terça-feira, 30 de novembro de 2010

POR QUE AINDA SER CRISTÃO HOJE?


A intrigante questão por que ainda ser cristão hoje? é título de um opúsculo do filósofo e teólogo suíço Hans Küng (*1928), publicado pela Verus Editora, em 2004.
Nessa obra o autor enfoca com clareza, profundidade e ousadia questões básicas para a fé cristã e, sobretudo, coloca em evidência aquilo que realmente importa para ser um autêntico cristão. Muito preocupado com doutrinas e práticas tradicionais da Igreja Católica, pergunta-se: O que é ser um autêntico cristão e não apenas um cristão de fachada? Se uma pessoa ou instituição não é cristã pelo simples fato de ter cristão no nome, o que se requer além do nome?
O que é especificamente cristão e não apenas eclesiástico, católico, católico romano, magisterial?Por que ainda ser cristão hoje?
Hans Küng inicia o supracitado texto explicitando que a sociedade moderna encontra-se em uma ampla e profunda crise de orientação. A falta de orientação básica manifesta-se sobretudo após a rebelião dos jovens e estudantes no final da década de 1960. A partir de então já não existe mais nenhuma instituição ou autoridade guardiã das tradições e valores que não esteja sendo radicalmente questionada.
A religião cristã, que até então era matéria de convicção pessoal ou pelo menos uma questão ligada à tradição e aos bons costumes, tende a ser afastada totalmente da vida pública e relegada para a privacidade do indivíduo. Esse processo de secularização preocupa bastante inclusive ao Papa Bento XVI porque se verifica que com a perda da religião como um evento social, perde-se também os valores éticos.
Para o pensador suíço não existe nenhum dever incondicional para determinado modo de agir humano sem a abertura a uma autoridade absoluta (Deus) que imponha sobre nós aquele dever; não existe ação humana,incondicionalmente obrigatória, sem religião. Como demonstrar, unicamente a partir da razão, que a liberdade é melhor do que a opressão, a justiça melhor do que a busca do lucro, o amor melhor do que o ódio e a paz melhor do que a guerra? Como justificar filosoficamente a atitude de uma pessoa que abre mão de vantagens pessoais, ou até mesmo de sua própria vida, em benefício da vida do próximo? Por que não posso roubar, matar e mentir se isto me traz vantagens? Talvez por causa dessa crescente convicção de que não é possível fundamentar os valores éticos exclusivamente a partir da razão, que se sustenta, hoje, a necessidade de articular novamente razão e fé, fé e política, e de entender esta como forma de viver o espírito de solidariedade na sociedade.


A perda da fundamentação incondicional (religiosa) dos princípios éticos reflete-se na necessidade de estabelecer, com freqüência, novas normas de conduta e novos regulamentos (leis) que, porém, muito mais salvaguardam interesses de grupos ávidos de benefícios próprios (éticas egocêntricas) do que a melhoria da qualidade de vida de todos. Se hoje, portanto, fala-se tanto de crise ética em vários setores da sociedade é porque falta uma orientação básica e, segundo Küng, falta uma orientação básica cristã.
Sabe-se que ao longo da história do cristianismo foram cometidos vários erros, entre os quais, as cruzadas, a perseguição contra os judeus, o caso Galileu, a cumplicidade com os donos do poder, etc. Porém, apesar do fundo sombrio de muito daquilo que é chamado cristão, é possível hoje encontrar uma orientação básica na mensagem cristã em si mesma, ou melhor, na vida a partir de e no seguimento de Jesus Cristo. Na base do cristianismo está a pessoa de Jesus de Nazaré, o Filho de Deus encarnado. Jesus Cristo, in persona, é a manifestação visível de que Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele (1Jo 4,16).
O Deus revelado por Jesus Cristo, em vez de condenar, perdoa; em vez de castigar, liberta; em vez de impor a justiça, faz valer a graça e a misericórdia. Foi por esse Deus que Jesus suplicou, falou, lutou, sofreu e morreu na cruz. Humildade, amor, perdão, compaixão, fidelidade, serviço ao próximo sem esperar retribuições são, portanto, atitudes humanas de Jesus que expressam a vontade de Deus em relação a todos os seus filhos e filhas. Enfim, Jesus revelou a face de Deus Uno e Trino através de sua vida de doação incondicional a todos os seres humanos, que culminou na sua morte de cruz.


O teólogo Bruno Forte, em A essência do cristianismo (Vozes, Petrópolis 2003), conclui que desde o início do movimento cristão até hoje, a essência do cristianismo é Jesus Cristo crucificado. Na cruz de Jesus Cristo, Deus revela todo o seu amor pela humanidade, e na cruz de Jesus Cristo realiza-se maximamente a vocação fundamental do ser humano. A essência do cristianismo é o Amor crucificado em sua abissal profundidade humano-divina.
Por conseguinte, autêntico cristão é aquele que se deixa orientar por Jesus Cristo, imita-O na busca da liberdade, na prática da justiça, da solidariedade e da paz.
Porém, na esteira de Jesus Cristo, o senso de justiça ultrapassa o respeito aos deveres elementares da condição humana, como não matar, não roubar, não mentir, etc.
O autêntico cristão, abraçado à cruz de Jesus Cristo, engaja-se despretensiosamente em favor do próximo, compromete-se com um amor que não somente respeita, mas integra até mesmo o inimigo.
São Lucas escreve acerca deste tema: Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei aos que vos amaldiçoam, orai por aqueles que vos difamam (Lc 6, 7-28).
O apóstolo Paulo aponta para todas as características que, juntas, constituem o fruto do Espírito de Cristo e de todo o cristão, a saber: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5, 22-23).
O distintivo dos cristãos se encontra nas palavras do próprio Jesus: Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisso conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros (Jo 13, 34s).
Conforme dissemos anteriormente, ao longo da história do cristianismo muitos cristãos não foram cristãos no sentido mais profundo, verdadeiro e original da palavra. Porém, seria um equívoco condenar a religião cristã e a Igreja Católica por causa de atitudes anti-cristãs de cristãos de fachada. Pois, a partir da inspiração originária do próprio cristianismo rejeita-se tudo quanto de algum modo tenha a ver com um dogmatismo autoritário ou com uma moral cristã estreita e casuísta, distanciada da vida.
Mas é verdade também que na Igreja há muitos cristãos que são verdadeiros discípulos do mestre Jesus Cristo, ou seja, que fazem de Jesus Cristo a orientação básica de suas vidas.
Entre os mais renomados discípulos de Jesus Cristo destaca-se São Francisco de Assis. Ele quis ser cristão porque encontrou no Evangelho de Jesus Cristo o sentido fundamental de sua vida. Ao ouvir o trecho do Evangelho acerca da missão dos apóstolos (Mt 10, 7-13), imediatamente exclamou: É isto que eu quero, é isto que eu procuro, é isto que eu desejo fazer do íntimo do coração (1Cel 22). Sem demora, no espírito de Deus, começou a colocar em prática o que ouvira, isto é, distribuiu aos pobres todos os seus bens materiais e renegou completamente a sua vontade para livremente fazer a vontade de Deus. Francisco quis, pura e simplesmente, viver e agir o mais fielmente possível como Jesus viveu e agiu e, conseqüentemente, anunciar o Reino de Deus, a conversão e a paz. Francisco abraçou pobre e humildemente a cruz. Não quis mais gloriar-se a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo (Gl 6,14). Por isso, no final de sua vida, todo arrebatado em Deus e transformado à semelhança de Jesus pelo amor e pela compaixão, teve visivelmente impressos sobre seu corpo os estigmas do Crucificado (1Cel 94;95; LM 13,3).
E à medida que a sua opção de vida suscitou discípulos e fez crescer a comunhão fraterna entre eles, e levou-os à solidariedade com todos os necessitados, sem discriminação, reinaugurou-se o ideal primitivo da Igreja de Jesus Cristo. De modo que, com toda a razão, S. Boaventura comparou Francisco a Jesus Cristo e a fraternidade primitiva franciscana à comunidade primitiva dos cristãos.
Enfim, recoloca-se a questão: por que ainda ser cristão hoje?
Certamente muitos denominam-se cristãos pelo simples fato de terem nascido dentro de uma tradição cristã de 20 séculos e querem continuar honrando essa nobre tradição.
Outros provavelmente são cristãos por causa da convicção de que, seguindo Jesus Cristo, é possível viver, agir, sofrer e morrer dignamente como um ser humano.
E, talvez, muitos são cristãos ainda hoje porque encontram na pessoa de Jesus Cristo, a exemplo de S. Francisco de Assis, o sentido (orientação básica) para a sua existência.
E você, por que ainda é cristão hoje?


Frei João Mannes, OFM


com minha benção
Pe Emílio Carlos+

PAPA ENVIA MENSAGEM A IGREJA DO RIO


VATICANO, 28 Nov. 10 / 02:38 pm (ACI).- De acordo à informação fornecida pela arquidiocese do Rio de Janeiro, na manhã deste domingo, 28 de novembro, o Arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta recebeu um fax do Núncio Apostólico, Dom Lourenzo Baldisseri, transmitindo a solidariedade do Papa Bento XVI à Igreja no Rio de Janeiro, conforme as palavras do Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcísio Bertone. Em seguida publicamos o texto da missiva do Papa:"Excelência ReverendíssimaCumpro o dever de transmitir a Vossa Excelência, o telegrama de Sua Eminência o Cardeal Tarcísio Bertone, Secretário de Estado:"Exmo Revmo Dom Orani João Tempesta, Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro,O Santo Padre segue com profunda mágoa os graves enfrentamentos e as violências destes dias no Rio de Janeiro, particularmente na comunidade "Vila Cruzeiro". O Sumo Pontífice assegura a sua oração pelos mortos, como também pelas suas famílias, e pede aos responsáveis que ponham fim às desordens, enquanto os encoraja restabelecerem o respeito da Lei e do Bem Comum.Cardeal Tarcísio BertoneSecretário de Estado de Sua Santidade"Dom Lourenzo Baldisseri, Núncio Apostólico no Brasil também acrescenta algumas palavras de seu próprio punho na carta recebida pelo arcebispo Tempesta:“Uno às palavras do Emmo Cardeal minha fervente oração a Deus Todo-poderoso e rico em misericórdia, nesta circunstância tão dolorosa na sua Arquidiocese. Aproveito do ensejo para expressar meus sentimentos de alta estima”.

LITURGIA DIÁRIA - PESCADORES DE HOMENS


Primeira Leitura: Romanos 10, 9-18

Leitura da carta de São Paulo aos Romanos - Irmãos, 9Portanto, se com tua boca confessares que Jesus é o Senhor, e se em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. 10É crendo de coração que se obtém a justiça, e é professando com palavras que se chega à salvação. 11A Escritura diz: Todo o que nele crer não será confundido (Is 28,16). 12Pois não há distinção entre judeu e grego, porque todos têm um mesmo Senhor, rico para com todos os que o invocam, 13porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo (Jl 3,5). 14Porém, como invocarão aquele em quem não têm fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue? 15E como pregarão, se não forem enviados, como está escrito: Quão formosos são os pés daqueles que anunciam as boas novas (Is 52,7)? 16Mas não são todos que prestaram ouvido à boa nova. É o que exclama Isaías: Senhor, quem acreditou na nossa pregação (Is 53,1)? 17Logo, a fé provém da pregação e a pregação se exerce em razão da palavra de Cristo. 18Pergunto, agora: Acaso não ouviram? Claro que sim! Por toda a terra correu a sua voz, e até os confins do mundo foram as suas palavras (Sl 18,5). - Palavra do Senhor.

Evangelho: Mateus 4, 18-22

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, 18Caminhando ao longo do mar da Galiléia, viu dois irmãos: Simão (chamado Pedro) e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. 19E disse-lhes: Vinde após mim e vos farei pescadores de homens. 20Na mesma hora abandonaram suas redes e o seguiram. 21Passando adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam com seu pai Zebedeu consertando as redes. Chamou-os, 22e eles abandonaram a barca e seu pai e o seguiram. - Palavra da salvação.


O Evangelho dessa sexta-feira difere da temática desta semana, na qual estamos refletindo sobre o fim dos tempos. A exceção foi aberta porque hoje é o dia de um santo muito querido: Santo André.
Das passagens em que André é citado nos Evangelhos, a Igreja escolheu aquela em que ele foi chamado para ser "pescador de homens". Ele era irmão de Simão Pedro, e foi um dos primeiros a ser chamado para fazer parte da seleção de Jesus. Estava pescando com seu irmão no momento em que ambos foram convocados por Jesus.
No Evangelho de João, André é citado 4 vezes. Mas é durante a multiplicação dos pães, a única cena em que vemos André se pronunciar a Jesus: "Está aqui um menino que tem 2 pães de cevada e dois peixes. Mas que é isto para tanta gente?" (Jo 6,8-9)
Diz a tradição que sua marca registrada era a coragem e a alegria. Ele morreu mártir, numa cruz em forma de X, na Acáia, após ter pregado o Evangelho e fundado igrejas na região do Mar Cáspio e Negro.
Neste dia de Santo André, Jesus vem "interrompê-lo" no seu trabalho para chamá-lo: "Segui-me. E eu farei de vós pescadores de homens." Esse chamado também é para mim e para você. Jesus não buscou pessoas sábias, nem ricas... não procurou pessoas desocupadas, nem tampouco preparadas para entender a sua mensagem... não buscou guerreiros armados, nem pediu o currículo... Apenas fez o que diz aquela linda canção...
"Senhor, tu me olhaste nos olhos... a sorrir, pronunciastes meu nome... lá na praia, eu larguei o meu barco... junto a Ti, buscarei outro mar..."

Jailson Ferreira
jailsonfisio@hotmail.com

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

ESTATURA ESPIRITUAL DO HOMEM É MEDIDA PELA SUA ESPERANÇA, DIZ BENTO XVI


VATICANO, 28 Nov. 10 / 02:23 pm (ACI).- Ao presidir a oração do Ângelus dominical, o Papa Bento XVI ressaltou que a esperança é uma atitude profundamente humana e que justamente a partir daquilo que esperamos pode-se medir a estatura moral e espiritual do homem.Apesar das chuvas de início de inverno, um numeroso grupo de fiéis e peregrinos se reuniram este meio-dia (hora local) na Praça de São Pedro para rezar o Ângelus dominical com o Santo Padre que definiu o tempo de Advento que se inicia hoje como um tempo em que “olhamos para a primeira vinda do Filho de Deus, quando nasceu da Virgem Maria” e se espera “sua volta gloriosa, quando deverá julgar a vivos e mortos”.
Em seguida o Santo Padre afirmou que o tema da “espera é um aspecto profundamente humano no que a fé se faz, por assim dizer, um todo em um com nossa carne e nosso coração”.“A expectativa, a espera – segundo Bento XVI - é uma dimensão que atravessa toda a nossa existência pessoal, familiar e social. A expectativa está presente em mil situações desde as pequenas e banais até as mais importantes que nos envolvem totalmente e profundamente. Pode-se dizer que o homem está vivo até quando sabe esperar, até quando em seu coração estiver viva a esperança. E o homem reconhece suas expectativas: a nossa 'estatura' moral e espiritual pode ser medida por aquilo que desejamos, por aquilo em que esperamos”, disse o Papa.Deste modo o pontífice fez um convite a que cada pessoa, durante o tempo que prepara para o Natal, se pergunte: o que espero? Para onde se dirige neste momento o meu coração? Tais perguntas – segundo o Papa – devem ser feitas pelas famílias, comunidades e nações. "O que nós esperamos, juntos? O que une as nossas aspirações?" – perguntou ainda o Santo Padre.Refletindo sobre a espera comunitária acrescentou: “no tempo que antecede o nascimento de Jesus, em Israel a espera de um Messias era muito forte, de um Consagrado, descendente do Rei David que finalmente libertasse o povo de toda escravidão moral e política e instaurado o Reino de Deus. Mas ninguém teria jamais imaginado que o Messias pudesse nascer de uma humilde jovem como Maria”.“Nem sequer ela o teria pensado –continuou o Pontífice descrevendo a experiência da Mãe de Deus–, entretanto em seu coração a espera do Salvador era tão grande, sua fé e sua esperança eram tão ardentes, que Ele pôde encontrar nela uma mãe digna"."Ademais, Deus mesmo a havia preparado.
Existe uma misteriosa correspondência entre a espera de Deus e a de Maria. Aprendamos dela, a Mulher do Advento, a viver os gestos cotidianos com um espírito novo, com o sentimento de uma espera profunda, que só a vinda de Deus pode preencher”.O Papa rezou o Ângelus, saudou em diversos idiomas, e repartiu a sua Bênção Apostólica.

REVELAÇÕES DO LIVRO-ENREVISTA DE BENTO XVI


Ser cristão é em si mesmo algo vivo, moderno, que atravessa toda a modernidade, formando-a e moldando-a, e, portanto, em certo sentido realmente a abraça. Aqui se necessita de uma grande luta espiritual..."


Passagens antecipadas pelo jornal vaticanoApresentamos algumas passagens que o L’Osservatore Romano antecipou nesse domingo do livro “Luz do mundo”, que recolhe conversas de Bento XVI com o jornalista alemão Peter Seewald.
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Alegria do cristianismoToda minha vida esteve sempre atravessada por um fio condutor, que é este: o cristianismo dá alegria, amplia os horizontes. Em definitivo, uma existência vivida sempre e apenas “em contra” seria insuportável.MendigoNo que se refere ao Papa, também ele é um pobre mendigo frente a Deus, ainda mais que os demais homens. Naturalmente rezo, em primeiro lugar, sempre ao Senhor, ao qual estou vinculado, por assim dizer, por uma antiga amizade. Mas invoco também os santos. Sou muito amigo de Agostinho, de Boaventura e de Tomás de Aquino. Portanto, digo a eles: “ajudem-me!”.


A Mãe de Deus é sempre e de todos os modos um grande ponto de referência. Nesse sentido, integro-me na comunhão dos santos. Junto a eles, reforçado por eles, falo, e também com o bom Deus, sobretudo mendigando, mas também agradecendo; ou simplesmente porque estou contente.DificuldadesQue a atmosfera não seria sempre alegre era evidente. Dada a atual constelação mundial, com todas as forças de destruição que existem, com todas as contradições que se dão nela, com todas as ameaças e os erros. Se eu tivesse continuado recebendo apenas aprovações, teria de me perguntar se estava realmente anunciando todo o Evangelho.Abusos sexuaisOs fatos não me pegaram totalmente de surpresa.


Na Congregação para a Doutrina da Fé, eu me tinha ocupado dos casos norte-americanos; tinha visto aumentar também a situação na Irlanda. Mas as dimensões, de todos os modos, foram um choque enorme. Desde minha eleição à Sé de Pedro, tinha-me encontrado repetidamente com vítimas de abusos sexuais. Há três anos e meio, em outubro de 2006, em um discurso aos bispos irlandeses, pedi-lhes “estabelecer a verdade do ocorrido no passado, tomando todas as medidas necessárias para evitar que se repita no futuro, assegurar que os princípios de justiça sejam plenamente respeitados e, sobretudo, curar as vítimas e todos aqueles que foram afetados por estes crimes abomináveis”. Ver o sacerdócio de repente sujo deste modo, e com isso a própria Igreja Católica, foi difícil de suportar.


Nesse momento era importante, no entanto, não separar a vista do fato de que na Igreja o bem existe, e não só estas coisas terríveis.Media e abusosEra evidente que a ação dos meios de comunicação não estava guiada pela pura busca da verdade, mas tinha também uma complacência em ridicularizar a Igreja e, se fosse possível, desacreditá-la. E, no entanto, era necessário que isso ficasse claro: desde o momento em que se tenta levar a verdade à luz, devemos dar graças. A verdade, unida ao amor corretamente entendido, é o valor número um. E os meios de comunicação não teriam podido dar aqueles informes se na própria Igreja não houvesse dado o mal. Só porque o mal estava dentro da Igreja os outros puderam lançá-lo contra ela.IntolerânciaA verdadeira ameaça diante da qual nos encontramos é que a tolerância seja abolida em nome da própria tolerância.


Está em perigo de que a razão, a assim chamada razão ocidental, sustente ter reconhecido finalmente o que é correto e avance assim em uma pretensão de totalidade, que é inimiga da liberdade. Considero necessário denunciar com força esta ameaça. Ninguém está obrigado a ser cristão. Mas ninguém deve ser obrigado a viver segundo a “nova religião”, como se fosse a única e verdadeira, vinculante para toda a humanidade.Mesquitas e burcasOs cristãos são tolerantes e, como tais, permitem também aos demais sua peculiar compreensão de si. Alegramo-nos pelo fato de que em países do Golfo Árabe (Qatar, Abu Dabi, Dubai, Kuwait) haja igrejas nas quais os cristãos possam celebrar a Missa e esperamos que ocorra assim em todas as partes. Por isso, é natural que também em nossas terras os muçulmanos possam-se reunir em oração nas mesquitas. Pelo que se refere à burca, não vejo razão de uma proibição generalizada. Diz-se que algumas mulheres não o usam voluntariamente, mas que, na realidade, é um tipo de violência imposta. Está claro que com isso não se pode estar de acordo.


No entanto, se querem usá-lo voluntariamente, não vejo porque teria de se impedir.Cristianismo e modernidadeSer cristão é em si mesmo algo vivo, moderno, que atravessa toda a modernidade, formando-a e moldando-a, e, portanto, em certo sentido realmente a abraça. Aqui se necessita de uma grande luta espiritual, como quis mostrar com a recente instituição de um Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização. É importante que tentemos viver e conceber o cristianismo de tal modo que assuma a modernidade boa e correta e, ao mesmo tempo, afaste-se e distinga-se daquela que está-se convertendo em uma contra-religião.OtimismoPoder-se-ia contemplar com superficialidade e restringir o horizonte só ao mundo ocidental. Mas se se observa com mais atenção, e é isso o que posso fazer graças às visitas dos bispos de todo o mundo e também a tantos encontros, vê-se que o cristianismo neste momento está desenvolvendo também uma criatividade de todo nova [...].


A burocracia está desgastada e cansada. São iniciativas que nascem desde dentro, a partir da alegria dos jovens. O cristianismo talvez assumirá um novo rosto, um aspecto cultural diverso. O cristianismo não determina a opinião pública mundial, outros está à guia. E, no entanto, o cristianismo é a força vital sem a qual as outras coisas tampouco poderiam continuar existindo. Por isso, em virtude do que vejo e do que consigo tornar experiência pessoal, sou muito otimista a respeito do fato de que o cristianismo encontre-se frente a uma dinâmica nova.A drogaMuitos bispos, sobretudo da América Latina, dizem-me que ali onde passa o caminho do cultivo e do comércio da droga, e isso ocorre em grande parte desses países, é como se um animal monstruoso e malvado estendesse sua mão sobre o país para arruinar as pessoas. Creio que esta serpente do comércio e do consumo de droga, que envolve o mundo, é um poder do qual nem sempre conseguimos ter uma ideia adequada. Destrói os jovens, destrói as famílias, leva à violência e ameaça o futuro de nações inteiras.


Também esta é uma terrível responsabilidade do Ocidente: tem necessidade de drogas e assim cria países que lhe oferecem aquilo que logo terminará por consumi-los e destruí-los. Surgiu uma fome de felicidade que não consegue se saciar com aquilo que há, e que logo se refugia, por assim dizer, no paraíso do diabo, e destrói completamente o homem. NaSexualidadeConcentrar-se só no preservativo quer dizer banalizar a sexualidade e esta banalização representa precisamente o motivo pelo qual muitas pessoas já não veem na sexualidade a expressão de seu amor, mas só uma espécie de droga, que se fornecem por sua conta. Por este motivo, também a luta contra a banalização da sexualidade forma parte do grande esforço para que a sexualidade seja valorizada positivamente e possa exercer seu efeito positivo no ser humano em sua totalidade. Pode haver casos justificados singulares, por exemplo, quando um prostituto utiliza um preservativo, e este pode ser o primeiro passo para uma moralização, um primeiro ato de responsabilidade para desenvolver de novo a consciência sobre o fato de que nem tudo está permitido e de que não se pode fazer tudo o que se quer. No entanto, este não é o verdadeiro modo para vencer a infecção do HIV. É verdadeiramente necessária uma humanização da sexualidade.IgrejaPaulo não entendia a Igreja como instituição, com organização, mas como organismo vivente, no qual todos trabalham um pelo outro e um com o outro, unidos a partir de Cristo. É uma imagem, mas uma imagem que permite aprofundar e que é muito realista, ainda que só seja pelo fato de que nós cremos que, na Eucaristia, realmente recebemos Cristo, o Ressuscitado.


E se cada um recebe o próprio Cristo, então realmente todos nós estamos reunidos neste novo corpo ressuscitado como o grande espaço de uma nova humanidade. É importante entender isso e, portanto, conceber a Igreja não como um aparato que deve fazer de tudo, também o aparato lhe pertence, mas dentro dos limites – mas ainda mais como organismo vivente que provém do próprio Cristo.Humanae VitaeAs perspectivas da Humanae Vitae continuam sendo válidas, mas outra coisa é encontrar caminhos humanamente praticáveis. Creio que haverá sempre minorias intimamente convencidas da exatidão dessas perspectivas e que, vivendo-as, ficarão plenamente satisfeitas do modo que poderão ser para outros um fascinante modelo a seguir. Somos pecadores. Mas não deveríamos assumir este fato como uma instância contra a verdade, quando essa alta moral não é vivida. Deveríamos buscar fazer todo o possível, e apoiar-nos e suportar-nos mutuamente. Expressar tudo isso também desde o ponto de vista pastoral, teológico e conceitual, no contexto da atual sexologia e pesquisa antropológica, é uma grande tarefa à qual é necessário se dedicar mais e melhor.MulheresA formulação de João Paulo II é muito importante: “A Igreja não tem, de nenhum modo, a faculdade de conferir às mulheres a ordenação sacerdotal”. Não se trata de não querer, mas de não poder. O Senhor deu uma forma à Igreja com os Doze e depois com sua sucessão, com os bispos e os presbíteros (os sacerdotes). Não fomos nós que criamos esta forma de Igreja, mas se constitui a partir d’Ele. Segui-la é um ato de obediência, na situação atual, talvez um dos atos de obediência mais graves. Mas isso é importante: a Igreja não mostra ser um regime do arbítrio. Não podemos fazer o que queremos. Há, em contrapartida, uma vontade do Senhor para nós, à qual nos atemos, ainda que seja fadigoso e difícil na cultura e na civilização de hoje. Por outro lado, as funções confiadas às mulheres na Igreja são tão grandes e significativas que não se pode falar de discriminação. Seria assim se o sacerdócio fosse uma espécie de domínio, enquanto que, pelo contrário, deve ser completamente serviço. Se se lança o olhar na história da Igreja, damo-nos conta de que o significado das mulheres – desde Maria a Mônica, até a Madre Teresa – é tão eminente que as mulheres definem de muitas maneiras o rosto da Igreja mais que os homens.Vinda de CristoÉ importante que cada época esteja próxima do Senhor. Que também nós mesmos, aqui e agora, estejamos sob o juízo do Senhor e nos deixemos julgar por seu tribunal. Discutia-se sobre uma dupla vinda de Cristo, uma em Belém e uma ao final dos tempos, até que Bernardo de Claraval falou de um Adventus medius, de uma vinda intermédia, através da qual Ele sempre entre periodicamente na história.


Creio que encontrou o tom adequado. Nós não podemos estabelecer quando terminará o mundo. Cristo mesmo disse que ninguém o sabe, nem sequer o Filho.


Devemos, no entanto, permanecer, por assim dizer, sempre diante de sua vinda, e sobretudo estar seguros de que, no sofrimento, Ele está próximo.


Ao mesmo tempo, deveríamos saber que em nossas ações estamos sob seu juízo.[Traduzido por ZENIT]CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 22 de novembro de 2010 (ZENIT.org)


Fonte:padre emiliocarlos

LITURGIA DIÁRIA - JESUS E O CENTURIÃO


Primeira Leitura: Isaías 4, 2-6

Leitura do livro do profeta Isaías - 2Naquele tempo, aquilo que o Senhor fizer crescer será o ornamento e a glória, e o fruto da terra será o orgulho e o ornato daqueles de Israel que foram salvos. 3O que restar de Sião, os sobreviventes de Jerusalém, serão chamados santos, e todos os que estiverem computados entre os vivos em Jerusalém. 4Quando o Senhor tiver lavado a imundície das filhas de Sião, e apagado de Jerusalém as manchas de sangue pelo sopro do direito e pelo vento devastador, 5o Senhor virá estabelecer-se sobre todo o monte Sião e em suas assembléias: de dia como uma nuvem de fumaça, e de noite como um fogo flamejante. Porque sobre todos se estenderá a glória do Senhor, 6como a cobertura de uma tenda, à guisa de sombra contra o calor do dia, e de refúgio e abrigo contra a procela e a chuva. - Palavra do Senhor.


Evangelho: Mateus 8, 5-11

- Naquele tempo, 5Entrou Jesus em Cafarnaum. Um centurião veio a ele e lhe fez esta súplica: 6Senhor, meu servo está em casa, de cama, paralítico, e sofre muito. 7Disse-lhe Jesus: Eu irei e o curarei. 8Respondeu o centurião: Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será curado. 9Pois eu também sou um subordinado e tenho soldados às minhas ordens. Eu digo a um: Vai, e ele vai; a outro: Vem, e ele vem; e a meu servo: Faze isto, e ele o faz... 10Ouvindo isto, cheio de admiração, disse Jesus aos presentes: Em verdade vos digo: não encontrei semelhante fé em ninguém de Israel. 11Por isso, eu vos declaro que multidões virão do Oriente e do Ocidente e se assentarão no Reino dos céus com Abraão, Isaac e Jacó, - Palavra da salvação.


Lucas tem, ao escrever o evangelho e os Atos, um fio condutor que permeia as duas obras: trata-se da nova história que Jesus inaugurou com os pobres e oprimidos e que continua na práxis dos primeiros cristãos. A nova história não passa pelos poderosos deste mundo, que perseguem Jesus e seus discípulos. O evangelista apresenta o fim desse sistema e a caminhada resistente dos que aderiram a Jesus para construir com ele história e sociedade novas. Esses versículos foram chamados de “discurso escatológico”. O autor escreve em estilo apocalíptico, forma privilegiada, naquele tempo, para suscitar ânimo e resistência nos momentos em que os conflitos se tornam mais agudos.
Já vimos no versículos 5 -11 o fim do sistema injusto e o disciernimento em tempos de tribulações. Quando Lucas escreveu o evangelho, Jerusalém e o Templo já haviam sido destruídos pelos romanos. Aquele sistema opressor – instalado no Templo e sustentado pelo Sinédrio, que levou Jesus à morte e perseguiu os primeiros cristãos – havia acabado. É próprio da linguagem apocalíptica tomar fatos passados e mostrá-los como ainda não acontecidos, com a finalidade de animar a resistência dos que são perseguidos diante de novos conflitos. Disso nasce uma constatação: a comunidade cristã que, a exemplo do Mestre, pôs o centro de atenção nos pobres e oprimidos, sobrevive àquela catástrofe que se abateu sobre o suporte da sociedade injusta, ou seja, sobrevive à destruição do Templo e de Jerusalém. Assim, a perspectiva futura fica aberta: cedo ou tarde todos os sistemas iníquos virão abaixo. Resta saber até quando continuará a sucessão desses sistemas.
Os ouvintes do Mestre querem saber quando os sistemas de morte vão deixar de existir e qual vai ser o sinal de que essas coisas estão para acontecer. Mas Jesus não veio satisfazer a curiosidade das pessoas. Ao quando ele responde com um convite ao discernimento: “Cuidado para não enganarem a vocês, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ – e ainda: ‘O tempo chegou!’ Não sigam essa gente!” O discernimento supõe posicionamento diante das catástrofes descritas nos: em primeiro lugar, elas não são o fim do mundo; em segundo lugar, expressam o desejo latente nos povos por liberdade e vida: “Um povo lutará contra outro povo, um país atacará outro país”. Além disso, essa afirmação de Jesus quer mostrar que os sistemas baseados na força e na intimidação acabarão se destruindo mutuamente. Em terceiro lugar, fazem nascer a esperança numa sociedade fraterna e justa. De fato, na linguagem apocalíptica, os abalos cósmicos - terremotos etc - não são anúncio de catástrofes naturais. Pelo contrário, são indicações de que algo totalmente novo está sendo gestado na história, e esse novo não tardará em se manifestar.
Agora Ele fala da resistência inteligente desmonta os sistemas de morte. “Antes que essas coisas aconteçam, vocês serão presos e perseguidos; serão entregues aos tribunais dos judeus e postos na prisão; serão levados diante de reis e governadores por causa do meu nome”. A resistência inteligente dos discípulos de Jesus tem poder de desmontar os sistemas que geram opressão e morte. Escrevendo o evangelho, Lucas tem presente o que já aconteceu com as primeiras comunidades: os discípulos diante do Sinédrio, a morte de Estêvão e Tiago, a resistência de Paulo etc. Esses acontecimentos, apesar de terem custado a vida de alguns, apontam para a nova sociedade que vai tomando corpo: “Assim vocês poderão reafirmar a sua fé”.
A resistência dos cristãos há que ser inteligente e cheia de esperança, pois Jesus está com eles, dando-lhes uma linguagem à qual nenhum inimigo poderá resistir ou rebater. Isso faz lembrar a criatividade de nossos movimentos populares, que geram uma sociedade alternativa com seu modo de ser e de agir. Há que ser, também, uma resistência solidária na comunidade dos que têm fé, a nova família de Jesus (cf. 8,21), pois os cristãos correm o risco de ser entregues pelos familiares. É, ainda, uma resistência realista, consciente de que “todos vão odiá-los e matar alguns de vocês”. Há que ser, finalmente, uma resistência esperançosa, pois é permanecendo firmes que iremos ganhar a vida .


Padre Bantu

domingo, 28 de novembro de 2010

LITURGIA DIÁRIA - ADVENTO


Primeira Leitura: Isaías 2, 1-5

I Do advento
Leitura do - Naqueles dias, 1Visão de Isaías, filho de Amós, acerca de Judá e Jerusalém. 2No fim dos tempos acontecerá que o monte da casa do Senhor estará colocado à frente das montanhas, e dominará as colinas. Para aí acorrerão todas as gentes, 3e os povos virão em multidão: Vinde, dirão eles, subamos à montanha do Senhor, à casa do Deus de Jacó: ele nos ensinará seus caminhos, e nós trilharemos as suas veredas. Porque de Sião deve sair a lei, e de Jerusalém, a palavra do Senhor. 4Ele será o juiz das nações, o governador de muitos povos. De suas espadas forjarão relhas de arados, e de suas lanças, foices. Uma nação não levantará a espada contra outra, e não se arrastarão mais para a guerra. 5Casa de Jacó, vinde, caminhemos à luz do Senhor. - Palavra do Senhor.

Segunda Leitura: Romanos 13, 11-14

Leitura da carta de São Paulo aos Romanos - Irmãos, 11Isso é tanto mais importante porque sabeis em que tempo vivemos. Já é hora de despertardes do sono. A salvação está mais perto do que quando abraçamos a fé. 12A noite vai adiantada, e o dia vem chegando. Despojemo-nos das obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz. 13Comportemo-nos honestamente, como em pleno dia: nada de orgias, nada de bebedeira; nada de desonestidades nem dissoluções; nada de contendas, nada de ciúmes. 14Ao contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não façais caso da carne nem lhe satisfaçais aos apetites. - Palavra do Senhor.


Evangelho: Mateus 24, 37-44

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, 37Assim como foi nos tempos de Noé, assim acontecerá na vinda do Filho do Homem. 38Nos dias que precederam o dilúvio, comiam, bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. 39E os homens de nada sabiam, até o momento em que veio o dilúvio e os levou a todos. Assim será também na volta do Filho do Homem. 40Dois homens estarão no campo: um será tomado, o outro será deixado. 41Duas mulheres estarão moendo no mesmo moinho: uma será tomada a outra será deixada. 42Vigiai, pois, porque não sabeis a hora em que virá o Senhor. 43Sabei que se o pai de família soubesse em que hora da noite viria o ladrão, vigiaria e não deixaria arrombar a sua casa. 44Por isso, estai também vós preparados porque o Filho do Homem virá numa hora em que menos pensardes. - Palavra da salvação.


AdventoIniciamos um novo Ano Litúrgico, iniciamos o tempo do Advento. Primeiramente, Advento nos evoca: espera, conversão, promessas, libertação, Salvador, esperança e Maria Virgem grávida. Isto é, uma mensagem feliz. Recorda-nos os hinos litúrgicos: “Céus, chove a vossa justiça”, porque o mundo “envolvido em sombria noite, procurando vai uma esperança”.Os seguidores de Jesus possuem uma capacidade infinita de Advento. Cremos num futuro ditoso marcado por Deus para o homem. Que estranho é que entre nós tenha tanta gente sonhando e lutando por um mundo melhor? Com o Evangelho na mão, as utopias são criveis.Palavra do AdventoSem adentrarmos em caminhos teológicos, distinguimos “três vindas do Senhor”: a vinda primeira para fazer-se carne entre nós; a vinda ao final da história; a vinda da cada hora e a cada acontecimento da graça.No primeiro domingo de Advento, adquire relevo a vinda que chamamos do “final dos tempos”. Fica, todavia velado o gozo da vinda no Natal. Duas imagens - o ladrão e o tempo de Noé - ilustram a necessária atitude de vigilância ante a vinda: o momento é incerto e estamos a caminho.


Os tempos de Noé, na Bíblia, eram exemplos de despreocupação, de frivolidade, de geração corrompida. Enquanto, o alerta ante o ladrão ilumina o tempo de preparação, de vigilância, de preocupação. Estar sempre vigilantes nos permite ter bom tino em nossas decisões vitais.De São Paulo recebemos a sacudida. “É hora de despertar, como em pleno dia”. O motivo é insistente: “a salvação está perto”. E o rubrica o profeta: “Ao final dos dias, estará firme a casa do Senhor”. Tão feliz será tudo que “das espadas forjarão arados e das lanças, foices”. Que reconfortante resulta contemplar estas palavras de Isaías na porta do edifício central da ONU. Cabe utopia mais sugestiva?Para a vida Toda uma mensagem de esperança. Por que a agonia, o tempo final, tem dado suporte à pregação do medo, do temor, da angustia? Porém se o que esperamos é o que nos foi prometido pelo Senhor. Se Cristo já veio, e está conosco; se caminhamos para um momento último que já possuímos e para o qual já nos dirigimos, em esperança, para o êxito total.Como Maria, ouvimos que nos é dito: “O que te disse o Senhor cumprir-se-á”. Ou escutamos do Mestre: “Quero que onde eu estou estejam também os que me deste”. Como não esperar que Deus nos diga ao final: “Vinde, benditos”?Esta graça não é graça barata Como na espreita do ladrão, devemos estar vigilantes. Vigiar é estar acordado, procurar, cair em conta.


O contrário é cansar, adormecer, cair na preguiça, na frivolidade. Não estamos na apatia de uma “sala de espera” senão na tensão prazerosa do encontro, a ponto de tocar às pessoas queridas, tão desejadas.Não basta passar a vida, mais passa-la bem: sempre atentos na oração, na escuta dos que sofrem, sabendo discernir o que Deus quer de nós. Como não nos vai molestar, por exemplo, que tantos filhos de Deus estejam naufragados na dor, na solidão, na exploração, na miséria? Não podemos permanecer como abatidos enquanto cresce a maré dos que se afastam de Deus, às vezes, até, entre os nossos. Não é possível que sigamos adormecidos - ou procurando explicações ideológicas - quando as pesquisas produzem dados arrepiantes: a Igreja, em países do ocidente, está no nível mais baixo de credibilidade.Diz-nos São Paulo: “É hora de despertar”.Apesar de tudo, é hora de utopias. Claro que o mal, a morte, o medo, o fracasso nos acossam por todas as partes. Desde outro ângulo, inclusive nos os cristãos estamos, com freqüência, metidos em preocupações frívolas ou em inquietudes legítimas, sim, mas elementares: o trabalho, a economia, os meus, a saúde.No entanto, a esperança cristã no Advento se lança acima: procura o excelente, o que mais se adapta ao que Deus quer. No cristão, as utopias tornam-se possíveis; há muitos crentes que sonham e lutam, que confiam num futuro mais justo. Que instituição pode apresentar, como a Igreja, um plantel de pessoas generosas, entregues, lutadoras, mártires? Quem disse que não é possível sonhar e alargar a esperança? Diz a Palavra e repete a liturgia: “Se aproxima nossa salvação”.Vamos celebrar a Eucaristia. Vinda real, misteriosa, do Senhor a nós. E o faremos como nos indica São Paulo: “até que o Senhor volte”, até o final da história.


Pe. José Cristo Rey García Paredes

sábado, 27 de novembro de 2010

O NOSSO "HOJE" É TAMBÉM O "HOJE" DE DEUS.


Liturgia da Palavra do domingo: o nosso “hoje” é também o “hoje” de Deus
I Domingo do Advento – Ano A
Leituras: Is. 2,1-5; Rm 13, 11-14; Mt 24, 37 – 44
“Vinde, todos da casa de Jacó, e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor!” (Is 2,5).
“Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo!” (Rm 13 14).
“Ficai atentos! Porque não sabeis em que dia virá o Senhor” (Mt
24,42).


Três gritos de amor e de admoestação saídos do coração do Senhor e ecoados com paixão pela Igreja nossa Mãe.
Estas admoestações são para chamar nossa atenção, muitas vezes tomada pela aparente normalidade dos acontecimentos, tal como ocorreu aos concidadãos de Noé; elas se colocam para despertar as consciências atordoadas e adormecidas pelas coisas passageiras e superficiais, para nos estimular a nos renovarmos radicalmente, assumindo sempre mais a maneira de sentir, julgar e atuar do próprio Jesus na sua relação filial com o Pai e para conosco.
Revestir-se de Cristo, segundo a eficaz expressão do Apóstolo, indica o processo da nossa progressiva identificação interior com Ele. Este processo, iniciado no batismo, quando nos foi entregue o símbolo da veste branca, vai se desenvolvendo até culminar na entrada, com o próprio Cristo, na festa do reino de Deus (Ap 7,9).


Os últimos domingos do ano litúrgico – que acabou de chegar à sua conclusão com a grande celebração do Senhor Jesus, Rei e juiz do universo – alimentaram a nossa esperança mostrando que para o Senhor está orientada não somente a grande história da família humana e da criação, mas também o caminho pessoal cotidiano de cada um, vivenciado na fé como seu discípulo e discípula.
A palavra deste primeiro domingo nos diz que o nosso “hoje” é também o “hoje” de Deus, aberto por ele em vista do futuro de novas possibilidades de vida e de relações:
“Vinde, todos da casa de Jacó, e deixemos nos guiar pela luz do Senhor”.


Nele também o mundo do homem e da mulher de hoje se torna a casa onde pessoas, povos, raças e religiões diferentes podem encontrar novamente o lugar da recíproca reconciliação e acolhida.
Nele nossa vida de cada dia se torna a porta na qual ele fica batendo, para ser reconhecido, acolhido e assim partilhar com ele a mesa da amizade e da intimidade (Ap 3,20).
Casa do homem e de Deus. É preciso estar atentos! Qualquer situação e momento pode ser a ocasião certa e a situação oportuna para receber sua visita, ouvir sua palavra, gozar da sua presença íntima e transformadora.
“Agora a salvação está mais perto de nós do que quando abraçamos a fé”.
O caminho da fé é um processo dinâmico, sempre mais abrangente e capaz de unificar nossa existência pela força interior do mesmo Espírito do Senhor.
É uma verdadeira passagem das trevas do pecado e da preguiça espiritual para a luz e a fecundidade de uma vida nova.
“A noite já vai adiantada, o dia vem chegando: despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da luz”.

O ano litúrgico, com sua constante referência à páscoa do Senhor, e através da linguagem própria de cada uma das suas etapas, alimenta a vida espiritual da Igreja e de cada cristão.
É a partir desta intrínseca relação com o Cristo morto e ressuscitado através do ano litúrgico que devem encontrar a própria orientação e o próprio sentido toda iniciativa pastoral e toda forma de piedade comunitária e pessoal, como ensina o Concílio Vaticano II (SC 12,13,105) e como destaca o Papa Bento XVI na Exortação Apostólica recém publicada Verbum Domini - A Palavra do Senhor (n.52).


O Advento marca o início do novo Ano litúrgico.
Mas este inicia a partir das alturas onde chegou o fim do precedente: o cumprimento de toda história da salvação e a glória do Senhor.
Com o primeiro domingo, iniciamos um novo caminho de louvor e de agradecimento ao Pai, por Jesus Cristo morto e ressuscitado, fonte inesgotável de vida nova no Espírito Santo.
Um caminho de profunda renovação, quase de novo nascimento pela força do Espírito, até chegar à maturidade da vida espiritual de homens e mulheres tornados adultos em Cristo.
Este dom do amor gratuito e salvador de Deus, que costumamos chamar com a venerável tradição cristã de “Mistério Pascal”, constitui o centro irradiante da história da salvação e por isso também do ano litúrgico, continuando a alimentar de domingo a domingo a vida da Igreja e a marcar o caminho de constante renovação de cada fiel.


Assim a liturgia, através da íntima união entre a Palavra e a Eucaristia, como afirma a constituição Sacrosanctum Concilium, do Concílio Vaticano II, “é a primeira e necessária fonte da qual os fiéis atingem o espírito verdadeiramente cristão” (SC 14).
É o dom que a Igreja pede ao Pai na oração depois da comunhão deste primeiro domingo de Advento: “A participação nos vossos mistérios nos ajude a amar desde agora o que é do céu e, caminhando entre as coisas que passam, abraçar as que não passam”.
É o que destaca também o Papa na sua exortação apostólica: “A Eucaristia abre-nos à inteligência da Sagrada Escritura, como esta, por sua vez, ilumina e explica o Mistério eucarístico” (Verbum Domini. 55).
Talvez alguém, ao ouvir a palavra “Advento”, pense imediatamente no curto espaço de tempo que nos prepara ao Natal de Jesus. Idéia talvez reforçada pela vista dos arranjos natalinos que já enfeitam as lojas e as ruas das cidades ou os primeiros presépios que iniciam a ser montados com carinho nas famílias.
Mas o Advento na linguagem litúrgica e na experiência da Igreja é bem mais rico de sentido espiritual e existencial.
A palavra Advento p
rovém do latim adventus, que significava a “vinda” e a visita” de uma autoridade, como o rei ou o imperador, a uma cidade a quem “manifestava” assim sua atenção e sua benevolência para com o povo.
Transferida pela comunidade cristã do âmbito social ao religioso próprio, a palavra Advento veio a indicar antes de tudo a vinda gloriosa do Senhor no fim dos tempos, vinda que esperamos com fé, como Salvador.
Em segundo lugar indica a vinda/revelação do Senhor na humildade da encarnação através da qual ele manifesta o amor do Pai, e esta por sua vez se torna fundamento inabalável da sua presença fiel e carinhosa na nossa vida de cada dia até o fim dos tempos, como Jesus prometeu aos discípulos.
A liturgia da Palavra dos dois primeiros domingos do Advento destaca a promessa da vinda gloriosa do Senhor e a esperança ativa com que a Igreja espera essa vinda; enquanto o terceiro e o quarto domingo nos preparam para celebrar no Natal, com alegria e agradecimento, o evento central e fundador da nossa fé: “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). “Que alegria, quando me disseram: vamos à casa do Senhor!” (Sal. Resp.)
A abertura para com as visitas e surpresas de Deus, o desejo apaixonado da sua amizade e intimidade, o sentido da necessidade que o Senhor entre na nossa vida e a dirija, são as atitudes fundamentais a serem cultivadas neste tempo de Advento. São as condições para acolher o Senhor que vem, celebrar dignamente a memória da sua encarnação, reconhecê-lo nas suas visitas misteriosas nos acontecimentos da vida e caminhar com renovada esperança ao encontro da sua vinda gloriosa.
Seremos guiados pelos profetas que anunciaram a vinda do Messias do Senhor e sustentaram a fé de Israel, e de maneira especial acompanhados pelo profeta Isaías, cujos textos são lidos com abundância nas liturgias eucarísticas e na Liturgia das Horas deste tempo.
Solicitados pela palavra forte de João Batista, estaremos na doce companhia de Maria, que guarda com fé no seu coração toda Palavra de Deus e acontecimento (cf Lc 2,19).
Chegaremos então, através de sua graça, a gerar também em nós o Verbo de Deus: “Isabel diz a Maria: Feliz és tu que acreditaste.
Felizes sois também vós, que ouvistes e acreditastes, pois toda alma que possui a fé concebe e dá à luz a Palavra de Deus e conhece suas obras” (Santo Ambrósio).
É fácil constatar que estas atitudes interiores – e modalidades de ser e de atuar – que constituem o cerne da espiritualidade do Advento, formam verdadeiramente o âmago de toda espiritualidade cristã e a energia profunda do Espírito que anima a missão e o testemunho da Igreja e de cada cristão e cristã no mundo rumo ao cumprimento do reino de Deus.
O Advento nos ajuda a redescobrir estas atitudes e a guardá-las.
O Advento não é somente um tempo do ano litúrgico: é uma dimensão constitutiva da identidade cristã.


Dom Emanuele Bargellini
Prior do Mosteiro da Transfiguração
Mogi das Cruzes (São Paulo)
ZENIT.


Apresentamos o comentário à liturgia do próximo domingo – I do Advento (Ano A) Is. 2, 1-5; Rm 13, 11-14; Mt 24, 37-44 – redigido por Dom Emanuele Bargellini, Prior do Mosteiro da Transfiguração (Mogi das Cruzes - São Paulo). Doutor em liturgia pelo Pontifício Ateneo Santo Anselmo (Roma), Dom Emanuele, monge beneditino camaldolense, assume os comentários à liturgia dominical a partir de hoje, sempre às quintas-feiras, na edição em língua portuguesa da Agência ZENIT.


Fonte:blog pemiliocarlos

LITURGIA DIÁRIA - EM DEUS TEMOS SEMPRE UMA SEGUNDA CHANCE.


Primeira Leitura: Apocalipse 22, 1-7

Leitura do livro de Apocalipse de São João - A mim, João, 1Mostrou-me então o anjo um rio de água viva resplandecente como cristal de rocha, saindo do trono de Deus e do Cordeiro. 2No meio da avenida e às duas margens do rio, achava-se uma árvore da vida, 3Não haverá aí nada de execrável, mas nela estará o trono de Deus e do Cordeiro. Seus servos lhe prestarão um culto. 4Verão a sua face e o seu nome estará nas suas frontes. 5Já não haverá noite, nem se precisará da luz de lâmpada ou do sol, porque o Senhor Deus a iluminará, e hão de reinar pelos séculos dos séculos. 6Ele me disse: Estas palavras são fiéis e verdadeiras, e o Senhor Deus dos espíritos dos profetas enviou o seu anjo para mostrar aos seus servos o que deve acontecer em breve. 7Eis que venho em breve! Felizes aqueles que põem em prática as palavras da profecia deste livro. - Palavra do Senhor.

Evangelho: Lucas 21, 34-36

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 34Velai sobre vós mesmos, para que os vossos corações não se tornem pesados com o excesso do comer, com a embriaguez e com as preocupações da vida; para que aquele dia não vos apanhe de improviso. 35Como um laço cairá sobre aqueles que habitam a face de toda a terra. 36Vigiai, pois, em todo o tempo e orai, a fim de que vos torneis dignos de escapar a todos estes males que hão de acontecer, e de vos apresentar de pé diante do Filho do Homem. - Palavra da salvação.


Ao escrever o evangelho, Lucas preocupa-se com a nova história inaugurada com a presença de Jesus no meio de nós. A zombaria dos chefes junto à cruz não faz senão revelar qual foi a preocupação dele: “A outros salvou…”. De fato, ele criou com os marginalizados e a partir deles sociedade e história completamente novas. O Evangelho de Lucas é um convite incessante para que as pessoas se comprometam com as propostas de Jesus. Quem vai com ele?
No episódio de hoje temos a resposta a essa pergunta. Quem entra com Jesus no “paraíso” da nova sociedade são os banidos, criminosos, publicanos, prostitutas, lesbicas, gays e outros. Pessoas que a sociedade excludente considerou “malditos” e crucificou, juntamente com Jesus. Isso porque a misericórdia divina, tema que atravessa todo o Evangelho de Lucas, é proposta aberta até o fim, até mesmo onde as esperanças humanas de salvação e vida parecem ter desaparecido.
Segundo Lucas, junto à cruz de Jesus estão espectadores curiosos (povo), lideranças político-religiosas judaicas e soldados. Juntamente com o criminoso do v. 39, essas pessoas representam os que se sentiram traídos em suas expectativas quanto ao tipo de messianismo e realeza que Jesus inaugurou a partir dos pobres e marginalizados. De fato, a zombaria gira em torno dos títulos Messias, o Escolhido, Rei dos Judeus. A caçoada dos chefes e soldados evidencia o modo como essas pessoas imaginavam o messianismo: “…que salve a si mesmo, se é de fato o Messias, o Escolhido de Deus… Se tu és o Rei dos Judeus, salva-te a ti mesmo”.


Já na transfiguração (cf. 9,35), Jesus fora apresentado como o Eleito de Deus, não no sentido triunfalista de quem exige a vida dos outros para poder viver, mas enquanto aquele que o Pai escolheu para salvar os que haviam sido postos à margem, os excluídos, os malditos… O título “Eleito” associa Jesus ao Servo de Javé de Isaías 42,1. Mediante o sofrimento e a entrega da vida, não procurando se salvar, mas dando a vida para salvar, é que Jesus se torna Messias, Eleito e Rei dos Judeus.
Havia um letreiro fixado à cruz: “Este é o Rei dos Judeus”. Só agora, depois de haver apresentado a zombaria dos que se excluem da sociedade e história novas, é que Lucas chama a atenção para o fato. O letreiro, apesar dos insultos e caçoadas, afirma que em Jesus está presente a realeza capaz de dar a vida.


O episódio do “bom ladrão” é próprio de Lucas. Com isso o evangelista quer realçar as características próprias desse evangelho. Em primeiro lugar, mostra que a misericórdia de Deus jamais se esgota se as pessoas estão dispostas a aceitá-la e a mudar de vida. Em segundo lugar, afirma que justamente aí, na cruz, é que inicia a realeza autêntica: “Jesus, lembra-te de mim, quando começares a reinar”.


A súplica do “bom ladrão” representa o clamor de todos os “malditos” da nossa sociedade, dos quais Jesus se lembra e começa a reinar com eles e a partir deles: “Hoje você estará comigo no paraíso”. Temos aqui um dos pólos do Evangelho de Lucas. A atividade libertadora de Jesus iniciara a partir de seu programa na sinagoga de Nazaré (cf. 4,21: “Hoje se cumpriu essa passagem da Escritura, que vocês acabaram de ouvir”) para terminar no “paraíso”, onde ele entra com os excluídos que clamam: “Jesus, lembra-te de mim…” O paraíso recorda o jardim do Éden (cf. Gn 2,8), onde o ser humano experimentou o prazer de uma sociedade fraterna e igualitária. Expulso de lá, pode agora retornar, sem demora, quando entra pela porta que é Jesus, a expressão máxima da misericórdia do Pai.


Você que está vivendo uma situação difícil, acredite e cante com Ricardo Sá - http://letras.terra.com.br/ricardo-sa/835598

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

PLENITUDE QUE LIBERTA, ENCHE E NÃO ESVAZIA.


«O que Tu queres que eu peça, peço; o que Tu não queres, não quero,nem mesmo o posso, nem sequer me passa pelo pensamento querer»[São João da Cruz, Chama, 1, 36]


Uma árvore com vários anos de existência, vivia numa grande planície.Ao seu redor floriam pequenas flores. Uma das flores perguntou um dia à grande árvore:- Olha lá... sob que luz trabalham os pastores em seus pastos de planícies verdejantes?- Sob que luz? Que pergunta… – Retorquiu-lhe a grande árvore.- Sim. Sob que luz? Não poderão trabalhar eternamente na contemplação do sol, das estrelas, do luar, do fogo?- Trabalham sob a luz do astro Sol. – Respondeu-lhe a grande árvore?- E quando a luz do sol deixar de existir na terra? – Perguntou novamente a flor.- Talvez nesse instante se apercebam da sua ausência e tenham que trabalhar à luz do luar, da estrelas, do fogo que arde, da chama que alumia a noite…A flor como era muito curiosa, estava preocupada pela não comparência dos seus amigos pastores se caso não existisse o sol, o luar, o fogo… algo que lhes pudesse iluminar o caminho.Não queria deixar de poder ver as ovelhas que alegremente nos campos corriam, os pastores que seguiam… Se não existisse luz para os iluminar, que seria de suas vidas.

Permaneceriam no vazio, na eterna noite, sem luz, nem guia?Estando preocupada voltou a questionar a grande árvore:- E quando nenhuma luz existir?- Tu és sempre assim. Que perguntas fazes tu pequena flor! Não sei o que respondo é o mais certo. O que penso é o que te digo… Penso que quando o sol, a lua, o fogo e tudo mais que possa ser luz no caminho dos pastores e das suas ovelhas se extinguir, os próprios, terão descoberto a luz que imana de si mesmos. Poderão caminhar com a sua própria luz, a luz da interioridade armazenada. Com a luz que conseguiram armazenar no seu interior enquanto pastoreavam as suas ovelhas, durante anos. Sabes pequena flor, no jardim florido, nos prados verdejantes que a meus pés te colocas, a alegria brotará sempre de cada pastor, de cada ovelha, deles emergem experiências de vidas únicas.Olhares contemplativos que vivem em plenitude! Plenitude que liberta, enche e não esvazia. [VP -15.VI.08]


com minha pobre benção
Pe.Emílio Carlos+

DE DEUS NÃO ALCANÇA NADA, SE NÃO É POR AMOR!

Vocação: é uma vida seduzida com Deus!

«De Deus não se alcança nada, se não é por amor!» [São João da Cruz]

Pronuncio a palavra vocação com um toque distinto.Ajuízo que a Vocação é uma vida seduzida com Deus, é um caminho moderado pelo verdadeiro Amor, pois Ele nos criou por amor e para o Amor.Todos, sem exceção, somos chamados a segui-Lo, somos chamados a anunciar a Sua verdadeira mensagem.Em São Mateus encontro: «Recebestes de graça, dai de graça» [Mt 10,8].

Toda a vocação é sem sombra de dúvidas, uma graça.Toda a vocação é um apelo à santidade, um chamamento de Deus.A santidade de Jesus Cristo é modelo para a nossa própria santidade. N’Ele encontramos todos os desafios da santidade cristã. Desde a cruz, ato de infinito amor, até à glória da ressurreição!Quem ama, não
poder calar o Amor que corre nas veias do coração!Quem ama, não pode permanecer parado, nem pode fazer parar o muito que transporta em si e que congrega d´Ele.Quem se sente seduzido com Deus, deve ter a disponibilidade para partir em cada novo amanhecer, como nos diz são João da Cruz, «aonde não sabemos, por onde não sabemos».

Que durante este novo tempo que vamos iniciar de Advento o Espírito Santo, «chama viva de Amor», nos ajude, nos guie e nos faça merecedores da Sua graça. Para neste Natal sermos ricos do Amor que não é Amado .E que possamos amar no Amado os nossos amados!Pois a grande vocação também a qual todos somos chamados é para Amar no "Amor " Deus é amor eis a grande revelação de São joão a nós .Alguém que não somente colocou oa cabeça no peito de jesus , mas mais que isso coloco o pensar, os sentimentos, "a cabeça" de Jesus no coração, no seu peito!Que a alegria da nossa vocação nos leve a voar mais alto pelas sendas do Amor de Deus.Qualquer que seja o contexto de vida em que vivemos, deixemo-nos seduzir com Deus, pelo Seu terno Amor!Pois, «De Deus não se alcança nada, se não é por amor!».O Amor, merece ser amado!


com minha pobre benção
Pe.Emílio Carlos+

LITURGIA DIÁRIA - PARÁBOLA DA FIGUEIRA


Primeira Leitura: Apocalipse 20, 1-4; 11, 21-2

Leitura do livro do Apocalipse de São João -Eu, João, 1Vi, então, descer do céu um anjo que tinha na mão a chave do abismo e uma grande algema. 2Ele apanhou o Dragão, a primitiva Serpente, que é o Demônio e Satanás, e o acorrentou por mil anos. 3Atirou-o no abismo, que fechou e selou por cima, para que já não seduzisse as nações, até que se completassem mil anos. Depois disso, ele deve ser solto por um pouco de tempo. 4Vi também tronos, sobre os quais se assentaram aqueles que receberam o poder de julgar: eram as almas dos que foram decapitados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus, e todos aqueles que não tinham adorado a Fera ou sua imagem, que não tinham recebido o seu sinal na fronte nem nas mãos. Eles viveram uma vida nova e reinaram com Cristo por mil anos. - Palavra do Senhor.

Evangelho: Lucas 21, 29-33

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 29Acrescentou ainda esta comparação: Olhai para a figueira e para as demais árvores. 30Quando elas lançam os brotos, vós julgais que está perto o verão. 31Assim também, quando virdes que vão sucedendo estas coisas, sabereis que está perto o Reino de Deus. 32Em verdade vos declaro: não passará esta geração sem que tudo isto se cumpra. 33Passarão o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão. - Palavra da salvação.


Esta parábola da figueira encerra o “discurso escatológico” que encontramos nos três Evangelhos sinóticos, seguindo-se as advertências sobre a necessidade de vigiar e orar. Depois da descrição da violência característica dos poderes deste mundo, é confirmada a presença do Reino de Deus entre nós, como escatologia já realizada.

O escatológico-apocalíptico, que é a expectativa de um fim glorioso para Israel, tem sua origem na tradição do Dia de Javé, o dia da vingança sobre os seus inimigos e de glória e poder para o povo eleito. Os discípulos originários do judaísmo, com sua visão messiânico-escatológica ainda não compreendiam as palavras de Jesus. Jesus os adverte: Vós, do mesmo modo… ficai sabendo…É fundamental que fiquemos atentos para não sermos surpreendidos.
Os cristãos são admoestados a se manterem em contínuo estado de vigilância em relação à história, uma vez que ela está sendo fermentada pelas realidades escatológicas. Urge, pois, perceber como nela se manifestam os sinais do fim.

A mensagem de Jesus nada tem a ver com os apocalipses da época, reservados a um grupo restrito de iniciados. Jesus ensina publicamente, sem a preocupação de selecionar seus ouvintes. Embora só os discípulos o compreendam, sua doutrina deve ser anunciada a todos os povos. Basta abrir-se para Ele, para entender o conteúdo de seus ensinamentos.
A tensão que se estabelece é a tensão da esperança. A esperança é o desejo ardente de realizar, hoje, a vontade de Deus. O Reino de Deus já está acontecendo. É a sedução do bem, da vida, da comunhão com Deus, da solidariedade, da fraternidade, da partilha, da alegria. E as palavras de Jesus são anunciadas como convite à participar do banquete da Vida.

A figueira e as demais árvores foram empregadas para ilustrar a parábola da escatologia. Vendo-as frutificar, é possível afirmar, sem perigo de engano, que o verão se aproxima. Igualmente, pode-se declarar que algo de novo estará acontecendo na história, quando a morte ceder lugar à vida, a escravidão abrir espaço para a liberdade, a injustiça for sobrepujada pela justiça, o ódio e a inimizade forem vencidos pelo amor e pela reconciliação.

Este germinar de esperança é um sinal evidente da presença do Filho do Homem, fazendo a escatologia acontecer. Chegará um tempo de plenitude. Este, porém, está sendo preparado pela aproximação paulatina daquilo que todos esperamos.


Padre Bantu

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O REINO DA JUSTIÇA, DO AMOR E DA PAZ.


Este é o último domingo do Ano Litúrgico, depois de a história da salvação ter feito uma órbita completa. A celebração de hoje é da festa de Cristo Rei, redentor da humanidade, para que os fiéis cristãos façam de sua presença no mundo uma força de transformação. Os cristãos são missionários do Senhor, conforme o envio feito à hora de sua ascensão aos céus: “Ide por todo o mundo, pregai a boa nova do evangelho.”O reino de Deus não é uma realidade de poder sobre o mundo, mas de cristãos que se tornaram para o mundo fermento de vida conforme o pensamento de Deus, a fim que de o mundo se converta à verdade, à justiça e à paz.
A paz é fruto da justiça e do amor. A busca da verdadeira justiça e a coerência do amor levaram ao martírio, primeiramente, Jesus e depois inúmeros cristãos à morte semelhante à de Cristo.A primeira leitura do 2Samuel, 5, 1-3, narra como as tribos do Norte aceitaram o reinado de Davi. Davi era o menor e o mais humilde de oito irmãos, da aldeia de Belém. Quando Samuel, guiado por Deus, foi escolher um dos oito filhos de Jessé para ser o novo rei, apresentaram-se os sete maiores, o menino Davi foi deixado no campo, olhando as ovelhas. Ele foi o escolhido de Deus. É por meio dos fracos que Deus realiza os seus desígnios.
Davi se tornará o modelo dos reis. Suas façanhas já lhe tinham alcançado a aprovação por parte da sua tribo do Norte. O reinado de Davi foi o reinado da união de Israel e Judá, o reinado do consenso de todo povo de Deus.Jesus é declarado rei pela sua morte de cruz. Essa idéia não cabe em nossas categorias mentais. Para nossa cultura rei é aquele que está no poder, tem prestígio, é considerado grande autoridade. Nunca poderemos entender um rei pobre sem prestigio e muito menos morrendo pregado numa cruz. Pelo dom da Fé o cristão concebe Jesus Rei e Senhor do universo.A Igreja quer com a festa de Cristo Rei mostrar ao mundo que a vitoria sobre o mal não está no poder das armas, no prestígio, mas na doação de si mesmo.
Para o cristão viver esta festa, significa seguir Cristo, tomar sua cruz a cada dia, viver a justiça, a verdade, o perdão e a misericórdia. Ninguém pode ser cristão sem passar pela morte e ressurreição de Cristo, isto e, se não nascer de novo pelas águas do batismo. Assim disse Jesus a Nicodemos: “Se não nasceres de novo não entrarás no reino dos céus”.Cristo é Rei, rei daqueles que acreditaram em sua palavra, em seu testemunho de união com o Pai. Ele veio para salvar os que andavam nas trevas. Ele é a luz que ilumina toda pessoa que vem a este mundo e o acolhe. Ele é o Senhor dos senhores.Esta festa tão significativa para a Igreja ao terminar o Ano Litúrgico nos ajuda a refletir que nossa vida é uma passagem, estamos a caminho da eternidade.O fim é certo. Quando? Somente Deus o sabe. É preciso estar conscientes de um fim inevitável, de data e hora imprevisíveis.“Cristo é Rei pela sua cruz”.
Parece difícil poder compreender. É preciso desarraigar de nossa mente as idéias de prestígio e de poder. O reinado de Cristo há de chegar ao nosso mundo por meio das pequenas coisas, escondidas, ignoradas, relegadas à humilhação do esquecimento, tal como a morte de cruz era a humilhação máxima.Discípulo de Cristo é quem, na experiência da humana fraqueza, teve a humildade de pedir-lhe ajuda, foi por ele curado e se pôs a segui-lo de perto, tornando-se testemunha do poder do seu amor misericordioso, mais forte que o pecado e a morte.O homem não vale pela sua eficiência, mas por si mesmo, porque criado e amado por Deus. Se o homem se deixa abraçar por Cristo, não mortifica a riqueza da sua humanidade: se a ele adere com todo o coração, nada lhe faltará.Nas dificuldades da vida está, sobretudo, a qualidade da fé de cada um para ser provada e verificada: a sua solidez, a sua pureza, a sua coerência com a vida. Que coisa o Senhor quer de mim? Certamente isso permanece sempre uma grande aventura, mas a vida pode adquirir significado pleno somente se temos a coragem da aventura, a confiança que o Senhor não me deixará sozinho jamais, que o Senhor me acompanhará, me ajudará. (Bento XVI).
Fonte: CNBB - Reproduzido da comunidade Bethania.

A IGREJA ACEITA COMUNICAÇÃO COM MORTOS?


Em síntese: Mais uma vez os espíritas propagam a falsa noticia de que a Igreja Católica já reconhece e aceita a comunicação com os mortos. 0 fundamento de tal notícia é inconsistente e confuso. Não há perspectiva de que tal tenha acontecido ou venha a acontecer, já que se trata de algo proibido pelas Escrituras e amplamente explicado pela parapsicologia; os fenômenos mediúnicos nada tem de transcendental, mas são expressões do psiquismo do médium respectivo.* * *

Por e-mail a Redação de PR recebeu a seguinte mensagem:

“Mais uma da nossa “amada” Igreja Católica…

O Vaticano admite Consulta aos Mortos

Matéria transcrita da revista “0 Espírita”, de Brasília /DF, que, por sua vez, o transcreveu do Jornal “0 Popular” de Goiânia:Há anos radicada na Europa, psicóloga goiana divulga a aprovação pela Igreja da comunicação com os mortos através de médiuns.Oficialmente a Igreja Católica nunca admitiu o contato com os mortos, como prega a doutrina espírita. Nem mesmo a atividade de médiuns e paranormais até há bem pouco tempo, era levada em consideração pelos religiosos. Essa opinião mudou. Através do jornal “L’Osservatore Romano”, órgão oficial da Igreja com sede em Roma, em edição de novembro de 1996, o padre Gino Concetti concedeu uma entrevista, depois reproduzida em outros periódicos, como os italianos “Gente” e “La Stampa” e o mexicano “El Universal”, revelando os novos conceitos católicos em relação as mensagens ditadas pelos espíritos depois da morte carnal.

Padre Gino Concetti, irmão da Ordem dos Franciscanos Menores, considerado um dos mais competentes teólogos do Vaticano, admite ser possível dialogar com os desencarnados. Segundo ele, o catecismo moderno ensina que Deus permite aqueles que vivem na dimensão ultra terrestre enviar mensagens para nos guiar em determinados momentos da vida. Após as novas descobertas no domínio da psicologia sobre o paranormal, a Igreja decidiu não mais proibir as experiências do diálogo com os trespassados, desde que elas sejam feitas com finalidades religiosas e científicas e com muita seriedade’.

Alegria

A medida ditada pela nova cartilha da Igreja Católica deixou eufórica a espirita Terezinha Rey psicóloga e ex-professora goiana, que reside há mais de 40 anos na Suíça. Ela é tradutora e divulgadora do texto do padre Gino Concetti. De férias em Goiânia, faz a divulgação desse material. Terezinha diz que as novas opiniões dos católicos a respeito da doutrina pregada por Allan Kardec são uma questão da evolução natural das coisas. “Tenho um grande respeito pela Igreja Católica e creio ser oportuna esta revisão de suas opiniões sobre o espiritismo”, afirma ela, que preside um centro espírita em Genebra, freqüentado por centenas de pessoas. Terezinha considera importantes as pregações do padre italia¬no porque tiram a culpa dos católicos por procurar os espíritas em busca de contatos com seus entes queridos. “Conheço padres na Europa que são médiuns”, revela a professora, citando como exemplo o padre Biondi, capelão dos jornalistas de Paris. Fundadora do Instituto Pestalozzi, Terezinha Rey foi para a Suíça em 1957 para fazer um doutorado em psicologia. Lá conheceu o renomado professor André Rey um dos criadores da psicologia clínica, e acabou ficando em Genebra, onde também foi aluna da professa Hélène Antipoff educadora de grande prestígio no mundo inteiro. Hoje, paralelamente as atividades que desenvolve no centro espirita, faz palestras e organiza os arquivos científicos do marido”.

QUE DIZER?

1. Inconsistência da notícia

Não é esta a primeira vez que o espiritismo procura atrair para si o abono da Igreja Católica. Já em PR 434/1998, pp 324-327 foi publicada uma refutação da notícia em foco, transmitida (tal notícia) aproximadamente nos termos do texto atrás transcrito.Voltamos ao assunto propondo quatro reflexões:

1) Toda decisão doutrinária da Santa Sé e publicada em documento assinado pelo Santo Padre ou por seus colaboradores; a coleção “Acta Apostolicae Sedis” é o órgão através do qual são divulgados todos os atos oficiais da Santa Sé. Um teólogo isolado, dando entrevista a um jornal vagamente citado, não pode ser tido como representante do pensamento da Igreja.

2) 0 jornal LOSSERVATORE ROMANO1, ao qual G. Concetti terá concedido a sua entrevista, é citado de maneira imprecisa, sem data de edição – O que foge às normas de uma noticia cientifica.

3) O novo Catecismo da Igreja Católica também é vagamente aduzido, sem indicação de parágrafos alusivos a mediunidade. Aliás, estes não se acham no Catecismo; quem o percorre, só encontra aí a clássica doutrina da Comunhão dos Santos, sem referência a “diálogo com os falecidos”.

Vejam-se os parágrafos seguintes:

§ 958 “A comunhão com os falecidos. Reconhecendo cabalmente esta comunhão de todo o corpo místico de Jesus Cristo, a Igreja terrestre, desde os tempos primeiros da religião cristã, venerou com grande piedade a memória dos defuntos (…) e já que é um pensamento santo e salutar rezar pelos defuntos para que sejam perdoados de seus pecados” (2Mc 12, 46), também ofereceu sufrágios em favor deles. A nossa oração por eles pode não somente ajudá-los, mas também tornar eficaz a sua intercessão por nós.

§ 959 Na única família de Deus. Todos os que somos filhos de Deus e constituímos uma única família em Cristo, enquanto nos comunicamos uns com Os outros em mútua caridade e num mesmo louvor a Santíssima Trindade, realizamos a vocação própria da Igreja.

§ 2683 As testemunhas que nos precederem no Reino, especial¬mente as que a Igreja reconhece como santos, participam da tradição viva da oração, pelo exemplo modelar de sua vida, pela transmissão de seus escritos e pela sua oração hoje. Contemplam a Deus, louvam-no e não deixam de velar por aqueles que deixaram na terra. Entrando na alegria do Mestre, eles foram postos a frente de muito. A sua intercessão é o mais alto serviço que prestam ao plano de Deus. Podemos e deve¬mos pedir-lhes que intercedam por nós e pelo mundo inteiro”.

A Igreja aceita a invocação dos santos (orações humildes dirigidas aos justos do céu para que intercedam por nós), mas não aceita a evocação dos mortos (pratica ritual que julga obter respostas e mensagens dos mortos).

4) 0 estudo da paranormalidade é algo de científico; consiste em observar o comportamento psíquico paranormal (ao lado do normal). Precisamente a consciência de que existe um comportamento paranormal dissipa a concepção de que os fenômenos estranhos produzidos no espiritismo se devem ao além, pois se verifica que são suficientemente explicados pelo psiquismo do indivíduo paranormal.A Igreja aceita tranqüilamente o estudo da paranormalidade que ela distingue da comunicação com os mortos. O sensitivo é o indivíduo dotado de paranormalidade mais ampla; não é necessariamente um médium espírita; só será médium se julgar que os seus fenômenos psí¬quicos paranormais são produzidos por espíritos do além.

Estas observações permitem concluir que a notícia em foco é falsa.

2. O testemunho bíblico.

Para o católico, é importante o testemunho da Sagrada Escritura. 0 mesmo Deus que, segundo seus inscrutáveis desígnios, permite as vezes a aparição de santos ou defuntos, proibiu terminantemente a evocação dos mortos:“Se alguém se dirigir aos que evocam os espíritos e aos advinhos, para se entregar as suas práticas, voltarei minha face contra esse ho¬mem e o afastarei do meu povo”. (Lv 20, 6).“Todo homem ou toda mulher que evocar os espíritos ou se der a adivinhação, será punido de morte; lapidá-lo-ão; seu sangue recairá sobre ele”. (Lv 20, 27).
Ver ainda Lv 19, 31,’ Dt 18,11.

Não obstante estas proibições, sabe-se que o rei Saul, atribulado numa campanha bélica, foi ter com a pitonisa (ou adivinha) de Endor, pedindo-lhe que o pusesse em comunicação com a alma de Samuel, seu guia de outrora (cf. ISm 28, 7-14).

O cronista bíblico acentua bem que esse feito foi ilícito: “Saul… se tornara culpado diante do Senhor… porque interrogara e consultara os que evocam os mortos” (1Cr 10, 13). Não obstante, Deus se dignou permitir que o espírito de Samuel evocado respondesse: permitiu-o, não por causa dos ritos da pitonisa, que eram totalmente ineptos para tanto, mas tornando como mera oca¬sião a visita do rei a adivinha o motivo por que então o Senhor atendeu a Saul foi, como se depreende das palavras de Samuel, o desejo de admoestar o rei a penitência ao menos no fim de sua vida (o rei Saul havia de morrer no dia seguinte); a exortação dirigida a Saul em circuns¬tâncias tão extraordinárias seria particularmente eficaz. Disto, porém, não se segue que Deus se dirija aos homens por via tão estranha todas as vezes que estes o desejem.A razão por que e proibida a necromancia, não é o falso pressu¬posto de que esta incomoda os mortos; deve-se simplesmente ao fato de que e uma crendice ou superstição.

3. E as visões dos Santos?

Bem diferentes dos fenômenos espíritas são as visões que os santos tem.Estas são totalmente gratuitas, não resultando de ritos previamen¬te executados para as provocar. Não há dúvida, tais visões podem ser a resposta do Senhor a preces de almas justas desejosas de obter um sinal sobrenatural. Contudo, assim como o Senhor Deus pode atender a essas orações (caso isso ocorra para o bem dos fiéis), pode também não as deferir; nunca será lícito ao cristão crer que dispõe de meio seguro para se comunicar com as almas dos defuntos; todo o nosso intercâmbio com eles se realiza mediante insondável e soberana permissão de Deus. Mesmo quando uma pessoa devota julga estar sendo agraciada por vi¬sões, os mestres da vida espiritual aconselham-lhe toda a cautela na interpretação de tais fenômenos, pois Satanás não raro se dissimula em “anjo de luz” (cf. 2Cor 11, 14).

As autênticas aparições de santos ou almas neste mundo (mesmo não provocadas) não são tão freqüentes quanto propalam as noticias!Como se vê, este ponto de vista não se identifica com a posição dos espiritas, que afirmam poder entrar em contato com tal alma, por ocasião de tais ritos… Procedem como se ainda tivessem jurisdição ou poder sobre aqueles que não são mais da nossa convivência e cuja sorte só Deus conhece.

Fonte: www.presbiteros.com.br - Reproduzido do site da comunidade Bethania

NOMEAÇÃO DE NOVOS BISPOS PARA O BRASIL



VATICANO, 24 Nov. 10 / 01:47 pm (ACI).- Segundo a informação divulgada hoje pelo Vaticano e pela CNBB o Papa Bento XVI anunciou, nesta quarta-feira, 24, a nomeação de três bispos auxiliares para a arquidiocese do Rio de Janeiro e a nomeou o bispo auxiliar de São Paulo, Dom João Mamede Filho, para a diocese de Umuarama, no Paraná. Ainda nesta quarta-feira, foi aceito pedido de renúncia do bispo de Caçador (SC), Dom Luiz Carlos Eccel.

Bento XVI também nomeou Dom João Oneres Marchiori, Bispo Emérito de Lages, como Administrador Apostólico da Diocese de Caçador.Para bispos auxiliares a arquidiocese do Rio de Janeiro, foram nomeados os sacerdotes Pedro Cunha Cruz, Nelson Francelino Ferreira e Paulo Cezar Costa.

Os dois primeiros pertencem ao clero da arquidiocese do Rio de Janeiro e o último à diocese de Valença (RJ).O Pe. Pedro Cunha tem 46 anos e é natural do Rio de Janeiro. Ele fez seus estudos de filosofia na Faculdade de Filosofia João Paulo II e de teologia no Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio. Ordenado padre no dia 4 de agosto de 1990, fez mestrado e doutorado em filosofia na Pontifícia Università Santa Croce, em Roma e um mestrado em teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana.Atual pároco da paróquia Santa Rita e Diretor da Faculdade Eclesiástica de Filosofia do Rio de Janeiro, padre Pedro foi pároco também da paróquia Santa Teresa de Jesus.Nascido em Sapé, na Paraíba, o Pe. Nelson Francelino, 45, mora no Rio desde os cinco anos. Ordenado padre no dia 4 de outubro de 1990, padre Nelson fez seus estudos de filosofia e teologia, respectivamente, na Faculdade Eclesiástica de Filosofia João Paulo II e no Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio. Na Pontifícia Universidade Católica do Rio, fez mestrado e doutorado em teologia sistemática. Pe. Nelson foi também vigário paroquial da paróquia Nossa Senhora da Conceição, no Realengo (RJ), e pároco nas paróquias cariocas de São Luiz Rei de França, São Marcos e Nossa Senhora da Glória. Foi ainda diretor espiritual do Seminário São José, assessor eclesiástico das Pastorais Universitária e da Juventude e membro do Conselho Presbiteral da arquidiocese do Rio.

Finalmente o Padre Paulo Cezar, 43, cursou filosofia no Seminário Nossa Senhora do Amor Divino, em Petrópolis, e teologia no Seminário São José, da arquidiocese do Rio de Janeiro. Tem mestrado e doutorado em Teologia Sistemática pela Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma.Ordenado padre em 1992, foi vigário da paróquia da paróquia São Pedro e São Paulo de Paraíba do Sul (RJ) e pároco das paróquias Nossa Senhora da Conceição, em Vassouras (RJ), e Santa Rosa de Lima.Diretor e professor do Departamento de Teologia da PUC-Rio, padre Nelson é o reitor do Seminário Diocesano Paulo VI, em Nova Iguaçu, e membro da Comissão de Doutrina e do Instituto Nacional de Pastoral da CNBB.

Novo bispo de Umuarama

O novo bispo de Umuarama (PR), dom Mamede, anunciado nesta quarta-feira, é da Ordem dos Frades Menores Conventuais (OFMConv) e tem 59 anos. Natural de Caçapava (SP), foi ordenado bispo em 2006. Seu lema episcopal é “No evangelho força de Deus”.

Renúncia de Dom Luiz Carlos EccelFoi aceito hoje, também, pelo papa Bento XVI, o pedido de renúncia ao governo pastoral da diocese de Caçador feito pelo bispo dom Luiz Carlos Eccel, de 59 anos, de acordo com o cânon 401 § 2º do Código de Direito Canônico. O mencionado cânon afirma o seguinte:“Roga-se encarecidamente ao Bispo diocesano que presente a renúncia de seu ofício se por enfermidade ou outra causa grave ficasse diminuída sua capacidade para desempenhá-lo"Desde que foi ordenado bispo, em fevereiro de 1999, dom Luiz, estava na diocese de Caçador. Dom Luiz Eccel ficou conhecido durante a campanha eleitoral por escrever uma carta de apoio à candidatura de Dilma Rousseff e também por assinar junto com outros bispos e teólogos como Frei Betto, entre outros nomes vinculados à teologia da libertação, um manifesto expressando respaldo à então candidata do PT.O apoio do bispo foi criticado por alguns fiéis que manifestaram seu desapontamento pelas ações do prelado como os membros da Equipe Missionária Regina Apostolorum que lançaram uma carta de repúdio à missiva do então bispo de Caçador.A diocese de Caçador divulgou hoje uma nota na qual afirma que Dom Eccel renunciou por motivos de saúde:“Nesta quarta-feira, 24 de novembro, Sua Santidade Bento XVI aceitou o pedido de renúncia que lhe foi solicitada por Dom Luiz Carlos Eccel, em conformidade com o Cânon 401,§2 do Código de Direito Canônico, e nomeou Dom João Oneres Marchiori, Bispo Emérito de Lages, como Administrador Apostólico desta Diocese de Caçador. Expressamos nossa viva gratidão a Dom Luiz Carlos pelos 31 anos de ministério prestado a esta Diocese como Padre, Administrador Diocesano e como Bispo. Dom Luiz Carlos recolhe-se para cuidar de sua saúde, mas põe-se à disposição, para ajudar na Diocese, sempre que solicitado, dentro de suas possibilidades, com o título de "Bispo Emérito de Caçador".