segunda-feira, 18 de março de 2024

5ª Semana da Quaresma - O pecado da presunção.

 O pecado não deixou de ser pecado

Tende pena e compaixão de mim, ó Deus, pois há tantos que me calcam sob os pés, e agressores me oprimem todo dia! (Sl 55,2)

O amor misericordioso de Jesus levou a mulher adúltera a se converter, com a possibilidade de começar vida nova. Neste caminho quaresmal, peçamos a graça de sermos mais misericordiosos com todos e de renunciar a toda comunicação distorcida e maldosa, que desrespeita a dignidade dos nossos irmãos e irmãs.

Primeira Leitura: Daniel 13,1-9.15-17.19-30.33-62 ou 41-62

[A forma breve está entre colchetes.]

Leitura da profecia de Daniel[Naqueles dias,] 1na Babilônia vivia um homem chamado Joaquim. 2Estava casado com uma mulher chamada Susana, filha de Helcias, que era muito bonita e temente a Deus. 3Também os pais dela eram pessoas justas e tinham educado a filha de acordo com a Lei de Moisés. 4Joaquim era muito rico e possuía um pomar junto à sua casa. Muitos judeus costumavam visitá-lo, pois era o mais respeitado de todos. 5Ora, naquele ano, tinham sido nomeados juízes dois anciãos do povo, a respeito dos quais o Senhor havia dito: “Da Babilônia brotou a maldade de anciãos-juízes, que passavam por condutores do povo”. 6Eles frequentavam a casa de Joaquim, e todos os que tinham alguma questão se dirigiam a eles. 7Ora, pelo meio-dia, quando o povo se dispersava, Susana costumava entrar e passear no pomar de seu marido. 8Os dois anciãos viam-na todos os dias entrar e passear e acabaram por se apaixonar por ela. 9Ficaram desnorteados, a ponto de desviarem os olhos para não olharem para o céu, e se esqueceram dos seus justos julgamentos. 15Assim, enquanto os dois estavam à espera de uma ocasião favorável, certo dia, Susana entrou no pomar como de costume, acompanhada apenas por duas empregadas. E sentiu vontade de tomar banho, por causa do calor. 16Não havia ali ninguém, exceto os dois velhos, que estavam escondidos e a espreitavam. 17Então ela disse às empregadas: “Por favor, ide buscar-me óleo e perfumes e trancai as portas do pomar, para que eu possa tomar banho”. 19Apenas as empregadas tinham saído, os dois velhos levantaram-se e correram para Susana, dizendo: 20“Olha, as portas do pomar estão trancadas e ninguém nos está vendo. Estamos apaixonados por ti: concorda conosco e entrega-te a nós! 21Caso contrário, deporemos contra ti que um moço esteve aqui e que foi por isso que mandaste embora as empregadas”. 22Gemeu Susana, dizendo: “Estou cercada de todos os lados! Se eu fizer isso, espera-me a morte; e, se não o fizer, também não escaparei das vossas mãos; 23mas é melhor para mim, não o fazendo, cair nas vossas mãos do que pecar diante do Senhor!” 24Então, ela pôs-se a gritar em alta voz, mas também os dois velhos gritaram contra ela. 25Um deles correu para as portas do pomar e as abriu. 26As pessoas da casa ouviram a gritaria no pomar e precipitaram-se pela porta do fundo, para ver o que estava acontecendo. 27Quando os velhos apresentaram sua versão dos fatos, os empregados ficaram muito constrangidos, porque jamais se dissera coisa semelhante a respeito de Susana. 28No dia seguinte, o povo veio reunir-se em casa de Joaquim, seu marido. Os dois anciãos vieram também, com a intenção criminosa de conseguir sua condenação à morte. Por isso, assim falaram ao povo reunido: 29“Mandai chamar Susana, filha de Helcias, mulher de Joaquim!” E foram chamá-la. 30Ela compareceu em companhia dos pais, dos filhos e de todos os seus parentes. 33Os que estavam com ela e todos os que a viam, choravam. 34Os dois velhos levantaram-se no meio do povo e puseram as mãos sobre a cabeça de Susana. 35Ela, entre lágrimas, olhou para o céu, pois seu coração tinha confiança no Senhor. 36Entretanto, os dois anciãos deram este depoimento: “Enquanto estávamos passeando a sós no pomar, esta mulher entrou com duas empregadas. Depois, fechou as portas do pomar e mandou as servas embora. 37Então, veio ter com ela um moço, que estava escondido, e com ela se deitou. 38Nós, que estávamos num canto do pomar, vimos essa infâmia. Corremos para eles e os surpreendemos juntos. 39Quanto ao jovem, não conseguimos agarrá-lo, porque era mais forte do que nós e, abrindo as portas, fugiu. 40A ela, porém, agarramos e perguntamos quem era aquele moço. Ela, porém, não quis dizer. Disso nós somos testemunhas”. [41A assembleia acreditou neles, pois eram anciãos do povo e juízes. E condenaram Susana à morte. 42Susana, porém, chorando, disse em voz alta: “Ó Deus eterno, que conheces as coisas escondidas e sabes tudo de antemão, antes que aconteça! 43Tu sabes que é falso o testemunho que levantaram contra mim! Estou condenada a morrer, quando nada fiz do que estes maldosamente inventaram a meu respeito!” 44O Senhor escutou sua voz. 45Enquanto a levavam para a execução, Deus excitou o santo espírito de um adolescente de nome Daniel. 46E ele clamou em alta voz: “Sou inocente do sangue dessa mulher!” 47Todo o povo, então, voltou-se para ele e perguntou: “Que palavra é essa que acabas de dizer?” 48De pé, no meio deles, Daniel respondeu: “Sois tão insensatos, filhos de Israel? Sem julgamento e sem conhecimento da causa verdadeira, vós condenais uma filha de Israel? 49Voltai a repetir o julgamento, pois é falso o testemunho que levantaram contra ela!” 50Todo o povo voltou apressadamente, e outros anciãos disseram ao jovem: “Senta-te no meio de nós e dá-nos o teu parecer, pois Deus te deu a honra da velhice”. 51Falou então Daniel: “Mantende os dois separados, longe um do outro, e eu os julgarei”. 52Tendo sido separados, Daniel chamou um deles e lhe disse: “Velho encarquilhado no mal! Agora aparecem os pecados que estavas habituado a praticar. 53Fazias julgamentos injustos, condenando inocentes e absolvendo culpados, quando o Senhor ordena: ‘Tu não farás morrer o inocente e o justo!’ 54Pois bem, se é que viste, dize-me à sombra de que árvore os viste abraçados?” Ele respondeu: “À sombra de uma aroeira”. 55Daniel replicou: “Mentiste com perfeição contra a tua própria cabeça. Por isso o anjo de Deus, tendo recebido já a sentença divina, vai rachar-te pelo meio!” 56Mandando sair este, ordenou que trouxessem o outro: “Raça de Canaã e não de Judá, a beleza fascinou-te e a paixão perverteu o teu coração. 57Era assim que procedíeis com as filhas de Israel, e elas, por medo, sujeitavam-se a vós. Mas uma filha de Judá não se submeteu a essa iniquidade. 58Agora, pois, dize-me debaixo de que árvore os surpreendeste juntos?” Ele respondeu: “Debaixo de uma azinheira”. 59Daniel retrucou: “Também tu mentiste com perfeição contra a tua própria cabeça. Por isso o anjo de Deus já está à espera, com a espada na mão, para cortar-te ao meio e para te exterminar!” 60Toda a assistência pôs-se a gritar com força, bendizendo a Deus, que salva os que nele esperam. 61E voltaram-se contra os dois velhos, pois Daniel os tinha convencido, por suas próprias palavras, de que eram falsas testemunhas. E, agindo segundo a Lei de Moisés, fizeram com eles aquilo que haviam tramado perversamente contra o próximo. 62E assim os mataram, enquanto, naquele dia, era salva uma vida inocente.]Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 22(23)

Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, / nenhum mal eu temerei, estais comigo.

1. O Senhor é o pastor que me conduz; / não me falta coisa alguma. / Pelos prados e campinas verdejantes, / ele me leva a descansar. / Para as águas repousantes me encaminha / e restaura as minhas forças. – R.

2. Ele me guia no caminho mais seguro, / pela honra do seu nome. / Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, / nenhum mal eu temerei. / Estais comigo com bastão e com cajado, / eles me dão a segurança! – R.

3. Preparais à minha frente uma mesa, / bem à vista do inimigo; / com óleo vós ungis minha cabeça, / e o meu cálice transborda. – R.

4. Felicidade e todo bem hão de seguir-me / por toda a minha vida; / e na casa do Senhor habitarei / pelos tempos infinitos. – R.

Evangelho: João 8,1-11

Glória a vós, Senhor Jesus, / primogênito dentre os mortos!

Não quero a morte do pecador, diz o Senhor, / mas que ele volte, se converta e tenha vida (Ez 33,11). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, 1Jesus foi para o monte das Oliveiras. 2De madrugada, voltou de novo ao templo. Todo o povo se reuniu em volta dele. Sentando-se, começou a ensiná-los. 3Entretanto, os mestres da Lei e os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério. Colocando-a no meio deles, 4disseram a Jesus: “Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. 5Moisés na Lei mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes tu?” 6Perguntavam isso para experimentar Jesus e para terem motivo de o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, começou a escrever com o dedo no chão. 7Como persistissem em interrogá-lo, Jesus ergueu-se e disse: “Quem dentre vós não tiver pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. 8E, tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão. 9E eles, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos; e Jesus ficou sozinho com a mulher, que estava lá, no meio, em pé. 10Então Jesus se levantou e disse: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?” 11Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus lhe disse: “Eu também não te condeno. Podes ir e, de agora em diante, não peques mais”. – Palavra da salvação.

