domingo, 31 de janeiro de 2016

4º DOMINGO DO TEMPO COMUM - JESUS O PROFETA DE ONTEM, HOJE E SEMPRE.

O tema da liturgia deste domingo convida a refletir sobre o “caminho do profeta”: caminho de sofrimento, de solidão, de risco, mas também caminho de paz e de esperança, porque é um caminho onde Deus está. A liturgia de hoje assegura ao “profeta” que a última palavra será sempre de Deus: “não temas, porque Eu estou contigo para te salvar”.
A primeira leitura apresenta a figura do profeta Jeremias. Escolhido, consagrado e constituído profeta por Jahwéh, Jeremias vai arrostar com todo o tipo de dificuldades; mas não desistirá de concretizar a sua missão e de tornar uma realidade viva no meio dos homens a Palavra de Deus.
O Evangelho apresenta-nos o profeta Jesus, desprezado pelos habitantes de Nazaré (eles esperavam um Messias espetacular e não entenderam a proposta profética de Jesus). O episódio anuncia a rejeição de Jesus pelos judeus e o anúncio da Boa Nova a todos os que estiverem dispostos a acolhê-la – sejam pagãos ou judeus.
A segunda leitura parece um tanto desenquadrada desta temática: fala do amor – o amor desinteressado e gratuito – apresentando-o como a essência da vida cristã. Pode, no entanto, ser entendido como um aviso ao “profeta” no sentido de se deixar guiar pelo amor e nunca pelo próprio interesse… Só assim a sua missão fará sentido.
1ª leitura: Jr. 1,4-5.17-19 - AMBIENTE
A atividade profética de Jeremias começa por volta de 627/626 a.C. (quando o profeta teria pouco mais de vinte anos) e prolonga-se até depois da queda de Jerusalém nas mãos dos Babilônios (586 a.C.). O cenário dessa atividade é, em geral, o reino de Judá (e, sobretudo, a cidade de Jerusalém).
É uma época muito conturbada, quer a nível político, quer a nível religioso. Judá acabou de sair dos reinados de Manassés (698-643 a.C.) e de Amon (643-640 a.C.), reis ímpios que multiplicaram no país os altares aos deuses estrangeiros e levaram o Povo a afastar-se de Jahwéh. Na época em que Jeremias começa o seu ministério profético, o rei de Judá é Josias (640-609 a.C.): trata-se de um rei bom, que procura eliminar o culto aos deuses estrangeiros e concentrar a vida litúrgica de Judá num único lugar – o Templo de Jerusalém. No entanto, a reforma religiosa levada a cabo por Josias levanta algumas resistências; por outro lado, é uma reforma que é mais aparente do que real: não se pode, por decreto e de repente, corrigir o coração do Povo e eliminar hábitos religiosos cultivados ao longo de algumas dezenas de anos.
É neste ambiente que Jeremias é chamado por Deus e enviado em missão.
MENSAGEM
O texto que nos é proposto apresenta o relato que Jeremias faz do seu chamamento por Deus. Mais do que uma reportagem do “momento” em que Deus chamou o profeta, trata-se de uma reflexão e de uma catequese sobre esse mistério sempre antigo e sempre novo a que chamamos “vocação”.
A vocação profética, na perspectiva de Jeremias, é, em primeiro lugar, um encontro com Deus e com a sua Palavra (“a Palavra do Senhor foi-me dirigida…” – v. 4). A Palavra marca, a partir daí, a vida do profeta e passa a ser, para ele, a única coisa decisiva.
Em segundo lugar, a vocação é um desígnio divino: foi Deus que escolheu, consagrou e constituiu Jeremias como profeta. Dizer que Deus “escolheu” o profeta (literalmente, “conheceu” – do verbo “yada‘”) é dizer que Deus, por sua iniciativa, estabeleceu desde sempre com ele uma relação estreita e íntima, de forma que o profeta, vivendo na órbita de Deus, aprendesse a discernir os planos de Deus para os homens e para o mundo. Dizer que Deus “consagrou” o profeta significa que Deus o “reservou”, que o “pôs à parte” para o seu serviço. Dizer que Deus “constituiu” o profeta “para as nações” significa que Deus lhe confiou uma missão, missão que tem um alcance universal. Tudo isto, no entanto, resulta da ação e da escolha de Deus, é iniciativa de Deus e não escolha do homem.
Na segunda parte do texto, temos o envio formal do profeta. Ele deve ir “dizer o que o Senhor ordenar”, sem medo nem servilismo, enfrentando os grandes da terra, armado apenas com a força de Deus. É a definição do “caminho profético”, percorrido no sofrimento, no risco, na solidão, no conflito com todos os que se opõem à proposta de Deus. A leitura de hoje termina com um convite à confiança: “não poderão vencer-te, porque Eu estou contigo para te salvar” – vers. 19).
A vida de Jeremias realizou, integralmente, o projeto de Deus. A propósito e a despropósito, Jeremias denunciou, criticou, demoliu e destruiu, edificou e plantou. Não teve muito êxito: a família, os amigos, o povo de Jerusalém, as autoridades, os sacerdotes, viraram-lhe as costas, marginalizaram-no, perseguiram-no e maltrataram-no. No entanto, Jeremias nunca renunciou: Deus invadiu-lhe de tal forma a vida, e a paixão pela Palavra de Deus “apanhou-o” de tal forma, que o profeta viveu até ao fim, com a máxima intensidade, a sua missão.
ATUALIZAÇÃO
• Os “profetas” não são uma classe de animais extintos há muitos séculos, mas são uma realidade com que Deus continua a contar para intervir no mundo e para recriar a história. Quem são, hoje, os profetas? Onde estão eles?
• No Batismo, fomos ungidos como profetas, à imagem de Cristo. Estamos conscientes dessa vocação a que Deus a todos nos convocou? Temos a noção de que somos a “boca” através da qual a Palavra de Deus se dirige aos homens?
• O profeta é o homem que vive de olhos postos em Deus e de olhos postos no mundo (numa mão a Bíblia, na outra o jornal diário). Vivendo em comunhão com Deus e intuindo o projeto que Ele tem para o mundo, e confrontando esse projeto com a realidade humana, o profeta percebe a distância que vai do sonho de Deus à realidade dos homens. É aí que ele intervém, em nome de Deus, para denunciar, para avisar, para corrigir. Somos estas pessoas, simultaneamente em comunhão com Deus e atentas às realidades que desfeiam o nosso mundo?
• A denúncia profética implica, tantas vezes, a perseguição, o sofrimento, a marginalização e, em tantos casos, a própria morte (Óscar Romero, Luther King, Gandhi…). Como lidamos com a injustiça e com tudo aquilo que rouba a dignidade dos homens? O medo, o comodismo, a preguiça, alguma vez nos impediram de ser profetas?
• Em concreto, em que situações sou chamado, no dia a dia, a exercer a minha vocação profética?
 
2ª leitura: 1Cor. 12,31-13,13 - AMBIENTE
Há quem chame a este texto “o Cântico dos Cânticos da nova aliança”. Também se lhe chama, habitualmente, o “hino ao amor”.
À primeira vista, este “elogio do amor” poderia parecer uma página completamente desligada do contexto anterior (a discussão acerca dos carismas). Na realidade, este texto apresenta afinidades claras, tanto a nível literário como a nível temático, com os capítulos precedentes, bem como com os capítulos seguintes. Ainda que possamos retirar este hino do seu contexto, sem que ele perca o sentido, a verdade é que Paulo quer aqui dizer, sem meias palavras e de forma clara e contundente, que só há um carisma absoluto: o amor.
MENSAGEM
Antes de mais, convém dizer que o amor de que Paulo fala aqui é o amor (em grego, “agape”) tal como ele é entendido pelos cristãos: não é o amor egoísta, que procura o próprio bem, mas o amor gratuito, desinteressado, sincero, fraterno, que se preocupa com o outro, que sofre pelo outro, que procura o bem do outro sem esperar nada em troca. Desse tipo de relacionamento, nasce a Igreja – a comunidade dos que vivem o “agape”.
O nosso texto desenvolve-se em três estrofes. Na primeira (13,1-3), Paulo sustenta que, sem amor, até as melhores coisas (a fé, a ciência, a profecia, a distribuição de esmolas pelos pobres) são vazias e sem sentido. Só o amor dá sentido a toda a vida e a toda a experiência cristã.
Na segunda estrofe (13,4-7), Paulo apresenta literariamente o amor como uma pessoa e sugere que ele é a fonte e a origem de todos os bens e qualidades. A propósito, Paulo enumera quinze características ou qualidades do verdadeiro amor: sete destas qualidades são formuladas positivamente e as outras oito de forma negativa; mas todas elas se referem a coisas simples e quotidianas, que experimentamos e vivemos a todos os instantes, a fim de que ninguém pense que este “amor” é algo que só diz respeito aos santos, aos sábios, aos especialistas.
A terceira estrofe (13,8-13) estabelece uma comparação entre o amor e o resto dos carismas. A questão é: este amor de que se disseram coisas tão bonitas é algo imperfeito, temporal e caduco como o resto dos carismas? Este amor – responde Paulo – não desaparecerá nunca, não mudará jamais. Ele é a única coisa perfeita; por isso permanecerá sempre. Fica, assim, confirmada a superioridade incontestável do amor frente a qualquer outro carisma – por muito que seja apreciado pelos coríntios ou por qualquer comunidade cristã, no futuro.
ATUALIZAÇÃO
• O amor cristão – isto é, o amor desinteressado que leva, por pura gratuidade, a procurar o bem do outro – é, de acordo com Paulo, a essência da experiência cristã. É esse o amor que me move? Quando faço algo, partilho algo, presto algum serviço, é com essa atitude desinteressada, de puro dom?
• Desse amor partilhado nasce a comunidade de irmãos a que chamamos Igreja. O amor que une os vários membros da nossa comunidade cristã é esse amor generoso e desinteressado de que Paulo fala? Quando a comunidade cristã é palco de lutas de interesses, de ciúmes, de rivalidades egoístas, que testemunho de amor está a dar?
 
