sábado, 31 de janeiro de 2015

THOMAS MERTON: AMANTE E POETA DA CRIAÇÃO.

 
 Maria Clara Lucchetti Bingemer


No dia 31 de janeiro de 2015 completaria 100 anos um dos maiores místicos e escritores do século XX: o trapista Thomas Merton.  Convertido tardiamente e entrando no mosteiro trapista já adulto, Merton foi aos poucos convertendo-se em um prolífico escritor.  De sua pena saem não apenas belíssimos escritos místicos, mas igualmente temas candentes e atuais que não apenas respondem como também antecipam algumas das grandes questões da agenda contemporânea.
Uma delas é a ecologia. A questão da terra e da relação predatória que o ser humano, sobretudo o ser humano moderno, tem com o planeta tornou-se prioridade nas inquietações da humanidade nos dias de hoje. A real ameaça do esgotamento dos recursos naturais e o perigo de uma catástrofe planetária preocupam cada vez mais intelectuais e pensadores. Por outro lado, o surgimento de movimentos religiosos, espirituais e místicos centrados na contemplação da natureza e da comunhão com o cosmo demonstram como as experiências místicas e as reflexões de Merton anteciparam muitos caminhos que hoje a humanidade deveria trilhar com mais respeito e atenção.
O mundo da natureza e da criação não é tão explorado quando se fala da contribuição de Merton aos conturbados tempos modernos e pós-modernos. No entanto, este mundo desempenhou uma base estática de enorme importância em sua experiência de Deus. A leitura de seus escritos, segundo os especialistas, converge na demonstração de uma relação íntima e progressiva de formato esponsal com a criação como corpo da divindade, ao mesmo tempo velando e revelando o Deus que ele tanto suspirava por ver, tal como por ser visto e conhecido.
Assim é quando descreve o seu viver em meio à floresta como uma necessidade imperiosa e não um luxo excêntrico, como poderiam pensar alguns. Vale a pena citar suas próprias palavras: “(...) Eu vivo na floresta por necessidade. Saio da cama no meio da noite porque é imperativo que eu escute o silêncio da noite, sozinho e, com meu rosto em terra, recite salmos, sozinho, no silêncio da noite... O silêncio da floresta é minha noiva e o doce e escuro calor do mundo inteiro é meu amor e do coração deste escuro calor emerge o segredo que é ouvido somente no silêncio, mas é a raiz de todos os segredos que são sussurrados por todos os amantes em suas camas pelo mundo inteiro.”
Segundo seus mais ilustres estudiosos, Merton passou toda a sua vida monástica escutando este segredo que pulsa no coração da criação e desposou a floresta de maneira a poder escutar com total arrebatamento e compromisso, tal como o esposo faz com a esposa, “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando e respeitando todos os dias da vida até que a morte separe”...
O monaquismo sempre se distinguiu por esse contato direto, de pele com pele com a natureza e a criação. Seja o deserto ou as florestas, vamos encontrar  homens e mulheres de Deus fazendo suas experiências místicas e adquirindo sua infusa sabedoria vinda diretamente da divindade em estreito e amoroso contato com a criação. Com Merton não foi diferente. Assim é que, quando o abade o nomeou guarda-florestal do mosteiro, o que implicava restaurar os bosques que haviam sido despojados e podados uma década antes, sua experiência de solidão e paixão pela natureza se radicalizou. Já não era percebida como uma privação de propósitos intelectuais, mas uma oportunidade de um compromisso corpóreo, carnal, com toda uma comunidade de sabedoria em silenciosa participação com a vitalidade das coisas vivas.
Descobriu nessa sua sempre maior comunhão com a natureza que plantar, adubar e arar eram atividades que aumentavam seus outros compromissos monásticos como esposo da natureza. Pois não é o esposo que acaricia a amada, a prepara para a fecundação, a fecunda? O que mais faz o jardineiro com a terra, com a natureza, senão isso? Merton vai descobrir em meio a essa experiência que o verdadeiro mentor e diretor de almas era a natureza em si mesma.
Seu matrimônio com a floresta intensificou-se em 1960, quando foi residir no eremitério instalado no Monte Olivet.  Ali encontrou uma comunidade maior e um coro incomparável de seres vivos que despertavam toda manhã sob seus pés: os cursos d´água, os campos, as árvores, as rãs, os pássaros, as flores. Tudo isso fez de seu louvor e de seus votos monásticos “o silêncio sob sua canção”, a canção de todos aqueles seres vivos que ouvia e aos quais respondia com seus salmos, e com os quais enchia o campo e a natureza.
Ora, o que ouvia Merton em seus êxtases em meio à natureza? Ouvia, segundo suas próprias palavras, o doce cantar das coisas vivas, visíveis e invisíveis. E a esse coro juntava-se, monge solitário, oferecendo cânticos e salmos de glória e ação de graças unido a toda a humanidade. Sua subjetividade, única, desejada e amada pelo Criador desde toda a eternidade abre-se ao cosmos com admiração e reverência, murmurando no silêncio um louvor que se une ao hino do universo inteiro, arrebatador e fulgurante. 
Merton buscou Deus de forma incessante e apaixonada. Era muito culto, havia estudado a rica biblioteca do mosteiro, sido mestre de noviços etc. No entanto, encontrou na festa multicor e polifacetada da criação divina uma sabedoria nunca vista ou suspeitada, que despertou em seus sentidos espirituais uma familiaridade primordial com as criaturas.
Sem haver escrito nenhum livro que traçasse explicitamente esta rota através da criação para a comunhão com a divindade, Thomas Merton diz à humanidade hoje que a vocação humana é, em última instância, ser “um jardineiro do paraíso’”.





