, um homem que o judaísmo oficial considerava um pecador público, um explorador dos pobres, um colaboracionista ao serviço dos opressores romanos e, portanto, um excluído da comunidade da salvação.
 
MENSAGEM
Voltamos aqui a um dos temas predilectos de Lucas: Jesus é o Deus que veio ao encontro dos homens e Se fez pessoa para trazer, em gestos concretos, a libertação a todos os homens – nomeadamente aos marginalizados e excluídos, colocados pela doutrina oficial à margem da salvação.
Zaqueu (é o nome do publicano em causa) era, naturalmente, um homem que colaborava com os opressores romanos e que se servia do seu cargo para enriquecer de forma imoral (exigindo impostos muito acima do que tinha sido fixado pelos romanos e guardando para si a diferença, como aliás era prática corrente entre os publicanos). Era, portanto, um pecador público sem hipóteses de perdão, excluído do convívio com as pessoas decentes e sérias. Era um marginal, considerado amaldiçoado por Deus e desprezado pelos homens. A referência à sua “pequena estatura” – mais do que uma indicação de carácter físico – pode significar a sua pequenez e insignificância, do ponto de vista moral.
Este homem procurava “ver” Jesus. O “ver” indica aqui, provavelmente, mais do que curiosidade: indica uma procura intensa, uma vontade firme de encontro com algo novo, uma ânsia de descobrir o “Reino”, um desejo de fazer parte dessa comunidade de salvação que Jesus anunciava. No entanto, o “mestre” devia parecer-lhe distante e inacessível, rodeado desses “puros” e “santos” que desprezavam os marginais como Zaqueu. O subir “a um sicómoro” indica a intensidade do desejo de encontro com Jesus, que é muito mais forte do que o medo do ridículo ou das vaias da multidão.
Como é que Jesus vai lidar com este excluído, que sente um desejo intenso de conhecer a salvação que Deus oferece e que espreita Jesus do meio dos ramos de um sicómoro? Jesus começa por provocar o encontro; depois, sugere a Zaqueu que está interessado em entrar em comunhão com Ele, em estabelecer com Ele laços de familiaridade (“quando Jesus chegou ao local, olhou para cima e disse-lhe: «Zaqueu, desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua casa»”). Atente-se neste quadro “escandaloso”: Jesus, rodeado pelos “puros” que escutam atentamente a sua Palavra, deixa todos especados no meio da rua para estabelecer contacto com um marginal e para entrar na sua casa. É a exemplificação prática do “deixar as noventa e nove ovelhas para ir à procura da que estava perdida”… Aqui torna-se patente a fragilidade do coração de Deus que, diante de um pecador que busca a salvação, deixa tudo para ir ao seu encontro.
Como é que a multidão que rodeia Jesus reage a isto? Manifestando, naturalmente, a sua desaprovação às atitudes incompreensíveis de Jesus (“ao verem isto, todos murmuravam, dizendo: «foi hospedar-se em casa de um pecador»”). É a atitude de quem se considera “justo” e despreza os outros, de quem está instalado nas suas certezas, de quem está convencido de que a lógica de Deus é uma lógica de castigo, de marginalização, de exclusão. No entanto, Jesus demonstra-lhes que a lógica de Deus é diferente da lógica dos homens e que a oferta de salvação que Deus faz não exclui nem marginaliza ninguém.
Como é que tudo termina? Termina com um banquete (onde está Zaqueu, o chefe dos publicanos) que simboliza o “banquete do Reino”. Ao aceitar sentar-Se à mesa com Zaqueu, Jesus mostra que os pecadores têm lugar no “banquete do Reino”; diz-lhes, também, que Deus os ama, que aceita sentar-Se à mesa com eles – isto é, quer integrá-los na sua família e estabelecer com eles laços de comunhão e de amor. Jesus mostra, dessa forma, que Deus não exclui nem marginaliza nenhum dos seus filhos – mesmo os pecadores – mas a todos oferece a salvação.
E como é que Zaqueu reage a essa oferta de salvação que Deus lhe faz? Acolhendo o dom de Deus e convertendo-se ao amor. A repartição dos bens pelos pobres e a restituição de tudo o que foi roubado em quádruplo, vai muito além daquilo que a lei judaica exigia (cf. Ex 22,3.6; Lev 5,21-24; Nm 5,6-7) e é sinal da transformação do coração de Zaqueu… Repare-se, no entanto, que Zaqueu só se resolveu a ser generoso após o encontro com Jesus e após ter feito a experiência do amor de Deus. O amor de Deus não se derramou sobre Zaqueu depois de ele ter mudado de vida; mas foi o amor de Deus – que Zaqueu experimentou quando ainda era pecador – que provocou a conversão e que converteu o egoísmo em generosidade. Prova-se, assim, que só a lógica do amor pode transformar o mundo e os corações dos homens.
 
