sábado, 31 de março de 2018

Liturgia Diária - O Sepulcro continua vazio

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1a Leitura - Gênesis 1,1.26-31 (versão breve)
Leitura do livro do Gênesis.
1 1 No princípio, Deus criou os céus e a terra.
26 Então Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastem sobre a terra."
27 Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher.
28 Deus os abençoou: "Frutificai, disse ele, e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra."
29 Deus disse: "Eis que eu vos dou toda a erva que dá semente sobre a terra, e todas as árvores frutíferas que contêm em si mesmas a sua semente, para que vos sirvam de alimento. 30 E a todos os animais da terra, a todas as aves dos céus, a tudo o que se arrasta sobre a terra, e em que haja sopro de vida, eu dou toda erva verde por alimento." E assim se fez. 31 Deus contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era muito bom.
Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o sexto dia.
Palavra do Senhor.

Salmo - 103/104
Enviai o vosso Espírito, Senhor,
e da terra toda a face renovai.

Bendize, ó minha alma, ao Senhor!
Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande!
De majestade e esplendor vos revestir
e de luz vos envolveis como num manto.

A terra vós firmastes em suas bases,
ficará firme pelos séculos sem fim;
os mares a cobriam como um manto,
e as águas envolviam as montanhas.

Fazeis brotar em meio aos vales as nascentes
que passam serpeando entre as montanhas;
às suas margens vêm morar os passarinhos,
entre os ramos eles erguem o seu canto.

De vossa casa as montanhas irrigais,
com vossos frutos saciais a terra inteira;
fazeis crescer os verdes pastos para o gado
e as plantas que são úteis para o homem.

Quão numerosas, ó Senhor, são vossas obras,
e que sabedoria em todas elas!
Encheu-se a terra com as vossas criaturas!
Bendize, ó minha alma, ao Senhor!

2a Leitura - Romanos 6,3-11
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
Irmãos, 6 3 ou ignorais que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte?
4 Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova.
5 Se fomos feitos o mesmo ser com ele por uma morte semelhante à sua, sê-lo-emos igualmente por uma comum ressurreição.
6 Sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que seja reduzido à impotência o corpo (outrora) subjugado ao pecado, e já não sejamos escravos do pecado.
7 (Pois quem morreu, libertado está do pecado.)
8 Ora, se morremos com Cristo, cremos que viveremos também com ele,
9 pois sabemos que Cristo, tendo ressurgido dos mortos, já não morre, nem a morte terá mais domínio sobre ele.
10 Morto, ele o foi uma vez por todas pelo pecado; porém, está vivo, continua vivo para Deus!
11 Portanto, vós também considerai-vos mortos ao pecado, porém vivos para Deus, em Cristo Jesus.
Palavra do Senhor.

Evangelho - Marcos 16,1-7
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
16 1 Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para ungir Jesus.
2 E no primeiro dia da semana, foram muito cedo ao sepulcro, mal o sol havia despontado. 3 E diziam entre si: Quem nos há de remover a pedra da entrada do sepulcro?
4 Levantando os olhos, elas viram removida a pedra, que era muito grande.
5 Entrando no sepulcro, viram, sentado do lado direito, um jovem, vestido de roupas brancas, e assustaram-se.
6 Ele lhes falou: Não tenhais medo. Buscais Jesus de Nazaré, que foi crucificado. Ele ressuscitou, já não está aqui. Eis o lugar onde o depositaram.
7 Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galiléia. Lá o vereis como vos disse.
Palavra da Salvação.
 
O trecho relata a atitude de algumas mulheres que, depois de uma noite de tristeza e desolação, resolveram fazer alguma coisa em favor de Jesus. Dirigiram-se ao túmulo à Sua procura.  Elas queriam de alguma forma agradá-lo, levando perfume para ungir o Seu corpo. Mas,... “O sepulcro estava vazio”. A princípio decepcionadas por não encontrarem o corpo de Jesus, elas foram depois recompensadas com a grande notícia que o anjo lhes deu: “Ele não está aqui. Ressuscitou!” Hoje também não podemos mais procurar Jesus morto, acabrunhado, pois Ele está vivo muito perto de nós.  Muitas vezes, no entanto, é necessário nos apossarmos do sentimento de desapego das coisas velhas, para podermos ter esta experiência com a vida nova de Jesus. Se ficarmos olhando para trás, mirando somente o que passou ou com os olhos postos no chão, no sofrimento, na decepção, nós nunca conseguiremos enxergar o Jesus, vivo, e ressuscitado, o Jesus da esperança, Jesus do amanhecer que está no alto, porém muito perto de nós. Esta é a grande notícia que temos de espalhar até os confins do mundo.   - E você tem procurado Jesus entre os mortos ou entre os vivos? – Você tem olhado mais para frente, ou tem se voltado muito para o seu passado? – Você desanima e se entristece quando você não encontra quem ou o que você procura?
 
 
 
  Helena Serpa

Sábado Santo: Um grande silêncio reina sobre a terra

No Sábado Santo, um grande silêncio reina sobre a terra porque o Rei está dormindo

Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a Terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio porque o Rei está dormindo; a Terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito Homem adormeceu e acordou os que dormiam havia séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos.
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Representação iconográfica de Cristo que, descendo aos infernos, resgata, a partir de Adão e Eva, todos os justos que esperavam a redenção – Foto: fidesecclesiae

Ele vai, antes de tudo, à procura de Adão, nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu Filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos e, agora, libertos dos sofrimentos.
O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: ““O meu Senhor está no meio de nós””. E Cristo respondeu a Adão: ““E com teu espírito””. E tomando-o pela mão, disse: ““Acorda, tu que dormes, levante dentre os mortos, e Cristo te iluminará. Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti e por aqueles que nasceram de ti, agora digo, e com todo o meu poder, ordeno aos que estavam na prisão: “Saí!”; e aos que jaziam nas trevas: “Vinde para a luz!”; e aos entorpecidos: “Levantai-vos!”