* professora do Departamento de Teologia da PUC-Rio.  A teóloga é autora de “Simone Weil – Testemunha da paixão e da compaixão" (Edusc) 
 Fonte: Jornal do Brasil

A IMPORTÂNCIA DA CONFIANÇA NA MISERICÓRDIA DE DEUS.

 O amor de Deus não tem limites, mas quem se recusa a acolher a misericórdia do Senhor pelo arrependimento rejeita o perdão e a salvação.

Sabemos que a desesperança do perdão dos próprios pecados ofende a Deus. Muitas vezes no "Diálogo", Deus insiste com Santa Catarina de Sena sobre isso:

“Mesmo para os pecadores, minha misericórdia sempre constitui um fiozinho de esperança; não fosse ela, cairiam como os demônios para a condenação eterna. É bondade minha que os maus possam esperar no meu perdão.”

“Este pecado de desespero desagrada-me e prejudica os homens mais do que todos os males… porque no pecado de desespero o homem não é movido por fraqueza alguma. O ato de desesperar-se não inclui debilidade, mas somente intolerável dor. Quem desespera, despreza minha misericórdia e julga que seu pecado é maior que minha bondade. Quem cai neste pecado já não se arrepende, já não sente dor pela culpa. Poderá o responsável queixar-se do castigo recebido, mas não da ofensa cometida. Por essa razão são condenados. Como vês, é o pecado do desespero que conduz a alma ao inferno. **Minha misericórdia é maior que todos os pecados que um homem possa cometer**. Entristece-me o fato de que alguém considere suas faltas maior que o meu perdão. Este é o pecado que não será perdoado nem neste mundo e nem no outro.”

Quando fala deste, que é o “pecado contra o Espírito Santo”, o Catecismo da Igreja ensina que:

“A misericórdia de Deus não tem limites, mas quem se recusa deliberadamente a acolher a misericórdia de Deus pelo arrependimento rejeita o perdão de seus pecados e a salvação oferecida pelo Espírito Santo. Semelhante endurecimento pode levar à impenitência final e à perdição eterna” (§1864).

O mais importante é entender e crer que:

“A Igreja recebeu as chaves do Reino dos Céus para que se opere nela a remissão dos pecados pelo sangue de Cristo e pela ação do Espírito Santo. É nesta Igreja que a alma revive, ela que estava morta pelos pecados, a fim de viver com Cristo, cuja graça nos salvou.”

“Não há pecado algum, por mais grave que seja, que a Santa Igreja não possa perdoar. Não existe ninguém, por mau e culpado que seja, que não deva esperar com segurança a seu perdão, desde que seu arrependimento seja sincero. Cristo que morreu por todos os homens, quer que, em sua Igreja, as portas do perdão estejam sempre abertas a todo aquele que recua do pecado” (§981-2).

Deus disse a Santa Catarina que: “Foi na dispensa da hierarquia eclesiástica que Eu guardei o Corpo e o Sangue do meu Filho”.

A quem deseja meditar com profundidade nesse assunto da confiança e misericórdia de Deus, recomendo vivamente ler o livro de Mons. Ascânio Brandão, **O Breviário da Confiança** (Ed. Cléofas, 2013).

Não adianta irritar-se consigo mesmo e condenar-se após um pecado. Isto seria um mal maior, é orgulho refinado. O remédio é levantar-se humildemente, aceitar com resignação à própria falta e ir buscar o perdão junto à misericórdia infinita de Deus que nunca nos falta. Cristo nos deixou a Igreja e a Confissão para isso.

São Francisco de Sales ensinava que: “Quanto mais nos sentirmos miseráveis, tanto mais devemos confiar na misericórdia de Deus. Porque entre a misericórdia e a miséria, há uma ligação tão grande que uma não pode se exercer sem a outra”. “Considerai vossos defeitos com mais dó que indignação, com mais humildade que severidade e conservai o coração cheio de um amor brando, sossegado e terno”; e ainda dizia: “É orgulho não nos conformarmos com a nossa fraqueza e a nossa miséria”.

