quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Liturgia Diária - Um profeta só não é valorizado em sua própria terra

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1a Leitura - 2 Samuel 24,2.9-17
Leitura do segundo livro de Samuel.
24 2 Disse, pois, o rei a Joab e aos chefes do exército que estavam com ele: “Percorrei todas as tribos de Israel, desde Dã até Bersabéia, e recenseai o povo, de maneira que eu saiba o seu número”.
9 Joab entregou ao rei o resultado do recenseamento do povo: havia em Israel oitocentos mil homens de guerra, que manejavam a espada; e, em Judá, quinhentos mil homens.
10 Depois que foi recenseado o povo, Davi sentiu remorsos e disse ao Senhor: “Cometi um grande pecado, fazendo isso. Mas agora apagai, ó Senhor, a culpa de vosso servo, porque procedi nesciamente”.
11 Levantando-se Davi no dia seguinte, a palavra do Senhor foi dirigida ao profeta Gad, o vidente de Davi, nestes termos:
12 "Vai dizer a Davi: Assim fala o Senhor: Proponho-te três coisas: - escolhe uma delas, e eu ta infligirei”.
13 Gad veio ter com Davi e referiu-lhe estas palavras ajuntando: “Preferes que venham sobre a tua terra sete anos de fome, ou que fujas durante três meses diante de teus inimigos que te perseguirão, ou que a peste assole a tua terra durante três dias? Reflete, pois, e vê o que devo responder a quem me enviou”.
14 Davi respondeu a Gad: “Estou em grande angústia. É melhor cairmos nas mãos do Senhor, cuja misericórdia é grande, do que cair nas mãos dos homens!” E Davi escolheu a peste.
15 Mandou, pois, o Senhor a peste a Israel, desde a manhã daquele dia até o prazo marcado. Ora, foi nos dias da colheita do trigo que o flagelo começou no povo, e morreram setenta mil homens da população, desde Dã até Bersabéia.
16 a E o Senhor enviou um anjo sobre Jerusalém para destruí-la.
17 Vendo Davi o anjo que feria o povo, disse ao Senhor: “Vede, Senhor: fui eu que pequei; eu é que sou o culpado! Esse pequeno rebanho, porém, que fez ele? Que a tua mão se abata sobre mim e sobre a minha família!”
Palavra do Senhor.

Salmo - 31/32
Perdoai-me, Senhor, meu pecado! 

Feliz o homem que foi perdoado
e cuja falta já foi encoberta!
Feliz o homem a quem o Senhor
não olha mais como sendo culpado
e em cuja alma não há falsidade! 

Eu confessei, afinal, meu pecado
e minha falta vos fiz conhecer.
Disse: “Eu irei confessar meu pecado!”
E perdoastes, Senhor, minha falta. 

Todo fiel pode, assim, invocar-vos
durante o tempo da angústia e aflição,
porque, ainda que irrompam as águas,
não poderão atingi-lo jamais. 

Sois para mim proteção e refúgio;
na minha angústia me haveis de salvar
e evolvereis a minha alma no gozo
da salvação que me vem só de vós.

Evangelho - Marcos 6,1-6
Aleluia, aleluia, aleluia.
Minhas ovelhas escutam minha voz; eu as conheço e elas me seguem (Jo 10,27).
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
Naquele tempo, 6 1 depois, Jesus partiu dali e foi para a sua pátria, seguido de seus discípulos. 2 Quando chegou o dia de sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos o ouviam e, tomados de admiração, diziam: “Donde lhe vem isso? Que sabedoria é essa que lhe foi dada, e como se operam por suas mãos tão grandes milagres?
3 Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs?” E ficaram perplexos a seu respeito.
4 Mas Jesus disse-lhes: “Um profeta só é desprezado na sua pátria, entre os seus parentes e na sua própria casa”.
5 Não pôde fazer ali milagre algum. Curou apenas alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos.
6 Admirava-se ele da desconfiança deles. E ensinando, percorria as aldeias circunvizinhas.
Palavra da Salvação.


Jesus chegou na sinagoga lá em sua própria terra, e começou a ensinar. O povo ficou admirado, porém era uma admiração de forma negativa! Pois estavam mesmo era  duvidando do que estava ouvindo, e questionavam: o que é isso? Ele não é o filho de Maria? Isso queria dizer que sendo um deles, um morador daquele lugar, como poderia ter tanta sabedoria? De onde lhe vinha tanto saber?
Isso também acontece conosco. O padre é olhado pela família como uma pessoa qualquer. Embora respeitem a sua ordenação, embora acreditem que ele realmente é um  escolhido de Deus, lá no fundo, o olham como o fulano...
Do mesmo modo, um médico, que vai atuar em sua terra natal, nem sempre é visto com os mesmos olhos que outros médicos estranhos àquele lugar.
Este Evangelho nos revela uma coisa difícil de se acreditar, porém é uma triste realidade. Jesus não conseguiu fazer milagres em sua terra natal? Como? Mais ele não era o Filho de Deus com plenos poderes no Céu e na Terra?
Entendemos que para acontecer o milagre, a pessoa precisa acreditar. Note que Jesus às vezes perguntava: “Você acredita que eu posso fazer isso?”.
Não duvidemos que os poderes de Deus não dependem da fé de cada um, tendo em vista que PARA DEUS NADA É IMPOSSÍVEL!
Porém, o próprio Deus quis que o milagre para com as pessoas, acontecesse desse modo. Quis que a operação dos milagres fosse assim. Ele, o milagre, só acontece se a pessoa acreditar.
O que estaria acontecendo nas cabeças, nas mentes dos conterrâneos de Jesus? Menosprezo, inveja, ciúmes, rivalidade, ou o que?
A verdade é que essa frieza por parte dos seus parentes e amigos, dificultou a operação da graça.
Do mesmo modo, a nossa família, pode atrapalhar a nossa entrega aos serviços do Evangelho. Tanto como leigo engajado, dedicado à vida da paróquia, como ministro, ou mesmo como freira ou padre ordenado.
É lamentável que isso aconteça, mas infelizmente é uma triste realidade. A nossa família tanto pode colaborar com a nossa entrega a Deus, como pode dificultar, ou mesmo atrapalhar.
Rezemos ao Pai, para que todos os escolhidos e chamados, possam, responder livremente ao chamado do Pai, e se engajar na vida da Igreja seja como leigo(a), seja como sacerdote, sem que a família atrapalhe, mais sim, pelo contrário, que todos os familiares deem o seu apoio com todo respeito.
De qualquer forma, mesmo com ou sem o apoio da nossa família, vamos seguir a nossa missão, vamos atender ao chamado de Deus, vamos nos dedicar de corpo e alma ao serviço do Reino.
 
 
 
 
 
 
 
  José Salviano

Os Quatro “Nãos” da história

NãoO saudoso D. Estêvão Bettencourt, se referia muitas vezes ao que chamava de “Os Quatro Nãos da história”, que segundo ele foram responsáveis pela situação de descrença, materialismo, ateísmo, relativismo moral e religioso que vivemos hoje.
Segundo o mestre de muitos anos, o primeiro golpe foi o “Não à lgreja Católica”, dito pela Reforma protestante (séc. XVI). Muitos homens continuaram a crer no Evangelho e em Jesus Cristo; não, porém, na Igreja fundada por Cristo. Os princípios subjetivos do “livro exame”, “sola Scriptura”, não à Igreja e ao Papa, não à Tradição Apostólica, estabelecidos por Lutero e seus seguidores, promoveu um esfacelamento crescente da Cristandade pela multiplicação de novas “igrejas”. Cristo foi mutilado. Segundo Teilhard de Chardin, “sem a Igreja Cristo se esfacela”. A túnica inconsútil do Mestre foi estraçalhada.
Até esta época da História, o mundo Ocidental girava em torno do ensinamento da Igreja, assistida e guiada pelo Espírito Santo. A Reforma “quebrou o gelo”, e inaugurou a contestação à doutrina ensinada pela Igreja, depois de quinze séculos. A partir daí muitas outras contestações foram inevitáveis. É preciso lembrar que após o início da Reforma, a Igreja realizou o mais longo Concilio Universal, o de Trento (1545-1563), por dezoito anos, e nada mudou da doutrina que recebeu de Cristo e dos Apóstolos.
O segundo golpe foi dado no século XVIII: foi dito um “Não a Cristo”. Não à religião Revelada por Cristo. Surgiu por parte do Racionalismo, que teve a sua expressão mais forte na Revolução Francesa (1789). Os iluministas, positivistas, introduziram a deusa da razão na Catedral de Notre Dame de Paris. Muitos pensadores passaram a professar o deísmo (crença em Deus como ser reconhecido pela razão natural apenas), em lugar do teísmo (crença em Deus que se revelou pelos profetas bíblicos e por Jesus Cristo).

Depois do Não à Igreja, veio o Não a Cristo.
O terceiro golpe foi dado no século XIX: o “Não ao próprio Deus” oriundo do ateísmo em suas diversas modalidades ateístas. A tomada de consciência da história e da sua influência, tal como Darwin e os evolucionistas a propuseram, contribuiu para disseminar o historicismo que coloca a história acima de Deus. Daí surgiu o relativismo e o ceticismo, que impregnaram muitas correntes de pensamento de então até os nossos dias. Hoje o Papa Bento XVI fala de uma “ditadura do relativismo”; que tenta negar a verdade objetiva.
Infelizmente assistimos hoje o triste espetáculo de pesquisadores que escrevem livros ensinando o ateísmo; difundindo isso nas universidades e afastando os jovens de Deus, como se crer fosse um subdesenvolvimento cultural ou mental.
A mudança de mentalidade foi se realizando em velocidade crescente, principalmente a partir de meados do século passado (1850): o desenvolvimento das ciências e da técnica deixou os homens mais ou menos atordoados diante de perspectivas inéditas, sem que soubessem, de imediato, fazer a síntese dos novos valores com os clássicos.
O quarto Não é dito ao homem. Depois do Não à Igreja, à Cristo, à Deus, agora, como consequência, assistimos ao triste Não dito ao homem. São Tomás de Aquino dizia que “quanto mais o homem se afasta de Deus, mais se aproxima do seu nada”. É o que acontece hoje. Sem Deus o homem é um nada. O Papa João Paulo II disse na primeira encíclica que escreveu – “Jesus Cristo Redentor do Homem” – afirmou que “o homem sem Jesus Cristo permanece para si mesmo um desconhecido, um enigma indecifrável, um mistério insondável”. Quer dizer, sem Deus, sem Jesus Cristo, o homem é um desorientado; não sabe de onde veio, não sabe quem é, não sabe o que faz nesta vida, não sabe o sentido da vida, da morte, do sofrimento. E na agonia desse mistério insondável vive muitas vezes no desespero, como muitos filósofos ateus que desorientaram a muitos.
Esse Não dito ao homem, consequência dos Não anteriores, se manifesta hoje na perda dos valores transcendentes da pessoa humana, o desprezo pela sua dignidade humana, o desaparecimento do seu valor intrínseco. Isto se manifesta nas aprovações aberrantes de tudo que há 20 séculos ninguém tinha dúvida em condenar: aborto, eutanásia, manipulação e destruição de embriões, “camisinhas”, sexo livre, “família alternativa”, “casamentos alternativos”, e tudo o mais que a Igreja continua a condenar como práticas ofensivas a Deus e ao homem.
Mas em nossos dias nota-se um retorno aos valores eternos, que a Igreja guardou fielmente através das tempestades. Muitos se dão por desiludidos do cientificismo e do tecnicismo, e procuram de novo no transcendental os grandes referenciais do seu pensar e viver. A busca do ateísmo cede lugar de novo à consciência de Deus e dos valores místicos, sem os quais a vida humana se auto-destrói. O homem moderno percebe que os frutos da tecnologia por si só não lhe satisfazem; a prova disso é que crescem as mazelas humanas: depressão, guerras, injustiças, imoralidade…
A sociedade moderna decaiu. O Modernismo, o Relativismo e o Indiferentismo Religioso dominaram o mundo. Os dogmas foram desprezados; a fé e a moral calcados aos pés. Em lugar de Deus o homem idolatra-se a si mesmo, o dinheiro, a Ciência, o prazer da carne,… o pecado.
O mundo moderno não deu atenção ao Papa Pio IX quando este apontou os erros que lhe levariam ao caos em seu Syllabus; não quis ouvir a voz da Igreja no Concilio Vaticano I, quando este mostrou a harmonia entre fé e razão e a suprema autoridade do Papa. Não ouviu também o apelo dos Papa Leão XIII, Pio X, Pio XI, Bento XV, Pio XII… quando eles apontaram os males do mundo moderno em suas encíclicas de fundo moral e social.
O resultado de tudo isso é a decadência moral, ética e sobretudo religiosa que assistimos hoje, razão de tantas desordens, crises e sofrimentos. Tudo nos faz lembrar a máxima de São Paulo: “O salário do pecado é a morte” (Rm 6,23). Por tapar os ouvidos à voz de Deus anunciada ao mundo pelos últimos Papas, o mundo experimentou duas terríveis guerras mundiais com mais de 60 milhões de mortos, e depois a tragédia do nazismo e comunismo com mais de 100 milhões de vítimas.
A sociedade moderna, enfim, rejeitou a voz da Igreja e dos Papas e preferiu dar ouvidos aos hereges. Hoje querem destruir a Igreja com um programa laicista em escala mundial.
Por isso tudo, o homem moderno mergulha no caos do pecado e nas sombras da desesperança e da morte. Eis que surge mais uma vez o Vigário de Cristo a falar da Esperança que nasce em Deus (Salvi Spes). Será que será ouvido?
Somente abandonando os “valores” modernistas e deixando-se guiar pela Igreja é que a nossa Civilização poderá superar suas crises e dores. Está na hora da Civilização Ocidental voltar-se novamente a Jesus Cristo, que a espera de braços abertos.
A Igreja terá novamente de salvar a nossa Civilização, que começa a desabar, como há 13 séculos quando ela desabou com o Império Romano. Estejamos preparados.




Prof. Felipe Aquino

Qual é a diferença entre ambão e púlpito?

 

Parecem duas palavras que significam a mesma coisa, mas envolvem notáveis diferenças

É frequente que as pessoas confundam ambões com púlpitos, mas, historicamente, os dois termos identificavam objetos diferentes.

Ambão

EAST NEWS
A palavra tem origem grega e significa algo como “elevação”. Desde o século IV, os cristãos tinham por costume usar uma plataforma elevada durante a missa para cantar ou ler a Epístola (no geral, era lida uma das cartas de São Paulo) e o Evangelho. Alguns historiadores acreditam que essa plataforma deriva da que os rabinos usavam para ler as escrituras diante do povo. Espiritualmente, ela é inspirada no fato de que Jesus “subiu à montanha, sentou-se e seus discípulos se aproximaram dele. Então tomou a palavra e começou a ensiná-los” (Mateus 5,1-2).
À medida que o rito litúrgico se desenvolvia, passaram a ser colocados dois ambões para distinguir entre a Epístola e o Evangelho: o ambão da Epístola era colocado ao lado sul do sacrário, enquanto o do Evangelho ficava ao norte.
No século XIV começou um declive no uso dos ambões, que perderam espaço para os púlpitos.

Púlpito

A palavra deriva do latim ‘pulpĭtum’, que, originalmente, designava uma espécie de palco. Nas igrejas medievais, o púlpito se tornou uma plataforma usada principalmente para a pregação. O púlpito era colocado no centro da nave principal, o lugar onde ficava o povo. Sua posição era elevada para que a voz do sacerdote chegasse mais facilmente até os fiéis.
Com o surgimento do protestantismo, os púlpitos se tornaram elemento central nas igrejas separadas e passaram a decair notavelmente nas católicas. No século XIX, as igrejas católicas começaram a usar um atril ou leitoril portátil, que era trazido para os sermões e retirado para o restante da missa.
A Instrução Geral do Missal Romano, porém, pede hoje que se prefira um ambão estável e não um simples atril portátil. O ambão, conforme a estrutura da igreja, deve ser colocado de tal maneira que os ministros ordenados e os leitores possam ser vistos e escutados convenientemente pelos fiéis.




Philip Kosloski |

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Liturgia Diária - A mulher que foi curada da hemorragia


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1a Leitura - 2 Samuel 18,9-10.14.24-25.30-19,3
Leitura do segundo livro de Samuel.
18 9 Absalão encontrou-se de repente em presença dos homens de Davi. Montava uma mula, e esta enfiou-se sob a folhagem espessa de um grande carvalho. A cabeça de Absalão prendeu-se nos galhos da árvore, e ele ficou suspenso entre o céu e a terra, enquanto a mula em que montava passava adiante.
10 Vendo isso, um homem informou a Joab, dizendo: “Eu vi Absalão suspenso a um carvalho”.
14 Joab disse: “Não tenho tempo a perder contigo”. Tomou, então, três dardos na mão e plantou-os no coração de Absalão. E estando ele ainda vivo no carvalho.
24 Davi estava sentado entre as duas portas. A sentinela que tinha subido ao terraço da porta, sobre a muralha, levantou os olhos e viu um homem que vinha correndo sozinho.
25 Gritando, anunciou-o ao rei, que disse: “Se ele vem só, traz alguma boa nova”. Entretanto, o homem se aproximava.
30 O rei disse-lhe: “Põe-te aqui ao lado e espera”. Ele afastou-se e esperou ali.
31 Então chegou o cusita, dizendo: Saiba o rei, meu senhor, da boa nova: O Senhor te fez hoje justiça contra todos os que se tinham revoltado contra ti.
32 O rei disse ao cusita: “Tudo vai bem para o jovem Absalão?” E o cusita respondeu: “Sejam como esse jovem os inimigos do rei, meu senhor, e todos os que se levantam contra ti para te fazer mal!”
33 Então o rei comoveu-se, subiu ao quarto que estava por cima da porta e pôs-se a chorar. E enquanto ia, dizia assim: “Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! Por que não morri em teu lugar? Absalão, meu filho, meu filho!”
19 1 E foram dizer a Joab: “Eis que o rei chora e se lamenta por causa de Absalão”.
2 E a vitória se transformou em luto naquele dia para todo o exército, porque o povo ouvira dizer que o rei estava acabrunhado de dor por causa de seu filho.
3 Por isso, o exército entrou na cidade em silêncio, como faria um exército coberto de vergonha por ter fugido ao combate.
Palavra do Senhor.

Salmo - 85/86
Inclinai vosso ouvido, ó Senhor, e respondei-me!

Inclinai, ó Senhor, vosso ouvido,
escutai, pois ou pobre e infeliz!
Protegei-me, que sou vosso amigo,
e salvai vosso servo, meu Deus,
que espera e confia em vós!

Piedade de mim, ó Senhor,
porque clamo por vós todo o dia!
Animai e alegrai vosso servo,
pois a vós eu elevo a minha alma.

Ó Senhor, vós sois bom e clemente,
sois perdão para quem vos invoca.
Escutai, ó Senhor, minha prece,
o lamento da minha oração!

Evangelho - Marcos 5,21-43
Aleluia, aleluia, aleluia.
Cristo tomou sobre si nossas dores, carregou em seu corpo as nossas fraquezas (Mt 8,17).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
5 21 Tendo Jesus navegado outra vez para a margem oposta, de novo afluiu a ele uma grande multidão. Ele se achava à beira do mar, quando
22 um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo, se apresentou e, à sua vista, lançou-se-lhe aos pés,
23 rogando-lhe com insistência: “Minha filhinha está nas últimas. Vem, impõe-lhe as mãos para que se salve e viva”.
24 Jesus foi com ele e grande multidão o seguia, comprimindo-o.
25 Ora, havia ali uma mulher que já por doze anos padecia de um fluxo de sangue.
26 Sofrera muito nas mãos de vários médicos, gastando tudo o que possuía, sem achar nenhum alívio; pelo contrário, piorava cada vez mais.
27 Tendo ela ouvido falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou-lhe no manto.
28 Dizia ela consigo: “Se tocar, ainda que seja na orla do seu manto, estarei curada”.
29 Ora, no mesmo instante se lhe estancou a fonte de sangue, e ela teve a sensação de estar curada.
30 Jesus percebeu imediatamente que saíra dele uma força e, voltando-se para o povo, perguntou: “Quem tocou minhas vestes?”
31 Responderam-lhe os seus discípulos: “Vês que a multidão te comprime e perguntas: ‘Quem me tocou?’”
32 E ele olhava em derredor para ver quem o fizera.
33 Ora, a mulher, atemorizada e trêmula, sabendo o que nela se tinha passado, veio lançar-se-lhe aos pés e contou-lhe toda a verdade.
34 Mas ele lhe disse: “Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e sê curada do teu mal”.
35 Enquanto ainda falava, chegou alguém da casa do chefe da sinagoga, anunciando: “Tua filha morreu. Para que ainda incomodas o Mestre?”
36 Ouvindo Jesus a notícia que era transmitida, dirigiu-se ao chefe da sinagoga: “Não temas; crê somente”.
37 E não permitiu que ninguém o acompanhasse, senão Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago.
38 Ao chegar à casa do chefe da sinagoga, viu o alvoroço e os que estavam chorando e fazendo grandes lamentações.
39 Ele entrou e disse-lhes: “Por que todo esse barulho e esses choros? A menina não morreu. Ela está dormindo”.
40 Mas riam-se dele. Contudo, tendo mandado sair todos, tomou o pai e a mãe da menina e os que levava consigo, e entrou onde a menina estava deitada.
41 Segurou a mão da menina e disse-lhe: “Talita cumi, que quer dizer: ‘Menina, ordeno-te, levanta-te!’”
42 E imediatamente a menina se levantou e se pôs a caminhar (pois contava doze anos). Eles ficaram assombrados.
43 Ordenou-lhes severamente que ninguém o soubesse, e mandou que lhe dessem de comer.Jesus de Nazaré
Palavra da Salvação.


Se eu tocar no seu manto, ficarei curada. Pensou a mulher hemorroíssa. E foi exatamente o que aconteceu. Assim que ela tocou a túnica de Cristo, sentiu imediatamente o fluxo de sangue se estancar. Ela sentiu um grande alívio. Sentiu que ficou curada imediatamente.
Grande era a sua fé. E o próprio Jesus lhe disse. A tua fé te curou!  É claro que Jesus estava sendo modesto, pois o poder de cura veio dele. Porém, a fé é indispensável para que o poder de cura funcione.
Muitas vezes pedimos a Jesus a cura dos nossos males físicos, e não acontece nada. Isso ocorre, pelo fato de pedirmos duvidando por dentro. Pedimos mas não acreditamos o suficiente. Lá no fundo da nossa mente, da nossa alma, pensamos que não vai dar certo, ou que não merecemos. E é por isso que não recebemos a graça que pedimos.
Do mesmo modo, poderíamos operar muitos milagres. Só não fazemos isso pela falta de fé. Pela nossa fraca fé que nos diz por dentro: Você? Não vai conseguir! Logo você? Não merece!
Quando é que vamos acreditar de uma vez por todas que Jesus tem o poder de nos curar? De nos livrar dos nossos sofrimentos?
O que acontece é que não rezamos com a devida fé. Não depositamos em Deus toda a nossa confiança, e também, relaxamos muito nas nossas orações. Principalmente agora na era do celular, não sobra mais tempo para rezar. Aliás, não está sobrando mais tempo para nada. Ficamos grudados, encantados de olho na telinha, e assim, em nossa volta acontecem coisas que nem percebemos.
O celular é o novo ídolo, pior do que o bezerro de ouro que o povo de Deus adorava no lugar de Deus. Ídolo é isso. É um objeto, uma coisa, uma pessoa a qual toma o lugar de Deus em nossas vidas. Deus fica portanto, substituído por aquilo de forma que não temos mais tempo para rezar, tempo para nos aproximar de Deus.
Até que Deus nos tira o brinquedo, e nos dá um susto, um bom puxão de orelhas, para que voltemos a realidade, para que nos voltemos par a Ele.
E Deus faz isso por vezes de forma até mesmo dolorosa, apesar dele respeitar a nossa liberdade de escolha. Por que Deus nos ama e nos chama! 
O celular aproxima pessoas que estão distantes, e nos afasta das pessoas que estão ao nosso redor. Pais, irmãos, e demais parentes.
O diálogo na família é coisa do passado. Não se conversa mais, pois não se pode deixar de ler as mensagens no celular.
Podemos notar isso até nas festas, nas quais notamos que muitos dos jovens ali presentes, só estão ali presentes apenas fisicamente. Pois estão todos de olho no celular, sem se importar com os demais.
Acidentes de carro acontecem por causa do celular. Quando se está no volante, e o celular avisa que chegou uma mensagem, deixemos para depois, ou então paramos o carro em um lugar seguro para atender. Pois não podemos servir a dois senhores. Não podemos navegar com os pés em duas canoas, não podemos prestar atenção no trânsito, e ao mesmo tempo ler e responder as mensagens do celular.
Caríssimas, e caríssimos. Não desistam de mostrar isso aos vossos filhos, assim como não se cansem de convidá-los para a missa. Água mole, pedra dura. Tanto bate até que fura, diz o ditado popular.
Vamos insistir, até que consigamos orientar os nossos jovens no caminho certo, no caminho de verdade e vida!
 
 
 
 
José Salviano.

Duas Letras e Um Sinal

rezarféPior do que não crer é zombar de quem crê…
Assim como a palavra fé se escreve com duas letras e um sinal sobre a última, o ato de fé só pode ser produzido por duas faculdades da alma – inteligência e vontade – quando esta última, a vontade, estiver bem “sinalizada” pela graça.
A fé é, portanto, uma lanterna de duas pilhas. Só vai iluminar nosso caminho se as duas pilhas, além de bem conectadas uma à outra, forem estimuladas por energia divina (a Graça é energia espiritual divina).
Porque a fé não é virtude humana que possa vir a ser adquirida pelo nosso esforço. É dom de Deus. Mas podemos pedir que este dom nos seja concedido.
O existencialista Albert Camus, no prólogo do seu “Mito de Sísifo”, diz que não há senão um problema filosófico verdadeiro, o problema do suicídio: “Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder à questão fundamental da filosofia”.
Assim, a fé se apresenta, para o cristão, como resposta a uma indagação fundamental. As pedras não levantam questões a respeito de sua existência. As plantas também nada perguntam sobre o seu destino. Nem mesmo o animal irracional o faz.
Ao contrário, a criatura humana pode tracejar em cores, sobre a tela da vida, as linhas mestras de seu caminho.
A criança desde cedo pede explicações. Mais tarde se torna capaz de censurar seu próprio procedimento e até mesmo de sentir vergonha de suas faltas.
Matemático ou economista, biólogo, médico, psicólogo ou jurista, o ser humano, depois de se ter debruçado sobre os seus objetos de estudo, haverá de continuar fazendo, a si mesmo, as mesmas e eternas perguntas.
Qual é o sentido da minha vida? Que valor possuo? A morte é a aparente inimiga que me espreita a cada dia e a cada minuto. Que acontece depois dela?
A fé cristã ilumina todas estas naturais indagações, embora pequenas sombras ainda permaneçam, a fim de que o ato de fé continue mesclado com a virtude da humildade e haja mérito no ato de crer. Mas há uma distância enorme entre fé e opinião:
“É da essência da opinião julgar que as coisas poderiam ser diversas, enquanto na fé, devido à sua certeza, julga-se que a coisa afirmada não pode ser diferente.”

A fé corresponde a uma certeza! Quando existe dúvida, a inteligência oscila entre duas ou mais proposições sem aderir a nenhuma delas.
Por isso, o 1° Concílio do Vaticano definiu a fé como virtude sobrenatural, pela qual, prevenidos e auxiliados pela graça de Deus, cremos como verdadeiro todo o conteúdo da revelação, não em virtude de sua verdade intrínseca, vista apenas pela luz natural da razão, mas por causa da autoridade de Deus, que jamais poderia enganar-se ou enganar-nos.
As duas mais nobres faculdades da alma, inteligência e vontade, unem-se harmoniosamente no ato de fé. A primeira porque se abre para a verdade; a segunda, porque se sente atraída pelo bem supremo.
Aliás, conforme o depoimento de todos os convertidos, Deus age em nós por meio de sedução: “Tu me seduziste, Senhor, e me deixei seduzir.”
Fiquei triste quando vi, pela televisão e pela última vez, a simpática figura de Raquel de Queiroz. Fiquei assim pesaroso porque a escritora confessou que não tinha fé. Pensei logo comigo:
– Ah, meu Deus! Se eu pudesse lhe dar pelo menos um pouco do meu tesouro!
A fé é, de fato, um tesouro porque nos faz perceber que este mundo visível é apenas sombra de um outro. Não sou fariseu. Sei que minha vida cristã ainda não é uma realidade acabada, mas procuro valorizar o mundo incrível que o cristianismo tornou crível para mim.
Quem tem fé, dizia São Paulo, enxerga por intermédio de um “espelho”. Alcança realidades invisíveis. Penso que não seria conveniente substituir o “espelho” de São Paulo pelo moderníssimo satélite artificial. Todavia me agrada a ideia de um satélite sobrenatural.
Este satélite é que nos dá ideia bastante clara do que existe do lado de lá. E afasta de nós o medo da morte. No entanto, os racionalistas não o conhecem. Por que?
Não é fácil dizer. Ninguém sabe. Poderíamos apenas conjeturar que – se Deus deseja atrair para si todas as criaturas – qualquer obstáculo impeditivo deve estar no homem. Seria o orgulho o obstáculo maior?
Possivelmente sim. Porque não conheci pensador ateu que demonstrasse um mínimo de humildade. Os ímpios contestadores, cujos nomes foram neste livro catalogados, lideram um autêntico exército de senhores dispostos a lutar contra o “Senhor dos Exércitos”.
No pensamento bíblico, o ateu aparece como um todo-poderoso que se dispõe a afrontar o “Todo-poderoso”. E, de modo aparentemente cruel, o Salmista assegura que, diante de tamanha soberba:
“O que habita nos céus ri, o Senhor se diverte à custa deles”.
O próprio Cristo, depois de transmitir aos pescadores, escolhidos para serem apóstolos, as mais misteriosas revelações sobre a vida sobrenatural, exclamou:
“Eu te louvo, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque ocultastes estas coisas aos sábios e doutores e as revelastes aos pequeninos”.

Porém, pior do que não crer é zombar de quem crê. Por essa razão canta o Salmista que é feliz o homem “que não se assenta na roda dos zombadores”. É melhor reconhecer nossa fragilidade do que inventar filosofias espúrias ou falsas teorias justificadoras.
O objetivo, velado ou expresso, dos sistemas filosóficos que abordamos tem sido o de pleitear, para as criaturas humanas, liberdade moral e intelectual absolutas, por meio de uma formal negativa da existência de Deus ou mediante exaltação da Lei Natural, de modo a rejeitar os ensinamentos do Cristo.
Os ateus são como as mariposas. Sentem-se irremediavelmente atraídos pelo brilho da claridade mas batalham contra a Luz, de modo obstinado, em busca de seu próprio aniquilamento.
Afirmava o francês Littré que o divino seria um oceano insondável, para o qual não teríamos barco nem vela. Porém, o próprio Littré – e inúmeros outros agnósticos, que tiveram receio de abandonar a aparente segurança da praia – foram ali mesmo, sobre a areia, atingidos e arrebatados pelas ondas mais generosas e envolventes do oceano infinito da misericórdia de Deus.



Dr. Lúcio Flávio de Vasconcelos Naves

Que fazemos nós do tempo?

"Que é, pois, o tempo? Se ninguém me pergunta, eu o sei; se desejo explicar a quem o pergunta, não o sei"

Que uma conversa destas exige lentidão, previne-o o passo célebre das “Confissões” de Santo Agostinho:
“Que é, pois, o tempo? Se ninguém me pergunta, eu o sei; se desejo explicar a quem o pergunta, não o sei”.
Sabemos que somos feitos de tempo, de idades, de cronometrias visíveis e invisíveis, de estações… Sabemos que o tempo é a argila da vida. Do incomensurável oceano ao sucinto regato, da minúscula pedra ao elevado rochedo, da planta solitária ao vastíssimo bosque, tudo tem no tempo uma chave indispensável. Também nós somos modelados e lavrados, instante a instante, pelos instrumentos do tempo. Por vezes de um modo tão delicado que nem sentimos como ele, irreversível, desliza dentro e fora de nós. Por vezes, atormentando-nos claramente a sua voracidade, sentindo-nos perdidos na sua obsidiante vertigem. Que é, pois, o tempo?
Nós dizemos, repetindo um provérbio que os latinos já usavam, que o tempo voa (tempus fugit). De facto, tudo o que é humano é feito de tempo, mas a experiência que mais vezes nos ocorre é a de não termos tempo. “Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante para ti“, explicou a raposa ao Principezinho. Há uma qualidade de relação que só se obtém no tempo partilhado. Por alguma razão, esse raro Mestre de humanidade chamado Jesus, disse: “Se alguém te pede para o acompanhares durante uma milha, anda com ele duas“. Só com tempo descobrimos tanto o sentido e a relevância da nossa marcha ao lado dos outros, como o da nossa própria caminhada interior. Sem tempo tornamo-nos desconhecidos. Sem tempo falamos, mas não escutamos.
Repetimos, mas não inventamos. Consumimos, mas não saboreamos. É verdade que mesmo num rápido relance se pode alcançar muita coisa, mas normalmente escapa-nos o detalhe. E Deus habita o detalhe.
Gosto muito do Poema do Tempo que vem no livro bíblico do Eclesiastes, pois nos expõe à consciência de que o tempo é uma arte que realmente possuímos e que somos chamados a desenvolver com sabedoria. Não é verdade que não temos tempo. A nossa vida está cheia de tempos. Precisamos identificá-los e tratar deles, como quem cuida de um tesouro. Não é a quantidade de tempo o mais determinante. Importante é perguntar-se o que fazemos do tempo e investir aí a matéria dos nossos sonhos.
“Para tudo há um momento e um tempo para cada coisa que se deseja debaixo do céu: tempo para nascer e tempo para morrer, tempo para plantar e tempo para arrancar o que se plantou, tempo para matar e tempo para curar, tempo para destruir e tempo para edificar, tempo para chorar e tempo para rir, tempo para se lamentar e tempo para dançar, tempo para atirar pedras e tempo para as ajuntar, tempo para abraçar e tempo para afastar o abraço, tempo para procurar e tempo para perder, tempo para guardar e tempo para atirar fora, tempo para rasgar e tempo para coser, tempo para calar e tempo para falar, tempo para amar e tempo para recusar, tempo para guerra e tempo para paz”.


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Texto do pe. José Tolentino Mendonça, teólogo,

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Liturgia Diária - Evangelizar onde estamos

 Imagem relacionada
1a Leitura - 2 Samuel 15,13-14.30; 16,5-13
Leitura do segundo livro de Samuel.
15 13 Vieram então anunciar a Davi: “Os israelitas aderem a Absalão!”
14 Davi disse então a todos os que estavam com ele em Jerusalém: “Vamos, fujamos, porque não podemos de outro modo escapar a Absalão! Apressai-vos e parti, não suceda que ele nos surpreenda de repente, e nos inflija a ruína, passando a cidade ao fio da espada”.
30 Davi subiu chorando o monte das Oliveiras, cabeça coberta e descalço. Todo o povo que o acompanhava subia também chorando, com a cabeça coberta.
16 5 Quando o rei chegou a Baurim, apareceu um homem da família da casa de Saul, chamado Semei, filho de Gera, o qual ia proferindo maldições enquanto andava.
6 Atirava pedras contra o rei Davi e contra todos os seus servos, embora todo o exército e todos os guerreiros valentes se encontrassem à direita e à esquerda do rei.
7 E o amaldiçoava, dizendo: “Vai-te, vai-te embora, homem sanguinário e celerado.
8 O Senhor faz cair sobre ti todo o sangue da casa de Saul, cujo trono usurpaste; o Senhor entregou o reino ao teu filho Absalão. Eis-te oprimido de males, homem sanguinário que és!”
9 Então Abisai, filho de Sarvia, disse ao rei: “Por que insulta esse cão morto ao rei, meu senhor? Deixa-me passar, vou cortar-lhe a cabeça”.
10 “Que nos importa, filho de Sarvia?”, respondeu Davi. “Deixa-o amaldiçoar. Se o Senhor lhe ordenou que me amaldiçoasse, quem poderia dizer-lhe: ‘por que fazes isso?’”
11 E Davi disse a Abisai e à sua gente: “Vede: se meu filho, fruto de minhas entranhas, conspira contra a minha vida, quanto mais agora esse benjaminita? Deixai-o amaldiçoar, se o Senhor lho ordenou.
12 Talvez o Senhor considere a minha aflição e me dê agora bens por esses ultrajes”.
13 Davi e seus homens retomaram o seu caminho, mas Semei ia ao longo da montanha, ao lado dele, vomitando injúrias, atirando-lhe pedras e espalhando poeira pelo ar.
Palavra do Senhor.


Salmo - 3
Levantai-vos, ó Senhor, vinde salvar-me! 

Quão numerosos, ó Senhor, os que me atacam;
quanta gente se levanta contra mim!
Muitos dizem, comentando a meu respeito:
“Ele não acha a salvação junto de Deus!”

Mas sois vós o meu escudo protetor,
a minha glória que levanta a minha cabeça!
Quando eu chamei em alta voz pelo Senhor,
do monte santo ele me ouviu e respondeu.

Eu deito e adormeço bem tranqüilo;
acordo em paz, pois o Senhor é meu sustento.
Não terei medo de milhares que me cerquem
e, furiosos, se levantem contra mim.
Levantai-vos, ó Senhor, vinde salvar-me!

Evangelho - Marcos 5,1-20
Aleluia, aleluia, aleluia. Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo, aleluia! (Lc 7,16).
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
5 1 Passaram à outra margem do lago, ao território dos gerasenos.
2 Assim que saíram da barca, um homem possesso do espírito imundo saiu do cemitério
3 onde tinha seu refúgio e veio-lhe ao encontro. Não podiam atá-lo nem com cadeia, mesmo nos sepulcros,
4 pois tinha sido ligado muitas vezes com grilhões e cadeias, mas os despedaçara e ninguém o podia subjugar.
5 Sempre, dia e noite, andava pelos sepulcros e nos montes, gritando e ferindo-se com pedras.
6 Vendo Jesus de longe, correu e prostrou-se diante dele, gritando em alta voz:
7 “Que queres de mim, Jesus, Filho do Deus Altíssimo?Conjuro-te por Deus, que não me atormentes.
8 É que Jesus lhe dizia: Espírito imundo, sai deste homem!”
9 Perguntou-lhe Jesus: “Qual é o teu nome?” Respondeu-lhe: “Legião é o meu nome, porque somos muitos”.
10 E pediam-lhe com instância que não os lançasse fora daquela região.
11 Ora, uma grande manada de porcos andava pastando ali junto do monte.
12 E os espíritos suplicavam-lhe: “Manda-nos para os porcos, para entrarmos neles”.
13 Jesus lhos permitiu. Então os espíritos imundos, tendo saído, entraram nos porcos; e a manada, de uns dois mil, precipitou-se no mar, afogando-se.
14 Fugiram os pastores e narraram o fato na cidade e pelos arredores. Então saíram a ver o que tinha acontecido.
15 Aproximaram-se de Jesus e viram o possesso assentado, coberto com seu manto e calmo, ele que tinha sido possuído pela Legião. E o pânico apoderou-se deles.
16 As testemunhas do fato contaram-lhes como havia acontecido isso ao endemoninhado, e o caso dos porcos.
17 Começaram então a rogar-lhe que se retirasse da sua região.
18 Quando ele subia para a barca, veio o que tinha sido possesso e pediu-lhe permissão de acompanhá-lo.
19 Jesus não o admitiu, mas disse-lhe: “Vai para casa, para junto dos teus e anuncia-lhes tudo o que o Senhor fez por ti, e como se compadeceu de ti”.
20 Foi-se ele e começou a publicar, na Decápole, tudo o que Jesus lhe havia feito. E todos se admiravam.
Palavra da Salvação.

Jesus libertou aquele homem que habitava nas tumbas do cemitério, e que estava possuído por uma legião de demônios.
Aquele homem depois de curado, pediu a Jesus que o deixasse segui-lo. Por incrível que nos pareça, Jesus achou melhor que ele não o seguisse e ficassem em seu lugar, para anunciar a todos o grande milagre que acabara de receber.
Pode se estranhar a atitude de Jesus, Aquele que disse que o profeta não ateria força de persuasão em sua terra natal, por mais milagres que o fizesse, como foi o seu caso em Cafarnaum.
Jesus então dispensou a companhia daquele homem, que se dispusera a colaborar com a sua missão, pois viu que era melhor, viu que seria mais frutuoso, se ele testemunhasse o poder de Deus em Jesus entre o seu povo, pois ali, todos o conheciam antes, e agora estariam vendo-o transformado, curado, libertado pelo poder de Deus, e assim, se converteriam.
Minhas irmãs, meus irmãos. Notem que aquele homem não tinha conhecimento da Boa Nova, e acredita-se que não se tratava de um homem culto. Também nem conhecia o Projeto de Deus em Jesus, e muito menos não saberia o que anunciar, pois desconhecia a missão de Jesus como os discípulos conheciam.
Isso hoje também acontece com aquela dona de casa, com a empregada, com o homem humilde, ou mesmo com qualquer pessoa analfabeta.
O que importa, nesse caso, é O NOSSO TESTEMUNHO DE VIDA. Jesus depositou naquele homem simples a confiança de que ele poderia transformar as pessoas para melhor, apenas com o testemunho de sua vida transformada por Jesus.
Assim, também nós, todos nós, podemos ser catequistas, podemos ser anunciantes da palavra, da palavra vivida, onde quer que estejamos. Basta dar o nosso testemunho de uma vida correta, justa, honesta, especialmente aos pequeninos, ao contrário do que estão fazendo aqueles que estão confundindo as cabecinhas das nossas crianças com imoralidades e com o vilipêndio das coisas sagradas do catolicismo!
Desse modo podemos notar que os agentes do diabo, são muitos. E estão espalhados por aí, fazendo a catequese diabólica, principalmente pelos seus atos imorais, e seu testemunho de vida corrompida, e voltada para o mal.
Todos nós somos chamados a anunciar o Reino de Deus, seja por palavra, seja pelo nosso testemunho.
Aceitemos o convite de Deus para segui-lo e servi-lo no lugar onde estamos, mesmo que seja apenas com o nosso exemplo de vida.  Uma vida santa, e justa, aos olhos de Deus.
Pois fala muito mais alto, surte muito mais efeito, um bom testemunho de vida do que discursos inflamados, com palavras bonitas, sendo que sabemos que tais discursadores falam uma coisa e vivem outra completamente contrária.
Vamos evangelizar também, nos lugares onde estamos e onde frequentamos.
 
 
 
 
  José Salviano.

Somente a Tua graça me basta, e nada mais!

OpenHands2smO que é o dom de si?
Somos de Deus, Ele nos criou, nos tirou do nada, sem Ele nada somos. Como diz o salmista, somos as ovelhas do Seu rebanho (Sl 94); a Ele pertencemos por direito de criação.
Então, nossa vida só poderá ser boa e só alcançaremos a felicidade se entregarmos o dom da vida a Ele que é o Senhor.
O Pe. José Schrijvers ensina isso maravilhosamente em seu livro “Dom de Si”.
“Dar-se a Deus, ele diz, é entregar-se o corpo, a alma e a vida, abandonar-se todas as capacidades, aspirações e sentimentos, desejos e temores, esperanças e planos futuros, reservando apenas o cuidado de O amar.
Dar-se a Deus é esquecer-se de si, é depositar no coração de Cristo todas as preocupações, todas as solicitudes e mil contratempos da vida cotidiana; é confiar-lhe todos os interesses pessoais, encarregando-O de prover a tudo, de tudo remediar.
Dar-se a Deus é desprender-se de si mesmo para só Nele pensar; é consagrar-se às obras que visam a Sua glória, é estender na medida das próprias forças o Reino da verdade, da justiça, do amor, da liberdade; é devotar-se aos outros por amor no Mestre, é auxiliar, instruir, aliviar, e, principalmente, converter e conduzir a Deus”.
O dom de si a Deus é como o “fiat” (faça-se) de Nossa Senhora, da Anunciação do Anjo ao Calvário, sem nada perguntar, nada exigir e nada reclamar, apenas obedecer. É o abandono completo a todos os desígnios da Providência divina que nos leva para o melhor e mais rápido caminho da santificação.
Poder mergulhar a todo instante no oceano sem fundo da Divindade.
É selar com Deus um pacto eterno, ceder-lhe todo o coração para possuir totalmente o Seu Coração.

Basta voltarmo-nos para Deus a cada momento, por um ato de amor, e oferecer-lhe o ser que Dele recebemos.
O dom de si a Deus é reconhecer com amor e gratidão o Seu soberano domínio e poder sobre mim.
É pousar a vida no seio de Deus; abandonar-se em Seus braços como a criancinha nos braços do Pai, ou como a criança que é levada pelas mãos da mãe.
É entender que Deus é o principio e o fim único de todas as criaturas e de cada uma em particular. Cada uma delas tem a sua razão de ser, pois tem um Criador. Ele é o “Alfa e o Ômega, Princípio e o Fim” (Ap 1,8).
Todos os seres criados cumprem fielmente e infalivelmente o destino que Deus lhes marcar. São assim os seres irracionais. Só o homem recebeu de Deus o maravilhoso e privilégio de alcançar o seu fim pela livre escolha da sua vontade.
Jesus é o Senhor da história. Os acontecimentos dela aconteceram porque Deus permitiu e foi dirigido para um fim. Os homens são instrumentos inconscientes do divino Mestre.
Senhor, sois o meu fim último, o termo de toda a minha existência. Entrego-me a Vós por um ato livre da minha vontade; quero renovar este ato tantas vezes quantas me concederdes a graça de fazê-lo.
Santo Agostinho disse que “Em Deus residem as causas de tudo o que acontece, as imutáveis origens de todas as coisas mutáveis e as razões eternas de todas as coisas temporais” (Confissões I, V).
Deus sabe o caminho para me levar à santidade. Ele conhece o meu pobre coração, as minhas paixões desordenadas, as minhas lutas e fraquezas, as minhas vitórias e a infinita paciência que teria de ter para comigo.
Que alegria saber, que eu, pobre e débil criatura, ocupo o pensamento de Deus. Ele reserva para si o cuidado de me santificar; traçar o caminho e me leva pela mão.
Não me compete perguntar-lhe as razões da Sua conduta para comigo. Não devo questionar-lhe porque me criou assim com essas aptidões e incapacidades, com essas paixões e inspirações. São os Seus eternos desígnios sobre mim. De nada devo pedir-lhe contas.
O destino que o Senhor concebeu para cada alma é lhe mostrado no decorrer da vida. Deus nos diz: “Adora e aceita” (Eclo 2). A alma deve responder-lhe: “Aceito, amo e abandono-me à Vossa ação”. O que me cumpre fazer é seguir-Vos passo a passo na estrada da vida, com a criança agarrada à mão de sua mãe. Sei que tudo o que vem de Vós para mim é bom, porque tudo foi previsto e regulado pela Vossa amável Providência!


Prof. Felipe Aquino

domingo, 28 de janeiro de 2018

4º Domingo do Tempo Comum - A autoridade de Jesus

Resultado de imagem para Marcos 1,21-28

1a Leitura - Deuteronômio 18,15-20
Leitura do livro do Deuteronômio.
Moisés falou ao povo, dizendo: 18 15 “O Senhor, teu Deus, te suscitará dentre os teus irmãos um profeta como eu: é a ele que devereis ouvir.
16 Foi o que tu mesmo pediste ao Senhor, teu Deus, em Horeb, quando lhe disseste no dia da assembléia: ‘Oh! Não ouça eu mais a voz do Senhor, meu Deus, nem torne a ver mais esse fogo ardente, para que eu não morra!’
17 E o Senhor disse-me: ‘está muito bem o que disseram;
18 eu lhes suscitarei um profeta como tu dentre seus irmãos: pôr-lhe-ei minhas palavras na boca, e ele lhes fará conhecer as minhas ordens.
19 Mas ao que recusar ouvir o que ele disser de minha parte, pedir-lhe-ei contas disso.
20 o profeta que tiver a audácia de proferir em meu nome uma palavra que eu lhe não mandei dizer, ou que se atrever a falar em nome de outros deuses, será morto”.
Palavra do Senhor.

Salmo - 94/95
Não fecheis o coração, ouvi hoje a voz de Deus! 

Vinde, exultemos de alegria no Senhor,
aclamemos o rochedo que nos salva!
Ao seu encontro caminhemos com louvores
e, com cantos de alegria, o celebremos!

Vinde, adoremos e prostremo-nos por terra,
e ajoelhemos ante o Deus que nos criou!
Porque ele é o nosso Deus, nosso pastor,
e nós somos o seu povo e seu rebanho,
as ovelhas que conduz com sua mão.

Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:
“Não fecheis os corações como em Meriba,
como em Massa, no deserto, aquele dia,
em que outrora vossos pais me provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras”.

2a Leitura - 1 Coríntios 7,32-35
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios.
7 32 Irmãos, eu gostaria que estivésseis livres de preocupações. O homem não casado é solícito pelas coisas do Senhor e procura agradar ao Senhor.
33 O casado preocupa-se com as coisas do mundo e procura agradar à sua mulher,
34 e, assim, está dividido. Do mesmo modo, a mulher não casada e a jovem solteira têm zelo pelas coisas do Senhor e procuram ser santas de corpo e espírito. Mas a que se casou preocupa-se com as coisas do mundo e procura agradar ao seu marido.
35 Digo isso para o vosso próprio bem e não para vos armar um laço. O que eu desejo é levar-vos ao que é melhor, permanecendo junto ao Senhor, sem outras preocupações.
Palavra do Senhor.

Evangelho - Marcos 1,21-28
Aleluia, aleluia, aleluia.
O povo que jazia nas trevas viu brilhar uma luz grandiosa; a luz despontou para aqueles que jaziam nas sobras da morte (Mc 4,16).


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
1 21 Dirigiram-se para Cafarnaum. E já no dia de sábado, Jesus entrou na sinagoga e pôs-se a ensinar.
22 Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.
23 Ora, na sinagoga deles achava-se um homem possesso de um espírito imundo, que gritou:
24 "Que tens tu conosco, Jesus de Nazaré? Vieste perder-nos? Sei quem és: o Santo de Deus!
25 Mas Jesus intimou-o, dizendo: "Cala-te, sai deste homem!"
26 O espírito imundo agitou-o violentamente e, dando um grande grito, saiu.
27 Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: "Que é isto? Eis um ensinamento novo, e feito com autoridade; além disso, ele manda até nos espíritos imundos e lhe obedecem!"
28 A sua fama divulgou-se logo por todos os arredores da Galiléia.
Palavra da Salvação.

O “homem com um espírito impuro” representa todos os homens e mulheres, de todas as épocas, cujas vidas são controladas por esquemas de egoísmo, de orgulho, de auto-suficiência, de medo, de exploração, de exclusão, de injustiça, de ódio, de violência, de pecado. É essa humanidade prisioneira de uma cultura de morte, que percorre um caminho à margem de Deus e das suas propostas, que aposta em valores efêmeros e escravizantes ou que procura a vida em propostas falíveis ou efêmeras. O Evangelho de hoje garante-nos, porém, que Deus não desistiu da humanidade, que Ele não Se conforma com o fato de os homens trilharem caminhos de escravidão, e que insiste em oferecer a todos a vida plena.
Para Marcos, a proposta de Deus torna-se realidade viva e atuante em Jesus. Ele é o Messias libertador que, com a sua vida, com a sua palavra, com os seus gestos, com as suas ações, vem propor aos homens um projeto de liberdade e de vida. Ao egoísmo, Ele contrapõe a doação e a partilha; ao orgulho e à auto-suficiência, Ele contrapõe o serviço simples e humilde a Deus e aos irmãos; à exclusão, Ele propõe a tolerância e a misericórdia; à injustiça, ao ódio, à violência, Ele contrapõe o amor sem limites; ao medo, Ele contrapõe a liberdade; à morte, Ele contrapõe a vida. O projeto de Deus, apresentado e oferecido aos homens nas palavras e ações de Jesus, é verdadeiramente um projeto transformador, capaz de renovar o mundo e de construir, desde já, uma nova terra de felicidade e de paz. É essa a Boa Nova que deve chegar a todos os homens e mulheres da terra.
Os discípulos de Jesus são as testemunhas da sua proposta libertadora. Eles têm de continuar a missão de Jesus e de assumir a mesma luta de Jesus contra os “demônios” que roubam a vida e a liberdade do homem, que introduzem no mundo dinâmicas criadoras de sofrimento e de morte. Ser discípulo de Jesus é percorrer o mesmo caminho que Ele percorreu e lutar, se necessário até ao dom total da vida, por um mundo mais humano, mais livre, mais solidário, mais justo, mais fraterno. Os seguidores de Jesus não podem ficar de braços cruzados, a olhar para o céu, enquanto o mundo é construído e dirigido por aqueles que propõem uma lógica de egoísmo e de morte; mas têm a grave responsabilidade de lutar, objetivamente, contra tudo aquilo que rouba a vida e a liberdade ao homem.
O texto refere o incômodo do “homem com um espírito impuro”, diante da presença libertadora de Jesus. O pormenor faz-nos pensar nas reações agressivas e intolerantes – por parte daqueles que pretendem perpetuar situações de injustiça e de escravidão – diante do testemunho e do anúncio dos valores do Evangelho. Apesar da incompreensão e da intolerância de que são, por vezes, vítimas, os discípulos de Jesus não devem deixar-se encerrar nas sacristias, mas devem assumir corajosamente e de forma bem visível o seu empenho na transformação das realidades políticas, econômicas, sociais, laborais, familiares.
A luta contra os “demônios” que desfeiam o mundo e que escravizam os homens nossos irmãos é sempre um processo doloroso, que gera conflitos, divisões, sofrimento; mas é, também, uma aventura que vale a pena ser vivida e uma luta que vale a pena travar. Embarcar nessa aventura é tornar-se cúmplice de Deus na construção de um mundo de homens livres.






P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho