quinta-feira, 30 de junho de 2011

A FORÇA DO PERDÃO.

Toda vez que ouço o trecho do Evangelho no qual Jesus diz que devemos perdoar setenta vezes sete fico pensando no que significa perdoar sempre. É algo muito mais profundo do que simplesmente perdoar. Dizer a um cego de nascença como é o vermelho é muito difícil, ele nunca teve uma experiência de cores. Podemos fazer comparações com coisas que ele já tocou e sentiu, mas nunca poderá ter uma idéia exata da cor vermelha até que a experimente. Penso que assim é com o perdão. Posso ler e ouvir muitas coisas bonitas sobre o perdão, testemunhos comoventes, mas, enquanto eu não sentir na minha pele o que é perdoar, e perdoar de todo o coração, não saberei o que ele significa.
Olhando para Jesus, percebemos uma ternura muito grande para com todos que dele se aproximavam. Desde os pobres, doentes, pecadores, até os ricos, fariseus, funcionários romanos, enfim, todos encontravam no Mestre de Nazaré um oceano de ternura e atenção. “De tão humano só podia ser divino”, já disse alguém. Com Santa Teresa de Jesus, que viveu na Espanha do século XVI, vemos um despertar para um aprofundamento na humanidade de Cristo. Teresa soube, como ninguém, penetrar nos mistérios da sacratíssima humanidade de Jesus Cristo e, com sua sensibilidade feminina, nos descortina horizontes novos na interpretação do Novo Testamento. Vejamos apenas um exemplo: “Vede como o Senhor respondeu por Madalena na casa do fariseu e quando a sua própria irmã a culpava (Lc 7,36-40; 10,38). Ele não vos tratará com tanto rigor quanto tratou a si próprio, pois, quando teve um ladrão como Seu defensor, Ele já estava na cruz; assim, Sua Majestade fará que alguém vos defenda e, quando não o fizer, é que não será necessário” (Caminho 15,7).
Ao contemplarmos, com atenta sensibilidade, as palavras e gestos de Jesus, chegamos à conclusão que o perdão era para ele o seu “lugar”, o seu “habitat”, pois Ele mesmo disse: “a boca fala da abundância do coração” e “pelos frutos se conhece a árvore”. Um homem “todo amor” só podia espalhar perdão ao seu redor. Sem o amor é impossível perdoar. Ao morrer na cruz perdoando seus algozes, Jesus deu a máxima lição de amor e de misericórdia e desvendou-nos o segredo do perdão. “Eles não sabem o que fazem...” Estas palavras manifestam uma grande compaixão do Mestre por aqueles que lhe queriam tirar a vida. Não, eles não sabem o que fazem, pois se soubessem não o crucificariam. Também quem nos ofende, nos magoa, nos faz algum mal não sabe o que faz. Não percebe toda a extensão e consequência de seu mal. Mas, afinal, o que é perdoar? Por que perdoar?
Perdoar é divino
A palavra “perdão” significa, segundo o Dicionário Aurélio, remissão de pena, desculpa, indulto. Na ética: Renúncia de pessoa ou instituição à adesão às conseqüências punitivas que seriam justificáveis em face de uma ação que, em níveis diversos, transgride preceitos jurídicos, religiosos, morais ou afetivos vigentes.
Em outras palavras, é não querer punir o culpado, é a libertação do prisioneiro que está preso no próprio erro, através de um gesto não comum. “Errar é humano, perdoar é divino”, diz um ditado popular. Realmente, “perdoar é divino”, entretanto Deus nos capacita a fazê-lo. Não significa negar o erro de alguém, mas deixar de castigá-lo por tal erro, ou seja, é um ato da vontade que se faz senhora da situação, perdoando. Quem perdoa não fica diminuído, pelo contrário, cresce porque é capaz de renunciar a si mesmo, àquilo que parece ser seu direito, em favor de alguém. Mas, ao contrário das aparências, o grande favorecido é quem perdoou, porque quem perdoa está conquistando a própria paz interior.
Se fizéssemos uma análise sumária da situação mundial, poderíamos dizer que vivemos numa contínua tensão bélica. Às vezes fico pensando: qual será a próxima vítima das grandes organizações de traficantes e terroristas? Ou até dos que fazem o mal “fortuitamente”, porque aparece ocasião para roubar, matar, etc., nas pequenas e grandes cidades? Bastaria o perdão para que o mal desaparecesse do mundo e, sem o mal, viveríamos num paraíso terreno, como nos apresenta o Gênesis (Gn 1).



Irmã Maria Elizabeth da Trindade, ocd


por
Revista Shalom Maná

PEDRO E PAULO, COLUNAS DA IGREJA.


A celebração da Solenidade de Pedro e Paulo nos dá ocasião para aprofundar o nosso amor à Igreja e a nossa missão aos povos. Em ambos vemos a nossa missão de discípulos missionários.

Pedro e Paulo aparecem como anunciadores do Evangelho para os povos, fundadores de comunidades cristãs e testemunhas de Cristo até o martírio. A festa de hoje associa-os na fé em Cristo e na fundação da Igreja de Roma. Com especial atenção e alto valor teológico, o autor dos Atos dos Apóstolos enfatiza a sintonia entre Pedro na prisão e a comunidade cristã (At 12,1-11, primeira leitura): "Da Igreja subia fervorosamente a Deus uma oração por ele" (v. 5). A libertação milagrosa de Pedro da prisão o torna, então, livre para outros horizontes missionários.

São Paulo, na prisão, faz um balanço de sua vida (2Tm 4,6-8.17-18, segunda leitura), dá graças ao Senhor que esteve perto dele e deu-lhe força para que ele pudesse "levar a cumprimento o anúncio do Evangelho a todos e as gentes o aceitassem" (v. 17).

O serviço missionário de Pedro, dos apóstolos e de todos os cristãos funda, necessariamente, as raízes na experiência de uma chamada e correspondida no amor. "Eu sei em quem eu confiei", afirma Paulo, sem hesitação (2 Tm 1,12). Pedro vai gradualmente crescendo na confiança e no abandono ao seu Mestre. Pedro vai além da opinião corrente, para acolher a novidade de Jesus: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (v. 16). Essa resposta ultrapassa a compreensão humana (da carne e do sangue), porque é o resultado de uma revelação do Pai (v. 17). Então, Jesus, em um clima de profunda abertura, revela a Pedro e aos outros discípulos o seu projeto para uma nova comunidade, sua Igreja, que vai durar para sempre (v. 18). Depois da paixão e morte de Cristo, a fé de Pedro, em Cristo, é total: "Senhor, Tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo" (Jo 21, 17).

Apesar das dificuldades e resistências contra esses textos de Mateus e João, o plano de Jesus em relação à Igreja subsiste no tempo, de acordo com a tradicional interpretação das três metáforas: a pedra (v. 18), as chaves (v. 19) e o binômio ligar-desligar (v. 19), que são a confirmação pós-pascal a Pedro do seu serviço de apascentar, no amor, o povo da nova aliança (cf. Jo 21,15 s). Para Jesus, que é "o Senhor e o Mestre" (Jo 13, 14), que "não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida" (Mateus 20, 28), a autoridade é dada a Pedro e à Igreja para um serviço ao povo de Deus, em uma diaconia do amor sem fim.

O Concílio nos dá a dimensão teológica e missionária desse projeto: "Em cada época e toda nação é agradável a Deus aquele que o teme e age com justiça (cf. At 10, 35). Mas Deus quer santificar e salvar os homens, não individualmente, e sem qualquer vinculação mútua, mas quer transformá-lo em um povo "(LG 9). De fato, "a Igreja peregrina é missionária por natureza" (AG 2). Porque "existe para evangelizar" (EN 14). Não é secundário o fato de que Jesus fale de seu projeto estando presente em um território pagão (região de Cesaréia de Filipe), em um contexto geográfico semelhante ao da mulher cananeia: esses fatos narrados por Mateus demonstram o caráter universal da missão de Cristo e da Igreja.

A liturgia deste dia nos convida a refletir sobre a fidelidade e testemunho dos dois pilares da Igreja. Pedro mostra-nos as chaves do reino, primeiro príncipe dos apóstolos. Ouvir a sua confissão, que agora pertence a nós como seguidores da mesma fé. Sentimo-nos como a fonte da nossa alegria pertencer a Cristo, a fonte da qual ele bebeu a mesma fé, o compromisso de também nos colocarmos como testemunhas. É também um dia de ação de graças a Deus, a Cristo Jesus pelos seus apóstolos, os fundadores da Igreja, nossa mãe. O que há para dizer na história da Igreja até os nossos dias, quando se vive um percurso onde as fragilidades humanas foram suplantadas pela força do Espírito. Quando em nossas escolas, universidades e livros a história é escrita excluindo a colaboração dos cristãos e até mesmo condenando a missão da Igreja, este momento de nossa liturgia é a hora de, mesmo reconhecendo as fragilidades históricas de nossas comunidades, olharmos com confiança para a missão desempenhada pelos seguidores de Cristo na construção da civilização do amor.

Temos a certeza de que ainda estamos apoiados sobre a rocha, que é o próprio Cristo, e sobre a Pedra, que é a fé do Apóstolo Pedro e de seus sucessores, e hoje do Romano Pontífice, o Papa Bento XVI. As portas do inferno, mesmo quando se manifestaram com violência contra nós, não prevaleceram. A promessa de Cristo é realizada em sua plenitude. A história de Pedro, no início fraco, arrogante e com medo, se torna depois corajoso e sem medo de dizer a verdade e a morrer como testemunho da sua fidelidade a Cristo. Isso se tornou substancialmente a história de nossa Igreja e de muitos cristãos.

