sábado, 26 de agosto de 2017

COMO COMUNGAR NA MÃO?

Como deve se portar o fiel que deseja comungar na mão? Podemos receber a Eucaristia de qualquer maneira?

Por Pe. Javier S. Martínez — A educação litúrgica exige que se recordem às vezes coisas que se dão por sabidas. A Comunhão na mão é permitida a todo aquele que assim deseja comungar, de acordo com nossa Conferência Episcopal, que o solicitou à Santa Sé.
Como se comunga na mão? Temos de conhecer primeiro as disposições requeridas pela Igreja para que assim se comungue, visto que em muitas ocasiões os fiéis o fazem mal e de forma completamente desrespeitosa.
Deve-se ter cuidado com a dignidade do gesto, sem negar a presença real de Jesus Cristo na Eucaristia, como se se tratasse de um simples pedaço de pão que pode ser recebido de qualquer forma:
Portanto, com relação a este modo de comungar em particular, deve-se dar cuidadosa atenção a algumas coisas que a própria experiência aconselha. Todas as vezes que a sagrada espécie for colocada sobre a mão do comungante, deve-se ter sempre atenção e cuidado, tanto da parte do ministro quanto do fiel, sobretudo quanto aos fragmentos que porventura caírem da hóstia. É necessário que a prática da Comunhão na mão venha acompanhada de instrução oportuna ou catequese sobre a doutrina católica referente tanto à presença real e permanente de Cristo sob as espécies eucarísticas quanto à reverência devida a este sacramento [1].
Os fiéis, ao comungarem na mão, e os ministros, ao distribuírem a sagrada Comunhão na mão, devem conhecer e respeitar as determinações da Igreja, a fim de salvaguardar o respeito e a adoração ao Senhor realmente presente. Por isto, todos têm de observar cuidadosamente o seguinte:
Parece útil chamar a atenção para os seguintes pontos:
1. A Comunhão na mão deve manifestar, tanto quanto a Comunhão recebida na boca, o respeito para com a real presença de Cristo na Eucaristia. Por isso, será preciso insistir, como faziam os Padres da Igreja, sobre a nobreza dos gestos dos fiéis. Assim, os recém batizados do fim do século IV recebiam a norma de estender as duas mãos fazendo “com a esquerda um trono para a direita, pois esta devia receber o Rei” (5.ª Catequese Mistagógica, n. 21, PG 33, 1125; S. João Crisóstomo, Hom. 47, PG 63, 898, etc.).
2. Seguindo ainda os Padres, será preciso insistir sobre o “Amém” que o fiel diz em resposta às palavras do ministro: “O Corpo de Cristo”. Este “Amém” deve ser a afirmação da fé: “Quando pedes a Comunhão, o sacerdote te diz: “O Corpo de Cristo”, e tu dizes: “Amém”, “é isto mesmo”; o que a língua confessa, conserve-o o afeto” (S. Ambrósio, De Sacramentis, 4, 25).
3. O fiel que recebe a Eucaristia na mão, levá-la-á à boca antes de voltar ao seu lugar; apenas se afastará, ficando voltado para o altar, a fim de permitir que se aproxime aquele que o segue.
4. É da Igreja que o fiel recebe a Eucaristia, que é a Comunhão com o Corpo de Cristo e com a Igreja. Eis porque o fiel não deve ele mesmo retirar a partícula de uma bandeja ou de uma cesta, como o faria se se tratasse de pão comum ou mesmo de pão bento, mas ele estende as mãos para receber a partícula do ministro da Comunhão.
5. Recomendar-se-á a todos, especialmente às crianças, a limpeza das mãos, em respeito à Eucaristia.
6. Será preciso previamente ministrar aos fiéis uma catequese do rito, insistir sobre os sentimentos de adoração e a atitude de respeito que se exige (cf. Dominicæ Cœnæ, n. 11). Recomendar-se-lhes-á que cuidem de que não se percam fragmentos de pão consagrado (cf. Congregação para a Doutrina da Fé, 2 mai. 1972, Prot. n. 89/71, em Notitiæ 1972, p. 227) [3].
7. Os fiéis jamais serão obrigados a adotar a prática da comunhão na mão; ao contrário, ficarão plenamente livres para comungar de um ou de outro modo.
Essas normas e as que foram recomendadas pelos documentos da Sé Apostólica atrás citados têm por finalidade lembrar o dever do respeito para com a Eucaristia independentemente do modo como se recebe a Comunhão.
Insistam os pastores de almas não só sobre as disposições necessárias para a recepção frutuosa da Comunhão, que, em certos casos, exige o recurso ao sacramento da Penitência; recomendem também a atitude exterior de respeito que, em seu conjunto, deve exprimir a fé do cristão na Eucaristia.
Ao distribuir a sagrada Comunhão na mão, o ministro deve ter o cuidado de que o comungante a receba dignamente, pondo as mãos em forma de cruz, à espera de que sobre elas o ministro coloque a sagrada hóstia, que será consumida diante dele. Evitar-se-á deste modo todo perigo de profanação ou sacrilégio: “Ponha-se especial cuidado em que o comungante consuma imediatamente a hóstia, na frente do ministro, e ninguém se desloque (retorne) tendo na mão as espécies eucarísticas. Se existe perigo de profanação, não se distribua aos fiéis a Comunhão na mão” [4].
Como devemos, em resumo, aproximar-nos da sagrada Comunhão? Como se deve comungar?
  • Aproximamo-nos sem pressa do ministro que nos dará a Comunhão e nos mantemos a uma distância razoável para que ele possa distribuir-nos facilmente a Comunhão.
  • Enquanto o fiel que está à nossa frente comunga, inclinamo-nos em adoração ao Corpo de Cristo, que iremos receber, ou, se assim preferirmos, colocamo-nos de joelhos no genuflexório, se houver.
  • O ministro que nos dá a Comunhão diz: “O Corpo de Cristo”, e nós respondemos em voz alta: “Amém”, para que ele nos ouça claramente, já que se trata de uma profissão de fé. Este “Amém”, profissão de fé pessoal do cristão diante do Corpo real de seu Senhor, foi muitas vezes comentado e explicado na Tradição da Igreja. Ouçamos, por exemplo, o que a este respeito disse Santo Agostinho:
Se queres, pois, entender o Corpo de Cristo, ouve o que diz o Apóstolo aos fiéis: “Ora, vós sois o Corpo de Cristo e cada um, de sua parte, é um dos seus membros” (1Cor 12, 27). Se vós, portanto, sois o Corpo de Cristo e membros seus, o vosso mistério está posto na mesa do Senhor: é o vosso mistério o que recebeis. Respondeis “Amém” ao que sois e, respondendo, o confirmais. Escutas, pois, “O Corpo de Cristo” e respondes “Amém”. Sê membro do Corpo de Cristo, para que o teu “Amém” seja verdadeiro [5].
  • Uma vez dito o “Amém”, podemos comungar na mão ou diretamente na boca. Diziam os Padres da Igreja:
Veneremo-lo [o Corpo de Cristo] com toda pureza de corpo e de alma. Aproximemo-nos dele com um ardente desejo e, pondo as mãos em forma de cruz, recebamos o Corpo do Crucificado [6].
  • Se decidirmos comungar na mão, devemos pôr a mão esquerda sobre a direita. Não pegamos a hóstia no ar, mas aguardamos que o ministro a coloque em nossas mãos, que formam como que um trono preparado para receber o grande Rei.
  • Feito isto, comungamos imediatamente e na frente do sacerdote. É preciso também tomar cuidado para que não fique em nossa mão nenhuma partícula, sob a menor das quais o Cristo inteiro permanece presente.
  • Se a Comunhão for distribuída sob duas espécies, devemos seguir as indicações que o diácono ou sacerdote nos derem. É bom lembrar, em todo o caso, que nunca é permitido “ao comungante molhar por si mesmo a hóstia no cálice, nem receber na mão a hóstia molhada” [7].










Fonte: InfoCatolica.com | Tradução e adaptação: Equipe CNP

Referências

  1. Congregação para o Culto Divino, Instrução “Immensæ caritatis“, de 29 jan. 1973, n. 4 (AAS 65[1973] 270).
  2. Id., Notificação sobre a Comunhão na mão, de 3 abr. 1985 (Prot. n. 720/85); cf. Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2012. Brasília, 2011, pp. 31-32.
  3. A Notificação esclarece ainda em nota de rodapé: “De fato, convém aconselhar os fiéis a que coloquem a mão esquerda sobre a direita, para poder pegar facilmente a hóstia com a mão direita e assim levá-la à boca”.
  4. Id., Instrução “Redemptionis Sacramentum“, de 25 mar. 2004, n. 92 (AAS 96 [2004] 577).
  5. Agostinho de Hipona, Sermo 272 (PL 38, 1247).
  6. João Damasceno, De fide orth. 4.13 (PG 95, 1150B).
  7. Congregação para o Culto Divino, Instrução “Redemptionis Sacramentum“, de 25 mar. 2004, n. 104 (AAS 96 [2004] 579).

Padre Paulo Ricardo |

Nenhum comentário: