quarta-feira, 31 de março de 2010

EPF - MÓDULO 2 - CARISMAS


Concluído o módulo 1, onde conhecemos profundamente a identidade da RCC, principalmente aquelas que são suas principais características, Batismo no Espírito Santo, Prática dos Carismas e Formas de vida Comunitária. E ainda, no referido módulo, a Espiritualidade da RCC. Com certeza, esses dois assuntos nos levaram verdadeiramente a uma intimidade maior com o movimento. Pois, quanto mais a conhecemos, mais a entendemos e com certeza mais amamos. Na transição para o módulo 2, fizemos uma estudo,onde foi analisado o Documento 53, com orientações pastorais da CNBB, para a Renovação Carismática Católica e que a imensa maioria dos servos se quer sabe da sua existência. Infelizmente, são muitos os que, perdidos em seu isolamento voluntário, se fecham ao conhecimento, e já não encontram importância em aprofundar-se sobre a espiritualidade na qual estão inseridos.
Hoje, a Escola Permanente de Formação, dará início ao módulo 2, CARISMAS. Com ele, buscaremos o estudo e a análise dos principais dons, aqueles apresentados por Paulo em 1Cor 12,4-10, os chamados dons efusos, somados em nove, serão estudados um a um, definindo seus conceitos, apresentando fundamentos bíblicos, doutrinários e nas experiências vivenciadas em grupos de oração e no cotidiano da vivência carismática, para obtenção de um melhor aprofundamento sobre esse tema tão polemizado.
QUER DEFENDER, AME. QUER AMAR, CONHEÇA.
Wellington Dantas - Ministério de Formação - G.O. Semeando a Paz - Pau dos Ferros,RN.

segunda-feira, 29 de março de 2010

RCC BRASIL: IDENTIDADE, UNIDADE E MISSÃO.




A Renovação Carismática Católica do Brasil tem desenvolvido um trabalho surpreendente nos últimos anos. Impressiona realmente o conjunto de atividades que este maravilhoso movimento tem colocado não somente em pauta mais que também já se encontra em prática.
O ano de 2009, foi notadamente um marco em sua história. Bom, pelo menos falo pelo que tenho acompanhado nos últimos três anos dos cinco em que nela me encontro, e desde a Ofensiva Nacional em 1993, não li nada que realmente a tenha apresentado de forma bastante ativa em seus trabalhos. O ano iniciou com abertura do I Fórum Carismático para Lideranças, realizado em Luziânia/GO, onde vivenciaram dias de muitas graças, como o próprio presidente do Conselho Nacional, afirma : “Cremos que aqueles dias marcaram nossa história, e, para glória de Deus, irão produzir abundantes frutos para a vida da RCC”. Marcos Volcan.
O que foi muito interessante, foi exatamente se utilizar dos princípios orientadores da Ofensiva Nacional e que são ainda muito úteis na atual caminhada: A Identidade, Unidade e Missão.
Muitos foram os aspectos analisados, as propostas apresentadas que marcarão os trabalhos para os próximos nove anos do Conselho Nacional, a partir do fórum, visando o planejamento estratégico para o Jubileu de Ouro em 2017. Não tive a oportunidade de me fazer presente, mas depois me foi enviado um Cd com tudo que de melhor aconteceu e não só me senti transportado para o momento como pude verdadeiramente ficar maravilhado com tantas graças ali derramadas.
Muitas pessoas dos diferentes estados do Brasil puderam interagir apresentando cada um sua realidade do dia-a-dia, proporcionando uma radiografia do movimento em todo país. Não restam dúvidas, a Renovação Carismática Católica do Brasil, saiu dali, extremamente fortalecida enquanto movimento eclesial. É com certeza uma nova fase pela qual passa a RCC Brasil. Claro que, ainda se tem muito para concretizar, mas, a grande verdade é que isso só poderá se consumar com iniciativas, ela teve e contínua tendo. Todos os projetos de evangelização que dali sairam e que já chegaram a todas as dioceses, com certeza, fará a Renovação Carismática muito mais forte não somente no exercício dos carismas ou no campo da evangelização, mas também no compromisso com a sua verdadeira vocação que é de promover na Igreja e para ela, o fruto de pentecostes.
Muitas propostas apresentadas, e dentre todas elas, muitas ainda podem ser adaptadas à nossa realidade local. Uma delas, por exemplo, era a criação de uma comissão ou ministério específico nas dioceses e estados para formar aqueles que foram identificados para a missão, discernido a vocação e enviá-los. Outros, dizia da necessidade de se fazer um mapeamento de toda a realidade local que necessita de missionários
, de escola missionária, capacitação missionária, etc. Todas as propostas deixaram clara a missão como prioridade, mas também a formação destes missionários. A qualificação desses operários da ultima hora, pelo o conhecimento é tão necessário, que poderia juntar-se aos apelos de Nossa Senhora em Fátima, em 1917: “Penitência, penitência, penitência” e “Formação, formação, formação”. Pois, somente com essa formação chegar-se-á ao conhecimento não só para adquerir solidez dos ensinamentos, como para a própria fé.
Esses projetos poderiam servir como modelos e a partir deles desenvolver outros. Por exemplo, mapear a realidade diocesana, deveria ser uma prioridade nas atribuições da coordenação. Dessa forma, poderia se obter uma radiografia do atual cenário na diocese. Suas principais necessidades, limitações, locais com condições para se tornar subsedes, como forma de descentralizar o núcleo evitando sobrecargas e consequentemente limitações. Nas subsedes, que funcionariam como uma espécie de regionalização diocesana, ainda poderia ter um coordenador de missao, desde que tenha as crendencias da unidade, igualdade e fraternidade.
Sabemos da limitação de missionários, mas, isso se tornaria possível mediante um meticuloso planejamento, um processo de otimização. Um núcleo diocesano, jamais poderá ser suficiente, para atender todas as necessidades dos grupos de oração. Até consegue parcialmente, mas, será sempre isso, impossibilitando que novas chamas possam ser acesas em outras cidades desejosas por essa efusão, consequentemente impedindo que exista expansão ou crescimento rumo uma diocese forte, com condiçoes de promover a Igreja. Por falta de um sério planejamento e por desconhecer parte dos grandes projetos do movimento, é que ainda temos em muitas dioceses, uma Renovação tímida, pouco ousada e limitada.
Outro grande momento no ano também foi o ENF – Encontro Nacional de Formação, onde projetos também foram apresentados, atualização nos novos materiais para a evangelização e muitos graças também derramadas.
Projetos como, Amazônia, que visa à evangelização na Ilha de Marajó junto às comunidades ribeirinhas. E todos podem ajudar nesse projeto, contribuindo mensalmente com um valor de R$ 15,00, alem de ta ajudando ao projeto, o contribuinte também receberá uma Revista bimestral com muita informação sobre a realidade atual do movimento. Tem ainda, o projeto “Eu amo a RCC”, (este último alias, muitos servos se quer sabe da sua existência), que tem como principal fundamento a construção da Sede Nacional da RCC, onde poderão ser realizados todos os encontros de lideranças e formação dos coordenadores. Mais o projeto contempla ainda os escritórios estaduais, que também necessitam de manutenção.
Muito significativo também no ENF, foi o projeto “Celebrando Pentecostes em sua Diocese”. Uma iniciativa que parte do Escritório Nacional até as coordenações diocesanas. Tem como principal objetivo, reavivar a chama de pentecostes, bem como, visando à expansão dessa graça.
Essa é a RCC do Brasil. Um instrumento vivo que visa preparar todo o povo para a segunda vinda do Cristo. Mas, requer ainda de uma maior disposição por parte de todos aqueles que a amam. De todos esses projetos, e ainda outros que assim como estes, também tem sua importância, muitas dioceses desconhecem parcialmente sua existência e em se tratando do interior dessas, então fica muito mais complicado. A necessidade para que chegue ao conhecimento de todos é imprescindível, pois, disso depende todo o custeio de alguns desses projetos, e aos outros, justifica-se também sua dependência, haja vista, a necessidade do bom desempenho nos grupos de oração.
Que cada servo, cada um que ama verdadeiramente a esse movimento, possa dar sua contribuição buscando-a conhecer cada vez mais para, assim amar cada vez mais.

sábado, 27 de março de 2010

CONGRESSO NACIONAL: INSCRIÇÕES ABERTAS



Sobre o evento

O Congresso Nacional da Renovação Carismática Católica do Brasil é promovido a cada ano para todos os membros do Movimento e, também, para todos aqueles que queiram conhecer a dinâmica carismática.
Um evento marcado por momentos de oração, louvor, escuta profética, pregações e partilhas fraternas. No Congresso Nacional, podemos acolher os direcionamentos de Deus para a RCC do Brasil, o que nos permite conservar a unidade.
Renovamos nossas forças, fortalecemos nossa identidade e reassumimos o compromisso de, na força do Espírito, juntos, difundir a Cultura de Pentecostes.

O tema
“Proclama a Palavra, anuncia a Boa Notícia!”. Esta é a moção geral para a Renovação Carismática Católica do Brasil neste ano, sendo também a temática do Congresso inspirada na II Carta de Paulo a Timóteo (II Tm 4, 1-5). Este tema tem como objetivo dar uma resposta ao mundo que apresenta tantas más notícias, mergulhado numa cultura de morte que desvaloriza a vida e que deprecia os valores cristãos. Neste contexto, a Palavra de Deus é destacada como luz que ilumina a todos (Sl 119, 105).

Programação
- Pregações;
- Momentos de oração;
- Shows;- Feira Carismática;
- Grupo de Oração Tesouro de Deus.

Presenças:
- Michelle Moran, presidente do ICCRS
- Serviço Internacional da RCC
- Oreste Pesare, diretor do escritório do ICCRS
- Jim Murphy (EUA), diretor do Instituto de Formação do ICCRS
- Dom Alberto Taveira, Arcebispo de Palmas/TO- Marcos Volcan, presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL e membros do Conselho

Local e data:
Expominas – Centro de Convenções e Feiras em Belo Horizonte/MG
14 a 18 de julho de 2010
Clica no link abaixo para as inscriçoes.
Disponível em:
Fonte: rccbrasil.org.br

quarta-feira, 24 de março de 2010

DOM ALBERTO ASSUME ARQUIDIOCESE DE BELÉM.