Reflexão
 
Com o 5.º Domingo da Quaresma, iniciamos uma nova fase: o Tempo da Paixão. Tanto o 5.º Domingo da Quaresma como o Domingo de Ramos são “domingos da Paixão” e, segundo uma antiga tradição, é possível, embora não obrigatório, cobrir as imagens e crucifixos até que o crucifixo seja desvelado na Sexta-Feira Santa e as imagens, na Vigília Pascal. Entramos, pois, num tempo de ascese do olhar, em que nos voltamos mais para o coração, recolhidos para contemplar o amor com que Deus nos amou. O Evangelho de hoje, por sua vez, nos fala da mulher pega em flagrante adultério. Jesus está no Templo ensinando; de repente, a mulher é trazida por fariseus que querem apedrejá-la. Mas eles põem uma armadilha para Jesus: devemos ou não apedrejar essa mulher? Se Jesus disser que sim, será condenado pelos romanos porque, naquela época, os judeus não podiam executar a pena de morte; se Ele disser que não, os fariseus poderão dizer: “Ele se diz mestre em Israel, mas não segue a Lei de Moisés!” Diante disso, Jesus inverte o jogo, dizendo: “Quem não tiver pecado, que atire a primeira pedra”. Então todos começam a sair, a começar pelos mais velhos. Por quê? Porque Jesus os fez encontrar-se com a própria consciência, isto é, com o fato de que, por mais justos que fossem, todos dependemos da misericórdia de Deus: se, portanto, querem pedir a justiça divina contra aquela mulher, devem pedi-la também contra si mesmos. Então se desenrola aquela cena maravilhosa em que os fariseus vão embora e lá, no centro da aglomeração, permanecem somente Jesus e a mulher. S. Agostinho descreve a cena como o encontro da miséria e da misericórdia: Jesus é a misericórdia; a mulher, a miséria — é o momento do perdão dos pecados e da salvação. Jesus pergunta-lhe: “Ninguém te condenou?”, ao que ela responde: “Ninguém, Senhor”. “Também eu”, sentencia Cristo, “não te condeno. Vai e não peques mais”. Lembremos: as duas partes da frase são importantes! Há quem celebre esse Evangelho, dizendo: “Vejam só como Deus perdoa tudo! Não há por que se preocupar com o pecado”. Deus perdoa, sim, mas Jesus esclarece que é necessário não pecar mais. É importante precaver-se contra essa armadilha, muito usada pelo diabo, que distorce o sentido da misericórdia. S. Agostinho observa que, quando se está em graça, é preciso lembrar-se da justiça antes do pecado, isto é, lembrar que Deus condena ao inferno os que pecam. É isso o que nos vai deter e frear. Mas se, por desgraça alguém já caiu, então é preciso lembrar-se da misericórdia, isto é, ter confiança no perdão de Deus. Seria, no entanto, uma perversão começar a pensar na misericórdia antes do pecado, como quem, de caso pensado, por presunção, pecasse já esperando o perdão. A misericórdia, recorda S. Afonso, é salvação para os que pecaram contra a justiça; qual porém será a salvação para os que pecam contra a misericórdia?… Presumir da misericórdia divina é um pecado contra a própria misericórdia! Devemos abandonar esse vício mental, que é uma armadilha do diabo. O diabo inverte as coisas. Antes de pecar, deveríamos lembrar-nos da justiça. Mas o que faz o diabo? Lembra-nos da misericórdia: “Não, Deus vai-te perdoar, sim. Imagina! Vai em frente. Peca!” Depois do pecado, deveríamos lembrar-nos da misericórdia. Mas o que faz o diabo? Lembra-nos da justiça, para nos desesperarmos, abandonado o caminho da santidade. Coloquemos as coisas no lugar. É importante crer em Deus inteiro, não apenas em uma de suas qualidades. É preciso crer que Ele é misericordioso, mas também justo. Devemos ter sempre na memória essas qualidades: antes do pecado, a justiça; depois do pecado, a misericórdia, sem esquecer que a misericórdia só existe para quem que tem o propósito de não voltar a ofender a Deus. É o que Jesus diz à pecadora: “Vai e não peques mais”. Não podemos pedir a Deus misericórdia se já temos em mente, como projeto, os pecados futuros. Não podemos fazer do pecado um projeto de vida. Seria zombar do amor de Deus. Quem pediria perdão por uma ofensa, por exemplo, contra a própria mãe, agredida num momento de fúria, pensando em bater nela de novo? Seria loucura, seria absurdo! Nesse tempo em que meditamos sobre a Paixão de Cristo, refletimos sobre o amor com que Ele nos amou. Não pequemos mais de presunção, não pequemos contra a misericórdia, mas façamos o firme propósito, confiantes na sua misericórdia e dispostos a pedir perdão, de não voltar mais a pecar.

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domingo, 17 de março de 2024

5º Domingo da Quaresma - Aproxima-se a "Hora"

 SE MORRE, PRODUZ MUITO FRUTO… (Jo 12,24-26) – Texto de Antônio Carlos  Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança | amigoespiritual

Fazei justiça, ó Deus, e defendei-me contra a gente impiedosa; do homem perverso e mentiroso libertai-me, ó Senhor! Sois vós o meu Deus e meu refúgio (Sl 42,1s).

Atraídos pelo amor de Deus, com fé nos dirigimos ao seu encontro. À semelhança do grão de trigo que morre para nascer e produzir frutos, somos convidados a entender que seguir a Cristo significa comungar da sua vida e do seu destino, doando-nos em favor dos outros. Glorifiquemos o Senhor, que deseja criar em nós um coração vibrante e puro.

Primeira Leitura: Jeremias 31,31-34

Leitura do livro do profeta Jeremias 31“Eis que virão dias, diz o Senhor, em que concluirei com a casa de Israel e a casa de Judá uma nova aliança; 32não como a aliança que fiz com seus pais, quando os tomei pela mão para retirá-los da terra do Egito, e que eles a violaram, mas eu fiz valer a força sobre eles, diz o Senhor. 33Esta será a aliança que concluirei com a casa de Israel, depois desses dias, diz o Senhor: imprimirei minha lei em suas entranhas e hei de inscrevê-la em seu coração; serei seu Deus e eles serão meu povo. 34Não será mais necessário ensinar seu próximo ou seu irmão, dizendo: ‘Conhece o Senhor!’ Todos me reconhecerão, do menor ao maior deles, diz o Senhor, pois perdoarei sua maldade e não mais lembrarei o seu pecado.” – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 50(51)

Criai em mim um coração que seja puro.

1. Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia! / Na imensidão de vosso amor, purificai-me! / Lavai-me todo inteiro do pecado / e apagai completamente a minha culpa! – R.

2. Criai em mim um coração que seja puro, / dai-me de novo um espírito decidido. / Ó Senhor, não me afasteis de vossa face / nem retireis de mim o vosso Santo Espírito! – R.

3. Dai-me de novo a alegria de ser salvo / e confirmai-me com espírito generoso! / Ensinarei vosso caminho aos pecadores, / e para vós se voltarão os transviados. – R.

Segunda Leitura: Hebreus 5,7-9

Leitura da carta aos Hebreus 7Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido, por causa de sua entrega a Deus. 8Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu. 9Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem. – Palavra do Senhor.

Evangelho: João 12,20-33

Glória a vós, ó Cristo, Verbo de Deus.

Se alguém me quer servir, que venha atrás de mim; / e onde eu estiver, ali estará meu servo (Jo 12,26). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, 20havia alguns gregos entre os que tinham subido a Jerusalém para adorar durante a festa. 21Aproximaram-se de Filipe, que era de Betsaida da Galileia, e disseram: “Senhor, gostaríamos de ver Jesus”. 22Filipe combinou com André, e os dois foram falar com Jesus. 23Jesus respondeu-lhes: “Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado. 24Em verdade, em verdade vos digo, se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto. 25Quem se apega à sua vida perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna. 26Se alguém me quer servir, siga-me, e onde eu estou estará também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará. 27Agora, sinto-me angustiado. E que direi? ‘Pai, livra-me desta hora’? Mas foi precisamente para esta hora que eu vim. 28Pai, glorifica o teu nome!” Então, veio uma voz do céu: “Eu o glorifiquei e o glorificarei de novo!” 29A multidão que aí estava e ouviu, dizia que tinha sido um trovão. Outros afirmavam: “Foi um anjo que falou com ele”. 30Jesus respondeu e disse: “Essa voz que ouvistes não foi por causa de mim, mas por causa de vós. 31É agora o julgamento deste mundo. Agora o chefe deste mundo vai ser expulso, 32e eu, quando for elevado da terra, atrairei todos a mim”. 33Jesus falava assim para indicar de que morte iria morrer. – Palavra da salvação.

Reflexão

As leituras deste domingo estão cheias de expectativas. “Eis que virão dias”, diz o profeta Jeremias na primeira leitura. “Chegou a hora”, diz Jesus no Evangelho. A Nova Aliança que Deus prometeu a Jeremias se cumpre na “hora” de Jesus: em sua morte, ressurreição e ascensão à direita do Pai.

Os profetas predisseram que, com esta Nova Aliança, as tribos exiladas de Israel retornariam de todos os cantos da terra (v. Jr 31,1.3.4.7.8). Jesus também profetizou que sua Paixão reuniria os filhos dispersos de Deus (Jo 11,52). No entanto, no Evangelho deste domingo, Jesus promete que ele irá atrair para Si não só os israelitas, mas todos os homens e mulheres (Jo 12, 32).

A Nova Aliança é muito mais do que uma reivindicação política ou nacional. Como cantamos no salmo, é uma restauração espiritual universal. Na “hora” de Jesus, os pecadores de todas as nações podem retornar ao Pai e serem lavados de sua culpa, recebendo corações novos para amá-Lo e servi-Lo.

Jesus, ao dizer que será “levantado”, não se refere apenas à sua crucifixão já próxima (Jn 3,14-15). Isaías usa a mesma expressão para descrever como o Messias, depois de sofrer pelos pecados de Israel, seria levantado e grandemente exaltado (Is 52,2). Noutra parte, o termo se refere a como os reis seriam elevados acima de seus súditos (v. 1Mac 8,13).