Evangelho: Lc. 4,21-30 - MENSAGEM
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, 4 21 Jesus estava na sinagoga e começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir”.
22 Todos lhe davam testemunho e se admiravam das palavras de graça, que procediam da sua boca, e diziam: “Não é este o filho de José?”
23 Então lhes disse: “Sem dúvida me citareis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; todas as maravilhas que fizeste em Cafarnaum, segundo ouvimos dizer, faze-o também aqui na tua pátria”.
24 E acrescentou: “Em verdade vos digo: nenhum profeta é bem aceito na sua pátria.
25 Em verdade vos digo: muitas viúvas havia em Israel, no tempo de Elias, quando se fechou o céu por três anos e meio e houve grande fome por toda a terra;
26 mas a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na Sidônia.
27 Igualmente havia muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu; mas nenhum deles foi limpo, senão o sírio Naamã”.
28 A estas palavras, encheram-se todos de cólera na sinagoga.
29 Levantaram-se e lançaram-no fora da cidade; e conduziram-no até o alto do monte sobre o qual estava construída a sua cidade, e queriam precipitá-lo dali abaixo.
30 Ele, porém, passou por entre eles e retirou-se.
Palavra da Salvação.
O episódio da sinagoga de Nazaré é, já o dissemos atrás, um episódio “programático”: a Lucas não interessa descrever de forma coerente e lógica um episódio em concreto acontecido em Nazaré por altura de uma visita de Jesus, mas enunciar as linhas gerais do programa que o Messias vai cumprir – linhas que o resto do Evangelho vai revelar.
O programa de Jesus é, como vimos a semana passada (o texto de Is. 61,1-2 e o comentário posterior de Jesus demonstram-no claramente), a apresentação de uma proposta de libertação aos pobres, marginalizados e oprimidos. No entanto, esse “caminho” não vai ser entendido e aceite pelo povo judeu (isto é, os “da sua terra”), que estão mais interessados num Messias milagreiro e espetacular. Os “seus” rejeitarão a proposta de Jesus e tentarão eliminá-l’O (anúncio da morte na cruz); mas a liberdade de Jesus vence os inimigos (alusão à ressurreição) e a evangelização segue o seu caminho (“passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho”), até atingir os que estão verdadeiramente dispostos a acolher a salvação/libertação (alusão a Elias e Eliseu que se dirigiram aos pagãos porque o seu próprio povo não estava disponível para escutar a Palavra de Deus).
Neste texto programático – já o dissemos, também, a semana passada – Lucas anuncia o caminho da Igreja: a comunidade crente toma consciência de que, em continuidade com o caminho de Jesus, a sua missão é levar a Boa Nova aos pobres e marginalizados – como Elias fez com uma viúva de Sarepta ou como Eliseu fez com um leproso sírio. Se percorrer esse caminho, a Igreja viverá na fidelidade a Cristo.
ATUALIZAÇÃO
• “Nenhum profeta é bem recebido na sua terra”. Os habitantes de Nazaré julgam conhecer Jesus, viram-n’O crescer, sabem identificar a sua família e os seus amigos mas, na realidade, não perceberam a profundidade do seu mistério. Trata-se de um conhecimento superficial, teórico, que não leva a uma verdadeira adesão à proposta de Jesus. Na realidade, é uma situação que pode não nos ser totalmente estranha: lidamos todos os dias com Jesus, somos capazes de falar algumas horas sobre Ele; mas a sua proposta tem impacto em nós e transforma a nossa existência?
• “Faz também aqui na terra o que ouvimos dizer que fizestes em Cafarnaum” – pedem os habitantes de Nazaré. Esta é a atitude de quem procura Jesus para ver o seu espetáculo ou para resolver os seus problemazinhos pessoais. Supõe a perspectiva de um Deus comerciante, de quem nos aproximamos para fazer negócio. Qual é o nosso Deus? O Deus de quem esperamos espetáculo em nosso favor, ou o Deus que em Jesus nos apresenta uma proposta séria de salvação que é preciso concretizar na vida do dia a dia?
• Como na primeira leitura, o Evangelho propõe-nos uma reflexão sobre o “caminho do profeta”: é um caminho onde se lida, permanentemente, com a incompreensão, com a solidão, com o risco… É, no entanto, um caminho que Deus nos chama a percorrer, na fidelidade à sua Palavra. Temos a coragem de seguir este caminho? As “bocas” dos outros, as críticas que magoam, a solidão e o abandono, alguma vez nos impediram de cumprir a missão que o nosso Deus nos confiou?
 
 
 
 
 
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho

sábado, 30 de janeiro de 2016

ACOLHER QUALQUER IMPREVISTO COM AMOR.