O Assistente Espiritual do Conselho Nacional da Renovação Carismática Católica, Dom Alberto Taveira, que há 14 anos estava à frente da Arquidiocese de Palmas,TO, assume amanhã a Arquidiocese de Belém. Sua despedida da Arquidiocese de Palmas, aconteceu com a celebração de sua última missa no dia 14.02.10. Dom Alberto Taveira foi nomeado no dia 30 de dezembro de 2009, pelo Papa Bento XVI, para assumir o comando da Arquidiocese de Belém. A posse na capital paraense está marcada para o dia 25 de março, amanhã.

QUE DEUS O ABENÇOE PODEROSAMENTE NESSE NOVO DESAFIO Á FRENTE DESSE NOVO APRISCO.

Abaixo numa entrevista concedida ao cancaonova.com, Dom Alberto Taveira Corrêa faz uma pequena avaliação dos quase 14 anos em que esteve à frente da Arquidiocese de Palmas (TO) e fala sobre a expectativa de assumir a Arquidiocese de Belém (PA).

cancaonova.com: O senhor poderia fazer uma pequena avaliação e citar alguns dos frutos destes quase 14 anos à frente da Arquidiocese de Palmas?
Dom Alberto: A Arquidiocese de Palmas (To) foi criada pelo saudoso Papa João Paulo II no dia 27 de março de 1996 e eu tomei posse no dia 31 de maio daquele mesmo ano. Era a experiência da fundação de uma Igreja. De começar tudo. Encontrei ali um povo muito bom, com prontidão e disposição para construir a vida da Igreja. Mas nós tivemos que construir todas as estruturas: pastorais, espirituais, materiais, e, durante estes anos nós fomos trabalhando, tínhamos até um princípio que circulava em nosso meio: “O possível nós fazemos hoje, o impossível nós deixamos pra amanhã”; é Deus quem faz o impossível, porque Ele é o Deus das coisas impossíveis e, assim, Ele foi realizando a Sua obra. Hoje, a Arquidiocese de Palmas entra num período que eu chamo de consolidação das suas estruturas. Na cidade de Palmas, que tem hoje cerca de 200 mil habitantes – talvez um pouco menos – há 26 paróquias. É a melhor relação entre número de habitantes e número de paróquias de todo o Brasil. É uma experiência muito bonita, porque nós temos a paróquia e o padre próximos do povo. Somos uma Igreja aberta a todas as manifestações da graça de Deus: os carismas, os movimentos, as novas comunidades. Terminamos o ano de 2009 com 188 missionários das novas comunidades em Palmas, 15 casas para religiosas, 14 escolas católicas – inclusive uma Universidade Católica. Graças a Deus, começamos o seminário Divino Espírito Santo. A partir deste 2010 todas as dioceses da província eclesiástica dessa cidade têm ali seus seminaristas, além de seminaristas de comunidades de vida que residem e estudam no nosso centro de estudos Mater Dei.
A avaliação que faço é muito positiva; estou redigindo um pequeno texto que se chama “Reflexão de um expectador”. Durante estes quase 14 anos eu fui um expectador e Deus foi o grande ator no teatro da vida da Igreja de Palmas. E a avaliação que eu faço é muito positiva. Devo dar graças ao Senhor por isso. Disse, principalmente aos padres, que a responsabilidade que lhes cabe agora é muito grande, trabalhamos juntos, elaboramos todos os projetos juntos, e agora cabe a eles, juntamente com o povo de Deus e os religiosos, religiosas e comunidades, levar adiante este trabalho. Agora, esta responsabilidade está nas mãos deste povo de Deus maravilhoso da Arquidiocese de Palmas.

cancaonova.com: Que experiência o senhor está levando para este novo tempo agora à frente da Arquidiocese de Belém?
Dom Alberto: A mudança é muito profunda. A primeira experiência que eu levo é não conhecer nada de Belém. Eu fui à capital do Pará para pregar o retiro do clero alguns anos passados; saí do aeroporto para a casa de retiros, da casa de retiros para o aeroporto. Não conheço a casa onde vou morar, não conheço a catedral, não conheço a Basílica de Nazaré, não conheço os padres, não conheço nada. Apenas sei que a graça de Deus vai me acompanhar. A mudança é profunda, porque eu saio de uma arquidiocese que foi fundada com a minha nomeação. A cidade de Belém fez, no dia 12 de janeiro, 394 anos; ela prepara o seu 4º centenário. A Arquidiocese de Belém, no ano de 2019, completará 300 anos da sua fundação.
Nós temos daqui para frente um desafio chamado “Congresso Eucarístico Nacional”, que neste ano de 2010 será em Brasília, mas o seguinte será na capital paraense. Então temos muitas atividades para enfrentar juntos. O que eu levo? Vontade de conhecer, de construir juntos o Reino de Deus e um imenso respeito pela história desta arquidiocese, que me é confiada agora. O desafio de ser fermento do Reino de Deus, de vida de Igreja neste grande mundo, que é a Amazônia e o desejo de que cada pessoa caminhe numa única direção: a da santidade. Este é o maior serviço que a Igreja pode prestar. Os detalhes, os projetos de trabalho, devemos fazer juntos, com o povo de Belém.

cancaonova.com: Dom Alberto, o senhor por muitos anos acompanhou e foi referência para muitas das novas comunidades e movimentos no Brasil e até no mundo. Estes laços de amizade e este acompanhamento continuam?
Dom Alberto: É claro! Eu sou – em nome do Conselho Pontifício dos Leigos – nomeado, pela Santa Sé, Assistente Internacional para todas as Novas Comunidades do mundo; e esta missão continua. Em nome da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) eu sou o Assistente Nacional para a Renovação Carismática Católica e continuo nesta missão, não muda nada; ao contrário, o meu apreço pelas comunidades novas, o meu apreço pelos movimentos, o meu apreço por esta ”Primavera da Igreja”, que são as manifestações do Espírito Santo no nosso tempo. Tudo isso continua e queremos que cresça cada vez mais, porque encontrarei em Belém muitas destas realidades da vida da Igreja.

domingo, 21 de março de 2010

VIGÍLIA DE ADORAÇÃO AO SENHOR JESUS

TEMA: AVIVA, Ó SENHOR, A TUA OBRA.
"Eu ouvi, Senhor, a tua fama, e temi; aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos; faze que ela seja conhecida no meio dos anos; na ira lembra-te da misericórdia". (Hab 3,2)

SEXTA – FEIRA: 26/03/10
HORAS: 19:00
LOCAL: CAPELA SÃO BENEDITO
(BAIRRO SÃO BENEDITO)
CIDADE: PAU DOS FERROS/RN

REALIZAÇÃO:
GRUPO DE ORAÇÃO SEMEANDO A PAZ – RCC

"Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei. Por isso eu derramei sobre eles a minha indignação..." (Ez 22,30-31).

VENHA SER HOJE ESSE HOMEM PROCURADO POR DEUS, E PEDIR UM DESPERTAR DO TEU POVO PARA A CONVERSÃO, UM LEVANTAR DO ABATIMENTO.

sexta-feira, 19 de março de 2010

MARAVILHOSO DOM DE LÍNGUAS II

Escrever sobre o carisma de línguas é um tema delicado porque envolve emoção, pode ser inquietante e algumas vezes, pode nos enganar, pois desestabiliza nossos velhos hábitos, nossas seguranças humanas e nossa falsa grandeza. Quaisquer que sejam nossos sentimentos, abramos nossos corações para o Espírito Santo no qual todos nós acreditamos para sermos curados de nossos preconceitos e temores e ficarmos cheios do Seu amor e graças. Carisma é um movimento de graça que confere àquele/àquela que recebe um poder extraordinário de ação. É um dos frutos da efusão do Espírito Santo. Esta efusão é um derramamento interior causado por um novo encontro com Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, de uma forma bastante pessoal. Não é uma nova forma de vida, mas um processo que revive a graça batismal que, na maioria de nós, tornou-se dormente nas profundezas de nossa alma.
Os carismas são sinais visíveis do amor de Deus. São graças especiais que nos conferem a aptidão e disponibilidade para assumir várias funções e cargos que são úteis para a renovação e desenvolvimento da Igreja. Geralmente, os carismas são conferidos a um indivíduo através da imposição das mãos:
“Não negligencieis o carisma que está em ti e que te foi dado por profecia quando a assembleia dos anciãos te impôs as mãos” (I Tm 4, 14).
“Por este motivo, eu te exorto a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos” (II Tm 1, 6).
Os carismas não dependem necessariamente da santidade de quem os exerce. Portanto, não permitamos que o pecado em nós nos impeça de exercê-los.
Entretanto, os carismas devem nos levar à santidade. É legítimo desejá-los na condição de que a vontade de Deus seja aceita, sem limitar, entretanto, a oferta do Senhor, impondo-Lhe o número de carismas que desejamos ter e exercer. A certeza da fé é necessária, pois os carismas poderão parecer, aos olhos dos homens, extraordinários, ridículos ou absurdos.

Há Muitos Carismas

Os carismas edificam a vida espiritual, elevam nossos louvores e guiam nossas orações de intercessão.

A. Rezando em Línguas, ou Glossolália

Este é o menor dos carismas, pois o “Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis” (Rm 8, 26-27). É também uma oração de louvor a Deus quando as palavras nos faltam para expressar nossa gratidão sincera. Geralmente a oração em línguas é um dos primeiros carismas que recebemos de Deus. Seu exercício constante abre facilmente caminho para outros carismas, porque requer muita simplicidade, humildade verdadeira, abandono profundo e um colocar-se à disposição do Espírito Santo. Este carisma é muito útil nas orações de intercessão, libertação e cura. É um dos raros carismas que podem ser usados para proveito pessoal.

B. Cantando em Línguas

Cantar em línguas é cantar uma melodia que não é composta, mas é inspirada pelo Espírito Santo. Às vezes, esta melodia pode ser uma língua que entendemos e interpretamos; outras vezes pode ser um tipo de linguagem infantil pura que é entendida apenas pelo Senhor. Assim como os salmos são orações oferecidas aos homens por Deus, para falar com Ele, rezar em línguas é um tipo de oração inspirada pelo Espírito Santo, através da qual ELE mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis. “Outrossim, o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza porque não sabemos o que pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis”. (Rm 8, 26).
O Beato Agostinho, em sua homilia sobre o Salmo 32, diz: “Não procure por palavras como se você pudesse explicar o que agrada a Deus. Simplesmente grite cantos de alegria...”.
Pode acontecer que recebamos os carismas de rezar e cantar em línguas e por vários motivos, como “temor de ser ridicularizado, vergonha, hesitar em exercer o dom, ignorância da presença do carisma, etc”, não o coloquemos em prática. Em tal situação, a ajuda de outros irmãos e irmãs no Grupo pode ser necessária para liberar os carismas. Pode bastar simplesmente deixar sua boca aberta enquanto um canto de Aleluia é cantado e ouvir outros cantando em línguas. Um entendimento pode ocorrer nesse momento e o dom ser liberado.

C. Falando em Línguas: Xenolalia

Significa falar em um língua que existe, mas não é conhecida em certo contexto, gerando a necessidade de interpretação. Geralmente este carisma é raro e quando ocorre há uma terceira pessoa – independente daquele /daquela que está falando em línguas – que recebe a interpretação do que foi dito. Em I Cor 14, 13, São Paulo diz: “Por isso, quem fala em línguas, peça na oração o dom de as interpretar”.
“Estes milagres acompanharão os que crerem: expulsarão os demônios em meu nome, falarão novas línguas” (Mc 16, 17).
“Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”. (At 2, 4).
Que o Espírito Santo nos encha com Seus carismas para que nos preparemos melhor para a nova evangelização. Acrescentemos ao nosso carisma atos de amor, a fim de transformar nossas vidas em uma chama que nunca se apagará, pois “a caridade jamais acabará”. (I Cor 13, 8).

Praticando o Carisma de Línguas na RCC - Por Julienne Mesedem
Fonte: ICCRS Outubro/Dezembro 2009
Formação de LíderesVolume XXXV, Número 5
Postada dia 10/03/2010


NOTA DO BLOG: Muito embora exista tanto a se falar sobre esse dom, essas postagens juntamente com outras anteriormente aqui publicadas, acredito serem suficientes para àquelas mentes em que ainda persistem raízes de alguma dúvida, obtenham avanços significativos no seu limitado conhecimento.

sábado, 13 de março de 2010

VISÃO DO INFERNO - PARTE III

"Lá, eles serão atormentados noite e dia para sempre"(Ap 20,10b).

Dei alguns passos para a janela, e vi que muitos daqueles miseráveis se golpeava e feriam uns aos outros e se mordiam como cães raivosos; outros se arranhavam o rosto, se laceravam as mãos, despedaçavam as próprias carnes e as atiravam pelo ar com desprezo. De repente, o teto da caverna se tornou transparente, como de cristal, e através dele se via um pedaço do céu e as radiantes figuras de seus companheiros para sempre salvos.
Os condenados bramiam com feroz inveja, porque os justos haviam sido olhados por ele, em certo tempo, como objeto de irrisão.
Peccator videbit et irascetur; dentibus suis fremet et tabescet [O pecador verá e se encolerizará a seus dentes rangerão].
- Diz-me - Perguntei a meu guia - Como é que não se ouve nenhuma voz?
- Aproxima-te ainda mais - me gritou.
Aproximei-me do cristal da janela e ouvi que uns rugiam e choravam contorcendo-se; outros blasfemavam e imprecavam os santos. Aquilo tudo era um caos de vozes e gritos autos e confusos, pelo que perguntei ao meu amigo:
Que dizem eles? Que estão gritando?
-
Recordando a sorte de seus companheiros bons, vêem-se obrigados a confessar: Nos insensati! Vitam illorum aestimabamus insaniam et finem illorum sine honoré [Nós, insensatos considerávamos uma loucura a vida que levavam, e seu fim sem honra]. Ecce quomodo computati sunt inter filios Dei et inter sanctos sors illorum est. Ergo erravimus a via veritatis [Eis que foram contados no numero dos filhos de Deus e sua sorte juntamente com a dos santos. Nós nos afastamos, pois, do caminho da verdade].
Por isso gritam: Lasati sumus in via iniquitatis et perditionis. Erravimus per vias difficiles, viam autem Domini ignoravimus [Corremos pelo caminho da iniqüidade e da perdição. Perdemo-nos por caminhos difíceis e não conhecemos o caminho do Senhor].
Quid nobis profuit superbia? [De que nos serviu nosso orgulho?]
Transierunt omnia illa tanquam umbra [Tudo passou como uma sombra].
Estes são os lúgubres cantos que ali ressoarão por toda a eternidade. Mas inúteis gritos, inúteis esforços, inútil pranto! Omnis dolor irruet super eos! [Toda a dor cairá sobre eles]. Aqui já não há tempo, há só eternidade.
Enquanto contemplava, cheio de horror, o estado de muitos de meus jovens, assaltou-me imprevistamente uma idéia:
-
Mas como é possível que os que se encontram aqui estejam todos condenados? Estes jovens estavam ontem à tarde vivos no Oratório.
O amigo me disse: -
Os que aqui vês vivem, mas estão mortos para a graça de Deus, e se morressem agora ou continuassem procedendo como no presente, se condenariam. Mas não percamos tempo; sigamos adiante.
E me afastou daquele lugar, e por um corredor que baixava a um profundo subterrâneo me conduziu a outro em cuja entrada estava escrito:
Vermis eorum non moritur, et ignis non extinguitur... Dabit Dominus omnipotens ignem et vermes in carnes eorum, ut urantur et sentiant usque in sempiternum (Judite 16, 21) [ Seu verme não morrerá e o fogo não se extinguirá... O Senhor onipotente dará fogo e vermes a suas carnes para que ardam e sofram eternamente].
Ali se contemplava o espetáculo dos atrozes remorsos dos que foram educados em nossas casas.
A recordação de todos e de cada um dos pecados não perdoados e sua justa condenação! A de terem tido mil remédios até mesmo extraordinários para se converterem ao Senhor, para serem perseverantes no bem, para ganharem o paraíso! A recordação de tantas graças prometidas, oferecidas e dadas por Maria Santíssima e não correspondidas! Terem podido se salvar com tão pouco esforço e perderem-se irremissivelmente para sempre! Lembrarem de tantos bons propósitos feitos e não compridos! Ah! Bem diz o provérbio que o inferno está cheia de boas intenções não realizadas!
Ali voltei a ver todos os jovens do oratório que havia visto pouco antes naquele forno (Alguns dos quais me estão ouvindo neste momento; outros já estiveram conosco, outros eu não conhecia). Aproximei-me e observei que todos estavam cheios de vermes e animais asquerosos que lhes roíam e consumiam o coração, os olhos, as mãos, as pernas, os braços, de maneira tão miserável que nem sei exprimir com palavras. Estavam imóveis, expostos a toda espécie de moléstias, e não podiam defender-se de modo algum.
Aproximei-me ainda mais para que me vissem esperando poder falar-lhes para que me dissessem algo, mas nenhum falava e nem me olhava. Perguntei então ao guia a causa disso, e me foi respondido que no outro mundo os condenados não tem liberdade. Cada um sofre ali todo o castigo que Deus lhe impôs, sem que possa haver mutação de espécie alguma.
- Agora é preciso - Acrescentou -
que também tu vás ao meio daquela região de fogo que viste.
- Não, não! -
Respondi aterrorizado -
Para ir ao inferno é preciso ser antes julgado; eu ainda não o fui. Não quero, pois, ir ao inferno.
- Diz-me - observou o amigo -
o que te parece melhor; ir ao inferno e livrar teus jovens, ou ficares fora e deixa-los no meio de tantos tormentos?
- Atordoados diante desta proposta, respondi:
-
Oh! Quero muito a meus caros jovens, quero que todos se salvem. Mas não poderíamos fazer de tal forma que nem eles nem eu entremos ai?
- Ainda estas em tempo
- me respondeu o amigo -
e também eles estão, desde que faças tudo o que podes.
Meu coração se dilatou e eu disse para mim mesmo:
-
Pouco me importa sofrer, desde que possa livrar dos tormentos estes meus queridos filhos.
- Vem, pois, dentro
- prosseguiu o amigo.
E vê a bondade e a onipotência de Deus, que amorosamente emprega mil meios de chamar a penitência teus jovens e salva-lo da morte eterna.
Tomou-me pela mão para introduzir-me na caverna, mal pus os pés no umbral encontrei inesperadamente transportado para uma magnífica sala com porta de cristal. Sobre estas, a regular distancias pendiam largos véus que cobriam outros tantos departamentos que comunicavam com a caverna.
O guia me indicou um dos véus, sobre o qual estava escrito "Sexto Mandamento", e exclamou:
-
A transgressão desse Mandamento é a causa da ruína eterna de muitos jovens.
- Mas não se confessaram?