Deus às vezes permite as nossas quedas, como se deu com São Pedro, para nos tornar humildes. É pelas nossas próprias faltas que conhecemos a nossa miséria e passamos a confiar só em Deus. Judas e São Pedro pecaram gravemente na hora da Paixão do Senhor, mas Pedro não se desesperou, foi humilde, confiou na misericórdia de Jesus e se salvou; Judas caiu no remorso e suicidou-se. A diferença foi a confiança na misericórdia de Jesus. É por isso que Santa Faustina tanto recomendou o **Terço da Misericórdia**, que se possível deve ser rezado diante do Santíssimo Sacramento; e, de modo especial diante dos moribundos. 

Não podemos esquecer de que a alegria de Deus e dos seus anjos é ver um pecador arrependido. “Haverá mais alegria no céu por um pecador que se converte do que por noventa e nove justos que não precisam de penitência”. Com que alegria Jesus perdoou Madalena, a mulher adúltera, a samaritana, Zaqueu… e tantos outros!

“As lágrimas dos penitentes são tão preciosas, que são recolhidas na terra para serem elevadas até o Céu, e a sua virtude e tão grande que se estende até os anjos”, disse Bossuet. Os anjos estimam mais as lágrimas de arrependimento dos pecadores que a dos inocentes. A amargura do arrependimento tem para eles mais valor do que o mel da devoção.

Cada tropeço é uma grande ocasião que temos para aprender a sermos humildes. Santo Afonso dizia que: “Mesmo os pecados cometidos podem concorrer para a nossa santificação, na medida em que a sua lembrança nos faz mais humildes, mais agradecidos às graças que Deus nos deu, depois de tantas ofensas”.

Enfim, a humildade é a grande força daquele que quer a santidade. Santa Teresa o disse: “Quem possui as virtudes da humildade e do desapego bem pode lutar contra todo o inferno junto e o mundo inteiro com suas seduções”.

Essas duas virtudes, diz a Santa, tem a propriedade de se esconderem de quem as possui, de maneira que nunca as vê, nem se persuade de as ter, mesmo que lhe digam. São João da Cruz, disse que: “Visões, revelações, sentimentos celestes e tudo quanto se pode imaginar de mais elevado, não valem tanto quanto o menor ato de humildade”.  






Prof Felipe Aquino

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

SOBRE SOFRIMENTO

“Na verdade, o que muitos não entendem até ser tarde demais é que quanto mais você tenta evitar o sofrimento, mais você sofre, porque coisas pequenas e insignificantes começam a torturá-lo na proporção de seu medo de ser ferido. Aquele que mais se esforça para evitar o sofrimento é, afinal, o que mais sofre, e seu sofrimento vem de coisas tão pequenas e triviais que se pode dizer que já não é de forma nenhuma objetivo. É sua própria existência, seu próprio ser o sujeito e a fonte de sua dor, e sua existência e sua consciência serão sua maior tortura.”
 

The Seven Storey Mountain, de Thomas Merton
(Harcourt, Brace, New York), 1948
No Brasil: A montanha dos sete patamares, (Editora Vozes, Petrópolis), 2005, p. 79

O QUE O SOFRIMENTO PODE ME OFERECER DE BOM?

Deus não nos oferece o sofrimento como castigo, e sim como caminho.

 
Ninguém quer sofrer. Isso vai contra nossa natureza, que busca a felicidade, a paz, o descanso, a alegria. Não há nada mais contrário ao nosso querer. Sofrer nos parece desnecessário, duro demais.

É nessas horas, quando nos faltam forças, que Deus nos sustenta. Isso vale especialmente quando Deus nos leva à escola do sofrimento. Para Paulo, é natural que nós, em nossa qualidade de membros de Cristo, sejamos associados à sua Paixão, e que o padecimento não só signifique colapso de forças humanas, senão também surgimento de forças divinas e abundante fecundidade da nossa vida e das nossas obras.

A escola do sofrimento. Deus o permite em nossa vida. Deus nos ama e, em seu amor, tolera que soframos.

O coração se rebela contra todo sofrimento. Não queremos padecer, não queremos sofrer a perda nem a dor. Queremos uma vida plena. Uma pessoa rezava assim a Jesus em sua dor:

"Conheço muito bem as perdas. Desde pequena tive de sofrê-las. As mais abruptas, as que me deixaram sem ar. Deus saberá explicar-me tudo no final do caminho. O tempo fará o resto, acalmará um pouco a ausência, curará um pedaço do meu coração ferido.

Enquanto isso, Tu me guias por este mundo com a tua luz, Senhor, que, da estrela mais brilhante, do mar mais profundo e dos cumes mais altos, me mostra que só se chega a Ti pela tua cruz."

O caminho do sofrimento é o caminho da cruz. Não acho que Deus nos mande as cruzes. Mas a cruz vem ao nosso encontro sempre, porque somos limitados, porque o tempo desgasta tudo, porque a natureza nos fere.

Então chega a dor e o sofrimento. E Jesus está aí, na minha cruz. Muitas vezes não encontraremos o sentido. Na verdade, isso nem sempre será necessário. Só pedimos a Jesus que não solte nossa mão, que não nos deixe sozinhos na vida, sem sua companhia, sem sua força e estímulo. É disso que precisamos.

Falando da sua doença, a Dra. África Sendino comentou: "Se Deus me desse a oportunidade de voltar no tempo e me oferecesse a possibilidade de escolher entre as duas opções possíveis – saúde ou doença –, eu não poderia dizer 'não' ao que me aconteceu.

Porque Deus não nos oferece a doença como castigo, mas como caminho. Porque neste caminho estou aprendendo intensas lições.

Compreendo que a Providência divina não é uma simples abordagem, mas uma realidade cotidiana que me aguarda no rosto dos meus amigos. E presencio, como um espetáculo grandioso, até onde pode chegar a bondade dos que me cercam."

Na dor, não somente nos encontramos com o rosto amigável e próximo de Deus, com sua mão que nos sustenta, mas também com o rosto de todos os que cuidam de nós, que velam por nós, que nos acompanham.

Por isso, queremos pedir a Deus essa liberdade interior diante da vida. Entregamos a Deus nossos medos confusos diante do futuro, o temor que nos invade ao pensar em tudo o que pode nos acontecer. Entregamos a Deus.

Trata-se de viver inscritos no coração de Jesus. Lá, pouco importa o que possa acontecer. Quando Ele segura nossa mão, todo medo desaparece. 






Padre Carlos Padilla

LITURGIA DIÁRIA - JESUS FALA EM PARÁBOLAS.

 
Leitura da Carta aos Hebreus.
Irmãos, 32lembrai-vos dos primeiros dias, quando, apenas iluminados, suportastes longas e dolorosas lutas. 33Às vezes, éreis apresentados como espetáculo, debaixo de injúrias e tribulações; outras vezes, vos tornáveis solidários dos que assim eram tratados.
34Com efeito, participastes dos sofrimentos dos prisioneiros e aceitastes com alegria o confisco dos vossos bens, na certeza de possuir uma riqueza melhor e mais durável. 35Não abandoneis, pois, a vossa coragem, que merece grande recompensa.
36De fato, precisais de perseverança para cumprir a vontade de Deus e alcançar o que ele prometeu. 37Porque ainda bem pouco tempo, e aquele que deve vir virá e não tardará. 38O meu justo viverá por causa de sua fidelidade, mas, se esmorecer, não encontrarei mais satisfação nele”. 39Nós não somos desertores, para a perdição. Somos homens da fé, para a salvação da alma.

Responsório (Sl 36)

A salvação de quem é justo vem de Deus!
A salvação de quem é justo vem de Deus!

Confia no Senhor e faze o bem, e sobre a terra habitarás em segurança. Coloca no Senhor tua alegria, e ele dará o que pedir teu coração.
Deixa aos cuidados do Senhor o teu destino; confia nele, e com certeza ele agirá. Fará brilhar tua inocência como a luz, e o teu direito, como o sol do meio-dia.
— É o Senhor quem firma os passos dos mortais e dirige o caminhar dos que lhe agradam; mesmo se caem, não irão ficar prostrados, pois é o Senhor quem os sustenta pela mão.
A salvação dos piedosos vem de Deus; ele os protege nos momentos de aflição. O Senhor lhes dá ajuda e os liberta, defende-os e protege-os contra os ímpios, e os guarda porque nele confiaram.
 
Evangelho (Mc 4,26-34)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 26Jesus disse à multidão: “O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. 27Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece.
28A terra, por si mesma, produz o fruto: primeiro aparecem as folhas, depois vem a espiga e, por fim, os grãos que enchem a espiga. 29Quando as espigas estão maduras, o homem mete logo a foice, porque o tempo da colheita chegou”.
30E Jesus continuou: “Com que mais poderemos comparar o Reino de Deus? Que parábola usaremos para representá-lo? 31O Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra. 32Quando é semeado, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças, e estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra”.
33Jesus anunciava a Palavra usando muitas parábolas como estas, conforme eles podiam compreender. 34E só lhes falava por meio de parábolas, mas, quando estava sozinho com os discípulos, explicava tudo.

 Reflexão

Jesus faz hoje uma discriminação feita sem saber a razão de por que foi escolhida por Jesus. Os discípulos tinham ocasião de saber o significado verdadeiro das comparações, por vezes não muito claras para o ouvinte geral. O caso mais evidente é o do semeador e os diversos terrenos em que a semente cai. O público em geral podia ficar com a idéia de que a semente da palavra era recebida de formas mui diversas pelos ouvintes, mas a razão destas diferenças só era explicada aos que, interessados, perguntaram junto aos doze pela explicação da mesma (Mc 4, 13-20). O encontro com a palavra é um dom de Deus, mas a resposta à mesma depende da vontade e do interesse de cada um. A explicação correspondente sempre a receberá quem esteja interessado em saber a verdade.Na primeira destas parábolas do dia de hoje temos a exposição de como o Reino se expande com uma força que não depende dos homens, mas do próprio Deus. Poderíamos dizer que descreve a força interna do Reino.
Na segunda parábola encontramos a visão externa do Reino. Seu crescimento seria espetacular desde um pequeno grupo insignificante como é a semente da mostarda que se parece com a cabeça de um alfinete, até uma árvore que nada tem a invejar os carrascos da Palestina.
Uma certeza é evidente: o Reino é uma realidade que não se pode ignorar. Em que consiste? Jesus não revela sua essência, mas devido ao nome estamos inclinados a afirmar que o Reino como nova instituição é uma irrupção da presença de Deus na História humana, que seria uma revolução e uma conquista, não violenta, mas interior do homem, e que deveria mudar a religião em primeiro lugar e as relações sociais em segundo termo. Numa época em que revoluções externas e lutas pelo poder estavam unidas a uma teocracia religiosa era perigoso anunciar a natureza verdadeira do Reino. Daí que só as externas qualidades do Reino tenham sido descritas e de modo a não levantar reações violentas. O reino sofrerá violências, mas não será o violentador.
Se quisermos apurar as coisas, poderíamos atribuir ao Reino uma universalidade que não tinha a Antiga aliança. Mas isto é esticar as coisas além do estado natural das coisas e da narração de hoje no evangelho de Marcos.
Nessa parábola, Jesus encoraja a esperança de sua comunidade! Qual é a semelhança entre o Reino de Deus e um grão de mostarda?
Ambos parecem quase nada, insignificantes no começo e tornam-se muito grandes em seus resultados!
As aves do céu representam as diferentes nações, povos que ao longo da história, vão aderindo ao projeto de Deus, semeado por Jesus e sua Igreja, pelo qual o Reino de Deus cresce, cresce, sem parar, lenta e progressivamente, porque a seiva desta grande árvore é o Amor de Deus, mais forte que a morte! (Ct 8,6).
Agora olhemos para nossa realidade. Podemos dizer que vivemos numa cultura caracterizada como cultura do instantâneo e do espetáculo, pelo qual esta proposta de um reino que inicia pequenino, que cresce lentamente, quase sem se perceber, é, sem dúvida, contra-cultural. Por isso, as parábolas de Jesus são um convite, ou melhor, uma proposta ousada, que requer a resposta dos ouvintes. Em primeiro lugar, convida-nos a erguer os olhos e ver os campos, pois já branquejam para a ceifa, propõe-nos descobrir o que já está crescendo lentamente, florescendo silenciosamente, e até dando fruto do reino ao nosso redor.

Pai, dá-me sensibilidade para perceber teu Reino acontecendo no meio de nós, aí onde lutamos para a construção de uma sociedade mais humana e fraterna.





CN


quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

100 ANOS COM THOMAS MERTON.

QUEM FOI THOMAS MERTON ? E POR QUE CONTINUA IMPORTANTE ?


 



Um monge trapista que encontrou o catolicismo após anos de busca espiritual ajudou a mudar as vidas de um grande número de pessoas nas décadas de 1950 e 1960.
Thomas Merton nasceu em Prades, na França, em 1915. Sua família se mudou para os Estados Unidos no ano seguinte. A mãe de Merton, que era americana, morreu quando ele tinha 6 anos e seu pai, natural da Nova Zelândia, faleceu dez anos depois.
Após estudar por um ano na Faculdade Clare, em Cambridge na Inglaterra, Merton voltou aos Estados Unidos e fez mestrado em inglês pela Universidade de Columbia. A combinação de sua condição de órfão com sua mente brilhante acabou transformando-o em um viajante ávido por experiências. Quando jovem, Merton adotou um estilo de vida que envolvia drogas, relações sexuais promíscuas e outros aspectos de vida boêmia. Então, em 1938, encontrou a Igreja Católica e sua vida virou drasticamente para outra direção.
Depois de lecionar por dois anos na Universidade Boanaventure, Merton entrou para o mosteiro de Gethsemani, dos Cistercienses da Estrita Observância, em Bardtown, no estado de Kentucky nos EUA, em dezembro de 1941. Conhecidos popularmente como ”trapistas”, os monges cistercienses se isolavam do mundo e de suas distrações. Merton adotou inteiramente esse estilo de vida, mas também aceitou o incentivo dado por seus superiores para que escrevesse.
E ele de fato escreveu. Em 1948, a autobiografia espiritual de Merton, A Montanha dos Sete Patamares, foi publicada. Tornou-se um best seller, basicamente através do boca a boca. O livro conta a história das confusões espirituais de sua juventude e sua conversão ao catolicismo. Pelas décadas seguintes, inúmeras pessoas – acadêmicos, padres e aqueles que buscavam um caminho espiritual – anunciaram publicamente que a leitura de A Montanha dos Sete Patamares havia sido um marco em suas vidas.
Durante a tumultuada década de 1960, Merton prestou mais atenção aos eventos do mundo ”exterior”. Seu eremitério no mosteiro tornou-se uma espécie de ponto de peregrinação para idealistas e ativistas. Em 1968, ele pediu permissão a seus superiores para viajar para a Tailândia a fim de assistir a uma importante convenção de monges budistas. O fato não tinha precedentes, pois os monges trapistas faziam um voto perpétuo de retiro do mundo externo. Entretanto, o abade concedeu a permissão e, no final daquele ano, Merton seguiu para a Índia.
Em 4 de novembro de 1968, ele se encontrou com o Dalai Lama em Dharmasala. Os dois homens descobriram uma base espiritual comum. Quando se despediram, o Lama elogiu Merton por sua grande erudição. Merton seguiu para Bangcoc, onde fez a abertura da convenção de monges budistas.
Tragicamente, poucas horas depois, foi encontrado morto em seu quarto de hotel depois de levar um choque elétrico na banheira. A data era 10 de dezembro de 1968, 27 anos após o dia em que entrara para o mosteiro de Gethsemani. Seu corpo foi transportado para lá, onde foi enterrado.

INFERNO? QUASE NINGUÉM MAIS ACREDITA NELE.



A razão por que muitos em nossos tempos não acreditam no inferno, é que nunca tiveram explicação exata do que ele significa: é frequente conceber-se o inferno como castigo que Deus inflige de maneira mais ou menos arbitrária, como se desejasse impor-se vingativamente como Soberano Senhor; o réprobo seria atormentado maldosamente por demônios de chifres horrendos, em meio a um incêndio de chamas, etc. — Não admira que muitos julguem tais concepções inventadas apenas para incutir medo ; não seriam compatíveis com a noção de um Deus Bom.

Na verdade, o inferno não é mais do que a consequência lógica de um ato que o homem realiza de maneira consciente e deliberada aqui na terra; é o indivíduo quem se coloca no inferno (este vem a ser primàriamente um estado de alma; vão seria preocupar-se com a sua topografia) ; não é Deus quem, por efeito de um decreto arbitrário, para lá manda a criatura, É o que passamos a ver.

Admitamos que um homem nesta vida conceba ódio a Deus (ou ao Bem que ele julgue ser o Fim último, Deus) e O ofenda em matéria grave, empenhando toda a sua personalidade (pleno conhecimento de causa e liberdade de arbítrio); essa criatura se coloca num estado de habitual aversão ao Senhor. Caso morra nessas condições, sem retratar, nem mesmo no seu íntimo, o ódio ao Sumo Bem, que sorte lhe há de tocar ?

A morte confirmará definitivamente nessa alma o ódio de Deus, pois a separará do corpo, que é o instrumento mediante o qual ela, segundo a sua natureza, concebe ou muda suas disposições. Depois da morte, tal criatura de modo nenhum poderá desejar permanecer na presença de Deus; antes espontaneamente pedirá afastar-se d'Ele. Não será necessário que, para isto, .o Juiz supremo pronuncie alguma sentença; o Senhor apenas reconhecerá, da sua parte, a opção tomada pela criatura ; Ele a fez livre e respeitará esta dignidade, em hipótese nenhuma forçando ou mutilando o seu alvitre.

Eis, porém, que desejar afastar-se de Deus e permanecer de fato afastada, vem a ser, para a alma humana, o mais cruciante dos tormentos. Com efeito, toda criatura é essencialmente dependente do Criador, do qual reflete uma imagem ou semelhança ; por conseguinte, ela tende por sua própria essência a se conformar ao seu Exemplar (é a natureza quem o pede, antecedentemente a qualquer opção da vontade livre); caso o homem siga esta propensão, ele obtém a sua perfeição e felicidade. Dado, porém, que se recuse, a fim de servir a si mesmo, não pode deixar de experimentar os protestos espontâneos e veementíssimos da natureza violentada. A existência humana torna-se então dilacerada : o pecador sente, até nas mais recônditas profundezas do seu ser, o brado para Deus ; esse brado, porém, ele o sufocou e sufoca, para aderir a um fim inadequado, fim que, em absoluto, ele não quer largar apesar do terrível tormento que a sua atitude lhe causa. — Na vida presente, a dor que o ódio ao Sumo Bem acarreta, pode ser temperada pela conversão a bens aparentes, mas precários..., pela auto-ilusão ; na vida futura, porém, não haverá possibilidade de engano!

É nisto que consiste primariamente o inferno. Vê-se que se trata de uma pena infligida pela ordem mesma das coisas, não de uma punição especialmente escolhida , entre muitas outras por um Deus que se quisesse “vingar” da criatura. Em última análise, dir-se-á que no inferno só há indivíduos que nele querem permanecer. — A este tormento espiritual se acrescenta no inferno uma pena física, geralmente designada pelo nome de fogo; certamente não se trata de fogo material, como o da terra, mas de um sofrimento que as demais criaturas acarretam para o réprobo, e acarretam muito naturalmente. Sim; quem se incompatibiliza com o Criador não pode deixar de se incompatibilizar com as criaturas, mesmo com as que igualmente se afastaram de Deus (o pecador é essencialmente egocêntrico), de sorte que os outros seres criados postos na presença do réprobo vêm a constituir para este uma autêntica tortura (não se poderia, porém, precisar em que consiste tal tormento).