Quem quer fazer um bom planejamento deve incluir a possibilidade de um imprevisto, ter um plano "B" como se costuma dizer.
Quem deseja cumprir a vontade de Deus deve entender que nem sempre ela coincide com a nossa, mas pode se manifestar de forma imprevista como algo que muda totalmente nossos planos.
Acolhê-la com amor e alegria nos faz crescer no relacionamento direto com Ele.
Quando reconhecemos nos imprevistos o beneplácito de Deus, significa que estamos alcançando a maturidade espiritual.
Quando aderimos ao projeto de Deus e permitimos ser instrumento de implantação do seu Reino, o Espírito Santo agirá través de nós, mesmo que não tenhamos completo entendimento do que está acontecendo.

Somos convidados a vivenciar a fé acreditando que uma força maior é que nos move.
Temos que ter a certeza que ação nenhuma nossa, por menor que seja foi em vão, a Palavra semeada, por minúscula que for se transformará em uma grande graça de Deus.
A construção do Reino de Deus em nossas vidas se dá pela conjugação da ação divina e da ação humana. Basta que o discípulo faça sua parte. O resto fica por conta de Deus.
É preciso que cada um de nós tenhamos claro que é necessário  aceitar as surpresas que transtornam teus planos, derrubam teus sonhos, dão rumo totalmente diverso ao teu dia e, quem sabe, à tua vida. Não há acaso.
Dá liberdade ao Pai, para que Ele mesmo conduza a trama dos teus dias.

A cada dia basta o seu cuidado, ensina-nos o Senhor.
Hoje nós temos um dia inteirinho para fazer o bem por onde passarmos; haverá também os esforços próprios que teremos de enfrentar. Não viva preocupado, não fique vivendo as preocupações de forma exagerada, pois se você se preocupar com a comida que falta, por exemplo, isso de nada vai adiantar; sua confiança em Deus é que vai resolver as situações.  
Não se angustie e nem viva ansioso pelo dia de amanhã.
A Palavra diz “Não vos preocupeis”, ensinando-nos que temos de ser prudentes, que não podemos relaxar. Preocupar-se é ansiedade na certa, ocupe-se com o dia de hoje e seus cuidados.
A preocupação exagerada não vai mudar em nada a situação. Porque à custa de preocupação você não vai dar de comer nem de vestir aos seus filhos.
“Qual de vós, por mais que se esforce, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida?” (Mateus 6, 27) ou adquirir saúde... Muito pelo contrário, a preocupação lhe trará apenas enfermidades. Muitas pessoas vivem hoje na depressão, com gastrite, úlceras nervosas, pois vivem não o presente, mas já o amanhã, e o ditado nos diz: “O amanhã a Deus pertence!”.
Não se preocupe porque o Pai do céu está com você.
O Senhor está cuidando de você. Há uma Palavra que diz que se você tiver de passar pelo fogo, ele não o atingirá; se tiver de passar pela água, você não ficará submerso, porque o Senhor está com você, porque é precioso aos olhos d'Ele. O Senhor é capaz de trocar reinos por nós.

A mão do Senhor está com você por um único motivo: porque Ele o ama. Não é o seu pecado que vai afastar você de Deus. O Senhor quer varrê-lo [o pecado] da sua vida, porque Ele o fez para muito mais do que isso; não o fez para o pecado, mas para a vida. Então, confie o seu coração ao Senhor.
O Senhor foge daqueles que dizem que não precisam d'Ele. Ele escapa dos soberbos e escuta os humildes.
Despede os ricos de mão vazias, aos humildes Ele exalta e enche de bens os famintos.
Muitas vezes, as preocupações já entraram em nós, mas deixar de nos preocupar significa confiar tudo a Deus.

Confie a Deus a sua preocupação, comece o dia diferente, comece-o consagrando-se ao Senhor, pela confiança. E diga: “Este dia quero fazer a experiência de em tudo confiar no Senhor”.
Deus só e nada mais. Como Santa Madre Teresa de Jesus: “Deus é e basta!”
Busque o Reino de Deus, busque a vontade divina, porque existe uma graça especial do Senhor para você no dia de hoje.

Tomemos posse da vitória na guerra, nos determinemos por ela.
 
 
 

Padre Emílio Carlos Mancini

LITURGIA DIÁRIA - QUEM É ESTE, A QUEM ATÉ O VENTO E O MAR OBEDECEM?

 

Leitura (2 Samuel 12,1-7.10-17)

Leitura do segundo livro de Samuel. 12 1 O Senhor mandou a Davi o profeta Natã; este entrou em sua casa e disse-lhe: “Dois homens moravam na mesma cidade, um rico e outro pobre. 2 O rico possuía ovelhas e bois em grande quantidade; 3 o pobre, porém, só tinha uma ovelha, pequenina, que ele comprara. Ele a criava e ela crescia junto dele, com os seus filhos, comendo do seu pão, bebendo do seu copo e dormindo no seu seio; era para ele como uma filha. 4 Certo dia, chegou à casa do homem rico a visita de um estranho, e ele, não querendo tomar de suas ovelhas nem de seus bois para aprontá-los e dar de comer ao hóspede que lhe tinha chegado, foi e apoderou-se da ovelhinha do pobre, preparando-a para o seu hóspede”. 5 Davi, indignado contra tal homem, disse a Natã: “Pela vida de Deus! O homem que fez isso merece a morte. 6 Ele restituirá sete vezes o valor da ovelha, por ter feito isso e não ter tido compaixão”. 7 Natã disse então a Davi: “Tu és esse homem. Eis o que diz o Senhor Deus de Israel: ungi-te rei de Israel, salvei-te das mãos de Saul, 10 ‘Por isso, jamais se afastará a espada de tua casa, porque me desprezaste, tomando a mulher de Urias, o hiteu, para fazer dela a tua esposa’. 11 Eis o que diz o Senhor: ‘vou fazer com que se levantem contra ti males vindos de tua própria casa. Sob os teus olhos, tomarei as tuas mulheres e dá-las-ei a um outro que dormirá com elas à luz do sol! 12 Porque agiste em segredo, mas eu o farei diante de todo o Israel e diante do sol’”. 13 Davi disse a Natã: “Pequei contra o Senhor”. Natã respondeu-lhe: “O Senhor perdoa o teu pecado; não morrerás. 14 Todavia, como desprezaste o Senhor com essa ação, morrerá o filho que te nasceu”. 15 E Natã voltou para sua casa. O Senhor feriu o menino que a mulher de Urias tinha dado a Davi, e ele adoeceu gravemente. 16 Davi suplicou ao Senhor pelo menino; jejuou e passou a noite em sua casa prostrado por terra, vestido com um saco. 17 Os anciãos de sua casa, de pé junto dele, insistiam em que ele se levantasse do chão, mas ele não o quis, nem tomou com eles alimento algum.
Palavra do Senhor.

Salmo responsorial 50/51

Criai em mim um coração que seja puro!
Criai em mim um coração que seja puro,
dai-me de novo um espírito decidido.
Ó Senhor, não me afasteis de vossa face
nem retires de mim o vosso Santo Espírito!

Dai-me de novo a alegria de ser salvo
e confirmai-me com espírito generoso!
Ensinarei vosso caminho aos pecadores,
e para vós se voltarão os transviados.

Da morte como pena, libertai-me,
e minha língua exaltará vossa justiça!
Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar,
e minha boca anunciará vosso louvor.
  
 

Evangelho (Marcos 4,35-41)

Aleluia, aleluia, aleluia. Deus o mundo tanto amou, que lhe deu seu próprio Filho, para que todo o que nele crer encontre a vida eterna (Jo 3,16).
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
4 35 À tarde daquele dia, disse Jesus aos seus discípulos: “Passemos para o outro lado”. 36 Deixando o povo, levaram-no consigo na barca, assim como ele estava. Outras embarcações o escoltavam. 37 Nisto surgiu uma grande tormenta e lançava as ondas dentro da barca, de modo que ela já se enchia de água. 38 Jesus achava-se na popa, dormindo sobre um travesseiro. Eles acordaram-no e disseram-lhe: “Mestre, não te importa que pereçamos?” 39 E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: “Silêncio! Cala-te!” E cessou o vento e seguiu-se grande bonança. 40 Ele disse-lhes: “Como sois medrosos! Ainda não tendes fé?” 41 Eles ficaram penetrados de grande temor e cochichavam entre si: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?”
Palavra da Salvação.

