segunda-feira, 30 de novembro de 2015

HUMILDADE E ANDAR NA VERDADE.

 
A humildade é uma daquelas virtudes que os grandes mestres espirituais coincidem em considerar fundamentais na vida cristã. São muitíssimos os Santos e pessoas de fé exemplares que descobriram e proclamaram a grandeza da humildade. Neste caminho eles seguiram os mesmos ensinamentos do Senhor Jesus, que aos olhos do mundo era filho de um carpinteiro, que recordou que os últimos serão os primeiros e proclamou bem-aventurados os simples e pobres de coração.

Hoje, porém, a humildade é uma das virtudes mais esquecidas e desprezadas. Em um mundo que valoriza muito as aparências, em uma sociedade do marketing e do “impressionar”, a humildade é muitas vezes vista como uma fraqueza e uma possível limitação. Em certo sentido não faltam razões para pensar assim. Muitos têm um conceito de humildade que significa um menosprezo da pessoa. Às vezes acredita-se que humildade é proclamar a pouca habilidade ou valor que se tem, falar de si mesmo em termos pouco elogiosos, dizer com aparente sinceridade que é pouco inteligente, que não é hábil em tal ou qual coisa, que os outros são muito melhores que si mesmo.

Humilde, porém, não é o que se menospreza nem o que nega seu próprio valor como pessoa. O Senhor nos dá uma chave fundamental para entender o que é a humildade quando nos diz: «Aprendam de mim, que sou manso e humilde de coração» (Mt 11,29). Ele é a verdade, e aprender dEle é precisamente deixar-nos iluminar por sua verdade. A humildade, então, pode ser entendida como andar na verdade. O que significa andar na verdade? Significa reconhecer e aceitar, como filhos de Deus, nossa dignidade e nossa condição humana, com todas as suas grandezas e fragilidades. Neste sentido, a gnosis à qual nos convida São Pedro em sua escada espiritual (ver 2Pe 1,5) está muito relacionada com a humildade, pois nos convida a conhecer-nos cada vez melhor no encontro com o Senhor Jesus, deixando-nos iluminar por Ele, reconhecendo com simplicidade e autenticidade tanto nossas grandezas como nossas limitações.

«A humildade — dizia São João Paulo II — não se identifica com a humilhação ou resignação. Não é igual à pusilanimidade. Justamente o contrário. A humildade é submissão criativa à força da verdade e do amor. A humildade é rejeição das aparências e da superficialidade; é a expressão da profundidade do espírito humano; é condição de sua grandeza»[1]. Humildade e verdade estão, então, profundamente relacionadas. Com Cristo e em Cristo podemos viver a humildade, que nos leva a reconhecer com sinceridade nossas faltas, recorda-nos a grande dignidade que todos possuímos como filhos de Deus, e nos convida a viver uma relação de autenticidade com Jesus e nEle com nós mesmos e com nossos irmãos. «A humildade de Cristo — nos diz o Papa Francisco — é real… é um modo de ser e de viver que parte do amor, parte do coração de Deus»[2]. Aproximar-nos cada vez mais do Senhor Jesus, aprendendo dEle e portanto, deixando-nos converter por Ele, irá de mãos dadas com uma humildade cada vez maior.

Caminho para chegar mais alto

A humildade é também caminho de liberdade e, embora possivelmente a princípio não pareça, caminho de grandes ideais. Certamente não os “grandes ideais” segundo o “mundo”, mas sim o grande ideal da santidade e da vida em Cristo. A humildade nos permite ser objetivos quanto a nossas capacidades e realistas em nossas aspirações. Isto não significa que devemos ser pouco ambiciosos em nossos ideais. Muitas vezes uma falsa humildade — que pode disfarçar medo de errar ou soberba — nos leva a assumir uma atitude pacata, como a do servo do Evangelho que por medo de seu Senhor preferiu enterrar o talento que este lhe confiou em vez de pô-lo para render[3].

Uma falsa humildade aparece às vezes como um pensamento que nos diz: “Não conseguirás” porque tu és “pouca coisa”. Evidentemente há muitas coisas que objetivamente não podemos fazer porque superam nossas capacidades. E não se trata de achar que somos “capazes de tudo” para estimular a “auto-estima”. A falsa humildade, seja por excesso ou por defeito, leva-nos a nos colocarmos no centro. O caminho da humildade nos ajuda a pôr o centro de nossa vida no Senhor Jesus e aprender com Ele a reconhecer nosso valor, nosso chamado. Enraizados em Jesus aprendemos a confiar, a nos lançarmos atrás do ideal que Ele nos propõe a partir de uma reta e veraz consideração de nossas capacidades e limitações.

A humildade, como podemos ver, ajuda-nos a integrar, em nossa vida cotidiana, a consciência real de que contamos com a força de Deus, sem a qual não há crescimento em santidade; de que mesmo que sintamos que não somos capazes — como se vê tantas vezes na Escritura — se o Senhor nos pedir algo é porque podemos fazê-lo com Ele; a consciência de que se caímos e erramos o rumo no caminho, podemos reconhecer nossa falta, nos arrepender e recorrer com confiança à misericórdia amorosa do Pai. Como caminho de liberdade, a humildade nos liberta das cadeias da soberba, da vanglória, da autorreferencialidade e nos ajuda a dirigir nossa vida para os altos ideais que Jesus nos apresenta.

Tudo isto nos leva também a não colocar barreiras inúteis diante de nós ou desculpas injustificadas que muitas vezes não são outra coisa que mesquinhez e egoísmo frente a um maior compromisso com o Senhor. Libertar-nos dessas barreiras, vivendo a humildade, significa avançar por um caminho de autêntica liberdade e desdobramento. «Quer ser grande? Começa pelo menor. Pensa construir um grande edifício que se eleve muito? Pensa antes no alicerce da humildade», dizia Santo Agostinho[4].

Assim como a humildade nos dá uma valorização mais autêntica de nós mesmos, também é caminho para conhecer melhor os outros. A humildade segue de mãos dadas com uma aceitação de nossa realidade, que não se esgota em nossos dons e fragilidades, e nos leva precisamente a uma aceitação da outra pessoa a partir de sua realidade mais profunda que vai muito além de seus dons e fragilidades, de seus acertos e falhas. Ela ilumina nossa vida com a luz do Senhor Jesus, e na aceitação sincera de nós, aprendemos a aceitar e valorizar os outros. Torna-nos mais compreensivos com quem nos rodeia e mais dispostos a entender o próximo.

Como viver a humildade?

Acostumados a julgar pelo exterior muitas vezes somos incapazes de reconhecer o realmente valioso que há em nosso interior. A conversão, que nos leva a viver cada vez mais como autênticos filhos de Deus, ajuda-nos a pôr os alicerces de uma sólida virtude da humildade. Esse é, então, o primeiro passo: um sério compromisso por querer ser cada vez mais como o Senhor Jesus, procurando viver em abertura à graça que nos transforma e nos dá forças para crescer.

Como a humildade não é nos lançar na lama nem nos menosprezar, um passo importante para ser humildes será também reconhecer os dons que temos. Se formos bondosos, ou inteligentes, ou possuímos grande espírito de serviço, a humildade nos leva a aceitar e reconhecer que temos esses dons. Não nos leva nem a ocultá-los quando podem usá-los, nem a fazer alarde deles para serem elogiados. Pelo contrário, com a genuína aceitação dos dons, leva-nos a reconhecer que os recebemos de Deus, e que são deste modo uma responsabilidade. Nem sempre é fácil reconhecer os dons e virtudes sem cair na vaidade e no orgulho, e por isso é importante reconhecer a ajuda e presença de Deus em nossas vidas para não nos atribuir exclusivamente os frutos de nosso esforço. Como dizia um mestre espiritual, «aquele que quer obter virtudes sem humildade, é como o que leva um pouco de pó ou cinza contra o vento: tudo se espalha, tudo voa com o vento»[5].

A humildade suporá também um sério esforço ascético para contrariar muitas inclinações que possivelmente descobrimos em nosso interior. Por exemplo, querer ter sempre a razão, acreditar cegamente que nossas ideias são as melhores, ou pôr nossa segurança em coisas externas e superficiais. Neste sentido, cultivar hábitos de simplicidade em nosso modo de falar e vestir ajudam a uma vivência mais profunda da humildade. Nisto, sobretudo, estaremos sendo particularmente sinais de contradição em um mundo que põe muito valor no externo e nas aparências, esquecendo que o essencial é o interior.

Em algumas ocasiões a humildade nos levará também a renunciar a ser reconhecidos, a procurar os melhores postos, a nos pôr adiante dos outros porque “merecemos”. O discernimento, que nos ajuda a procurar cumprir sempre o Plano de Deus, nos ajudará a ver com mais clareza quando devemos fazer assim, pois às vezes um posto de honra também será ocasião de uma maior capacidade para dar um testemunho evangélico. Nestas situações cabe a nós fazer um esforço especial para reconhecer o amor de Deus por nós que se manifesta de tantas maneiras e que nos dá a ocasião para dirigir o olhar para Ele, de quem provém todo bem.

Humildade e o serviço

Finalmente, um meio precioso para crescer em humildade é viver o serviço. Assim nos ensina o Senhor Jesus, que se despojou de sua condição divina para nos servir e nos abrir as portas do Céu. Ele disse aos Apóstolos: «Aquele que quiser ser grande entre vocês, será seu servo» (Mt 20,26). «Contemplando Jesus — diz o Papa Francisco — vemos que Ele escolheu o caminho da humildade e do serviço»[6]. Isso nos mostra também a Virgem Maria, que levando em seu seio o Salvador não duvidou em visitar sua prima Isabel para servir-la. O serviço nos leva a pôr o olhar no próximo, a reconhecer suas necessidades e, portanto, a viver o que é essencial em nosso peregrinar terreno: a doação caridosa, simples e humilde aos demais.

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Citações para a oração
Jesus nos convida à humildade: Mt 11,29, Mt 13,55; Mt 20,25-28.
Jesus nos dá o exemplo de humildade: Jo 13,3-11; Flp 2,5-11.
A humildade da Santa Maria: Lc 1,38; 1,39-45.48.

Perguntas para o diálogo


  1. Qual é a relação entre humildade e verdade?
  2. Que importância tem a centralidade de Jesus em relação à humildade?
  3. Por que o serviço é especialmente valioso para viver a humildade?
  4. Que meios posso pôr para crescer em humildade?

Trabalho de interiorização


  1. Reflita com as seguintes palavras de São João Paulo II: «A humildade não se identifica com a humilhação ou resignação. Não é igual à pusilanimidade. Justamente o contrário. A humildade é submissão criativa à força da verdade e do amor. A humildade é rejeição das aparências e da superficialidade; é a expressão da profundidade do espírito humano; é condição de sua grandeza».
  2. Como você explicaria as palavras do Papa a uma pessoa que pensa que a humildade é falar mal de si mesmo?
  3. Por que a humildade é condição da grandeza do homem?


  1. Medite com atenção a seguinte passagem do Evangelho:

«Ao ouvir isto, os outros dez indignaram-se contra os dois irmãos. Mas Jesus os chamou e disse: “Sabem que os chefes das nações as dominam como senhores absolutos, e os grandes as oprimem com seu poder. Não tem que ser assim entre vocês, mas quem quiser chegar a ser grande entre vocês, será seu servidor, e o que quiser ser o primeiro entre vocês, será seu servo; da mesma maneira que o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e a dar sua vida como resgate como muitos”» (Mt 20,24-28).

  1. Qual é a relação entre humildade e serviço?
     2. Escreve uma oração pedindo à Virgem Maria que te ajude a crescer em humildade.



[1]São João Paulo II, Angelus, 4/3/1979.
[2]Francisco, Discurso, 22/9/2013.
[3]Ver Mt 25,14ss.
[4] Santo Agostinho, Serm. 64, 2.
[5] Alonso Rodríguez, Exercício de perfeição e virtudes cristãs, parte 2, t.3, c.1.
[6]Francisco, Discurso, 22/9/2013.

MAIS DE 200 HÓSTIAS PROFANADAS EM EXPOSIÇÃO SACRÍLEGA NA ESPANHA.

Um fiel leigo conseguiu recuperar o Corpo do Senhor, mas Abel Azcona, autor da obra sacrílega, protestou e prometeu repor a sua exposição “com mais hóstias consagradas”. O poço da impiedade realmente não tem fundo.


"Assisti a 242 eucaristias ( sic) e com as hóstias consagradas guardadas formei a palavra #Pederastia". Foi o que publicou em seu Twitter o "artista" espanhol Abel Azcona, no dia 2 de agosto de 2015. Para comprovar o crime, no dia 22 de novembro, ele postou em sua mesma conta "imagens de câmera oculta com a 'recolhida' de hóstias 'consagradas' em igrejas de #Navarra e #Madri".
Em resposta à profanação, católicos se reuniram ontem (24), no interior e do lado de fora da Sala de Exposições Conde Rodezno, do município de Pamplona, onde a obra sacrílega estava sendo exibida. Um leigo já tinha entrado no edifício e levado as hóstias para um lugar seguro, sob os protestos de Azcona, que prometera repor a sua obra "com mais hóstias consagradas". Agora, no lugar, só estão as fotos da blasfêmia. A arquidiocese já marcou celebrações em desagravo pela violação e pelo desrespeito ao Santíssimo Sacramento.
Enquanto isso, sob o pretexto de defender a "liberdade de expressão e de criação artística", o Parlamento de Navarra se nega a condenar a profanação. "A arte é um direito de expressão, muitas vezes para provocar, quer se goste quer não", disse um parlamentar socialista.

Uma mente perturbada

O autor da peça sacrílega, Abel Azcona, é um homem perturbado, para dizer o mínimo. É o que se depreende, em primeiro lugar, da pequena biografia que ele escreve de si, em seu perfil no site Vimeo:
"Sua exploração artística considerada altamente biográfica retrata a sua própria infância, experiências marcantes de abuso, abandono e maus tratos, sendo sua mãe biológica uma referência chave de sua experiência e, portanto, de sua profissão artística. O sentimento de abandono experimentado pela primeira vez por causa de sua mãe, que era prostituta, e sua passagem por múltiplos orfanatos, instituições mentais e diferentes lares adotivos, são determinantes para a maneira como Azcona se expressa. A sua experiência de vida, marcada por drogas, prostituição e várias tentativas de suicídio durante a sua adolescência, estão ligadas à sua criação e, por isso, ele não hesita em compartilhá-las com os expectadores por meio da sua obra. Em seus trabalhos sobre essa intimidade, Azcona é conhecido por experimentar dor e resistência física, expondo-se a espancamentos, intoxicações, agressões e várias torturas tanto físicas quanto psicológicas, sem medo de confrontar a si mesmo. Ele assegura que quando pratica autoagressão, é sua própria escolha alterar a forma do seu corpo, em oposição a uma criança ou mulher abusada, sem chances de decidir."
É o que se conclui, afinal, quando se toma nota de sua exposição chamada "Empatia e prostituição", uma peça "onde o artista pratica prostituição com o seu próprio corpo de várias formas". Em uma das vezes em que se prostituiu, Azcona consumiu altas quantidades de álcool e drogas para esquecer os "intercâmbios sexuais". Resultado: teve que ser internado – "uma vez mais", ele conta – em uma clínica psiquiátrica. Sem arrependimentos, nem remorsos.

É essa alma profundamente deprimida e amargurada a autora dos sacrilégios de Pamplona.

Quem deveria chorar, aplaude

O estado em que se encontra a alma desse "artista" denuncia o organismo doente que é a sociedade europeia, tendo abandonado Deus e os valores que moldaram a sua civilização. Alguns séculos atrás, o sacramento da Eucaristia era retratado pelos pintores com as mais belas formas artísticas. A hóstia consagrada estava sempre encerrada em um recipiente digno, ostentada por um anjo, reinando gloriosa sobre os homens. Só sobre a Última Ceia, foram inúmeras as obras produzidas, uma mais bela que a outra.
Agora, tragicamente, o escárnio é o mainstream. "Blasfêmia", "profanação" e "sacrilégio" são vocábulos empoeirados, de um tempo em que a Europa tinha religião. Hoje, eles já não significam nada, nem para Azcona, nem para a turba anticlerical, que aplaude as suas bizarrices na Internet e zomba da fé católica.
A cena a evocar é a de um cego, atirando para todos os lados, sem saber se está acertando o inimigo ou os próprios companheiros. A ordem é destruir, mesmo que seja o próprio galho no qual se está sentado. Os europeus não conseguem enxergar que é justamente por abandonarem a sua raiz e identidade cristãs que a sua casa está do jeito que está – imersa em uma crise sem solução ou previsão de término. O terrorismo bate à porta, mas a única coisa que algumas pessoas conseguem fazer é rir e brincar sobre as ruínas das suas cidades.
A analogia da guerra não é exagerada. É justamente esse o clima em que vive a Europa hoje, especialmente depois dos recentes atentados ocorridos na França.
Outra guerra, no entanto, de ordem cultural, preparou o terreno para todo esse caos. O "multiculturalismo", tão louvado pelas classes intelectuais, é apenas uma palavra bonita para o que Joseph Ratzinger chamava de "relativismo", a ideia ilógica e destrutiva de que tudo é relativo e de que não há nem verdade, nem bondade, nem beleza absolutas. Admite-se, ao contrário, uma liberdade total e ilimitada: de desrespeitar a fé e os valores alheios, de viver uma vida louca e amargurada, e até de matar os próprios filhos – pois é disso que se trata a defesa e a promoção do aborto.
É verdade que, para Azcona e boa parte da Europa pagã, a religião não é mais que um muro a restringir as suas "liberdades". A decadência que eles experimentam, todavia, prova justamente o contrário: a religião de um lugar é uma muralha a proteger os seus habitantes. Sem ela, os homens só estão livres para se autodestruírem.

Um crime para acordar o nosso amor

Religioso reza em frente à Sala de Exposições Conde Rodezno.
A profanação de Pamplona deve acender o alerta de todos os católicos para o valor do sacramento da Eucaristia. Além de suscitar o nosso repúdio e indignação, esse crime precisa acordar o nosso amor, fazendo cessar um fenômeno que acontece todos os dias em nossas igrejas, sem que ninguém se manifeste ou ouse protestar. Seu nome é desleixo.
Primeiro, porque, se os sacerdotes tomassem os devidos cuidados para distribuir adequadamente a Comunhão, dificilmente um criminoso se apropriaria das espécies sagradas para fazer o que fez. Ao contrário, as hóstias consagradas passam pelas mãos dos fiéis como se fossem um alimento qualquer e ninguém vigia o modo como o Senhor está sendo recebido pelas pessoas. Isso sem falar das inúmeras comunhões sacrílegas que acontecem às escuras, com Jesus sendo maltratado pelos membros de Sua própria família.
Tanta indiferença só permite concluir uma das duas coisas: ou nós, católicos, perdemos o temor de Deus ou deixamos de crer na presença real de Jesus na Eucaristia. Porque não é possível que, estando o próprio Deus presente no Santíssimo Sacramento do altar, continuemos a tratá-Lo com tanta frieza e irreverência; que, sabendo da dignidade de tão grande mistério, ousemos nos aproximar da Comunhão em pecado mortal, participando simultaneamente da mesa do Senhor e da mesa dos demônios (cf. 1 Cor 10, 21)!
Contra o sacrilégio de Pamplona, é preciso ir além do protesto público e resgatar uma autêntica devoção eucarística dentro da Igreja. Nosso Senhor não quer simplesmente uma multidão que O comungue (por comungar), mas uma legião que O adore, "em espírito e em verdade" (Jo 4, 23): almas de oração que queiram amá-Lo, substancialmente presente na hóstia consagrada, e consolar o Seu Coração ofendido pela ingratidão e pelos pecados dos homens. Para isso, também nós precisamos da conversão e do espírito dos grandes amantes da Eucaristia: os santos e santas de Deus.
O sangue de São Tarcísio – que um dia banhou o território europeu, defendendo a honra do Santíssimo Sacramento – desperte os católicos do mundo inteiro para o amor e a adoração reparadora ao Corpo e Sangue de Cristo, e interceda também pela alma de Abel Azcona e de todos os europeus, para que se convertam e redescubram depressa a grandeza que se esconde sob o véu desse tão sublime sacramento.
"Os navarros e os católicos de todo o mundo Te adoram, Senhor!"





 
Por Equipe Christo Nihil Praeponere
P.S.: Clique aqui para assinar o abaixo-assinado pedindo o fim dessa exposição blasfema na cidade de Pamplona.    https://www.change.org/p/josebaasiron-pamplonairuna-paren-esta-grave-profanaci%C3%B3n-p%C3%BAblica-es-delito

LITURGIA DIÁRIA - DEIXARAM AS REDES E O SEGUIRAM.

Leitura (Romanos 10,9-18)

Leitura da carta de são Paulo aos Romanos. 10 9 Portanto, se com tua boca confessares que Jesus é o Senhor, e se em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. 10 É crendo de coração que se obtém a justiça, e é professando com palavras que se chega à salvação. 11 A Escritura diz: “Todo o que nele crer não será confundido”. 12 Pois não há distinção entre judeu e grego, porque todos têm um mesmo Senhor, rico para com todos os que o invocam, 13 porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. 14 Porém, como invocarão aquele em quem não têm fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue? 15 E como pregarão, se não forem enviados, como está escrito: “Quão formosos são os pés daqueles que anunciam as boas novas?” 16 Mas não são todos que prestaram ouvido à boa nova. É o que exclama Isaías: “Senhor, quem acreditou na nossa pregação”? 17 Logo, a fé provém da pregação e a pregação se exerce em razão da palavra de Cristo. 18 Pergunto, agora: “Acaso não ouviram? Claro que sim! Por toda a terra correu a sua voz, e até os confins do mundo foram as suas palavras”.
Palavra do Senhor.

Salmo responsorial 18/19A

Seu som ressoa e se espalha em toda a terra.

Os céus proclamam a glória do Senhor,
e o firmamento, a obra de suas mãos;
o dia ao dia transmite essa mensagem,
a noite à noite publica essa notícia.

Não são discursos nem frases ou palavras,
nem são vozes que possa ser ouvidas;
seu som ressoa e se espalha em toda a terra,
chega aos confins do universo a sua voz.
  

Evangelho (Mateus 4,18-22)

Aleluia, aleluia, aleluia. Vinde após mim, disse o Senhor, e eu ensinarei a pescar gente (Mt 4,19).
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
4 18 Jesus, caminhando ao longo do mar da Galiléia, viu dois irmãos: Simão (chamado Pedro) e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. 19 E disse-lhes: “Vinde após mim e vos farei pescadores de homens”. 20 Na mesma hora abandonaram suas redes e o seguiram. 21 Passando adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam com seu pai Zebedeu consertando as redes. Chamou-os, 22 e eles abandonaram a barca e seu pai e o seguiram.
Palavra da Salvação.

 Reflexão

Hoje é com alegria que nós celebramos a festa do Apóstolo Santo André. Ele nasceu em Betsaida, na Galiléia. A vocação de Santo André está narrada no Evangelho acima, que é próprio da festa dele.
O Evangelho narra Jesus chamando quatro Apóstolos: Simão Pedro, André, João de Tiago.
Como é bom ser chamado por Deus! Nós também somos chamados. Todos sem exceção, porque, se fomos criados por Deus, é porque ele tinha em mente uma vocação para nos dar.
Nós admiramos a resposta pronta dos quatro. Pronta e decidida, porque todos eles perseveraram até a morte. Chama a nossa atenção também as renuncias deles, para poderem seguir a Jesus: deixaram bens materiais como redes, barcos, deixaram a família... e ganharam cem vezes mais.
Outro detalhe importante é que todos estavam trabalhando. Deus gosta de chamar quem está trabalhando, porque vocação é trabalho. Quem não gosta de trabalhar, não vai perseverar no chamado de Deus.
Inclusive, Jesus não os tirou do trabalho; apenas mudou um pouquinho: Pedro e André estavam pescando, tornaram-se pescadores de homens. Tiago e João estavam consertando as redes, continuaram cuidando da grande rede que é a Igreja.
Santo André é citada várias vezes nos Evangelhos. Jo 6,5-12 narra que um dia havia uma grande multidão ouvindo Jesus. Como estava ficando tarde e estavam longe de qualquer povoado, Jesus perguntou a Filipe: “Onde vamos comprar pão para todo este pessoal? Filipe respondeu: Nem duzentos denários de pão bastariam para dar um pedacinho a cada um! André, irmão de Simão Pedro, disse: Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dói peixes. Mas, que é isso para tanta gente?... Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes.” Resultado: todos comeram e ainda sobraram doze cestos.
Veja a grande diferença entre as duas atitudes: a de Filipe e a de André. Filipe disse que não tinha jeito de resolver o problema; André, apesar de ver a desproporção entre o que ele tinha e o necessário, apresentou a Jesus o que ele tinha, e Jesus multiplicou. Deus gosta de multiplicar as coisas, depois que demos o primeiro passo, apresentando-lhe o pouco que temos.
Que Santo André nos ajude a imitá-lo, não só em relação a alimento, mas a tudo. É só apresentar o pouquinho que temos ou que podemos, Deus multiplica. Deus profere que o primeiro passo na solução dos problemas seja dado por nós.
Cada vez que há um problema para resolver em nossas Comunidades, aparecem as duas reações: a de Filipe, negativa, e a de André, positiva.
André apresentou a Jesus aqueles cinco pãezinhos, jogando no escuro, porque ele não sabia o que Jesus ia fazer. A fé consiste exatamente nisso: dar um passo no escuro, caminhar como se visse o invisível.
As nossas famílias, as nossas Comunidades e o nosso bairro estariam bem melhores se nós apresentássemos os nossos cinco pãezinhos. As pastorais costumam fazer isso, e maravilhas acontecem.
Diz a tradição que Santo André foi um Apósstolo zeloso e um grande pregador do Evangelho. Ele pregou em muitas regiões, e finalmente morreu crucificado na Acaia, que é um município da Grécia, localizado na fronteira do País.
Assim como chamou a Santo André, Deus nos chama a todos nós, neste tempo do advento, para darmos um passo à frente na vida cristã. Cada um de nós vai escolher o setor para dar esse passo: a família, a Comunidade, a vida na sociedade...
Havia, certa vez, um rapaz que todos os dias ia para o trabalho de trem. Em determinado lugar, o trem passava por um longo e alto viaduto, onde se podia ver o interior de alguns apartamentos de prédios localizados ao lado da avenida.
Começou a chamar a atenção do rapaz uma senhora idosa que sempre que ele passava, ela estava deitada sobre uma cama. A senhora certamente convalescia de alguma enfermidade, era o que ele pensava.
Em um domingo, o jovem resolver visitar aquela mulher. Comprou um belo presente e levou para ela. Logo ao chegar, contou-lhe que a via todos os dias pela janela do trem. Descobriu que ela morava apenas com uma neta que trabalhava durante o dia.
Para surpresa sua, na segunda-feira, quando ele passou ela estava sorrindo e acenando para ele, apesar de não o distinguir, devido à sua vista fraca.
O gesto de amor do moço deu ânimo àquela senhora e jogou mais luz na sua vida. Este rapaz teve um gesta parecido com o de Santo André, tanto ao respondeu ao chamado de Jesus, como na cena da multiplicação dos pães.
Maria Santíssima era também uma mulher de muita fé, o que a levava a tomar iniciativas. Uma cena parecida com esta da multiplicação dos pães é a das Bodas de Cana. Santa Maria e Santo André, rogai por nós.





Pe Queiroz

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

UMA AUTORIDADE QUE DOMINA? NÃO! UMA AUTORIDADE QUE SERVE!

Foto de Emilio Carlos Mancini.
Na igreja não há chefes que mandam nem súditos que obedecem, pessoas honradas, respeitadas, destacadas e outras pessoas de dignidade inferior.
 
Todos são irmãos e todos devem estar dispostos a servir os outros. 

Os diversos dons, carismas e aptidões não foram concedidos por Deus para provocar divisões, para estimular a competição, como geralmente acontece entre os homens, mas para a comunhão e a complementaridade.
 
Ser grande que dizer ser o último e o servo de todos, como ensina o exemplo de Cristo. Esta é a mensagem do EVANGELHO.

QUE EU ENTENDA SEUS SINAIS.

Que falas comigo, eu sei! Que me mandas sinais, eu sei. Eu só não sei ouvir a tua voz, nem ter certeza de que é ela a me falar. Tua voz ainda não soa aos meus ouvidos e eu não sou muito bom em distinguir vozes interiores nem saber se vem do Senhor ou da minha própria imaginação. A imaginação já enganou a muitos crentes que apostaram que era tua voz e não era.
Mas, que me dás sinais, eu sei que dás. Sou eu que, às vezes, não sei decifrá-los. Que te comunicas é certo. O problema sou eu, que nem sempre capto. Se posso pedir, - e sei que posso -, a graça que eu peço é que me ensines a ler os teus sinais e a ouvir as tuas vozes, as verdadeiras. Quero saber distinguir as vozes falsas que, na verdade são desejos meus, disfarçados em revelação. 

Ensina-me a distinguir as vozes que me falam ao coração. Eu ainda não sei o que é teu e o que não é; o que é meu e o que não é. Eu ainda gostaria que me respondesses do jeito que eu imagino que responderias. Mas a realidade é outra: és livre. Ensina-me a ouvir o que tens a me falar e não a imaginar que disseste o que eu gostaria que me tivesses dito.
 
 
 
 
 
Texto: Pe. Zezinho scj

LITURGIA DIÁRIA - JERUSALÉM SERÁ PISADA PELOS INFIÉIS.

Leitura (Daniel 6,12-28)

Leitura da profecia de Daniel. 6 12 Então esses homens acorreram amotinados e encontraram Daniel em oração, invocando seu Deus. 13 Foram imediatamente ao palácio do rei e disseram-lhe, a respeito do edito real de interdição: "Não promulgaste, ó rei, uma proibição estabelecendo que quem nesses trinta dias invocasse algum deus ou homem qualquer que fosse, à exceção tua, seria jogado na cova dos leões?" "Certamente", respondeu o rei, "(assim foi feito) segundo a lei dos medos e dos persas, que não pode ser modificada". 14 "Pois bem", continuaram: "Daniel, o deportado de Judá, não tem consideração nem por tua pessoa nem por teu decreto: três vezes ao dia ele faz sua oração". 15 Ouvindo essas palavras, o rei, bastante contrariado, tomou contudo a resolução de salvar Daniel, e nisso esforçou-se até o pôr-do-sol. 16 Mas os mesmos homens novamente o vieram procurar em tumulto: "Saibas, ó rei", disseram-lhe, "que a lei dos medos e dos persas não permite derrogação alguma a uma proibição ou a uma medida publicada em edito pelo rei". 17 Então o rei deu ordem para trazerem Daniel e o jogarem na cova dos leões. "Que o Deus, que tu adoras com tanta fidelidade", disse-lhe, "queira ele mesmo salvar-te!" 18 Trouxeram uma pedra, que foi rolada sobre a abertura da cova; o rei lacrou-a com seu sinete e com o dos grandes, a fim de que nada fosse modificado em relação a Daniel. 19 De volta a seu palácio, o rei passou a noite sem nada tomar, e sem mandar vir concubina alguma para junto de si. Não conseguiu adormecer. 20 Logo ao amanhecer levantou-se e dirigiu-se a toda pressa à cova dos leões. 21 Quando se aproximou, chamou Daniel com voz cheia de tristeza: "Daniel", disse-lhe, "servo de Deus vivo, teu Deus que tu adoras com tanta fidelidade terá podido salvar-te dos leões?" 22 Daniel respondeu-lhe: "Senhor, vida longa ao rei! 23 Meu Deus enviou seu anjo e fechou a boca dos leões; eles não me fizeram mal algum, porque a seus olhos eu era inocente e porque contra ti também, ó rei, não cometi falta alguma". 24 Então o rei, todo feliz, ordenou que se retirasse Daniel da cova. Foi ele assim retirado sem traço algum de ferimento, porque tinha tido fé em seu Deus. 25 Por ordem do rei, mandaram vir então os acusadores de Daniel, que foram jogados na cova dos leões com suas mulheres e seus filhos. Não haviam tocado o fundo da cova, e já os leões os agarraram e lhes trituraram os ossos! 26 Então o rei Dario escreveu: "A todos os povos, a todas as nações e aos povos de todas as línguas que habitam sobre a terra, felicidade e prosperidade! 27 Por mim é ordenado que em toda a extensão de meu reino, se mantenha perante o Deus de Daniel temor e tremor. É o Deus vivo, que subsiste eternamente; seu reino é indestrutível e seu domínio é perpétuo. 28 Ele salva e livra, faz milagres e prodígios no céu e sobre a terra: foi ele quem livrou Daniel das garras dos leões".
Palavra do Senhor.

Salmo responsorial Dn 3

Louvai-o e exaltai-o pelos séculos sem fim!

Orvalhos e garoas, bendizei o Senhor!
Geada e frio, bendizei o Senhor!
Gelos e neves, bendizei o Senhor!

Noites e dias, bendizei o Senhor!
Luzes e trevas, bendizei o Senhor!

Raios e nuvens, bendizei o Senhor!
Ilhas e terra, bendizei o Senhor!
  

Evangelho (Lucas 21,20-28)

Aleluia, aleluia, aleluia. Levantai vossa cabeça e olhai, pois a vossa redenção se aproxima! (Lc 21,28)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, 21 20 disse Jesus aos seus discípulos: “Quando virdes que Jerusalém foi sitiada por exércitos, então sabereis que está próxima a sua ruína.
21 Os que então se acharem na Judéia fujam para os montes; os que estiverem dentro da cidade retirem-se; os que estiverem nos campos não entrem na cidade. 22 Porque estes serão dias de castigo, para que se cumpra tudo o que está escrito. 23 Ai das mulheres que, naqueles dias, estiverem grávidas ou amamentando, pois haverá grande angústia na terra e grande ira contra o povo. 24 Cairão ao fio de espada e serão levados cativos para todas as nações, e Jerusalém será pisada pelos pagãos, até se completarem os tempos das nações pagãs. 25 Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas. 26 Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir a toda a terra. As próprias forças dos céus serão abaladas. 27 Então verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande glória e majestade. 28 Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação”.
Palavra da Salvação. 

 Reflexão

Hoje, quarta quinta-feira de novembro, é o Dia Nacional de Ação de Graças. Estamos no final do ano litúrgico e quase no final do ano civil; por isso queremos agradecer a Deus o ano que termina. Quantos benefícios recebemos dele! A vida, a saúde, a família, os amigos, a fé... Deus nos protegeu, estando ao nosso lado de manhã até a noite, e em todos os dias deste ano!
Deus provou que nos ama; vamos retribuir-lhe com amor também. “Que retribuirei ao Senhor por todo o bem que me deu?” (Sl 116,12). “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda bênção espiritual, nos céus, em Cristo” (Ef 1,3).
No Evangelho de hoje, Jesus começa preparando os habitantes de Jerusalém para o momento da invasão do exército romano, que aconteceria trinta anos depois. “Os que estiverem no campo, não entrem na cidade... Infelizes das mulheres grávidas e daquelas que estão amamentando naqueles dias!”
Os habitantes de Jerusalém “serão levados presos para todas as nações”. De fato, os romanos levaram milhares de judeus para Roma e outras cidades do Império, como escravos.
A partir daqui, a narração muda de tom e Jesus começa a falar da sua segunda vinda e dos sinais que a precederão. “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas”.
“Então eles verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória.” Jesus veio a primeira vez com aparência de fraco, uma criança pobre deitada numa manjedoura. Mas foi uma fraqueza apenas aparente; ele é forte, fortíssimo.
E Jesus termina apresentando o objetivo deste seu discurso, que é tranqüilizar os discípulos, pois estes sinais mostram o seu poder, e que ele vem para libertar os seus queridos e queridas discípulas. “Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”. É como quem diz: este mundo é cheio de tribulações, mas é passageiro. E quanto ao mundo futuro, não se preocupem, deixem comigo.
Na nossa luta do dia a dia, a segunda vinda de Jesus será como a chegada de alguém que vem nos ajudar a terminar uma tarefa, bem na hora em que já estamos cansados. Será como um preso que vê chegar alguém com a chave do presídio, a fim de soltá-lo. Ou como uma pessoa que está se afogando e vê chegar o salva-vidas.
Aquele dia será o fim de tudo o que os discípulos de Jesus detestam: injustiças, mentiras, maldades... Os maus e os corruptos vão ver com quantos cincos se faz um dez, com quantos paus se faz uma canoa. Descobrirão que este mundo tem dono, e um dono forte e poderoso, diante do qual todos os impérios e poderes são como uma palha.
Também o seu Reino, que está nas nossas mãos, é forte, fortíssimo, apesar de parecer fraco diante dos outros reinos e poderes do mundo. Basta ver a força desse Reino, ao ultrapassar os séculos. Diante de Jesus é a verdade e a justiça que valem. Quem segue outro caminho, um dia vai tremer de medo, como vara verde.
Jesus nos deixou todos os recursos para nos salvarmos, e vivermos eternamente com ele e com a sua Família no céu. Cabe a nós escolher se queremos caminhar com ele ou de costas para ele.
Em várias passagens da Bíblia, a segunda vinda de Jesus é chamada de “Dia do Senhor”, mesmo nome que damos para o domingo. De fato, o domingo é para nós uma celebração antecipada da segunda vinda de Jesus.
Às vezes a graça de Deus espera a nossa cutucadinha, a mãozinha do cristão que chega de leve... e Deus faz o resto. A nossa vida na terra é passageira. Que bom se nos dedicássemos mais aos valores da outra vida, tanto para nós mesmos como para os nossos irmãos!
Certa vez, um poeta e um artista estavam examinando juntos uma pintura de um célebre artista, retratando a cura dos dois cegos de Jericó. O artista perguntou: “O que lhe parece a coisa mais notável nesta pintura?”
O poeta respondeu: “Tudo na pintura é excelente. A forma dada a Cristo, as pessoas agrupadas, a expressão dos rostos, tudo”.
O artista pareceu achar o toque mais importante em outro lugar. Apontando para a estrada que passava ao lado, ele disse: “Você vê uma bengala descartada ali?”
“Sim” – respondeu o poeta – “mas o que tem a ver isso?”
“Meu amigo!” – continuou o artista – “Um cego estava sentado naquele pau ali, com a bengala na mão. Mas quando ouviu falar que era Jesus que passava, jogou a bengala fora e foi ao encontro dele. Isso porque ele estava certíssimo de que seria curado, e assim deixaria de usar a bengala. Cheio de alegria, ele em direção ao Senhor como se já estivesse recebido a graça.”
Que nós também observemos a grande pintura dos acontecimentos com mais fé e discernimento, a fim de descobrirmos nela os sinais da vinda de Cristo. Como seria bom se tivéssemos a fé daquele cego! Com certeza hoje não seríamos mais cegos, nem fisicamente nem espiritualmente. A nossa fé nos permitiria andar pela vida como se víssemos o invisível, e seríamos mais gratos a Deus.
Maria Santíssima era uma pessoa muito grata a Deus. O Magnificat é o mais belo hino de ação de graças existente na Bíblia. Quando o recitamos, não estamos para Maria, mas para Deus do jeito dela. No magnificat, Maria agradece a Deus tudo, até coisas que ainda não tinham acontecido mas que ela sabia que iam acontecer. Isso porque a sua fé era muito grande, e ela sabia que Deus não falha em suas promessas. Que ela nos ajude a ser gratos, e também a nos preparar bem para o encontro com Jesus em sua segunda vinda.