Foi determinante nesse árduo caminho a contribuição de Paulo, convertido na estrada de Damasco, o Apóstolo dos gentios. Ele primeiro atravessou as fronteiras do mundo judaico para anunciar a mensagem da salvação aos gentios. A segunda leitura de hoje soa como um testemunho alegre que Paulo confidencia a seu amigo e colaborador Timóteo: "Quanto a mim, meu sangue está para ser derramado em libação e é chegado o momento de partir. Combati o bom combate, terminei minha carreira, guardei a fé. Agora eu só tenho a coroa da justiça que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia, e não só a mim, mas também para todos aqueles que esperam a sua vinda ".
Ver espalhado em libação o seu sangue é a suprema aspiração do Apóstolo, após a labuta dura de seu intenso apostolado. Ele anseia ao martírio por querer estar totalmente assimilado a Cristo e, assim, dar o supremo testemunho de fidelidade e amor. Esses dois traçam, de modo diverso, o caminho da Igreja e de todos nós: fracos como Pedro antes de Pentecostes, porém fortalecidos depois da vinda do Espírito Santo. Nós, perseguidores do Senhor como Saulo, mas depois tranfigurados pela graça. Quem sabe se estamos também nós realmente prontos e dispostos a dar nossas vidas para Cristo?

Embora no Brasil a Solenidade de Pedro e Paulo tenha sido transferida para o Domingo, no entanto, no dia de 29 de junho celebramos também os sessenta anos de nosso Papa Bento XVI, sucessor de Pedro, o doce Cristo na terra. Rezemos por sua missão!

Por: Dom Orani João Tempesta


 
Fonte: CNBB

LITURGIA DIÁRIA - JESUS E O PARALÍTICO.


Primeira Leitura: Gênesis 22, 1-19



XIII SEMANA COMUM


(verde - ofício do dia)


Leitura do livro do Gênesis - 1Depois disso, Deus provou Abraão, e disse-lhe: "Abraão!" "Eis-me aqui", respondeu ele. 2Deus disse: "Toma teu filho, teu único filho a quem tanto amas, Isaac; e vai à terra de Moriá, onde tu o oferecerás em holocausto sobre um dos montes que eu te indicar." 3No dia seguinte, pela manhã, Abraão selou o seu jumento. Tomou consigo dois servos e Isaac, seu filho, e, tendo cortado a lenha para o holocausto, partiu para o lugar que Deus lhe tinha indicado. 4Ao terceiro dia, levantando os olhos, viu o lugar de longe. 5"Ficai aqui com o jumento, disse ele aos seus servos; eu e o menino vamos até lá mais adiante para adorar, e depois voltaremos a vós." 6Abraão tomou a lenha do holocausto e a pôs aos ombros de seu filho Isaac, levando ele mesmo nas mãos o fogo e a faca. E, enquanto os dois iam caminhando juntos, 7Isaac disse ao seu pai: "Meu pai!" "Que há, meu filho?" Isaac continuou: "Temos aqui o fogo e a lenha, mas onde está a ovelha para o holocausto?" 8"Deus, respondeu-lhe Abraão, providenciará ele mesmo uma ovelha para o holocausto, meu filho." E ambos, juntos, continuaram o seu caminho. 9Quando chegaram ao lugar indicado por Deus, Abraão edificou um altar; colocou nele a lenha, e amarrou Isaac, seu filho, e o pôs sobre o altar em cima da lenha. 10Depois, estendendo a mão, tomou a faca para imolar o seu filho. 11O anjo do Senhor, porém, gritou-lhe do céu: "Abraão! Abraão!" "Eis-me aqui!" 12"Não estendas a tua mão contra o menino, e não lhe faças nada. Agora eu sei que temes a Deus, pois não me recusaste teu próprio filho, teu filho único." 13Abraão, levantando os olhos, viu atrás dele um cordeiro preso pelos chifres entre os espinhos; e, tomando-o, ofereceu-o em holocausto em lugar de seu filho. 14Abraão chamou a este lugar Javé-yiré, de onde se diz até o dia de hoje: "Sobre o monte de Javé-Yiré." 15Pela segunda vez chamou o anjo do Senhor a Abraão, do céu, 16e disse-lhe: "Juro por mim mesmo, diz o Senhor: pois que fizeste isto, e não me recusaste teu filho, teu filho único, eu te abençoarei. 17Multiplicarei a tua posteridade como as estrelas do céu, e como a areia na praia do mar. Ela possuirá a porta dos teus inimigos, 18e todas as nações da terra desejarão ser benditas como ela, porque obedeceste à minha voz." 19Abraão voltou então para os seus servos, e foram juntos para Bersabéia, onde fixou sua residência. - Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial(114)
 REFRÃO: Andarei na presença de Deus, / junto a ele, na terra dos vivos.
1. Aleluia. Amo o Senhor, porque ele ouviu a voz de minha súplica, porque inclinou para mim os seus ouvidos no dia em que o invoquei. - R.
2. Os laços da morte me envolviam, a rede da habitação dos mortos me apanhou de improviso; estava abismado na aflição e na ansiedade. Foi então que invoquei o nome do Senhor: Ó Senhor, salvai-me a vida! - R.
3. O Senhor é bom e justo, cheio de misericórdia é nosso Deus. O Senhor cuida dos corações simples; achava-me na miséria e ele me salvou. - R.
4. pois livrou-me a alma da morte, preservou-me os olhos do pranto, os pés da queda. Na presença do Senhor continuarei o meu caminho na terra dos vivos. - R.
Evangelho: Mateus 9, 1-8

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, 1Jesus tomou de novo a barca, passou o lago e veio para a sua cidade. 2Eis que lhe apresentaram um paralítico estendido numa padiola. Jesus, vendo a fé daquela gente, disse ao paralítico: "Meu filho, coragem! Teus pecados te são perdoados." 3Ouvindo isto, alguns escribas murmuraram entre si: "Este homem blasfema." 4Jesus, penetrando-lhes os pensamentos, perguntou-lhes: "Por que pensais mal em vossos corações? 5Que é mais fácil dizer: Teus pecados te são perdoados, ou: Levanta-te e anda? 6Vendo a multidão, ficou tomado de compaixão, porque estava enfraquecida e abatida como ovelhas sem pastor. 7Levantou-se aquele homem e foi para sua casa. 8Vendo isto, a multidão encheu-se de medo e glorificou a Deus por ter dado tal poder aos homens. - Palavra da salvação.
catolicanet.com

Homilia - Pe Bantu
A cura do paralítico nos é contada também pelos evangelistas Marcos (2,1-12) e Lucas (5,17-26). Marcos apresenta a história do paralítico com mais particularidades. Nos diz que os portadores do leito sobre o qual jazia o paralítico, não podendo apresentar o doente a Jesus por causa da multidão.
São todos particulares que não pertencem à historia em si, mas ao modo de apresentá-la. Na sua versão, Mateus estiliza a cena reduzindo-a ao essencial, omitindo todos os particulares. A chave para descobrir a intenção de Mateus está nas palavras de Jesus: Vendo a fé daquela gente, Jesus disse ao paralítico: Meu filho, coragem! Teus pecados te são perdoados.

Neste texto, Mateus quer afirmar que Jesus tem o poder de perdoar os pecados. A cura do paralítico comprova esse poder. Além de ter o poder de perdoar os pecados, Jesus demonstra que tem um poder mais forte, que é aquele de penetrar os pensamentos dos escribas, sem que alguém lhe contasse, e disse-lhes: Por que pensais mal em vossos corações?
Por sua vez, Jesus, possui um conhecimento sobre-humano, sobrenatural, doado-lhe pelo Espírito Santo. Em outros momentos Jesus dirá: Vocês vêem as aparências. Eu vejo o coração. Este conhecimento sobrenatural de Jesus demonstra que Ele tem também uma dignidade única e que justifica o seu poder também único, aquele de perdoar os pecados.
Quando Jesus quer demonstrar que tem o poder sobre o pecado, o paralítico passa em segundo plano, como se não interessasse mais o paralítico curado, e sim para que saibais que o Filho do homem tem o poder de perdoar os pecados.

A razão da cura do paralítico que ouviu as palavras de Jesus levanta-te… toma a maca e volta para tua casa, é demonstrar a saúde eterna; o perdão dos pecados é mais importante do que a saúde do corpo.
Mateus, além de demonstrar o poder de Jesus, quer realçar a fé daquela multidão que se aproximou de Jesus, atraída a Ele justamente por causa deste poder. Fé tão grande que venceu todas as dificuldades. Fé que é confiança ilimitada no poder de Jesus, posto a serviço do ser humano.
Por fim, Mateus, depois de nos contar a cura e o perdão dos pecados do paralítico, nos fala daquela multidão que, diante deste milagre de Jesus, ficou com medo, glorificou a Deus por ter dado tal poder aos homens.
O poder de Jesus de perdoar os pecados foi passado aos seus discípulos-apóstolos, quando ao ressuscitar dos mortos e aparecendo-lhes, disse-lhes: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós”. Depois destas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; aqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (João 20, 21-23).

Antes Pedro, à pergunta de Jesus: “No dizer do povo, quem é o Filho do homem?” E aos seus discípulos: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo”. E Jesus disse a Pedro: Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do reino dos céus: Tudo o que ligares na Terra, será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra, será desligado nos céus (Mt16,13-19).

Portanto, a Igreja de Cristo e na Igreja os homens escolhidos por Cristo, têm a missão de administrar o sacramento do perdão. Não são eles que perdoam. Mas é Cristo que o faz na pessoa do Sacerdote. Este poder de perdoar os pecados é inseparável da pessoa de Cristo e da Sua Igreja, Uma, Santa Católica e Apostólica.
Pai, que minha fé ilimitada em teu Filho Jesus seja penhor de perdão e cura. Que o poder de Jesus me cure a partir do meu interior.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

POR QUE ME DESVIEI? PARTE I I I

Lembrei-me de um texto bíblico constante no livro de Reis, mas também, mencionado pelo profeta Isaías,  em que os Judeus foram deportados para a babilônia (atual Iraque). Sitiada e invadida pelo rei Nabucodonosor, Jerusalém é destruída juntamente com seu templo e pouco mais de 40 mil judeus são levados para a Babilônia, ficando aqueles mais pobres para que pudessem cultivar a terra. (2Rs 25,1-21).
Até aqui, nada que já não se conheça. Mas um fato importante e extremamente oportuno se dá durante o exílio. Os exilados se articularam em comunidades e procuravam manter viva a fé no Deus de Israel não permitindo a morte do judaísmo. Ao mesmo tempo com que praticavam, também entravam em profundo desespero por não compreenderem como o mesmo Deus que tinha prometido protegê-los, havia permitido tamanha humilhação. O sofrimento por não habitarem em casa, sua terra, por perderem sua pátria e até sua identidade foi certamente, um dos momentos mais difícil daquele povo. 

O anseio pelo retorno e a dor da saudade pode ser lembrado através de alguns escritos comprovados em versos litúrgicos e também nos Salmos: “... ao pé dos rios da Babilônia sentamos e choramos ao nos lembrar de Sião...”  e “... Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, que fique esquecida a minha mão direita...”.
É o registro de uma dor profunda. Uma dor que vai além de qualquer dor física, porque ela dilacera a alma e reduz o homem a nada. Registra ainda uma perda irreparável, algo que foi tirado de forma súbita e brutal.
Toda a dor e o sentimento desse povo, é por analogia a mesma dor daquele que se desviou.  Daquele que conheceu um dia o amor de Deus e hoje está sob o domínio de um déspota. Os dias passam e com eles os meses, mas em seu decorrer, tem aqueles dias e aqueles meses em que se é assolado por uma dor tão grande, que acaba por aniquilar toda e qualquer força, uma dor quem nem o pecado constante podem bloquear, antes faz aumentar. E na vã tentativa de querer aniquilar, se busca aquela que pode parecer fazer sumir por alguns instantes. Se busca uma forma de neutralizar o pensamento através do efeito anestésico da mente. Não faço referência à anestesia local aplicada, mas a outra que tem quase que igual efeito: A bebida com seu elevado teor alcóolico. Ela tem um poder destruidor, capaz de mudar o sentimento de piedade daquele momento, para um que faz com que nos sintamos bem e conformados em está no mundo, podendo assim ignorar os princípios dos ensinamentos divinos.

Talvez se houvesse a liberação por parte do império e que facilitasse o consumo de álcool pelos judeus no cativeiro, certamente aquele momento de dor, poderia encontrar um alívio momentâneo. O cativeiro existiu pelos pecados de Judá. Houve advertência pelo profeta que anunciou punição e juízo, mas não foi dado importância. Viver um cativeiro é viver o seu inferno. É perder sua própria identidade, é questionar sua existência e as verdades inquestionáveis. É a descida para o abismo, um salto para o nada.
O cativeiro pode significar a sua dor, o seu sofrimento de hoje, o seu pesadelo interminável. O cativeiro significa pra mim o desvio dos caminhos do senhor. O mesmo Senhor que Passados 50 anos, fez surgir um novo imperador, o Persa Ciro, que invadiu e dominou todo império babilônico, permitindo o retorno dos judeus à sua terra natal. Era o fim de um pesadelo. O fim de um cativeiro longo  e dolorido. O Deus em quem confiavam, havia  lembrado-se deles.
Durante todo exílio, muitos judeus perderam sua fé original, muitos foram os que se distanciaram de Deus. Mas também, claro, muitos os que conseguiram permanecer firmes. Estes criaram pequenos templos (sinagogas), onde exerciam a prática do culto como forma de suprir a ausência do Templo de Jerusalém, mantendo viva a fé monoteísta.
A certeza de que um dia retornariam estava escrita. Era uma promessa de que o tempo de cativeiro tinha data para acabar. Imaginar o dia do retorno era o momento de uma alegria inefável. Poder sentir essa sensação era algo que não tinha preço. Era a certeza de que O Deus de Israel não estava alheio aos seus anseios, ao seu abandono, a sua dor e ao seu sofrimento. Mas também era a certeza de conviver sem saber até quando com esse terrível pesadelo.
Para mim, o risco de perder a fé, está diretamente associado a certeza de não saber até quando durará esse tempo.
Não ter a certeza do tempo de retorno, me força a construir minha própria sinagoga e praticar a resistência que ainda pode ser percebida para evitar o afastamento final.  
Lembrar-se das agruras desse povo nesse tempo, me ensinou a enxergar as duas realidades completamente distintas. Invadidos e levados à força para longe de tudo que mais amavam, sofrer os insultos e a humilhação de perder sua própria identidade sendo objeto de escárnio, foi também um tempo de muito aprendizado, pois, aos resistentes, trouxeram a dura experiência de trilhar por terras secas e improdutivas (não fazendo referência às terras da babilônia, mas pela distância de casa).  e de  agora poder repassar aos seus, a firmeza na esperança e a de fazer permanecver a fé viva no Deus de seus pais.
O amor incomensurável do Senhor, no tempo favorável, O Deus de promessas, O Criador, O Deus de Israel resolveu visitar a obra de suas mãos e trazer-lhes a redenção. Não somente a libertação de uma nação governada por um tirano, mas a libertação do maior ditador, déspota presente na vida de muitos nos tempos de hoje: o pecado. Para isso teve que se tornar semelhante a ele, semelhante ao homem em tudo, menos no pecado. “E o verbo se fez carne”. (Jo 1,14).

A natureza impassível uniu-se à natureza passível. Submetido à morte em sua natureza humana, mas inaterável à sua divina.  
Mesmo antes da sua vinda, era professado pela boca de um profeta, o ultimo do Velho Testamento, o Seu precursor, que deveria haver um arrependimento em preparação para este dia. Esse arrependimento configura-se como sendo o primeiro passo para a redenção, para a salvação. Este traz em sua definição, a tristeza pelo ato pecaminoso, pelo agravo cometido. Provoca uma mudança de mentalidade, e leva a praticar os retos caminhos do Senhor.
É o tempo necessário para um retorno definitivo e feliz para aquele que conheceu o afastamento. E a alegria de aguardar esse momento, é a mesma que invadiu o coração daqueles judeus que nunca perderam a esperança em um Deus de vitórias em um Deus de amor, em um Deus de misericórdia.
Retornar é uma certeza, mas antes, se faz necessário um processo inicial de readaptação, um período em preparação para que exista verdadeiramente um coração contrito.



Por
Wellington Dantas

ARRUMAR AS MALAS.


Como estou longe do Brasil há mais de dois anos não sei quais são as palavras e expressões de modismo que estão na boca das pessoas, de modo geral, mas sei de uma que é cada vez mais freqüente nas canções católicas e que virou marca registrada do Missionário Shalom. Primeiro eles cantaram que eram “estrangeiros aqui” e agora que estão de “malas prontas”, para onde? Para o Céu! O Céu tem se tornado um bendito modismo.
Se pensássemos mais no Céu relativizaríamos mais o que é passageiro e nos prepararíamos com mais leveza e melhor para voltar para lá, de onde viemos. Nossa vida é tão curtinha se pensarmos na eternidade e no que nos espera do lado de lá! Mais que um lugar monótono – quando eu era criança, confesso, eu ficava pensando como seria passar todo o tempo louvando a Santíssima Trindade, e temia que fosse a coisa mais chata do mundo – pelo que o livro do Apocalipse fala, no Céu usufruiremos em plenitude da presença de Deus, e nele tudo é absoluto, principalmente o Amor, e neste Amor está toda a liberdade, a paz, a beleza, a realização. Não haverá mais dor, sofrimento, tristeza e limite de qualquer espécie! Cristo será tudo em todos, diz a Palavra de Deus! Vida em abundância! Comunhão total com Deus!
Quem já teve alguma experiência espiritual por conta do toque da Graça, que é o Espírito Santo, e conheceu na alma a presença de Jesus Ressuscitado, passando a se relacionar com Ele cada vez mais intimamente, pessoalmente, diariamente, pela oração, pela Palavra e acima de tudo pela Eucaristia, sabe do que eu estou falando. E estas são pequeníssimas labaredas de amor que nos tocam e nos curam, plenificam, muitas vezes nos inundam de lágrimas e paz, imagine quando não houver mais nenhum véu, nenhuma barreira e será todo o Amor e todo o Fogo? Esta imagem é tão cara a São João da Cruz... Por isso, quando alguém que a gente ama morre, principalmente se vivia a vida em Deus se preparando para o Céu, em amor, choramos de saudade, mas deveríamos de fato ficar feliz por ela.
Acho que teremos surpresas quando chegarmos no Céu e penso muito nisso. Não por causa das conversões espetaculares que acontecem e que só Jesus mesmo conhece – não foi o caso de quem morria ao seu lado também crucificado? – mas por causa dos santos ordinários de cada dia e que andam ao nosso lado. Claro que vai ser fantástico encontrar uma pessoa que foi um “horror” neste mundo, alcançada pelo amor inequívoco e mais brilhante do que o sol que Deus nos dá em Jesus, no último instante de decisão de sua vida e vontade. Este é um mistério que ninguém sabe como se dá nem quando se dá, pois só morremos uma vez, mas cremos, confiamos e escutamos diariamente que a salvação foi dada a todos, pois o amor de Deus cobriu toda a humanidade: “... este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança que é derramado por vós e por todos os homens para o perdão dos pecados... fazei isso em memória de Mim”. Haverá muitos bons ladrões e boas ladras que nos surpreenderão na eternidade, graças a Deus.
Mas haverá também os santos escondidos, simples, comuns como feijão com arroz e que vivem ao nosso lado na célula, na casa comunitária, na paróquia, na vizinhança, até nas nossas famílias. Grande neles é Deus mesmo que tomou posse da alma, em amor, mas que permaneceu escondido no cotidiano e nos limites ordinários da humanidade de cada um. Deve ter sido assim a surpresa das irmãs do Carmelo de Lisieux que morreram antes dela, que a conheceram e que, ainda no purgatório, felicíssimas por se prepararem para o banquete do grande Rei, como acontece na parábola do Filho Pródigo, se dão conta que Teresinha tinha ido direto para Céu, santíssima, transfigurada, porque totalmente tomada e unida a Jesus, o Amado de sua vida. Pense na cena! Como pode, uma pessoa tão comum, tão simples, que fazia tudo igual a todo mundo ir para direto para o Céu? Mas é exatamente esta adesão e este amor à vontade de Deus, sem resistência, contínua, diária, amando, perdoando, não julgando, se arrependendo, deixando a alma ser grande e livre em Deus, continuamente fixada nas coisas Dele, rezando, rezando, pacientemente dando passos de formiga – quem é da minha idade deve se lembrar da brincadeira de infância que chamava ‘Mamãe posso ir?’ – mas passos determinados. Afinal de contas, Teresinha era filha de Teresa e ambas tinham a determinada determinação de ser o que Deus queria que elas fossem: santas. Essa é a mesma determinação que Deus dá aos que são Shalom!
Este pensamento de Céu e da santidade dos meus irmãos e irmãs de casa, missionários como eu, também os demais que estão no Brasil e no mundo, espalhados, me faz admirar ainda mais a obra do Senhor através do Carisma Shalom em cada um, e me faz querer ir para o Céu junto com eles, em unidade, não por presunção, mas por vocação, pois este é o fim último de nossas vidas e consagração: a vida eterna, o Céu.
Tomara que essa moda pegue, querer ir para o Céu e, enquanto vivemos por aqui, ajudemos uns aos outros a arrumar as malas.

por
Elena Arreguy Sala, Missionária da Comunidade Shalom
Comunidade Shalom

A PROTEÇÃO DOS ANJOS DA GUARDA.

Os anjos são servidores e mensageiros de Deus, porque contemplam constantemente a face de Deus que esta nos céus.

A presença deles nas Escrituras, é muito clara, e é uma verdade de fé. Estão presente desde a criação, e ao longo de toda a Historia da Salvação, anunciando de longe ou de perto esta salvação e servindo ao desígnio divino da sua realização , como nos diz o Catecismo da Igreja (p 87)

A vida da Igreja se beneficia da ajuda misteriosa e poderosa dos anjos.

Desde a infância, até a morte, a vida humana é cercada pela sua proteção e pela sua intercessão. Cada fiel é ladeado por um anjo como protetor e pastor para conduzi-lo à vida.

Os santos são testemunhos desta verdade. Em suas narrações sempre estão presentes estas Criaturas sobrenaturais, como nos narra Pe.Pio, São São D.Bosco, São Martinho de Poris, e tantos outros. Emmir, Coor.Fundadora da Comunidade Católica Shalom em seu livro, “Anjos nossos de cada dia”, narra fatos concretos acontecido com ela por meio do Anjo da Guarda.

Se prestarmos atenção, como fizeram os santos, veremos coisas inacreditáveis acontecendo conosco, no dia a dia, e muitas vezes não nos damos conta que é o nosso anjo da guarda agindo. Gostaria muito de poder citar vários fatos ocorridos com pessoas que se encontraram em situações difíceis e diante delas, viram e sentiram a presença destas criaturas celestes vindo em seu auxílio. Como não é possível, cito aqui três casos, dois deles acontecido comigo.

Uma amiga, hoje ministra da Eucaristia na Igreja do Cristo Rei, de Fortaleza-CE, chamada Josefa, me contou, que uma vez foi levar Eucaristia, para uma pessoa doente.

“Eram 8h da noite, estava só, e dirigia o seu carro. No caminho foi atingida por uma fortíssima chuva, quase impedindo de dirigir. Passando por um lugar sem asfalto e um pouco deserto, o carro atolou-se. Ao seu redor não havia ninguém, só mato, e a uma certa distância uma academia. Diante dessa situação um pouco preocupante, mesmo porque trazia consigo o próprio Cristo, viu que a melhor coisa a fazer era pedir socorro e proteção ao próprio Cristo, fazendo-o assim imediatamente. Foi quando de repente sentiu que o seu carro estava sendo erguido, e olhando pelos vidros embaçados do carro, viu em cada extremidade do carro um homem vestidos de brancos com a faixa amarrada na cintura, erguendo o carro do atolamento.

De onde surgiu esses homens? Perguntava ela. E não se continha de felicidade, pensando que talvez fossem rapazes da academia, que vendo-a teriam tido compaixão e ido ao seu socorro.

Ela pensou em agradecer essas gentis pessoas, mas não conseguia mais vê-los, pois a chuva impedia. Assim da mesma forma que apareceram, também desapareceram. E agradecendo a Deus ela seguiu o seu caminho.

Ai eu pergunto: Quem numa chuva desta ia ver de longe um carro atolado no meio do mato e ido ao encontro para ajudar?

“O Céu que envia os seus anjos.”

Pude muitas vezes observar e contemplar esses acontecimentos em minha vida, que edificou mais a minha fé nestas Criaturas.

“Um deles aconteceu comigo há uns três anos atrás quando fui chamada a encontrar urgentemente minha mãe, que estava muito mal, já a beira da morte, na cidade de Uberlândia –MG

Precisei sair de Brasília de ônibus a meia noite do dia 30 de dezembro para chegar as 5h da manhã.

Nesse dia senti que Jesus me preparava para alguma coisa que iria me acontecer, e rezando eu escutava fortemente a sua voz no interior do meu coração dizendo; “Tenha confiança, não tenha medo. Eu estou com você”

Eu me perguntava: o que vai acontecer? Será que não encontrarei mais minha mãe viva? Mas resolvi entregar tudo a Ele e viajar.

Entrando no ônibus percebi que a minha companheira de poltrona, era uma senhora bem idosa, e estava sempre rezando. No cansaço que me encontrava adormeci, acordando a poucos km de Uberlândia, com o ônibus sendo assaltado por três rapazes encapuzados.
No momento lembrei-me daquela voz que me falava através da Palavra de Deus: “Não tenha medo, confia em Mim, eu estou com você”, e me senti tranquila, mesmo diante daquele quadro assustador; enquanto a minha companheira sobriamente, rezava mais intensamente.

Eles, armados, foram mandando que jogássemos tudo o que tínhamos no corredor do ônibus, e dois iam de cadeira em cadeira verificando se tínhamos obedecido e nos ameaçando.

E por incrível que pareça, quando chegaram perto da cadeira onde me encontrava com a senhora, eles pareciam não nos ver, e seguiram.
Adiante com suas ameaças. A minha companheira estava com sua bolsa debaixo dos pés, e do jeito que estava continuou.
A mim parecia viver mais um dos filmes dramáticos de Hollywood, na certeza de que Deus estava comigo e Ele não ia deixar nada grave acontecer.
Para resumir, aqueles foram momentos curtos mas que pareceram longos deixando todas as pessoas tensas e até com um pouco de pânico. Eles carregaram tudo de todos que estavam dentro do ônibus, menos a minha bolsa e da senhora. Foi inacreditável!! E eu me perguntava: Quem é esta senhora, que de certa forma com suas orações parecia me proteger, e proteger todos os passageiros de algo pior? Depois de um ano, ouvi no noticiário que um ônibus teria sido assaltado no mesmo lugar, e jogado no precipício.
Seria meu anjo da guarda em forma humana? Poderia ter sido sim, como poderia ter sido um anjo da terra, guiado pelo nosso anjo da guarda a interceder.”
“Outro fato, foi na posse de D.Claudio em S.Paulo. Sai de Aparecida ,calculando chegar em Santo Amaro as 20 h para participar das celebrações no dia seguinte.
Mas aconteceu que calculei errado e já tarde da noite, ainda me encontrava dentro do ônibus que dirigia para este bairro.
Não sabendo direito onde descer, dei as referências ao trocador pedindo que ele me avisasse quando chegasse no local.
Aconteceu que ele esqueceu, e passou do ponto onde eu deveria descer, parando bem mais distante, em um lugar estranho, cheio de matagal, enfrente a um motel . Isto depois das 23 h e no meio de uma forte neblina. Estremeci-me toda, me vendo por algum tempo cheia de pavor.

Ainda bem que a poucos metros tinha uma churrascaria ou um restaurante, não me recordo bem , com muita gente e barulho.
Entrei lá desnorteada para telefonar, mas com o barulho não consegui entender nada. Informei-me da parada do ônibus com alguém que ali estava, e me foi apontando para um jovem que estava esperando um ônibus a alguns metros do local.
Dirigir-me apressadamente para lá . Tudo me apavorava, aquela situação parecia me engolir pelo medo. Perguntei a esse jovem sobre o ônibus que eu deveria tomar, e pedia a Deus que ele não saísse dali antes de mim.
O jovem serenamente me explicou tudo como eu deveria fazer e aonde descer, e depois acrescentou: “veja, ai vem o seu ônibus, vá.” Eu mal poderia enxergar naquela neblina o ônibus que se aproximava. Senti uma alegria, uma gratidão e paz brotando no meu coração. Já não mais em mim existia aquele pavor, mesmo sabendo que poderia ainda encontrar outros desafios mais para frente.
Já quase meia noite,desci na minha parada, em meio a algumas pessoas estranhas. Estas me ajudaram emprestando o celular para eu ligar para os meus irmãos virem me pegar. Tudo terminou na paz.

Aquele jovem foi meu anjo da guarda. Rezo constantemente para ele, pedindo a sua proteção.”

Obrigada meu Anjo da Guarda


Janua Pinheiro
Missionária da Comunidade Católica Shalom em Fortaleza/CE



por
Revista Shalom Maná

PROBLEMAS COM A TERRA.

Contemporaneamente à divulgação de índices governamentais que revelam um avanço nas conquistas sociais, a midia está trazendo à tona o fenômeno dos conflitos no campo, com o recente assassinato de seis lideranças, que estavam comprometidas com a preservação das florestas e com o uso regulamentado da terra, no Norte e no Centro-Oeste do Brasil. “A onda de assassinatos a trabalhadores rurais no Norte do País contabiliza mais uma vítima. Obede Loyla Souza, de 31 anos e pai de três filhos, foi executado na última quinta-feira (9), no Acampamento Esperança, município de Pacajá, no Pará. Este é o quinto homicídio no campo registrado no Estado em menos de um mês.

Com a morte de Souza, sobe para seis o número trabalhadores rurais assassinados nas últimas três semanas no Norte do Brasil. Além dos 5 casos ocorridos no Pará, foi registrada a morte de Adelino Ramos, o Dinho, líder do Movimento Camponês Corumbiara, executado a tiros no distrito de Vista Alegre do Abunã, Porto Velho (RO), em 27 de maio. Três dias antes, o casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria Bispo do Espírito Santo foi assassinado próximo a Nova Ipixuna, sudeste do Pará. As vítimas haviam denunciado a extração ilegal de madeira, assim como Obede Loyla Souza. Naquela semana, no Assentamento Praialta-Piranheira, o mesmo onde morava o casal de extrativistas, foi encontrado sem vida Herenilton Pereira dos Santos. O trabalhador rural era apontado como uma das testemunhas no caso do duplo homicídio. No dia 2 de junho, o corpo do agricultor Marcos Gomes da Silva foi localizado em uma estrada vicinal, em Eldorado do Carajás, mesmo município onde aconteceu o massacre de 19 sem-terra no ano de 1996. Morta a tiros, a vítima teve a orelha decepada, a exemplo do que ocorreu com o extrativista Zé Cláudio.”

A Comissão Pastoral da Terra já havia apontado para a gravidade deste problema, ao apresentar a estatística dos assassinatos no campo. Recentemente, o Conselho Permanente da CNBB se pronunciou sobre “os inúmeros casos de violência e mortes no norte do País. (…) As muitas vidas ceifadas devido aos conflitos agrários alertam a sociedade e o Estado para a necessidade de ações urgentes e eficazes que contribuam para consolidar a segurança no campo.” Há muito tempo, as lideranças se tornaram vítimas da violência no campo; muitas são verdadeiros ícones da luta pela conquista da terra e dos direitos sociais no campo; outras são pessoas desconhecidas, mas não menos importantes, que se comprometeram com o mesmo ideal e, dessa maneira, fizeram de sua vida uma bandeira em defesa da justiça e dos direitos socioambientais.

Na verdade, os problemas no campo revelam grandes conflitos de interesse que sempre dizem respeito à posse e ao cultivo da terra. O fator econômico está na gênese da maioria dos conflitos de terra. O assassinato de lideranças do campo, via de regra, está relacionado com o latifúndio e, consequentemente, com atividades do agronegócio e agropecuária. Com efeito, onde a posse da terra está assegurada e onde se desenvolve a agricultura familiar, em minifúndios e em terras com extensões compatíveis com a produção de alimentos e criação de rebanhos, não acontecem assassinatos com a etiologia identificada, nos casos recentes. Essa situação vem de longe, não obstante a sua constatação e seu ônus social, por parte dos poderes públicos e da sociedade. Decididamente, os governantes não assumem a causa do campo que passa, necessariamente, pela Reforma Agrária, muito embora esteja na pauta de candidatos e de governantes, desde os tempos dos governos militares aos dos governos petistas.
A sociedade está diante da falta de políticas públicas pertinentes para o campo. Esse quadro não pode se prolongar sem definições, sob pena de muitos tombarem, enquanto buscam o direito da posse, do uso produtivo da terra e enquanto defendem as florestas da derrubada e do uso predatório, que estão em curso, como demonstram as estatísticas nacionais e internacionais.

Por: Dom Genival Saraiva


Fonte: CNBB

LITURGIA DIÁRIA - A CURA DOS POSSUÍDOS.

Primeira Leitura: Gênesis 21, 5.8-20
 
XIII SEMANA COMUM
(verde - ofício do dia)

Leitura do livro do Gênesis - Naqueles dias, 5Abraão tinha cem anos, quando nasceu o seu filho Isaac. 8O menino cresceu e foi desmamado. No dia em que foi desmamado, Abraão fez uma grande festa. 9Sara viu que o filho nascido a Abraão de Agar, a egípcia, escarnecia de seu filho Isaac, 10e disse a Abraão: "Expulsa esta escrava com o seu filho, porque o filho desta escrava não será herdeiro com meu filho Isaac." 11Isso desagradou muitíssimo a Abraão, por causa de seu filho Ismael. 12Mas Deus disse-lhe: "Não te preocupes com o menino e com a tua escrava. Faze tudo o que Sara te pedir, pois é de Isaac que nascerá a posteridade que terá o teu nome. 13Mas do filho da escrava também farei um grande povo, por ser de tua raça." 14No dia seguinte, pela manhã, Abraão tomou pão e um odre de água, e deu-os a Agar, colocando-os às suas costas, e despediu-a com seu filho. Ela partiu, errando pelo deserto de Bersabéia. 15Acabada a água do odre, deixou o menino sob um arbusto, 16e foi assentar-se em frente, à distância de um tiro de flecha, "porque, dizia ela, não quero ver morrer o menino". Ela assentou-se, pois, em frente e pôs-se a chorar. 17Deus ouviu a voz do menino, e o anjo de Deus chamou Agar, do céu, dizendo-lhe: "Que tens, Agar? Nada temas, porque Deus ouviu a voz do menino do lugar onde está. 18Levanta-te, toma o menino e tem-no pela mão, porque farei dele uma grande nação." 19Deus abriu-lhe os olhos, e ela viu um poço, onde foi encher o odre, e deu de beber ao menino. 20Deus esteve com este menino. Ele cresceu, habitou no deserto e tornou-se um hábil flecheiro. - Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial(33)
REFRÃO: Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido.
1. Vede, este miserável clamou e o Senhor o ouviu, de todas as angústias o livrou. O anjo do Senhor acampa em redor dos que o temem, e os salva. - R.
2. Reverenciai o Senhor, vós, seus fiéis, porque nada falta àqueles que o temem. Os poderosos empobrecem e passam fome, mas aos que buscam o Senhor nada lhes falta. - R.
3. Vinde, meus filhos, ouvi-me: eu vos ensinarei o temor do Senhor. Qual é o homem que ama a vida, e deseja longos dias para gozar de felicidade? - R.
Evangelho: Mateus 8, 28-34

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, 28No outro lado do lago, na terra dos gadarenos, dois possessos de demônios saíram de um cemitério e vieram-lhe ao encontro. Eram tão furiosos que pessoa alguma ousava passar por ali. 29Eis que se puseram a gritar: Que tens a ver conosco, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo? 30Havia, não longe dali, uma grande manada de porcos que pastava. 31Os demônios imploraram a Jesus: Se nos expulsas, envia-nos para aquela manada de porcos. 32Ide, disse-lhes. Eles saíram e entraram nos porcos. Nesse instante toda a manada se precipitou pelo declive escarpado para o lago, e morreu nas águas. 33Os guardas fugiram e foram contar na cidade o que se tinha passado e o sucedido com os endemoninhados. 34Então a população saiu ao encontro de Jesus. Quando o viu, suplicou-lhe que deixasse aquela região. - Palavra da salvação.
catolicanet.com

Homilia - Pe Bantu
Na época de Jesus, muitas enfermidades internas eram interpretadas como possessões demoníacas. Por isso, para eles, o sinal mais evidente da chegada do Reino era a vitória sobre essas forças do mal que provocava muito sofrimento. Esses demônios faziam o homem escravo e viver fora da realidade, como morar em cemitério, ser agressivo, quebrar grilhões e ferindo-se.
No Evangelho de Marcos, anterior ao de Mateus, esta narrativa está mais desenvolvida. Aí, o núcleo é o homem que foi libertado do demônio e passou a anunciar os feitos de Jesus. O demônio é associado à Legião, divisão militar romana. Mateus o omite. E nada diz sobre os dois homens que foram libertados. As multidões que acorrem da cidade vêm para ver Jesus e não os homens libertados, como em Marcos. O interesse de Mateus é a manifestação de poder de Jesus, de maneira a fortalecer a confissão de fé messiânica, da tradição do judaísmo. Jesus é verdadeiramente o Filho de Deus (os próprios demônios o confessam) que vem com poder para derrotar os demônios. Pois ele sabe tudo sobre a origem, o poder e a ação de Jesus. Sabe e conhece os relatos das curas que Cristo realizava, por isso O pergunta: Filho de Deus, o que o senhor quer de nós? O senhor veio aqui para nos castigar antes do tempo? Se o senhor vai nos expulsar, nos mande entrar naqueles porcos!
Em duas palavras: Pois vão!, Jesus responde e suas palavras produzem efeito. O homem fica curado. Jesus ao curá-lo devolve o direito de convívio com a comunidade, realizando assim a chegada do Reino também para quem não acreditava. Assim, se entende que a salvação não é somente para um povo ou uma religião, é para todos. Quanto aos prejuízos causados pela morte dos porcos devido à expulsão dos demônios, quero crer que foi por misericórdia para com os donos desses animais, que Jesus permitira lhes sobreviesse o prejuízo. É que eles se achavam absorvidos em coisas terrestres, e não se importavam com os grandes interesses da vida espiritual. Cristo desejava quebrar o encanto da indiferença egoísta, a fim de Lhe poderem aceitar a graça que redime e salva proporcionando-lhes a vida eterna. E a atitude dos moradores ao expulsarem Jesus da sua região, foi uma recusa total da salvação trazida por Jesus. Oxalá, reconhecendo o poder de Jesus, o projeto de vida eterna em nossas vidas pela Força e o Poder do Filho de Deus gritemos como aqueles endemoniados e peçamos a Deus a graça de acolhermos o projeto de Jesus que é o projeto de vida eterna.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

LITURGIA DIÁRIA - TU VENS E SEGUE-ME.

Primeira Leitura: Gênesis 18, 16-33
 XIII SEMANA COMUM
(verde - ofício do dia)

Leitura do livro do Gênesis - 16Os homens levantaram-se e partiram na direção de Sodoma, e Abraão os ia acompanhando. 17O Senhor disse então: "Acaso poderei ocultar a Abraão o que vou fazer? 18Pois que Abraão deve tornar-se uma nação grande e poderosa, e todos os povos da terra serão benditos nele. 19Eu o escolhi para que ele ordene aos seus filhos e à sua casa depois dele, que guardem os caminhos do Senhor, praticando a justiça e a retidão, para que o Senhor cumpra em seu favor as promessas que lhe fez." 20O Senhor ajuntou: "É imenso o clamor que se eleva de Sodoma e Gomorra, e o seu pecado é muito grande. 21Eu vou descer para ver se as suas obras correspondem realmente ao clamor que chega até mim; se assim não for, eu o saberei." 22Os homens partiram, pois, na direção de Sodoma, enquanto Abraão ficou em presença do Senhor. 23Abraão aproximou-se e disse: "Fareis o justo perecer com o ímpio? 24Talvez haja cinquenta justos na cidade: fá-los-eis perecer? Não perdoaríeis antes a cidade, em atenção aos cinquenta justos que nela se poderiam encontrar? 25Não, vós não poderíeis agir assim, matando o justo com o ímpio, e tratando o justo como ímpio! Longe de vós tal pensamento! Não exerceria o juiz de toda a terra a justiça?" 26O Senhor disse: "Se eu encontrar em Sodoma cinquenta justos, perdoarei a toda a cidade em atenção a eles." 27Abraão continuou: "Não leveis a mal, se ainda ouso falar ao meu Senhor, embora seja eu pó e cinza. 28Se porventura faltarem cinco aos cinquenta justos, fareis perecer toda a cidade por causa desses cincos?" "Não a destruirei, respondeu o Senhor, se nela eu encontrar quarenta e cinco justos." 29Abraão insistiu ainda e disse: "Talvez só haja aí quarenta." "Não destruirei a cidade por causa desses quarenta." 30Abraão disse de novo: "Rogo-vos, Senhor, que não vos irriteis se eu insisto ainda! Talvez só se encontrem trinta!" "Se eu encontrar trinta, disse o Senhor, não o farei." 31Abraão continuou: "Desculpai, se ouso ainda falar ao Senhor: pode ser que só se encontre vinte." "Em atenção aos vinte, não a destruirei." 32Abraão replicou: "Que o Senhor não se irrite se falo ainda uma última vez! Que será, se lá forem achados dez?" E Deus respondeu: "Não a destruirei por causa desses dez." 33E o Senhor retirou-se, depois de ter falado com Abraão, e este voltou para sua casa. - Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial(102)
 REFRÃO: O Senhor é indulgente, é favorável.
1. Salmo de Davi. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que existe em mim bendiga o seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e jamais te esqueças de todos os seus benefícios. - R.
2. É ele que perdoa as tuas faltas, e sara as tuas enfermidades. É ele que salva tua vida da morte, e te coroa de bondade e de misericórdia. - R.
3. O Senhor é bom e misericordioso, lento para a cólera e cheio de clemência. Ele não está sempre a repreender, nem eterno é o seu ressentimento. - R.
4. Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos castiga em proporção de nossas faltas, porque tanto os céus distam da terra quanto sua misericórdia é grande para os que o temem; - R.
Evangelho: Mateus 8, 18-22

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - 18Certo dia, vendo-se no meio de grande multidão, ordenou Jesus que o levassem para a outra margem do lago. 19Nisto aproximou-se dele um escriba e lhe disse: Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores. 20Respondeu Jesus: As raposas têm suas tocas e as aves do céu, seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça. 21Outra vez um dos seus discípulos lhe disse: Senhor, deixa-me ir primeiro enterrar meu pai. 22Jesus, porém, lhe respondeu: Segue-me e deixa que os mortos enterrem seus mortos. - Palavra da salvação.
Homilia - Pe Bantu

Estamos diante de dois fatos importantíssimos como Cristãos chamados a seguir as pegadas do Mestre: tu vens e segue-me. A opção de seguir Jesus não é minha iniciativa pessoal. É ele que me chama e me consagra para a missão. Depois que ele me chamou eu sabendo as exigências da missão responder sim incondicionalmente. Ora vejamos o que se segue.
Primeiro um escriba que se aproxima, afirmando sua determinação de seguimento incondicional de Jesus: Mestre estou pronto a seguir o senhor para qualquer lugar aonde o senhor for. A resposta de Jesus é uma advertência para uma tomada de posição consciente quanto à opção pelo seu seguimento. Apela pelo abandono total de si mesmo e renúncia aos bens materiais: as raposas têm as suas covas, e os pássaros, os seus ninhos. Mas o Filho do Homem não tem onde descansar.
Quem realmente quer seguir Jesus deve abandonar e renunciar tudo e confiando-se somente nas mãos providentes de Deus. Jesus a firmar o Filho do Homem, Jesus, que não tem onde repousar a cabeça. Quer-nos ensinar e levar a aderir ao abandono total nas mãos do Pai.
O segundo, é o caso de um dos discípulos que quer ganhar tempo e pede que Jesus permita enterrar o pai: Senhor deixe-me primeiro ir enterrar meu pai. Pai aqui, não se aplica no sentido biológico. Mas na permanência das tradições Judaicas dos seus antepassados, presos à Lei, que ao em vez de salvar e libertar o homem mata e escraviza. Para nós é estar preso as nossas idéias egoísticas, no orgulho, na vaidade, na preguiça, no individualismo, na nossa tibieza, em fim nas inúmeras desculpas que nós damos no nosso dia-a-dia para não nos consagrarmos ao ministério do Senhor como discípulos e missionários d’Ele.
Do mesmo modo que Jesus insistiu com aquele jovem assim insiste comigo e contigo e diz: deixe que os mortos sepultem os seus mortos e tu vens e segue-me. O chamado de Jesus não está no futuro. Mas sim no presente. O tempo é hoje e a hora é agora! Deixe que os espiritualmente mortos cuidem dos seus próprios mortos.
Há pessoas que vivem esperando as coisas se ajeitaram para depois servirem a Deus. Eu e tu meu irmão minha irmã não temos nem o poder, nem o dever tão pouco o direito de dizer não. Portanto, levanta-te e segue Jesus. Ele é o teu Deus e o teu Senhor.
Pare dar desculpas furadas. Quero que saibas que quando obedecemos a um chamado de Deus, Ele é poderoso para suprir nossas necessidades e nos orientar em toda espécie de dificuldades relacionadas ao Seu chamado para nossas vidas.
Rompa, pois com todas as barreiras que vedam os seus olhos para não enxergar o projeto de Deus sobre ti. Entenda que o seguir Jesus significa uma ruptura pura e simples com as antigas tradições mortas que não favorecem a vida e aderir ao amor vivificante do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

domingo, 26 de junho de 2011

LITURGIA DOMINICAL - SEGUIR JESUS.


Nas leituras deste 13º domingo do tempo comum, cruzam-se vários temas. No geral, os três textos que nos são propostos apresentam uma reflexão sobre alguns aspectos do discipulado. Fundamentalmente, diz-se quem é o discípulo (é todo aquele que, pelo batismo, se identifica com Jesus, faz de Jesus a sua referência e O segue) e define-se a missão do discípulo (tornar presente na história e no tempo o projeto de salvação que Deus tem para os homens).
O Evangelho é uma catequese sobre o discipulado, com vários passos. Num primeiro passo, define o caminho do discípulo: o discípulo tem de ser capaz de fazer de Jesus a sua opção fundamental e seguir o seu mestre no caminho do amor e da entrega da vida. Num segundo passo, sugere que toda a comunidade é chamada a dar testemunho da Boa Nova de Jesus. No terceiro passo, promete uma recompensa àqueles que acolherem, com generosidade e amor, os missionários do "Reino".
Na primeira leitura mostra-se como todos podem colaborar na realização do projeto salvador de Deus. De uma forma directa (Eliseu) ou de uma forma indireta (a mulher sunamita), todos têm um papel a desempenhar para que Deus se torne presente no mundo e interpele os homens.
A segunda leitura recorda que o cristão é alguém que, pelo batismo, se identificou com Jesus. A partir daí, o cristão deve seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida e renunciar definitivamente ao pecado.
1ª leitura – 2Re 4,8-11.14-16ª - AMBIENTE
Após a morte de Salomão (932 a.C.), o Povo de Deus dividiu-se em dois reinos: Israel, a norte, e Judá, a sul. Os dois reinos viveram, a partir daqui, histórias separadas e, quase sempre, antagônicas.
O nosso texto situa-nos no reino de Israel, em meados do séc. IX a.C., durante o reinado de Jorão (853-842 a.C.). As relações econômicas, políticas e culturais que Israel insiste em estabelecer com outros países da zona tornam-no vulnerável às influências religiosas estrangeiras e favorecem a entrada no país de cultos diversos. É, portanto, uma época de sincretismo e de confusão religiosa.
Eliseu é um profeta, discípulo de Elias (cf. 1Re 19,16b.19-21) que, continuando a obra do mestre, luta contra o sincretismo religioso e procura trazer de novo os israelitas aos caminhos da fidelidade à aliança. Faz parte, segundo parece, de uma comunidade de "filhos de profetas" (cf. 2Re 2,3; 4,1), isto é, de seguidores incondicionais de Jahwéh, que vivem na absoluta fidelidade aos mandamentos de Deus e não se deixam contaminar pelos valores religiosos estrangeiros. Estes "filhos de profetas" vivem pobremente (cf. 2Re 4,1-7) e são regularmente consultados pelo Povo, que neles busca apoio face aos abusos dos poderosos.
Eliseu é chamado, com muita frequência (29 vezes), o "homem de Deus". O título designa um homem que é intérprete da Palavra de Jahwéh junto dos outros homens; mas a Palavra que o "homem de Deus" transmite é, sobretudo, uma Palavra poderosa, que opera maravilhas e que tem a capacidade de transformar a realidade. Os "milagres" atribuídos a Eliseu (o grande "milagreiro" do Antigo Testamento") são a expressão viva da força de Deus, que através do profeta intervém na história e salva os pobres.
Este episódio situa-nos em Sunam, uma pequena cidade situada no sul da Galileia, não longe de Meggido, à entrada da planície de Yezre'el, em casa de uma mulher rica e sem filhos. A história da sunamita tem duas partes distintas: a descrição da hospitalidade que a mulher oferece ao profeta e que é recompensada por este com o anúncio do nascimento de um filho (cf. 2Re 4,8-17) e a repentina doença e morte desse filho, que exigirá uma nova intervenção do profeta no sentido de devolver a vida ao menino (cf. 2Re 8,18-37). A nossa leitura apresenta-nos apenas a primeira parte.
MENSAGEM
O episódio que a leitura nos relata descreve, portanto, a generosa hospitalidade que Eliseu encontra em casa desta mulher sunamita. A mulher não se limita a oferecer a Eliseu uma refeição, sempre que este passava por Sunam, nas suas idas e vindas ao monte Carmelo; mas manda construir, expressamente para o profeta, um quarto no terraço da sua casa e mobila-o adequadamente.
O gesto da mulher não é apenas o levar até às últimas consequências o sagrado "sacramento da hospitalidade", tão importante para os povos do Crescente Fértil… Mas é ainda mais: é o reconhecimento de que Eliseu é um "homem de Deus", através de quem Deus age no mundo. Ajudando Eliseu, a mulher mostra a sua adesão a Jahwéh e manifesta a sua disponibilidade para colaborar com Deus no projeto de salvação que Deus tem para o mundo e para os homens.
Em resposta à generosidade da mulher, Eliseu anuncia-lhe o nascimento de um filho. A promessa tem um valor especial, dada a quase impossibilidade de ter filhos que pesa sobre o casal, devido à avançada idade do marido.
A história procura ensinar que colaborar com Deus na realização do plano de salvação/libertação que ele tem para os homens é uma fonte de vida e de bênção. Deus não deixa de recompensar todos aqueles que com ele colaboram.
ATUALIZAÇÃO
• Antes de mais, o texto sugere que o projeto de salvação que Deus tem para os homens e para o mundo envolve toda a gente e é uma responsabilidade que a todos compromete. Uns são chamados a estar mais na "linha da frente" e a desenvolver uma ação mais exclusiva e mais exposta; outros são chamados a desenvolver uma ação menos exclusiva e mais discreta, mas nem por isso menos importante. Mas uns e outros têm de sentir a responsabilidade de colaborar com Deus. Estou consciente disso? Empenho-me verdadeiramente em descobrir o papel que Deus me confia no seu projeto e em cumpri-lo com generosidade?
• Numa altura em que a Europa se tornou uma espécie de condomínio fechado, do qual é excluída essa imensa multidão de pobres sem futuro e sem esperança, que mendigam a possibilidade de construir um futuro sem miséria, este episódio convida-nos a refletir sobre o sentido da hospitalidade e do acolhimento. É evidente para todos que não temos os recursos suficientes para acolher, de forma indiscriminada, todos aqueles que batem à nossa porta; mas a política que o nosso mundo segue em relação aos imigrantes não esconderá também uma boa dose de egoísmo e de falta de vontade de partilhar? Como nos situamos face a isto?
• A nossa leitura deixa também claro que o dar não nos despoja, nem nos faz perder seja o que for. O dar é sempre uma fonte de vida e de bênção. A dádiva não deve, no entanto, ser interesseira, mas desinteressada e gratuita.
• Há pessoas que são chamadas por Deus a deixar a terra, a família, os pontos de referência culturais e sociais, a fim de dedicar a sua vida ao anúncio da Palavra. Não são super-homens ou super-mulheres, mas são homens e mulheres como quaisquer outros, com as mesmas necessidades de afeto, de apoio, de solidariedade, de compreensão. É nossa responsabilidade ajudá-los, não apenas com meios materiais, mas também com compreensão, com solidariedade, com amor.
2ª leitura – Rm. 6,3-4. 8-11 - AMBIENTE
Continuamos a explorar essa carta aos romanos, na qual Paulo propõe a todos os crentes – judeus e não judeus – o essencial da mensagem cristã… Fundamentalmente, Paulo está interessado em sugerir aos crentes (divididos pela discussão acerca do caminho mais correto para "conquistar" a salvação) que a salvação é sempre um dom de Deus e não uma conquista do homem. Apesar do pecado dos homens (cf. Rm. 1,18-3,20), Deus a todos justifica e salva de forma gratuita e incondicional (cf. Rm. 3,1-5,11). Essa salvação é oferecida aos homens através de Jesus Cristo.
O texto que nos é proposto faz parte desse bloco em que Paulo descreve como é que a vida de Deus se comunica aos homens através de Jesus Cristo (cf. Rm. 5,12-8,39). De acordo com a perspectiva de Paulo, Cristo – ao contrário de Adão, o homem do orgulho e da auto-suficiência – escolheu viver na obediência a Deus e aos seus planos; e foi a obediência de Cristo – isto é, o seu cumprimento incondicional da vontade do Pai – que fez chegar a todos os homens a graça da salvação (cf. Rm. 5,12-20).
Isso significará, então, que pecar ou não pecar é indiferente, pois a obediência de Cristo a todos salva, de forma incondicional? O cristão pode pecar tranquilamente (cf. Rm. 6,1-2), porque a graça da salvação oferecida por Cristo irá sempre derramar-se sobre o pecador?
MENSAGEM
Ao ser batizado (isto é, ao aderir a Cristo e ao aceitar a oferta de salvação que Cristo faz), o cristão renuncia ao egoísmo e ao pecado, a fim de viver numa dinâmica de vida nova. O pecado passa a ser algo absolutamente incoerente e absurdo pois, pelo batismo, o cristão enxertou-se em Cristo, isto é, passou a receber de Cristo a vida que o anima e alimenta.
Como é que foi a vida que Cristo viveu? A vida de Cristo foi marcada pelo egoísmo, pelo orgulho, pela auto-suficiência? Não. A vida de Cristo foi vivida no amor, na partilha, no dom total de si a Deus e aos homens. Cristo "matou" o pecado, ao viver uma vida segundo Deus. A cruz, sobretudo como expressão última de uma vida totalmente liberta do egoísmo e feita dom radical, é o "golpe final" no pecado (que é egoísmo, que é auto-suficiência, que é fechamento em si próprio). A ressurreição mostra essa vida nova que brota de um "não" decidido ao egoísmo e ao pecado.
Ora os cristãos, pelo batismo, são "enxertados" em Cristo. Quer dizer: entram a fazer parte do Corpo de Cristo e passam a receber de Cristo a vida que os alimenta. Se neles circula a mesma vida de Cristo, o pecado já não tem aí lugar: só tem aí lugar essa vida de dom, de amor, de entrega, de serviço que conduz à ressurreição, à vida definitiva. Ser batizado é "sepultar o pecado" e ressuscitar para uma dinâmica de vida nova, de onde o pecado está – tem de estar – ausente.