Por último, entende-se que o inferno não tenha fim ; há de ser tão duradouro quanto a alma humana, a qual por sua natureza é imortal; Deus não lhe retira a existência que lhe deu e que, em si considerada, é grande perfeição. Embora infeliz, o réprobo não destoa no conjunto da criação, pois por sua dor mesma ele proclama que Deus é a Suma Perfeição, da qual ele se alheou (é preciso, nos lembremos bem de que Deus, e não o homem, é o centro do mundo).

Não se pense em nova “chance” ou reencarnação neste mundo. Esta, de certo modo, suporia que Deus não leva a sério as decisões que o homem toma, empenhando toda a sua personalidade; o Senhor não trata o homem como criança que não merece respeito. De resto, a reencarnação é explicitamente excluída por textos da Sagrada Escritura como os que se acham citados sob o no 8 deste fascículo.

Eis a autêntica noção do inferno, que às vezes é encoberta por descrições demasiado infantis e fantasistas.

Veja a propósito E. Bettencourt, A vida que começa com a morte (ed. AGIR) Cap. VI.










Por D. Estêvão Bettencourt

Fonte: Revista Pergunte e Responderemos. No. 03, Julho de 1957. Pág. 10-12. 

LITURGIA DIÁRIA - O CANDELABRO.

Primeira Leitura (Hb 10,19-25)

Leitura da Carta aos Hebreus.
19Sendo assim, irmãos, temos plena liberdade para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus. 20Ele nos abriu um caminho novo e vivo, através da cortina, quer dizer, através da sua humanidade. 21Temos um grande sacerdote constituído sobre a casa de Deus. 22Aproximemo-nos, portanto, de coração sincero e cheio de fé, com coração purificado de toda má consciência e o corpo lavado com água pura.
23Sem desânimo, continuemos a afirmar a nossa esperança, porque é fiel quem fez a promessa. 24Sejamos atentos uns aos outros, para nos incentivar à caridade e às boas obras. 25Não abandonemos as nossas assembleias, como alguns costumam fazer. Antes, procuremos animar-nos mutuamente, e tanto mais quanto vedes o dia aproximar-se.

Responsório (Sl 23)

— É assim a geração dos que buscam a vossa face, ó Senhor, Deus de Israel.
— É assim a geração dos que buscam a vossa face, ó Senhor, Deus de Israel.

Ao Senhor pertence a terra e o que ela encerra, o mundo inteiro com os seres que o povoam; porque ele a tornou firme sobre os mares, e sobre as águas a mantém inabalável.
— “Quem subirá até o monte do Senhor, quem ficará em sua santa habitação?” “Quem tem mãos puras e inocente coração, quem não dirige sua mente para o crime.
Sobre este desce a bênção do Senhor e a recompensa de seu Deus e Salvador”. “É assim a geração dos que o procuram, e do Deus de Israel buscam a face.”
Evangelho (Mc 4,21-25)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, Jesus disse à multidão: 21“Quem é que traz uma lâmpada para colocá-la debaixo de um caixote, ou debaixo da cama? Ao contrário, não a põe num candeeiro? 22Assim, tudo o que está escondido deverá tornar-se manifesto, e tudo o que está em segredo deverá ser descoberto. 23Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça”. 24Jesus dizia ainda: “Prestai atenção no que ouvis: com a mesma medida com que medirdes, também vós sereis medidos; e vos será dado ainda mais. 25Ao que tem alguma coisa, será dado ainda mais; do que não tem, será tirado até mesmo o que ele tem”.

