segunda-feira, 31 de outubro de 2011

QUADRO PANORÂMICO E ESTATÍSTICO DA IGREJA CATÓLICA NO MUNDO.


Como tradicionalmente, por ocasião do Dia Mundial das Missões, neste ano celebrado domingo, 23 de outubro, a Agência Fides apresenta algumas estatísticas para apresentar um quadro panorâmico da Igreja missionária no mundo.
As tabelas são extraídas do último “Anuário Estatístico da Igreja”, publicado (atualizado em 31 de dezembro de 2009) e se referem a membros da Igreja, suas estruturas pastorais, atividades no campo da saúde, assistencial e educativo. É também indicada a variação, aumento (+) ou redução (-) em relação ao ano precedente, segundo o confronto efetuado pela Agência Fides.
População mundial
Em 31 de dezembro de 2009, a população mundial era de 6.777.599.000 pessoas, com um aumento de 79.246.000 unidades em relação ao ano precedente. O aumento global se constata em todos continentes: África (+19.983.000); América (+8.744.000); Ásia (+47.702.000); Oceania (+967.000); Europa (+1.850.000).
Católicos
Na mesma data, o número de católicos era de 1.180.665.000, com um aumento total de 14.951.000 em relação ao ano passado. Este incremento interessa todos os continentes: África (+6.530.000); América (+5.863.000); Ásia (+1.814.000); Europa (+597.000); Oceania (+147.000). A porcentagem dos católicos aumentou globalmente de 0,02%, confirmando-se em 17,42%. No detalhe dos continentes, registraram-se aumentos na África (+0,3); América (+0,04) e Ásia (+ 0,01), enquanto diminuições se verificaram, como no ano passado, na Europa (- 0,02) e Oceania (- 0,3).
Habitantes e católicos por sacerdote
O número de habitantes por sacerdote aumentou também este ano de 139 unidades, alcançando 13.154 unidades. Dividindo por continentes: aumentos na América (+70), Europa (+ 42) e Oceania (+181), e diminuições na África (-313) e Ásia (-628). O número de católicos por sacerdote aumentou no total em 27 unidades, alcançando 2.876. Registram-se aumentos em todos os continentes, enquanto a única diminuição foi na Ásia: África (+25); América (+32); Ásia (-30); Europa (+16); Oceania (+25).
Circunscrições eclesiásticas e estações missionárias
As circunscrições eclesiásticas são 11 a mais em relação ao ano precedente, chegando a 2.956. novas circunscrições foram criadas na África (+3), América (+2) e Ásia (+6). As estações missionárias com sacerdote residente são no total 1.850 (185 a mais em relação ao ano precedente) e aumentaram na África (+280) e América (+94), com diminuições na Ásia (-69), Europa (-110) e Oceania (-10). As estações missionárias sem sacerdote residente se tornaram 5.459 unidades, somando no total 130.948, com aumentos na África (+2.143), América (+2.131), Ásia (+937) e Oceania (+278), enquanto se reduzem na Europa (-30).
Bispos
O número total de Bispos no mundo aumentou de 63 unidades, chegando a 5.065. No total, aumentam seja os Bispos diocesanos como os religiosos. Os Bispos diocesanos são 3.828 (42 a mais em relação ao ano precedente), enquanto os Bispos religiosos são 1.237 (21 a mais). O aumento de Bispos diocesanos interessa todos os continentes: África (+2), América (+19), Ásia (+1), Europa (+17), Oceania (+3). Quanto aos Bispos religiosos, a única redução se registra na Oceania (-1), enquanto África (+10), América (+4), Ásia (+5) e Europa (+3) registraram aumento.
Sacerdotes
O número total de sacerdotes no mundo aumentou em 1.427 em relação ao ano precedente, chegando a 410.593. A maior diminuição foi mais uma vez na Europa (-1.674), enquanto o número aumenta na África foi (+1.155), na América (+413), na Ásia (+1.519) e na Oceania (+14). Os sacerdotes diocesanos no mundo aumentaram globalmente em 1.535, chegando a um total de 275.542, tendo aumentado na África (+888), América (+946), Ásia (+780) e Oceania (+26) e diminuído na Europa (-1.105). Os sacerdotes religiosos diminuíram de 108 unidades, e são no total 135.051. O aumento é marcado, como já há alguns anos, pela África (+267) e Ásia (+739), enquanto reduções se verificaram na América (-533), Europa (-569) e Oceania (-12).
Diáconos permanentes
Os diáconos permanentes no mundo aumentaram em 952 unidades, totalizando 38.155. O aumento mais consistente se confirma mais uma vez na América (+552) e na Europa (+326), seguidas por Oceania (+57) e Ásia (+23). A única diminuição foi na África (-6). Os diáconos permanentes diocesanos no mundo são 37.592, com um aumento total de 1.053 unidade. Aumentam em todos os continentes com exceção da África (-2), e mais precisamente: América (+623), Ásia (+15), Europa (+359) e Oceania (+58). Os diáconos permanentes religiosos são 563, isto é, 101 a menos em relação ao ano precedente, com um único aumento na Ásia (+8) e reduções na África (-4), América (-71), Europa (-33), Oceania (-1).
Religiosos e religiosas
Os religiosos não sacerdotes são 412 a menos, e somam globalmente 54.229. Registram-se aumentos apenas na África (+294), mas se reduzem na América (-195), Ásia (-60), Europa (-445) e Oceania (-6). Confirma-se a redução global do número de religiosas (-9.697) que são no total 729.371, assim divididas: aumentam novamente este ano na África (+1.249) e na Ásia (+1.399), e diminuem na América (-4.681), Europa (-7.468) e Oceania (-196).
Institutos seculares
Os membros dos Institutos seculares masculinos totalizam 737, tendo-se reduzido de 6 unidades. Em nível continental, aumentam na África (+5) e América (+3), permanece invariável na Oceania e se reduzem na Ásia (-1) e Europa (-13). Os membros de Institutos seculares femininos se reduziram este ano de 386 unidades, , totalizando 26.260 membros. Aumentam na África (+37), Ásia (+180) e Oceania (+1), e se reduzem na América (-30) e na Europa (-574).
Missionário leigos e Catequistas
O número de Missionários leigos no mundo é 320.226, com um aumento global de 3.390: na África (+736), Ásia (+3.774) e Europa (+428). Diminuições foram registradas na América (-1.531) e Oceania (-17). Os catequistas no mundo são globalmente 68.515 a mais, chegando a 3.151.077. o número aumentou na África (+19.538), América (+36.319), Ásia (+13.365) e Oceania (+287). A única redução se registrou na Europa (-994),
Seminaristas maiores
O número de seminaristas maiores, diocesanos e religiosos aumentou de novo este ano: globalmente os candidatos ao sacerdócio são 954 a mais, totalizando o número de 117.978. Como nos anos passados, o aumentos se verificam na África (+565), Ásia (+781) e Oceania (+15), e as reduções, novamente este ano, se verificaram na América (-60) e na Europa (-347). Os seminaristas maiores diocesanos são 71.219 (+43 em relação ao ano precedente) e os religiosos 46.759 (+911). Os seminaristas diocesanos aumentaram na África (+425) e na Ásia (+121), e se reduziram na América (-353), Oceania (-14) e Europa (-136). Os seminaristas religiosos aumentam na África (+140), América (+293), Ásia (+660) e Oceania (+29) e se reduzem na Europa (-211).
Seminaristas menores
O número total de seminaristas menores, diocesanos e religiosos, aumentou de 1.631 unidades, chegando ao número de 103.991. Aumentaram na África (+1.765), Ásia (+211) e Oceania (+53) e se reduziram América (-337) e Europa (-61). Os seminaristas menores diocesanos são 79.142 (+1155) e os religiosos 24.849 (+476). Já os seminaristas menores diminuíram na América (-264), Ásia (-97) e Europa (-18), mas aumentaram na África (+1.483) e na Oceania (+51). Os seminaristas religiosos estão diminuindo na América (-73) e na Europa (-43), e aumentando na África (+282), Ásia (+308) e Oceania (+2).
Institutos de instrução e educação
No campo da instrução e da educação, a Igreja administra no mundo 68.119 escolas maternais, frequentadas por 6.522.320 alunos; 92.971 escolas primárias onde estudam 30.973.114 alunos; 42.495 escolas superiores médias com 17.114.737 alunos. Além disso, acompanha 2.288.258 jovens de escolas superiores e 3.275.440 estudantes universitários. Seja o número de Institutos como o de alunos, de todos os níveis, está em aumento em relação ao ano precedente.
Institutos de saúde, de beneficência e de assistência
Os institutos de beneficência e assistência administrados no mundo pela Igreja incluem: 5.558 hospitais, com maior presença na América (1.721) e África (1.290); 17.763 postos de saúde, a maioria na América (5.495), África (5.280) e Ásia (3.634); 561 leprosários, distribuídos principalmente na Ásia (288) e África (174); 16.073 casas para idosos, doentes crônicos e pessoas com deficiências, em maioria na Europa (8.238) e na América (4.144); 9.956 orfanatos, um terço dos quais na Ásia (3.406); 12.387 jardins de infância; 13.736 consultórios matrimoniais distribuídos em maioria na Europa (5.948) e América (4.696); 36.933 centros de educação ou reeducação social e 12.050 instituições de outros tipos, grande parte na América (4.484), Europa (3.939) e Ásia (1.857).
Circunscrições eclesiásticas dependentes da Congregação para a Evangelização dos Povos
Em 1o de outubro de 2011, as circunscrições eclesiásticas dependentes da Congregação para a Evangelização dos Povos (Cep) eram 1103 no total. A maior parte delas se encontra na África (499) e na Ásia (473), seguidas por América (85) e Oceania (46).

O SILÊNCIO DE DEUS.



Na agitação e na correria do mundo em que vivemos não é fácil parar, no sentido de nos voltarmos para Deus e encontrar um tempo reservado à oração. Mas é claro que Deus, na sua misteriosa e providente graça, que nos deu os céus, significando a transcendência, está sempre pronto a nos dizer que algo pode ser feito, indo ou voltando do trabalho; ou mesmo nos espaços entre uma atividade e outra.
Encontramos nos Salmos um instrumento precioso neste contexto de oração, de silêncio, como disse tão bem Dom Aloísio Lorscheider: “Para aprofundar e anunciar os mistérios da nossa fé é necessário entrar no silêncio de Deus”, num grande desejo do nosso retorno para Deus. “Como a corça que suspira pelas águas da torrente, assim, minha alma suspira por vós, Senhor. Minha alma tem sede do Deus vivo” (Sl 41, 2s).

Oração é uma relação estreita entre o homem e Deus, por Cristo Nosso Senhor. É uma atividade espiritual de confiança ilimitada, de entrega espontânea e ininterrupta, refugiando-se em Deus. Deus que é Pai sabe do que mais precisamos. E os Salmos marcaram a história do povo de Deus, como uma oração predileta, ficando para nós cristãos a grande herança, a nos desafiar, numa profunda e íntima experiência com Deus. Através dos Salmos aprendemos a louvar e agradecer, a pedir e suplicar, e ainda, na pedagogia de Deus, a nos colocar diante da
beleza de sua sabedoria: “Vós me ensinais vosso caminho para a vida; junto de vós felicidade sem limites” (Sl 15, 11).

Daí nossa inteira e inabalável confiança, insistente, numa sinceridade e absoluta atitude de persistência. “Aquele que me ama será amado por meu Pai; nós viremos a ele e faremos nele nossa morada” (Jo 14, 23). Temos a certeza de que a lei que Jesus nos oferece é a lei do amor, que deve ser difundida, hoje, por nós que procuramos segui-lo. Para realizarmos o projeto do Pai, necessitamos de uma mística, na afirmação de Dom Helder Câmara: "Faze com alma o que na vida te for dado fazer, mas não te esqueças nunca de te integrares nos grandes planos de Deus”.
Agora é evidente que não podemos pensar em construir a nossa civilização sem Deus, como nos assegura o Salmo 127, 1s: “Se Deus não constrói a casa, em vão trabalham os seus construtores; se Deus não cuida da cidade, em vão vigiam as sentinelas”. Temos também a história da Torre de Babel para deixar bem claro a pretensão dos homens daquele tempo, que queriam construir uma cidade e uma torre cujo ápice penetrasse nos céus. Os homens queriam mostrar que eles eram capazes de conseguir tudo sem Deus. Queriam mostrar que eles eram poderosos. O que aconteceu? Não deu em nada (Cf. Gn 11, 1-9).

Encerro minha reflexão nas palavras de Dom Helder, sempre atuais e válidas para a humanidade, ávida de oração e de amor, que só Deus pode oferecer na renúncia de si mesmo e na aceitação da cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo”.
Fonte: Pe. Geovane
Local:Santo Afonso

LITURGIA DIÁRIA - CONVIDE OS POBRES.


Primeira Leitura: Romanos 11, 29-36

XXXI SEMANA COMUM
(verde - ofício do dia)
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos - Irmãos, 29Pois os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis. 30Assim como vós antes fostes desobedientes a Deus, e agora obtivestes misericórdia com a desobediência deles, 31assim eles são incrédulos agora, em conseqüência da misericórdia feita a vós, para que eles também mais tarde alcancem, por sua vez, a misericórdia. 32Deus encerrou a todos esses homens na desobediência para usar com todos de misericórdia. 33Ó abismo de riqueza, de sabedoria e de ciência em Deus! Quão impenetráveis são os seus juízos e inexploráveis os seus caminhos! 34Quem pode compreender o pensamento do Senhor? Quem jamais foi o seu conselheiro? 35Quem lhe deu primeiro, para que lhe seja retribuído? 36Dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele a glória por toda a eternidade! Amém. - Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial(68)
REFRÃO: Respondei - me, ó Senhor, pelo vosso imenso amor!
1. Eu, porém, miserável e sofredor, seja protegido, ó Deus, pelo vosso auxílio. Cantarei um cântico de louvor ao nome do Senhor, e o glorificarei com um hino de gratidão. - R.
2. Ó vós, humildes, olhai e alegrai-vos; vós que buscais a Deus, reanime-se o vosso coração, porque o Senhor ouve os necessitados, e seu povo cativo não despreza. - R.
3. Sim, Deus salvará Sião e reconstruirá as cidades de Judá; para aí hão de voltar e a possuirão. A linhagem de seus servos a receberá em herança, e os que amam o seu nome aí fixarão sua morada. - R.
Evangelho: Lucas 14, 12-14
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 12Dizia igualmente ao que o tinha convidado: Quando deres alguma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos. Porque, por sua vez, eles te convidarão e assim te retribuirão. 13Mas, quando deres uma ceia, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. 14Serás feliz porque eles não têm com que te retribuir, mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos. - Palavra da salvação.
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Homilia - Pe Bantu

Jesus olhar tanto para o dono da festa bem como para os convidados ficou desapontado; e, então levantando a cabeça dirige a palavra à seus Apóstolos: Quando você der um almoço ou um jantar, não convide os seus amigos, nem os seus irmãos, nem os seus parentes, nem os seus vizinhos ricos. Porque certamente eles também o convidarão e assim pagarão a gentileza que você fez.
A quero lembrar-te de que a oportunidade do Evangelho sobre o banquete dos pobres e aleijados permite abordar o tema da Igreja como assembléia universal e indiscriminada dos filhos de Deus.
O plano salvífico de Deus, manifestado em Jesus de Nazaré, apresenta-se definitivamente como a assembléia universal e indiscriminada dos filhos de Deus dispersos. Por isso, a Igreja, através de variadas modalidades associativas pelo amor, os ministérios e os sacramentos, sobretudo a celebração eucarística, se manifesta nas múltiplas assembléias locais. Abre-se ao projeto divino da acolhida de todos os homens, mediante a fé em Cristo. Prossegue e prolonga a obra da congregação universal dos filhos de Deus, privilegiando os pobres e marginalizados, na qualidade de primeiros convidados ao festim dos bens messiânicos, pois se os pobres têm vez, ninguém se sente excluído. Entretanto, a Igreja jamais será um fim em si mesmo, mas o meio pelo qual se processa a unificação dos homens entre si e com Deus em Cristo. Daí, o tema da congregação universal apontar para o banquete definitivo do Reino de Deus onde serão acolhidos na morada do Pai (Jo 14,2-3), a Jerusalém do Alto (Apc 21,10; Hb 12,22-23).
O amor preferencial pelos pobres, o espaço aberto aos marginalizados, a promoção dos necessitados será sempre sinal evidente do Reino de Deus que a Igreja anuncia, vive e constrói. O próprio Reino manifesta sua força e vitalidade, congregando os pobres na Igreja de Cristo para promovê-los a uma vida mais digna até a eternidade feliz.
Lucas apresenta o tema da humildade, a partir da parábola da escolha dos lugares, e o tema da importância dos pobres no Reino de Deus, a partir da parábola da escolha dos convidados (Lc 14,1.7-14).
Nos diálogos à mesa, os autores gregos geralmente apresentavam os comensais em torno do dono da casa, sublinhando a posição social dos presentes. Lucas também começa retratando um dos notáveis entre os fariseus para logo, desconcertantemente, introduzir um hidrópico na cena, necessitado de cura. Deste modo, dá a entender que a refeição messiânica não é reservada a elites, mas se abre a todos, notadamente os pobres e marginalizados.
Durante os diálogos à mesa, era costume que cada conviva pronunciasse um discurso para elogiar o tema a ser abordado e descrever-lhe as situações. No caso de Lucas, é Jesus quem inicia a conversação, referindo-se à possibilidade de curar o hidrópico no Sábado, enquanto os legistas e fariseus se calam e não conseguem replicá-lo. Jesus, no entanto, insiste no diálogo, escolhendo como tema a humildade e descrevendo suas manifestações. Tendo como pano de fundo a literatura sapiencial (Pr 25,6-7), elogia a humildade, a partir da parábola da escolha dos lugares em que o ocupante do último posto é convidado a se transferir para mais perto.
Quanto à parábola da escolha dos convidados, mais do que apontar para a humildade de quem convida os marginalizados, acentua, bem a gosto de Lucas, a importância dos pobres no Reino de Deus. Na realidade, há a questão básica que se impõe aos que crêem, sobre a acolhida devida aos carentes e necessitados, privilegiados de Jesus. Em tom sapiencial, que sobre exalta as conseqüências dos atos humanos, é melhor, para Jesus, convidar os pobres, pois, não tendo com que retribuir, a recompensa da gratuidade há de ser dada pelo próprio Deus na ressurreição dos justos. Do mesmo modo que é conveniente se colocar no último lugar pela vivência da humildade, também é mais dadivoso convidar os pobres e aleijados para o banquete do que os amigos, parentes e vizinhos ricos.
Consciente de que Jesus inaugura o banquete universal dos pobres (Is 55,1-5), Lucas insiste na gratuidade do gesto divino que acolhe a todos em seu Reino, chamado a atenção para a mesma atitude daqueles que convidam os que não podem retribuir. Entretanto, se considerarmos a interpretação eucarística proposta por vários comentadores, teremos a superação, nas assembléias dominicais, de manifestações de vaidade e ostentação das reuniões pagãs, através das regras da humildade ou das escolhas dos lugares e a exclusão de barreiras judaicas, impostas pela impureza legal aos marginalizados mediante as regras da gratuidade e da acolhida dos pobres. Quem são os que participam da tua festa? Com quem gastas o teu dinheiro? E como o gastas? Lembra-te do apelo do Mestre: Quando deres um banquete convide os cegos, os aleijados, os pobres e serás abençoado. Pois eles não poderão pagar o que tu fizeste, mas Deus te pagará no dia em que as pessoas que fazem o bem ressuscitarem.

sábado, 29 de outubro de 2011

FUI PRESBITERIANA POR 50 ANOS, HOJE SOU CATÓLICA!

Fonte: Família Missionária
Eu nasci, fui batizada e me criei no evangelho presbiteriano. Há oito anos estou morando no Belenzinho, ao lado da igreja católica São Carlos Borromeu que minha sogra freqüentava. Todos da família dela são católicos, inclusive meu marido.
Quando vim morar neste bairro, já de imediato me associei à oficina Santa Rita desta paróquia. Mesmo antes de me mudar para cá, quando eu morava em São Miguel, a convite da minha sogra eu já ajudava esta oficina com trabalhos que fazia da minha casa mesmo. Agora sou voluntária que trabalha dentro da oficina. Fui muito bem recebida pelas senhoras que lá freqüentam e o mais importante para mim foi que elas sabiam que eu era presbiteriana e me respeitaram como tal.
Nunca se comentava a respeito de denominação e eu me sentia muito bem. Os anos se passaram e já tenho nove anos de trabalhos realizados nesta oficina. Em uma das missas de Santa Rita de Cássia, me convidaram para participar. Foi até interessante, pois nunca havia participado de uma missa, apesar de trabalhar na oficina no fundo da paróquia. Neste dia, foi o Pe. José Florêncio quem celebrou a missa. Gostei muito. Apesar de não entender os ritos. Não estava acostumada. Mesmo assim me senti muito bem.
Havia na igreja um seminarista de nome Tertuliano. Ele ensinava música e, como eu gosto muito, entrei na aula. Foi ótimo! Tivemos um ano de aula, a maestrina que cantava e tocava no coral da igreja veio neste curso e nos convidou a participar do coral. Fiquei tão feliz e lá fui eu… Sendo ainda presbiteriana, cantei no coral sem ninguém me questionar ou olhar feio para mim.
Um dia, o telefone de casa tocou e a secretária da igreja me disse: ”Ednir, hoje à noite você vai estar em casa?” Eu disse: “Sim, por que”? Ela respondeu: “É que o Pe. José quer te visitar para te fazer um convite”. Eu disse: “Pode vir à vontade, estou aguardando“.
O padre José chegou muito amável como sempre. Conversamos um pouco ele disse que queria convidar meu marido e eu para participarmos do Encontro de Casais realizado pela Paróquia, chamado Ovisa (Orientação para vivencia sacramental).
Pensei, pensei… Porque no dia 20 de maio de 2006 seria o casamento de minha sobrinha. Mas, na mesma hora disse ao padre que aceitaria participar do Encontro. Nos dias 20 e 21 de maio de 2006, eu e meu esposo Roberto participamos do 109º Ovisa. Foi muito lindo. Desejo que todos os casais façam este encontro. Voltamos para casa e continuei a minha vida. Mas, me faltava alguma coisa. Eu não estava completa. Como agora eu cantava no coral da igreja, participava também das missas, foi ai que percebi o que me faltava: a eucaristia.
Fui conversar com o Pe. José e o Pe. Eduardo pedindo a eles que me orientassem. Eles me atenderam prontamente. Fiz o curso individualmente, a primeira Eucaristia e fui crismada. Não fui batizada, pois eu já tinha sido batizada na Presbiteriana e este batismo é válido na Igreja católica.
Minha família é presbiteriana, minha mãe não gostou de me ver voltar para o catolicismo. Quando eu ia a casa dela ela me chamava de “catoliquinha”, fazia assim distinção entre uma denominação e outra. Coisa que não encontrei na igreja católica. Mas como Deus tem sempre um propósito, fiquei firme na minha fé e fui adiante. Hoje sou muito bem respeitada na minha família professando o catolicismo.
Professei tão profundamente minha fé na Santíssima Trindade com tanto amor e dedicação, com muito esmero que hoje me sinto muito feliz por ser católica. Estou com 54 anos. Durante 50 anos fui presbiteriana.
Nestes anos entre o Ovisa e a minha conversão, encontrei muitas pessoas amigas e amigos na Paróquia que me ajudaram muito. Quando terminamos o Ovisa formamos um grupo de casais que se reúne periodicamente até hoje graças a Deus e está a todo vapor. Neste grupo os casais são muito bem estruturados. Espiritualmente pude aprender muitas coisas das escrituras sagradas no convívio com eles. Na parte social em que todos participam é muito, muito bom.
Encontrei-me com Deus e com pessoas de muito boa vontade para as obras do Senhor. Participo das atividades do grupo da oficina de costura, do coral da igreja e graças a Deus trabalho durante a semana com meu filho. Deus é tão maravilhoso que dá tempo para tudo.
Ednir

HUMILDADE E HOSPITALIDADE.


Primeira Leitura: Romanos 11, 1-2.11-12.25-29


XXX SEMANA COMUM
(verde - ofício do dia)


Leitura da carta de são Paulo aos Romanos - Irmãos, 1Pergunto, então: Acaso rejeitou Deus o seu povo? De maneira alguma. Pois eu mesmo sou israelita, descendente de Abraão, da tribo de Benjamim. 2Deus não repeliu o seu povo, que ele de antemão distinguiu! Desconheceis o que narra a Escritura, no episódio de Elias, quando este se queixava de Israel a Deus: 11Pergunto ainda: Tropeçaram acaso para cair? De modo algum. Mas sua queda, tornando a salvação acessível aos pagãos, incitou-os à emulação. 12Ora, se o seu pecado ocasionou a riqueza do mundo, e a sua decadência a riqueza dos pagãos, que não fará a sua conversão em massa?! 25Não quero, irmãos, que ignoreis este mistério, para que não vos gabeis de vossa sabedoria: esta cegueira de uma parte de Israel só durará até que haja entrado a totalidade dos pagãos. 26Então Israel em peso será salvo, como está escrito: Virá de Sião o libertador, apartará de Jacó a impiedade. 27E esta será a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados (Is 59,20s; 27,9). 28Se, quanto ao Evangelho, eles são inimigos de Deus, para proveito vosso, quanto à eleição eles são muito queridos por causa de seus pais. 29Pois os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis. - Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial(93)

 REFRÃO: O Senhor não rejeita o seu povo!
1. Feliz o homem a quem ensinais, Senhor, e instruís em vossa lei, para lhe dar a paz no dia do infortúnio, enquanto uma cova se abre para o ímpio, - R.

2. porque o Senhor não rejeitará o seu povo, e não há de abandonar a sua herança. Mas o julgamento com justiça se fará, e a seguirão os retos de coração. - R.

3. Se o Senhor não me socorresse, em breve a minha alma habitaria a região do silêncio. Quando penso: Vacilam-me os pés, sustenta-me, Senhor, a vossa graça. - R.


Evangelho: Lucas 14, 1.7-11

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 1Jesus entrou num sábado em casa de um fariseu notável, para uma refeição; eles o observavam. 7Observando também como os convivas escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes a seguinte parábola: 8Quando fores convidado às bodas, não te sentes no primeiro lugar, pois pode ser que seja convidada outra pessoa de mais consideração do que tu, 9e vindo o que te convidou, te diga: Cede o lugar a este. Terias então a confusão de dever ocupar o último lugar. 10Mas, quando fores convidado, vai tomar o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, passa mais para cima. Então serás honrado na presença de todos os convivas. 11Porque todo aquele que se exaltar será humilhado, e todo aquele que se humilhar será exaltado. - Palavra da salvação.
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Homilia  - Pe Bantu

Este Evangelho nos ajuda a corrigir um preconceito sumamente difundido. «Num sábado, Jesus entrou para comer na casa de um dos principais fariseus. Eles o observavam atentamente». Ao ler o Evangelho desde um certo ponto de vista, acabou-se fazendo dos fariseus o modelo de todos os vícios: hipocrisia, falsidade; os inimigos por antonomásia de Jesus. Com estes significados negativos, o termo «fariseu» passou a fazer parte do dicionário de nossa língua e de outras muitas.
Semelhante idéia dos fariseus não é correta. Entre eles havia certamente muitos elementos que respondiam a esta imagem e Cristo os enfrenta. Mas nem todos eram assim. Nicodemos, que vai ver Jesus de noite e que depois o defende ante o Sinédrio, era um fariseu (cf. João 3, 1; 7, 50ss). Também Saulo era fariseu antes da conversão, e era certamente uma pessoa sincera e
zelosa, ainda que não estivesse bem iluminado. Outro fariseu era Gamaliel, que defendeu os apóstolos ante o Sinédrio (cf. Atos 5, 34 e seguintes).
As relações de Jesus com os fariseus não foram só de conflito. Compartilhavam muitas vezes as mesmas convicções, como a fé na ressurreição dos mortos, no amor de Deus e no compromisso como primeiro e
mais importante mandamento da lei. Alguns, como neste caso, inclusive o convidam para uma refeição em sua casa. Hoje se considera que mais que os fariseus, quem queria a condenação de Jesus eram os saduceus, a quem pertencia a casta sacerdotal de Jerusalém.
Por todos estes motivos, seria sumamente desejável deixar de utilizar o termo «fariseu» em sentido depreciativo. Ajudaria ao diálogo com os judeus, que recordam com grande honra o papel desempenhado pela corrente dos fariseus em sua história, especialmente após a destruição de Jerusalém.
Durante a refeição, naquele sábado, Jesus ofereceu dois ensinamentos importantes: um dirigido aos «convidados» e outro para o «anfitrião». Ao dono da casa, Jesus disse (talvez diante dele ou só em presença de seus discípulos): «Quando deres um almoço ou um jantar, não convides seus amigos, nem seus irmãos, nem seus parentes, nem os vizinhos ricos...». É o que o próprio Jesus fez, quando convidou ao grande banquete do Reino os pobres, os alitos, os
humildes, os famintos, os perseguidos.
Mas nesta ocasião quero deter-me a meditar no que Jesus diz aos «convidados». «Se te convidam a um banquete de bodas, não te coloques no primeiro lugar...». Jesus não quer dar conselhos de boa educação. Nem sequer pretende alentar o sutil cálculo de quem se põe em uma fila, com a escondida esperança de que o dono lhe peça que se aproxime. A parábola nisso pode dar pé ao equívoco, se não se levar em consideração o banquete e o dono dos quais Jesus está falando. O banquete é o universal do Reino e o dono é Deus.
Na vida, quer dizer Jesus, escolhe o último lugar, procura contentar os demais mais que a ti mesmo; sê modesto na hora de avaliar seus méritos, deixa que sejam os demais quem os reconheçam e não tu («ninguém é bom juiz em causa própria»), e já desde esta vida Deus te exaltará. Ele te exaltará com sua graça, te fará subir na hierarquia de seus amigos e dos verdadeiros discípulos de seu Filho, que é o que realmente importa.
Ele te exaltará também na estima dos demais. É um fato surpreendente, mas verdadeiro. Não só Deus «se inclina ante o humilde e rejeita o soberbo» (cf. Salmo 107, 6); também o homem faz o mesmo, independentemente do fato de ser crente ou não. A modéstia, quando é sincera, não artificial, conquista, faz que a pessoa seja amada, que sua companhia seja desejada, que sua opinião seja desejada. A verdadeira glória foge de quem a persegue quem foge dela.
Vivemos em uma sociedade que tem suma necessidade de voltar a escutar esta mensagem evangélica sobre a humildade. Correr para ocupar os primeiros lugares, talvez pisoteando, sem escrúpulos, a cabeça dos demais, são características desprezadas por todos e, infelizmente, seguidas por todos. O Evangelho tem um impacto social, inclusive quando fala de humildade e hospitalidade.
Pai, faze-me humilde e discreto no trato humano. E que eu não aspire grandeza humana. Basta-me ser reconhecido e exaltado por ti.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

É BOM FAZER PROMESSAS?


Em síntese: O presente artigo analisa a prática das promessas feitas a Deus ou aos santos por pessoas desejosas de obter alguma graça. Tal prática tem fundamentado na própria Bíblia (cf. Gn 28,20-22; 1Sm 1,11). Todavia verifica-se que os autores bíblicos faziam advertências aos fiéis no sentido de não prometerem o que não pudessem cumprir (cf. Ecl 5,4). No Novo Testamento São Paulo quis submeter-se às obrigações do voto do nazireato (cf. At 18,18; 21,24). Estas ponderações mostram que a prática das promessas como tal não é má. É certo, porém, que as promessas não movem o Senhor Deus a nos dar o que Ele não quer dar, pois Deus já decretou desde toda a eternidade dar o que Ele nos dá no tempo, mas as promessas contribuem para afervorar o orante, excitando neste maior amor. Acontece, porém, que muitas vezes os cristãos não têm noção clara do porquê das promessas ou prometem práticas que eles não podem cumprir. Daí surgem duas obrigações para quem tem o encargo de orientar os irmãos: 1) mostre-lhes que as promessas nada têm de mágico ou de mecânico, nem se destinam a dobrar a vontade de Deus, como se o Senhor se pudesse deixar atrair por promessas, à semelhança de um homem; 2) procure incutir a noção de que o cristão é filho do Pai e, por isto, não precisa de prometer ao Pai; o amor filial com que o cristão reze a Deus, é mais eloqüente do que a linguagem das promessas, que podem ter um sabor “comercial” ou muito pouco filial.

Comentário: Entre os fiéis católicos não é raro fazerem-se promessas a Deus ou a algum santo,… promessas de algum ato heróico a ser cumprido caso a pessoa receba a graça que deseja. Em conseqüência, fala-se de “pagar promessas”. Não raro os fiéis que prometem, depois de atendidos, não têm condições físicas, psíquicas ou financeiras para pagar as suas promessas. Sentem-se então angustiados, pois receiam que algo de mau ou um castigo lhes sobrevenha da parte de Deus por não cumprirem as suas “obrigações”. O problema é tormentoso e merece ser analisado desde as suas raízes, ou seja, a partir do conceito mesmo de piedade que os fiéis cristãos devem alimentar. É o que vamos fazer nas páginas subseqüentes, examinando: 1) a fundamentação bíblica, 2) a justificativa teológica das promessas, 3) a casuística ocasionada, 4) uma conclusão final.

1. Fundamentação bíblica
O costume de fazer promessas ou, segundo linguagem mais bíblica, votos tem origem na piedade popular anterior a Cristo. É documentado pela própria Bíblia, que nos mostra como pessoas, em situações difíceis necessitando de um auxílio de Deus, prometeram fazer ou omitir algo, caso fossem ajudadas pelo Senhor. Foi, por exemplo, o que aconteceu com Jacó, que, ao fugir para a Mesopotâmia, exclamou: “Se Deus estiver comigo, se me proteger durante esta viagem, se me der pão para comer e roupa para vestir e se eu regressar em paz à casa de meu pai,… esta pedra… será para mim casa de Deus e pagarei o dízimo de tudo quanto me concederdes” (Gn 28, 20-22). Ana, estéril, mas futura mãe de Samuel, fez a seguinte promessa: “Senhor dos exércitos, se vos dignardes olhar para a aflição da vossa serva e… lhe derdes um filho varão, eu o consagrarei ao Senhor durante todos os dias de sua vida e a navalha não passará sobre a sua cabeça” (1Sm 1,11). Alguns salmos exprimem os votos ou as promessas dos orantes de Israel; assim os de número 65. 66. 116; Jn 2,3-9.
A própria Escritura, porém, dá a entender que, entre os membros do povo de Deus, houve abusos no tocante às promessas: algumas terão sido proferidas impensadamente: “É melhor não fazer promessas do que fazê-las e não as cumprir” (Ecl 5,4). Havia também quem quisesse cumprir as suas promessas oferecendo o que tinha de menos digno ou valioso em vez de levar ao Templo as suas melhores posses; é o que observa o Senhor por meio do profeta Malaquias: “Trazeis o animal roubado, o coxo ou o doente e o ofereceis em sacrifício. Posso eu recebê-lo de vossas mãos com agrado?… Maldito o embusteiro, que tem em seu rebanho um animal macho, mas consagra e sacrifica ao Senhor um animal defeituoso” (Ml 1, 13s). Com o tempo os mestres de Israel procuravam restringir a prática das promessas, pois podiam tornar-se um entrave para a verdadeira piedade. No Evangelho Jesus supõe que certos filhos se subtraiam ao dever de assistir aos pais, alegando que tinham consagrado a Deus todo o dinheiro disponível:
“Vós por que violais o mandamento de Deus por causa da vossa tradição? Com efeito, Deus disse: “Honra teu pai e tua mãe” e “Aquele que maldisser pai ou mãe, certamente deve morrer”. Vós, porém, dizeis: “Aquele que disser ao pai ou à mãe: Aquilo que de mim poderias receber, foi consagrado a Deus, esse não está obrigado a honrar pai ou mãe”. Assim invalidastes a Palavra de Deus por causa da vossa tradição” (Mt 15, 3-6).
Todavia não consta que o Senhor Jesus tenha condenado o costume de fazer promessas como tal; ao contrário, os escritos do Novo Testamento atestam a prática de S. Paulo, que terá sido a dos cristãos da Igreja nascente e posterior:
“Paulo embarcou para a Síria… Ele havia rapado a cabeça em Cencréia por causa de um voto que tinha feito” (At 18,18).
“Disseram os judeus a Paulo: “Temos aqui quatro homens que fizeram um voto… Purificar-te com eles, e encarrega-te das despesas para que possam mandar rapar a cabeça. Assim todos saberão que são falsas as notícias a teu respeito, e que te comportas como observante da Lei” (At 21, 23s).
Em síntese, a praxe das promessas não é má, pois a S. Escritura não a rejeita, mas, ao contrário, torna-se objeto de determinações legais, como se depreende dos textos abaixo:
Lv 7,16: “Se alguém oferecer uma vítima em cumprimento de um voto ou como oferta voluntária, deverá ser consumida no dia em que for oferecida, e o resto poderá ser comido no dia imediato”.
Nm 15,3: “Se oferecerdes ao Senhor alguma oferenda de combustão, holocausto ou sacrifício, em cumprimento de um voto especial ou como oferta espontânea…”.
Nm 30,4-6: “Se uma mulher fizer um voto ao Senhor ou se impuser uma obrigação na casa de seu pai, durante a sua juventude, os seus votos serão válidos, sejam eles quais forem. Se o pai tiver conhecimento do voto ou da obrigação que se impôs a si mesma será válida. Mas, se o pai os desaprovar, no dia em que deles tiver conhecimento, todos os seus votos… ficarão sem valor algum. O Senhor perdoar-lhe-á, porque seu pai se opôs”.
Dt 12,5s: “Só invocareis o Senhor vosso Deus no lugar que Ele escolher entre todas as vossas tribos para aí firmar o seu nome e a sua morada. Apresentareis ali os vossos holocaustos,… os vossos holocaustos,… os vossos votos…”
Verifica-se, porém, que a prática dos votos nem sempre é salutar, merecendo por isto advertências da parte dos autores sagrados.

2. Qual a justificativa das promessas?
É certo que as promessas não são feitas para atrair Deus como se atrairia um homem poderoso, capaz de ser aliciado por dádivas e “pagamentos”; Deus não muda de desígnio; desde toda a eternidade Ele já determinou irreversivelmente dar-nos o que Ele nos concede dia por dia. Todavia, ao determinar que nos daria as graças necessárias, Deus quis incluir no seu desígnio a colaboração do homem que se faz mediante a oração; com outras palavras: Deus quer dar…, e dará…, levando em conta as orações que Lhe fazemos. Sobre este fundo de cena as promessas têm valor não tanto para Deus quanto para nós, orantes; sim, as promessas nos excitam a maior fervor; são o testemunho e o estímulo da nossa devoção; supõe-se que quem promete e cumpre a sua promessa, exercita em seu coração o amor a Deus; ora isto é valioso. Por conseguinte, quem vive a instituição das promessas em tal perspectiva, pode estar fazendo algo de bom, pois concebe mais amor e fervor. Diz o Senhor no Evangelho, referindo-se à pecadora que lhe lavou os pés pecados lhe estão perdoados” (Lc 7,47). Paralelamente diríamos, pode estar-se abrindo mais plenamente à misericórdia e à liberalidade do Senhor Deus.

3. E a casuística das promessas?
Há pessoas que, depois de receber o dom de Deus, se vêem embaraçadas para cumprir as suas promessas, porque não têm condições de saúde, de tempo ou de bens materiais para executar o que prometeram.
Que fazer?
- Antes do mais, afastem a hipótese, às vezes comunicada por religiões não cristãs, de que, se não “pagarem as suas obrigações”, estarão sujeitos a graves desgraças; na verdade, Deus não é vingativo nem é policial que pune contravenções, mas é Pai…, de tal modo que pensar em Deus deve despertar no cristão sentimentos de paz, confiança e alegria. Isto, porém, não quer dizer que o cristão despreocupadamente deixe de cumprir as suas promessas. Quem não as pode executar, procure um sacerdote e peça-lhe que troque a matéria da promessa. Esta solução condiz com os textos bíblicos que, de um lado, exortam a não deixar de cumprir o prometido (cf. Ecl 5,3), e, de outro lado, prevêem a insolvência dos fiéis e a possibilidade de comutação dos votos (ou promessas) por parte dos sacerdotes:
“Se aquele que fizer um voto não puder pagar a avaliação, apresentará a pessoa diante do sacerdote e este fixá-la-á; o valor será fixado pelo sacerdote de acordo com os meios de quem fizer voto” (Lv 27, 8; cf. Lv 27,13s.18.23).
Poderá acontecer que, em certos casos, o padre julgue oportuno dispensar, por completo, de certa promessa o fiel cristão.
A propósito convém incutir que, se alguém quer fazer uma promessa, evite propor certas práticas que são um tanto irracionais (como ocorre na peça “O pagador de promessas”); procure, ao contrário, prometer práticas não somente exeqüíveis e razoáveis, mas também úteis à santificação do próprio sujeito ou ao bem do próximo. Não tem sentido prometer algo que outra pessoa deverá cumprir, como é o caso de pais que prometem vestir o seu filho “de São Sebastião” no dia da festa do Santo; esta prática como tal não fomenta o amor a Deus e ao próximo. Quanto aos ex-voto (cabeças, braços, pernas… de cera), que se oferecem em determinados santuários, podem ter seu significado, pois contribuem para testemunhar a misericórdia de Deus derramada sobre as pessoas agraciadas; assim levarão o povo de Deus a glorificar o Senhor; mas é preciso que as pessoas agraciadas saibam por que oferecem tais objetos de cera, e não o façam por rotina ou de maneira inconsciente. Entre as práticas que mais se podem recomendar, apontam-se as três clássicas que o Evangelho mesmo propõe: a oração, a esmola e o jejum (cf. Mt 6,1-18). Com efeito, a S. Missa é o centro e o manancial, por excelência, da vida cristã, vida cristã que se nutre outrossim mediante a oração; a esmola e a colaboração com o próximo recobrem a multidão dos pecados (cf. 1Pd 4,8; Tg 5,20; Pr 10,12); o jejum e a mortificação purificam e libertam das paixões o ser humano, possibilitando-lhe mais frutuoso encontro com Deus através dos véus desta vida. Se a prática das promessas levar o cristão ao exercício destas boas obras, poderá ser salutar. Requer-se, porém, que os pastores de almas e os catequistas instruam devidamente os fiéis a fim de que compreendam que as promessas nada têm que ver com as “obrigações” dos cultos afro-brasileiros, mas hão de ser expressões do amor filial e devoto dos cristãos ao Senhor Deus.

4. Conclusão
Como se vê, a prática das promessas pode ser fundamentada na própria Bíblia. Verifica-se, porém, que já os autores sagrados lhe faziam certas restrições. Hoje em dia nota-se que freqüentemente alimenta uma mentalidade religiosa “comercial” ou amedrontada e doentia, gerando facilmente o escrúpulo mórbido. Muitas pessoas se sobrecarregam com promessas e mais promessas que elas não conseguem cumprir; em vez de fomentar a vida cristã, as promessas a prejudicam não raras vezes. Por isto é de sugerir que os cristãos reconsiderem tal costume, que de resto parece mais fundado numa concepção antropomórfica de Deus (concebido como o Grande Banqueiro, cuja benevolência é preciso cativar) do que na autêntica visão que o Cristianismo tem de Deus. Este é Pai, Aquele que nos amou primeiro, antes mesmo que O pudéssemos amar (cf. 1Jo 4,19.9s; Rm 5,7s); por conseguinte, somos seus filhos, certos de que o amor do Pai é irreversível ou não volta atrás, cientes também de que, antes que Lhe peçamos alguma coisa, Ele já decretou dar-nos tudo o que seja condizente com o nosso verdadeiro bem; diz São Paulo: “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, mas O entregou por todos nós, como não nos terá dado tudo com Ele?” (Rm 8,32).



Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
D. Estevão Bettencourt, osb.
Nº 262 – Ano 1982 – Pág. 202.

ELE DESTRUIU O MURO...


Foto de parte do Muro de Berlim em 1986

De dois povos fez um só e destruiu o muro de separação (Cf. Ef 2,14)



A Palestina, no tempo de Jesus, era um pequeno território sob domínio do império romano (desde 63 a.C.) e onde fervilhavam muitas religiões e cultos pagãos. Judeus (monoteístas) e pagãos (politeístas) guerreavam-se mas Cristo veio unir estes dois povos, formando um só, o Povo de Deus. Assim no-lo diz São Paulo, na carta aos Efésios: Cristo "anulou a lei, que contém os mandamentos em forma de prescrições, para, a partir do judeu e do pagão, criar em si próprio um só homem novo, fazendo a paz, e para os reconciliar com Deus, num só Corpo, por meio da cruz, matando assim a inimizade" (Ef 2,15-16).


Na verdade, Cristo não veio para revogar a lei, mas para a levar à perfeição (Cf. Mt 5,17), isto é, para, antes de mais, lhe devolver a simplicidade original porque muitos grupos religiosos, sobretudo os fariseus e os doutores da Lei, teimavam em carregar os homens com prescrições legais, fardos demasiado pesados que eles próprios não carregavam. Por isso lhes disse Jesus: "ai de vós, doutores da Lei e fariseus hipócritas, porque pagais o dízimo da hortelã, do funcho e do cominho e desprezais o mais importante da Lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade!" (Mt 23,23).


Mas não só os fariseus e os doutores da Lei mas também outros grupos religiosos de então como os saduceus, os samaritanos e os zelotas impunham aos seus fiéis um conjunto de preceitos que, naturalmente, teriam como objectivo ajudá-los a reconhecer a sua natureza frágil e o seu pecado perante Deus e a purificar-se mas que, pelo contrário, eram, muitas vezes, meramente rituais e cultuais, prestando pouco importância ao espírito com que eram vividos; por isso diz o Senhor: "este povo aproxima-se de mim só com palavras e honra-me só com os lábios, pois o seu coração está longe de mim e o culto que me presta é apenas preceito humano e rotineiro" (Is 29,13).


E também por isso é que João Batista, "cheio do Espírito Santo já desde o ventre da sua mãe" (Lc 1, 15b) os convidava a produzir frutos de sincero arrependimento (Cf. Lc 3,8), como diz o salmo: "sacrifício agradável a Deus é o espírito arrependido" (Sl 51,19a). Também Jesus, logo no início da sua vida pública, em Cafarnaúm, começou a pregar a CONVERSÃO (Cf. Mt 4,17) para logo de seguida, como nota o evangelista Mateus, subir a um monte e proclamar a nova Lei do Reino onde OS PACIFICADORES SERÃO CHAMADOS FILHOS DE DEUS (Cf. Mt 5,9).

Assim, a conversão surge como um primeiro passo necessário para a construção da paz porque favorece RELAÇÕES MAIS PROFUNDAS, TRANSPARENTES E VERDADEIRAS, ao contrário das relações entre muitos dos povos que habitavam aquela estreita faixa de terra entre o Jordão e o Mediterrâneo, onde imperava a atenção ao culto e à lei, e que se afastavam uns dos outros chamando-se mutuamente de impuros (a este respeito pode ler-se todo o capítulo 23 de São Mateus). Criavam-se, assim, divisões e muros praticamente intransponíveis: os judeus deviam abster-se de todo o contacto com os samaritanos (Cf. Jo 4,9), aqueles que não jejuavam eram criticados (Cf. Lc 5,33-35), bem como aqueles que não lavavam as mãos antes de comer (Cf. Mc 7,1-4), não era permitido colher espigas (Cf. Mc 2,23-28) ou curar (Cf. Mc 3,1-6) ao sábado, etc. No tempo de Jesus, só as ‘sentenças' dos rabinos contavam-se por 613 regras, sendo que a grande maioria se referiam ao puro e ao impuro.


Ao longo de toda a sua vida pública, Jesus, aparecerá como um destruidor desses muros
, não ao jeito recente de alguns países que, em nome da luta anti-terrorista, provocam e levam a cabo terríveis guerras com todas as consequências que daí advêm, mas com uma pedagogia única que Ele se propõe ensinar: "aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve" (Mt 11,29-30). Jesus foi ungido para anunciar a Boa-Nova aos pobres, dar a vista aos cegos e proclamar a liberdade aos oprimidos (Cf. Lc 4,18), por isso, ao contrário dos fariseus e dos doutores da Lei, Ele acolhe e come com cobradores de impostos e pecadores (Cf. Lc 15,1-2), permite que as prostitutas se aproximem dele (Cf. Lc 7,37-38), perdoa aos pecadores arrependidos (Cf. Lc 7,36-50), cura os estrangeiros (Cf. Lc 17,11-19), dá uma grande importância à mulher num tempo em que ela era religiosa e socialmente discriminada (Cf. Lc 8,1-3; 10,38-42), convida todos a amarem os inimigos (Cf. Mt 5,43-48), tem um olhar bondoso e misericordioso para com todos, mesmo com aqueles que o negam (Cf. Lc 22,56-62) e oferece a vida eterna a uma samaritana (Cf. Jo 4,14). Vejamos alguns exemplos:

JESUS ESCOLHE MULHERES COMO SUAS DISCÍPULAS: "Em seguida, Jesus ia de cidade em cidade, de aldeia em aldeia, proclamando e anunciando a Boa-Nova do Reino de Deus. Acompanhavam-no os Doze e algumas mulheres, que tinham sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demónios; Joana, mulher de Cuza, administrador de Herodes; Susana e muitas outras, que os serviam com os seus bens" (Lc 8,1-3).


ENTRA EM CASA DE UM CHEFE DE COBRADORES DE IMPOSTOS
e consegue a sua conversão: Jesus disse a Zaqueu: "‘Zaqueu, desce depressa, pois hoje tenho de ficar em tua casa.' Ele desceu imediatamente e acolheu Jesus, cheio de alegria. Ao verem aquilo, murmuravam todos entre si, dizendo que tinha ido hospedar-se em casa de um pecador. Zaqueu, de pé, disse ao Senhor: ‘Senhor, vou dar metade dos meus bens aos pobres e, se defraudei alguém em qualquer coisa, vou restituir-lhe quatro vezes mais.' Jesus disse-lhe: ‘Hoje veio a salvação a esta casa, por este ser também filho de Abraão; pois, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido'" (Lc 19,5b-10).


PERMITE QUE UMA PROSTITUTA LHE LAVE E BEIJE OS PÉS:
"(...) certa mulher, conhecida naquela cidade como pecadora, ao saber que Ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um frasco de alabastro com perfume. Colocando-se por detrás dele e chorando, começou a banhar-lhe os pés com lágrimas; enxugava-os com os cabelos e beijava-os, ungindo-os com perfume. (...) E Jesus disse à mulher: ‘A tua fé te salvou. Vai em paz'" (Lc 7,37-38.50).


PERDOA A UMA MULHER ADÚLTERA
em vez de a apedrejar como era normal naquela época: "(...) os doutores da Lei e os fariseus trouxeram-lhe certa mulher apanhada em adultério, colocaram-na no meio e disseram-lhe: ‘Mestre, esta mulher foi apanhada a pecar em flagrante adultério. Moisés, na Lei, mandou-nos matar à pedrada tais mulheres. E Tu que dizes?' Faziam-lhe esta pergunta para o fazerem cair numa armadilha e terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se para o chão, pôs-se a escrever com o dedo na terra. Como insistissem em interrogá-lo, ergueu-se e disse-lhes: ‘Quem de vós estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra!' E, inclinando-se novamente para o chão, continuou a escrever na terra. Ao ouvirem isto, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher que estava no meio deles. Então, Jesus ergueu-se e perguntou-lhe: ‘Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?' Ela respondeu: ‘Ninguém, Senhor.' Disse-lhe Jesus: ‘Também Eu não te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a pecar'" (Jo 8, 3-11).


A conversão e a ADEQUAÇÃO DO NOSSO AGIR AO DE JESUS faz de nós, necessariamente, CONSTRUTORES DE PAZ e destruidores de muros.
E hoje continuam a ser muitos os muros a dividir os homens e os povos: o muro que separa os países ricos dos países pobres, o muro que esconde a violência doméstica e o trabalho infantil, o muro que impede o acesso de todos à educação, à saúde e a um emprego com dignidade, o muro que, nalguns países, proibe a liberdade religiosa e o acesso das mulheres a cargos políticos, o muro que impede o acesso dos portadores de deficiência a uma vida com dignidade, etc.

Temos ainda os muros de betão armado que rapidamente se constroem mas dificilmente se derrubam: ainda estará na memória de todos o muro que, depois da II Guerra Mundial, durante muitos anos, separou a República Democrática Alemã da República Federal Alemã, bem como muitos milhares de famílias. Também os frequentes muros erguidos na faixa de Gaza parecem perpetuar um conflito e condenar os sonhos de paz de milhares de pessoas. E, ainda não refeitos de tantos muros, uma lei aprovada em 2006 nos Estados Unidos da América determinou o reforço de um muro de 1.226 quilómetros na fronteira com o México. Mas ele será, muito provavelmente, insuficiente para resolver o problema da imigração ilegal e levará muitos mexicanos, que não desistirão de procurar uma nova oportunidade de vida, a arriscar-se ainda mais para entrar em território americano, por exemplo, através do deserto do Arizona. Pode parecer estranho como é que uma sociedade que nasceu com a imigração não é capaz de criar políticas migratórias eficazes, mas, na verdade, isto acontece porque no mundo HÁ FALTA DE HOMENS COM A PEDAGOGIA E O AMOR DE JESUS.


Duas pessoas não se podem abraçar quando estão separadas por um muro
, por isso, é necessário que mais pessoas aprendam de Jesus manso e humilde e, convertidas, procurem, como Francisco de Assis e tantos outros, ser instrumentos de ‘PAZ E BEM'.

O trabalho de alguns destes homens e mulheres em prol da paz e do respeito pelos direitos humanos, é anualmente reconhecido pela comunidade internacional através da atribuição do prémio NOBEL DA PAZ. O Nobel da Paz é um legado do sueco Alfred Nobel. De acordo com a sua vontade, o prémio deveria distinguir "a pessoa que tivesse feito a maior ou melhor acção pela fraternidade entre as nações, pela abolição e redução dos esforços de guerra e pela manutenção e promoção de tratados de paz".

Assim, por exemplo, em 1979, Madre Teresa de Calcutá, ganhou o Nobel pela luta contra a pobreza na Índia; em 1990 foi a vez de Mikhail Gorbachev (antiga URSS), pela sua contribuição para o fim da Guerra-fria; em 2004 a laureada foi Wangari Maathai, ambientalista e activista dos direitos humanos queniana; e em 2006 foi a vez de Muhammad Yunus (Bangladesh) e do seu banco de microcrédito, Banco Grameen, por ajudar milhares de famílias nos países mais pobres a conseguirem financiamento para montarem o seu próprio negócio.

Em 1996, foi a vez de dois timorenses, Dom Carlos Filipe Ximenes Belo, bispo católico, e José Ramos-Horta, pelo seu contínuo esforço para terminar com a opressão vigente em Timor-Leste, esperando que "o prémio despolete o encontro de uma solução diplomática para o conflito em Timor-Leste com base no direito dos povos à autodeterminação."

Talvez nunca nenhum de nós chegue a ganhar o Nobel da Paz mas também não corremos atrás de uma coroa corruptível (Cf. 2Tm 9,25) porque a nossa herança é incorruptível e imaculada, e está reservada no Céu para nós (Cf. 1Pe 1,4). Talvez nunca nenhum de nós chegue a ganhar o Nobel da Paz mas ninguém nos liberta da obrigação, como baptizados, de nos tornarmos destruidores de muros e de tudo quanto afasta e divide os irmãos. Talvez nunca nenhum de nós chegue a ganhar o Nobel da Paz mas Jesus deixou-nos a promessa de, também nós, com ou sem prémio Nobel, nos chamarmos FILHOS DE DEUS, se nos tornássemos pacificadores (Cf. Mt 5,9). Temos uma grande oportunidade para o fazer, tornando-nos instrumentos de paz onde quer que estejamos e seja qual for a nossa condição...

Hermano Filipe



A

O PEDREIRO.



Um velho pedreiro que construía casas há muito tempo,estava pronto para se aposentar.
Ele informou o chefe,do seu desejo de se aposentar e passar mais tempo com sua familia.
Ele ainda disse que sentiria falta do salário,mas realmente queria se aposentar.
A empresa não seria afetada pela saída dele.Mas o chefe estava triste em ver um bom funcionário partindo,então ele pediu ao pedreiro para trabalhar em um último projeto,como um favor.
O pedreiro não gostou,mas acabou concordando.Foi fácil ver que ele não estava entusiasmado com a idéia.
Assim o pedreiro prosseguiu fazendo o trabalho de segunda qualidade e usando materiais inadequados.
Quando o pedreiro acabou,o chefe veio fazer a inspeção da casa construída.Depois de inspecioná-la,deu a chave da casa ao pedreiro e disse: " Esta é a sua casa.Ela é o meu presente para você. "
O pedreiro ficou muito surpreendido.
Que pena!
Se ele soubesse que estava construindo sua própria casa,teria feito tudo diferente.
O mesmo acontece conosco.Nós construímos nossa vida,um dia de cada vez,e muitas vezes fazendo menos que o melhor possível na sua construção.
Depois,com surpresa,nós descobrimos que precisamos viver na casa que nós construimos.
Se pudéssemos fazer tudo de novo,faríamos tudo diferente.Mas agora não podemos voltar atrás.
Você é o pedreiro.
Todo dia martela pregos,ajusta tábuas e constrói paredes.
Alguém já te disse: " A vida é um projeto que você mesmo constrói."
Tuas atitudes e escolhas de hoje estão construindo a "casa" em que você vai morar amanhã.
Portanto construa com sabedoria.
 
 

A
pemiliocarlos

LITURGIA DIÁRIA - A ELEIÇÃO DOS DOZE.

Primeira Leitura: Efésios 2, 19-22
 SANTOS SIMÃO E JUDAS
APÓSTOLOS
(vermelho, glória, pref. dos apóstulos - ofício da festa)

Leitura da carta de são Paulo aos Efésios - Irmãos, 19já não sois hóspedes nem peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus, 20edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus. 21É nele que todo edifício, harmonicamente disposto, se levanta até formar um templo santo no Senhor. 22É nele que também vós outros entrais conjuntamente, pelo Espírito, na estrutura do edifício que se torna a habitação de Deus. - Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial(18)
REFRÃO: Seu som ressoa e se espalha em toda a terra.
1. Narram os céus a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra de suas mãos. O dia ao outro transmite essa mensagem, e uma noite à outra a repete. - R.
2. Não é uma língua nem são palavras, cujo sentido não se perceba, porque por toda a terra se espalha o seu ruído, e até os confins do mundo a sua voz; aí armou Deus para o sol uma tenda. - R.
Evangelho: Lucas 6, 12-19

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 12Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus. 13Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que chamou de apóstolos: 14Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, 15Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelador; 16Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor. 17Descendo com eles, parou numa planície. Aí se achava um grande número de seus discípulos e uma grande multidão de pessoas vindas da Judéia, de Jerusalém, da região marítima, de Tiro e Sidônia, que tinham vindo para ouvi-lo e ser curadas das suas enfermidades. 18E os que eram atormentados dos espíritos imundos ficavam livres. 19Todo o povo procurava tocá-lo, pois saía dele uma força que os curava a todos. - Palavra da salvação.
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Homilia - Pe Bantu

Jesus nunca subestimou a Sua missão. Ele sabia da grande responsabilidade que era a de escolher dentre muitos, os doze apóstolos que seriam os continuadores da Sua obra aqui na terra. Portanto, Ele subiu à montanha para em oração ao Pai fazer o discernimento. Quando desceu Ele estava seguro de que os Seus escolhidos eram aqueles a quem o Pai havia destinado para pôr em prática o Seu Projeto salvífico. Até Judas teve o seu papel específico no plano de Salvação de Deus Pai. Muitas vezes nós também rezamos, fazemos o discernimento e no primeiro sinal de que algo não vai muito bem, nós começamos a duvidar da nossa oração e do direcionamento do Senhor. Fica para nós o exemplo: Jesus ainda não sabia que entre os escolhidos havia um traidor, mas nunca duvidou de que fez a escolha certa segundo a vontade do Pai.

Para muitas coisas na vida nós nos preparamos, nós nos aprimoramos, nós nos adestramos. Porém nas tomadas de decisões nós nos confundimos e não temos o mesmo cuidado. Agimos por impulso, por sentimento, por preferências pessoais. Jesus veio ao mundo não apenas para nos salvar da morte eterna. Ele veio nos ensinar a viver a vida em harmonia com o pensamento de Deus e, assim descobrir o que é ou não agradável ao Pai a fim cumprir no mundo a missão que nos é proposta.
Ele nos instrui sobre o que fazer antes de tomar qualquer decisão, de resolver qualquer problema, de escolher, de fazer opções, enfim, antes de enfrentar as multidões. “…foi à montanha para rezar. E passou a noite toda em oração a Deus,” a fim de escolher os doze apóstolos a quem Ele entregaria a Sua Igreja. Ao amanhecer Ele já sabia o que fazer: Entre muitos Ele escolheu somente doze. Unicamente depois de escutar o Pai foi que Jesus tomou a iniciativa de reunir os Seus discípulos e fazer a escalação conforme o Pai lhe havia segredado. Será que Jesus escolheu os melhores, os mais preparados, os mais capazes, os mais obedientes? Dentre os doze, havia traidores, descrentes, pretensiosos, nenhum deles era exemplo de santidade. Porém, Jesus tinha a convicção de que aqueles lá eram os eleitos do Pai e por isso não relutou em chamá-los.

Muitas vezes nós também nos prostramos aos pés do Pai e pedimos orientação para a nossa caminhada. Falta-nos, no entanto, a paciência para esperar o fruto das escolhas que fazemos sob a orientação do Espírito. No primeiro contratempo nós já estamos nos decepcionando e nos frustrando, achando que fizemos as escolhas erradas e culpamos a Deus pelos acontecimentos. Jesus sabia que na Sua Missão Ele teria que enfrentar dificuldades também com os Seus escolhidos. Sabia que estaria lidando com homens cheios de defeitos, mas mesmo assim não desistiu e foi com eles, até o fim. Precisamos também nós, estarmos firmes e convictos em tudo quanto nos for revelado pelo Pai, em oração.

A Sua Palavra é a garantia para confirmar o que Ele nos confidenciar durante a oração. Não tenhamos medo de confiar na força do Espírito Santo quando precisarmos de orientação. Jesus é o nosso modelo, o nosso Mestre e com Ele nós aprendemos a viver, sem temor, o que Deus nos mandar fazer.
Quando nós também subirmos à montanha para orar estejamos certos de que lá o Senhor nos dará a orientação segura para que possamos descer e enfrentar a multidão e até os traidores com serenidade e segurança. O que você faz quando tem que tomar uma decisão importante; pede o conselho dos homens, ou o conselho de Deus? Você se reúne com alguém em oração para fazer suas opções de vida? Você pede ajuda a pessoas que têm intimidade com Deus? – Você costuma orar pedindo discernimento para suas ações? Quando você reza e as coisas não acontecem de acordo com o que você esperava, qual é a sua reação? Você confia que o Senhor sempre dá o direcionamento seguro mesmo que haja algum contratempo em algum momento? Peça ao senhor a graça da perseverança na oração.
O seu irmão em Cristo Jesus lhe envia  benção do alto.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O INACABADO QUE HÁ EM MIM.


Eu me experimento inacabado. Da obra, o rascunho. Do gesto, o que não termina.
Sou como o rio em processo de vir a ser. A confluência de outras águas e o encontro com filhos de outras nascentes o tornam outro.
O rio é a mistura de pequenos encontros. Eu sou feito de águas, muitas águas.
Também recebo afluentes e com eles me transformo,
O que sai de mim cada vez que amo? O que em mim acontece quando me deparo com a dor que não é minha, mas que pela força do olhar que me fita vem morar em mim?
Eu me transformo em outros? Eu vivo para saber. O que do outro recebo leva tempo para ser decifrado.

O que sei é que a vida me afeta com seu poder de vivência. Empurra-me para reações inusitadas, tão cheias de sentidos ocultos. Cultivo em mim o acúmulo de muitos mundos.
Por vezes o cansaço me faz querer parar. Sensação de que já vivi mais do que meu coração suporta. Os encontros são muitos; as pessoas também. As chegadas e partidas se misturam e confundem o coração. É nesta hora em que me pego alimentando sonhos de cotidianos estreitos, previsíveis.
Mas quando me enxergo na perspectiva de selar o passaporte e cancelar as saídas, eis que me aproximo de uma tristeza infértil.
Melhor mesmo é continuar na esperança confluências futuras. Viver para sorver os novos rios que virão. Eu sou inacabado. Preciso continuar.


Se a mim for concedido o direito de pausas repositoras, então já anuncio que eu continuo na vida. A trama de minha criatividade depende deste contraste, deste inacabado que há em mim. Um dia sou multidão; no outro sou solidão. Não quero ser multidão todo dia.
Num dia experimento o frescor da amizade; no outro a febre que me faz querer ser só. Eu sou assim. Sem culpas.




Padre Fabio


A