Pe Queiroz


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

LITURGIA DIÁRIA - TODOS VOS ODIARÃO POR CAUSA DE MIM.

Leitura (Daniel 5,1-6.13-14.16-17.23-28)

Leitura da profecia de Daniel. 5 1 O rei Baltazar deu uma festa para seus mil nobres, em presença dos quais pôs-se a beber vinho. 2 Excitado pela bebida, mandou trazer os vasos de ouro e de prata que seu pai Nabucodonosor tinha arrebatado ao templo de Jerusalém, a fim de que o rei, seus nobres, suas mulheres e suas concubinas deles se servissem para beber. 3 Trouxeram então os vasos de ouro que tinham sido arrebatados ao templo de Deus em Jerusalém. O rei, seus nobres, suas mulheres e suas concubinas beberam neles 4 e, depois de terem bebido vinho, entoaram o louvor aos deuses de ouro e prata, bronze, ferro, madeira e pedra. 5 Ora, nesse momento, eis que surgiram dedos de mão humana a escrever, defronte do candelabro, no revestimento da parede do palácio real. O rei, à vista dessa mão que escrevia, 6 mudou de cor; pensamentos tétricos assaltaram-no; os músculos de seus rins relaxaram-se e seus joelhos entrechocaram-se. 13 Daniel foi então introduzido diante do rei, o qual lhe disse: "és realmente Daniel, o deportado de Judá, que meu pai trouxe aqui da Judéia? 14 Ouvi dizer a teu respeito que o espírito dos deuses habita em ti e que se encontram em ti uma luz, uma inteligência e uma sabedoria singulares. 16 Ora, asseguraram-me que tu és mestre na arte das interpretações e das soluções de enigmas. Portanto, se puderes ler esse texto e me dar o seu significado, serás revestido de púrpura, usarás ao pescoço um colar de ouro e ocuparás o terceiro lugar no governo do reino". 17 Respondeu Daniel ao rei: "Guarda teus presentes; concede-os a outros! Lerei, todavia, este texto ao rei e dar-lhe-ei o significado. 23 Tu te ergueste contra o Senhor do céu. Trouxeram-te os vasos de seu templo, nos quais bebestes o vinho, tu, teus nobres, tuas mulheres e tuas concubinas. Deste louvor aos deuses de prata e ouro, bronze, ferro, madeira e pedra, cegos, surdos e impassíveis, em lugar de dar glória ao Deus de quem depende o teu sopro (vital) e todo teu destino. 24 Assim, por ordem sua, essa mão foi enviada e essas palavras foram traçadas. 25 O texto aqui escrito (se lê): MENÊ, TEQUEL e PERÊS. 26 Eis o significado dessas palavras: MENÊ - Deus contou (os anos) de teu reinado e nele põe um fim; 27 TEQUEL - foste pesado na balança e considerado leve demais; 28 PERÊS - teu reino vai ser dividido e entregue aos medos e persas.
Palavra do Senhor.

Salmo responsorial Dn 3

Louvai-o e exaltai-o pelos séculos sem fim!

Lua e sol, bendizei o Senhor!
Astros e estrelas, bendizei o Senhor!

Chuvas e orvalhos bendizei o Senhor!
Brisas e ventos, bendizei o Senhor!

Fogo e calor, bendizei o Senhor!
Frio e ardor, bendizei o Senhor!
  

Evangelho (Lucas 21,12-19)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Permanece fiel até a morte e a coroa da vida eu te darei! (Ap 2,10)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, 21 12 disse Jesus aos seus discípulos: “Antes de tudo isso, vos lançarão as mãos e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença dos reis e dos governadores, por causa de mim. 13 Isto vos acontecerá para que vos sirva de testemunho. 14 Gravai bem no vosso espírito de não preparar vossa defesa, 15 porque eu vos darei uma palavra cheia de sabedoria, à qual não poderão resistir nem contradizer os vossos adversários. 16 Sereis entregues até por vossos pais, vossos irmãos, vossos parentes e vossos amigos, e matarão muitos de vós. 17 Sereis odiados por todos por causa do meu nome. 18 Entretanto, não se perderá um só cabelo da vossa cabeça. 19 É pela vossa constância que alcançareis a vossa salvação”.
Palavra da Salvação.

Reflexão

Neste Evangelho, Jesus nos previne sobre as perseguições que seus discípulos sofrerão, até dentro de casa e pelos parentes mais próximos. A orquestração do ódio crescerá tanto que todos e todas em nossa volta posicionar-se-ão contra nós. Mesmo assim, garante Jesus, não nos atingirão, porque Deus está do nosso lado.
Nessas horas, devemos evitar duas coisas: 1ª) Praticar a violência, a vingança, ou qualquer outro desvio do Evangelho. Pelo contrário, serão ocasiões de testemunharmos a nossa fé. “Sede cordeiros no meio de lobos”. “É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” 2ª) Esta é a mais comum: desistir ou diminuir o fervor e a dedicação, fazendo uma espécie de negociação com os perseguidores. As duas posições são sinais de falta de fé, ou de fé fraca.
“Se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só. Mas, se morre, produz muito fruto” (Jo 12,24). “Quem não pega a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. Quem busca salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder sua vida por causa de mim a encontrará” (Mt 10,38-39).
Se pegamos um ferro quente e o mergulhamos na água fria, acontece o choque térmico, espirrando água para todo lado. Assim é o cristão, vivendo no meio do mundo pecador. Ele não provoca; é a própria vida dele ou dela que gera o choque, resultando na perseguição.
Podemos ampliar o sentido da palavra perseguição e incluir todas as dificuldades, confrontos de idéias e dificuldades que encontramos: atritos, oposições veladas e silenciosas, antipatias...
“Os Apóstolos saíram do tribunal muito contentes por terem sido considerados dignos de injúrias por causa do nome de Jesus” (At 5,41). A perseguição e o desprezo nos identificam com Cristo e assim nós nos tornamos colaboradores no seu sacrifício pela redenção. Isso nos causa alegria, evidentemente.
“Naqueles dias, começou uma grande perseguição contra a Igreja que estava em Jerusalém. Todos, com exceção dos apóstolos, se dispersaram pelas regiões da Judéia e da Samaria. Entretanto, aqueles que se tinham dispersado iam por toda a parte levando a palavra da Boa Nova” (At 8,1.4). Está aí um exemplo do que Jesus falou no Evangelho de hoje: “Esta será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé”.
“Todos os que querem levar uma vida fervorosa em Cristo serão perseguidos” (2Tm 3,12). 87“Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Felizes sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultar, porque é grande a vossa recompensa nos céus” (Mt 5,10-11).
O mundo pecador segue, não a Deus, mas a outro chefe. E faz parte do ser humano se opor a quem vive ao lado e tem outra cabeça, outros princípios, outros valores, outra vida. O primeiro esforço é de cooptação; se não consegue, surge a perseguição aos cristãos.
Entretanto, numa sociedade de maioria católica como a nossa, geralmente não atacam abertamente a Igreja Católica. A tática é atacar cada cristão ou cristã individualmente, e de forma disfarçada: ridicularizações, apelidos...
Jesus pede: “Não planejeis antecipadamente a própria defesa; porque eu vos darei palavras tão acertadas que nenhum inimigo vos poderá resistir ou rebater.” Como é bom sentir esse apoio numa hora de aperto! “Vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça”. Isto é: nada vos sucederá sem que o Pai, em cujas mãos estais, o disponha para o vosso bem.
“É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” Está aí o objetivo de todo o discurso de Jesus: levar-nos à firmeza.
Muitos querem um cristianismo “soft”, sem cruz, e que apresenta o céu com portas largas. Até religiões são fundadas nessa linha. Mas a religião de Jesus, aquela que tem as chaves do céu, é um caminho estreito.
Havia, certa vez, um pequeno povoado de pescadores, na beira da praia. De repente ele começou a diminuir a passos largos. Todo final de tarde, um monstro aparecia no mar e fazia vítimas! O povo vivia em pânico! Ia diminuindo de dia para dia. Aquele mostro oprimia e destruía o povoado, paralisando de medo as pessoas.
Um dia, chegou um sábio àquele povoado e logo ficou sabendo das histórias do mostro que aparecia na praia e atacava a aldeia. O povo pediu ajuda ao sábio. Este convocou todo o povo da aldeia para se juntar na beira da praia, no final da tarde, pela hora em que o monstro costumava aparecer. Naquele final de tarde, todo o povo se juntou na beira da praia, à volta do sábio. Ele falou:
“Eu sou meio cego... já não enxergo as coisas direito. Por isso, quero que vocês falem, que vocês vão dizendo como é o monstro, quando ele aparecer!”
Todo o povo ficou em silêncio, na expectativa! De repente, alguém gritou: “É ele! Está aparecendo!” Imediatamente o povo se atropelou, correndo, fugindo, gritando de medo... Mas o sábio logo gritou interrompendo a correria: “Não! Ninguém foge! Continuem todos aqui! Continuem olhando o mostro e falando o que vai acontecendo com ele!” E o povo, morrendo de medo, segurou a vontade de fugir e continuou relatando a evolução do monstro. “Aí vem ele! Está aumentando! Vem caminhando na direção da praia! Está ficando cada vez maior!”
Alguns não agüentavam o medo e saíam correndo. Mas o sábio logo interrompia a correria, pedindo que continuassem olhando o monstro e relatando o que estava acontecendo.
“Está... está diminuindo... está desaparecendo... desapareceu...”
O monstro são os inimigos de Cristo e dos cristãos. Se não nos unirmos, e tivermos medo, ele ficará cada vez maior e nos devorará. Mas se nos unirmos e formos corajosos na fé, ele desaparecerá. Às vezes, pequenos obstáculos da vida podem nos parecer monstros grandes e terríveis. Nessas horas, se tivermos medo e não nos unirmos, eles nos devorarão na certa.
Maria Santíssima não ficou livre das perseguições. Imagine o que ela sofreu ao pé da cruz, e em todas as suas dores. Que ela nos ajude.
Todos vos odiarão por causa de mim. Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça.
 
 
 
 
 
Padre Queiroz