Deus quer acordar todos os seus filhos que estão nas trevas da morte

Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos. Levanta-te, obra de minhas mãos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só e indivisível pessoa.
Por ti, eu, o teu Deus, me tornei teu filho; por ti, eu, o Senhor, tomei tua condição de escravo. Por ti, eu, que habito no mais alto dos céus, desci à Terra, e fui mesmo sepultado abaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por ti, que deixaste o jardim do paraíso, ao sair de um jardim fui entregue aos judeus e num jardim, crucificado.
Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi; para restituir-te o sopro da vida original. Vê nas minhas faces as bofetadas que levei para restaurar, conforme à minha imagem, a tua beleza corrompida. Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti para retirar dos teus ombros os pesos dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à árvore da cruz, por causa de ti, como outrora estendeste levianamente tuas mãos para a árvore do paraíso. Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava voltada contra ti.
Levanta-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te coloco no paraíso, mas num trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida; eu, porém, que sou a vida, estou agora junto de ti. Constituí anjos que, como servos, te guardassem; ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus. Está preparado o trono dos querubins, prontos e a postos os mensageiros, constituído o leito nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o reino dos céus preparado para ti desde toda a eternidade”.”




De uma antiga Homilia no grande Sábado Santo (séc IV), de um autor grego desconhecido – Da Liturgia das Horas – II leitura do Sábado Santo

sexta-feira, 30 de março de 2018

Liturgia Diária - Sexta-feira da Paixão do Senhor

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1a Leitura - Isaías 52,13-53,12
Leitura do livro do profeta Isaías.

52 13 Eis que meu Servo prosperará, crescerá, elevar-se-á, será exaltado.
14 Assim como, à sua vista, muitos ficaram embaraçados – tão desfigurado estava que havia perdido a aparência humana -,
15 assim o admirarão muitos povos: os reis permanecerão mudos diante dele, porque verão o que nunca lhes tinha sido contado, e observarão um prodígio inaudito.
1 Quem poderia acreditar nisso que ouvimos? A quem foi revelado o braço do Senhor?
2 Cresceu diante dele como um pobre rebento enraizado numa terra árida; não tinha graça nem beleza para atrair nossos olhares, e seu aspecto não podia seduzir-nos.
3 Era desprezado, era a escória da humanidade, homem das dores, experimentado nos sofrimentos; como aqueles, diante dos quais se cobre o rosto, era amaldiçoado e não fazíamos caso dele.
4 Em verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos: e nós o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado.
5 Mas ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniqüidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos curados graças às suas chagas.
6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, seguíamos cada qual nosso caminho; o Senhor fazia recair sobre ele o castigo das faltas de todos nós.
7 Foi maltratado e resignou-se; não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador. (Ele não abriu a boca.)
8 Por um iníquo julgamento foi arrebatado. Quem pensou em defender sua causa, quando foi suprimido da terra dos vivos, morto pelo pecado de meu povo?
9 Foi-lhe dada sepultura ao lado de facínoras e ao morrer achava-se entre malfeitores, se bem que não haja cometido injustiça alguma, e em sua boca nunca tenha havido mentira.
10 Mas aprouve ao Senhor esmagá-lo pelo sofrimento; se ele oferecer sua vida em sacrifício expiatório, terá uma posteridade duradoura, prolongará seus dias, e a vontade do Senhor será por ele realizada.
11 Após suportar em sua pessoa os tormentos, alegrar-se-á de conhecê-lo até o enlevo. O Justo, meu Servo, justificará muitos homens, e tomará sobre si suas iniqüidades.
12 Eis por que lhe darei parte com os grandes, e ele dividirá a presa com os poderosos: porque ele próprio deu sua vida, e deixou-se colocar entre os criminosos, tomando sobre si os pecados de muitos homens, e intercedendo pelos culpados.
Palavra do Senhor.


Salmo - 30/31
Ó Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito.

Senhor, eu ponho em vós minha esperança;
que eu não fique envergonhado eternamente!
Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito,
porque vós me salvareis, ó Deus fiel!

Tornei-me o opróbrio do inimigo,
o desprezo e zombaria dos vizinhos
e objeto de pavor para os amigos;
fogem de mim os que me vêem pela rua.
Os corações me esqueceram como um morto,
e tornei-me como um vaso espedaçado.

A vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio
e afirmo que só vós sois o meu Deus!
Eu entrego em vossas mãos o meu destino;
libertai-me do inimigo e do opressor!

Mostrai serena a vossa face ao vosso servo
e salvai-me pela vossa compaixão.
Fortalecei os corações, tende coragem,
todos vós que ao Senhor vos confiais!
2a Leitura - Hebreus 4,14-16; 5,7-9
Leitura da carta aos Hebreus.
4 14 Temos, portanto, um grande Sumo Sacerdote que penetrou nos céus, Jesus, Filho de Deus. Conservemos firme a nossa fé.
15 Porque não temos nele um pontífice incapaz de compadecer-se das nossas fraquezas. Ao contrário, passou pelas mesmas provações que nós, com exceção do pecado.
16 Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e achar a graça de um auxílio oportuno.
7 Nos dias de sua vida mortal, dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, e foi atendido pela sua piedade.
8 Embora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve.
9 E uma vez chegado ao seu termo, tornou-se autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem.
Palavra do Senhor.

Evangelho - João 18,1-19,42Louvor e honra a vós, Senhor Jesus.
Jesus Cristo se torno obediente, obediente até a morte numa cruz; pelo que o Senhor Deus o exaltou e deu-lhe um nome muito acima de outro nome (Fl 2,8s).
 
N: Narrador
P: Presidente
G: Grupo ou assembléia
L: Leitor
Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo segundo João. N: Naquele tempo, 1 Jesus saiu com os seus discípulos para além da torrente de Cedron, onde havia um jardim, no qual entrou com os seus discípulos. 2 Judas, o traidor, conhecia também aquele lugar, porque Jesus ia freqüentemente para lá com os seus discípulos. 3 Tomou então Judas a coorte e os guardas de serviço dos pontífices e dos fariseus, e chegaram ali com lanternas, tochas e armas. 4 Como Jesus soubesse tudo o que havia de lhe acontecer, adiantou-se e perguntou-lhes:
P: A quem buscais?
N: 5 Responderam:
G: A Jesus de Nazaré.
N: Jesus respondeu:
P: Sou eu.
N: Também Judas, o traidor, estava com eles. 6 Quando lhes disse Sou eu, recuaram e caíram por terra. 7 Perguntou-lhes ele, pela segunda vez:
P: A quem buscais?
N: Disseram:
P: A Jesus de Nazaré.
N: 8 Replicou Jesus:
P: Já vos disse que sou eu. Se é, pois, a mim que buscais, deixai ir estes.
N: 9 Assim se cumpriu a palavra que disse: “Dos que me deste não perdi nenhum”. 10 Simão Pedro, que tinha uma espada, puxou dela e feriu o servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha direita. O servo chamava-se Malco. 11 Mas Jesus disse a Pedro:
P: Enfia a tua espada na bainha! Não hei de beber eu o cálice que o Pai me deu?
N: 12 Então a corte, o tribuno e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o ataram. 13 Conduziram-no primeiro a Anás, por ser sogro de Caifás, que era o sumo sacerdote daquele ano. Caifás fora quem dera aos judeus o conselho: Convém que um só homem morra em lugar do povo. 15 Simão Pedro seguia Jesus, e mais outro discípulo. Este discípulo era conhecido do sumo sacerdote e entrou com Jesus no pátio da casa do sumo sacerdote, porém 16 Pedro ficou de fora, à porta. Mas o outro discípulo, que era conhecido do sumo sacerdote, saiu e falou à porteira, e esta deixou Pedro entrar. 17 A porteira perguntou a Pedro:
L: Não és acaso também tu dos discípulos desse homem?
N: Respondeu Pedro:
L: Não o sou.
N: 18 Os servos e os guardas acenderam um fogo, porque fazia frio, e se aqueciam. Com eles estava também Pedro, de pé, aquecendo-se. 19 O sumo sacerdote indagou de Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina. 20 Jesus respondeu-lhe:
P: Falei publicamente ao mundo. Ensinei na sinagoga e no templo, onde se reúnem os judeus, e nada falei às ocultas. 21 Por que me perguntas? Pergunta àqueles que ouviram o que lhes disse. Estes sabem o que ensinei.
N: 22 A estas palavras, um dos guardas presentes deu uma bofetada em Jesus, dizendo: É assim que respondes ao sumo sacerdote? Replicou-lhe Jesus:
P: 23 Se falei mal, prova-o, mas se falei bem, por que me bates?
N: 24 Anás enviou-o preso ao sumo sacerdote Caifás. 25 Simão Pedro estava lá se aquecendo. Perguntaram-lhe:
G: Não és porventura, também tu, dos seus discípulos?
N: Pedro negou:
L: Não!
N: 26 Disse-lhe um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha:
L: Não te vi eu com ele no horto?
N: 27 Mas Pedro negou-o outra vez, e imediatamente o galo cantou. 28 Da casa de Caifás conduziram Jesus ao pretório. Era de manhã cedo. Mas os judeus não entraram no pretório, para não se contaminarem e poderem comer a Páscoa. 29 Saiu, por isso, Pilatos para ter com eles, e perguntou:
L: Que acusação trazeis contra este homem?
N: 30 Responderam-lhe:
G: Se este não fosse malfeitor, não o teríamos entregue a ti.
N: 31 Disse, então, Pilatos:
L: Tomai-o e julgai-o vós mesmos segundo a vossa lei.
N: Responderam-lhe os judeus:
G: Não nos é permitido matar ninguém.
N: 32 Assim se cumpria a palavra com a qual Jesus indicou de que gênero de morte havia de morrer. 33 Pilatos entrou no pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe:
L: És tu o rei dos judeus?
N: 34 Jesus respondeu:
P: Dizes isso por ti mesmo, ou foram outros que to disseram de mim?
N: 35 Disse Pilatos:
L: Acaso sou eu judeu? A tua nação e os sumos sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste?
N: 36 Respondeu Jesus:
P: O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo.
N: 37 Perguntou-lhe então Pilatos:
L: És, portanto, rei?
N: Respondeu Jesus:
P: Sim, eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz.
N: 38 Disse-lhe Pilatos:
L: O que é a verdade?
N: Falando isso, saiu de novo, foi ter com os judeus e disse-lhes:
L: Não acho nele crime algum. 39 Mas é costume entre vós que pela Páscoa vos solte um preso. Quereis, pois, que vos solte o rei dos judeus?
N: 40 Então todos gritaram novamente e disseram:
G: 19 1 Não! A este não! Mas a Barrabás!
N: Barrabás era um salteador. Pilatos mandou então flagelar Jesus. 2 Os soldados teceram de espinhos uma coroa e puseram-lha sobre a cabeça e cobriram-no com um manto de púrpura. 3 Aproximavam-se dele e diziam:
G: Salve, rei dos judeus!
N: E davam-lhe bofetadas. 4 Pilatos saiu outra vez e disse-lhes:
L: Eis que vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele nenhum motivo de acusação.
N: 5 Apareceu então Jesus, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Pilatos disse:
L: Eis o homem!
N: 6 Quando os pontífices e os guardas o viram, gritaram:
G: Crucifica-o! Crucifica-o!
N: Falou-lhes Pilatos:
L: Tomai-o vós e crucificai-o, pois eu não acho nele culpa alguma.
N: Responderam-lhe os judeus:
G: 7 Nós temos uma lei, e segundo essa lei ele deve morrer, porque se declarou Filho de Deus.
N: 8 Estas palavras impressionaram Pilatos. 9 Entrou novamente no pretório e perguntou a Jesus:
L: De onde és tu?
N: Mas Jesus não lhe respondeu. 10 Pilatos então lhe disse:
L: Tu não me respondes? Não sabes que tenho poder para te soltar e para te crucificar?
N: 11 Respondeu Jesus:
P: Não terias poder algum sobre mim, se de cima não te fora dado. Por isso, quem me entregou a ti tem pecado maior.
N: 12 Desde então Pilatos procurava soltá-lo. Mas os judeus gritavam:
G: Se o soltares, não és amigo do imperador, porque todo o que se faz rei se declara contra o imperador.
N: 13 Ouvindo estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Lajeado, em hebraico Gábata. 14 Era a Preparação para a Páscoa, cerca da hora sexta. Pilatos disse aos judeus:
L: Eis o vosso rei!
N: 15 Mas eles clamavam:
G: Fora com ele! Fora com ele! Crucifica-o!
N: Pilatos perguntou-lhes:
L: Hei de crucificar o vosso rei?
N: Os sumos sacerdotes responderam:
G: Não temos outro rei senão César!
N: 16 Entregou-o então a eles para que fosse crucificado. Levaram então consigo Jesus. 17 Ele próprio carregava a sua cruz para fora da cidade, em direção ao lugar chamado Calvário, em hebraico Gólgota. 18 Ali o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio. 19 Pilatos redigiu também uma inscrição e a fixou por cima da cruz. Nela estava escrito: “Jesus de Nazaré, rei dos judeus”. 20 Muitos dos judeus leram essa inscrição, porque Jesus foi crucificado perto da cidade e a inscrição era redigida em hebraico, em latim e em grego. 21 Os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos:
G: Não escrevas: “Rei dos judeus”, mas sim: “Este homem disse ser o rei dos judeus”.
N: 22 Respondeu Pilatos:
L: O que escrevi, escrevi.
N: 23 Depois de os soldados crucificarem Jesus, tomaram as suas vestes e fizeram delas quatro partes, uma para cada soldado. A túnica, porém, toda tecida de alto a baixo, não tinha costura. 24 Disseram, pois, uns aos outros:
G: Não a rasguemos, mas deitemos sorte sobre ela, para ver de quem será.
N: Assim se cumpria a Escritura: “Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sorte sobre a minha túnica”. Isso fizeram os soldados. 25 Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. 26 Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe:
P: Mulher, eis aí teu filho.
N: 27 Depois disse ao discípulo:
P: Eis aí tua mãe.
N: E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa. 28 Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava consumado, para se cumprir plenamente a Escritura, disse:
P: Tenho sede.
N: 29 Havia ali um vaso cheio de vinagre. Os soldados encheram de vinagre uma esponja e, fixando-a numa vara de hissopo, chegaram-lhe à boca. 30 Havendo Jesus tomado do vinagre, disse:
P: Tudo está consumado.
N: Inclinou a cabeça e rendeu o espírito.

(Todos se ajoelham em silêncio)

N: 31 Os judeus temeram que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque já era a Preparação e esse sábado era particularmente solene. Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. 32 Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro, que com ele foram crucificados. 33 Chegando, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, 34 mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água. 35 O que foi testemunha desse fato o atesta (e o seu testemunho é digno de fé, e ele sabe que diz a verdade), a fim de que vós creiais. 36 Assim se cumpriu a Escritura: “Nenhum dos seus ossos será quebrado”. 37 E diz em outra parte a Escritura: “Olharão para aquele que transpassaram”. 38 Depois disso, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, mas ocultamente, por medo dos judeus, rogou a Pilatos a autorização para tirar o corpo de Jesus. Pilatos permitiu. Foi, pois, e tirou o corpo de Jesus. 39 Acompanhou-o Nicodemos (aquele que anteriormente fora de noite ter com Jesus), levando umas cem libras de uma mistura de mirra e aloés. 40 Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em panos com os aromas, como os judeus costumam sepultar. 41 No lugar em que ele foi crucificado havia um jardim, e no jardim um sepulcro novo, em que ninguém ainda fora depositado. 42 Foi ali que depositaram Jesus por causa da Preparação dos judeus e da proximidade do túmulo.
Palavra da Salvação.

Meditando sobre este acontecimento da Paixão, Morte e Sepultamento de Nosso Senhor Jesus Cristo nós podemos tirar proveito de muitas mensagens para a nossa existência. Primeiramente, percebemos que, assim como aconteceu com Jesus, há um sentido para todas as ocorrências da nossa vida. Jesus Cristo não foi preso nem foi capturado, pelo contrário, Ele próprio se entregou aos homens para que se cumprisse tudo o que já estava escrito a fim de que a vontade do Pai se realizasse. Assim, quando Jesus se entregou aos homens, na verdade Ele estava se oferecendo ao Pai, pela humanidade. Nesta narrativa. nós  percebemos que Jesus estava consciente de tudo o que iria acontecer e, por isso, Ele próprio interpelou os guardas, dizendo: "A quem procurais"? E depois de saber que eles buscavam a Jesus, o Nazareno, Ele respondeu: "Sou eu"! Nós também precisamos estar atentos (as) para as coisas que acontecem na nossa vida a fim de apreender qual seja a vontade do Pai para nós, principalmente nas situações em que temos de enfrentar os desafios. Muitas vezes, nós também temos consciência de que algo precisa acontecer para que as coisas da nossa vida melhorem. No entanto, para que isso ocorra, precisamos assumir nova postura e novo compromisso, porém, relutamos e não enfrentamos a "fera". Se tivermos confiança nos planos de Deus para a nossa felicidade e consciência de que Ele precisa de nós para colaborar na salvação dos nossos irmãos e irmãs, nós, como Jesus, não fugiremos dos obstáculos e, também nos apresentaremos diante dos nossos algozes para "beber do cálice" que o Pai tem para nós.   Com a continuação da história nós verificamos que todas as coisas aconteceram coerentemente com o que já havia sido profetizado conforme as Escrituras. A Bíblia é um Livro de homens santos e pecadores e Nela, nós nos identificamos quando agimos bem ou agimos mal. O mesmo Pedro que cortou a orelha do servo do sumo-sacerdote para defender Jesus foi o que depois, por três vezes O negou. A atitude de Pilatos revela a nossa omissão diante das "coisas erradas" que presenciamos e, "lavamos as mãos" porque achamos que não compete a nós e não temos "nada a ver com isto". Diante de Pilatos Jesus não se justificou nem tampouco se acovardou, mas somente esclareceu: "O meu reino não é deste mundo". Aprendendo com o Mestre nós também podemos assumir compromissos e atitudes coerentes com o nosso desígnio e não nos abstrairmos do nosso ideal de vida. Realmente, o nosso reino não é deste mundo e as dificuldades que enfrentamos nesta vida temporal são apenas pontes que nos levam a atravessar o vale para chegarmos ao reino definitivo. Somos os Pedro, Pilatos, Judas e Malco da nossa geração. Somos como Anás, Caifás e até como os guardas e a encarregada que guardava a porta do lugar onde Jesus estava. Todos nós temos o nosso posto, a diferença, porém, poderá estar no modo como enfrentamos os desafios da nossa missão, com os olhos postados no alto a fim de poder beber o cálice que nos é apresentado ou olhando somente para a terra tentando nos livrar dos desafios e vivendo como qualquer um dos mortais, só para esta vida. Faça hoje a sua leitura com bastante atenção e perceba os pontos que para você devem ser mais importantes e que lhe  servem de exemplo e mensagem  para a sua vida atualmente:- As atitudes e as palavras de Jesus; a atitude dos discípulos, principalmente Judas e Pedro; as atitudes das autoridades; a omissão de Pilatos; a manifestação do povo, da multidão que antes proclamava Jesus Rei; a atitude dos soldados, enfim faça um paralelo dos acontecimentos da Paixão de Jesus com a sua vida cotidiana.

AS SETE PALAVRAS DE JESUS NA CRUZ

1 – PAI, PERDOA-LHES, POIS NÃO SABEM O QUE FAZEM.

2 – HOJE, ESTARÁS COMIGO NO PARAÍSO.

3 – MULHER, EIS O TEU FILHO; FILHO EIS A TUA MÃE.

4 – MEU DEUS POR QUE ME ABANDONASTES?

5 – TENHO SEDE!

6 – TUDO ESTÁ CONSUMADO.

7 – PAI, EM TUAS MÃOS ENTREGO O MEU ESPÍRITO!


Como saber o tamanho do amor de Cristo por nós?

Os relatos históricos e o parecer de especialistas atestam: só um amor incomensurável e sobre-humano seria capaz de suportar todos os sofrimentos da Paixão de Cristo.
De todas as condenações existentes na história da humanidade, nunca houve uma tão cruel e torturante como a condenação por crucifixão. Contudo, apesar dos muitos estudos sobre a crucifixão, é provável que nossa ideia a seu respeito seja um tanto superficial.
Era um costume romano executar os condenados por repúdio ou desobediência ao imperador com a pena capital de crucifixão, precedida de flagelação.
Há inúmeros relatos dos processos de crucifixão praticados pelos romanos, mas o mais notório foi o de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ao longo dos primeiros séculos cristãos, centenas de mártires foram executados da mesma forma; e, certamente, compreender a medida do sofrimento físico do Senhor diante desta condenação romana, nos conduzirá ao conhecimento do seu incomensurável amor para nos salvar.

Uma vez que um tribunal romano emitia uma sentença de morte por crucifixão, era tradição que primeiro o condenado fosse submetido à flagelação romana, meio pelo qual sofreria dores extremas até que chegasse ao colapso, antes mesmo de ser crucificado.
Segundo a Nova Enciclopédia Católica, “o flagelo romano ou flagrum era constituído por tiras de couro ou corda com pedaços de ferro e ossos atados às extremidades”.
Geralmente o flagrum era confeccionado sob a forma de um chicote conhecido como “gato de nove rabos” e, quando utilizado para açoitar, provocava grandes lacerações nas vítimas. O célebre autor eclesiástico Eusébio de Cesaréia nos testemunha, no século IV, esta impressionante realidade:
Seus corpos estavam temivelmente lacerados. Os mártires cristãos de Esmirna estavam tão mutilados pelos flagelos que suas veias estavam completamente expostas; sua musculatura interna, tendões e até mesmo entranhas estavam visivelmente à mostra.

Segundo o especialista em hematologia Dr. Allen Adler, as marcas de sangue presentes no Santo Sudário de Turim apresentam uma coloração consideravelmente avermelhada, denotando que o sangue estampado no ato de seu derramamento continha uma alta quantidade de bilirrubina, pigmento encontrado naturalmente no sangue, mas que, em grandes concentrações, demonstra que o corpo sofreu traumas físicas gravíssimos.
Uma vez flagelado, o condenado era obrigado a carregar sua própria cruz pelos corredores da cidade. Apesar de os condenados carregarem normalmente apenas a haste horizontal, conhecida como patibulumNosso Senhor a carregou integralmente. Isso pouco tempo depois de se encontrar em um imenso estado de choque causado pela flagelação. 
Não era praxe que os romanos crucificassem os condenados em montes e sim nas próprias ruas, à vista de todos. Entretanto, Nosso Senhor Jesus Cristo foi conduzido ao monte Calvário, ou monte da caveira
No cume do monte iniciou-se o suplício final de sua missão. As dores causadas pela brutal flagelação eram ainda mais agudas por causa da coroa de espinhos, que perfurava a sua cabeça na região dos nervos trigêmeos. Isto ocasionava sequências de espasmos e ataques de dores faciais indescritíveis. Essas dores faciais, segundo a medicina, são as dores mais intensas vivenciadas por um ser humano
A crucifixão se iniciava com o golpeamento de pregos nas palmas das mãos e pés dos condenados, fixando-os à cruz. O cravo inserido na palma das mãos perfurava o nervo medial e, a uma simples brisa no local da chaga, era desencadeada uma irradiação excruciante de dor, que até ao homem mais resistente faria chorar como uma criança

Dado o conjunto de todos estes tormentos aliados à exaustão física, à hemorragia contínua e ao aumento de líquido nos pulmões, é muito provável que a morte do Senhor, segundo o Dr. Frederick Zugibe, tenha se dado por uma última asfixia e parada cardíaca. Nos casos paralelos de crucifixão, a morte se dava em apenas alguns dias.
Os relatos nos Evangelhos dizem que seu corpo foi deposto da Cruz e colocado num túmulo emprestado, localizado a 50 metros do monte Calvário, e que pertencia a José de Arimateia. Em 335, o imperador Constantino erigiu uma basílica sobre este santo lugar, atualmente motivo de inumeráveis peregrinações vindas do mundo inteiro.
Senhor Jesus Cristo, na hora da vossa morte, o sol escureceu. Precisamente nesta hora da história, vivemos na escuridão de Deus. Ajudai-nos a reconhecer, nesta hora da escuridão e confusão, o vosso rosto. Mostrai-vos novamente ao mundo nesta hora. Fazei com que a vossa salvação se manifeste.




Referências

  • Eusébio de Cesareia, History of the Martyrs in Palestine (discovered in a very ancient Syriac manuscript), trad. ing. de William Cureton. Williams and Norgate, 1856.
  • Anthony Rich, A Dictionary of Roman and Greek Antiquities. 5.ª ed. Longmans, Green, and Co., 1890.
  • Frederick T. Zugibe, The Crucifixion of Jesus, Completely Revised and Expanded: A Forensic Inquiry. 2.ª ed. M. Evans & Company, 2005, 396p.
 Padre Paulo Ricardo.

quinta-feira, 29 de março de 2018

Liturgia Diária - Lava Pés

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1a Leitura - Êxodo 12,1-8.11-14
Leitura do livro do Êxodo.
12 1 O Senhor disse a Moisés e a Aarão:
2 “Este mês será para vós o princípio dos meses: tê-lo-eis como o primeiro mês do ano.
3 Dizei a toda a assembléia de IsraeL: no décimo dia deste mês cada um de vós tome um cordeiro por família, um cordeiro por casa.
4 Se a família for pequena demais para um cordeiro, então o tomará em comum com seu vizinho mais próximo, segundo o número das pessoas, calculando-se o que cada um pode comer.
5 O animal será sem defeito, macho, de um ano; podereis tomar tanto um cordeiro como um cabrito.
6 E o guardareis até o décimo quarto dia deste mês; então toda a assembléia de Israel o imolará no crepúsculo.
7 Tomarão do seu sangue e pô-lo-ão sobre as duas ombreiras e sobre a verga da porta das casas em que o comerem.
8 Naquela noite comerão a carne assada no fogo com pães sem fermento e ervas amargas.
11 Eis a maneira como o comereis: tereis cingidos os vossos rins, vossas sandálias nos pés e vosso cajado na mão. Comê-lo-eis apressadamente: é a Páscoa do Senhor.
12 “Naquela noite, passarei através do Egito, e ferirei os primogênitos no Egito, tanto os dos homens como os dos animais, e exercerei minha justiça contra todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor.
13 O sangue sobre as casas em que habitais vos servirá de sinal (de proteção): vendo o sangue, passarei adiante, e não sereis atingidos pelo flagelo destruidor, quando eu ferir o Egito.
14 Conservareis a memória daquele dia, celebrando-o com uma festa em honra do Senhor: fareis isso de geração em geração, pois é uma instituição perpétua.
Palavra do Senhor.


Salmo - 115/116B

O cálice por nós abençoado
é a nossa comunhão com o sangue do Senhor.

Que poderei retribuir ao Senhor Deus
por tudo aquilo que ele fez em meu favor?
Elevo o cálice da minha salvação,
invocando o nome santo do Senhor.

É sentida por demais pelo Senhor
a morte de seus santos, seus amigos.
Eis que sou o vosso servo, ó Senhor,
mas me quebrastes os grilhões da escravidão!

Por isso oferto um sacrifício de louvor,
invocando o nome santo do Senhor.
Vou cumprir minhas promessas ao Senhor
na presença de seu povo reunido.



2a Leitura - 1 Coríntios 11,23-26

Leitura da carta de são Paulo aos Coríntios.
Irmãos, 11 23 eu recebi do Senhor o que vos transmiti: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão
24 e, depois de ter dado graças, partiu-o e disse: "Isto é o meu corpo, que é entregue por vós; fazei isto em memória de mim".
25 Do mesmo modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: "Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de mim".
26 Assim, todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice lembrais a morte do Senhor, até que venha.
Palavra do Senhor.



Evangelho - João 13,1-15

Glória a vós, ó Cristo, Verbo de Deus.
Eu vos dou este novo mandamento, nova ordem agora vos dou, que, também, vos ameis uns aos outros, como eu vos amei, diz o Senhor (Jo 13,34).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
13 1 Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo ao Pai, como amasse os seus que estavam no mundo, até o extremo os amou.
2 Durante a ceia, - quando o demônio já tinha lançado no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, o propósito de traí-lo -,
3 sabendo Jesus que o Pai tudo lhe dera nas mãos, e que saíra de Deus e para Deus voltava,
4 levantou-se da mesa, depôs as suas vestes e, pegando duma toalha, cingiu-se com ela.
5 Em seguida, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido.
6 Chegou a Simão Pedro. "Mas Pedro lhe disse: Senhor, queres lavar-me os pés!"
7 Respondeu-lhe Jesus: "O que faço não compreendes agora, mas compreendê-lo-ás em breve".
8 Disse-lhe Pedro: "Jamais me lavarás os pés!" Respondeu-lhe Jesus: "Se eu não tos lavar, não terás parte comigo".
9 Exclamou então Simão Pedro: "Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça".
10 Disse-lhe Jesus: "Aquele que tomou banho não tem necessidade de lavar-se; está inteiramente puro. Ora, vós estais puros, mas nem todos!"
11 Pois sabia quem o havia de trair; por isso, disse: "Nem todos estais puros".
12 Depois de lhes lavar os pés e tomar as suas vestes, sentou-se novamente à mesa e perguntou-lhes: "Sabeis o que vos fiz?
13 Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou.
14 Logo, se eu, vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar-vos os pés uns aos outros.
15 Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, assim façais também vós".
Palavra da Salvação.

Reflexão

Já ouvi alguém dizer que essa é a parte mais difícil da missão de um padre! Pois é preciso, coragem, atitude de desprendimento, entrega, e acima de tudo, muita HUMILDADE por parte do sacerdote, para realizar um gesto deste.
A missa do Lava-Pés na Quinta-Feira Santa, marca o início do Tríduo Pascal, que representa para nós cristãos católicos, o PONTO CENTRAL DA NOSSA FÉ.
A ÚLTIMA CEIA marcou a despedida de Jesus aos seus apóstolos, despedida da sua estadia, da sua permanência na Terra.
Foi na última Ceia que Jesus instituiu a Santa Missa, a Eucaristia e o Sacerdócio.
SANTA MISSA – Aquele jantar de despedida, representou para os discípulos para nós os cristãos católicos, a PRIMEIRA MISSA celebrada pelo próprio Jesus.
EUCARISTIA – E nesse jantar de despedida, Jesus inventou a Eucaristia, tomando o pão, abençoando-o, e afirmando que aquele pão era o seu corpo. Não se trata de um faz de contas, nem de uma representação, mas sim, realmente, aquele pão se transformou no seu corpo que seria dado por nós, no suplício da Paixão.
SACERDÓCIO – Jesus, naquele jantar de despedida, instituiu também o sacerdócio, ao dizer: “Fazei isso em memória de mim”.  Com estas palavras, Jesus todo poderoso, transmitiu aos apóstolos, o poder de transformar a hóstia, no seu corpo e no seu sangue, como é feito em todas as Missas.
E para quem não acredita nos poderes do padre, dizendo que Jesus deu o poder de transformar o pão em seu corpo somente àqueles discípulos ali presentes e não aos padres de hoje, é bom lembrar nas outras palavras de Jesus: “Eu estarei convosco até o fim dos tempos”. Isso significa que os poderes do sacerdote foi sendo transmitidos de geração a geração, até chegar no padre aí da sua paróquia.
Como vemos, a celebração da ÚLTIMA CEIA, foi um acontecimento muito rico em significados, e símbolos da nossa fé cristã.
Ao lavar os pés dos apóstolos, Jesus nos pede que sigamos o seu exemplo e seu testemunho de amar e servir indistintamente a todos os irmãos e irmãs. E é nisso que se resume toda a nossa caminhada cristã. Agindo com humildade, partilha, servindo, perdoando, e suportando os nossos irmãos e irmãs.
Caríssimas e caríssimas. Durante a Semana Santa, vamos refletir sobre a nossa vida. No como anda a prática da nossa fé. Refletir se somos cristãos teóricos ou se somos cristãos autênticos seguidores de Cristo, praticando com coragem e decididamente, os ensinamentos que aprendemos do Mestre.
Será que estamos fazendo como Jesus? Será que já escolhemos uma maneira de servir ao próximo?  De servir à próxima? Ou será que estamos mais interessados em tirar vantagem da amizade que os nossos irmãos nos proporcionam?






José Salviano.

A única religião com uma Sexta-feira Santa


Por que o cristianismo é a melhor das religiões? 
Porque é a única que tem uma Sexta-feira Santa, a única com um Deus que morreu crucificado por causa de nossos pecados.
Eu sei, eu sei, não é nada politicamente correto tocar neste assunto.
Hoje se espera que as pessoas pelo menos finjam que todas as religiões são iguais. Os professores de religião comparada (que em compensação, de maneira geral, não têm religião alguma) ensinam que todas as religiões seriam invenções humanas baseadas em culturas e circunstâncias históricas particulares.
A teoria é que as religiões evoluíram do animismo, quando os homens das cavernas grunhiam para o sol, a lua e as estrelas, e inventavam histórias sobre as pessoas que aí viviam. Então eles inventaram histórias sobre deuses, as quais se tornaram mitos, e começaram a oferecer sacrifícios às pessoas do céu; e então eles inventaram mais histórias, eventualmente adicionaram regras a tudo isso, e foi assim, mais ou menos, que todas as diferentes religiões se desenvolveram.
Como a maior parte das heresias, essa é uma meia verdade, e, como a maior parte das meias verdades, parece ser mais plausível do que a verdade completa. Esta é sempre difícil de acreditar à primeira vista, mas mostra-se muito mais plausível a partir de um exame mais profundo.
Todas as religiões são iguais? Se você tem um desses pôsteres retratando o pôr-do-sol e com um slogan que diz: “Estamos todos escalando a mesma montanha, só que por caminhos diferentes”, então você talvez tire a conclusão sentimental de que sim, todas as religiões são iguais.
Mas elas não são. Pare para pensar por um momento. O judaísmo, com seu monoteísmo, seus rituais e suas leis, seria igual à religião asteca, com seus sacrifícios humanos genocidas? Eu temo que não. O hinduísmo, com seus mitos elaborados, seus rituais antigos e seus panteões repletos de deuses, seria igual aos testemunhas de Jeová? O islamismo wahhabista, que releva a violência, seria igual aos quakers pacifistas?

Religião não é tudo a mesma coisaReligiões não são todas iguais. Algumas delas são moral, teológica e filosoficamente superiores a outras, assim como alguns compositores e artistas são superiores a outros. Roberto Carlos pode ter escrito algumas boas músicas, mas ele não é Mozart. Norman Rockwell pintou alguns bons quadros, mas ele não é Rembrandt.
Da mesma forma, algumas religiões são superiores a outras, e o cristianismo sobressai a todas. E, das religiões cristãs, o catolicismo é a melhor. Ao afirmar isso, não estou dizendo que todas as outras religiões não prestam. 

A Igreja Católica ensina que todas as outras religiões possuem elementos de bondade, verdade e beleza, e nós defendemos o que há de bom nessas religiões. Ao mesmo tempo, porém, nós afirmamos que o cristianismo é a melhor de todas elas e fazemo-lo por uma razão muito simples.
Antes de eu explicar porquê é importante eu deixar claro o que não faz parte do meu argumento. Eu não estou dizendo que os cristãos são as melhores pessoas da terra. Nós tivemos muitas grandes realizações em nossa história, mas também tivemos a nossa parcela de maus indivíduos. Cristãos são pecadores e podem ser hipócritas como todo o mundo.  
Não estou defendendo aqui que nossa religião foi sempre vivida de modo luminoso, mas sim que nossa religião é luminosa. Chesterton estava certo (como de costume): “O cristianismo não foi tentado e considerado imperfeito; ele foi considerado difícil sem ser tentado.”
Estou escrevendo estas linhas durante a Quaresma e, para dizer de maneira bem simples, o cristianismo é superior por causa da Semana Santa e da Sexta-feira Santa; é superior por causa da crucificação de Jesus Cristo.
Eis aonde eu desejo chegar: o cristianismo é a única religião que não ignora nem evita o problema do sofrimento. Na verdade, o sofrimento está no próprio coração de nossa religião. Nosso principal ícone é um crucifixo. Nosso ato central de culto comemora e representa a execução de uma vítima inocente.
Outras religiões desviam do problema:
  • O budismo e o hinduísmo ensinam que o sofrimento é parte do ciclo do carma; para evitá-lo, seria necessário elevar-se por meio do desprendimento do mundo material.
  • O epicurismo evita o assunto ensinando a devassidão: “Comamos e bebamos, amanhã morreremos”.
  • O estoicismo, por sua vez, ensina que é preciso aceitar o sofrimento (com dignidade, se possível), cumprir o próprio dever e seguir em frente.
  • O islamismo ensina que o sofrimento é escolha arbitrária de Deus e não faz perguntas.
  • Religiões primitivas não têm problema com o sofrimento porque elas sequer têm um Deus que seja bom; o sofrimento para elas é simplesmente parte do cosmo, seu credo é o fatalismo.
  • Os judeus, que mais se aproximam de nós, aceitam o sofrimento como uma parte inexplicável do fato de serem o povo escolhido de Deus.
Mas pense sobre o modo como nós, cristãos, lidamos com o sofrimento. Ante a questão: “Como pode um Deus bom permitir o sofrimento?”, nós nos debatemos, ficamos instigados, discutimos com outras pessoas, e algumas delas chegam a se tornar ateias por causa desse terrível enigma.
Nós, porém, respondemos (principalmente os cristãos católicos): “Sim, trata-se de um problema, mas toda a razão da nossa religião é a resposta de Deus para esse problema. Nós não o varremos para debaixo do tapete. Nós não o ignoramos. O sofrimento é um problema, mas a resposta para ele é o centro de toda a nossa fé. Nós pregamos Cristo, e Ele crucificado.”
Nós vemos o sofrimento como um resultado do livre-arbítrio e este, por sua vez, é a condição para a existência do verdadeiro amor. Se você não é capaz de amar livremente, então você não é capaz de amar. O livre-arbítrio produz, no entanto, más escolhas, e são estas que levam ao sofrimento.
Nós reconhecemos que o sofrimento é um problema, e o sofrimento inocente é ainda pior. Mas dentro do próprio problema está a solução; dentro da própria questão mora a resposta. O ciclo do nosso orgulho transfere a culpa ao nosso próximo, exclui a uns e eventualmente condena outros à morte.  
Mas Jesus se insere no meio desse ciclo e toma sobre si as nossas culpas. Ele anula o ciclo e, ao ressuscitar, destrói o poder do sofrimento desde dentro. O cristianismo é a única religião que mergulha nas profundezas do sofrimento, luta contra a escuridão e sai vitoriosa e triunfante no final, ainda que à custa de sangue.
Foi isso o que fez nosso “herói”, Jesus Cristo, na Sexta-feira Santa, e é por isso que nós lhe chamamos nosso Salvador: porque ele lutou com o demônio, atravessou a escuridão e venceu. Desde aquele dia, o sofrimento perdeu o seu aguilhão e a morte perdeu a sua fetidez. Para aqueles que O seguem, há esperança. Para aqueles que caminham com Ele, há luz do outro lado e calma após a tempestade.




Recomendações

  • S. João Paulo II, Carta Apostólica “Salvifici Doloris”, de 11 fev. 1984 (AAS76 [1984] 201-250).
 Padre Paulo Ricardo.