quinta-feira, 31 de março de 2011

A EXPERIÊNCIA COM O DEUS VIVO.


Meus ouvidos tinham escutado falar de ti, mas agora meus olhos te viram” (Jó 42,5).

Essa foi a resposta de Jó a Deus após sua experiência com a presença divina. Jó havia sido provado duramente por Deus. Em um só dia, viu seus filhos e escravos mortos, perdeu todos os seus rebanhos pela ação de salteadores, assassinos, furacões, relâmpagos... Perdeu até mesmo a saúde...

Diz a Bíblia que durante todo o seu sofrimento Jó permaneceu fiel, não cometeu pecado algum nem proferiu contra Deus qualquer blasfêmia. No capítulo 38 do livro de Jó lemos que do seio da tempestade Deus falou a Jó e, à medida que Deus fala, o sol vai clareando as suas trevas. Deus fala no íntimo de Jó e a experiência da sua presença santa o faz exclamar: “Meus ouvidos tinham escutado falar de ti, mas agora meus olhos te viram”.

A experiência da presença é tão forte que ele diz: “meus olhos te viram”. E, diante da santidade de Deus, reconhece o pecado e se retrata – não por ter cometido crimes, mas porque diante da santidade de Deus, todos somos injustos e pecadores – e penitencia-se no pó e na cinza. Um novo tipo de arrependimento, experimenta o coração de Jó movido por íntima e profunda compulsão interior de considerar os seus atos diante da grandeza e da majestade divina. Jó silencia. É Deus quem vai justificá-lo. O Senhor repreende os amigos e pede que Jó interceda por aqueles que tornaram sua provação mais espinhosa. Jó, o pobre de Javé, o mais necessitado de intercessão, aprende a interceder na sua pobreza e, diz a Bíblia, é justamente enquanto ele intercede por seus amigos que o Senhor lhe restitui tudo o que ele havia perdido, restituindo-lhe em dobro. Sim, verdadeiramente a cura vem pela nossa disposição em entrar em unidade com todos; essa é a obra do Espírito Santo na vida de Jó e na nossa. Jó nos ensina que a experiência pessoal supera qualquer conhecimento intelectual.

Outra grande figura do Antigo Testamento, o rei Davi, tem algo a nos ensinar sobre isso. O maior desejo de Davi era ver Deus em toda a sua glória, por isso queria construir-lhe um templo, mas a glória divina foi-lhe manifestada diante da visita da misericórdia, quando matara Urias para ficar com Betsabé (cf. Sl 50). Essa contemplação foi esperada também pelo profeta Simeão, no Templo. Ao receber Jesus no colo, exclama com toda a alma: “Deixai agora vosso servo ir em paz, conforme prometestes, ó Senhor. Pois meus olhos viram vossa salvação, que preparastes ante a face das nações!” (Lc 2,29-30). Diante de Jesus menino, o velho Simeão se dá conta de que vivera para aquele momento e, portanto, sua vida estava completa. Nada mais lhe faltava.

Como o olhar de Deus cruzou com o de Jó e o seu ser iluminou-se, assim foi com Maria Madalena, quando sentiu-se pela primeira vez olhada como pessoa e não como prostituta; o olhar de Jesus era cheio de misericórdia, como o foi para Pedro na hora da negação, e o foi para a mulher adúltera: “Nem eu te condeno, vai e não tornes a pecar”. É o único olhar que verdadeiramente transforma uma vida. Esse amor espera ser descoberto por nossos olhos em qualquer situação. Seja qual for o momento que atravessamos, se nos restam ainda anos, meses, dias ou apenas horas de vida. Um dos ladrões na cruz – depois disso chamado de “Bom ladrão” –, ao contemplar o Cristo chagado, servo sofredor, “roubou o céu de Jesus” por seu olhar de fé, reconhecendo naquele “Homem das dores” o Rei de Israel, cujo Reino não é deste mundo, pois os dois estavam prestes a morrer. Tomé viu as chagas gloriosas do Ressuscitado que passou pela Cruz e tornou-se o apóstolo das Índias.

Foi olhando a glória de Deus no céu que Estêvão pôde ser fiel no martírio. Foi pelo estrondoso olhar de misericórdia sobre Saulo, quando ia prender os cristãos em Damasco, que ele ficou realmente cego e, após ser iluminado por essa nova luz, tornou-se o “apóstolo dos gentios.” A Santa Teresa de Ávila foi dada a graça de olhar para o lugar que o demônio lhe havia preparado no inferno e o que lhe era reservado no céu, por Deus. Com essa visão, escolheu, é claro, o lugar celeste e empenhou-se para “conquistá-lo” para si e para a humanidade. Nesta sociedade incrédula, consumista, materialista, secularizada, que perdeu o sentido do sagrado, somente a experiência do olhar misericordioso de Jesus atingindo o olhar pobre e sedento de cada homem pode mudar o mundo.

O mundo que erra muito acerca do conhecimento de Deus, que tem seu olhar voltado para a grandeza e a beleza da criação – em lugar da grandeza e beleza do Criador – só poderá redirecionar seu olhar através do profundo poder transformador da misericórdia. A recente canonização de Irmã Faustina, apóstola da misericórdia neste nosso século, é uma indicação segura de que a Igreja entra num novo kairós em que o novo pentecostes nos leva ao coração misericordioso de Jesus e à adoração. É um tempo de graça em que se proclama Teresinha de Jesus Doutora da Igreja e, trilhando sua pequena via de abandono, conheceremos mais rapidamente a misericórdia e depressa aprenderemos a adorar.

É importante nos alegrar pelas sementes que morreram e já começam a florescer nesta nova primavera da Igreja, e mais ainda pelo que virá... Pois quanto mais maldade, injustiça e dureza de coração se vê, maiores provisões de graça e misericórdia caem do coração de Cristo para renovar a humanidade. Assim, rezamos para que não tarde o dia em que todos proclamaremos, em uníssono: “Agora, viram-te meus olhos”!

Cassiano Rocha Azevedo Missionário da Comunidade Católica Shalom


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por Revista Shalom Maná - Ed. Shalom

LITURGIA DIÁRIA - O MAIOR DOS MANDAMENTOS


Primeira Leitura: Oséias 14, 2-10


III SEMANA DA QUARESMA (roxo - ofício da III semana)




Leitura da profecia de Oseias - 2Muni-vos de palavras (de súplicas) e voltai ao Senhor. Dizei-lhe: Perdoai todos os nossos pecados, acolhei-nos favoravelmente. Queremos oferecer em sacrifício a homenagem de nossos lábios. 3O assírio não nos salvará, não mais montaremos nossos cavalos, e não mais teremos como Deus obra alguma de nossas mãos, porque só junto de vós encontra o órfão compaixão. 4Curarei a sua infidelidade, amá-los-ei de todo o coração, (porque minha cólera apartou-se deles). 5Serei para Israel como o orvalho; ele florescerá como o lírio, e lançará raízes como o álamo. 6Seus galhos estender-se-ão ao longe, sua opulência igualará à da oliveira e seu perfume será como o odor do Líbano. 7(Os de Efraim) virão sentar-se à sua sombra. Cultivarão o trigo. Crescerão com a vinha. E serão famosos como o vinho do Líbano. 8Que terá ainda Efraim de comum com os ídolos? Eu mesmo, que o afligi, torná-lo-ei feliz. Eu sou como o cipreste sempre verde: graças a mim é que produzes fruto. 9Quem é sábio atenda a estas coisas! Que o homem inteligente reflita nelas, porque os caminhos do Senhor são retos. Os justos andam por eles, mas os pecadores neles tropeçam. - Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial(80)


REFRÃO: Ouve, meu povo, porque eu sou o teu Deus.



1. uma lei que foi imposta a José, quando ele entrou em luta com o Egito. Eis que ouviu uma língua desconhecida: Aliviei os seus ombros de fardos, já não carregam cestos as suas mãos, na tribulação gritaste para mim e te livrei; da nuvem que troveja eu respondi, junto às águas de Meribá eu te provei. - R.


2. na tribulação gritaste para mim e te livrei; da nuvem que troveja eu respondi, junto às águas de Meribá eu te provei. Escuta, ó povo, a minha advertência: Possas tu me ouvir, ó Israel! - R.



3. Não haja em teu meio um deus estranho; nem adores jamais o deus de outro povo. Sou eu, o Senhor, teu Deus, eu que te retirei do Egito; basta abrires a boca e te satisfarei. - R.


Evangelho: Marcos 12, 28-34



Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 28Achegou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, vendo que lhes respondera bem, indagou dele: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? 29Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é este: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor; 30amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito e de todas as tuas forças. 31Eis aqui o segundo: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Outro mandamento maior do que estes não existe. 32Disse-lhe o escriba: Perfeitamente, Mestre, disseste bem que Deus é um só e que não há outro além dele. 33E amá-lo de todo o coração, de todo o pensamento, de toda a alma e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, excede a todos os holocaustos e sacrifícios. 34Vendo Jesus que ele falara sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do Reino de Deus. E já ninguém ousava fazer-lhe perguntas. - Palavra da salvação. catolicanet.com


Hoje, a liturgia da quaresma nos apresenta o amor como a raiz mais profunda da auto-comunicação de Deus: «A alma não pode viver sem amor, sempre quer amar alguma coisa, porque está feita de amor, que eu por amor a criei» (Santa Catalina de Siena). Deus é amor todo poderoso, amor até o extremo, amor crucificado: «É na cruz onde se pode contemplar esta verdade» (Bento XVI). Este Evangelho não é somente uma auto-revelação de como Deus mesmo —em seu Filho— quer ser amado.


Com um mandamento de Deuteronômio: «Portanto, ame a Javé seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma e com toda a sua força» (Dt 6,5) e outro do Levítico: «Não seja vingativo, nem guarde rancor contra seus concidadãos. Ame o seu próximo como a si mesmo. Eu sou Javé» (Lev 19,18), Jesus leva ao extremo a plenitude da Lei. Ele ama o Padre como Deus verdadeiro nascido do Deus verdadeiro e, como Verbo feito homem, cria a nova Humanidade dos filhos de Deus, irmãos que se amam com o amor do Filho. O chamado de Jesus à comunhão e à missão pede uma participação em sua mesma natureza, é uma intimidade na que devemos nos introduzir. Jesus não reivindica nunca ser a meta de nossa oração e amor. Agradece ao Pai y vive continuamente em sua presença.


O mistério de Cristo atrai ao amor a Deus —invisível e inacessível— enquanto que, ao mesmo tempo, é caminho para reconhecer, verdade no amor e vida para o irmão visível e presente. O mais valioso não são as oferendas queimadas no altar, e sim Cristo que queima como único sacrifício y oferenda para que sejamos Nele um só altar, um único amor. Esta unificação de conhecimento e de amor entrelaçada pelo Espírito Santo permite que Deus ame em nós e utilize todas nossas capacidades e nos conceda poder amar como Cristo, com seu mesmo amor filial e fraterno. O que Deus uniu no amor, o homem não o pode separar. Esta é a grandeza de quem se submete ao Reino de Deus: o amor a si mesmo já não é obstáculo e sim êxtase para amar ao único Deus e a uma multidão de irmãos.


evangeli.net

A PRESENÇA REAL DE JESUS NA EUCARISTIA.

Os primeiros cristãos acreditavam na Presença Real


"Assim então, irmãos, ficai firmes e conservai as tradições que vos foi ensinado por nós, de viva voz ou por carta." (2 Tes 2,15)


"E que você tem escutado de mim ante muitas testemunhas, confia a homens de confiança, capazes de ensinar também aos outros." (2 Tim 2,2)


Muitos Católicos e não-católicos pensam que a Igreja Católica Romana inventou a doutrina da transubstanciação. Transubstanciação significa que o pão e vinho apresentados no altar na Missa, torna-se o Corpo e Sangue de Cristo, pela força do Espírito Santo, na consagração. A consagração é o momento em que o padre chama a presença do Espírito Santo para mudar o pão e vinho no Corpo e Sangue de Cristo. Entretanto, o Corpo e Sangue mantém a aparência de pão e vinho. A Igreja Católica Romana (Igreja Católica de Rito Latino, e outras Igrejas Católicas em comunhão com o Roma) acredita que a Eucaristia é a Presença Real de Cristo Jesus, corpo, sangue, alma e divindade.


As Igrejas Ortodoxas e a maioria das outras Igrejas do Oriente assim também acreditam. Anglicanos [Episcopais] e outras denominações Protestantes têm interpretado a presença de Cristo na celebração do Senhor ou Eucaristia como sendo uma presença unicamente espiritual, ou simbólica, ou não-real. Uma leitura atenta aos escritos dos primeiros cristãos, facilmente comprovará que toda a Igreja, ou seja, os cristãos, pregavam a presença Real de Jesus Cristo na Eucaristia. Isto assombra muita gente, mas é o relato de séculos de História. Até o ano 500 depois de Cristo, nenhum cristão negou a Presença Real de Jesus Cristo na Sagrada Eucaristia. Não existem debates até esta data.


Após esta data, movidos por impulsos humanos, alguns negaram - como fazem hoje os protestantes - a Presença Real, defendida pela própria Palavra de Deus Escrita: A Bíblia. Peço a Deus que este texto apologético traga as luzes do alto sobre os católicos que estão afastados da Eucaristia, fazendo com que reconheçam o Mestre no Sagrado Sacramento do altar. Que todos se deixem levar pelo Amor de Deus, pela Fé que tem fielmente sido transmitida por dois mil anos. Peço que o Espírito Santo conceda a você a Fé para crer em Nosso Senhor Jesus Cristo no Sacramento do altar, e que o motive a receber Jesus na Missa e a visitá-lo no sacrário. Ele está pacientemente esperando por você, porque ele o ama e deseja que você venha para a Casa do Pai. Também peço para que este texto apologético motive os não-católicos a se perguntar sobre o Sacramento do altar, para que possam aprender mais sobre o Pão Vivo descido dos céus. Nosso Senhor Jesus Cristo está Realmente presente entre nós, em sua Carne e Sangue, na Sagrada Eucaristia. Peço a Deus que um dia (muito brevemente) vocês, irmãos e irmãs, sejam capazes de experimentar a prazer de receber Jesus na Missa.


"A taça de benção que nós abençoamos, não é comunhão no sangue de Cristo? O pão que nós partimos, não é comunhão no corpo de Cristo? Porque há um único pão, nós somos muitos em um só corpo, porque nós todos participamos do único pão." (1 Cor 10,16-17)


"Eu recebi do Senhor o que eu também vos transmiti, que o Senhor Jesus na noite quando ele foi traído pegou o pão, e tendo dado graças, ele partiu-o e disse: 'Isto é meu corpo, que e dado por vós; fazei isto em minha memória'. Do mesmo modo, após a ceia, tomou o cálice e disse: 'Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; toda vez que o beberdes, fazei-o em minha memória.' Toda vez que comeis deste pão e bebeis deste cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha. Quem quer que, portanto, come o pão ou bebe o cálice do Senhor indignamente, peca contra o corpo e sangue do Senhor." (1 Cor 11,23-27)


Somente estas duas passagens bastariam para firmar a Doutrina Católica da Presença Real de Cristo Jesus na Eucaristia, mas vou expor outros escritos (atestados pela arqueologia como autênticos) dos primeiros cristãos.


*** algumas traduções podem ser diferentes, mas o conteúdo é o mesmo

*** *** comentários estão entre colchetes [comentário]***


O DIDAQUÉ

O Didaqué, ou "Os Ensinamentos dos Doze Apóstolos" é um manuscrito do primeiro século e muito utilizado no primeiro e segundo séculos por bispos e padres na instrução dos catecúmenos. Muitos escritores cristãos fazem referencia a este escrito, tornando-o de grande valia. "Não deixes que ninguém coma ou beba da Eucaristia, mas apenas o batizado no nome do Senhor; para isto, também se aplica o dito pelo Senhor: ' não dê aos cães o que é sagrado'". (Cap. 9,5) "No dia próprio do Senhor, reúna-se em comum para partir o pão e oferecer ações de graças; mas primeiro confessa seus pecados, de modo que seu sacrifício possa ser puro. Entretanto, ninguém que discutiu com seu irmão pode participar do encontro, até que estejam reconciliados; seu sacrifício não deve ser aceito. Para isto nós temos o dito do Senhor: 'Em todo lugar e tempo oferece me um sacrifício puro; Eu sou um Rei poderoso, diz o Senhor; e meu Nome espalha terror dentre as nações.'" Cap 14.


SÃO CLEMENTE DE ROMA

São Clemente foi o terceiro sucessor de Pedro como Bispo de Roma. "Sendo evidentes todas essas coisas e tendo nós sondado as profundezas do conhecimento de Deus [cf Rom 11,33; 1Cor 2,10], temos que realizar segundo a ordem tudo quanto o Senhor nos mandou cumprir nos tempos determinados: Mandou-nos oferecer os sacrifícios e realizar o culto [é a primeira vez que se grafa o termo Liturgia = ?lait? ? do grego = Povo; ?ergia? ? do grego = Ação], não ao acaso ou sem ordem, mas em tempos e horas marcadas [Vê-se a organização litúrgica da Igreja primitiva].


Onde e por que ministros hão de ser feitos, foi Ele quem o fixou por sua decisão altíssima, para que tudo se fizesse santamente e assim fosse aceito por sua vontade. Os que por conseguinte fazem as suas oferendas em tempos determinados são-lhe agradáveis e abençoados, pois seguem as determinações do Senhor e não pecam. Pois ao sumo sacerdote foram confiadas funções particulares e aos sacerdotes um lugar próprio, aos levitas serviços determinados; o leigo [leigo, pela primeira vez empregado na língua grega, já significa ?o homem que pertence a Deus?] está ligado pelas ordenações destinadas aos leigos."


São Clemente, bispo de Roma, ano 80, aos Coríntios "E não será pequena a nossa falta, se depusermos do episcopado aos que ofereceram, de maneira irrepreensível e santa [cf 1Tess 2,10] os sacrifícios [Eucaristia (cf Cartas de Santo Inácio de Antioquia)]. Felizes os presbíteros que nos precederam na caminhada e tiveram um fim carregado de frutos e de perfeição. Não têm a temer que alguém os remova do lugar para eles preparado [fina ironia do autor contra os que tentaram depor presbíteros em Corinto]." Carta aos Coríntios [44,4]


SANTO INÁCIO DE ANTIOQUIA

Santo Inácio foi o terceiro bispo de Antioquia, sendo sucessor de Santo Evodius, que foi o sucessor imediato de São Pedro. Ele escutou São João a pregar, quando ele era um menino, e conheceu São Policarpo, bispo de Esmirna. Sete de suas cartas foram escritas para várias comunidades cristãs estão preservadas. Santo Inácio foi preso, acorrentado e conduzido à Roma, onde ele recebeu coroa do mártir como ele foi jogado para feras na arena. "Compreenda-o quem for capaz de o compreender. Ninguém se ufane de sua posição, pois o essencial é a fé e o amor, e nada se lhes prefira. Considerai bem como se opõem ao pensamento de Deus os que se prendem a doutrinas heterodoxas a respeito da graça de Jesus Cristo, vinda a nós. Não lhes importa o dever de caridade, nem fazem caso da viúva e do órfão, nem do oprimido, nem do prisioneiro ou do liberto, nem do que padece fome ou sede. Abstêm-se eles da Eucaristia e da oração, por­que não reconhecem que a Eucaristia é a carne de nosso Salvador Jesus Cristo, carne que padeceu por nos­sos pecados e que o Pai, em Sua bondade, ressuscitou.


Os que recusam o dom de Deus, morrem disputando". (Carta aos Esmirnenses, parágrafo 6 e 7, cerca de 80-110 d.C.) "Sigam todos ao bispo, como Jesus Cristo ao Pai; sigam ao presbitério como aos apóstolos. Acatem os diáconos, como à lei de Deus. Ninguém faça sem o bispo coisa alguma que diga respeito à Igreja. Por legítima seja tida tão-somente a Eucaristia, feita sob a presidência do bispo ou por delegado seu. Onde quer que se apresente o bispo, ali também esteja a comunidade, assim como a presença de Cristo Jesus também nos assegura a presença da Igreja católica. Sem o bispo, não é permitido nem batizar nem celebrar o ágape. Tudo, porém, o que ele aprovar será também agradável a Deus, para que tudo quanto se fizer seja seguro e legítimo." parágrafo 8. "Na graça que procede do Nome, vos reunis na mesma fé e em Jesus Cristo, que descende segundo a carne de Davi, filho do homem e filho de Deus, para obedecermos ao bispo e ao presbitério numa concórdia indivisível, partindo um mesmo pão, que é o remédio da imortalidade, antídoto contra a morte, mas vida em Jesus Cristo para sempre". Carta aos Efésios, parágrafo 20, cerca de 80-110 d.C. "Não me agradam comida passageira, nem prazeres desta vida. Quero pão de Deus que é carne de Jesus Cristo, da descendência de Davi, e como bebida quero o sangue d?Ele, que é Amor incorruptível".


Carta aos Romanos, parágrafo 7, cerca de 80-110 d.C. "Apartai-vos das ervas daninhas que Jesus Cristo não cultiva, por não serem plantação do Pai.Não que tenha encontrado em vosso meio discórdias, pelo contrário encontrei um povo purificado. Na verdade, o que são propriedade de Deus e de Jesus Cristo estão com o Bispo, e todos os que se converterem e voltarem à unidade da Igreja, pertencerão também a Deus, par terem uma vida segundo Jesus Cristo. Não vos deixeis iludir, meus irmãos. Se alguém seguir a um cismático, não herdará o reino de Deus se alguém se guiar por doutrina alheia, não se conforma com a Paixão de Cristo. Sede solícitos em tomar parte numa só Eucaristia, porquanto uma é a carne de Nosso Senhor Jesus Cristo, um o cálice para a união com Seu sangue; um o altar, assim como também um é o Bispo, junto com seu presbitério e diáconos, aliás meus colegas de serviço. E isso, para fazerdes segundo Deus o que fizerdes" . (Carta aos Filadelfienses, parágrafos 3 e 4, 110 d.C.)


SÃO JUSTINO, MÁRTIR

São Justino, Mártir, nasceu pagão, mas se converteu ao cristianismo depois de estudar filosofia. Ele foi um escritor prolífero e muitos na Igreja o consideravam o maior apologeta - defensor da fé - do segundo século. Ele foi degolado com seis de seus companheiros entre os anos de 163 e 167. "Esta comida nós chamamos Eucaristia, da qual ninguém é permitido participar, exceto o que creia que as coisas nós ensinamos são verdadeiras, e tenha recebido o batismo para perdão de pecados e renascimento, e que vive como Cristo nos ordenou. Nós não recebemos essas espécies como pão comum ou bebida comum; mas como Cristo Jesus nosso Salvador, que se encarnou pela Palavra de Deus, se fez carne e sangue para nossa salvação, assim também nós temos ensinado que o alimento consagrado pela Palavra da oração que vem dele, de que a carne e o sangue são, por transformação, a carne e sangue daquele Jesus Encarnado." - (Primeira Apologia", Cap. 66, cerca de 148-155 d.C.) "Deus tem portanto anunciado que todos os sacrifícios oferecidos em Seu Nome, por Jesus Cristo, que está, na Eucaristia do Pão e do Cálice, que são oferecidos por nós cristãos em toda parte do mundo, são agradáveis a Ele." - (Diálogo com Trifão, Cap. 117, cerca de 130-160 d.C.) "Outrossim, como eu disse antes, concernente os sacrifícios que vocês, naquele tempo, ofereciam, Deus fala através de Malaquias, um dos doze, como segue: 'Eu não tenho nenhum prazer em você, diz o Senhor; e Eu não aceitarei os sacrifícios de suas mãos; do nascer do sol até seu ocaso, meu Nome tem sido glorificado dentre os gentios; e em todo o lugar incenso é oferecido em meu Nome, e uma oferta pura: Grande tem sido meu nome dentre os gentios, diz o Senhor; mas você O profana.' Assim são os sacrifícios oferecidos a Ele, em todo lugar, por nós os gentios, que são o Pão da Eucaristia e igualmente a taça da Eucaristia, que Ele falou naquele tempo; e Ele diz que nós glorificamos Seu nome, enquanto vocês O profanam." (Diálogo com Trifão, [41, 8-10])


SANTO IRINEU DE LIÃO

Santo Irineu foi o sucessor de São Potinus, sendo segundo bispo de Lion em 177. Muito jovem ele estudou sob São Policarpo. Considerado, um dos grandes teólogos do segundo século, Santo Irineu melhor, por seu conhecimento, para refutar as heresias dos gnósticos. declarou o cálice, uma parte de criação, por ser seu próprio Sangue, pelo qual faz nosso sangue fluir; e o pão, uma parte de criação, ele estabeleceu como seu próprio Corpo, pelo qual Ele completa nossos corpos." (Santo Irineu de Lião, Contra Heresias, 180 d.C.)

"Assim então, se a taça misturada e o pão fabricado recebem a Palavra de Deus e tornam-se Eucaristia, que é dizer, o Sangue e Corpo de Cristo, que fortifica e reconstrói a substância de nossa carne, como podem essas pessoas dizer que a carne é incapaz de receber o presente de Deus que é a vida eterna, quando isto é feito pelo Sangue e Corpo de Cristo, que são Seu membro? Como o apóstolo abençoado diz em sua carta aos Efésios, 'Nós somos membros de Seu Corpo, de sua carne e de seus ossos' (Ef 5,30). Ele não está falando de forma 'espiritual' e de ' homem invisível', 'um espírito não tem carne e ossos' (Lc 24,39).

Não, ele está falando do organismo possuído por um ser humano real, composto de carne e nervos e esqueleto. Isto é este que é nutrido pela taça que é Seu Sangue, e é fortificado pelo pão que é Seu Corpo. O talo da vinha toma raiz na terra e futuramente dá frutos, e 'o grão de trigo cai na terra' (Jo 12,24), dissolve, ascende outra vez, multiplicado pelo Espírito de Deus, e finalmente depois é processando, é colocado para uso humano. Esses dois então recebe a Palavra de Deus e torna-se Eucaristia, que é o Corpo e Sangue de Cristo." (Cinco Livros = Desmascarando e Refutando a Falsidade)

"Somente como o pão que vem da terra, tendo recebido a invocação de Deus, não é mais pão comum, mas Eucaristia, consistindo de duas realidades, divina e terrestre, assim nossos corpos, tendo recebidos a Eucaristia, não são mais corruptíveis, porque eles têm a esperança da ressurreição." - "Cinco Livros = Desmascarando e Refutando a Falsidade - especificamente a Gnose". Livro 4,18; 4-5, cerca de 180 d.C.


SÃO CLEMENTE DE ALEXANDRIA

São Clemente de Alexandria estudou sob Pantaenus. Ele mais tarde o sucedeu como o diretor da escola de catecúmenos em Alexandria, Egito por volta do ano 200. "O Sangue do Senhor, realmente, é duplo. Há Seu Sangue corpóreo, por que nós somos redimidos da corrupção; e Seu Sangue espiritual, com que nós somos ungido. Que significa: beber o Sangue de Jesus é compartilhar sua imortalidade. O vigor da Palavra é o Espírito somente como o sangue é o vigor do corpo. Do mesmo modo, como vinho é misturado com água, assim é o Espírito com o homem. O Único, o Vinho e Água nutrido na fé, enquanto o outro, o Espírito, conduzindo-nos para a imortalidade. A união de ambos, entretanto, - da bebida e da Palavra, - é chamada Eucaristia, digna de louvor e presente excelente.

Aqueles que partilham disto na fé são santificados no corpo e na alma. Pela vontade do Pai, a mistura divina, homem, está misticamente unida ao Espírito e à Palavra." (O Instrutor das Crianças". [2,2,19,4] + - 202.) "A Palavra é tudo para uma criança: ambos Pai e Mãe, ambos Instrutor e Enfermeira. 'Comam minha Carne,' Ele diz, 'e Bebam meu Sangue.' O Senhor nos nutre com esses nutrientes íntimos. Ele nos entrega Sua Carne, e nos dá Seu Sangue; e nada é escasso para o crescimento de Suas crianças. Oh mistério incrível!". (O Instrutor das Crianças [1,6,41,3] + - 202.)


SÃO CIPRIANO DE CARTAGO

São Cipriano de Cartago convertido do paganismo por volta do ano 246. Logo depois, ele aspirou ao presbiterado e logo em seguida foi ordenado bispo de Cartago. Ele foi degolado por causa da Fé no ano 258. Assim ele foi o primeiro bispo Africano a ser martirizado. "Achas tu que alguém pode afastar-se da Igreja, fundar, a seu arbítrio, outras sedes e moradias diversas e ainda perseverar na vida? Ouve o que foi dito a Raabe, na qual era prefigurada a Igreja: ?Recolhe teu pai, tua mãe, teus irmãos e toda a tua família junto de ti, na tua casa, e qualquer um que ouse sair fora da porta da tua casa, será ele próprio culpado da sua perda? (Jos 2,18-19). Igualmente o sacramento da Páscoa [antiga], como lemos no Êxodo, exigia que o cordeiro, morto como figura de Cristo, fosse comido numa só casa. Eis as palavras de Deus: ?Seja comido numa só casa, não jogueis fora da casa carne alguma dele? (Ex 12,46). A carne de Cristo, o Santo do Senhor [?Sanctum Domini? O Santo do Senhor ? era como os primeiros cristãos chamavam a Eucaristia ? O Corpo e Sangue de Cristo Jesus], não pode ser jogado fora. Para os que nele crêem, não há outra casa a não ser a única Igreja". ("A Unidade da Igreja Católica" - cap. 8, 4-5 - escrita entre os anos de 249-258. "O padre que imita o que Cristo fez, verdadeiramente toma o lugar de Cristo, e oferece lá na Igreja um sacrifício perfeito e verdadeiro ao Deus e Pai." - (São Cipriano escreveu aos Efésios por volta do ano 258.) Muito haveria ainda para se citar, mas para não tornar a leitura cansativa, findo por aqui. Só para se ter uma idéia, outros famosos escritores católicos dos primeiros séculos afirmavam a Presença Real de Jesus Cristo na Eucaristia. Dentre eles:

SÃO CIRILO DE JERUSALÉM, SÃO HILÁRIO DE POITERS, SÃO BASÍLIO, SÃO GREGÓRIO DE NISSA, SÃO GREGÓRIO DE NAZIANZO, SÃO JOÃO CRISOSTOMO, SANTO AMBROSIO DE MILÃO, SÃO JERÔNIMO, SÃO CIRILO DE ALEXANDRIA,

entre muitos outros. Para finalizar, incluo uma frase de Santo Agostinho: "Você deve saber que você tem recebido, que você vai receber, e que você deve receber diariamente. Aquele Pão que você vê no altar, tendo sido santificado pela palavra de Deus, é o Corpo de Cristo. O cálice, ou melhor, que está naquele cálice, tendo sido santificado pela palavra de Deus, é o Sangue de Cristo." - (Sermões [227, 21])


Espero sinceramente que Deus o (a) abençoe e lhe mostre a imensidão deste Mistério de Amor: A Sagrada Eucaristia, o PRÓPRIO CRISTO JESUS!




veritatis

OS ASPECTOS DO SACRAMENTO DA RECONCILIAÇÃO.

A riqueza da Exortação Apostólica “A Reconciliação e a Penitência” pede um retorno ao tema, com o enfoque de alguns aspectos específicos.


Na renovação conciliar, ao lado de extraordinário progresso espiritual, introduziram-se na Igreja certas falhas que afetaram a tranquilidade de consciências e causaram graves prejuízos. Desde o Papa Paulo VI, vêm os Sucessores de Pedro, no cumprimento de sua missão, alertando para o fato e corrigindo os desvios. Lembro, por exemplo, as palavras do Santo Padre João Paulo I, “o retorno à grande disciplina”.


A Exortação Apostólica “A Reconciliação e a Penitência na missão da Igreja hoje” aborda diversos assuntos de real importância na preservação da Doutrina e Disciplina eclesiásticas. O pecado social. Ouve-se falar muito em “situações de pecado ou denúncia como pecados sociais certas situações ou certos comportamentos coletivos de grupos sociais mais ou menos vastos” (nº 16). Uma situação não é, de “per si”, sujeito de atos morais.


Toda falta é pessoal. Pode agredir o próximo ou uma comunidade: “No fundo de cada situação de pecado, porém, encontram-se sempre pessoas pecadoras” (ibidem). O contrário “leva a diluir e quase a eliminar o pessoal, para admitir somente culpas e responsabilidades sociais” (ibidem). Essa conclusão é fruto de ideologias em voga que dão prioridade às denúncias de situações, sistemas, estruturas, sobre o esforço em prol da conversão dos indivíduos que assim transformarão a coletividade. Pecado mortal e pecado venial. O Santo Padre reafirma “o núcleo do ensino tradicional da Igreja” (nº 17): “há faltas que são intrinsecamente graves e outras que não matam a vida sobrenatural”. Corrige correntes: “Há de evitar-se reduzir o pecado mortal a um ato de ‘opção fundamental’ – como hoje em dia se costuma dizer – entendendo, com isso, um desprezo explícito e formal de Deus e do próximo”; evitar “contribuir para atenuar ainda mais, no mundo contemporâneo, o sentido do pecado” (idem). João Paulo II põe o dedo na chaga quando se refere a dois problemas muito atuais: o pretenso respeito pela consciência, que leva a suprimir o dever de dizer a verdade; a “confusão criada na consciência de muitos fiéis, pela divergência de opiniões e de ensinamentos na teologia, na pregação, na catequese e na direção espiritual acerca de questões graves e delicadas da moral cristã” (nº 18).


A busca de reconciliação. Esta é condicionada pela unidade existente dentro da própria Igreja. Ela dará eficácia ao ecumenismo e à missão de paz entre os povos. Para alcançar esse objetivo, a Fé que une pode estar subordinada “às opiniões, às modas e às opções ideológicas que dividem” (nº 24). O sacramento da confissão. Aqui o documento atinge um campo de grande importância prática para a vida eclesial de hoje. Durante a VI Assembléia Geral do Sínodo dos Bispos em 1984, da qual a Exortação Apostólica é fruto, foi repetidamente, ouvida a afirmativa: o sacramento da Penitência está em crise.


Os Padres Sinodais procuram esclarecer os motivos e indicar remédios. As razões das dificuldades por que passa a confissão são o obscurecimento dos valores morais e religiosos, a perda do sentido de pecado, da debilitação da vida cristã. E ainda, a difusão da prática de procurar o perdão diretamente de Deus e o entibiamento na frequência ao meio instituído pelo Senhor. Lembra o Santo Padre que, “para o cristão, o sacramento da penitência é a forma ordinária para obter o perdão e a remissão dos pecados graves cometidos após o batismo” (nº 91). Enumera os atos do penitente: exame de consciência, contrição, acusação dos pecados – ordinariamente individual e não coletiva; isto antes da absolvição e satisfação devidas aos delitos cometidos. Sobre os três ritos de administrar a confissão, ficou estabelecido que “a primeira forma – reconciliação individual dos penitentes – constitui o único modo normal e ordinário da celebração sacramental” (nº 32). A segunda, “reconciliação de vários penitentes, com a confissão e absolvição individual” pode ser equiparada à anterior.

Quanto à terceira, “reconciliação de vários penitentes com a confissão e absolvição: é regulada por uma disciplina especial” (ibidem). O bispo, onerada gravemente sua consciência, é “o único a quem compete, no âmbito de sua diocese, ajuizar se existem, em concreto, as condições que a lei canônica estabelece” (nº 33). Os fiéis não poderão recorrer de novo “à absolvição geral, antes de uma confissão regular, integral e individual dos pecados” (ibidem). Eis algumas das diretrizes contidas na Exortação Apostólica “A Reconciliação e a Penitência”. Provêm do Sumo Pontífice e obrigam os católicos, mesmo à custa de sacrifícios. Estes serão fecundos. Os frutos abundantes alegrarão os filhos de Deus somente quando estes colocarem a fidelidade ao Senhor acima das tendências do momento e conveniências pessoais. Ele é generoso com todos que abraçam seus ensinamentos.



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por Cardeal Eugenio de Araujo Sales, site:arquidiocese.org.b

LITURGIA DIÁRIA - O REINO DE DEUS JÁ CHEGOU.


Primeira Leitura: Jeremias 7, 23-28


III SEMANA DA QUARESMA (roxo - ofício do dia)


Leitura do livro do profeta Jeremias - 23Foi esta a única ordem que lhes dei: escutai minha voz: serei vosso Deus e vós sereis o meu povo; segui sempre a senda que vos indicar, a fim de que sejais felizes. 24Eles, porém, não escutaram, nem prestaram ouvidos, seguindo os maus conselhos de seus corações empedernidos; voltaram-me as costas em lugar de me apresentarem seus rostos. 25Desde o dia em que vossos pais deixaram o Egito até agora, enviei-vos todos os meus servos, os profetas. Todos os dias sem cessar os mandei. 26Eles, porém, não os escutaram, nem lhes deram atenção; endureceram a cerviz e procederam pior que os pais. 27Quando tudo isso lhes transmitires, também a ti não escutarão. Chamá-los-ás e não obterás resposta. 28Dir-lhes-ás então: Esta é a nação que não escuta a voz do Senhor, seu Deus, e não aceita suas advertências. A lealdade desapareceu, tendo sido banida de sua boca. - Palavra do Senhor.


Salmo Responsorial(94)


REFRÃO: Oxalá ouvísseis hoje a voz do Senhor: / Não fecheis os vossos corações.


1. Vinde, manifestemos nossa alegria ao Senhor, aclamemos o Rochedo de nossa salvação; apresentemo-nos diante dele com louvores, e cantemos-lhe alegres cânticos, - R.


2. Vinde, inclinemo-nos em adoração, de joelhos diante do Senhor que nos criou. Ele é nosso Deus; nós somos o povo de que ele é o pastor, as ovelhas que as suas mãos conduzem. Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: - R.


3. Não vos torneis endurecidos como em Meribá, como no dia de Massá no deserto, onde vossos pais me provocaram e me tentaram, apesar de terem visto as minhas obras. - R.


Evangelho: Lucas 11, 14-23

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 14Jesus expelia um demônio que era mudo. Tendo o demônio saído, o mudo pôs-se a falar e a multidão ficou admirada. 15Mas alguns deles disseram: Ele expele os demônios por Beelzebul, príncipe dos demônios. 16E para pô-lo à prova, outros lhe pediam um sinal do céu. 17Penetrando nos seus pensamentos, disse-lhes Jesus: Todo o reino dividido contra si mesmo será destruído e seus edifícios cairão uns sobre os outros. 18Se, pois, Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Pois dizeis que expulso os demônios por Beelzebul. 19Ora, se é por Beelzebul que expulso os demônios, por quem o expulsam vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes! 20Mas se expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente é chegado a vós o Reino de Deus. 21Quando um homem forte guarda armado a sua casa, estão em segurança os bens que possui. 22Mas se sobrevier outro mais forte do que ele e o vencer, este lhe tirará todas as armas em que confiava, e repartirá os seus despojos. 23Quem não está comigo, está contra mim; quem não recolhe comigo, espalha. - Palavra da salvação.

catolicanet.com



Homilia - Pe Bantu


O evangelho de hoje pode ser dividido em três partes que também perfazem as três resposta de Jesus. A primeira parte diz respeito a comparação do reino dividido. Jesus denuncia o absurdo da calúnia escribas. Dizer que ele expulsa os demônios com a ajuda do príncipe dos demônios é negar a evidência. É o mesmo que dizer que a água é seca, e que o sol é escuridão.


Os doutores de Jerusalém o caluniavam, porque não sabiam explicar os benefícios que Jesus realizava para o povo. Estavam com medo de perder a liderança. Sentiam-se ameaçados na sua autoridade junto ao povo. Já a segunda é uma pergunta sobre por quem expulsam vossos filhos os demônios? Jesus provoca os acusadores e pergunta: “Se eu expulso em nome de Belzebu, em nome de quem os discípulos de vocês expulsam os demônios? Que eles respondam e se expliquem! Se eu expulso o demônio pelo dedo de Deus, é porque chegou o Reino de Deus!”. E para concluir vem a terceira parte: chegando o mais forte ele vence o forte. Jesus compara o demônio com um homem forte. Ninguém, a não ser uma pessoa mais forte, poderá roubar a casa de um homem forte. Jesus é este mais forte que chegou. Por isso, ele consegue entrar na casa e amarrar o homem forte. Consegue expulsar os demônios. Jesus amarrou o homem forte e agora rouba a casa dele, isto é, liberta as pessoas que estavam no poder do mal.


O profeta Isaías já tinha usado a mesma comparação para descrever a vinda do messias (Is 49,24-25). Por isso Lucas diz que a expulsão do demônio é um sinal evidente de que chegou o Reino de Deus. Quem não está comigo é contra mim. Jesus termina sua resposta com esta frase: “Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa”. Em outra ocasião, também a propósito de uma expulsão de demônio, os discípulos impediram um homem de usar o nome de Jesus para expulsar um demônio, pois ele não era do grupo dele. Jesus respondeu: “Não impeçam! Quem não é contra vocês é a vosso favor!” (Lc 9,50). Parecem duas frases contraditórias, mas não são. A frase do evangelho de hoje é dita contra os inimigos que tem preconceito contra Jesus: “Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa”.


Preconceito e não aceitação tornam o diálogo impossível e rompe a união. A outra frase é dita para os discípulos que pensavam ter o monopólio de Jesus: “Quem não é contra vocês é a vosso favor!” Muita gente que não é cristão pratica o amor, a bondade, a justiça, muitas vezes até melhor do que os cristãos. Não podemos excluí-los. São irmãos e parceiros na construção do Reino. Jesus acompanha as suas palavras com numerosos «milagres, prodígios e sinais» (Act 2, 22), os quais manifestam que o Reino está presente n’Ele. Comprovam que Ele é o Messias anunciado. Os sinais realizados por Jesus testemunham que o Pai O enviou. Convidam a crer n’Ele. Aos que se Lhe dirigem com fé, concede-lhes o que pedem. Assim, os milagres fortificam a fé n’Aquele que faz as obras do Seu Pai: testemunham que Ele é o Filho de Deus. Mas também podem ser «ocasião de queda» (Mt 11, 6). Eles não pretendem satisfazer a curiosidade nem desejos mágicos.


Apesar de os seus milagres serem tão evidentes, Jesus é rejeitado por alguns; chega mesmo a ser acusado de agir pelo poder dos demônios. Todavia, ao libertar certos homens dos seus males terrenos – da fome, da injustiça, da doença e da morte –, Jesus realizou sinais messiânicos; no entanto, Ele não veio para abolir todos os males deste mundo, mas para libertar os homens da mais grave das escravidões, a do pecado, que os impede de realizar a sua vocação de filhos de Deus e é causa de todas as servidões humanas. A vinda do Reino de Deus é a derrota do reino de Satanás: «Se é pelo Espírito de Deus que Eu expulso os demônios, então é porque o Reino de Deus chegou até vós» (Mt 12, 28). Os exorcismos de Jesus libertam os homens do poder dos demônios. E antecipam a grande vitória de Jesus sobre «o príncipe deste mundo» (Jo 12, 31). “Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa” Como isto acontece na minha e na tua vida? “Não impeçam! Quem não é contra vocês é a vosso favor!” Como isto acontece na minha e na tua vida? Tu tens ciúmes do bem dos outros, das pessoas, que iniciam a sua caminhada de fé e que se destacam na prática do bem e no anúncio do evangelho? Pai, transforma-me em instrumento de teu amor misericordioso, a exemplo de Jesus. Por onde eu passar, possa ser testemunha de que teu Reino já chegou para nós.


blog.cancaonova.com/homilia

LUZ DIVINA.

A luz clareia, não deixando que os objetos fiquem somente nas aparências, principalmente se for a luz divina.


Ela tem poder de penetrar na profundidade dos seres, manifestando a grandeza de sua existência. Deus é luz, que se manifesta nos corações das pessoas. A presença da luz de Deus cura cegueira, liberta o ser humano dos diversos tipos de opressão e ajuda na superação das dificuldades. O convite é para que deixemos as obras das trevas e descubramos a riqueza das obras da luz. Podemos enumerar algumas de suas ações, que são fundamentais para uma vida feliz e saudável. Temos as atitudes de bondade, a prática da justiça e da verdade, a fraternidade no convívio e no relacionamento comunitário etc.


Quem vive na luz, vive iluminado e não tem nada a esconder ou de ficar envergonhado. É uma pessoa autêntica e transparente, digna de confiança e de respeito. A desonestidade não faz parte de suas atitudes. Ter a luz divina é ser capaz de acolher a todos, sejam pobres ou não, de reconhecer o valor de cada pessoa, se de autoridade ou não, não se deixando conduzir pelas aparências. Significa reconhecer que os planos da história podem acontecer a partir das pessoas mais simples. Seguir a luz divina é entrar no processo de conquista de liberdade e de vida autônoma. É ser conduzido por profundas convicções e agir com responsabilidade. É um caminho de descoberta do sentido profundo do amor.

Temos diante de nós um duplo caminho, o da luz e o das trevas.


O primeiro se manifesta numa vida apoiada em Jesus Cristo. O das trevas se funda no egoísmo, na avareza, na fornicação e em muitas atitudes totalmente vergonhosas para o ser humano. Ser da luz divina é ter capacidade de romper com as obras das trevas e de agir contra elas, construindo uma vida de luz. Deve corrigir os erros e fazer acontecer o bem para todos. Seguir Cristo é não compactuar com a maldade, a corrupção e a mentira. Por: Dom Paulo Mendes Peixoto



Fonte: CNBB

A IMPORTÂNCIA DO DESERTO.

“Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto” (Mt 4,1).


Na completa desolação do deserto físico é possível:


•Ver as coisas claramente, sem as distrações do mundo;

•Viver na simplicidade, valorizando apenas as necessidades básicas para sobrevivência; •Discernir o que realmente importa para a vida (1Jo 2,16), como, por exemplo, que um copo de água é mais importante que um diamante.

Entretanto, como não moramos no deserto, nós precisamos chegar às mesmas conclusões citadas acima, mesmo vivendo em meio às distrações do mundo. E a Quaresma é o tempo ideal para deixarmos o Espírito Santo nos conduzir ao nosso deserto espiritual e nos falar ao coração9 (Os 2,16). Alguns, talvez, tenham dificuldade para ver a semelhança entre o deserto espiritual e o deserto físico, mas ela existe, de fato, pois tanto em um como em outro:


•As tentações estão presentes, e podemos reconhecê-las claramente;

•A tudo o que parece ser importante para o mundo, como bens matérias e prestígios, nada valem;

•Tudo o que é desvalorizado pela sociedade secular, como, por exemplo, a Palavra de Deus, a oração, o jejum e o silêncio possuem um imenso valor espiritual;

•Somente a proteção de Deus e o que Ele nos provê são importantes; e as conseqüências de nossa desobediência a Suas orientações nos serão fatais.