- Sim, confessaram-se, mas os pecados contra a bela virtude, confessaram-nos mal ou calaram-nos por completo. Por exemplo, um que havia cometido quatro ou cinco desses pecados, confessou somente dois ou três. Há quem tenha cometido um só na meninice e sempre teve vergonha de confessa-lo, ou o confessou mal, ou não disse tudo. Outros não tiveram arrependimento nem propósito. Mais ainda: alguns, em vez de examinar sua consciência, estudavam o modo de enganar o confessor. E o que morre com tal resolução está disposto a ser do número de condenados, e assim será para toda a eternidade. Só os que, arrependidos de todo o coração, morrem com a esperança da eterna salvação, esses serão eternamente felizes. E agora queres ver por que a misericórdia de Deus te conduziu até aqui?
Levantei o véu e vi um grupo de meninos do Oratório, todos meu conhecidos, condenados por esse pecado. Entre eles havia alguns que, na aparência, têm boa conduta.
-
Pelo menos agora me deixarás escrever os nomes desses meninos para poder adverti-los em particular.
- Não é preciso - me respondeu.
-
Que devo então dizer a eles?
-
Prega por toda a parte contra a impureza. Basta avisa-los em geral, e não te esqueças de que, ainda que os avises em particular, prometerão, mas nem sempre com firmeza. Para conseguir isso se requer a graça de Deus, a qual, se pedida, jamais faltará a teus jovens. O bom Deus manifesta especialmente seu poder em Se compadecer e perdoar. Oração, pois, e sacrifício de tua parte. Quanto aos jovens, que ouçam tuas exortações, interroguem suas consciências, e ela lhes sugerirá o que devem fazer.
Estivemos então conversando cerca de meia hora sobre as condições necessárias para fazer uma boa confissão. Depois o guia repetiu várias vezes, erguendo a voz:
-
Avertere!... Avertere!...
- Que significa essa exclamação?
- Mudar de vida, mudar de vida!...
Todo confuso por aquela revelação, baixei a cabeça e estava a ponto de me retirar, quando o guia me chamou dizendo:
-
Ainda não viste tudo.
E dirigindo-se a outra parte, levantou outro véu, sobre o qual estava escrito:
Qui volunt divites fieri, incident in tentationem et laqueum diaboli [Os que querem ficar ricos, caem na tentação e no laço do demônio].
Li e exclamei:
-
Isso não diz respeito aos meus jovens, porque são pobres como eu; não somos ricos nem pretendemos sê-lo. Nem sequer o imaginamos.
Removido o véu, apareceram no fundo alguns meninos, todos meus conhecidos, que sofriam como os anteriores, e, mostrando-os, me disse:
-
Acho que é bem a teus meninos que essa inscrição diz respeito!
- Explica-me, pois, o porquê da palavra divites [ricos].
-
Por exemplo, alguns dos teus jovens têm o coração de tal maneira apegado a algum objeto material, que esse afeto os afasta do amor de Deus, e por isso faltam com caridade, a piedade, a mansidão. Não somente com o uso das riquezas se perverte o coração, mas também com o desejo delas, sobretudo se esse desejo ofende a justiça. Teus jovens são pobres, mas repara que a gula e o ócio são péssimos conselheiros. Há alguns que em seus lugares de origem se tornaram culpados de furtos significativos e, podendo, não penso em restituir. Há quem estuda a maneira de abrir com chaves falsas a dispensa; quem procura entrar no escritório do prefeito ou do ecônomo da casa; quem vai remexer as malas dos companheiros para roubar-lhes comestíveis, dinheiro ou livros para seu uso...
De uns e de outros me disse os nomes, e prosseguiu:
- Alguns se encontram aqui por se terem apropriado de objetos do vestuário, roupa branca, cobertores e colchas que pertenciam à rouparia do Oratório, para envia-los a suas casas. Alguns, por terem causado voluntariamente danos graves e não os terem reparado. Outros, por não terem devolvido coisas que lhes haviam sido emprestadas; e alguns por terem retido somas de dinheiro que lhes haviam sido confiadas para que as entregassem ao superior. E concluiu dizendo:
-
Já que tais pessoas te foram indicadas, avisa-as; diz-lhes que rejeitem todos os desejos inúteis e nocivos, que sejam obedientes à lei de Deus e zelosos de sua honra; se não forem assim, a cobiça os arrastará a excessos piores que os submergirão nas dores, na morte, na perdição.
Eu não conseguia entender como, para certas coisas considerdas insignificantes pelos nossos jovens, haviam sido preparados castigos tão horríveis
. Mas o amigo cortou minhas reflexões, dizendo:
-
Recorda o que te foi dito diante do espetáculo dos cachos estragados da videira.
E levantou outro véu, que ocultava muitos de nossos jovens, os quais logo reconheci, pois estão presentemente no Oratório. Sobre o véu estava escrito:
Radix omnium malorum [Raiz de todos os males]. E logo me perguntou:
-
Sabes o que significa isso? Sabes qual é o pecado indicado por essa epígrafe?
- Parece-me que só pode ser o do orgulho.
- Não -
respondeu.
-
Mas sempre ouvi dizer que o orgulho é a raiz de todo o pecado.
- Sim, genericamente é; mas, em concreto, sabes qual foi o pecado que fez cair Adão e Eva no primeiro pecado, em conseqüência do qual foram expulsos do Paraíso terrestre?
- A desobediência.
- Precisamente; a desobediência é a raiz de todo o mal.
- E que devo dizer a meus jovens sobre esse ponto?
- Presta atenção: os jovens que tu vês aqui são os desobedientes, que vão preparando para si próprios tão lamentável fim. Esses tais e outros que tu crês que foram descansar, à noite descem a passear no pátio; não fazendo caso das proibições, vão a lugares perigosos, trepam nos andaimes de obras em construção, pondo em risco até a própria vida. Alguns, apesar das prescrições do regulamento, na igreja não estão como devem; em vez de rezarem, pensam em coisas completamente diversas, constroem na sua mente castelos no ar. Outros perturbam os companheiros. Há os que procuram posturas cômodas e dormem durante as sagradas funções. Outros, tu crês que vão à igreja e no entanto não vão. Ai do que descuida a oração! Quem não reza se condena! Alguns estão aqui porque, em vez de cantar os cânticos sagrados ou o ofício da Santíssima Virgem, lêem livros que tratam de tudo menos de religião, e alguns - o que é muito vergonhoso! - chegam a ler livros proibidos.
E continuou enumerando várias outras transgressões que são causa de graves desordens. Quando terminou, comovido olhei o guia na face; ele também me fitou, e eu lhe disse:
-
E todas essas coisas, poderei contá-las a meus jovens?
- Sim, podes dizer a todos eles aquilo de que te recordares.
- E que conselho poderei dar-lhes para que não lhes sucedam tão graves desgraças?
- Insistirás demonstrando como a obediência, mesmo nas menores coisas, a Deus, á Igreja, aos pais e aos superiores, os salvará.
-
E que mais?
- Dirás a teus jovens que evitem muito o ócio, porque essa foi a causa do pecado de Davi. Diz-lhes que estejam sempre ocupados, porque assim o demônio não terá tempo de assalta-los.
Inclinei a cabeça e prometi. Não mais suportando aquele terror, disse o amigo:
-
Agradeço-te a caridade que tiveste comigo, mas rogo-te que me faças sair daqui.
- Vem comigo -
disse-me então - e, encorajando-me, tomou-me pela mão e sustentou-me, porque eu me sentia extenuado e sem forças. Uma vez saídos da sala, atravessamos rapidamente o horrível pátio e o largo corredor de entrada; antes de atravessar o umbral da última porta de bronze, mais uma vez voltou-se para mim e exclamou:
-
Agora que viste os tormentos dos outros, é preciso que tu também experimentes um pouco o Inferno.
- Não! Não! -
gritei horrorizado.
Ele insistia e eu recusava sempre.
- Não temas - dizia-me -
é só para experimentar; toca nessa muralha.
Eu não tinha coragem e queria afastar-me; mas ele me segurou, dizendo-me:
-
No entanto, é necessário que experimentes!
E me agarrou resolutamente pelo braço e me levou para junto da muralha, dizendo:
-
Toca rapidamente uma vez só, para que possas dizer que estiveste visitando as muralhas dos suplícios eternos e as tocaste; e também para que compreendas como será a última muralha, se a primeira já é tão terrível. Vês esta muralha?
Observei-a com mais atenção; era de colossal espessura. O guia prosseguiu:
-
Esta é a milésima parede antes de chegar ao verdadeiro fogo do inferno. Mil muralhas o rodeiam. Cada uma delas tem mil medidas de espessura, e essa é a distância entre cada uma delas; cada medida é de mil milhas; esta muralha dista, pois, um milhão de milhas do verdadeiro fogo do Inferno e, portanto, é um pequeníssimo princípio do mesmo Inferno.
Dito isso, e vendo que eu me encolhia para não tocar a muralha, agarrou minha mão, abriu-a com força e fez com que eu a encostasse na pedra daquela milésima muralha. Naquele instante senti uma queimadura tão intensa e dolorosa que, saltando para trás e dando um fortíssimo grito, acordei.
Encontrei-me sentado na cama, e sentindo que a mão ardia, esfregava-a na outra mão para fazer cessar aquela sensação. Quando amanheceu, observei que a mão estava realmente inchada; e a impressão imaginária daquele fogo foi tão forte que pouco depois a pele da palma da mão se desprendeu e mudou.
Tende em consideração que não vos contei estas coisas com todo o seu horror tal como as vi, e com a impressão que me fizeram, para não vos assustar demais. Sabemos que o Senhor nunca falou do inferno a não ser por figuras, porque, ainda quando no-lo houvesse descrito como é, não o teríamos entendido. Nenhum mortal pode compreender essas coisas. O Senhor as conhece e pode dize-las a quem quiser.
Várias noites sucessivas tive tal perturbação, que não pude dormir por causa do medo.
Contei-vos brevemente o que vi em sonhos muito longos; deles não vos fiz senão um breve resumo. Darei mais tarde instruções sobre o respeito humano, sobre o sexto e o sétimo Mandamentos, sobre o orgulho. Não farei mais do que explicar esses sonhos; porque em tudo estão conformes com a Sagrada Escritura; ainda mais, não são senão um comentário do que se lê sobre o tema na mesma Escritura.
Nestas noites, já vos contei algumas coisas, mas quando puder vir falar-vos contar-vos-ei as restantes, dando- vos as respectivas explicações

quinta-feira, 11 de março de 2010

VISAO DO INFERNO - PARTE II

"E quem não se achava inscrito no livro da vida, foi também lançado no lago de fogo" (Ap 20,15).


