quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

A FÓRMULA SECRETA DE SÃO JOÃO BOSCO PARA GANHAR NA LOTERIA.

<a href="http://www.shutterstock.com/en/pic.mhtml?id=153999305&src=id" target="_blank" />A lottery ticket with ticked numbers</a> © Robert Lessmann / Shutterstock


São João Bosco lhe oferece os números mágicos para que você possa ganhar na loteria de forma segura, aproveite! O que está esperando?


No século XIX, viveu um dos homens mais famosos pelos seus milagres e profecias: São João Bosco. Sua fama se espalhou por todos os lados. A algumas pessoas, ele anunciava quantos anos iam viver; a outras, dizia o que seriam no futuro; era capaz de ler os pecados das pessoas antes de que elas os dissessem no confessionário. No total, São João Bosco fez mais de 800 milagres.

Um homem pobre ouviu falar das maravilhas que esse humilde sacerdote fazia e correu em sua busca para perguntar-lhe algo muito importante: a fórmula para ganhar na loteria. Ele queria que o santo lhe dissesse em que números deveria apostar ao comprar o bilhete.

São João Bosco refletiu um pouco e depois respondeu com plena segurança:

– Os números mágicos para que você ganhe na loteria são estes: 10 – 7 – 14. Pode usá-los em qualquer ordem e ganhará.

O homem ficou cheio de alegria e já se despedia para sair correndo comprar o bilhete, quando o santo, tomando-o pelo braço, disse sorridente:

– Calma, que ainda não lhe expliquei bem os números nem lhe disse que tipo de loteria se trata. Veja, estes números significam o seguinte:

“10” significa que você precisa cumprir os 10 mandamentos.
“7” significa que você precisa receber com frequência os sacramentos.
“14” significa que você precisa praticar as 14 obras de misericórdia, tanto as corporais quanto as espirituais.

E acrescentou:

– Se você cumprir estas três condições: observar os mandamentos, receber bem os sacramentos e praticar as obras de misericórdia, vai ganhar a mais incrível e maravilhosa das loterias: a glória eterna do céu.
O homem entendeu o recado e, ao invés de ir jogar, foi a um asilo levar mantimentos.
Você também pode investir todo o seu coração nestes números e será verdadeiramente feliz, aqui na terra e depois no céu.








LITURGIA DIÁRIA - JESUS, A PALAVRA DE DEUS FOI QUEM CRIOU O CÉU E A TERRA.


Leitura (1 João 2,18-21)

Leitura da primeira carta de são João.
2 18 Filhinhos, esta é a última hora. Vós ouvistes dizer que o Anticristo vem. Eis que já há muitos anticristos, por isto conhecemos que é a última hora. 19 Eles saíram dentre nós, mas não eram dos nossos. Se tivessem sido dos nossos, ficariam certamente conosco. Mas isto se dá para que se conheça que nem todos são dos nossos. 20 Vós, porém, tendes a unção do Santo e sabeis todas as coisas. 21 Não vos escrevi como se ignorásseis a verdade, mas porque a conheceis, e porque nenhuma mentira vem da verdade.
Palavra do Senhor.

Salmo responsorial 95/96

O céu se rejubile e exulte a terra!

Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira!
Cantai e bendizei seu santo nome!
Dia após dia anunciai sua salvação.

O céu se rejubile e exulte a terra,
aplauda o mar com o que vive em suas águas;
os campos com seus frutos rejubilem
e exultem as florestas e as matas.

Na presença do Senhor, pois ele vem,
porque vem para julgar a terra inteira.
Governará o mundo todo com justiça,
e os povos julgará com lealdade.

Evangelho (João 1,1-18)

Aleluia, aleluia, aleluia.
A palavra se fez carne, entre nós ela habitou; e todos os que a acolheram, de Deus filhos se tornaram (Jo 1,14.12).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
1 1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus.
2 Ele estava no princípio junto de Deus.
3 Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito.
4 Nele havia a vida, e a vida era a luz dos homens.
5 A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.
6 Houve um homem, enviado por Deus, que se chamava João.
7 Este veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele.
8 Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz.
9 era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem.
10 Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o reconheceu.
11 Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam.
12 Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus,
13 os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus.
14 E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade.
15 João dá testemunho dele, e exclama: “Eis aquele de quem eu disse: ‘O que vem depois de mim é maior do que eu, porque existia antes de mim’”.
16 Todos nós recebemos da sua plenitude graça sobre graça.
17 Pois a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.
18 Ninguém jamais viu Deus. O Filho único, que está no seio do Pai, foi quem o revelou.
Palavra da Salvação.

  
 Reflexão

Jesus é a Palavra de Deus, o Verbo que se encarnou no seio de uma virgem para dar vida ao mundo. Ele é a Palavra que criou o céu e a terra e veio ao mundo e se fez carne para nos trazer a salvação.  Foi ele quem nos fez filhos de Deus e nos trouxe a Sua graça. Portanto, a Palavra de Deus já está no meio de nós. A Palavra de Deus é a Luz e Jesus é a Palavra, portanto, Jesus é a Luz!  Ele é o personagem central da Bíblia. Todas as profecias, todas as orações, lamentações e súplicas das Escrituras foram inspiradas pelo Pai no Seu Filho Jesus Cristo pelo poder do Espírito Santo. “Tudo foi feito por ela e sem ela nada se fez de tudo que foi feito”!  Por isso, neste tempo em que ainda vivenciamos as alegrias do Natal todos nós podemos refletir e meditar em como estamos acolhendo a Palavra e se, realmente, nós a temos encarnada em nós de maneira que Ela dirija as nossas ações. Se o mundo foi criado por causa de Jesus Cristo, se a graça e a verdade nos chegaram através Dele e se Ele é a Palavra de Deus que veio habitar no meio de nós, é imprescindível que tenhamos esta Palavra entranhada em nossas mãos e no nosso coração. Pela Palavra nós tomamos conhecimento do Amor de Deus que é eterno e nos dá a garantia das Suas promessas para nós. Ela é a Luz que nos tira das trevas da ignorância e nos dá o entendimento de nós mesmos (as), de Deus e do nosso próximo. Assim como João Batista veio para dar testemunho desta Luz, nós também podemos   irradiar o fulgor que se expressa por meio de nós quando anunciamos Jesus Cristo, a Palavra de Deus que veio nos transformar em novas criaturas. – Você já acolheu o Verbo de Deus que se fez carne e veio habitar entre nós? – A Palavra de Deus tem influenciado as suas ações? – Você tem sabido ouvi-La e vivê-La? – Você tem dado ao mundo testemunho da Luz de Cristo?  - Qual é o testemunho que você pode dar ao mundo da presença de Cristo na sua vida?