Na Sagrada Escritura, o deserto tem grande significado, pois ele é tido como um lugar de amor (Jr 2,2), para onde o Senhor nos atrai (Os 2,16) e derrama sobre nossos corações, através do Espírito Santo, todo Seu amor (Rm 5,5). É no deserto que nós, como os israelitas, somos alimentados apenas pelo maná do Senhor (Ex 16,35) e nos regozijamos plenamente (Is 35,1). Por isso, é importante refletirmos sobre o deserto; em especial sobre o nosso deserto espiritual, pois é nele que preparamos “um caminho para o Senhor” (Is 40,3).



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por Pe. Inácio José do Vale, Professor de História da Igreja - Faculdade de Teologia de Volta Redonda

Católicos na Rede

quarta-feira, 30 de março de 2011

PERGUNTAS E RESPOSTAS: CONFISSÃO.

Texto de Dom Estevão Bitencourt


1. Se Deus sabe tudo e sobre tudo, porque ele quer que confessemos?


Porque ele quer de nós um ato de vontade que demonstre que estamos realmente convencidos do nosso erro e arrependidos. Quando se comete uma ofensa contra alguém (contra Deus inclusive), é preciso três coisas essenciais para obter o perdão, sem as quais o mesmo não é possível: Reconhecer o erro arrepender-se do erro e pedir perdão por ter cometido o erro. Ou seja: O fato de Deus saber que nós erramos não quer dizer necessariamente que nós reconheçamos isto, nem sequer quer dizer que nos arrependemos. Agora, se estamos realmente arrependidos, e amamos a Deus, é necessário pedir desculpas a Ele, para que ele possa nos perdoar. E, é claro, se nós reconhecemos o nosso erro, estamos arrependidos, pedimos desculpas e fomos perdoados, devemos também desejar nunca mais cometer este ato que ofendeu a Deus. Isto significa que a confissão é o caminho mais perfeito para a conversão do coração.


2. Se Deus é bom, porque somos julgados?

Nós somos julgados porque Deus é bom. É bom porque é justo. E se é justo pode julgar. Veja bem: Se alguém me prejudicou nesta vida, contraiu uma dívida para comigo. Ao final de sua vida terrestre, a sua alma se apresentará diante de Deus que, por amor a mim, cobrará desta pessoa o prejuízo que me causou. “Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados” (Mt 5,6). Deus toma como ofensa pessoal quando nós ofendemos aos outros “Porque tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber...todas as vezes que fizestes ao menor dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25, 42.45), e por amor aos ofendidos, ele irá cobrar de nós a justa reparação pelo nosso erro, que pode ser uma das duas: Humilhar-se e reconhecer que se é pecador, e que não tem condições de pagar esta dívida, e suplicar a Deus o perdão, ou endurecer-se e recusar a aceitar da mão de Deus o perdão (por orgulho). Neste último caso, a alma escolhe por pagar a dívida por si mesmo - isto é a condenação, o inferno.


3. Uma pessoa que nunca se confessou porque não quis, quando morrer será perdoado e aceito por Deus?

Dificilmente. Não por falta de vontade da parte de Deus de nos perdoar, mas por falta de vontade por parte da alma de ser perdoada. Compreenda: Se alguém passa a vida inteira com a firme intenção de não reconhecer os seus erros, ao final de sua vida, Deus respeita a sua decisão, e não obriga a alma a se confessar (afinal, uma confissão forçada não é sincera). Ninguém vai para o céu obrigado. Só vai quem quer, e demonstra que quer, esforçando-se por merecer, por mais indigno que seja. Deus trata com mais benevolência alguém que tenha muitos pecados e se arrependa amargamente do que aquele que tem uns poucos, mas se recusa a reconhecê-los. “Ai de ti, Corozaim, ai de ti, Betsaida! ... Porque se Sodoma tivesse visto os milagres que foram feitos em ti, existiria até hoje... Por isto haverá menor rigor para Sodoma do que para ti” (Mt 11, 21.23-24)


4. Porque devemos nos confessar se Deus nos ama?

Porque Deus nos ama. Não existe vida fora de Deus. O pecado consiste em um ato concreto e consciente de desamor a Deus. Se persistirmos no pecado e nele morremos, significa que concluímos a nossa caminhada nesta terra em estado de separação em relação a Deus - separação causada por nosso ódio a Ele, e assim ficaremos separados dele por toda a eternidade, por escolha própria. Existe uma música popular que canta “… de escolha própria escolheu a solidão…”. E o personagem desta música viveu sempre, a vida toda, uma vida de ódio, e morreu assassinado num duelo onde matou outro homem. Uma pessoa assim não vai para o céu, pois não é lá que pôs o seu coração! Deus nos ama, e apesar de nosso ódio em relação a ele, ele quer que nos arrependamos e peçamos Dele o seu perdão. E Ele está ansiosamente esperando para nos concedê-lo, e fica como que mortalmente magoado se não o fazemos. Mortalmente magoado, porque Jesus morreu na cruz para que tivéssemos a graça de receber de Deus o perdão dos nossos pecados, já que a dívida que tínhamos com Deus foi paga na cruz - Jesus foi condenado à morte por crimes que você cometeu. A única maneira de merecer a salvação é desistindo do orgulho e aceitando esta condição de pobres pecadores. Pobres porque não temos em nós condições de pagar esta dívida.


5. Não matei, não roubei, não fiz mal a ninguém. Porque me confessar?

Existem dez mandamentos, e não apenas três. Devemos examinar as nossas consciências e as nossas memórias para verificar se os atos que cometemos são certos ou errados. Por exemplo, você não gosta que falem mal de você pelas suas costas, portanto, você considera isso algo errado de se fazer. Se você tem feito isso, significa que faz algo que considera errado, e isto é pecado. A lei de Deus está gravada no coração de todo homem, fazendo a nossa consciência detestar o pecado, ao menos quando são os outros que pecam contra nós, e amar o bem, ao menos quando são os outros que o fazem a nós. Ora, se eu quero que não me façam o mal e que me façam o bem, é uma maldade muito grande e uma hipocrisia da minha parte querer que, no meu agir para com os outros, esta lei não valha (porque o outro espera exatamente o mesmo de você). Ou seja: O que causa o pecado é o egoísmo de querer que só os outros façam o bem para você e que não façam o mal, e o orgulho de não respeitá-los nos mesmos limites em que se exige o respeito. Portanto: Se você examinar a sua vida com um pouco de sinceridade, será fácil perceber inúmeras imperfeições, atos diários de desamor que cometemos, pequenos orgulhos que geram pecados. E um amontoado de pequenos pecados pode ser mais grave do que um único pecado grave. Uma lixa é uma folha de papel com inúmeras pequenas imperfeições, mas faz um estrago muito maior do que uma folha que tenha uma única imperfeição maior bem ao seu centro. Os pecados ditos “pequenos” acostumam e viciam a alma no pecado, levando ao amortecimento da consciência, que leva ao pecado grave.


6. Se a pessoa acha que não tem pecado, precisa confessar?

Se a pessoa acha que não está suja, precisa tomar banho? Se ela estiver realmente suja, claro que sim. E olha que é chato ter que conviver com uma pessoa que não toma banho (às vezes até cheira mal) e acha que não precisa de banho. Se eu roubasse de você todo o seu salário e achasse que isso não é pecado, precisaria devolver, ou poderia ficar comigo? Quando são os outros que pecam contra nós, somos os primeiros a reclamar “injustiça!”. Quando somos nós que pecamos contra os outros, somos os últimos a declarar “culpado!”. Quem “acha” se nós temos pecado ou não, é Deus e não nós mesmos. É ele que nos diz o que é certo e o que é errado. Se aos homens fosse dado o direito de decidir o que é certo e o que é errado, isto justificaria qualquer ato: Eu poderia matar a você por ter feito esta pergunta, e se achasse que isto não é pecado, Deus não me condenaria. Ora, isto também significa que qualquer um teria o direito de matar, roubar, estuprar, enganar no troco e não precisaria pagar por isto, desde que achasse que não tem pecado. O mundo seria uma loucura (um inferno, para bem dizer). “Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Mas se confessamos os nossos pecados, Deus aí está, fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda maldade” (I Jo 1,8-9). Se examinarmos constantemente a nossa memória, e compararmos os nossos atos com a Lei de Deus, logo saberemos se temos pecado ou não. Agora, se amortecemos a nossa consciência e buscamos nos esquecer das maldades que cometemos, fazemos isto na esperança de que Deus também “esqueça” e acabe deixando a gente entrar no céu por engano. Pois engano maior é achar que Deus pode ser trapaceado. Deus quer que você vá para o céu, mas as ofensas que foram cometidas por você devem ser remediadas, pela confissão e pelo perdão que ele quer dar, ou pela sua condenação eterna.


7. Porque devemos nos confessar com o padre e não com uma pessoa qualquer? Porque devemos nos confessar com o padre e não diretamente com Deus?

“Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, serão perdoados [por Deus], aqueles a quem não perdoardes os pecados, não serão perdoados [por Deus]” (Jo 20,22-23). A própria pergunta já responde: “… com o padre e não com uma pessoa qualquer?” Se você mesmo reconhece que o padre não é uma pessoa qualquer, então é por isso mesmo que devemos nos confessar com ele e não com uma pessoa qualquer. Nós não podemos também nos confessar direto com Deus, porque ele ordenou aos apóstolos que ministrassem o perdão. Se Deus permitisse que nós, miseráveis pecadores nos aproximássemos dele, cheios de orgulho como somos, para exigir que nos perdoasse, ele olharia os nossos maus atos e nos rejeitaria. Foi por isso que ele instituiu a Igreja, que é o corpo de Cristo. Se nós pedimos o perdão a Deus através da Igreja, Deus olhará não para nós, mas para a Igreja, pois é ela que pede a Deus em nosso nome. E Deus, olhando para a Igreja, verá nela o sacrifício de Cristo, que nos salva, e sentindo-se consolado por este sacrifício, concederá à Igreja o perdão destinado a nós, e ela, por conseguinte nos entrega este perdão que recebeu de Deus para nós. É por isso que nós rezamos “… não olheis para os nossos pecados, mas para a fé que anima a vossa Igreja”. Se Deus olhasse para os nossos pecados, nos rejeitaria sempre. Se olha para a fé da Sua Igreja, nos perdoa sempre. Não podemos nos confessar direto com Deus pois, se fizéssemos isto, estaríamos desprezando a Igreja a quem ele deu a capacidade de perdoar. Desprezando a Igreja, estamos desprezando o Corpo de Cristo sacrificado por nós. Desprezando o sacrifício que nos salva, não seremos salvos, e Deus, portanto não nos concede o perdão nestas condições.


8. A confissão é a única maneira de nos livrarmos de nossos pecados?

Sim. Somente Jesus pode perdoar os nossos pecados, pois somente ele, por ser infinitamente bom e justo, tem a capacidade de julgar-nos e dizer se temos pecados, para então perdoá-los. E Jesus, quando apareceu pela primeira vez aos apóstolos após a sua ressurreição, disse-lhes de maneira clara e inequívoca: “A paz esteja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu vos envio!” (Jo 20,21). Isto significa: Assim com o Pai enviou Jesus ao mundo para perdoar os homens, do mesmo modo Jesus enviou os apóstolos, com o mesmo poder de perdoar os pecados. Ou seja: Esta capacidade (de perdoar os pecados) é própria de Deus e foi dada somente aos apóstolos. E para deixar ainda mais claro, Jesus continuou: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, serão perdoados [por Deus], aqueles a quem não perdoardes os pecados, não serão perdoados [por Deus]” (Jo 20,22-23). Preste muita atenção: Aqueles a quem os apóstolos não perdoarem os pecados, estes não serão perdoados! Portanto, não adianta confessar-se a Deus somente, ou a outro homem que não tenha recebido este poder diretamente das mãos de Jesus enquanto este ainda não havia subido ao Pai. Mas os apóstolos já estão mortos há muito tempo! Quer dizer que não é mais possível obter o perdão dos pecados? Claro que é! Ainda é possível obter o perdão dos pecados, porque os apóstolos confiaram o seu ministério e o seu poder aos seus discípulos, através do Sacramento da Ordem - estes discípulos foram os primeiros Presbíteros (Padres) e Epíscopos (Bispos), conforme nos atesta a Bíblia (At 20, 28; 2Tim 1,6; Tito 1,5-9). Isto significa que aquele poder único de Cristo de perdoar os pecados foi dado aos apóstolos e, através deles, aos padres e bispos que se mantiveram fiéis à tradição apostólica: A Igreja Católica Apostólica, que por causa disto é a única que oferece aos seus fiéis a possibilidade de obter de Deus o perdão através deste poder que lhe foi confiado.


9. A partir do momento em que me confesso estou livre dos pecados cometidos e confessados?

SIM! Que maravilha! Lembre-se do que Jesus disse à mulher que foi apanhada em adultério “Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou? Ela respondeu: Ninguém, Senhor. Nem tampouco eu te condeno. Vai e não tornes a pecar.” (Jo 8,10-11). Deus esquece os nossos pecados, pois nos perdoou. Perdoar significa que ele não vai nos cobrar esta dívida nunca mais. Agora as conseqüências deste pecado permanecem: Se eu destruísse o seu carro, e depois me arrependesse e confessasse, eu seria perdoado, mas o seu carro continuará quebrado, exceto nas poucas vezes em que Deus, na sua bondade (para aumentar a nossa fé Nele), faz um milagre. Então, se não contarmos com a hipótese do milagre como a nossa única segurança, ainda será preciso que eu faça uma satisfação, ou compensação deste dano causado a você. Se eu me recusar a reparar o dano que causei, quer dizer que na verdade não me arrependi. Por exemplo, se eu destruí o seu carro, tenho a obrigação de comprar um carro novo para você, para que a justiça se cumpra. Ou seja: Os seus pecados foram perdoados, e você está livre deles, mas não está livre das conseqüências do pecado, e deve desejar saná-las ao limite máximo possível para satisfazer a Justiça de Deus. E olhe que estamos falando da justiça dos homens a respeito da perda de um carro! A justiça pela perda de um carro se paga com um carro. E qual será a compensação que a Justiça de Deus irá pedir pela perda de uma alma? É por isto que se faz penitência, para compensar a Justiça Divina pelos nossos pecados. Por isso o verdadeiro perdão consiste em poder dizer: “Pai, no dia do juízo deste pobre coitado que me ofendeu, não quero que tu cobres dele as maldades que me fez, pois não quero ser eu o responsável pela condenação dele, pobrezinho! Se ele depender do perdão das faltas que ele cometeu contra mim para ir para o céu, por mim, pode ir!”


10. A penitência é obrigatória para ser perdoado?

Se os meus pecados já foram perdoados, porque fazer penitência? Caso morramos sem ter expiado todos os nossos pecados perdoados, teremos ainda que sofrer a justa satisfação por eles, antes de ir para o céu. “Ajusta-te com o teu adversário enquanto ainda caminhas com ele, para não acontecer que ele te entregue ao juiz, e o juiz ao carrasco, que te porá na prisão. Na verdade eu te digo: Não sairás de lá até ter pago o último centavo” (Mt 5, 25-26). Ou seja: A salvação já está garantida (você já foi perdoado), mas é preciso compensar o dano causado. Esta satisfação é o impedimento por algum tempo da alma ser aceita na glória do Céu: Ficamos na “sala de espera”, até que tenhamos expiado os nossos pecados. Esta espera dói terrivelmente, pois a alma, já perdoada, anseia desesperadamente por Deus, mas é impedida pelos males que causou. Este sofrimento é para “pagar os pecados”, como o povo diz. Mas do preço do pecado, que é a morte, Jesus já nos dispensou na Ressurreição. Agora ainda assim devemos satisfazer a Justiça Divina pelos pecados que cometemos, pois aqueles que nós ofendemos esperam de Deus, e com razão, que sejamos punidos pelas maldades que lhes cometemos. A este sofrimento chamamos “Purgatório”. Nós podemos sofrer cá na terra em lugar das que sofrem lá, ou pelo sofrimento aqui (doenças, jejuns, penitências) livrar-nos do sofrimento lá, pois Deus irá nos considerar já suficientemente punidos pelas nossas maldades. Agora se essa punição é voluntária e auto-imposta, então ela tem muito mais valor, e assim um pequeno sofrimento auto-imposto nos livra de grandes sofrimentos que seriam nos impostos de cima e dos quais não poderíamos nos queixar, pois procedem de Deus Justo. Podemos também oferecer a nossa penitência pelos pecadores, sofrendo na nossa carne o que eles deveriam sofrer para pagar os seus pecados. Isto é muito bom diante dos olhos de Deus, pois é um dos maiores atos de misericórdia: Sofrer pela salvação dos outros. A Igreja tem o poder de nos liberar do peso desta obrigação de satisfazer à Justiça Divina: “Tudo o que desligardes na terra, será desligado no céu” (Mt 16,19), através das Indulgências. Uma maneira ótima de fazer penitência é oferecer esmolas (na forma de dinheiro ou comida), ou cometer qualquer bondade de maneira deliberada, buscando com essa bondade consolar a Deus pelas ofensas anteriormente cometidas.


11. Deve-se ter uma ação após a penitência para uma boa confissão (além da oração)?

Sim. É preciso fazer o firme propósito de nunca mais pecar, ou ao menos de nunca mais recair neste erro em especial que foi perdoado. Os atos de misericórdia (dar esmolas, visitar os doentes e presos, consolar os aflitos, dar de comer a quem tem fome e de beber a quem tem sede, abrigar os sem-teto, etc...). São atos que agradam à Justiça Divina, “descontando” o preço das nossas faltas. A Igreja, pelo poder que recebeu de “ligar e desligar”, tem o poder de nos livrar destas penas. Para isto, exige um esforço da parte do fiel. Esta liberação da necessidade de satisfação das culpas perdoadas é chamada de Indulgência (que quer dizer: “indulto, livrar-se de uma pena, da prisão”). Estas indulgências podem parciais ou plenárias. A indulgência plenária é a indulgência sobre toda e qualquer pena dos pecados perdoados. A Igreja utiliza o seu poder de conceder Indulgências para incentivar a prática de certas virtudes. Por exemplo: A leitura da Bíblia, especialmente os Evangelhos é com certeza a maneira mais correta de buscar conhecimento sobre o amor de Deus por nós. Por isto a Igreja concede uma Indulgência plenária por ano às pessoas que lerem ao menos um trecho do Evangelho todos os dias, rezando antes uma oração pedindo o dom do entendimento e depois uma agradecendo e beijando com devoção o Livro Sagrado. Também são concedidas indulgências para várias orações, em especial a do Terço, se recitadas diariamente e com as devidas disposições (estar livre de pecado mortal e comungar com freqüência). A via-sacra é a maneira mais eficaz e correta de buscar uma indulgência plenária, pois medita os Evangelhos, oferece a Deus o sacrifício de Cristo e extingue em nós o desejo pelo pecado. A “Oração a Jesus Crucificado” que está no fim deste artigo, se rezada após a comunhão também tem uma indulgência associada se for rezada com devoção contemplando o crucifixo. Para ganhar qualquer indulgência é necessário comungar no mesmo dia e rezar ao menos um pai-nosso pelo Santo Padre.


12. É correto “colecionar indulgências”?

Depende do que você quer dizer com “colecionar”. A busca das Indulgências é válida e correta se feita com a reta intenção de satisfazer a Deus pelos nossos pecados. Não é uma coisa mágica ou mecânica, do tipo “pá-pum”. Por isto, mesmo que estejamos livres de pecados mortais, e tenhamos feito a penitência necessária, devemos sempre buscar desagravar a Deus pelas maldades, senão nossas, ao menos dos nossos irmãos. E para isto a Eucaristia e a missa é de longe o mais perfeito, sublime e admirável meio de satisfazer a Deus, pois Nela o próprio Jesus oferece ao Pai o seu sacrifício na cruz pelas nossas intenções e pela expiação dos nossos pecados.


13. E se eu me confessar e cometer o mesmo pecado?

O importante é ter o firme propósito de que foi a última vez! Confesse de novo. Isto pode ser ainda mais duro e difícil que da primeira vez e dá muita vergonha. Mas, “se você tem vergonha de contar, devia ter vergonha de fazer”. Nós, por sermos pecadores, temos hábitos que nos conduzem a situações onde é muito difícil não pecar. Para não pecar mais, devemos muitas vezes desistir de coisas que não são pecados em si, mas que nos conduzem ao pecado. Por exemplo, São João Bosco (Dom Bosco) era muito bom músico e pessoa muito divertida e alegre. Por isto se ia à uma festa, facilmente caía no pecado do orgulho, devido às suas habilidades naturais. Não há nada de pecado em ir às festas, mas Dom Bosco desistiu de ir a muitas delas por medo de pecar pelo orgulho e assim ofender a Deus. Por exemplo: Se um rapaz, no caminho da escola, passa sempre por uma quitanda e se sente tentado a roubar uma fruta toda a vez que passa por lá, e não consegue controlar este impulso, deveria trocar de caminho, para que não aconteça de você ceder à tentação. “Somos homens, não anjos”: Isto significa que para nós é mais fácil pecar do que não pecar.


14. Quando pecamos e nos arrependemos e tentamos cada vez mais estar perto de Deus temos chance de ir para o céu?

Sim! Nós vamos para o céu não porque nós somos bons, mas porque Deus é bom. A condição para irmos para o céu é buscar nunca mais ofender a Deus. E se essa intenção é sincera no nosso coração, isto significa que devemos nos arrepender e confessar os pecados que ainda não confessamos, e fazer um esforço de nunca mais pecar. Deus nos concedeu o exemplo de muitos homens que de uma vida de pecado (e às vezes de grande pecado!) se converteram em homens Santos: São Paulo (que perseguia os cristãos e os entregava à morte: Atos dos Apóstolos, capítulo 9), Santo Agostinho (que era herege e adúltero), Santo Inácio (que era um orgulhoso oficial do exército e só se converteu porque quebrou uma perna e não pode mais servir), a prostituta que Jesus perdoou (Lc 7,36-50), e muitos outros que vivem na nossa época e que às vezes nem ficamos sabendo. O exemplo destes homens e mulheres que abandonaram a vida passada de pecado, e se tornaram santos, nos convida a fazermos o mesmo, mas sem nos esquecermos de que, mesmo que nos tornemos santos nos nossos atos (deixemos de pecar), continuamos a ser de natureza pecadora, ou seja: Para nós é mais fácil fazer o mal do que o bem (mesmo para o santo). Por isto, quando uma pessoa faz um esforço sincero de evitar todo pecado, Deus confirma este esforço através da Graça Santificante que é um dom de Deus para que a pessoa possa não pecar. Ou seja: O santo não peca, por graça de Deus, principalmente, e pelo esforço de não pecar. Se isto lhe serve de exemplo e consolo, saiba que o pobre autor destas linhas também era muito pecador, e que era quase ateu. Por este fiapo de fé, Deus lhe puxou, como se fisga a um peixe, e o resgatou de volta para a sua Igreja, que hoje ele defende. E se fez isto comigo, que sou um pobre pecador, é porque quis mostrar a você que ele está disposto a nos converter e está disposto a converter você também. E se ele fez isso comigo que sou tão pouca coisa, o que então não fará por você que sou mais que eu?


15. Qual a melhor preparação para uma boa confissão? Quais são as orações a serem feitas na confissão? É obrigatório rezá-las?

É a Oração suplicante, pedindo a graça de se arrepender, a oração do arrependimento, rejeitando o pecado, e o exame de consciência. Existem roteiros prontos para se preparar para a confissão. Estes “roteiros” geralmente são inventados por alguém que os usa com freqüência (porque se confessa com freqüência) e que afinal ensina para que os outros possam tirar dele o mesmo proveito. Neste roteiro não pode faltar o ato de contrição: “Meu Deus, porque sois Bom e Digno de ser amado, me dói de todo o coração de vos ter ofendido, me proponho a nunca mais pecar e peço que me ajudes a mudar de vida e viver para só te agradar”. A oração da via-sacra e do terço (em especial os mistérios dolorosos) são excelentes para esta preparação. Também os salmos penitenciais (Sl 31, Sl 37, Sl 41, Sl 50, Sl 129) são belíssimos poemas de amor e de arrependimento, onde a alma que ama a Deus se transborda em uma súplica pelo perdão. Estes salmos são especialmente belos para aqueles que estão com o espírito quebrantado, se sentindo sujos, imperfeitos, pecadores, fracos. Assim, é possível compreender o amor de Deus, confiar nele e amá-lo a ponto de ir ao encontro Dele e pedir o seu perdão. Você também pode pedir ao Sacerdote que o oriente para melhor confessar, ou pedir que lhe ajude a fazer o seu exame de consciência. Se você quer fazer uma boa confissão, ao menos recite ou leia os dez mandamentos, faça um exame de consciência baseado neles e reze o ato de contrição. Isso basta. Entretanto, se você está há muito tempo sem se confessar, ou se confessou poucas vezes na vida, pegue uma folha de papel e escreva tudo de ruim que pode lembrar de si mesmo. Se tiver vergonha de falar, entregue a folha direto para o sacerdote, ele irá aceitá-la. Depois da confissão, queime, ou rasgue em mil pedacinhos a folha, e tenha a certeza de que Deus aceitou o seu sacrifício e te perdoou.


16. Quando a gente não se concentra bem na confissão, a gente faz certo?

Claro que não. Se um motorista não se concentra na direção, pode matar a si mesmo e a muita gente. Do mesmo modo, você deveria se confessar pelo menos com tanta atenção quanto um motorista utiliza para dirigir o seu veículo. Isto se considerasse apenas o respeito humano. Entretanto, na Confissão, estamos em diálogo com Deus, e fazê-lo de maneira relaxada não seria respeitoso, ainda mais que você deseja obter Dele um favor que você não merece. Quando alguém está falando com você, você gosta que esta pessoa esteja concentrada no que faz e que olhe nos seus olhos. Por isto, aceite um bom conselho: Quando for se confessar, lembre-se de que você está falando com Deus e olhe “nos olhos” de Deus. Você pode “olhar nos olhos de Deus” olhando nos olhos o seu confessor, ou mesmo de olhos fechados. Olhar nos olhos de Deus é não desviar-se dele, não perde-Lo de vista, não se esquecer Dele enquanto se confessa. Tem gente que vai à missa, e dentro da própria missa se esquece até que Deus existe. Olhe para o Seu rosto. E o rosto de Deus é o Ser, a Beleza, a Bondade, e a Verdade, e o Amor. E lembre-se: Ele te ama.


17. Para confessar é preciso fazer algo ou é só chegar e falar os pecados?


A confissão é um sacramento, e para recebê-lo existe um rito próprio, e uma necessária preparação. Portanto é preciso ter feito anteriormente um exame de consciência e uma oração de arrependimento que deve ser sincero. Ao chegar ao confessionário saúde o sacerdote: “Louvado seja o nosso Senhor Jesus Cristo!”, e faça o sinal da cruz ao chegar e ao sair. É bom começar dizendo há quanto tempo você confessou pela última vez, e como anda a sua freqüência na missa. Depois, é só “falar os pecados”, mas lembre-se: Jesus te ama! E é a própria pessoa de Jesus Cristo quem te ouve, e Ele te ama! E é por causa deste amor que Ele irá perdoá-lo, quando o sacerdote lhe der a absolvição. Também é preciso fazer a penitência necessária à reparação do erro que cometemos. O local correto para a confissão é o confessionário, mas em outras situações a confissão pode assumir a forma de uma conversa bem franca — mas nunca virar “bate-papo” e nem seção de psicanálise! A confissão é um sacramento, uma coisa sagrada e deve ser acolhido em um clima de respeito à santidade de Cristo que desce dos Céus até a nossa miséria só para te perdoar.


18. O padre é obrigado a ouvir a confissão e a dar a absolvição para todo mundo? Não, muito pelo contrário. O sacramento é uma coisa santa, e deve ser ministrado com muita prudência. Quando alguém sempre repete o mesmo pecado grave, (como o adultério), ou vive em estado de pecado permanente (as pessoas que vivem "ajuntadas", sem serem casadas na igreja), só são admitidas no sacramento da reconciliação se "dessa vez for pra valer". Ou seja: Se a pessoa está decidia a mudar de vida. O sacerdote pode também suspender a absolvição conforme a gravidade do erro, ou pedir uma justa reparação antes de lhe dar a absolvição (devolver objetos roubados, desmentir uma calúnia, etc.). Entretanto, a Igreja ordena aos Sacerdotes que ministrem o Sacramento da Reconciliação cada vez que os fiéis o pedirem de forma conveniente - isto não significa que o padre é "obrigado" a ouvir a sua confissão. Procure informar-se sobre o horário próprio em que o seu pároco ouve confissões. Em casos urgentes, é claro, não tenha medo de apelar ao Sacerdote, mesmo fora de hora, mas sempre com a devida humildade.


19. Porque não se pode confessar antes da 1ª comunhão?

Porque a confissão é um sacramento, assim como a comunhão e é preciso fazer uma preparação para recebê-lo. Antigamente só se aceitava adultos à confissão e à comunhão, mas conforme os séculos foram passando, a humanidade foi ficando mais dura de coração, e se deixar hoje em dia uma pessoa sem confissão e sem comunhão até a idade adulta, quando ela chegar lá já está perdida. 20. Porque devemos nos confessar para receber a 1ª comunhão e a crisma? Porque os sacramentos são santos e Deus, que concede o sacramento é Santo. Por isto os sacramentos devem ser recebidos em "estado de graça" (sem pecados). Se eu não estiver em estado de graça, não posso receber a graça. Os sacramentos não são uma coisa "automática", que Deus é "obrigado" a conceder mesmo a contragosto, porque você cumpriu o rito bonitinho. Pela nossa fé, nós sabemos que Deus confirma no céu o sacramento que é dado na terra, pois foi assim que ele garantiu à igreja (e somente à igreja): "Tudo o que ligardes na terra, será ligado no céu" (Mt 16,19). Mas, para isto é preciso haver as condições necessárias. Qualquer sacramento - A Eucaristia, o Crisma, o Matrimônio - só são válidos para Deus se a pessoa que recebe o sacramento o fez com "reta intenção" - ou seja: Sem falsidade no coração.


21. Porque devemos nos confessar para receber a hóstia?

Porque a hóstia é Santa, é o próprio corpo de Cristo que recebemos, e devemos "tomar um bom banho" por dentro antes de Jesus entrar em nós. É como nós dizemos na missa: "Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada". Jesus já faz um ato de humildade infinita descendo dos Céus para entrar em comunhão conosco, seria humilhá-Lo de uma maneira muito grave se não nos preparássemos para recebê-Lo. Entrar em comunhão com Jesus na hóstia é participar totalmente de Cristo - "eu em Ti e Tu em mim", e que comunhão há entre Deus e o pecado? Nenhuma! Por isto, para que possamos comungar, é preciso que estejamos sem pecado. E isto só é possível pela graça de Deus, pela confissão.


22. Se nos confessamos e mentimos para o padre e ele nos absolver, o que acontece conosco?

Vamos para o inferno. Se você vai mentir para o padre, para que se confessar? É óbvio que Deus não vai perdoar "por engano" o pecado "X" se você diz que fez "Y", portanto você sabe muito bem que não vai ser perdoado. Se não é para ser perdoado, para que confessar? Para ofender a Deus. Agora essa ofensa pode ser perdoada se você confessar que mentiu na confissão. Existem, é claro, situações vergonhosas, ou embaraçosas, ou você pode esconder detalhes mais precisos para tentar diminuir a sua culpa, mas para que, se afinal Deus estava lá e viu tudo mesmo? Jesus te ama! Nele você pode confiar! Dê essa chance a Ele! Confia no amor de Jesus, e não tenha medo de lhe esconder nada! Ele te ama e quer que você vá para o Céu. Agora não vá pensar que tem gente que entrou no céu porque mentiu na confissão...


23. Porque é necessária a confissão?

A confissão é necessária porque é o único meio deixado por Jesus Cristo para o perdão dos pecados. Antes de Jesus subir aos Céus, concedeu aos apóstolos a mesma missão Dele:"A paz esteja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu vos envio!" (Jo 20,21). Ora, como poderiam os apóstolos cumprir a mesma missão de Jesus, sem o Poder que havia em Jesus para cumprir esta missão? E o Poder que havia em Jesus é o Espírito Santo, e este Espírito Santo, Jesus concedeu aos apóstolos de uma maneira diferente do que concedeu aos outros discípulos: "Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, serão perdoados [por Deus], aqueles a quem não perdoardes os pecados, não serão perdoados [por Deus]" (Jo 20,22-23). Preste muita atenção: Aqueles a quem os apóstolos não perdoarem os pecados, estes não serão perdoados! Portanto, não adianta confessar-se a Deus somente, ou a outro homem que não seja um apóstolo de Cristo. Mas os apóstolos já morreram! E agora? Antes de morrer, eles também concederam adiante esta graça do Espírito Santo - assim surgiram os Bispos e Sacerdotes. Portanto, a confissão é o meio que Jesus deixou para que os nossos pecados fossem perdoados aqui na terra! E se Deus quisesse dar chance para nos perdoar depois da nossa morte, por que motivo iria querer nos perdoar também "aqui embaixo"?


24. Quando devemos nos confessar?

De quanto em quanto tempo devemos nos confessar? Quando temos pecado grave, a confissão é obrigatória e urgente. Pessoas com pecado grave (aborto, adultério, estupro, assassinato, ódio mortal) não vão para o céu mesmo. Mas não podemos julgar os outros (Só Deus sabe se o fulano foi pro céu ou não). Uma coisa é certa: Deus quer que cada homem se salve. Quando os nossos pecados não são "graves" (o pecado em si é uma coisa já bastante grave), o que a gente chama de "pecado leve", devemos confessar conforme a consciência nos acusa. O correto é ter sempre a consciência limpa (e, é claro, ter o desejo de nunca mais pecar). A confissão é obrigatória uma vez por ano, e é recomendável antes de receber os sacramentos. A confissão mensal é um costume muito santo, e que produz muitos frutos. Muitos movimentos da igreja, e algumas novenas pedem a confissão mensal. Se você está interessado em encontrar uma conversão mais profunda, talvez possa buscar um destes movimentos ou oferecer uma novena Eucarística, com confissão e missa (como a das 9 primeiras sextas-feiras em honra ao Sagrado Coração de Jesus). Agora, muita atenção: Confissão é Sacramento, é sagrado! Não pode virar uma coisa mecânica, tipo "puxa-que-chato-amanhã-é-dia-de-confessar", pois assim perderia a sinceridade. Entretanto, pode-se dizer com certeza, que quanto mais santa é uma pessoa, com mais freqüência ela se confessa e que ninguém, que se confessa pouco, possa sonhar em ser santo um dia, a menos que passe a se confessar com mais freqüência. E quanto mais santos nos tornamos, mais nos sentimos pecadores.


25. Porque muitas pessoas ao se divorciar se desligam da religião e não procuram se confessar?

Para ser sincero, eu não sei. Muitas pessoas não crêem mais na misericórdia de Deus, muitas pessoas pensam que Deus é uma coisa abstrata. Muitas pessoas não acreditam que a Igreja é santa e que foi fundada por Deus. Algumas pessoas não sabiam que podiam se confessar, ou tinham muita vergonha. Eu, por mim, prefiro morrer de vergonha a ir para o inferno, onde a vergonha é eterna. A confissão muda o rumo que toma a nossa vida e a maneira mais certa de ganhar o céu é confessar-se e comungar sempre. Se um dia o divórcio parecer uma saída para você, ou para alguém próximo de você, procure o sacerdote, para reencontrar a Cristo na confissão. A vida a dois sem perdão é uma tortura cruel, com o perdão é um paraíso de delícias! O casal recém casado se dá bem porque nunca se ofenderam gravemente. E o casal que se confessa com freqüência, vive sempre como se fosse recém casado, pois depois da confissão bem feita, é como se nunca tivessem se ofendido em toda a sua vida.


26. E se a pessoa for muito idosa [ou muito doente] e não puder ir se confessar?

No caso das pessoas que não podem sair de casa, família pode (e deve) pedir ao sacerdote que venha fazer uma visita. No caso de doença, especialmente se é grave, é uma obrigação da família pedir o sacramento da cura, que é a unção dos enfermos. Muita gente pensa que a unção dos enfermos é só pra quem vai morrer, ou que apressa ou provoca a morte. A verdade é exatamente o contrário: ". alguém entre vós está enfermo? Chame os sacerdotes, e estes orem por ele e ungindo-o com óleo. A oração da fé salvará o doente, e será curado. Se tiver pecados, serão perdoados. Confessai os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros para serem curados" (Tg 5,14-15). Se a pessoa não puder mais falar, mas ainda estiver consciente, a confissão por questionário é válida. O sacerdote pergunta "tens esse tipo de pecado? E aquele? Etc." e a pessoa responder que sim ou que não com a cabeça ou qualquer outro sinal. Em casos gravíssimos ou urgentíssimos, o sacerdote pode apenas perguntar: lembra-te dos teus pecados. Te arrependes de todos eles? (Sim). Renegas aos teus pecados? (Sim). Renegas a Satanás? (Sim). Renegas a suas tentações e suas pompas? (Sim). Etc. Havendo sinceridade, a absolvição é válida.


27. A confissão comunitária tem a mesma validade que a confissão individual?

"A confissão individual e integral seguida da absolvição continua sendo único o modo ordinário pelo qual os fiéis se reconciliam com Deus e com a Igreja, salvo se um impossibilidade física ou moral dispensar desta confissão" (Catecismo, §1484). "Em casos de necessidade grave, pode-se recorrer à celebração comunitária da reconciliação com confissão e absolvição gerais. Esta necessidade grave pode apresentar-se quando há um perigo iminente de morte sem que os sacerdotes tenham tempo suficiente para ouvir a confissão de cada penitente. também quando, tendo-se em vista o número de penitentes, não há confessores suficientes para ouvir devidamente as confissões individuais num tempo razoável. Neste caso os fiéis devem ter, para a validade da absolvição, o propósito de confessar individualmente os seus pecados no devido tempo. Um grande concurso de fiéis por ocasião de grandes festas ou peregrinações*, não constitui caso de tal necessidade grave" (Catecismo, §1483).


* como no caso da Semana Santa (a nota é nossa).


28. O que é pecado grave?

O que é pecado mortal? O que é pecado contra o Espírito Santo? "Morrer em pecado mortal sem ter se arrependido dele e sem acolher o amor misericordioso de Deus significa ficar separado do Todo-Poderoso para sempre, pela nossa própria opção livre. E é este estado de auto-exclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados que se designa com a palavra inferno." (Catecismo, §1033) O pecado em si já é uma coisa grave, na sua condição de ofensa ao bom Deus. O pecado grave é a mesma coisa que pecado mortal (aquele que conduz à morte). O pecado mortal é um pecado cometido com plena consciência (a pessoa sabe que é errado), pleno consentimento (sabendo que é errado, quer fazer assim mesmo), e que envolva matéria grave. O que é "matéria grave"? São as ofensas que contrariam de maneira direta os mandamentos. Por exemplo: Vamos tomar o maior de todos: "Amarás a Deus acima de todas as coisas". Ir a centro espírita, umbanda, macumba, cartomante, etc., oferecer flor para Iemanjá, ofende diretamente este mandamento, ou seja: Envolve matéria grave. Estes pecados se tornam mais graves à medida que a pessoa sabe que isso é errado e faz assim mesmo, ou seja: É um ato de maldade deliberada. O aborto é o pecado de assassinato em sua forma mais grave, pois é um assassinato premeditado, contra uma vítima indefesa, inocente e que é o próprio filho, e provoca a excomunhão imediata decorrente do próprio ato. O sexo sem o matrimônio ou fora do matrimônio são pecados graves. O ódio mortal e o assassinato são pecados mortais, e a Bíblia diz que "quem odeia o seu irmão é assassino" (1Jo 3,15). Os pecados contra o Espírito Santo não têm perdão (pois é o Espírito Santo que opera o perdão), e se a pessoa morre com estes pecados, com certeza vai para o inferno. Eles são: Desesperação da salvação ("eu não vou pro céu, Deus não me quer lá."), presunção de se salvar sem merecimento ("Eu já estou salvo!."), negar a verdade conhecida como tal, ter inveja dos dons que Deus concede a outros, obstinação do pecado e impenitência final.


29. A partir de quando a comunidade católica começou a se confessar (desde os primeiros tempos, ou com a tradição)?


Desde a fundação da Igreja. João Batista foi o sinal que anunciou como seriam os novos tempos: As pessoas, espontaneamente, vinham a ele e pediam o perdão pelos seus pecados e João os batizava como sinal desta conversão do coração. Na tarde do domingo da Ressurreição, Jesus deu aos apóstolos, e só a eles, o poder de perdoar. E quem não fosse perdoado pelos apóstolos, não seria perdoado: "Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, serão perdoados [por Deus], aqueles a quem não perdoardes os pecados, não serão perdoados [por Deus]" (Jo 20,22-23) e "Tudo o que ligardes na terra, será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra, será desligado no céu" (Mt 16,19). Antes de receber o batismo, a pessoa devia se confessar comumente em voz alta. Depois da confissão, passavam um tempo em penitências, e só então que recebiam o perdão dos pecados no sacramento do batismo. Voltar a pecar depois de batizado era considerada uma coisa grave, gravíssima! Um batizado, pecando! Que escândalo! Se um batizado cometesse pecados graves e se confessasse e pecasse de novo, era afastado da Igreja (excomungado), até que se arrependesse de verdade, e fosse reintegrado. Assim, nós sabemos que as primeiras comunidades cristãs pediam aos apóstolos o perdão dos pecados. Mas como seria possível ao apóstolo conceder o perdão sem saber se a pessoa está arrependida? Então, era preciso ao apóstolo saber o que foi que a pessoa fez, e verificar se ela estava arrependida. A maneira que se usava de saber se a pessoa estava arrependida era de pedir à pessoa que, voluntariamente, se fizesse passar por uma humilhação pública, como os "castigos" que se dá nos jogos infantis. Se o apóstolo, percebendo a humilhação auto-imposta da pessoa, via que o seu arrependimento era sincero, concedia a absolvição. Depois que os apóstolos morreram, seus sucessores legitimamente ordenados continuaram este serviço. Entretanto a forma de ministrar o perdão foi amenizando com o passar dos tempos. A confissão, de pública, passou a ser secreta, e a penitência, que durava meses ou anos e era humilhante, passou a ser feita na forma de esmolas aos pobres ou orações.


30. O que é excomunhão?


"Não vos enganeis: Nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os devassos, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os assaltantes hão de possuir o reino de Deus!" (1Cor 6,9s). Quando a pessoa comete um pecado muito grave, a própria natureza deste ato demonstra que ela é uma pessoa "excomungada", isto é - sem comunhão nenhuma com Deus. O aborto, a heresia, o abandono consciente da fé, o abandono da Igreja para fundar novas seitas, provoca a excomunhão decorrente do próprio ato, ou seja: A própria pessoa, por vontade própria, através de um ato radical contra Deus, se separa dele. A Igreja pune com a excomunhão estas pessoas para conscientizá-las da gravidade do ato que cometeram, e possam assim se arrepender. A excomunhão não é uma "maldade" que a Igreja faz contra a pessoa, pois pessoas que cometeram atos de maldade dessa gravidade não podem comungar, pois a Hóstia é Santa! Permitir que essas pessoas comunguem com Jesus é cometer um sacrilégio, é colocar uma hóstia pura e santa num lugar sujo e pecador. Por isso, as pessoas com esses pecados gravíssimos, como matar um bebê na barriga da mãe, ou que vivem em estado de pecado permanente, como os hereges, ou os casais "ajuntados", e pessoas com pecados que a Igreja aponta serem graves o suficiente para merecer a excomunhão, devem se dirigir ao Sacerdote para isto autorizado, ou ao Bispo, para se confessar e serem reintegrados na Igreja, desde que reneguem e abandonem o estado em que se encontravam.


31. Mas e se o padre revelar o segredo da confissão?

O próprio fato de se perguntar isso revela o respeito que as pessoas têm pela confissão, até mesmo entre os que se dizem ateus. Pois, se a confissão fosse desimportante, essa questão do segredo não teria razão de ser. Mas, se a confissão é legítima, então o segredo passa a ser uma obrigação! A confissão é uma questão de fé. Só se confessa, ou só deveria se confessar, quem tem fé em Deus e na Igreja. Ter fé na Igreja significa crer que a Igreja é a depositária legítima da Revelação que Deus dirigiu ao mundo. Quem crê que a Igreja recebeu de Deus a Revelação, a autoridade de Jesus e que é ela que realiza a salvação, confia nessa Igreja. Ninguém se preocupa se um médico que trata de doenças sexualmente transmissíveis poderia talvez revelar os nomes das pessoas que vêm se consultar com ele, pois confiam nesse médico. Ninguém se preocupa se o advogado poderia revelar os segredos do cliente para o adversário no tribunal, pois confia no advogado. E não se ouve falar de nenhum caso de médico ou advogado que tenha revelado os segredos de seus clientes. Jesus veio ao mundo como médico e advogado, para nos curar dos nossos pecados e nos defender no julgamento final. Ele nos cura e nos defende justamente pelo Sacramento da Reconciliação. "Salvação" significa "Perdão dos pecados"! A Igreja ministra a salvação ao mundo através do Sacramento da Reconciliação! Quem não participa desse sacramento também não tem parte na Salvação que Jesus Cristo operou. Por isso, não tenha medo! Quando você vai se confessar, quem está ali ouvindo você na pessoa do Sacerdote é o próprio Jesus! Quem te dá o perdão é o próprio Jesus! É justamente por isso que esse perdão tem valor.


32. Jejum Eucarístico

Com relação à Eucaristia gostaria de saber qual o tempo que se deve ter de jejum antes e depois da Santa Comunhão. Gostaria também de saber se coisas como balas ou chicletes quebram o jejum.


Resposta

Para receber a S. Eucaristia se requer uma hora de jejum anterior à Santa Comunhão. Excetuam-se água e remédios, sempre permitidos. Ver canon 919, parágrafo 1º do Código de Direito Canônico. Depois da Santa Missa, na qual alguém comungou, recomenda-se a essa pessoa que faça sua Ação de Graças, rezando em particular por uns dez minutos.



Pe. Estevão Bettencourt, osb