 Reflexão

Este Evangelho, da tempestade acalmada, traz para nós dois ensinamentos: sobre Jesus Cristo e sobre a Igreja.
Sobre Jesus Cristo, o episódio revela-nos que o milagre é realizado por Jesus para confirmar a fé dos seus discípulos n’ele. “Por que estais assustados? Ainda não tendes fé?” Para a fé em Jesus se orienta também a pergunta final dos discípulos: “Quem é este homem, que até o vento e o mar lhe obedecem?” A resposta nos vem automaticamente: “Este homem é Deus”, pois só Deus pode dominar a natureza.
A Igrejas é representada na barca, com Jesus e os discípulos dentro. A barca é a Comunidade cristã, atravessando o mar revolto da vida. Se a barca não afunda, é porque Jesus vai com ela. Ainda que, por um momento, pensemos que Deus dorme, deixando-nos sozinhos no meio do perigo. Deus não dorme, mas ele não tem pressa. A pressa é própria do ser humano que é mortal e que não tem muito poder. Deus é eterno e tem todo o poder, por isso não tem pressa. Nós não vamos marcar hora para Deus fazer as coisas. O nosso nervosismo, por não receber logo ajuda de Deus, é sinal de pouca fé.
Quando a Igreja de Jesus é perseguida, quando sucessivas dores nos visitam, quando o mal parece triunfar, vem-nos espontaneamente a pergunta: “Senhor, não te importas que nos afundemos?” Se esse nosso grito é oração, tudo bem. Mas se é desconfiança na providência divina, é falta de fé. Neste caso, merecemos a correção de Jesus: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?”
“Vamos para a outra margem!” Jesus nos manda jogar-nos no mar e fazer a travessia de uma vida “velha” para uma vida nova, tanto para nós, como para a nossa família, Comunidade e bairro. O Reino de Deus, que está na outra margem, precisa ser construído e, com Jesus na barca, isso é possível sem perigo nenhum.
“Começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que a barca já começava a se encher.” Esta ventania e mar agitado representam os tropeços, as dificuldades e as tentações que encontramos na vida, inclusive as nossas paixões pecaminosas.
“Jesus estava na parte de trás, dormindo. Os discípulos o acordaram e disseram: Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?” Esta “sesta”de Jesus representa também a aparente ausência de Deus que sentimos em nossa vida. Devido à nossa pouca fé e ao pecado, muitas vezes não percebemos os sinais da presença de Deus na nossa vida. Na verdade, somos nós mesmos que nos ausentamos dele, e depois jogamos a culpa nele, dizendo que ele nos abandonou. “Estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20). Deus nunca dorme. Mas ele só intervém na nossa vida se pedirmos. Deus respeita a nossa liberdade. Se queremos lutar sozinho, ele não faz nada. Daí a importância da oração.
Todos os cristãos, mais cedo ou mais tarde, encontram fortes tempestades na vida. E o temporal vem justamente quando nos parece que Deus dorme, sendo que na verdade nós é que nos ausentamos dele. Se o “acordarmos” e lhe pedirmos ajuda, com certeza chegaremos à outra margem, que é uma fé mais firme e clara e um mundo mais justo e fraterno..
“Jesus ordenou ao vento e ao mar: ‘Silêncio! Cala-te!’ O vento cessou e houve uma grande calmaria.” Deus tem um poder infinito, ele vence as forças do mal, venham de onde vierem: demônio, doença, morte...
“Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” Precisamos ter fé em Deus. A fé supera o medo e a dúvida. Uma das expressões mais repetidas por Jesus nos Evangelhos é: “Não temais medo”.
“Os discípulos diziam uns aos outros: Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?” Que nunca precisemos fazer esta pergunta, pois sabemos quem é este homem. É o próprio Deus encarnado, que tem poder sobre todas as forças da natureza, pois foi ele quem a criou. Ele consegue transformar qualquer tempestades em bonança (Cf Sl 106 (105), 9ss). Na verdade, Jesus já se apresentou largamente. Nós é que, por nosso descaso, ainda não o reconhecemos.
Certa vez, um homem pulou de pára-quedas. Mas este era novo, e ele n sabia abri-lo. Puxa aqui, puxa ali, nada. Nisto viu um rapaz subindo nos ares. Gritou para ele: “Você entende de pára-quedas?” O outro respondeu: “Não. E você entende de explosão de caldeira?”
Como que um ia ajudar o outro, se os dois não sabiam resolver nem o próprio problema?
Na travessia do mar da vida, se acontecer alguma tempestade, vamos logo pedir ajuda para Deus, a quem até o vento e o mar obedecem.
“Feliz aquela que acreditou” (Lc 1,45), disse Isabel à Mãe de Jesus. Que ela nos ajude a ter tanta fé, que nunca precisemos perguntar: “Quem é este...?” Santa Maria, rogai por nós!






Pe Queiroz

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016




Deus reside no intimo do coração.
Sabendo disso, o consagrado ao Deus Vivo e verdadeiro , ao único Amor e Amante , o sábio entra diariamente naquele santuário sagrado.

A VIDA É UMA LUTA CONSTANTE CONTRA O EXÉRCITO DO MAL.


Diz os Anjos aos homens: Deus concedeu-nos o privilégio de poder colaborar na vossa santificação. Damos-lhes boas inspirações, protegemos-lhes, afastamos os demônios. Mas se vós os escutarem e acolherem as inspirações dos demônios, por mais que usemos dos meios de que dispomos para afugentar os demônios, eles ficam ao vosso lado. Eles nos resistem a fim de vos causar danos. 

Os demônios distribuem-se por toda a Terra, por reinos, regiões e cidades. Fazem seus planos, têm estratégias. Nós também nos distribuímos pela terra. Ajudamos-vos muito mais do que supõem. Durante a história de cada um de vós, temos visto todo bem que têm feito; somos testemunhas daquilo de mais nobre de cada um.
Vemos também o mal individual e o mal coletivo. Entre nós, os anjos, e os demônios tem havido verdadeiras batalhas para defender os homens, para impedir a ação malfazeja dos demônios sobre as nações e cidades.
Os homens não sabem quanto Satanás e os seus seguidores lhes odeiam. Eles veem em vós a imagem de Deus. Então já que não podem acabar com o próprio Deus, anseiam destruir a sua obra.
Se pudessem, os demônios os destruiriam com as próprias mãos. Mas eles apenas podem vos tentar, na medida em que Deus permitir.
Além desses limites que as vossas orações conseguem da Misericórdia de Deus, Ele nos envia e nós cortamos o passo aos demônios. Alguns de vós também lutam com armas espirituais contra os demônios.
Os místicos, os santos, os monges, os eremitas, todos aqueles que buscam a perfeição espiritual, lutam com as armas da oração, do jejum, das obras de mortificação, às vezes com orações diretamente dirigidas a conter a ação do maligno sobre o mundo.
Também é dispensável que vos expliquemos como o ódio e o horror dos demônios foi ao extremo quando Nosso Senhor Jesus Cristo apareceu no mundo. Havia chegado o momento, e os demônios sabiam disso. Ficaram enfurecidos…
Por mais que fizeram não conseguiram evitar a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo por intermédio de Maria Santíssima.
Nada puderam fazer senão se submeter aos desígnios de Deus. A Virgem Maria pisou na cabeça da antiga serpente; como é grande o poder da humildade e
da obediência!
A Assunção da Santíssima Virgem aos Céus foi gloriosíssima. Pessoa alguma é capaz como foi a entrada de Santa Maria, a Mãe de Deus, nas moradas celestes! Todos os anjos foram ao
encontro dEla.
Nós a recebemos como se recebe uma rainha. E fomos testemunhas do encontro entre a Mãe Santíssima e o seu Filho Divino.
 
 
 
 
 
Adaptado do livro “História do Mundo dos Anjos” do Pe. José Antônio Fortea

LITURGIA DIÁRIA - É A MENOR DE TODAS AS SEMENTES...

Leitura (2 Samuel 11,1-10.13-17)


Leitura do segundo livro de Samuel. 1 No ano seguinte, na época em que os reis saíam para a guerra, Davi enviou Joab com seus suboficiais e todo o Israel. Eles devastaram a terra dos amonitas e sitiaram Raba. Davi ficara em Jerusalém. 2 Uma tarde, Davi, levantando-se da cama, passeava pelo terraço de seu palácio. Do alto do terraço avistou uma mulher que se banhava, e que era muito formosa. 3 Informando-se Davi a respeito dela, disseram-lhe: “É Betsabé, filha de Elião, mulher de Urias, o hiteu”. 4 Então Davi mandou mensageiros que lha trouxessem. Ela veio e Davi dormiu com ela. Ora, a mulher, depois de purificar-se de sua imundície menstrual, voltou para a sua casa, 5 e vendo que concebera, mandou dizer a Davi: “Estou grávida”. 6 Então Davi enviou uma mensagem a Joab, dizendo-lhe: “Manda-me Urias, o hiteu”. Joab assim fez. 7 Quando Urias chegou, Davi pediu-lhe notícias de Joab, do exército e da guerra. 8 E em seguida disse-lhe: “Desce à tua casa, e lava os teus pés. Urias saiu do palácio do rei, e este mandou que o seguissem com um presente seu”. 9 Mas Urias não desceu à sua casa; dormiu à porta do palácio com os demais servos de seu amo. 10 Comunicaram-no a Davi: “Urias não foi à sua casa”. O rei então lhe disse: “Não voltaste porventura de uma viagem? Por que não vais à tua casa?” 13 Davi o convidou, fê-lo comer e beber em sua presença, e embriagou-o. Mas à noite, Urias não desceu à sua casa; saiu e deitou-se com os demais servos de seu senhor. 14 Na manhã seguinte Davi escreve uma carta a Joab, enviando-a por Urias. 15 Dizia na carta: “Coloca Urias na frente, onde o combate for mais renhido, e desamparai-o para que ele seja ferido e morra”. 16 Joab, que sitiava a cidade, pôs Urias no lugar onde sabia que estavam os mais valorosos guerreiros. 17 Saíram os assediados contra Joab, e tombaram alguns dos homens de Davi: morreu também Urias, o hiteu.
Palavra do Senhor.

Salmo responsorial 50/51

Misericórdia, ó Senhor, porque pecamos!
Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia!
Na imensidão de vosso amor, purificai-me!
Lavai-me todo inteiro do pecado
e apagai completamente a minha culpa!

Eu reconheço toda a minha iniquidade,
o meu pecado está sempre à minha frente.
Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei,
e pratiquei o que é mau aos vossos olhos!

Mostrais assim quanto sois justo na sentença
e quanto é reto o julgamento que fazeis.
Vede, Senhor, que eu nasci na iniquidade
e pecador já minha mãe me concebeu.

Fazei-me ouvir cantos de festa e de alegria,
exultarão estes meus ossos que esmagastes.
Desviai o vosso olhar dos meus pecados
e apagai todas as minhas transgressões!
 
  
 

Evangelho (Marcos 4,26-34)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, pois revelaste os mistérios do teu reino aos pequeninos, escondendo-os aos doutores! (Mt 11,25).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
Naquele tempo, 4 26 Jesus dizia também à multidão: “O Reino de Deus é como um homem que lança a semente à terra.
27 Dorme, levanta-se, de noite e de dia, e a semente brota e cresce, sem ele o perceber.
28 Pois a terra por si mesma produz, primeiro a planta, depois a espiga e, por último, o grão abundante na espiga.
29 Quando o fruto amadurece, ele mete-lhe a foice, porque é chegada a colheita”.
30 Dizia ele: “A quem compararemos o Reino de Deus? Ou com que parábola o representaremos?
31 É como o grão de mostarda que, quando é semeado, é a menor de todas as sementes.
32 Mas, depois de semeado, cresce, torna-se maior que todas as hortaliças e estende de tal modo os seus ramos, que as aves do céu podem abrigar-se à sua sombra”.
33 Era por meio de numerosas parábolas desse gênero que ele lhes anunciava a palavra, conforme eram capazes de compreender.
34 E não lhes falava, a não ser em parábolas; a sós, porém, explicava tudo a seus discípulos.
Palavra da Salvação.