Helena Serpa

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

MAIS UM ANO SE APROXIMA!

A humanidade inteira geme de dor como uma mulher em dores de parto...
Este ano que está quase chegando ao fim, foi marcado por muitas contradições, aqui no Brasil, o cenário mais caótico e repetitivo foi o lavo jato, em nível mundial muitos ataques terroristas e crises no setor econômico....
Mais um ano se aproxima, o que realmente a humanidade espera para 2016?
 
Amados irmãos e irmãs, a esperança nunca decepciona quando firmada no coração do Pai da Misericórdia, sempre Ele está surpreendendo a cada momento, este Ano da Misericórdia proclamado pelo Papa Francisco é uma oportunidade para todos nós abrir portas de esperança àqueles que estão à margem de tudo...
Assim vamos caminhando rumo ao novo ano, pelas ruas andam sem destino milhões de irmãos e irmãs que nãos sabem aonde chegar. ...grandes filas de desesperançados dão um colorido ao mundo. ...no entanto, devemos promover a esperança que sempre se renova, trazendo novas certezas para todos os que não acreditam num futuro promissor.
Estamos em clima das festividades litúrgicas neste tempo de natal, e fica para nós uma questão: o que seria natal para os milhões de desempregados, injustiçados, sem terra e se teto? Sem amor? Como as milhares de pessoas que ficaram sem receber seus direitos trabalhistas neste final de ano? Como pensar naqueles que estão incluídos cruelmente no sistema que gera cada vez mais pessoas empobrecidas?
Que no próximo ano, a solidariedade seja mais planetária, o amor seja globalizado, a fraternidade seja mais de comunhão e participação...
Peçamos à Virgem Maria que peça ao seu filho que não deixe o vinho acabar, ou que faça novamente o sinal da transformação da água em vinho!
 
 
 
 
 
 
Texto: Frei Geraldo Bezerra de Sousa, OC

LITURGIA DIÁRIA - A PROFETISA ANA.

Leitura (1 João 2,12-17)

Leitura da primeira carta de são João. 1 12 Filhinhos, eu vos escrevo, porque vossos pecados vos foram perdoados pelo seu nome. 13 Pais, eu vos escrevo, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevo, porque vencestes o Maligno. 14 Crianças, eu vos escrevo, porque conheceis o Pai. Pais, eu vos escrevi, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes e a palavra de Deus permanece em vós, e vencestes o Maligno. 15 Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. 16 Porque tudo o que há no mundo - a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida - não procede do Pai, mas do mundo. 17 O mundo passa com as suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente.
Palavra do Senhor.

Salmo responsorial 95/96

O céu se rejubile e exulte a terra!



Ó família das nações, daí ao Senhor,

Ó nações, daí ao Senhor poder e glória,

Dai-lhe a glória que é devida ao seu nome!



Oferecei um sacrifício nos seus átrios,

Adorai-o no esplendor da santidade,

Terra inteira, estremecei diante dele!



Publicai entre as nações: “Reina o Senhor!”

Ele firmou o universo inabalável,

E os povos ele julga com justiça.

 

Evangelho (Lucas 2,36-40)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Um dia sagrado brilhou para nós: nações, vinde todas adorar o Senhor: pois hoje desceu grande luz sobre a terra.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, 2 36 havia também uma profetisa chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser; era de idade avançada.
37 Depois de ter vivido sete anos com seu marido desde a sua virgindade, ficara viúva, e agora com oitenta e quatro anos não se apartava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e orações.
38 Chegando ela à mesma hora, louvava a Deus e falava de Jesus a todos aqueles que em Jerusalém esperavam a libertação.
39 Após terem observado tudo segundo a lei do Senhor, voltaram para a Galiléia, à sua cidade de Nazaré.
40 O menino ia crescendo e se fortificava: estava cheio de sabedoria, e a graça de Deus repousava nele.
Palavra da Salvação.

  
 Reflexão

 Ana, era uma profetisa, já de idade já avançada que vivia no templo e esperava com confiança o Salvador que fora prometido por Deus nas escrituras. “Não saia do templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações” Pela sua persistência e confiança na Palavra de Deus Ana foi agraciada e reconheceu em Jesus o Filho de Deus. Por isso, ela não se cansava de falar a todos sobre o menino com palavras de esperança e louvor a Deus. Se nós também permanecermos firmes no “templo”, isto é, na oração, no serviço a Deus, na adoração, com a nossa mente e o nosso coração voltados para as revelações do céu, com certeza, distinguiremos a chegada de Jesus como uma criança pequeninha que vem de mansinho e nos torna pessoas serenas, amáveis e de palavras que expressam a nossa alegria interior. Jesus Cristo que nasce no nosso coração vem como criança, mas também cresce em nós em sabedoria e graça na medida em que perseveramos no Seu conhecimento na Sua intimidade. Desse modo, a perseverança da profetisa Ana é para nós um exemplo a ser seguido, mesmo que já tenhamos esperado muito e nada ainda tenha acontecido. – Você também tem esperado a libertação do seu coração? – O que ainda o (a) tem deixado preso (a) ao mundo? – Você frequenta o “templo” com assiduidade? – Você é perseverante nas coisas de Deus ou desiste com facilidade?







Helena Serpa 

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

"...EIS QUE TUDO SE FEZ NOVO." 2 CORÍNTIOS 5,17.


 

Será que o versículo acima não vale também para o novo ano que começará em poucos dias? O Senhor não apenas faz tudo novo, mas Ele sempre faz tudo novo, e o faz cada vez mais clara e profundamente. Deus executa esse milagre da renovação interior na fornalha das nossas aflições, das nossas tentações e da nossa miséria, como Ele disse em Isaías 48.10: "Eis que te acrisolei, mas disso não resultou prata; provei-te na fornalha da aflição." Quando começamos a ver as coisas obscuras e negativas dessa maneira, recebemos uma visão gloriosa! Naturalmente nos sentimos cercados de poderes do inimigo, mas todos eles foram vencidos por Jesus Cristo na cruz do Calvário. Pensemos no nosso bem-aventurado Senhor e Salvador: com que soberania e calma interior Ele reagiu diante dos poderes inimigos que O rodeavam, mas não Lhe puderam fazer mal algum. Aprendamos do Senhor Jesus como podemos permanecer intocados pelo poder do inimigo. Qual era o segredo de Jesus? Ele estava no Pai e o Pai estava nEle! Dessa maneira, Ele permaneceu intocável. A intocabilidade de um filho de Deus que permanece no Senhor é uma maravilhosa realidade: "...o maligno não lhe toca."






chamada.com.br

A ESPERANÇA DE "JOGOS VORAZES" PODE SALVAR?