Reflexão

A pessoa que recebeu a Palavra de Deus de bom grado em seu coração há de frutificar grandemente, de maneira que todos possam ver os seus frutos. Daí a parábola da candeia, que revela a posição que ocupará no reino espiritual aquele que se deixou transformar completamente pela semente da Palavra.Marcos apresenta alguns ditos de Jesus que são encontrados, dispersos, em Mateus e Lucas. O dito a respeito da lâmpada sobre o candelabro é encontrado no evangelho de Mateus, introduzido pela proclamação: “Vós sois a luz do mundo!” no início do Sermão da Montanha. Assim, o testemunho dos discípulos deve ser uma luz para o mundo. No ensinamento de Jesus, não há nenhuma falsidade oculta, como na doutrina dos fariseus, nem ensinamento reservado a grupos elitizados, como no gnosticismo.
“E disse-lhes: Vem porventura a candeia para se meter debaixo do alqueire, ou debaixo da cama? Não vem antes para se colocar no velador?” – Marcos 4:21
O candelabro era a lâmpada dos tempos de Jesus. Na parábola, a candeia significa a luz de Deus que brilha através de alguém que realmente teve uma experiência pessoal com Jesus. Sua vida vai manifestar um brilho especial como que dizendo ao mundo que se achou o caminho da paz, da alegria, da fé, que as pessoas tanto procuram. O papel da Palavra de Deus no coração do homem é justamente este, o de tirar o homem das trevas do ódio e da amargura, e coloca-lo na luz do amor de Deus. Uma vez que o indivíduo teve essa experiência e vai crescendo mais e mais no conhecimento de Deus, a luz de Cristo no seu interior vai brilhar cada vez mais intensamente a fim de se manifestar aos homens que ainda vivem nas trevas (João 1:4-5; I João 1:5-7)
“E disse-lhes: Vem porventura o candelabro para se meter debaixo do alqueire, ou debaixo da cama? Não vem antes para se colocar no velador?” – Marcos 4:21
O texto diz que a lamparina não vem para ser deixada num lugar qualquer da casa, mas sim no velador que sempre era posicionado em lugares altos de onde podia iluminar toda a casa. Jesus está dizendo que aquele que teve uma experiência genuína com Deus e que está crescendo em maturidade através da semente plantada em seu coração, certamente será posicionado em lugares cada vez mais estratégicos no reino espiritual de maneira que possa abençoar as pessoas de forma mais eficaz. Quem nos posiciona em lugares altos é o Senhor nosso Deus. Ele conhece o nosso coração e sabe se de fato temos frutificado e sido abençoadores de outras vidas. Aquele que é fiel no pouco sobre o muito será colocado (Mt. 25:23).
“Porque nada há encoberto que não haja de ser manifesto; e nada se faz para ficar oculto, mas para ser descoberto” – Marcos 4:22.
Jesus disse que nada está encoberto senão para vir à luz. Ele está querendo dizer que assim como uma semente plantada na terra permanece oculta por um certo tempo, vindo depois à luz, da mesma forma, toda semente divina plantada no coração do homem, tende a manifestar-se no seu devido tempo, revelando sua espécie. Aquele que tem recebido pela fé a Palavra de Deus em seu coração, mais cedo ou mais tarde, terá a alegria de ver esta Palavra manifestada aos homens, pelas novas atitudes e obras praticadas. A luz de Deus deixará de estar no oculto do coração, para ser algo notório a todos os homens (Gálatas 5:22-23)
“Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça” – Marcos 4:23. Os versículos seguintes aos mencionados acima mostram que, para que a luz venha a de fato manifestar-se, é necessário que o homem, canal da luz, seja um bom ouvinte da Palavra. Os versículos 23 e 24 dizem: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Também lhes disse: Atendei ao que ouvis”. Os ouvidos precisam atentar a toda palavra que sai da boca de Deus, porque destas viverá o homem (Dt. 8:3 b). O solo que frutificou na parábola do semeador foi aquele que, antes de tudo, ouviu a Palavra e a recebeu, e só então pôde dar o fruto esperado. Antes da frutificação vem o receber, e antes do receber vem o ouvir. A pergunta que queremos deixar aqui é sobre como temos ouvido a Palavra. Não o ouvir com os ouvidos naturais, mas com os ouvidos do coração. Porque toda frutificação depende de ouvidos sensíveis e receptivos ao que Deus está falando.
 “E disse-lhes: Atendei ao que ides ouvir. Com a medida com que medirdes vos medirão a vós, e ser-vos-á ainda acrescentada a vós que ouvis.” – Marcos 4:24-25
Quem ouve as palavras de Jesus e as acolhe não condena, mas pratica a misericórdia. Quem faz um julgamento usando a misericórdia como medida alcançará, por sua vez, misericórdia em abundância.
A sentença final pode ser um provérbio popular da Antigüidade, que interpreta as relações socioeconômicas daquelas sociedades, no mundo grego-romano e oriental. O rico acumula cada vez mais riquezas, à custa dos pobres, cada vez mais empobrecidos. Com certo constrangimento, seria aplicado na perspectiva da fé. Quem tem a fé vai se fortalecendo cada vez mais, enquanto aquele que não a tem, vai se debilitando.
Com que intensidade nós queremos ver a manifestação do brilho de Deus em nossas vidas? Qual o posicionamento no reino espiritual que esperamos da parte de Deus?  Todas estas questões dependem de como nos debruçamos de coração ao que estamos a ouvir da parte de Deus. A medida de unção, revelação e autoridade espiritual dependem de uma atitude cada vez mais positiva em relação à Palavra de Deus a nós ministrada. Se a desprezarmos ela não terá proveito para nós; mas se a valorizarmos, Deus nos acrescentará mais e mais de tudo o que ela oferece (Jeremias 29:13; 33:3).
Que toda transformação do nosso coração, operada por Deus e por Sua Palavra, possa resultar na iluminação de milhares de pessoas.







CN