ATUALIZAÇÃO
A reflexão pode partir das seguintes linhas:
• A questão central posta por este texto é, portanto, a questão da universalidade do amor de Deus. A história de Zaqueu revela um Deus que ama todos os seus filhos sem excepção e que nem sequer exclui do seu amor os marginalizados, os “impuros”, os pecadores públicos: pelo contrário, é por esses que Deus manifesta uma especial predilecção. Além disso, o amor de Deus não é condicional: Ele ama, apesar do pecado; e é precisamente esse amor nunca desmentido que, uma vez experimentado, provoca a conversão e o regresso do filho pecador. É esta Boa Nova de um Deus “com coração” que somos convidados a anunciar, com palavras e gestos.
• A vida revela, contudo, que nem sempre a atitude dos crentes em relação aos pecadores está em consonância com a lógica de Deus… Muitas vezes, em nome de Deus, os crentes ou as Igrejas marginalizam e excluem, assumem atitudes de censura, de crítica, de acusação que, longe de provocar a conversão do pecador, o afastam mais e o levam a radicalizar as suas atitudes de provocação. Já devíamos ter percebido (o Evangelho de Jesus tem quase dois mil anos) que só o amor gera amor e que só com amor – não com intolerância ou fanatismo – conseguiremos transformar o mundo e o coração dos homens. Na verdade, como é que acolhemos
e tratamos os que têm comportamentos socialmente inaceitáveis? Como é que acolhemos e integramos os que, pelas suas opções ou pelas voltas que a vida dá, assumem atitudes diferentes das que consideramos correctas, à luz dos ensinamentos da Igreja?
• Testemunhar o Deus que ama e que acolhe todos os homens não significa, contudo, branquear o pecado e pactuar com o que está errado. O pecado gera ódio, egoísmo, injustiça, opressão, mentira, sofrimento; é mau e deve ser combatido e vencido. No entanto, distingamos entre pecador e pecado: Deus convida-nos a amar todos os homens e mulheres, inclusive os pecadores; mas chama-nos a combater o pecado que desfeia o mundo e que destrói a felicidade do homem.
 
 
 
 
Dehonianos

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

TODO CRISTÃO É UM PROFETA

A Igreja continua a missão de Cristo na Terra

O mundo de hoje, cada vez mais, vai se dividindo entre os que amam e servem a Deus e aqueles que vivem “como se Ele não existisse”, como disse o Papa João Paulo II. Para o mundo – “que jaz no maligno” –  já não há lugar para Deus e para a vivência de suas leis. A imoralidade cresce avassaladoramente, derrubando os pilares da civilização cristã do Ocidente. A moral católica é desprezada, a dignidade divina do homem é pisoteada, o desrespeito a Deus é acintoso. O homem moderno quer o lugar de Deus, quer ser o seu próprio Deus, e vai construindo uma nova Babel onde impera a confusão, o desentendimento e a angústia moderna.
Por outro lado, o maligno vai espalhando as mãos cheias de joio no meio do bom trigo do Senhor; cada vez mais, falsas doutrinas e falsas religiões afastam o povo da verdadeira Redenção; e, dentro da Igreja floresce também o secularismo e o relativismo moral, contestando abertamente ao Papa e ao Magistério sagrado da Igreja. João Paulo II disse que os falsos profetas fizeram escola no século XX.
São Paulo alertou a São Timóteo, o seu bispo primeiro, de Éfeso,  sobre essa ousadia dos “iluminados”: “O Espírito diz expressamente que nos tempos vindouros, alguns apostatarão da fé, dando ouvidos aos espíritos sedutores e doutrinas diabólicas” (1 Tim 4,1). “Porque virá o tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Tendo nos ouvidos o desejo de ouvir novidades, escolherão para si, ao capricho de suas paixões, uma multidão de mestres. Afastarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas?” (2 Tim 4,3-4). É o que vemos hoje: “falsos profetas”, “doutrinas diabólicas”, “multidão de mestres”, milhares de “fábulas”… povo enganado. O profeta Oséias anunciou bem: “O meu povo perece por falta de doutrina” (Os 4,6).
O Plano de Deus para salvar a humanidade é este: o Pai enviou o Filho, e o Filho enviou a Igreja; isto é, os Apóstolos e seus sucessores (cf. Mt 10, 16ss; Jo 20,21-23), com a missão de pregar o Evangelho em toda a terra e lhes prometeu: “Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mateus 28,20).
A Igreja continua a missão de Cristo na Terra. Cristo veio para “tirar o pecado do mundo” (Jo 1, 29) como um Cordeiro imolado. A missão da Igreja é a mesma em todos os tempos, denunciar o pecado do mundo, para que este possa se converter e ser salvo; pois, como disse São Paulo: “o salário do pecado é a morte” (Rm 6,23).
Se a Igreja não denunciar o pecado do mundo ela estará traindo o seu Senhor, deixando de cumprir sua missão. O profeta Ezequiel destaca isso: “Se digo ao malévolo que ele vai morrer, e tu não o prevines e não lhe falas para pô-lo de sobreaviso devido ao seu péssimo proceder, de modo que ele possa viver, ele há de perecer por causa de seu delito, mas é a ti que pedirei conta do seu sangue. Contudo, se depois de advertido por ti, não se corrigir da malícia e perversidade, ele perecerá por causa de seu pecado, enquanto tu hás de salvar a tua vida” (Ez 3,18-19).
Se a Igreja não denunciar hoje os pecados dos homens, como João Batista fez com Herodes Antipas, ela será culpada diante do seu Senhor. É claro que isso gera perseguição aos filhos da Igreja; pois Jesus é “sinal de contradição”, como disse o velho Simeão a Maria e a José. Nunca a Igreja deixou de ser caluniada, atacada e perseguida em toda parte; e é isso que a faz semelhança a seu divino autor e redentor, como disse São João: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam…”.
Nunca vimos tanta imoralidade campear em nosso mundo como hoje: tenta-se legalizar a prostituição, distribui-se a pornografia por todos os meios; a prática homossexual é propagada e incentivada às crianças e aos jovens; defende-se o aborto, a eutanásia, a manipulação de embriões humanos e seu uso criminoso como se não fosse gente, incentivo ao suicídio, distribuição farta e vergonhosa da “camisinha”; propagação da “identidade de gênero” para negar que o ser humano foi criado sexuado por Deus, enfim, nega-se radicalmente a moral cristã, cospe-se no rosto de Cristo.
E a Igreja não pode se calar diante de tanta ofensa a Deus. Se nos calarmos as pedras clamarão. Quando os enviou, Jesus deixou claro que os seus seriam perseguidos: “Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, pois, prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas. Cuidai-vos dos homens. Eles vos levarão aos seus tribunais e açoitar-vos-ão com varas nas suas sinagogas. Sereis por minha causa levados diante dos governadores e dos reis: servireis assim de testemunho para eles e para os pagãos… Sereis odiados de todos por causa de meu nome, mas aquele que perseverar até o fim será salvo.”(Mt 10,16-22. Mas Jesus prometeu uma grande recompensa:
Penso que esteja na hora de meditar seriamente nessas palavras de Jesus: “Portanto, quem der testemunho de mim diante dos homens, também eu darei testemunho dele diante de meu Pai que está nos céus.  Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus.” (Mt 10,32-33). Negar a doutrina de Jesus, negar o que ensina a Igreja, é negar Jesus Cristo diante dos homens.





Prof. Felipe Aquino

LITURGIA DIÁRIA - MOMENTO DE ESCOLHAS

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1a Leitura - Efésios 2,19-22
Leitura da carta de são Paulo aos Efésios.
2 19 Conseqüentemente, já não sois hóspedes nem peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus,
20 edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus.
21 É nele que todo edifício, harmonicamente disposto, se levanta até formar um templo santo no Senhor.
22 É nele que também vós outros entrais conjuntamente, pelo Espírito, na estrutura do edifício que se torna a habitação de Deus.
Palavra do Senhor.

Salmo - 18/19A
Seu som ressoa e se espalha em toda a terra.

Os céus proclamam a glória do Senhor,
e o firmamento, a obra de suas mãos;
o dia ao dia transmite essa mensagem,
a noite à noite publica essa notícia.

Não são discursos nem frases ou palavras,
nem são vozes que possa ser ouvidas;
seu som ressoa e se espalha em toda a terra,
chega aos confins do universo a sua voz.
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Evangelho - Lucas 6, 12-19
Aleluia, aleluia, aleluia.
A vós, ó Deus, louvamos, a vós, Senhor, cantamos; vos louva, ó Senhor, o corro dos apóstolos!

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
6 12 Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus.
13 Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que chamou de apóstolos:
14 Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João, Filipe, Bartolomeu,
15 Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelador;
16 Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor.
17 Descendo com eles, parou numa planície. Aí se achava um grande número de seus discípulos e uma grande multidão de pessoas vindas da Judéia, de Jerusalém, da região marítima, de Tiro e Sidônia, que tinham vindo para ouvi-lo e ser curadas das suas enfermidades.
18 E os que eram atormentados dos espíritos imundos ficavam livres.
19 Todo o povo procurava tocá-lo, pois saía dele uma força que os curava a todos.
Palavra da Salvação.

 Reflexão

Jesus subiu à montanha para, em oração junto ao Pai, fazer o discernimento sobre a escolha dos doze apóstolos a quem Ele entregaria a Sua Igreja. Ele sabia que não seria uma tarefa fácil    , pois teria que escolher dentre muitos, aqueles que seriam os continuadores da Sua obra aqui na terra.  Por isso, Ele não saiu ouvindo nem querendo saber a opinião de um ou de outro e não deu ouvidos a fofocas nem insinuações dos discípulos que tinham interesse em ser os primeiros, ou sentar à Sua direita ou à Sua esquerda no reino. Ele foi diretamente saber a opinião do Pai.   A nossa vida como um todo é sempre um momento de escolhas e decisões! Deus criou o mundo, e o entregou a nós, homens e mulheres para nele trabalhar e completar a obra que Ele iniciou, mas nos deu a liberdade para optar de acordo com os desafios que encontramos à nossa frente. Por isso, também para nós não é uma tarefa fácil as escolhas que precisamos fazer. Hoje, diante de todos os falatórios, de todas as manifestações, de todas as notícias fantasiosas, de todos os “disse, me disse” que correm soltos, nós também precisamos conversar com o Pai antes de tomar as decisões no nosso dia a dia. Imitando a Jesus nós precisamos, primeiramente, subir à montanha para orar e, diante do Pai, em Nome de Jesus expor as nossas inquietações deixando que o nosso coração e a nossa consciência estejam atentos à Sua resposta. Depois, nós devemos sondar o nosso coração para saber se aquilo que conseguimos apreender e compreender traz para nós a paz interior. A paz é o sinal que Deus nos dá quando precisamos fazer escolhas na nossa vida. Ao descer da montanha, Jesus estava seguro de que os Seus escolhidos eram aqueles a quem o Pai havia destinado para pôr em prática o Seu Projeto de salvação, mesmo que dentre eles houvesse um traidor, um covarde e muitos com o interesse de ser os maiores. Quando estamos firmes no Senhor não precisamos nos apavorar, pois mesmo que escolhamos alguém que nos decepcione, temos consciência de que fizemos o que precisava ser feito: subimos ao monte para orar e fazer o discernimento com Aquele que tem o poder para dar autoridade a quem nós escolhermos. Façamos nossas escolhas diante de Deus e deixemos que o nosso coração sinta a paz do dever cumprido. Porém, tenhamos como propósito não deixar que os nossos “achismos” atrapalhem o sentido da verdadeira paz.   – Você também costuma subir a montanha para orar ao Pai antes de tomar suas decisões?  – Você confia em que o Senhor sempre dá o direcionamento seguro mesmo que em determinado momento haja algum contratempo? – Como você tem feito isto?




Helena Serpa