A mensagem central de Jogos Vorazes retoma o erro de uma antiga heresia cristã: o pelagianismo.


A franquia Jogos Vorazes chegou ao fim com incríveis U$600 milhões em bilheteria. O último episódio da trilogia estrelada por Jennifer Lawrence, vencedora do Oscar de melhor atriz por O lado bom da vida, bateu concorrentes de peso, como 007 contra Spectre e a animação O bom dinossauro. Com esse resultado, a saga distópica de Suzanne Collins marcou sua estrela no rol de adaptações de livros para o cinema que deram certo, sobretudo entre o público jovem.
É impossível não lembrar de Harry Potter e Crepúsculo quando o assunto é adaptação de livros de ficção para o cinema. As duas histórias dizem respeito a um mundo de criaturas imaginárias, onde os adolescentes precisam lidar com dilemas próprios desse universo. Embora apresentem dramas do mundo real, pelos quais qualquer pessoa tem de passar, o elemento fantasioso assegura a separação sadia entre a realidade e a ficção. Neste quesito, aliás, talvez não haja melhor representante que O Senhor dos anéis. A criação de J.R.R. Tolkien acontece em um mundo anterior ao nosso, onde os homens convivem com magos, elfos, anões e orcs.
Jogos Vorazes é diferente. No mundo de Katniss Everdeen, a heroína da história, não há bruxos malvados, lobisomens românticos nem anéis preciosos pelos quais se deve lutar. Panem é o nosso mundo mesmo, mas em um contexto pós apocalíptico, em que a sociedade se vê subjugada por um poder tirânico. As pessoas estão divididas por distritos, os quais respondem aos ditames da Capital. Todos os anos, um jovem de cada distrito é escolhido para participar dos jogos vorazes, uma competição televisionada, criada pela Capital para demonstrar sua autoridade e coibir qualquer tentativa de rebelião. Os jovens precisam lutar até a morte.
Talvez seja isso mesmo o que torne a trilogia de Suzanne Collins tão aclamada entre a juventude, impulsionando outros títulos parecidos — como a série Divergente para o topo da lista dos filmes mais aguardados. O temor de um mundo distópico sempre foi um prato cheio para Hollywood. Exterminador do Futuro e Mad Max lotaram as salas de cinemas na década de 1980 justamente com esse enredo. O diferencial agora é que o público novo carece de referenciais para espelhar-se, o que abre um espaço cada vez maior para a idealização de líderes que lhe deem sentido para a vida. E como Jogos Vorazes sugere uma realidade aparentemente possível, fica fácil para o espectador ou leitor identificar-se.

Os valores de Jogos Vorazes

Em Jogos Vorazes, a protagonista Katniss Everdeen tem de lidar com uma das situações mais difíceis da vida: o sofrimento. Quando sua irmã mais nova é escolhida para participar dos jogos, Katniss oferece-se em seu lugar, revelando uma personalidade altruísta, ou seja, capaz de sacrificar-se pelos outros. Essa personalidade é apresentada durante toda a história, mormente nos momentos em que a jovem arqueira tem de fazer escolhas dramáticas, as quais envolvem as vidas dos que estão à sua volta.
O sofrimento é um dilema antigo para a humanidade. Em cada época, as correntes de pensamento e as religiões procuraram dar uma resposta para este mal. No mundo de hoje, é cada vez mais comum a ideia de que o sofrimento deve desaparecer por completo da história humana. Para isso, constroem-se inúmeros parques, centros comerciais e esportivos, a fim de satisfazer os sentidos e as paixões de cada pessoa. Essa falsa solução, porém, tem se revelado o principal problema da contemporaneidade, um gerador de sofrimentos ainda maiores, como guerras, individualismo e indiferentismo. Jogos Vorazes elucida isso muito bem na atitude da Capital com relação aos demais distritos.
O filme mostra também como a demagogia está presente em tantos programas políticos para um mundo melhor, além de traçar uma crítica mordaz à superexposição da mídia, nos chamados realities shows, nos quais os participantes são tratados como animais enjaulados, lutando para sobreviver.

O ponto negativo de Jogos Vorazes, como de quase todas as outras obras do gênero, é a exclusão da providência divina. Em toda a narrativa, não se ouve qualquer menção a Deus ou à sua ação silenciosa. Diferentemente de O Senhor dos Anéis no qual não há heróis, mas sujeitos que cooperam com o Bem —, na obra de Suzanne Collins, a esperança de salvação é posta totalmente na atividade de uma única pessoa, como se esta fosse alguém sobrehumano — ou, como diria Nietzsche, um Übermensch. Deste modo, Deus cede lugar para o homem, que é divinizado e colocado num pedestal. Trata-se, na verdade, de uma esperança materialista, um neopelagianismo, o qual se resume no estabelecimento de uma nova ordem política. Podemos fazer o mesmo tipo de crítica a Exterminador do Futuro, Mad Max como também para o mais recente Divergente. Todos ignoram a existência de um Criador, colocando o futuro da humanidade nas mãos dela mesma. E isso é preocupante.
O espectador de Jogos Vorazes é iludido com a aparência realista da narrativa, pelo que é levado a considerar a religião uma instituição do passado, pertencente a um modelo de sociedade fracassado. Ocorre que o realismo de Jogos Vorazes, Divergente, Exterminador do Futuro etc. é mais improvável que a ficção de O Senhor dos Anéis ou Hobbit. Isso porque, embora não haja magos, elfos e orcs no mundo real, é a mais profunda verdade que nenhum homem pode, por si mesmo, salvar a humanidade do caos se não contar com a ajuda de um Outro para além de nós, ao passo que Jogos Vorazes tem, como mensagem central, justamente a ideia contrária. O escritor G.K. Chesterton já havia notado essa ambiguidade na literatura moderna [1]:
" Os novos romances desaparecem tão rapidamente, ao passo que os velhos contos de fada duram para sempre. Os velhos contos de fada fazem do herói um ser humano normal; suas aventuras é que são surpreendentes. Elas o surpreendem porque ele é normal. Mas no romance psicológico moderno o herói é anormal; o centro não é central. Consequentemente, as mais loucas aventuras não conseguem afetá-lo de forma adequada, e o livro é monótono."
Não é exatamente o que percebemos em Jogos Vorazes? A heroína Katniss Everdeen permanece a mesma durante toda a saga, sem evolução, de modo que suas ações são totalmente previsíveis, mesmo para um espectador não acostumado com esse tipo de enredo. Em O Senhor dos anéis, por sua vez, o público é colocado diante de personagens que demonstram fraquezas, defeitos, que amadurecem ao longo da história, "fazendo e dizendo coisas totalmente inesperadas", como escreve Tolkien sobre Bilbo Bolseiro [2]. De fato, há mais humanidade nos pequenos hobbits do que na jovem arqueira.

O autêntico realismo

Certamente, a personagem Katniss Everdeen reúne virtudes que devem inspirar o agir moral de todos. Mas a mensagem central de Jogos Vorazes não pode ser levada a sério, justamente porque se trata de uma falsa esperança, a qual não diz respeito a nossa realidade. Todas as vezes que o homem colocou sua esperança na própria capacidade, o mundo experimentou a escuridão. O realismo está em perceber que, neste mundo, não somos os protagonistas da história; somos apenas cooperadores de um projeto cujo desenrolar supera nosso entendimento e força. Assim compreenderam os santos de todos os tempos, e, por isso, agiram como verdadeiros heróis, tornando possível a existência de um mundo melhor. Não confiaram em suas próprias habilidades, nos seus talentos. Eles se abandonaram com determinada determinação à providência divina, deixando-a agir por meio deles.
É nosso dever redescobrir a grande história dos santos, a fim de que seu exemplo ilumine os passos da humanidade, principalmente dos jovens, os quais carecem de modelos autênticos para a vivência das virtudes humanas e teologais. Os santos foram pessoas normais que viveram histórias fantásticas. De fato, "são os santos que mudam o mundo para melhor, que o transformam de forma duradoura, infundindo as energias que unicamente o amor inspirado pelo Evangelho pode suscitar. Os Santos são os grandes benfeitores da humanidade!" [3]. 











Por Equipe Christo Nihil Praeponere

Referências

  1. CHESTERTON, Gilbert Keith. Ortodoxia (Trad. de Almiro Pisetta). São Paulo: Mundo Cristão, 2007, p. 16.
  2. TOLKIEN, J.R.R. O Hobbit. 5ª Edição. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012, p. 2.
  3. Bento XVI, Audiência Geral (15 de setembro de 2010).

LITURGIA DIÁRIA - LUZ PARA ILUMINAR AS NAÇÕES.

Leitura (1 João 2,3-11)

Leitura da primeira carta de são João.
2 3 Eis como sabemos que o conhecemos: se guardamos os seus mandamentos. 4 Aquele que diz conhecê-lo e não guarda os seus mandamentos é mentiroso e a verdade não está nele. 5 Aquele, porém, que guarda a sua palavra, nele o amor de Deus é verdadeiramente perfeito. É assim que conhecemos se estamos nele: 6 aquele que afirma permanecer nele deve também viver como ele viveu. 7 Caríssimos, não vos escrevo nenhum mandamento novo, mas sim o mandamento antigo, que recebestes desde o princípio. Este mandamento antigo é a palavra que acabais de ouvir. 8 Todavia, eu vos escrevo agora um mandamento novo - verdadeiramente novo, nele como em vós, porque as trevas passam e já resplandece a verdadeira luz. 9 Aquele que diz estar na luz, e odeia seu irmão, jaz ainda nas trevas. 10 Quem ama seu irmão permanece na luz e não se expõe a tropeçar. 11 Mas quem odeia seu irmão está nas trevas e anda nas trevas, sem saber para onde dirige os passos; as trevas cegaram seus olhos.
Palavra do Senhor.

Salmo responsorial 95/96

O céu se rejubile e exulte a terra!
Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira!
Cantai e bendizei seu santo nome!

Dia após dia anunciai sua salvação,
manifestai a sua glória entre as nações
e, entre os povos do universo, seus prodígios!

Foi o Senhor e nosso Deus quem fez os céus:
diante dele vão a glória e a majestade,
e o seu templo, que beleza e esplendor!
  

Evangelho (Lucas 2,22-35)

Aleluia, aleluia, aleluia. Sois a luz que brilhará para os gentios e para a glória de Israel, o vosso povo (Lc 2,32).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
2 22 Concluídos os dias da sua purificação segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentar ao Senhor, 23 conforme o que está escrito na lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor”; 24 e para oferecerem o sacrifício prescrito pela lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos. 25 Ora, havia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Este homem, justo e piedoso, esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele. 26 Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que não morreria sem primeiro ver o Cristo do Senhor. 27 Impelido pelo Espírito Santo, foi ao templo. E tendo os pais apresentado o menino Jesus, para cumprirem a respeito dele os preceitos da lei, 28 tomou-o em seus braços e louvou a Deus nestes termos: 29 “Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra. 30 Porque os meus olhos viram a vossa salvação 31 que preparastes diante de todos os povos, 32 como luz para iluminar as nações, e para a glória de vosso povo de Israel”. 33 Seu pai e sua mãe estavam admirados das coisas que dele se diziam. 34 Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: “Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, 35 a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada transpassará a tua alma”.
Palavra da Salvação.

 Reflexão

Este Evangelho narra a apresentação de Jesus no Templo e a purificação de Nossa Senhora. Nós o contemplamos no quarto mistério gozoso do terço. Nele aparece três vezes a expressão “conforme a Lei do Senhor”. Maria e José viviam atentos em cumprir direitinho todas as leis de Deus. Aí está um recado para nós: o segredo da nossa felicidade está na fidelidade à Lei do Senhor. Para Maria e José, eram as Leis do Antigo Testamente; para nós, são os mandamentos de Deus e da Igreja.
A apresentação de Jesus no Templo corresponde à nossa celebração do batizado das crianças. Mas não basta batizá-las, é preciso fazer com que elas cresçam cheias de sabedoria e da graça de Deus, como Jesus cresceu.
Como disse o profeta Simeão, Jesus foi a Luz que Deus Pai enviou para iluminar as nações.
“Agora, Senhor, podeis deixar teu servo partir em paz.” Simeão sabia que ninguém consegue partir deste mundo com a esperança da vida eterna, se não está ligado a Jesus. Ter a graça de segurar o Menino Jesus foi para ele um sinal de que Deus o segurava em seus braços, portanto, podia morrer. Isso vale para nós. Se queremos, ao sair deste mundo, ganhar a vida eterna, temos de segurar Jesus em nossos braços, agarrar-nos a ele e não largá-lo mais.
“Os que se deixam guiar pelo Espírito de Deus, esses são os filhos de Deus” (Rm 8,14). Foi o Espírito Santo que levou Simeão ao Templo. Se queremos ter Jesus em nossos braços, e assim ser dignos da vida eterna, dirijamo-nos ao Templo, à Igreja, porque lá nos encontraremos com Jesus. “Vós, como pedras vivas, formai um edifício espiritual, um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus, por Jesus Cristo” (1Pd 2,5). Se vamos à Igreja domingo, nós a carregamos conosco durante a semana, e assim nos tornamos também um edifício santo e agradável a Deus. Na Igreja, nós encontramos a paz em plenitude. “E a paz de Deus, que supera todo entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos no Cristo Jesus” (Fl 4,7).
Outro destaque do Evangelho é a união do casal. Aliás, Maria e José estavam sempre unidos, nas horas difíceis e nas horas alegres: no nascimento de Jesus; na fuga para o Egito, na perda e encontro do menino no Templo... A família de Nazaré era unida e todos os membros colaboravam, cada um do seu modo. Assim, só podia dar no que deu: uma família que formou três santos. No casamento, o casal faz um juramento diante de Deus, da Igreja e dos familiares; um juramento de permanecerem unidos até o fim da vida.
Quando o profeta Simeão pegou Jesus nos braços, ele disse a Maria: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma”. O mundo tem outros valores e segue outro caminho. Por isso que Jesus foi um sinal de contradição, e a mãe sofreu com ele. Todos os seguidores de Jesus têm a mesma sina: ser um sinal de contradição e ter a espada de dor.
Simeão disse, em sua profecia, que “serão revelados os pensamentos de muitos corações”. Diante de Jesus, caem as máscaras. As pessoas malandras não conseguem esconder suas falcatruas. As maldades aparecem, e os primeiros a sofrerem as conseqüências são os cristãos.
Certa vez, um viajante contratou um burro para levar uma pequena carga porque estava indo para um lugar distante. O dono do animal foi junto, porque sabia lidar com ele.
Como o calor estava muito forte e o sol brilhava intensamente, o viajante parou para descansar e buscou abrigo na sombra do burro. Acontece que a sombra só protegia uma pessoa e tanto o viajante como o dono do burro a reivindicavam. Por isso surgiu entre eles uma violenta disputa sobre qual teria o direito de desfrutá-la. O proprietário dizia que alugou apenas o burro e não a sua sombra. O viajante afirmava que ao alugar o burro alugou também a sua sombra.
A disputa prosseguiu com palavras e socos e, enquanto os homens brigavam, o burro galopou para longe.
Ao disputar pela sombra, frequentemente nós perdemos a substância. Precisamos trabalhar pela nossa união, a fim de imitarmos a família de Nazaré.
Muitas vezes, por questões pequenas e sem nenhuma importância, acabamos perdendo a nossa paz e até o estímulo para seguir em frente. Perdemos a amizade de pessoas que por longo tempo estiveram ao nosso lado e afastamos pessoas queridas simplesmente porque não concordamos com situações que, sem esforço, poderiam ser desprezadas. Deixamos que um ato de teimosia, nosso ou de alguém com quem lidamos, interfira em nosso relacionamento, ditando regras de conduta para nossas atitudes.
Vamos pedir à Família de Nazaré que nos ajude a segui-la em tudo, mesmo que nos venham espadas e cruzes. No meio de um mundo de mentira, que vivamos na verdade. No meio de um mundo de violência, que vivamos na paz. No meio de um mundo de tristeza, que vivamos na alegria. No meio de um mundo de egoísmo, que vivamos no amor. No meio de um mundo ganancioso, que pratiquemos a partilha.





Pe Queiroz

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

QUANDO REALMENTE ACABA O PERÍODO DO NATAL?

http://pixabay.com/en/father-christmas-nativity-scene-514213/
© Falco / CC


No dia 1º de janeiro? Na epifania? Na festa da candelária? Talvez a resposta lhe surpreenda.


Todos sabem que o Natal começa na noite do dia 24 de dezembro. Mas você sabe quando termina o período do Natal para os católicos?

Qual destas opções você acha ser a correta?

(  ) 26 de dezembro
(  ) 1º de janeiro
(  ) 6 de janeiro (Epifania)
(  ) 2 de fevereiro (Candelária)
(  ) Todas as anteriores
(  ) Nenhuma das anteriores

Muitos acham que o período do Natal acaba no dia 2 de fevereiro, na festa da Candelária. Celebrada 40 dias após o Natal, esta data era tradicionalmente o fim oficial do período natalino. Mas este período, ainda que continue sendo observado na forma extraordinária (do rito latino), já não é um período litúrgico no rito ordinário (ainda que, no Vaticano, por exemplo, os enfeites de Natal sejam mantidos até esse dia, N. do E.).

Isso não tira a importância da festa da Candelária, que recorda a purificação de Maria e a apresentação de Jesus no templo. O nome “candelária” deriva da referência de Simeão a Jesus como luz dos povos.

Então, será que o Natal acaba no dia 1º de janeiro? Sendo este dia o último da Oitava de Natal, e dado que cada dia da Oitava de Natal é celebrado como o dia do Natal, faz sentido que o período natalino termine no dia 1º de janeiro, solenidade da Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus. Porém, ainda que a festa do Natal acabe nesse dia, o período do Natal continua.

Será, então, na Epifania (6 de janeiro – ou domingo entre os dias 2 e 8 de janeiro), referindo-se à adoração dos Reis Magos? A revisão de 1969 do calendário romano geral deixou a festa da Epifania como parte do período natalino. Então, esta resposta também é incorreta.

A única alternativa correta é: “nenhuma das anteriores”.

Quando, então, acaba o Natal?

Segundo as normas universais do ano litúrgico e do calendário, o período do Natal começa nas primeiras Vésperas do Natal do Senhor e vai até o domingo depois da Epifania (ou domingo depois do dia 6 de janeiro, dependendo do país).

O domingo depois da Epifania é a festa do Batismo do Senhor. Por exemplo, este ano, no Brasil, a festa da Epifania foi transladada para o domingo 4 de janeiro. O Batismo do Senhor, então, cai no dia 11 de janeiro.

Portanto, o Natal termina com as segundas Vésperas do dia 11 de janeiro; a primeira missa do Tempo Comum será no dia 12 de janeiro. Ainda que a Oitava da Epifania tenha sido eliminada oficialmente, continua fazendo parte do período natalino, situando o Tempo Comum após o Batismo do Senhor.

Por que, então, você não mantém a decoração de Natal até o dia 11 de janeiro de 2015? Os vizinhos talvez estranhem isso, mas pode ser uma oportunidade de reintroduzi-los no significado do esplêndido período da Epifania e no verdadeiro e completo sentido do Natal para os católicos!






LITURGIA DIÁRIA - FOGE PARA O EGITO.

Leitura (1 João 1,5-2,2)

Leitura da primeira carta de são João. 1 5 A nova que dele temos ouvido e vos anunciamos é esta: Deus é luz e nele não há treva alguma. 6 Se dizemos ter comunhão com ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não seguimos a verdade. 7 Se, porém, andamos na luz como ele mesmo está na luz, temos comunhão recíproca uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado. 8 Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. 9 Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniqüidade. 10 Se pensamos não ter pecado, nós o declaramos mentiroso e a sua palavra não está em nós. 2 1 Filhinhos meus, isto vos escrevo para que não pequeis. Mas, se alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. 2 Ele é a expiação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.
Palavra do Senhor.

Salmo responsorial 123/124

Nossa alma, como um pássaro, escapou do laço que lhe armara o caçador.
Se o Senhor não estivesse ao nosso lado
enquanto os homens investiram contra nós,
com certeza nos teriam devorado
no furor de sua ira contra nós.

Então as águas nos teriam submergido,
a correnteza nos teria arrastado
e, então, por sobre nós teriam passado
essas águas sempre mais impetuosas.

O laço arrebentou-se de repente,
e assim nós conseguimos libertar-nos.
O nosso auxílio está no nome do Senhor,
do Senhor que fez o céu e fez a terra!
  

Evangelho (Mateus 2,13-18)

Aleluia, aleluia, aleluia.
A vós, ó Deus, louvamos, a vós, Senhor, cantamos; vos louva o exército dos vossos santos mártires!

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
2 13 Depois que os magos partiram, um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: "Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar".
14 José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito.
15 Ali permaneceu até a morte de Herodes para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: "Eu chamei do Egito meu filho".
16 Vendo, então, Herodes que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito irado e mandou massacrar em Belém e nos seus arredores todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo exato que havia indagado dos magos.
17 Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias:
18 "Em Ramá se ouviu uma voz, choro e grandes lamentos: é Raquel a chorar seus filhos; não quer consolação, porque já não existem!"
Palavra da Salvação.

  
 Reflexão

Mateus narra uma das provações da família de Nazaré. Depois de os Magos partirem, advertidos pelo Anjo do Senhor, José e Maria tiveram de fugir com o Menino para o Egipto, para escaparem ao ódio de Herodes. Na sua loucura, tinha decidido matar todos os recém- nascidos em Belém (cf. vv. 14-16). A Sagrada Família vive uma dolorosa perseguição, que a leva a fugir da sua terra e a lança numa aventura cheia de incertezas.
Mateus sugere que a Sagrada Família não goza de qualquer privilégio em relação às outras. Jesus é um Deus no meio de nós, mas a sua glória esconde-se numa aparente derrota. Não O buscam apenas os Magos. Também Herodes O procura. Mas suas intenções são diferentes: os Magos querem adorá-lo; Herodes quer matá-lo. Jesus é sinal de contradição desde o seu nascimento.
Na realidade, a narrativa evangélica evidencia um outro tema: a aventura humana de Jesus, desde a sua infância, é lida à luz da história de Moisés e do seu povo. Tanto o nascimento de Moisés, como o de Jesus, coincidem com a matança de meninos hebreus inocentes (Ex 1, 8-2,10 e Mt 2, 13-14); ambos se dirigem para o Egipto (Ex 3, 10; 4, 19 e Mt 2, 13-14); ambos realizam a palavra: «do Egipto chamei o meu filho» (Ex 4, 22; Os 11, 1 e Mt 2, 15). Finalmente a profecia de Raquel que chora os seus filhos (Jer 31, 15) recorda-nos que Jesus permanece o Messias procurado e recusado, em quem se realizam as promessas de Deus e as esperanças dos homens.

 Meditatio
 Causa-nos um certo choque celebrar o martírio dos Inocentes apenas três dias depois do Natal, festa da família, da alegria e da paz. Mas esta festa ajuda-nos a compreender mais profundamente o Natal de Cristo.
Contemplámos o Menino do presépio, que, como sabemos não é um menino qualquer. Pretende tornar-se rei de todos os corações; por isso, não pode deixar de encontrar resistência e oposição. Apresenta-se como Luz do mundo, mas as trevas não se deixam iluminar, sem luta, sem sofrimento. A festa dos Inocentes mostra-nos que essa luta começa muito cedo.
Essa luta começa dentro de nós, como vemos na primeira leitura. Porque somos pecadores, estamos de algum modo do lado de Herodes, recusamos o Salvador e precisamos de conversão para acolher a luz que nos perturba. «Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós», escreve S. João. Hoje começa a obra da nossa salvação e a primeira coisa a fazer é reconhecer que precisamos de ser salvos.
O evangelho narra precisamente a fuga da Sagrada Família para o Egipto e a matança dos Inocentes. Mateus, partindo dos dados históricos, recompõe-os, lendo-os na fé e transfigurando-os à luz do mistério que encerram: o Menino Jesus, que se entrega nas mãos dos homens, não é alguém que foge do inimigo por medo, mas é o verdadeiro vencedor, porque é na sua obediência livre que revela ao homem o rosto do Pai e o amor gratuito com que se entregou a nós. Se o mundo recusa a Cristo, o derrotado não é Cristo, mas o mesmo mundo. Se a recusa de Cristo e a sua marginalização são momentos de humilhação que revelam a sua fraqueza humana, são também o início do seu triunfo, por causa da glorificação que dará ao Pai.
Também nós podemos recusar Cristo e ser culpados de pecado, renegando o amor de Deus. Mas acreditamos que, apesar de tudo, os nossos pecados não são um obstáculo permanente à comunhão com Deus, graças à sua misericórdia a que podemos recorrer.
Sigamos o convite do Pe. Dehon: «Sigamos os pastores e vamos ao presépio beber uma vida nova, uma força nova para doravante seguirmos com coração a direcção da graça… Lancemos um olhar também para as pequenas vítimas imoladas por Herodes, os santos Inocentes. Deixemo-nos imolar pela espada do sacrifício, da obediência e da abnegação» (OSP 4, p. 598-599).
 
 
 
 
 
 
Dehonianos

sábado, 26 de dezembro de 2015

O TODO-PODEROSO FEZ-SE TODO DEBILIDADE.