Havíamos chegado a uma baixada cujas ribanceiras ocultavam as demais regiões vizinhas; o caminho, sempre em declive, se tornava cada vez mais horrível, sem pavimentação, cheio de buracos, degraus, pedras e rochas arredondadas.
Havia perdido de vista a todos os meus jovens, muitíssimos dos quais haviam saído daquele caminho traiçoeiro para tomar outros rumos.
Continuei caminhando. Quanto mais avançava, mais áspera e rápida era a descida, de modo que às vezes resvalava e caía por terra, onde ficava um pouco para retomar o fôlego. De tempos em tempos o guia me sustentava e me ajudava a levantar. A cada passo as articulações se me dobravam e parecia que meu ossos se iam desconjuntar. Ofegante, eu dizia ao que me guiava:
-
Meu amigo, minhas pernas já não podem me sustentar: estou tão esgotado que me é impossível prosseguir a caminhada.
O guia não respondeu, mas fazendo-me sinal para ter ânimo continuou o caminho; até que, vendo-me suado e morto de cansaço, conduziu-me a um patamarzinho que havia na entrada. Sentei-me, respirei profundamente e me pareceu descansar um pouco. Eu olhava entrementes o caminho percorrido: parecia quase vertical, semeado de espinhos e pedras ponteagudas. Olhava depois o caminho que ainda devia percorrer e fechava os olhos aturdido. Por fim, exclamei:
-
Por caridade, voltemos par trás. Se continuamos adiante, como faremos para retornar ao Oratório? Serme-á impossível subir essa encosta.
O guia respondeu resolutamente:
-
Agora que chegamos a este ponto, queres que te deixe só?
Diante da ameaça, exclamei em tom dolorido: - Sem ti, como poderei voltar para trás ou continuar a viagem.
- Pois bem, segue-me - acrescentou.
Levantei-me e continuamos descendo. O caminho se tornava cada vez mais espantoso e intransitável, de modo que mal podia manter-me em pé.
Eis que no fundo desse precipício, que terminava num vale sombrio, apareceu um imenso edifício que exibia, diante de nosso caminho, uma porta altíssima, fechada. Chegamos ao fundo do precipício. Um calor sufocante me oprimia e uma densa fumaça esverdeada se elevava em torno das muralhas, marcadas por chamas cor de sangue. Levantei os olhos para ver a altura dos muros; eram mais altos que uma montanha. Perguntei ao guia:
-
Onde é que nos encontramos? Que é isso?
- Lê naquela porta -
respondeu -
pela inscrição saberás onde estamos.
Olhei e vi escrito na porta: Ubi non est redemptio [onde não há redenção]. Dei-me conta de que estávamos na porta do Inferno.
O guia me levou a fazer o contorno das muralhas daquela horrível cidade. De espaço a espaço, a distância regular, via-se uma porta de bronze como a primeira, também no ponto final de uma espantosa vertente, e todas tinham uma inscrição latina distinta das anteriores.
Discedite, maledicti, in ignem aeternum, qui paratus est diabolo et Angelis eius... Omnis arbor quae non facit fructum bonum excidetur et in ignem mittetur [Afastai-vos, malditos, ide para o fogo eterno que está preparado para o diabo e seus anjos... Toda árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo].
Apanhei um lápis para copiar as inscrições; mas o guia me disse:
-
Que estás fazendo?
-
Tomo nota destas inscrições.
-
Não é preciso; tu as tens todas na Escritura. Algumas delas até as mandaste colocar nas portas [de teu Oratório].
Diante de tal espetáculo, eu teria desejado voltar para trás e marchar para o Oratório; já havia dado alguns passos, mas meu guia nem se moveu. Percorremos um imenso e profundíssimo barranco e novamente nos encontramos diante da primeira porta, aos pés da vertente por onde havíamos descido. De repente o guia recuou e, com o rosto entristecido e desfeito, fez sinal para que me afastasse, dizendo:
-
Observa!
Assustado, voltei os olhos para trás e vi a uma grande distância, por aquele rapidíssimo caminho, alguém que caía precipitadamente. Conforme ia se aproximando, procurava fixar-lhe o rosto; afinal reconheci nele um dos meus jovens. Seus cabelos, em parte desordenados e eriçados, em parte lançados para trás por efeito do vento; seus braços, estendidos para adiante em atitude de quem nada para escapar do naufrágio. Queria parar e não podia. Tropeçava nas pedras salientes do caminho e elas mesmas serviam para dar-lhe mais impulso na queda.
- Corramos, vamos Pará-lo e ajuda-lo - dizia eu, enquanto estendia para ele as mãos.
- Não, deixa - dizia-me o guia.
-
Por que não posso Pará-lo?
- Não sabes como é terrível a vingança de Deus?

Porventura crês que és capaz de parar alguém que foge da cólera acesa do Senhor?
Entrementes, o jovem, voltando a cabeça para trás e olhando com olhos esbugalhados para ver se a ira de Deus o perseguia, lançava-se ao fundo e ia chocar-se na porta de bronze, como se em sua fuga não pudesse encontrar melhor refúgio.
- Por que - perguntava eu -
aquele jovem olha para trás com tanto espanto?
-
Por que a ira de Deus atravessa todas as portas do Inferno e vai atormenta-los até em meio do fogo.
De fato, ante aquele encontrão, com estrondo se abriu a porta. Por trás dela abriram-se ao mesmo tempo, com estrondo ensurdecedor, duas, dez, cem, mil portas mais, empurradas pelo jovem que era levado por um torvelinho invisível, irresistível, velocíssimo. Todas essas portas de bronze, uma defronte à outra, embora a grande distância, ficavam um instante abertas. Vi no fundo, muito distante, como que a boca de um grande forno, e enquanto o jovem se precipitava naquela voragem, elevaram-se bolas de fogo. As portas voltaram a fechar-se com a mesma rapidez com que se haviam aberto. Tirei então minha caderneta para escrever o nome e o sobrenome daquele desgraçado, mas o guia, segurando-me pelo braço, intimou-se:
-
Espera e observa novamente.
Olhei e presenciei outro espetáculo. Vi que por aquela vertente se precipitavam outros três jovens das nossas casas, os quais, à maneira de três pedras, rolavam rapidissimamente um após o outro. Tinham os braços abertos e urravam de terror.
Chegaram ao fundo e foram bater na primeira porta. No mesmo instante, reconheci todos os três. A porta se abriu e, por trás delas, as outras mil; os jovens foram empurrados no compridíssimo corredor, ouviu-se um prolongado rumor infernal, que se afastava mais e mais, e desapareceram, cerrando-se as portas.
Muitos outros pouco a pouco foram caindo atrás desses. Vi cair um pobrezinho empurrado por um pérfido companheiro. Uns caíam sós, outros acompanhados; uns seguros pelo braço e outros soltos, ainda que bastante juntos uns dos outros. Todos levavam escrito na fronte o seu pecado. Eu os chamava com grande aflição, enquanto caíam. Mas os jovens não me ouviam; retumbavam as portas infernais ao abrir-se, fechavam-se depois, e seguia-se um silêncio sepulcral.
- Eis uma das causas principais de tantas condenações - exclamou meu guia -
maus livros, maus companheiros e hábitos perversos.
Os laços que antes havia visto eram os que arrastavam os jovens ao precipício. Ao ver caírem tantos deles, disse com voz desolada:
-
Mas então é inútil trabalharmos em nossos colégios, se tantos são os rapazes aos quais aguarda esse fim. Não haverá nenhum outro remédio para impedir a perda de tantas almas?
Respondeu o guia: -
Esse é o estado atual em que se encontram, e se morressem, para cá viriam sem mais.
- Nesse caso, deixa-me anotar seus nomes para que eu possa avisa-los e pô-los no caminho do Paraíso.
- E crês que alguns deles, avisado, se corrigiriam?
Num primeiro momento, o aviso os impressionará; depois o desprezarão, dizendo: "mais um sonho!", e ficarão piores do que antes. Outros, sabendo-se descobertos, freqüentarão os Sacramentos, mas sem boa vontade e sem mérito, porque não o farão bem. Outros se confessarão, mas só por temor momentâneo do Inferno, sem arrancar de seu coração o afeto ao pecado.
- Não há, então, remédio para esses desgraçados?
Dá-me um remédio que possa salva-los.
- Eles têm superiores: que lhes obedeçam! Têm um regulamento: que o observem! Têm os Sacramentos: que os freqüentem!
Nesse meio tempo, precipitou-se outro bando de jovens, e as portas ficaram abertas por uns instantes.
- Entra tu também - me disse o guia.
Retrocedi horrorizado. Estava com a idéia de que devia voltar logo ao Oratório para avisar os jovens e segura-los pra que nenhum se perdesse. Mas o guia insistiu:
- Vem, e aprenderás muitas coisas.
Diz-me, antes, porém: queres ir só ou acompanhado?
Disse isso para que eu reconhecesse a insuficiência de minhas forças, e ao mesmo tempo a necessidade de sua benévola assistência. Respondi:
-
Só?! A esse lugar de horrores?! Sem ser ajudado por tua bondade?! Quem é que me poderia ensinar o caminho de volta?
Mas no mesmo instante senti-me cheio de coragem, pensando comigo mesmo:
-
Só pode ir para o Inferno quem já foi julgado, e eu ainda não o fui.
Em conseqüência, exclamei resoluto:
-
Entremos, pois!
Adentramos aquele estreito e horrível corredor. Corríamos com a velocidade do relâmpago. Em cada uma das portas interiores brilhava com tétrica luz uma inscrição ameaçadora. Quando terminamos de percorre-lo, fomos parar num vasto e tenebroso pátio, em cujo o fundo via-se uma grossa e horrível portinha, como jamais vi igual, e nela estava escrita estas palavras: Ibunt impii in ignem aeternum [Os ímpios irão para o fogo eterno]. Todas as paredes em volta estavam cheias de inscrições. Pedi permissão para o guia para lê-las, e me respondeu:
-
A vontade.
- Então examinei tudo. Num lugar, vi escrito: Dabo ignem in carnes eorum ut comburantur in sempiternum [Darei fogo a suas carnes para que queime eternamente]. Cruciabuntur die ac nocte in saecula saeculorum [Serão atormentados dia e noite pelos séculos dos séculos]. Noutro lugar: Hic universitas malorum per omnia saecula saeculorum [Aqui está o conjunto dos moles pelos séculos dos séculos]. E noutro:
Nullus est hic ordo, sed horror sempiternus inhabitat [Aqui não há ordem, mas habita horror eterno]. Fumus tormentorum suorum in aeternum ascendit [Eternamente estará subindo o fumo de seus tormentos]. Non est pax impiis [Não há paz para os ímpios]. Clamor et stridor dentium [Clamor e ranger de dentes].
Enquanto eu estava lendo as inscrições a volta, o guia, que havia ficado no meio do pátio, aproximou-se e me disse :
-
A partir daqui ninguém mais poderá ter um companheiro que o sustente, um amigo que o conforte, um coração que o ame, um olhar compassivo, uma palavra benévola; passamos a linha. Queres ver ou experimentar?
- Só quero ver
- Respondi.
- Vem, então - acrescentou o amigo, e tomou-me pela mão.
Levou-me assim adiante daquela portinha e abriu-a . comunicava com um espaço em cujo fundo havia uma grande cova fechada com uma ampla janela de um só cristal que ia desde o piso até o teto, e através do qual se podia divisar o interior. Dei um passo para trás e retrocedi até o umbral da porta, tomado por indescritível terror.
Apareceu diante de meus olhos uma espécie de imensa caverna que se perdia como que nas entranhas da montanha, cheias de fogo, não comovemos na terra, com chamas vivas, mas um fogo tal e tão ardente que tudo o que havia em torno estava torrado e embranquecido pelo excessivo calor. Paredes, tetos, chão, ferro, pedra, lenha, carvão, tudo estava branco e incandescente. Com certeza o fogo era de milhares e milhares de graus de calor; mas nada se reduzia as cinzas, nada se consumia.
Não sou capaz de descrever aquela caverna em toda a sua espantosa realidade. Praeparata est enim ab hero Thopheth, a rege praeparata, profunda et dilatata. Nutrimentum eius, ignis et ligna multa: flatus Domini sicut torrens sulphuris succendens eam (Isaías, 30, 33) [Desde muito tempo, foi Thopheth preparada por seu dono, foi preparada pelo rei, profunda e larga. Seu alimento é fogo e muita lenha; o sopro do Senhor, como uma torrente de enxofre, a mantém acesa].
Enquanto eu olhava tudo aquilo estarrecido, vejo inesperadamente cair com fúria incoercível um jovem que, lançando um grito lancinante, como o de uma pessoa, que estivesse a ponto de cair num lago de bronze derretido, se precipita no meio do fogo, torna-se incandescente como toda a caverna e fica imóvel, ressoando por uns instantes o eco de sua voz agoniada.
Cheio de horror, fechei os olhos no jovem, e pareceu-me um do oratório, um de meus filhos!
- Mas, não é este um de meus rapazes? - Perguntei ao guia -
Não é fulano de tal?
- Sim, é ele -
Me respondeu.
- E porque - Acrescentei - Não muda de posição? Como é que esta assim incandescente e não se consome?
- Preferiste ver, por isso agora não me fales. Olha e verás.
Ademais, omnis enim igne salietur et omnis victima sale salietur (S. Marcos, 14, 15) [Será salgado com fogo e toda vítima se condimentará com sal].
Mal havia voltado os olhos, quando outro jovem, com furor desesperado e grandíssima velocidade, corre e se precipita na mesma caverna. Também era do oratório. Mal caiu, já não se moveu mais; também ele havia lançado um grito lancinante, e sua voz se havia confundido, com o ultimo eco do grito do que cairá antes.
Chegaram depois outros igualmente precipitados; seu numero aumentava cada vez mais, todos lançavam o mesmo grito e ficavam imóveis incandescentes, como os que os tinham precedido.
Observei que o primeiro teria ficado com a mão no ar e com o pé também suspenso no alto o segundo havia ficado como que dobrado para baixo. Uns tinham os pés no ar; outros, a cara contra o solo; outros, estavam como que suspensos, sustentando-se com um só pé e com uma só mão. Havia os sentados ou estendidos, apoiados de um lado em pé ou de joelhos, com as mãos entre os cabelos. Havia, por fim, um grande número de jovens como estatuas, em posições cada qual mais dolorosa.
Vieram ainda muitos mais aquela fornalha. Jovens que em parte eu conhecia e em parte eram desconhecidos. Lembrei-me então do que está escrito na Bíblia: como se cai pela primeira vez no inferno, assim se estará eternamente.
Lignum, in quocumque loco ceciderit, ibi erit [onde cair a árvore, ali ficará].
Aumentava em mim o espanto, e perguntei ao guia:
-
Mas esses que ocorrem com tanta velocidade, não sabem que vem ter aqui?
-
Oh, sim! Sabem que vão para o fogo! Foram avisado mil vezes, mas correm voluntariamente por causa do pecado, que não detesta e não querem abandonar, porque desprezaram e rechaçaram a misericórdia de Deus que incessantemente os chamava a penitência. Por isso a justiça Divina, provocada, os empurra, os insta, os persegue e não podem parar enquanto não chegam a este lugar.
Qual não deve ser o desespero destes desgraçados sem a menor esperança de sair daqui!
- Exclamei. - Queres conhecer as inquietações e os furores das almas deles? Aproxima-te um pouco mais - Respondeu o guia.



CONTINUA ...

terça-feira, 9 de março de 2010

DOM BOSCO E A VISAO DO INFERNO - PARTE I

"Afastem-se de mim, malditos. Vão para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos" (Mt 25,41)
"Aí haverá choro e ranger de dentes" (Mt 25,30).

Dom Bosco ( carinhosamente chamado de Dom Bosco, pois na Itália, onde viveu, os padres são chamados de Dom; palavra que vem de “Dominus” que quer dizer Senhor), figura ímpar nos anais da santidade do século XIX, homem dotado do dom da profecia e dos milagres, teve ainda durante sua vida (1815-1888), alguns sonhos de caráter sobrenatural que tiveram grande importância. Depois de relutar um tempo em não acreditar, pois julgava ser meros frutos da imaginação ou ilusões diabólicas, aconselhado pelo seu diretor espiritual, conseguiu compreender que tais sonhos tinham inspiração divina. Alguns anos após, o Papa Pio IX pede a Dom Bosco que escrevesse de forma pormenorizada esses sonhos. Assim o fez, e entre vários, um deles está o livro Céu, Inferno e purgatório, onde ele descreve de forma importante relatos de sua visita. O Livro é da Editora: Arpress. Ano: 2005, Edição: 3.

A partir de hoje, vamos iniciar o relato descrevendo o vestíbulo do inferno. Parte do seu sonho em que ele tem uma visão desse lugar de tormentos. Este será dividido em três partes por ser constituídos em sua maioria de diálogos, o que torna os textos bastante extensos.
Passemos assim, ao relato do referido sonho.

Na noite de domingo, 3 de maio de 1869, festa do Patrocínio de São José, Dom Bosco retornou a narração do que tinha visto nos seus sonhos.
- Devo - principiou -
contar-vos outro sonho, que se pode considerar conseqüência dos que vos narrei na 5ª e na 6ª feira à noite, os quais me deixaram tão cansado, que dificilmente me podia manter em pé. Chamai-lhes sonhos ou dai-lhes outro nome...; chamai-lhes como quiserdes.
-
Por que não falas?
Voltei-me para o lugar de onde procedia a voz e vi junto ao meu leito um personagem distinto. Tendo compreendido o motivo da censura, perguntei-lhe:
-
E que deverei dizer a nossos jovens?
- O que viste e te foi dito nos últimos sonhos, e também o que desejavas conhecer, e que te será revelado na próxima noite.
E desapareceu.
No dia seguinte inteiro, estive pensando na péssima noite que haveria de passar; e chegada a hora, não me decidia a ir dormir. Fiquei lendo, sentado à mesa, até meia noite. Enchia-me de terror a idéia de ter que presenciar ainda outros espetáculos terríveis. Fiz, afinal, violência sobre mim mesmo e fui deitar-me.
Para não dormir tão rapidamente, com temor de que a imaginação me levasse aos costumeiros sonhos, apoiei o travesseiro na parede, de modo a ficar quase sentado no leito. Mas, como estava moído de cansaço, sem que me desse conta o sono logo se apoderou de mim. E eis que de repente vejo no quarto, junto a minha cama, o homem da noite anterior, o qual me diz:
-
Levanta-te e vem comigo!
- Rogo-te, por caridade - lhe respondi - deixa-me tranqüilo, pois estou cansado demais. Há vários dias sou atormentado pela dor de dentes. Deixa-me descansar. Tive sonhos espantosos; estou extenuado.
Dizia isso também porque a aparição desse homem é sempre sinal de grande agitação, cansaço e terror.
- Levanta-te, que não há tempo a perder! - me respondeu.
Então levantei-me e segui-o. No caminho, perguntei:
-
Aonde me queres levar desta vez?
- Vem e verás.
Conduziu-me a um lugar onde se estendia uma imensa planície. Olhei à volta, meã de lado algum conseguia ver os confins dela, de tal forma era ela extensa. Era um verdadeiro deserto! Não aparecia ser vivo algum. Não se via nem uma planta nem um rio; a vegetação seca e amarelecida mostrava aspecto desolador. Não sabia onde me encontrava, nem o que iria fazer. Durante alguns instantes perdi de vista o guia. Receei me ter perdido. Não estavam comigo nem o Padre Rua, nem o Padre Francesia, nem ninguém mais. Eis que descubro de novo o amigo, que vinha a meu encontro. Respirei e lhe perguntei:
-
Onde estou?
- Vem comigo e verás.
- Bem, irei contigo.
Caminhava ele na frente e eu o seguia em silêncio. Após uma longa e triste caminhada, pensando que precisaria atravessar toda a imensa planície, dizia para mim mesmo:
- Pobres de meus dentes! Pobre de mim, com as pernas inchadas!...
De repente, sem saber como, aparece diante de mim uma estrada. Rompi então o silêncio, perguntando ao meu guia:
-
Aonde vamos agora?
- Por aqui
- respondeu-me.
E nos encaminhamos por aquela estrada. Era bonita, larga, espaçosa e bem pavimentada. Via peccantium complanata lapidibus, et in fine illorum inferi, et tenebrae, et poenae (Eclesiástico, 21, 11) [O caminho dos pecadores é muito bem pavimentado, mas no final dele estão o inferno, as trevas e os castigos].
Nos dois lados do caminho, havia duas belíssimas sebes, verdes e cobertas de flores encantadoras. As rosas, especialmente, brotavam por todas as partes entres as folhas. + primeira vista esse caminho parecia plano e cômodo; e sem suspeitar de nada, me pus a caminhar por ele. Mas à medida que prosseguia, notei que ia imperceptivelmente declinado e, ainda que não parecesse muito rápida e descida, sem embargo disso eu corria a uma tal velocidade que parecia estar sendo levado pelo vento. Mais ainda, dei-me conta de que avançava quase sem mover os pés, tão rápida era nossa carreira. Refletindo que retornar depois por uma estrada tão longa me custaria grande esforço e fadiga, perguntei ao amigo:
-
Como é que faremos para voltar depois ao Oratório?
- Não te preocupes -
me respondeu - o Senhor é onipotente e quer que tu vás. Quem te conduz e te mostra como ir para a frente saberá também reconduzir-te de volta.
O caminho baixava sempre. Continuávamos nosso trajeto por entre flores e rosas, quando, pelo mesmo caminho, vi os meninos do Oratório, juntamente com muitíssimos outros companheiros que eu jamais vira antes, caminhando atrás de mim. E encontrei-me no meio deles. Enquanto os observava, de repente vejo que ora um, oura outro, caíam, e em seguida eram arrastados por uma força invisível rumo a uma horrível encosta que se entrevia à distância, a qual depois vi que ia dar numa fornalha. Perguntei a meu companheiro:
- Que é que faz cair esses jovens? Funes extenderunt in laqueum; iuxta iter scandalum posuerunt (Salmo 139) [Estenderam cordas à maneira de rede; junto do caminho puseram tropeços].
- Aproxima-te um pouco mais - respondeu.
Aproximei-me e vi que os meninos passavam entre muitos laços, alguns postos à altura do chão, outros à altura da cabeça; estes últimos não se viam. Dessa forma, muitos jovens, enquanto caminhavam sem dar-se conta do perigo, eram colhidos pelos laços; no momento de ser colhidos davam um salto, depois caíam no solo com as pernas para o ar e, levantando-se, se punham em desabalada corrida para o abismo. Um era agarrado pela cabeça, outro pelo pescoço, outro pelas mãos, por um braço, por uma perna, pela cintura, e imediatamente depois eram arrastados. Os laços estendidos pela terra, que mal se podiam ver, eram parecidos com estopa. Lembravam uns fios de aranha, e não pareciam muito nocivos. Sem embargo, vi que também os jovens colhidos por tais laços caíam quase todos por terra.
Eu estava espantado. E o guia me disse:
-
Sabes o que é isso?
- Um pouco de estopa, não mais do que isso
- respondi.
- Menos ainda do que isso; é quase nada - acrescentou. mais apenas o respeito humano.
Vendo, entretanto, que muitos continuavam a se enredar nesses laços, perguntei:
-
Mas como é que tantos ficam atados por meio desses fios? Quem é que tantos ficam atados por meio desses fios? Quem é que os arrasta desse modo?
- Aproxima-te mais, olha e verás.
Olhei um pouco e disse: -
Não estou vendo nada.
- Olha um pouco melhor
- repetiu.
Segurei então um dos laços, puxei-o para mim e notei que sua ponta não aparecia; puxei um pouco mais, mas não conseguia ver onde é que terminava aquele fio; pelo contrário, notei que também a mim ele me arrastava. Segui então o fio e cheguei à boca de uma espantosa caverna. Parei, porque não queria entrar naquela voragem; puxei para mim o fio e percebi que ele cedia um pouquinho. Mas era necessário fazer muita força. Depois de muito puxar, pouco a pouco foi saindo fora da caverna um feio e grande monstro que causava repugnância e segurava fortemente um cabo ao qual estavam atados todos os laços. Era ele que, mal caía alguém na rede, imediatamente o puxava para si.
- inútil - pensei comigo - competir em força com este monstro medonho, porque não sou capaz de vence-lo; o melhor é combate-lo com o sinal da Santa Cruz e com jaculatórias.
Voltei, pois, para junto do meu guia, e ele me disse:
-
Já sabes agora o que é?
- Sim! Já sei, é o demônio que estende esses laços para fazer meus jovens caírem no Inferno.

Observei então com atenção os muitos laços e vi que cada um deles lavava escrito seu próprio título: laço da soberba, da desobediência, da inveja, da impureza, do roubo, da gula, da preguiça, da ira etc.
Feito isso, coloquei-me um pouco atrás para observar quais daqueles laços colhiam maior número de jovens. Eram os da impureza, da desobediência e do orgulho. A este último estavam atados os outros dois. Além desses vi muitos outros laços que faziam grande estrago, mas não tanto como os primeiros. Sem parar de observar, vi que muitos jovens corriam mais precipitadamente que outros, e perguntei:
-
Por que essa velocidade?
- Porque
- foi-me respondido -
são arrastados pelos laços do respeito humano.
Olhando ainda mais atentamente, vi que por entre os laços havia muitas facas espalhadas, ali colocadas por mão providencial, e serviam para corta-los e rompe-los. A faca maior era contra o laço do orgulho, e representava a meditação. Outra faca também grande, mas um pouco menor, significava a leitura espiritual bem feita. Havia também duas espadas. Uma delas indicava a devoção ao Santíssimo Sacramento, especialmente com a Comunhão freqüente; a outra, a devoção a Nossa Senhora. Havia também um martelo: a confissão. Havia outras facas, símbolo das várias devoções: a São José, a São Luís de Gonzaga etc. etc. Com estas armas não poucos rompiam os laços quando eram presos, ou se defendiam para não serem atados.
Vi, com efeito, jovens que passavam entre os laços sem nunca serem colhidos: ou passavam antes que o laço caísse, ou sabiam esquiva-lo e o laço escorregava sobre os ombros, sobre as costas, de um lado ou de outro, sem, contudo poder aprisiona-los.
Quando o guia se deu conta de que eu havia observado tudo, fez-me continuar o caminho bordado de rosas que, à medida que avançávamos, iam-se tornando mais raras, ao passo que começavam a se fazer notar enormes espinhos.
Chegamos a um ponto em que, por mais que olhasse, já não encontrava rosa alguma, e no final as sebes se haviam tornado só de espinhos, desfolhadas e secas pelo sol. Das moitas dispersas e ressecadas partiam galhos que serpenteavam pelo solo e impediam o caminho, semeando-o de tal maneira com espinhos que só com grande dificuldade se podia andar.

CONTINUA ...

segunda-feira, 8 de março de 2010

ESTRUTURA DE UM GRUPO DE ORAÇÃO.



Os grupos de oração, expressão máxima da RCC, para que possam em suas reuniões cultivar os vários aspectos da vivência do evangelho a partir da experiência do Batismo no Espírito Santo, necessitam de toda uma estrutura para lograr êxito em sua missão através de seus encontros semanais. Necessita de uma estrutura que trabalhando de forma coordenada, visa atingir sua objetivo: O Anúncio do Evangelho.
Abaixo mostraremos a estrutura do grupo de oração Semeando a Paz com seus ministérios e respectivos coodenadores, confirmado em núcleo.

GRUPO DE ORAÇÃO SEMEANDO A PAZ – ESTRUTURA


COODENAÇÃO GERAL

A coordenação geral é composta por coordenador e vice-coordenador por um período de dois anos passível de renovação, conforme dircenimento dos membros núcleo. A escolha deve ser realizada a partir de muita oração e escuta a Deus, que suscitará a estes os coordenadores gerais. A Coordenação Geral tem como atribuições:
· Pastoreio geral de todo o grupo;
· .Acompanhamento da caminhada humana e espiritual de cada membro;
· Confiar responsabilidades aos coordenadores de projetos, ministérios e missões;
· Ciência do planejamento, execução e controle de todas as atividades;
· Organizar as reuniões do núcleo de Serviço; e
· Ser representante do grupo na Paróquia e na Igreja.
coordenação: Pascoal e Klaus

NÚCLEO DE SERVIÇO

É formada pela coordenação geral do grupo juntamente com os membros responsáveis em coordenar os ministérios. É no núcleo de serviço que se planejam as atividades do grupo de oração, avaliam as reuniões e onde se tomam as decisões e os direcionamentos.
MINISTÉRIO DE INTERCESSÃO
É o ministério responsável em estar em constante oração por todo o grupo de oração, pelas intenções de cada participante, e por todas as necessidades que envolve o grupo. Se colocam diante de Deus para buscar em Seu Coração as graças e bênçãos para o grupo. Fazem a ponte entre nossas necessidades e Deus.
Coordenação: Gilma e Maria.
Membros: João, Helena, Elita, Raimunda, D. Santa, Margarida, Augusta, Augustinha e Vaneide.

MINISTÉRIO DE TERÇO
É o ministério que tem como missão ser a presença de Nossa Senhora no grupo de oração. Todos os Sábados antes da reunião do grupo, sua iniciação se dar com a oração do Terço. O Ministério de terço prepara então as contemplações de cada mistério do terço, bem como, de preparar antecipadamente àqueles que irão conduzir a oração naquela noite. Em sendo possível procurar-se-á rezar o terço nas casas dos participantes também.
Coodenação: Damião.
Membros: Todos os servosdo grupo, pois todos podem atuar na contemplação.

MINISTÉRIO DE ACOLHIMENTO
É o ministério que é responsável pela acolhida de todos na reunião do grupo. São para todos que entram pela porta do grupo, a face de Jesus acolhedor, sempre com um sorriso nos lábios desejando a sua Paz a todos. Hoje o ministério de acolhimento está vinculado ao ministério de terço do grupo. Ainda vinculado a este, o ministério de visitação e Pastoreio.

MINISTÉRIO DE MÚSICA
É o ministério que canta as glórias do Senhor no grupo de oração. Porta de entrada para a sintonia com as graças e benção. Não são uma banda, ou um grupo de músicos, mas ministros, onde com sua docilidade ao Espírito Santo entoam cantos de louvor, clamor e alegria ao Senhor, levando a todos do grupo a orar com a música.
Coordenação: Roberto.
Membros: Aline,Monailson, Glesiene, Zé Flávio, Eloísa.

MINISTÉRIO DE PREGAÇÃO
É o ministério da Palavra de Deus. Com todo o desassombro o ministério de pregação desempenha a missão de evangelizar a todos, e particularmente a juventude nestes tempos de incredulidade e desvios de valores. Tem ainda como objetivo, formar pregadores para toda boa obra.
Coordenação: Naiany
Membros: Klaus, Pascoal, Damião, Darci,Wellington, João, Monailson, Eloísa.

MINISTÉRIO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL E EVENTOS
É o ministério qual tem como missão difundir e cuidar da comunicação interna (desde os avisos a informações sobre agenda) e externa (marketing aplicado ao grupo), sendo também um elo entre a paróquia, pastorais, ministérios. Devendo usar todos os veículos de comunicação disponíveis, para contribuir no crescimento do Grupo. A ele, está vinculado o ministério de Eventos, é aquele que organiza as confraternizações, encontros, festas santas, retiros regionais do grupo de oração e movimento.
Coordenação: Damião

MINISTÉRIO DE FORMAÇÃO
É o ministério que contribui com a capacitação do servos e participantes através de conteúdo formativo, bem como, procurar ainda formar novos formadores para as missões. Busca repassar tal conteúdo fundamentado na Bíblia, Tradiçao e Magistério da Igreja, além, de fazer conhecer a identidade, estrutura e missão da Renovação Pentecostal Católica.
Coordenação:Wellington.
MINISTÉRIO FINANÇAS

É o ministério do Grupo de Oração que procura o controle e equilíbrio de toda e qualquer movimentação financeira (desde a aquisição de novos equipamentos, bem como, qualquer atividade que esteja relacionado a gastos, gerenciando suas movimentações financeiras.
Coordenação: Eloísa
Existem ainda vários outros ministérios como por exemplo, Cura e libertação, Família, Jovem, Fé e política, Promoção Humana, Crianças etc. "A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos".(Mt 9,37). Destes outros ministérios, Deus já sonda alguns corações, como o ministério Jovem, Cura e libertação e Crianças, que possam ser confirmados e despertados esses corações.

sábado, 6 de março de 2010

PRÓXIMAS POSTAGENS



ESTRUTURA DE UM GRUPO DE ORAÇÃO.

SONHOS DE DOM BOSCO: VISITA AO INFERNO.

DOM DE LÍNGUAS.

AGUARDEM !!!

quinta-feira, 4 de março de 2010

DEVORADORES DO MEU POVO.


"Meu povo se perde por falta de conhecimento" (Os 4,6)

Ultimamente, questionamentos sobre formação de servos, não tem tido muitos espaços em pautas de núcleo de serviço dos grupos de oraçao. Parece não ter muita importância. Aliás, a realidade de muitos grupos hoje, são de ainda insistir em permanecer em babel, sem querer sair para o pentecostes. Seus coordenadores preferem falar em "linguas" que ninguém possa compreender, se tornando fontes geradoras de contendas, escândalos e desânimos no rebanho. São contra testemunhos, são pastores "Rainha da Inglaterra"(reina mas não governa), que no exercício do seu pastoreio, ainda cometem verdadeiras atrocidades com suas ovelhas, assassinando seus dons, cometendo verdadeiros crimes e impedindo o servo de exercer seu carisma. Infelizmente são realidades em muitos grupos de oração, e o grupo de oração reflete seu coordenador. Tornan-se devoradores do povo de Deus. Mas, o que poderia está errado ou em quem? Em nós, que por falta de conhecimento da verdadeira essência da espiritualidade carismática, da sua identidade, estrutura e missão dentro da igreja somos negligentes e medrosos e não tomamos as decisões corretas que deveriam ser tomadas, pelo fato de "A" saber mais do que eu sobre a RCC? De não ter atitude porque "B" é meu grande amigo e não posso discordar? Enquanto isso, vão fazendo do aprisco com o qual estão responsáveis e que um dia irão prestar contas, uma oportunidade para que lobos disfarçados de cordeiros(possíveis coordenadores no futuro) se infiltrem causando dispersões, desordens e trazendo danos irreparáveis para alguns do rebanho, como por exemplo esses atos criminosos do impedimento do exercício do dom.

Acredito que a falha está em nós mesmos, que já estamos ha 500 anos no movimento e dele nada sabemos (há irmãos que estão há dez ou mais anos dentro dos grupos de oração, e ainda não sabem definir Batismo no Espírito Santo). E, muitos de nós, assumimos coordenações sem esse preparo, toda autoridade atrai responsabilidade, isso não quer dizer que sou obrigado a ter uma formação acadêmica, que necessite ser diplomado em qualquer que seja o curso para que Deus possa me usar. Não. Mas, o profeta Oséias muito alertou ao povo do seu tempo (Os 4,6), sobre a imperiosa necessidade de se buscar o conhecimento para, que aquela geração tivessem sua natureza alimentada permitindo que o poder de Deus fosse manifestdo de forma profunda e esplendorosa. Uma natureza alimentada, conhecedora, com certeza estará dando condições para que a força do Espírito tenha uma ação ilimitada em nós. Por que essa doação da natureza humana ( e ela se dar em plenitude quando se tem consciência e conhecimento de causa, não se pode haver total doação se tenho dúvidas sobre a ação do Espírito ou até mesmo sobre o que e quando ele pode fazer em mim e através de mim), permite que tenhamos a graça de uma profunda e intensa manifestação desse mesmo espírito. O grito do profeta ressoa ainda nos tempos de hoje, mas, como no seu tempo, permanece sem escuta.

A importância de se ter o conhecimento, é imprescindível para a sustenção e permanência do cristão em sua fé. Sua importância está fundamentada por ser o único capaz de formar "sábios e santos". Aliás, o único diploma que deveriamos estar preocupados em possuir. Se dizemos ter fé, acreditamos em alguém ou alguma coisa. Saber o que realmente é aquilo em que acredito, se tem procedência, fundamento, requer conhecimento de causa. É um desejo natural na busca pela verdade e conhecer a verdade, é conhecer a libertação. (Jo 8,32). Quando conheço, tenho autoridade,pois, a partir do conhecimento saberei como proceder, o que fazer, como e quando fazer. Tenho opiniões próprias, atitudes para com humildade concordar e descordar, pois saberei exatamente sobre aquilo em que acredito.

Todos os anos existem as formações para coordenadores, mas quantos estão preocupados em participar. Talvez esteja na hora de uma cobrança diocesana mais efetiva, de uma exigência maior para com aqueles que lideram os pequenos rebanhos espalhados pelos prados da nossa região. Que passe a fazer parte da pauta de compromissos desse líderes, como uma imperiosa obrigação sua presença nessas formações. Assim, amenizaria o número de contravenções cometidas no exercício do pastoreio.

"Meus guardas estão todos cegos e não vêem nada; são cães mudos incapazes de latir, sonham estirados, gostam de cochilar; são cães vorazes e insaciáveis (são pastores que nada observam), cada qual segue seu caminho em busca de seu interesse". (Is 56,11)

O Profeta Isaias faz uma referência aos pastores do seu tempo sobre aqueles que deveriam vigiar e guardar o seu rebanho e no entanto permanecem inertes, estão adormecidos e nada veêm, pois estão entregues a indolência, preguiça, omissão. Já não se preocupa se a ovelha está ferida e precisa ser recuperada ,se com sede, com fome ou necessitando de segurança. Por isso tantas dispersões, por não haver por parte dos pastores,ocupação para com seu rebanho, mas, que com certeza, colherão as consequências do seus procedimentos.

"Não cessam de proclamar aos que me desprezam: Oráculo do Senhor: tudo irá bem para vós! e aos que seguem, obstinadamente, as tendências do coração dizem ainda: Nada de mal vos acontecerá". (Jr 23,17).

Pastores do nosso tempo não estão longe daqueles do tempo do profeta Jeremias. A história é a mesma, só trocaram os personagens, pois são aqueles mesmo que não ensinam o caminho do Senhor, não guardam seus apriscos, já não conduzem seu rebanho pelo caminho justo e seguro, pelo contrário, compactuam com erros absurdos e ainda dizem que fazem o que é certo e que tudo acabará bem. São uns vendedores de ilusões, enganam o rebanho, traem e ofendem ao Senhor.

Entretanto, ninguém poderá acusar (o povo), nem o repreender, mas eu censuro a ti, ó sacerdote.(Os 4,4).

O povo não terá culpabilidade por não conhecer, pois "Deus não leva em consideração o tempo de sua ignorância" (At 17,30), mas quanto aos pastores sim, pois estes são diretamente responsáveis por aqueles que lhe foram confiados, mas ainda insistem em permanecer inúteis, negligentes porque não ensinaram ao povo o conhecimento sobre Deus e sua Lei.


Sou bom pastor ovelhas guardarei Não tenho outro oficio nem terei Quantas vidas eu tiver eu lhes darei.

Maus pastores, num dia de sombra não cuidaram e o rebanho se perdeu Vou sair pelo campo reunir o que é meu conduzir e salvar.

Que essa letra possa vir a tornar-se um hino, uma bandeira para aqueles que tem a missão de guiar o povo de Deus pelo deserto.

Wellington Dantas - Ministério de Formação, GO Semeando a Paz.