Jesus, durante sua agonia, não rezou para ser salvo. Em vez disso, como lemos na epístola deste domingo, Ele se ofereceu ao Pai, na cruz, como uma súplica viva. Por isto, Deus lhe deu poder sobre o céu e a terra (Atos 2,33; Fl 2,9).

Aonde Ele foi, podemos segui-Lo, se nos deixamos guiar por Ele. Seguir Jesus significa odiar o pecado e o egoísmo presentes em nossa vida. Significa confiar na vontade do Pai: na lei que Ele escreveu em nossos corações.

A “hora” de Jesus continua na Eucaristia, onde unimos nossos sacrifícios ao Seu, entregando nossas vidas a Deus como um ato de reverência e obediência, confiando que Ele nos elevará para que possamos dar frutos de santidade.

 

https://stpaulcenter.com/se-acerca-la-hora-scott-hahn-reflexiona-sobre-el-5o-domingo-de-cuaresma/

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sexta-feira, 15 de março de 2024

4ª Semana da Quaresma - Será que conhecemos mesmo a Deus?

 Será que conhecemos mesmo a Deus?

Por vosso nome, salvai-me, Senhor; e dai-me a vossa justiça! Ó meu Deus, atendei a minha prece e escutai as palavras que eu digo! (Sl 53,3s)

A perseguição contra os que se colocam a favor da justiça e da verdade manifesta o nível da maldade de quem se opõe aos caminhos de Deus. Diante das ameaças de morte dos que não aceitaram sua Palavra, Jesus não se cala. Ao contrário, segue fiel ao projeto do Pai, convidando-nos a confiar naquele que “conforta os de espírito abatido”.

Primeira Leitura: Sabedoria 2,1.12-22

Leitura do livro da Sabedoria 1Dizem entre si os ímpios, em seus falsos raciocínios: 12“Armemos ciladas ao justo, porque sua presença nos incomoda: ele se opõe ao nosso modo de agir, repreende em nós as transgressões da lei e nos reprova as faltas contra a nossa disciplina. 13Ele declara possuir o conhecimento de Deus e chama-se ‘filho de Deus’. 14Tornou-se uma censura aos nossos pensamentos, e só o vê-lo nos é insuportável; 15sua vida é muito diferente da dos outros e seus caminhos são imutáveis. 16Somos comparados por ele a moeda falsa, e foge de nossos caminhos como de impurezas; proclama feliz a sorte final dos justos e gloria-se de ter a Deus por pai. 17Vejamos, pois, se é verdade o que ele diz e comprovemos o que vai acontecer com ele. 18Se, de fato, o justo é ‘filho de Deus’, Deus o defenderá e o livrará das mãos dos seus inimigos. 19Vamos pô-lo à prova com ofensas e torturas, para ver a sua serenidade e provar a sua paciência; 20vamos condená-lo a morte vergonhosa, porque, de acordo com suas palavras, virá alguém em seu socorro”. 21Tais são os pensamentos dos ímpios, mas enganam-se; pois a malícia os torna cegos, 22não conhecem os segredos de Deus, não esperam recompensa para a santidade e não dão valor ao prêmio reservado às vidas puras. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 33(34)

Do coração atribulado está perto o Senhor.

1. O Senhor volta a sua face contra os maus, / para da terra apagar sua lembrança. / Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta / e de todas as angústias os liberta. – R.

2. Do coração atribulado ele está perto / e conforta os de espírito abatido. / Muitos males se abatem sobre os justos, / mas o Senhor de todos eles os liberta. – R.

3. Mesmo os seus ossos, ele os guarda e os protege, / e nenhum deles haverá de se quebrar. / Mas o Senhor liberta a vida dos seus servos, / e castigado não será quem nele espera. – R.

Evangelho: João 7,1-2.10.25-30

Glória a Cristo, imagem do Pai, / a plena verdade nos comunicai!

O homem não vive somente de pão, / mas de toda palavra da boca de Deus (Mt 4,4). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, 1Jesus andava percorrendo a Galileia. Evitava andar pela Judeia, porque os judeus procuravam matá-lo. 2Entretanto, aproximava-se a festa judaica das Tendas. 10Quando seus irmãos já tinham subido, então também ele subiu para a festa, não publicamente, mas sim como que às escondidas. 25Alguns habitantes de Jerusalém disseram então: “Não é este a quem procuram matar? 26Eis que fala em público e nada lhe dizem. Será que, na verdade, as autoridades reconheceram que ele é o Messias? 27Mas este nós sabemos donde é. O Cristo, quando vier, ninguém saberá donde ele é”. 28Em alta voz, Jesus ensinava no templo, dizendo: “Vós me conheceis e sabeis de onde sou; eu não vim por mim mesmo, mas o que me enviou é fidedigno. A esse, não o conheceis, 29mas eu o conheço, porque venho da parte dele, e ele foi quem me enviou”. 30Então, queriam prendê-lo, mas ninguém pôs a mão nele, porque ainda não tinha chegado a sua hora. – Palavra da salvação.

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Reflexão
 
No Evangelho de hoje, Jesus entra em controvérsia com alguns judeus, entre os quais havia parentes seus de Nazaré, a respeito de sua identidade messiânica, pois muitos afirmavam conhecê-lo, por saberem de onde Ele era; e se sabem a sua origem — concluem entre si —, segue-se que Ele não pode ser o Messias, pois “o Cristo, quando vier, ninguém saberá donde ele é”. Portanto, Jesus dá todos os sinais de não corresponder à imagem de Messias que muitos em Israel se haviam formado: esperavam um Cristo forte, e Jesus se apresenta fraco; queriam um Cristo rico, e o Senhor não passa de um carpinteiro pobre; aspiravam a Cristo político, e Jesus insiste em que o seu Reino não é deste mundo. Mas que não reconheçam em Jesus o Cristo enviado por Deus se deve não apenas aos preconceitos que se tinham imposto, por interpretarem mal e parcialmente as Escrituras, mas também a uma falta de fé que se mascara de “conhecimento” e “piedade”: “O que me enviou é fidedigno. A esse, não o conheceis; mas eu, sim, o conheço”. Porque, com efeito, são muitos que dizem crer em Deus, mas o que têm na verdade é um ídolo, modelado à imagem e semelhança de cada qual: para um, que faz pouco caso do pecado, é um Senhor que perdoa sempre e a ninguém jamais castiga; para outro, que se compraz em remoer os próprios escrúpulos, é um Rei implacável que a ninguém salva e a todos condena; para este, é espécie de gênio mágico cuja razão de ser é fazer nossas vontades; para aquele, enfim, é uma simples ideia, que não tem outro interesse além de ser objeto de estudo e especulação. No entanto, “vós não conheceis a Deus”, diz Jesus, “mas eu, sim, o conheço, porque venho da parte dele, e Ele foi quem me enviou”. E, por não o conhecermos, pretendemos limitá-lo aos nossos conceitos e esperamos que Ele atue segundo a nossa medida, sem admitir que Ele tem todo o direito de nos desconcertar, fazendo a sua, e não a nossa vontade; visitando-nos, não pela fortuna e a saúde, mas pela penúria e a doença; mostrando-nos que o que lhe agrada não são os triunfos e glórias humanas, mas a humildade e a simplicidade de coração. Que este tempo de Quaresma seja para nós um tempo de verdadeira conversão. Abandonemos de uma vez para sempre os falsos ídolos que nos formamos e aos que temos servido como se fôram o Deus verdadeiro, e deixemos que este, que se quis revelar em e por meio de Jesus Cristo, ocupe o reinado que lhe é devido por direito em nossa vida: “Vós não conheceis a Deus; mas eu, sim, o conheço, porque venho da parte dele, e Ele foi quem me enviou”.
 
 
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quinta-feira, 14 de março de 2024

4ª Semana da Quaresma - Escutar para crer.

 Evangelho do dia: reação do povo e dos chefes (Jo 7,40-53) – Oratório São  Luiz – 120 Anos

Exulte o coração que busca a Deus! Procurai o Senhor Deus e seu poder, buscai constantemente a sua face (Sl 104,3s).

Deus sempre quer agir em favor do seu povo, mas muitas vezes este quebra a aliança e se afasta dos ensinamentos e exemplos de seu Filho, que alcança, para aqueles que creem, a salvação e a vida. Reconheçamos nossas infidelidades ao projeto divino e celebremos a Eucaristia dispostos a crer nos ensinamentos de Jesus.

Primeira Leitura: Êxodo 32,7-14

Leitura do livro do Êxodo – Naqueles dias, 7o Senhor falou a Moisés: “Vai, desce, pois corrompeu-se o teu povo, que tiraste da terra do Egito. 8Bem depressa desviaram-se do caminho que lhes prescrevi. Fizeram para si um bezerro de metal fundido, inclinaram-se em adoração diante dele e ofereceram-lhe sacrifícios, dizendo: ‘Estes são os teus deuses, Israel, que te fizeram sair do Egito!'” 9E o Senhor disse ainda a Moisés: “Vejo que este é um povo de cabeça dura. 10Deixa que minha cólera se inflame contra eles e que eu os extermine. Mas de ti farei uma grande nação”. 11Moisés, porém, suplicava ao Senhor seu Deus, dizendo: “Por que, ó Senhor, se inflama a tua cólera contra o teu povo, que fizeste sair do Egito com grande poder e mão forte? 12Não permitas, te peço, que os egípcios digam: ‘Foi com má intenção que ele os tirou, para fazê-los perecer nas montanhas e exterminá-los da face da terra’. Aplaque-se a tua ira e perdoa a iniquidade do teu povo. 13Lembra-te de teus servos Abraão, Isaac e Israel, com os quais te comprometeste por juramento, dizendo: ‘Tornarei os vossos descendentes tão numerosos como as estrelas do céu; e toda esta terra de que vos falei, eu a darei aos vossos descendentes como herança para sempre'”. 14E o Senhor desistiu do mal que havia ameaçado fazer ao seu povo. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 105(106)

Lembrai-vos de nós, ó Senhor, / segundo o amor para com vosso povo!