Presépio - Vitral.jpg
O Império Romano havia atingido um auge de progresso, mas também se afundara num abismo de decadência moral. E o mundo civilizado não encontrava solução para seus problemas. 

Um frágil Menino veio trazer a luz à terra.

Muito se tem falado da grandeza e do esplendor da antiga Roma... e não sem razão. Basta fazer uma rápida visita à Cidade Eterna, percorrer os foros, admirar as gigantescas ruínas das Termas de Caracalla, contemplar por alguns momentos o Coliseu ou parar diante do famoso Pantheon, cujas proporções arquitetônicas deixam extasiados os especialistas modernos, para dar-se conta dos inúmeros dons de inteligência e organização com os quais foi aquinhoado o povo romano. Soube ele fazer uso de suas capacidades naturais. Unindo ao espírito empreendedor uma rara subtileza, impôs-se às outras nações, quase todas afundadas na completa barbárie, e instalou uma civilização a seu modo: floresceram o cultivo dos campos e a criação de rebanhos, surgiram as construções sólidas, as cidades populosas, as estradas seguras. A pax romana estendeu- se por toda parte, até os extremos limites do Império. Olhando para o caminho percorrido, os romanos podiam sentir uma compreensível ufania por ter atingido um auge de cultura, riqueza e poder.

O egoísmo era a lei que regia as ações do homem

Contudo, a realidade desse quadro - pintado por alguns entusiastas como Sêneca, Plinio e Plutarco - aparece- nos bem diferente ao considerarmos, em seus detalhes, a decadência social e moral do mundo romano de então. Por debaixo de todos aqueles esplendores latejava uma profunda miséria. Roma tornara-se, não a rainha, mas a tirana da humanidade.
Em toda parte acentuava-se o contraste entre a riqueza e a indigência, bem como o domínio despótico do forte sobre o fraco. O egoísmo era a lei que regia as ações do homem.

Por outro lado, uma imensa corrupção dos costumes se alastrava por todo o território dos césares. A existência dos cidadãos livres decorria numa ociosidade propícia a todos os vícios, na procura desordenada do luxo e dos prazeres. As crônicas daMenino Jesus Arautos do Evangelho.jpgépoca nos descrevem algumas das diversões que tanto atraíam as turbas: orgias, corridas, lutas de gladiadores, comédias. O que mais agradava àquele povo embrutecido era ver correr o sangue humano; com freqüência, ele se mostrava exigente com os imperadores, se o espetáculo não era suficientemente sanguinário para causar-lhe o delírio.

Para compreender o estado de degradação e imoralidade em que soçobrava a sociedade antiga, basta lembrar a epístola de São Paulo aos romanos, na qual o Apóstolo recrimina os escândalos e abusos aos quais eles chegaram, por não terem procurado chegar a Deus através das criaturas.

Todos buscavam a felicidade onde ela não podia ser encontrada

Esta situação criava na Ásia, na África e na Europa uma atmosfera irrespirável. Tudo quanto os homens haviam desejado e conquistado deixava- lhes na alma um terrível vazio e até um pavoroso tormento. Nada conseguia acalmar seus apetites desregrados; corriam atrás da felicidade, mas buscavam-na onde ela não se encontrava e ao julgar havê-la achado, constatavam que ela não podia saciá-los. Todos sentiam pairar uma grande crise que ameaçava terminar numa ruína inevitável. Assim, o quadro das nações aparecia mergulhado em densas trevas e a História estava, por assim dizer, parada na muda expectativa de uma solução para tantos problemas.
Não faltavam, entretanto, almas boas que manifestavam sua inconformidade ante todos esses desvarios e conservavam uma vaga reminiscência da promessa, transmitida por Adão e Eva ao saírem do Paraíso, da chegada de um Salvador.

De onde poderia vir esse Esperado das nações? Acaso seria um sábio ou um potentado? Ou um príncipe, um general dotado de poder e força extraordinárias, capaz de dominar sobre toda a humanidade? Todos os olhos estavam ansiosamente à procura de alguém do qual pudesse vir o socorro...

O reino da graça, da bondade e da misericórdia

E eis que Deus, confundindo a sabedoria e a ciência deste mundo, mostrou-Se aos homens da forma como estes menos podiam imaginar: um bebê tenro, frágil, comunicativo, deitado sobre as palhas de uma manjedoura, sorrindo!
Ali, no fundo de um estábulo, na humilde cidade de Belém, está reclinada a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, feita Menino para Se colocar à nossa altura e à nossa disposição. Ele não vem convocar soldados, nem impor jugos, nem exigir tributos; não Se manifesta sob os fulgores da justiça punitiva que se revelara no Antigo Testamento. Pelo contrário, esse Deus todo-poderoso faz-se todo-debilidade, a marca da realeza repousa agora sobre os ombros de um encantador Recém-Nascido que abre graciosamente os braços e parece dizer, por entre seus infantis vagidos, o que mais tarde anunciará a todas as gerações: "Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores" (Mt 9, 13). Sim, é um reino que Ele vem implantar, mas este será o reino da graça, da bondade e da misericórdia.

Oh! que a humanidade inteira, cansada e sobrecarregada pelo peso de seus pecados, venha prostrar-se diante desse esplêndido presépio no qual se encontra não só o feno dos animais, mas também o alimento dos Anjos! Que o homem velho se despoje das ações das trevas e corra para adorar, enternecido, a Divina Criança que lhe traz a luz!

No meio da noite escura e fria, um mundo novo começa a surgir em torno da sagrada gruta onde vela José abismado em profundo respeito, ora Maria em maternal contemplação e dorme o Menino em paz celestial... (Clara Isabel Morazzani; Revista Arautos do Evangelho, Dez/2006, n. 60, p. 20-21)
 
 
 
 
 
 
Clara Isabel Morazzani
 

LITURGIA DIÁRIA - PERSEGUIÇÕES E SOFRIMENTOS.

 

Leitura (Atos 6,8-10;7,54-59)

Leitura dos Atos dos Apóstolos.
Naqueles dias, 6 8 Estêvão, cheio de graça e fortaleza, fazia grandes milagres e prodígios entre o povo. 9 Mas alguns da sinagoga, chamada dos Libertos, dos cirenenses, dos alexandrinos e dos que eram da Cilícia e da Ásia, levantaram-se para disputar com ele. 10 Não podiam, porém, resistir à sabedoria e ao Espírito que o inspirava. 54 Ao ouvir tais palavras, esbravejaram de raiva e rangiam os dentes contra ele. 55 Mas, cheio do Espírito Santo, Estêvão fitou o céu e viu a glória de Deus e Jesus de pé à direita de Deus: 56 “Eis que vejo, disse ele, os céus abertos e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus”. 57 Levantaram então um grande clamor, taparam os ouvidos e todos juntos se atiraram furiosos contra ele. 58 Lançaram-no fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. As testemunhas depuseram os seus mantos aos pés de um moço chamado Saulo. 59 E apedrejavam Estêvão, que orava e dizia: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito”.
Palavra do Senhor.