  
 Reflexão

Neste Evangelho, Jesus nos conta duas parábolas: a da semente que cresce sozinha e a do grão de mostarda. Elas são complementares. O Reino de Deus, cuja expressão maior é a santa Igreja, a qual se concretiza em nossas Comunidades cristãs, é parecido com uma semente de mostarda. Nos dois há um contraste entre a pequenês e fraqueza em seu início e a sua força transformadora e de crescimento. A Comunidade é assim, graças ao Espírito Santo que a assiste.
As nossas Comunidades geralmente são pequenas, em comparação com a população do bairro onde ela vive. Seus membros são na maioria gente fraca, simples, pobre e de pouco estudo. Mas a sua influência é enorme.
Com o próprio Jesus foi assim. Ele era pobre, seus Apóstolos eram na maioria simples pescadores, mas essa sementinha de mostarda tornou-se uma grande árvore que hoje cobre a face da terra. Na humilde gruta de Belém, jaz, colocado em cima de um pouco de palha, o grão de mostarda que, morrendo, deu muito fruto
(Cf Jo 12,24).
Precisamos ter fé, acreditar na força da graça de Deus, e não desanimar ou querer queimar etapas, por exemplo, entrando no esquema do mundo pecador, que coloca a eficácia (o resultado) acima do testemunho (o exemplo de vida). Não podemos ser lobo no meio de lobos, ou revidar quando alguém nos bate numa face ou rouba a nossa capa.
Nós sabemos que o reino da Besta Fera (Cf Ap 13,1ss) está agindo no mundo e luta para implantar outro reino. Esse reino tem, aparentemente, uma força enorme, e cresce rápido. Ao ver isso, a Comunidade cristã é tentada a usar os mesmos recursos que a Besta usa: O poder, o dinheiro e até a corrupção, deixando de lado o testemunho. Outras Comunidades são tentadas ao desânimo, perdem a alegria e o entusiasmo próprios dos cristãos.
No Reino de Deus, o testemunho está acima da eficácia, e o modo como fazemos as coisas está acima dos resultados. E o que Jesus quis com essas duas parábolas foi dar-nos ânimo, confiança, esperança e perseverança na nossa luta pelo Reino de Deus. Devemos ter paciência histórica, acreditando na força de Deus, que transforma o que é pequeno e fraco, em grande e forte. Afinal, com Deus ninguém pode.
“Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do vosso Pai dar a vós o Reino. Vendei vossos bens e daí esmola. Fazei para vós bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe” (Lc 12,32-33).
Quem tem poder não tem pressa; a pressa é própria de quem não tem o controle total dos acontecimentos, por isso é inseguro e quer ver logo os resultados. Quanta gente não persevera na Comunidade, ou numa pastoral, porque não vê resultados imediatos!
Basta que a semente seja jogada em terra boa e úmida, que ela cresce por si mesma, e vai até os frutos. O homem “vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece. A terra, por si mesma, produz o fruto: primeiro aparecem as folhas, depois vem a espiga e, por fim, os grãos que enchem a espiga”. Esta mesma força vemos na ação da graça em nossas Comunidades.
Já o poder e a força do reino da Besta é como o sonho de Nabucodonosor. Ele, em sonho, viu uma estátua “de terrível aparência. A cabeça da estátua era de ouro maciço, o peito e os braços de prata, o ventre e as coxas de bronze, as canelas de ferro e os pés eram parte de ferro e parte de barro” (Dn 2,32-33). Bastou uma pedra cair nos pés da estátua, que eram de barro, que ela caiu no chão e se espatifou.
Certa vez, um casal foi ao escritório da paróquia pedir o batismo para o seu bebezinho, mas os dois não eram casados na Igreja. A secretária tentava convencê-los a se casarem, falando-lhes da importância da graça de Deus. Mas não estava conseguindo convencer os dois. Depois que o casal saiu, para voltar mais tarde, o padre, que escutou uma parte da conversa, disse para a secretária: “Filha, ninguém liga para a graça de Deus! Se você quer convencê-los a se casarem, diga-lhes, por exemplo: ‘Se vocês não se casarem na Igreja, vai constar na certidão de batismo da criança: 'Filho ilegítimo de fulano e fulana'. Imaginem quando esta criança crescer e ler isso em sua certidão de batismo! Poderá até pensar mal de vocês! Então é melhor vocês se casarem agora.” Quando o casal voltou, foi só a secretária usar esse argumento que os dois se convenceram e decidiram se casar Igreja.
Que pena! Nós cristãos valorizamos pouco o principal fator que faz a semente de mostarda crescer, que é a graça de Deus!
Peçamos a Maria Santíssima, a Mãe da Igreja, que nos ajude a perseverar no caminho de Deus, sem perder a esperança, mesmo que esse caminho seja lento.





Pe Queiroz