1. Construíram um bezerro no Horeb / e adoraram uma estátua de metal; / eles trocaram o seu Deus, que é sua glória, / pela imagem de um boi que come feno. – R.

2. Esqueceram-se do Deus que os salvara, / que fizera maravilhas no Egito; / no país de Cam fez tantas obras admiráveis, / no mar Vermelho, tantas coisas assombrosas. – R.

3. Até pensava em acabar com sua raça, / não se tivesse Moisés, o seu eleito, / interposto, intercedendo junto a ele, / para impedir que sua ira os destruísse. – R.

Evangelho: João 5,31-47

Jesus Cristo, sois bendito, / sois o ungido de Deus Pai!

Deus o mundo tanto amou, / que lhe deu seu próprio Filho, / para que todo o que nele crer / encontre vida eterna (Jo 3,16). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, disse Jesus aos judeus: 31“Se eu der testemunho de mim mesmo, meu testemunho não vale. 32Mas há um outro que dá testemunho de mim, e eu sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro. 33Vós mandastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade. 34Eu, porém, não dependo do testemunho de um ser humano. Mas falo assim para a vossa salvação. 35João era uma lâmpada que estava acesa e a brilhar, e vós com prazer vos alegrastes por um tempo com a sua luz. 36Mas eu tenho um testemunho maior que o de João: as obras que o Pai me concedeu realizar. As obras que eu faço dão testemunho de mim, mostrando que o Pai me enviou. 37E também o Pai que me enviou dá testemunho a meu favor. Vós nunca ouvistes sua voz nem vistes sua face, 38e sua palavra não encontrou morada em vós, pois não acreditais naquele que ele enviou. 39Vós examinais as Escrituras, pensando que nelas possuís a vida eterna. No entanto, as Escrituras dão testemunho de mim, 40mas não quereis vir a mim para ter a vida eterna! 41Eu não recebo a glória que vem dos homens. 42Mas eu sei que não tendes em vós o amor de Deus. 43Eu vim em nome do meu Pai, e vós não me recebeis. Mas, se um outro viesse em seu próprio nome, a este vós o receberíeis. 44Como podereis acreditar, vós que recebeis glória uns dos outros e não buscais a glória que vem do único Deus? 45Não penseis que eu vos acusarei diante do Pai. Há alguém que vos acusa: Moisés, no qual colocais a vossa esperança. 46Se acreditásseis em Moisés, também acreditaríeis em mim, pois foi a respeito de mim que ele escreveu. 47Mas se não acreditais nos seus escritos, como acreditareis então nas minhas palavras?” – Palavra da salvação.

Reflexão
 
As obras e sinais que Deus realiza exteriormente têm por finalidade despertar nossa atenção para o que Ele, interiormente, está o tempo todo a nos dizer; são, nesse sentido, uma alerta mais clamoroso, destinado a dispor nosso espírito a escutar a sua voz, suave e silenciosa, que nos fala ao coração. Por isso, Jesus repreende hoje os judeus incrédulos, que rejeitam o testemunho evidente dos milagres porque, duros de alma, estão surdos à palavra do Pai: "Vós nunca ouvistes sua voz", diz o Senhor, "nem vistes sua face, e sua palavra não encontrou morada em vós, pois não acreditais nAquele que Ele enviou." Este mesmo princípio se aplica, por exemplo, ao caso das Escrituras: se não escutarmos o verbo interior que, em sussurros, Deus comunica ao nosso coração, de nada nos adiantará ler e reler a Bíblia, dada aos homens como testemunho exterior, acessível a todos, do Verbo encarnado. O Evangelho que a Igreja nos propõe nesta quinta-feira de Quaresma vem, pois, reforçar a necessidade de pedirmos sempre mais fé, de rogarmos a Deus que nos dê a graça de crer sem ver, de ouvir sem sentir, de amar sem nada esperar. Ouçamos a voz tão clara quanto silenciosa do Cristo e, como homens maduros na fé, deixemos que Ele transforme nossas vidas até a raiz, a fim de sermos configurados às suas dores e, um dia, à glória de sua Ressurreição.


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quarta-feira, 13 de março de 2024

4ª Semana da Quaresma - A autoridade do filho de Deus.

 Jesus de Nazaré (“Jesus of Nazareth”) – de Franco Zefirelli - Eu & a Telona

Primeira Leitura (Is 49,8-15)

Leitura do Livro do Profeta Isaías.

Isto diz o Senhor: “Eu atendo teus pedidos com favores e te ajudo na obra de salvação; preservei-te para seres elo de aliança entre os povos, para restaurar a terra, para distribuir a herança dispersa; para dizer aos que estão presos: ‘Saí!’ e aos que estão nas trevas: ‘Mostrai-vos’. E todos se alimentam pelas estradas e até nas colinas estéreis se abastecem; 10 não sentem fome nem sede, não os castiga nem o calor nem o sol, porque o seu protetor toma conta deles e os conduz às fontes d’água.

11 Farei de todos os montes uma estrada e os meus caminhos serão nivelados. 12 Eis que estão vindo de longe, uns chegam do Norte e do lado do mar, e outros, da terra de Sinim”.

13 Louvai, ó céus, alegra-te, terra; montanhas, fazei ressoar o louvor, porque o Senhor consola o seu povo e se compadece dos pobres. 14 Disse Sião: “O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-se de mim!” 15 Acaso pode a mulher esquecer-se do filho pequeno, a ponto de não ter pena do fruto de seu ventre? Se ela se esquecer, eu, porém não me esquecerei de ti.

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Responsório Sl 144(145),8-9.13cd-14.17-18 (R. 8a)

— Misericórdia e piedade é o Senhor.

— Misericórdia e piedade é o Senhor.

— Misericórdia e piedade é o Senhor, ele é amor, é paciência, é compaixão. O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda criatura.

— O Senhor é amor fiel em sua palavra, é santidade em toda obra que ele faz. Ele sustenta todo aquele que vacila e levanta todo aquele que tombou.

— É justo o Senhor em seus caminhos, é santo em toda obra que ele faz. Ele está perto da pessoa que o invoca, de todo aquele que o invoca lealmente.

Evangelho (Jo 5,17-30)

— Jesus Cristo, sois bendito, sois o ungido de Deus Pai!

— Eu sou a ressurreição, eu sou a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. (Jo 11,25a.26)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.

— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 17 Jesus respondeu aos judeus: “Meu Pai trabalha sempre, portanto também eu trabalho”. 18 Então, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque, além de violar o sábado, chamava Deus o seu Pai, fazendo-se, assim, igual a Deus.

19 Tomando a palavra, Jesus disse aos judeus: “Em verdade, em verdade vos digo, o Filho não pode fazer nada por si mesmo; ele faz apenas o que vê o Pai fazer. O que o Pai faz, o Filho o faz também. 20 O Pai ama o Filho e lhe mostra tudo o que ele mesmo faz. E lhe mostrará obras maiores ainda, de modo que ficareis admirados.

21 Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá a vida, o Filho também dá a vida a quem ele quer. 22 De fato, o Pai não julga ninguém, mas ele deu ao Filho o poder de julgar, 23 para que todos honrem o Filho, assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho, também não honra o Pai que o enviou.

24 Em verdade, em verdade vos digo, quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, possui a vida eterna. Não será condenado, pois já passou da morte para a vida. 25Em verdade, em verdade, eu vos digo: está chegando a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e os que a ouvirem viverão.

26 Porque, assim como o Pai possui a vida em si mesmo, do mesmo modo concedeu ao Filho possuir a vida em si mesmo. 27 Além disso, deu-lhe o poder de julgar, pois ele é o Filho do Homem. 28 Não fiqueis admirados com isso, porque vai chegar a hora em que todos os que estão nos túmulos ouvirão a voz do Filho e sairão: 29 aqueles que fizeram o bem, ressuscitarão para a vida; e aqueles que praticaram o mal, para a condenação.

30 Eu não posso fazer nada por mim mesmo. Eu julgo conforme o que escuto, e meu julgamento é justo, porque não procuro fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.

Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

Reflexão

Aquele que era "antes de todas as coisas" (Cl 1.17), entra no mundo com genealogia humana. Penetra na história dos homens em uma seqüência de gerações que vai até o primeiro homem. Assim tornou-se como um de nós. Foi gerado no seio de uma mulher simples por uma semente que veio dos céus. A única semente que produziu a vida: "a vida estava nele e a vida era a luz dos homens" (Jo 1.4). Veio para os seus, mas os seus se questionam e fazem mil e uma interrogações sobre a sua ação entre eles. É o que acontece, neste texto de hoje. Por Jesus, ter curado um homem no sábado e mandado carregar seu leito, é interrogado e julgado.

E que a doutrina da Lei e do Templo qualificava de pecadores a todos os que estivessem doentes e o que é pior não admitia que alguém pudesse ser filho de Deus. É por isso que em nome da Lei negavam a origem divina de Jesus. Mas Ele insistia em afirmar que é Filho de Deus. Ele na verdade é filho do Pai carinhoso e misericordioso e autor da vida. Jesus continua a obra criadora do Pai. Esta continuidade consiste na libertação dos oprimidos e na restauração da vida a todos os necessitados. Jesus diz que nada faz sem que não tenha ordem para o fazer. De onde vem a ordem? De Deus.

O Filho só faz aquilo que viu seu Pai fazendo. E para aqueles que tiverem fé, verão coisas maiores. Porque com a sua morte e ressurreição os há-de capacitar a ponto de terem poder sobre víboras e serpentes, se beberem ou comerem algum veneno não lhes fará mal alguns. Pois assim como Jesus está numa contínua relação amorosa com Deus se Pai, que faz as obras nele, assim também o fará quem n’Ele e com Ele estabelecer o mesmo vínculo. E mais com Ele e n’Ele tudo podemos pois ele nos fortalece em tudo.

Graças à Sua Paixão Morte e Ressurreição nós somos mais do que vencedores. É o que São Paulo diz para nós.


Fonte Padre BANTU SAYLA