Salmo responsorial 30/31

Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito.

Sede uma rocha protetora para mim,
um abrigo bem seguro que me salve!
Sim, sois vós a minha rocha e fortaleza;
por vossa honra, orientai-me e conduzi-me!

Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito,
porque vós me salvareis, ó Deus fiel!
Vosso amor me faz saltar de alegria,
pois olhastes para as minhas aflições.

Eu entrego em vossas mãos o meu destino;
libertai-me do inimigo e do opressor!
Mostrai serena a vossa face ao vosso servo
e salvai-me pela vossa compaixão!

Evangelho (Mateus 10,17-22)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Bendito o que vem em nome do Senhor. Nosso Deus é o Senhor, ele é a nossa luz (Sl 117,26s).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, 10 17 Disse Jesus: “Cuidai-vos dos homens. Eles vos levarão aos seus tribunais e açoitar-vos-ão com varas nas suas sinagogas. 18 Sereis por minha causa levados diante dos governadores e dos reis: servireis assim de testemunho para eles e para os pagãos. 19 Quando fordes presos, não vos preocupeis nem pela maneira com que haveis de falar, nem pelo que haveis de dizer: naquele momento ser-vos-á inspirado o que haveis de dizer. 20 Porque não sereis vós que falareis, mas é o Espírito de vosso Pai que falará em vós. 21 O irmão entregará seu irmão à morte. O pai, seu filho. Os filhos levantar-se-ão contra seus pais e os matarão. 22 Sereis odiados de todos por causa de meu nome, mas aquele que perseverar até o fim será salvo”.
Palavra da Salvação.

 Reflexão

Iniciamos um novo ciclo litúrgico, o do Natal, em que celebramos o mistério da Encarnação, isto é, a humanização de Deus para a divinização do homem.
Hoje é a festa de Santo Estevão, o primeiro mártir da Igreja. Por isso que nós o celebramos logo após o Natal. Ele foi o primeiro discípulo dessa criança que nasceu em Belém, e que o seguiu até no martírio.
No Evangelho, próprio da festa, Jesus nos alerta sobre a perseguição que todo cristão sofre, vivendo no meio desse mundo pecador. E ele nos dá orientações sobre como nos comportar nessas horas. Ele pede para não nos preocuparmos com o que falar, pois “não sereis vós que havereis de falar, mas sim o Espírito do vosso Pai”.
Santo Estevão foi a primeira vítima dessas perseguições, depois de Jesus. A primeira Leitura da Missa de hoje narra o seu martírio (At 6).
Veja um resumo do que narra At 6-8: Estevão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo... Entretanto, começaram a discutir com ele. Como não conseguiam resistir à sabedoria de Estevão, subornaram alguns indivíduos, que disseram: “Ouvimos este homem dizer blasfêmias contra Moisés e contra nosso Deus”. Então os doutores da Lei o prenderam e o conduziram ao sinédrio.
Lá, o sumo sacerdote perguntou a Estevão: “É verdade o que estão dizendo?” Estevão aproveitou a oportunidade para provar, pelas Escrituras, que Jesus é o Messias esperado. Ele fez um discurso longo e belíssimo. Destaques:
- O testemunho de Abraão a respeito do Messias.
- José foi perseguido por seus irmãos, por inveja (indireta às autoridades ali presentes). O exílio Babilônico aconteceu devido à dureza do coração do povo (outra indireta).
- Citando Is 66, Estevão relativiza o Templo de Jerusalém, dizendo que o Altíssimo não mora em casa feita por mãos humanas: “O céu é o meu trono, e a terra é o apoio dos meus pés. Que casa construireis para mim? Não foi minha mão que fez todas essas coisas? Tudo o que existe fui eu que fiz! Eu olho para o aflito e o de espírito abatido, e também para aquele que estremece diante das minhas palavras!”
Em seguida, Estevão falou claro e direto: “Homens teimosos, insensíveis e fechados à vontade de Deus! Vocês sempre resistiram ao Espírito Santo. São hoje como foram seus pais! A qual dos profetas os pais de vocês não perseguiram? Eles mataram aqueles que anunciavam a vinda do Justo, do qual agora vocês se tornaram traidores e assassinos. Vocês receberam a Lei promulgada através de anjos, e não a observam!”
“Ao ouvir essas palavras, eles ficaram enfurecidos e rangeram os dentes contra Estevão. Repleto do Espírito Santo, Estevão olhou para o céu e disse: ‘Estou vendo o céu aberto, e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus’. Então eles, dando grandes gritos e tapando os ouvidos, avançaram contra Estevão, arrastaram-no para fora da cidade e o apedrejaram. As testemunhas deixaram suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo. Enquanto o apedrejavam, Estevão clamou dizendo: ‘Senhor Jesus, acolhe o meu espírito’. Depois dobrou os joelhos e gritou forte: ‘Senhor, não os condenes por este pecado.’ E, ao dizer isto, adormeceu.” (At 7,51-60).
Este “Saulo” é São Paulo. Santo Agostinho fala que foi certamente aquela oração de Estevão que conseguiu de Deus a conversão de São Paulo. Ele disse: “Se Estevão não tivesse rezado certamente hoje não teríamos o grande Apóstolo dos gentios”.
Estevão deixou muitos exemplos para nós. Podemos destacar: a oração por aqueles que o estavam matando, o comportamento firme na hora da perseguição, o testemunho dado no tribunal etc.
Havia, certa vez, uma alta figueira, cujo tronco era bem grosso. Os animais gostavam de ficar debaixo dela, por causa da sombra. Um dia, deu um vendaval, e a figueira caiu. Aí que descobriram que ela estava oca. Sem ninguém perceber, as brocas comeram o interior daquela figueira.
Nós temos alguma coisa a aprender dessa figueira. Pelo batismo, nós nos tornamos participantes da natureza divina. Não podemos ser ocos, pois assim não resistiremos o vendaval do mundo pecador e das perseguições.
Que Maria Santíssima e Santo Estevão, nos ajudem a ser testemunhas de Jesus, nas horas fáceis e também nas difíceis.







 Pe Queiroz