ATUALIZAÇÃO
• Nesta leitura sugere-se, antes de mais, que o cristão é aquele que se identifica com Cristo. Enxertado em Cristo pelo batismo, o cristão faz de Cristo a sua referência e segue-O incondicionalmente, renunciando ao pecado e escolhendo o amor e o dom da vida. Ora, todos os discípulos estão conscientes que ser cristão passa por aqui; mas, dia a dia, são desafiados por outras referências, por outros valores, por outros modelos de vida… Qual é o modelo e a referência fundamental à volta da qual a minha vida se ordena e se constrói?
• Em termos concretos, o que é que implica a nossa adesão a Cristo? Paulo responde: significa morrer para o pecado e viver para Deus. O que é que significa "pecar"? Significa fechar-se no próprio egoísmo e recusar Deus e os outros. "Pecar" é recusar a comunhão com Deus e ignorar conscientemente as suas propostas; é recusar fazer da vida um dom, um serviço, uma partilha de amor com os irmãos… Os homens do nosso tempo acham que falar de "pecado" não faz sentido e que o discurso sobre o pecado é um discurso antiquado, repressivo, alienante. No entanto, o "pecado" existe: é o egoísmo que gera injustiça e exploração; é o orgulho que gera conflito e divisão; é a vingança que gera violência e morte. O que se pede ao discípulo de Jesus é que renuncie a esta realidade e oriente a sua vida de acordo com outros critérios – os critérios e os valores de Jesus.
Evangelho – Mt. 10,37-42 - AMBIENTE
O Evangelho deste domingo apresenta-nos a parte final de um discurso atribuído a Jesus e que teria sido pronunciado pouco antes do envio dos discípulos em missão (é chamado, por isso, o "discurso da missão"). Mais do que um discurso histórico, que Jesus pronunciou de uma única vez e num único lugar, é uma catequese que Mateus compôs a partir de diversos materiais (o autor combina aqui relatos de envio, "ditos" de Jesus acerca dos "doze" e várias outras "sentenças" que, originalmente, tinham um outro contexto).
Qual o objetivo de Mateus, ao compor este texto e ao pô-lo na boca de Jesus?
Estamos na década de 80. Mateus escreve para uma comunidade onde a tradição missionária estava bem enraizada (a comunidade cristã de Antioquia da Síria?). No entanto, as condições políticas do final do séc. I (reinado de Domiciano e hostilidade crescente do império em relação ao cristianismo) trazem a comunidade confusa e desorientada. Vale a pena "remar contra a maré"? Não é um risco imprudente continuar a anunciar Jesus? Vale a pena arriscar tudo por causa do Evangelho, quando as condições são tão desfavoráveis?
Mateus compõe então uma espécie de "manual do missionário cristão", destinado a revitalizar a opção missionária da sua comunidade. Nele sugere que a missão dos discípulos é anunciar Jesus e continuar a percorrer o caminho de Jesus – mesmo que esse caminho leve ao dom total da vida. Apresenta, nesse sentido, um conjunto de valores e atitudes que devem orientar a ação dos missionários cristãos.
MENSAGEM
O nosso texto pode dividir-se em duas partes. Na primeira parte (vs. 37-39), Mateus apresenta um conjunto de exigências radicais para quem quer seguir Jesus; na segunda parte (vs. 40-42), Mateus sugere que toda a comunidade deve anunciar Jesus e põe na boca de Jesus o anúncio de uma recompensa, destinada àqueles que acolherem os mensageiros do Evangelho.
O seguimento de Jesus não é um caminho fácil e consensual, ladeado por aplausos e encorajamentos. Mas é um caminho radical, que obriga, muitas vezes, a rupturas e a opções exigentes. Quando se trata de escolher entre Jesus e outros valores, qual deve ser a opção do cristão?
Mateus não admite "meias-tintas": a primeira lealdade deve ser sempre com Jesus. Se a alternativa for escolher entre Jesus e a própria família (v. 37), a escolha do discípulo deve recair sempre em Jesus (recorde-se que, então, a família era a estrutura social que dava sentido à vida dos indivíduos; a ruptura com a família era uma medida extrema, que supunha um desenraizamento social quase completo). O discípulo tem necessariamente que cortar relações com a própria família para seguir Jesus? Não. No entanto, não pode deixar que a família ou os afetos o impeçam de responder, com coerência e radicalidade, ao desafio do "Reino".
Se a alternativa for escolher entre Jesus e as próprias seguranças (v. 38), a escolha do discípulo deve ser tomar a cruz e seguir Jesus (o fazer da vida um dom total a Deus e aos homens, significa o rompimento com todos os esquemas que, na perspectiva dos homens, dão comodidade, bem estar, realização, felicidade, êxito).
De resto, escolher Jesus e segui-l'O até à cruz não é um caminho de fracasso e de morte, mas é um caminho de vida. Na verdade, quando o homem está muito preocupado em proteger os seus esquemas de seguranças humanas e se fecha no seu egoísmo e na sua auto-suficiência, acaba por perder a vida verdadeira; mas, quando o homem aceita viver na obediência aos projetos de Deus e fazer da sua vida um dom de amor aos irmãos, encontra a vida definitiva (v. 39).
Na segunda parte do nosso texto, Mateus refere-se à recompensa destinada àqueles que acolhem os mensageiros da Boa Nova de Jesus.
Mateus refere-se a quatro grupos de pessoas, que integram a comunidade cristã e que têm a responsabilidade do testemunho: os apóstolos (v. 40), os profetas (v. 41a), os justos (v. 41b) e os pequenos (v. 42). Todos eles têm por missão anunciar a Boa Nova de Jesus. Os apóstolos – os que acompanharam sempre Jesus – são as testemunhas primordiais de Jesus, pois diz-se deles que quem os recebe, recebe Jesus. Os profetas são aqueles pregadores itinerantes que, em nome de Deus, interpelam a comunidade e que a ajudam a ser coerente com os valores do Evangelho. Os justos são provavelmente os cristãos procedentes do judaísmo, que procuram viver, no seio da comunidade cristã, em coerência com a Lei de Moisés. Os pequenos são os discípulos que ainda não integram de forma plena a comunidade, pois estão em processo de amadurecimento da sua opção (podiam ser os catecúmenos que estão a descobrir a fé, à espera do compromisso pleno com Cristo e com a Boa Nova). De qualquer forma, todos estes grupos que formam a comunidade cristã, têm por missão anunciar o Evangelho de Jesus.
A questão é fundamentalmente esta: a tarefa de anunciar o Evangelho pertence a todos os membros da comunidade cristã; e esses "missionários" que testemunham a Boa Nova e que entregam a vida ao serviço do "Reino" devem ser acolhidos com entusiasmo, com generosidade e amor.
ATUALIZAÇÃO
• Jesus não é um demagogo que faz promessas fáceis e cuja preocupação é juntar adeptos ou atrair multidões a qualquer preço. Ele veio ao nosso encontro com uma proposta de salvação e de vida plena; no entanto, essa proposta implica uma adesão séria, exigente, radical, sem "paninhos quentes" ou "meias tintas". O caminho que Jesus propõe não é um caminho de "massas", mas um caminho de "discípulos": implica uma adesão incondicional ao "Reino", à sua dinâmica, à sua lógica; e isso não é para todos, mas apenas para os discípulos que fazem, séria e conscientemente, essa opção. Como é que eu me situo face a isto? O projeto de Jesus é, para mim, uma opção radical, que eu abracei com convicção, a tempo inteiro e a "fundo perdido", ou é um projeto em que eu "vou estando", sem grande esforço ou compromisso, por inércia, por comodismo, por tradição?
• Dentro do quadro de exigências que Jesus apresenta aos discípulos, sobressai a exigência de preferir Jesus à própria família. Isso não significa, evidentemente, que devamos rejeitar os laços que nos unem àqueles que amamos… No entanto, significa que os laços afetivos, por mais sagrados que sejam, não devem afastar-nos dos valores do "Reino"? As pessoas têm mais importância, para mim, do que o "Reino"? Já me aconteceu renunciar aos valores de Jesus por causa de alguém?
• Outra exigência que Jesus faz aos discípulos é a renúncia à própria vida e o tomar a cruz do amor, do serviço, do dom da vida. O que é mais importante para mim: os meus interesses, os meus valores egoístas, ou o serviço dos irmãos e o dom da vida?
• A forma exigente como Jesus põe a questão da adesão ao "Reino" e à sua dinâmica, faz-nos pensar na nossa pastoral – vocacionada para ser uma pastoral de "massas" – e na tentação que sentem os agentes da pastoral no sentido de facilitar as coisas, de não ser exigentes… Às vezes, interessa mais que as estatísticas da paróquia apresentem um grande número de batizados, de casamentos, de crismas, de comunhões, do que propor, com exigência, a radicalidade do Evangelho e dos valores de Jesus… O caminho cristão é um caminho de facilidade, onde cabe tudo, ou é um caminho verdadeiramente exigente, onde só cabem aqueles que aceitam a radicalidade de Jesus? A nossa pastoral deve facilitar tudo, ou ir pelo caminho da exigência?
• Às vezes, as pessoas procuram os ritos cristãos por tradição, por influências do meio social ou familiar, porque "a cerimônia religiosa fica bonita nas fotografias…". Sem recusarmos nada devemos, contudo, fazê-las perceber que a opção pelo batismo ou pelo casamento religioso é uma opção séria e exigente, que só faz sentido no quadro de um compromisso com o "Reino" e com a proposta de Jesus.
• Integrar a comunidade cristã é assumir o imperativo do testemunho. Sinto verdadeiramente que isso é algo que me diz respeito – seja qual for o lugar que eu ocupo na organização da comunidade?
• Como é que, na minha comunidade, são vistos aqueles que se dão, de forma mais plena e mais total, ao anúncio do Evangelho: são reconhecidos e apoiados, ou são injustamente criticados e vítimas de maledicência, de invejas e de ciúmes?


P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho