domingo, 31 de março de 2019

4ª Domingo da Quaresma - "...Porque este teu irmão estva morto e voltou a vivier..."

Resultado de imagem para parábola do filho perdido

1a Leitura - Josué 5,9-12
Leitura do livro de Josué.
5 9 O Senhor disse a Josué: “Hoje tirei de cima de vós o opróbrio do Egito. E deu-se àquele lugar o nome de Gálgala, nome que subsiste ainda”.
10 Os israelitas acamparam em Gálgala, e celebraram a Páscoa no décimo quarto dia do mês, pela tarde, na planície de Jericó.
11 No dia seguinte à Páscoa comeram os produtos da região, pães sem fermento e trigo tostado.
12 E o maná cessou (de cair) no dia seguinte àquele em que comeram os produtos da terra. Os israelitas não tiveram mais o maná. Naquele ano alimentaram-se da colheita da terra de Canaã.
Palavra do Senhor.

Salmo - 33/34
Provai e vede quão suave é o Senhor!

Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo,
seu louvor estará sempre em minha boca.
Minha alma se gloria no Senhor;
que ouçam os humildes e se alegrem!

Comigo engrandecei ao Senhor Deus,
exaltemos todos juntos o seu nome!
Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu
e de todos os temores me livrou.

Contemplai a sua face e alegrai-vos,
e vosso rosto não se cubra de vergonha!
Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido,
e o Senhor o libertou de toda angústia.

2a Leitura - 2 Coríntios 5,17-21
Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios.
5 17 Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo!
18 Tudo isso vem de Deus, que nos reconciliou consigo, por Cristo, e nos confiou o ministério desta reconciliação.
19 Porque é Deus que, em Cristo, reconciliava consigo o mundo, não levando mais em conta os pecados dos homens, e pôs em nossos lábios a mensagem da reconciliação.
20 Portanto, desempenhamos o encargo de embaixadores em nome de Cristo, e é Deus mesmo que exorta por nosso intermédio. Em nome de Cristo vos rogamos: reconciliai-vos com Deus!
21 Aquele que não conheceu o pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nós nos tornássemos justiça de Deus.
Palavra do Senhor.

Evangelho - Lucas 15,1-3.11-32
Louvor e honra a vós, Senhor Jesus.
Vou levantar-me e vou a meu pai e lhe direi: Meu pai, eu pequei contra o céu e contra ti (Lc 15,18).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
15 1 Aproximavam-se de Jesus os publicanos e os pecadores para ouvi-lo.
2 Os fariseus e os escribas murmuravam: Este homem recebe e come com pessoas de má vida!
3 Então lhes propôs a seguinte parábola:
11 “Um homem tinha dois filhos.
12 O mais moço disse a seu pai: ‘Meu pai, dá-me a parte da herança que me toca’. O pai então repartiu entre eles os haveres.
13 Poucos dias depois, ajuntando tudo o que lhe pertencia, partiu o filho mais moço para um país muito distante, e lá dissipou a sua fortuna, vivendo dissolutamente.
14 Depois de ter esbanjado tudo, sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a passar penúria.
15 Foi pôr-se ao serviço de um dos habitantes daquela região, que o mandou para os seus campos guardar os porcos.
16 Desejava ele fartar-se das vagens que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava.
17 Entrou então em si e refletiu: ‘Quantos empregados há na casa de meu pai que têm pão em abundância e eu, aqui, estou a morrer de fome!’
18 Levantar-me-ei e irei a meu pai, e dir-lhe-ei: ‘Meu pai, pequei contra o céu e contra ti;
19 já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados’.
20 Levantou-se, pois, e foi ter com seu pai. Estava ainda longe, quando seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.
21 O filho lhe disse, então: ‘Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho’.
22 Mas o pai falou aos servos: ‘Trazei-me depressa a melhor veste e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e calçado nos pés.
23 Trazei também um novilho gordo e matai-o; comamos e façamos uma festa.
24 Este meu filho estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado. E começaram a festa’.
25 O filho mais velho estava no campo. Ao voltar e aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças.
26 Chamou um servo e perguntou-lhe o que havia.
27 Ele lhe explicou: ‘Voltou teu irmão. E teu pai mandou matar um novilho gordo, porque o reencontrou são e salvo’.
28 Encolerizou-se ele e não queria entrar, mas seu pai saiu e insistiu com ele.
29 Ele, então, respondeu ao pai: ‘Há tantos anos que te sirvo, sem jamais transgredir ordem alguma tua, e nunca me deste um cabrito para festejar com os meus amigos.
30 E agora, que voltou este teu filho, que gastou os teus bens com as meretrizes, logo lhe mandaste matar um novilho gordo!’
31 Explicou-lhe o pai: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu.
32 Convinha, porém, fazermos festa, pois este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado’”.
Palavra da Salvação.

Reflexão

Neste quarto domingo da quaresma, já podemos dar passos mais largos,  pois nossos olhos já conseguem alcançar novos horizontes!
A liturgia deste tempo, nos possibilitou  uma aproximação maior de Deus, de um Deus misericordioso que não levou em conta as nossas ingratidões.
Aprendemos muito nesta nossa caminhada de preparação para a Páscoa, mas ainda há muito que aprender, afinal, não estamos prontos, estamos  sempre em construção...
Aproveitemos bem os dias que nos separa da grande Festa da vida, para revisar o quanto há de luz e o quanto há de trevas  em nossa vida, pois ainda há tempo de eliminar as trevas que nos impede de enxergar a face humana de Jesus, estampada no rosto desfigurado de tantos irmãos perdidos pelas periferias da vida. Não somente enxergar, como também reerguê-los!
No evangelho que a liturgia de hoje nos convida a refletir, fariseus e mestres da lei, criticam Jesus, por Ele acolher os pecadores.  Em resposta a estas criticas, Jesus conta-lhes uma parábola muito conhecida, que é a  parábola do filho pródigo.
A história nos mostra com detalhes, a conduta de dois filhos e a atitude misericordiosa de um pai, diante à ingratidão do filho mais novo e a dureza de coração do filho mais velho.
Na parábola, é evidenciada, a paciência de um pai que ama, que não desiste do filho que espera dia pós dia pelo o seu retorno à  vida.
O personagem principal desta história, é o pai, o pai não interfere na escolha do filho mais novo, não impede que ele tome um rumo diferente ao do irmão mais velho, saindo de casa para levar a vida à seu modo.
Deus também é assim conosco, Ele nos deixa livres para fazermos as nossas escolhas, não interfere nas nossas decisões. 
A repreensão, do pai, ao filho mais velho, que sentiu enciumado em relação ao caloroso acolhimento oferecido  ao irmão mais novo, quando ele volta para casa depois de ter consumido sua herança com uma vida devassa, fala-nos da misericórdia de Deus, da importância do perdão.
Ao contar esta parábola, Jesus mostra-nos,  como é a  atitude de Deus, diante as nossas imperfeiçoes, o seu olhar de Pai, é um olhar de misericórdia, um olhar que vê a pessoa e não o seu pecado.
São muitos os que estão sobre a terra, mas que se sentem soterrados, pessoas que pagam um alto preço pelos os erros cometidos, assim como pagou o filho mais novo da parábola. E quantos de nós, que dizemos seguidores de Jesus, temos a mesma atitude do filho mais velho; ao invés de acolhermos estes irmãos que se enveredaram por caminhos contrários, mas que querem voltar contribuímos para que eles se percam ainda mais, com a nossa indiferença, com o nosso preconceito, não lhe dando sequer uma chance para que ele possa  refazer a  sua vida.
Enganamos, quando pensamos que somente aqueles  que se dispersaram e que aos nossos olhos se afastaram  de Deus, são os necessitados de conversão, todos nós, necessitamos de conversão, até mesmo os que se consideram bons, como o filho mais velho da parábola!
Precisamos ter um coração misericordioso, semelhante ao coração do Pai, um coração aberto para acolher aqueles que erraram, mas que querem redimir-se.
Acolher aqueles que dispersaram, não significa concordar com os seus erros e sim, acreditar que uma pessoa criada a imagem e semelhança de Deus, é merecedora de uma  chance para refazer a sua vida.
Para Deus, não existe caminho sem volta e  nem ponto final para uma história de amor iniciada na criação.
O amor é caminho que traz de volta àquele que dispersou, sejamos, pois, a força deste amor na vida do nosso irmão, a ponte que o leva a Deus.



  Olivia Coutinho

sábado, 30 de março de 2019

Liturgia Diária - Quem será justificado?

 Resultado de imagem para Lucas 18,9-14
1a Leitura - Oséias 6,1-6
Leitura da profecia de Oséias.

6 1 “Vinde, voltemos ao Senhor, ele feriu-nos, ele nos curará; ele causou a ferida, ele a pensará. 2 Dar-nos-á de novo a vida em dois dias; ao terceiro dia levantar-nos-á, e viveremos em sua presença. 3 Apliquemo-nos a conhecer o Senhor; sua vinda é certa como a da aurora; ele virá a nós como a chuva, como a chuva da primavera que irriga a terra”. 4 Que te farei, Efraim? Que te farei, Judá? Vosso amor é como a nuvem da manhã, como o orvalho que logo se dissipa. 5 Por isso é que os castiguei pelos profetas, e os matei pelas palavras de minha boca, e meu juízo resplandece como o relâmpago, 6 porque eu quero o amor mais que os sacrifícios, e o conhecimento de Deus mais que os holocaustos.
Palavra do Senhor.

Salmo - 50/51
Eu quis misericórdia e não o sacrifício!

Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia!
Na imensidão de vosso amor, purificai-me!
Lavai-me todo inteiro do pecado
e apagai completamente a minha culpa!

Pois não são de vosso agrado os sacrifícios,
e, se oferto um holocausto, o rejeitais.
Meu sacrifício é minha lama penitente,
não desprezeis um coração arrependido!

Sede benigno com Sião, por vossa graça,
reconstruí Jerusalém e os seus muros!
E aceitareis o verdadeiro sacrifício,
os holocaustos e oblações em vosso altar!


Evangelho - Lucas 18,9-14
Honra, glória poder e louvor a Jesus, nosso Deus e Senhor!
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: não fecheis os corações como em Meriba! (Sl 94,8)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.

Naquele tempo, 18 9 Jesus lhes disse ainda esta parábola a respeito de alguns que se vangloriavam como se fossem justos, e desprezavam os outros: 10 “Subiram dois homens ao templo para orar. Um era fariseu; o outro, publicano. 11 O fariseu, em pé, orava no seu interior desta forma: ‘Graças te dou, ó Deus, que não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros; nem como o publicano que está ali. 12 Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de todos os meus lucros’. 13 O publicano, porém, mantendo-se à distância, não ousava sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: ‘Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador!’ 14 Digo-vos: este voltou para casa justificado, e não o outro. Pois todo o que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado”.
Palavra da Salvação.

 Reflexão

A verdade brilha como o sol do meio dia: “quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado”. Ao contar a parábola do fariseu e do cobrador de impostos Jesus nos dá a noção exata do que seja uma pessoa humilde. Humildade é o reconhecimento da nossa limitação e da medida da nossa capacidade.  A nossa competência para as coisas espirituais é restrita, e, por nós mesmos (as), nunca seremos justificados (as). O fariseu que abriu a boca diante do altar do templo do Senhor, se justificou, achando que todas as suas “boas obras” eram méritos seus e, ainda mais, apontava para o cobrador de impostos, desprezando-o e se auto elogiando. A sua oração de autopromoção não agradou a Deus. O cobrador de impostos deu o exemplo de humildade reconhecendo o seu pecado, e, não se achando digno de nem mesmo olhar para o Senhor, clamou por misericórdia: “Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!” A sua oração agradou a Deus e ele voltou para casa justificado, como disse Jesus. O que nós poderemos apreender dessa mensagem? Não são as nossas palavras bonitas, nem as orações longas que agradam ao Senhor. O nosso espírito contrito, humilhado por causa das nossas transgressões e o reconhecimento da nossa miséria é que nos farão alcançar a misericórdia de Deus. Às vezes não precisamos nem dizer alguma coisa, porém o nosso pensamento sugere o que se passa no nosso coração e o Senhor que nos sonda sabe se estamos nos elevando ou nos humilhando. Mesmo que não digamos nada, o Senhor conhece tudo. Portanto, não nos adiantará fugir ou camuflar.   – E você? Tem voltado para a casa justificado (a), ou não? – Como tem sido feito o exame da sua consciência diante do Senhor?  – Você costuma se auto elogiar? – Você reconhece a medida da sua capacidade e da sua incapacidade? –  Você costuma julgar alguém pela sua aparência?
 
 
 
 
 
Helena Colares Serpa – fundadora da COMUNIDADE CATÓLICA MISSIONÁRIA UM NOVO CAMINHO

O culto idolátrico do EU.

auto-estima“Quanto mais o homem se afasta de Deus, mais se aproxima do nada” São Tomás de Aquino.

O cardeal belga, Leo Josepf Suenens, falecido em 1996, escreveu um livro em 1985, intitulado Culto do Eu e Ser Cristão.
Neste livro o cardeal mostra com clareza o pior problema de nossos tempos atuais: a substituição de Deus pelo Eu; o que, de maneira prática, desemboca na filosofia da “morte de Deus”. É a “idolatria do Eu”; do humano acima do divino, a grande geradora do neoindividualismo doentio de nosso mundo atual. Estamos diante de um homem que se adora como se fosse o próprio deus.
A corrente filosófica terrível, que é mãe desta egolatria, em detrimento da adoração do Único e verdadeiro Deus, é o chamado Naturalismo, que impregna a mentalidade de nossos tempos. Parte do princípio que o homem é “intacto”, sem feridas, sem pecado, um ser autônomo, cujo EU soberano dita de maneira exclusiva o seu agir. Ele é a própria lei; deve viver independente de Deus, se é que este existe. Tal teoria, perversa e desequilibrada, é a morte do sobrenatural.
Lamentavelmente o Naturalismo influenciou, e tem influenciado, inúmeros pensadores contemporâneos, a tal ponto, como diz o cardeal Suenens, que hoje “vivemos em um mundo estranho onde o culto de Deus deu lugar ao culto do EU”. Esse tornou-se o “centro de referência de toda conduta moral”, rejeitando a Lei de Deus. É a própria encarnação da teoria do filósofo grego Protágoras, que ensinava que “o homem é a medida de todas as coisas”, como se fossemos nós os criadores do céu e da terra.
Mais do que “medida” de todas as coisas, o homem é colocado como o “centro” de tudo. Rompe definitivamente sua referência a Deus e coloca em si mesmo a “nova” referência para justificar e motivar o seu comportamento. Tal egocentrismo fornece ao homem uma “nova religião”, na qual o absoluto é ele mesmo, e não mais Deus. No fundo, é o próprio pecado original, que faz com que o homem tire os olhos de Deus para voltá-los para a criatura, como disse o Papa João Paulo II.
O Cardeal mostra em seu livro que os ancestrais desse terrível “Culto do Eu”, estão na base do ateísmo moderno, cujo pai é Feuerbach, que teve a insana ousadia de proclamar para o mundo: “o homem é o Deus do homem” (homo hominis deus).
Foi esta teoria tenebrosa que influenciou Carl Marx (a religião é o ópio do povo), Rogers, Nietzsche, Huxley, Maslow, e muitos pensadores, segundo o Cardeal Suenens. Esses são os “profetas” dos novos tempos que prometeram a “felicidade” aos homens, libertados para sempre de toda “alienação” religiosa. São João Paulo II disse que o Século XX deu ouvidos aos falsos profetas; por isso, foi o “Século das mortes” mais que os anteriores.
Essa teoria enlouquecida, levou muitos jovens e adultos ao desânimo, ao desespero e ao suicídio. A conclusão é fácil, afirma o Cardeal: “se meu Eu é a minha regra suprema de vida, porque devo respeitar essa vida que me foi dada sem meu consentimento?”

Nesta linha perigosa, o homem se acha o “senhor” da vida e da morte, pronto a decretá-la sem quaisquer limites divinos. É o que hoje presenciamos a cada dia. A consequência disso é aquilo que o Santo Padre tem chamado de “a cultura da morte”, que ele tanto condena na Encíclica O Evangelho da Vida, exatamente o oposto à “Civilização do amor”, tão desejada por Paulo VI. A prática desenfreada do aborto, dos crimes de morte, estupros, da eutanásia, das esterilizações, da limitação da natalidade a qualquer custo, da falsificação da família, dos linchamentos, etc., estão aí para comprovar toda essa insanidade.
Enfim, toda essa sorte de mazelas são, em última instância, o fruto de uma mentalidade eivada de soberba até o seu último grau, para a qual, o EU é a referência suprema para definir o bem e o mal. Sobre esse gravíssimo perigo nos alertou o Papa São João Paulo II em sua Encíclica O Esplendor da Verdade:
“A Revelação ensina que não pertence ao homem o poder de decidir o bem e o mal, mas somente a Deus… A liberdade do homem encontra a sua plena e verdadeira revelação na lei moral que Deus dá ao homem” (n. 35).
É relevante notar que o Catecismo da Igreja Católica, quando fala da provação derradeira pela qual a Igreja deve passar, antes do advento de Cristo, e que abalará a fé de muitos crentes, afirma que: “A impostura religiosa suprema é a do Anti-Cristo, isto é, a de um pseudo-messianismo em que o homem se glorifica a si mesmo em lugar de Deus e do seu Messias que veio na carne” (n.675).
É aí que está o problema: nesse “pseudo-messianismo em que o homem se glorifica a si mesmo”, no lugar de Deus.
A grande tentação do homem é sempre aquela que a serpente soprou no ouvido de Eva no paraíso: “sereis como deuses” (Gen 3,5). Santo Agostinho resumia esta má tendência dizendo, na sua Civitá Dei:
“Dois amores fundaram, pois, duas cidades, a saber: o amor próprio, levado ao desprezo de Deus, a terrena; o amor a Deus, levado ao desprezo de si próprio, a celestial”.
A Palavra de Deus é muito clara quando nos manda humilhar perante Deus. Só Ele é “Aquele que É” (Ex 3,15). Cada um de nós é “aquele que não é”; isto é, Deus é o Tudo, nós somos o Nada. Ele é o Criador; nós somos apenas criaturas que Ele chamou do nada à existência.
“Humilhai-vos, pois, debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele vos exalte no tempo oportuno” (1 Pe 5,6). “Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça ao humildes” (Prov 3,34).
Diz o nosso Catecismo que: “O homem sem Deus se esvai”; isto é experimenta o vazio, a angústia, a tristeza.
São Tomás de Aquino dizia: “Quanto mais o homem se afasta de Deus, mais se aproxima do nada”.
Felizes seremos se não esquecermos essas palavras:
“Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em mim…Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,4-5).
Toda esta reflexão não quer dizer que devemos desprezar o homem e os seus talentos. Sabemos que é dever cristão multiplicá-los, e colocá-los a serviço dos outros. O que devemos ter sempre muito claro, é a infinita distância entre a Onipotência de Deus e a pequenez do homem. Sabemos que a graça de Deus opera sobre a natureza do homem, não a dispensa, nem a destrói, como ensinou Santo Agostinho. Mas a criatura só será feliz se reconhecer, amar, servir e adorar o seu Criador.


Prof. Felipe Aquino

sexta-feira, 29 de março de 2019

Liturgia Diária - Ouvir e amar.

Resultado de imagem para Marcos 12,28-34
1a Leitura - Oséias 14,2-10
Leitura da profecia de Oséias.

Assim fala o Senhor Deus: 14 2 "Volta, Israel, ao Senhor teu Deus, porque foi teu pecado que te fez cair. 3 Muni-vos de palavras (de súplicas) e voltai ao Senhor. Dizei-lhe: ‘Perdoai todos os nossos pecados, acolhei-nos favoravelmente. Queremos oferecer em sacrifício a homenagem de nossos lábios. 4 O assírio não nos salvará, não mais montaremos nossos cavalos, e não mais teremos como Deus obra alguma de nossas mãos, porque só junto de vós encontra o órfão compaixão’. 5 Curarei a sua infidelidade, amá-los-ei de todo o coração, (porque minha cólera apartou-se deles). 6 Serei para Israel como o orvalho; ele florescerá como o lírio, e lançará raízes como o álamo. 7 Seus galhos estender-se-ão ao longe, sua opulência igualará à da oliveira e seu perfume será como o odor do Líbano. 8 (Os de Efraim) virão sentar-se à sua sombra. Cultivarão o trigo. Crescerão com a vinha. E serão famosos como o vinho do Líbano. 9 Que terá ainda Efraim de comum com os ídolos? Eu mesmo, que o afligi, torná-lo-ei feliz. Eu sou como o cipreste sempre verde: graças a mim é que produzes fruto. 10 Quem é sábio atenda a estas coisas! Que o homem inteligente reflita nelas, porque os caminhos do Senhor são retos. Os justos andam por eles, mas os pecadores neles tropeçam".
Palavra do Senhor.

Salmo - 80/81
Ouve, meu povo, porque eu sou o teu Deus!

Eis que ouço uma voz que não conheço:
“Aliviei as tuas costas de seu fardo,
cestos pesados eu tirei de tuas mãos.
Na angústia a mim clamaste, e te salvei.

De uma nuvem trovejante te falei
e junto às águas de Meriba te provei.
Ouve, meu povo, porque vou te advertir!
Israel, ah! se quisesses me escutar.

Em teu meio não exista um deus estranho,
nem adores a um deus desconhecido!
Porque eu sou o teu Deus e teu Senhor,
que da terra do Egito te arranquei.

Quem me dera que meu povo me escutasse!
Que Israel andasse sempre em meus caminhos.
Eu lhe daria de comer a flor do trigo
e com o mel que sai da rocha o fartaria”

Evangelho - Marcos 12,28-34
Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos!

Convertei-vos, nos diz o Senhor, está próximo o reino de Deus! (Mt 4,17) 

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
Naquele tempo, 12 28 achegou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, vendo que lhes respondera bem, indagou dele: "Qual é o primeiro de todos os mandamentos?"
29 Jesus respondeu-lhe: "O primeiro de todos os mandamentos é este: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor; 30 amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito e de todas as tuas forças. 31 Eis aqui o segundo: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Outro mandamento maior do que estes não existe". 32 Disse-lhe o escriba: "Perfeitamente, Mestre, disseste bem que Deus é um só e que não há outro além dele. 33 E amá-lo de todo o coração, de todo o pensamento, de toda a alma e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, excede a todos os holocaustos e sacrifícios". 34 Vendo Jesus que ele falara sabiamente, disse-lhe: "Não estás longe do Reino de Deus". E já ninguém ousava fazer-lhe perguntas.
Palavra da Salvação.

Reflexão

Neste Evangelho Jesus apela para nossa inteligência desejando conectar em nós definitivamente a arte de saber ouvir, assim como também nos fazer atentar, encarnar e assumir como sendo parte do nosso ser, o mandamento do AMOR. Assim sendo, diante da pergunta do escriba, Ele proclama: “Ouve, Israel“O Senhor nosso Deus é o único SenhorAmarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e com toda a tua força!” Amar a Deus e ao próximo como a nós mesmos é a direção segura que Jesus nos dá para que alcancemos o reino de Deus aqui na terra.  Como homem Jesus conheceu a nossa realidade de seres sensíveis e frágeis em vista das nossas próprias limitações.  Ao mesmo tempo, também como ser humano Jesus nos deu o testemunho de que quando nos apossamos da graça e do poder de Deus, quando O escutamos nós nos tornamos aptos a vencer todas as barreiras que são próprias da nossa fragilidade humana. Ter a Deus como nosso único Senhor faz toda a diferença, pois nos apossamos do Seu poderio e conseguimos assim viver de acordo com o que nos é proposto por Ele. Partindo dessa premissa todos nós poderemos cumprir o primeiro de todos os mandamentos e ainda mais, também cumprir com o segundo mandado que Jesus nos aponta: “amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Corpo, alma e espírito; físico e mente; intuição, consciente, subconsciente, inconsciente…  É o homem total tomado pelo amor de Deus vivenciando a Palavra que gera santidade e realização pessoal, de dentro para fora, a partir do mais profundo do seu ser. No Catecismo da Igreja nós aprendemos que fomos criados para amar, louvar e servir a Deus acolhendo o Seu amor e assumindo compromisso com o próximo. Portanto, amar a Deus e ao próximo como a nós mesmos (as), é algo muito natural à essência da nossa alma e se nos abandonarmos conseguiremos ser fiéis à proposta de Jesus. O amor a Deus, a nós próprios (as) e aos nossos irmãos e irmãs é uma resposta ao amor que já foi gravado em nós desde a eternidade e para sempre. Para demonstrá-lo, o nosso primeiro passo deverá ser ouvi-Lo. Aí então, o amor de Deus se expressa de forma concreta no nosso dia a dia e assim, conscientemente  nós sentiremos as suas manifestações a cada minuto.   – Para você o que é amar a Deus? – Você dá ouvidos à Palavra de Deus? – Você sabe qual  é a diferença entre gostar e amar? – Você ama a você mesmo (a)? O que você deseja ao seu vizinho (a) é o mesmo que você deseja para você?  – Você tem dificuldade em aceitar-se a si mesmo (a)? E aos outros?


(Helena Colares Serpa – Comunidade Católica Missionária UM NOVO CAMINHO- (www.umnovocaminho.com)

O que é tomar a cruz a cada dia?

carregar-a-cruzDe modo especial “a cruz de cada dia”, aceita e assumida, “com galhardia”, sem revolta, na fé, ainda que com muitas lágrimas – elas nunca deixam de existir – nos santifica.
Jesus mandou tomar a nossa cruz a cada dia e segui-lo (Lc 9,23). O que significa isso? Qual é a cruz de cada dia? São todos os sofrimentos que nos atingem a cada dia, e que devem ser enfrentados dia a dia. “O dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu mal” (Mt 6,34). É uma cruz para cada dia. A sabedoria é viver um dia de cada vez.
Em primeiro lugar é preciso entender que se Jesus manda tomar a nossa cruz a cada dia, é então, porque isso é necessário e bom para nós, embora possa ser sofrido. Não é masoquismo. Por quê? Há várias razões.
Antes de tudo é preciso entender que não compreendemos o plano de Deus: “Os caminhos de Deus não são os dos homens”, diz o Profeta (Is 55,8); a visão que Deus tem das criaturas e da história, é muito mais completa e perfeita do que a que nós temos. Para entender isto é preciso que não queiramos ser nós mesmos o padrão e o critério para avaliar o bem ou o mal. Isto é ter fé em Deus!
Não é porque alguém não vê o lado positivo de uma desgraça, que pode afirmar que este lado bom não existe. “Deus sabe do mal tirar o bem” (cf. Rom 8,28), diz Santo Agostinho, senão, não teria permitido a dor nos atingir. Ele preferiu isso a impedir o homem de ser livre e poder até errar. Sem a liberdade, até para errar, o homem não seria sua imagem.
Cristo assumiu a dor e a morte de cada homem até as últimas consequências. “Aquele que não conhecera o pecado, Deus o fez pecado por nós a fim de que nos tornássemos justiça de Deus por Ele” (2Cor 5,21). Por isso a Igreja reza: “Com a Sua morte destruiu a morte, e com a Sua ressurreição devolveu-nos a vida” (missa do Tempo Pascal).

O Senhor bebeu o cálice da dor até a última gota, para que todo o sofrimento da terra fosse resgatado, transformado e divinizado. Qualquer que seja a dor, ela é “parte da mesma dor do Senhor”, pois Ele a assumiu na Sua santa paixão. É por isso que São Paulo afirma: “Completo na minha carne o que falta às tribulações de Cristo” (Cl 1,24). A partir da morte de Jesus, o sofrimento humano passou a ter sentido; agora ele não é simples consequência do pecado ou castigo da justiça divina; ele foi redimido e passou a ser “matéria prima da salvação”; foi como que “reciclado”, divinizado, e por meio dele o homem pode voltar a Deus.
Quantos homens e mulheres neste mundo só encontraram Deus e uma vida equilibrada depois de uma doença, de uma perda grande, de uma falência!… Foram muitos: São Francisco de Assis, São Paulo, Santo Inácio de Loyola… e talvez você mesmo! O caminho que leva ao Reino dos Céus é estreito e apertado, em oposição ao caminho largo e espaçoso que conduz à perdição (cf. Mt 7,13s).
Negar a existência de Deus na hora da dor, é criar para si mesmo mais um problema, porque se perde a fé que dá coragem e a paz para enfrentar o sofrimento. Deus é o grande sustento para os que sofrem. São Paulo falava da “loucura da cruz para aqueles que se perdem, mas poder de Deus para aqueles que se salvam” (1 Cor 1,18). O poder invisível de Deus se manifesta no sofrimento. Cura a alma, salva o espírito, quebranta o orgulho, elimina a vaidade, abate a opulência, iguala os homens…
É no sofrimento que os homens mais se sentem irmãos, filhos do mesmo Pai. É na hora amarga da dor que se valorizam a fraternidade e a solidariedade. Veja, por exemplo, os momentos de tragédias, terremotos, etc. É nessa hora sagrada que os corações se unem, as mãos se apertam e o filho lembra-se do Pai.
Não fora o sofrimento angustiante daquele filho pródigo do Evangelho, jamais ele teria abandonado a vida devassa e voltado para a boa casa do Pai. Sim, o sofrimento é sagrado! É nele que encontramos a nós mesmos e encontramos os outros, sem máscaras, sem enfeites e sem enganos. Ele não foi criado por Deus, mas Cristo lhe deu um enorme sentido. Somente Cristo! Lembra o Concílio do Vaticano II: “Por Cristo e em Cristo se esclarece o enigma da dor e da morte” (Gaudium et Spes nº 22).
Deus tinha certamente na sua onipotência, muitos caminhos para nos redimir e salvar depois do pecado original; mas, se escolheu o caminho do sofrimento, é porque, então, foi o melhor que encontrou. Mas o primeiro a sofrer, terrivelmente, foi o Seu Filho. Alguns perguntam: Onde estava Deus na hora daquela tragédia?… A resposta é essa: “Ele estava no mesmo lugar quando seu Filho era crucificado”.
Mas Jesus não quis salvar o mundo sozinho. Ele formou um “Corpo Místico” Nele, que é a Igreja. Pelo batismo passamos a fazer parte deste Seu Corpo e assumimos com Ele tudo o que Ele faz. São Paulo diz na carta aos romanos que nos tornamos “filhos e herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, contanto que soframos com ele, para que também com ele sejamos glorificados” (Rom 8,19). “Se morrermos com ele, com ele viveremos. Se soubermos perseverar, com ele reinaremos” (2 Tm 2, 11-12).
E o Apóstolo destaca o valor incomparável do sofrimento, depois que Cristo o assumiu: “Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada” (Rom 8,18). Aqui São Paulo deixa claro que o sofrimento assumido, sem lamentação e oferecido a Deus, é salvífico, divino, não só para nós, mas também para os membros do Corpo de Cristo. O sofrimento de um favorece a todos; assim como o pecado de um desfavorece a todos. Elizabeth Liseur dizia: “Uma alma que se levanta, levanta o mundo”.
De modo especial “a cruz de cada dia”, aceita e assumida, “com galhardia”, sem revolta, na fé, ainda que com muitas lágrimas – elas nunca deixam de existir – nos santifica.
Deus em sua sabedoria e bondade infinitas, sabe aproveitar o próprio mal cometido pelas criaturas para daí tirar bens maiores. O povo já se acostumou a dizer que “Deus escreve reto por linhas tortas”, e que “as pessoas se convertem pelo amor ou pela dor”. Muitas coisas boas acontecem depois de uma doença grave, de um insucesso na vida… O sofrimento é uma escola para o ser humano. Ele nos ajuda a vencer o egoísmo e ser mais sensível aos sofrimentos do próximo. Os antigos gregos diziam: “pathos mathos” (sofrimento é ensinamento). O sofrimento nos educa.
Quando o fruto bom do sofrimento não ocorre é porque a criatura endureceu o coração para a graça de Deus; então se desespera na dor. Se fechar-se numa atitude de revolta, ela se torna impermeável à ação do Espírito Santo, e não consegue ver e desfrutar do lado bom do sofrimento.
Um belo exemplo do valor do sacrifício do cristão, unido ao de Cristo, foi dado, por exemplo, pelo Cardeal Frantisek Tomasek, de Praga. Numa entrevista concedida ao periódico italiano “II Sabato”. Falando dos graves problemas que o regime comunista trazia para a Igreja na Tchecoslováquia (proibição de atividades pastorais, dificuldades para a nomeação de Bispos, prisões de sacerdotes e leigos…), antes da queda do Muro de Berlim, em 1989. O repórter então lhe perguntou: “Eminência, não está cansado de combater uma batalha sem êxito?”
Respondeu o Cardeal: “Tenho sempre esperança. Digo sempre uma coisa: quem trabalha pelo Reino de Deus, faz muito, quem reza, faz mais; quem sofre, faz tudo. Este tudo é exatamente o pouco que fazemos entre nós, na Tchecoslováquia”. Alguns anos depois o comunismo desabafa na Tchecoslováquia…
O mundo precisa muito de almas reparadoras. Deus chama muitas pessoas dispostas a se imolarem pela salvação dos outros. No último parágrafo da Carta Apostólica sobre o sofrimento, o Papa João Paulo II, escreveu um apelo caloroso aos que sofrem:
“Pedimos a todos vós que sofreis, que nos ajudeis. Precisamente a vós, que sois fracos, pedimos que vos torneis uma fonte de força para a Igreja e para a humanidade. Na terrível luta entre as forças do bem e do mal, de que o nosso mundo contemporâneo nos oferece o espetáculo, que vença o vosso sofrimento em união com a Cruz de Cristo!” (Salvifici doloris, nº 31).



Prof. Felipe Aquino

quinta-feira, 28 de março de 2019

Liturgia Diária - O Bem é de Deus, mas o Mal é do Maligno.


 
 Resultado de imagem para Lucas 11,14-23
1a Leitura - Jeremias 7,23-28
Leitura do livro do profeta Jeremias.
7 23 “Foi esta a única ordem que lhes dei: escutai minha voz, serei vosso Deus e vós sereis o meu povo; segui sempre a senda que vos indicar, a fim de que sejais felizes.
24 Eles, porém, não escutaram, nem prestaram ouvidos, seguindo os maus conselhos de seus corações empedernidos; voltaram-me as costas em lugar de me apresentarem seus rostos.
25 Desde o dia em que vossos pais deixaram o Egito até agora, enviei-vos todos os meus servos, os profetas. Todos os dias sem cessar os mandei.
26 Eles, porém, não os escutaram, nem lhes deram atenção; endureceram a cerviz e procederam pior que os pais.
27 Quando tudo isso lhes transmitires, também a ti não escutarão. Chamá-los-ás e não obterás resposta.
28 Dir-lhes-ás então: ‘Esta é a nação que não escuta a voz do Senhor, seu Deus, e não aceita suas advertências. A lealdade desapareceu, tendo sido banida de sua boca’”.
Palavra do Senhor.

Salmo - 94/95
Oxalá ouvísseis hoje a voz do Senhor: não fecheis os vossos corações.

Vinda, exultemos de alegria no Senhor,
aclamemos o rochedo que nos salva!
Ao seu encontro caminhemos com louvores
e, com cantos de alegria, o celebremos!

Vinde, adoremos e prostremo-nos por terra,
e ajoelhemos ante o Deus que nos criou!
Porque ele é o nosso Deus, nosso pastor,
e nós somos o seu povo e seu rebanho,
as ovelhas que conduz com sua mão.

Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:
“Não fecheis os corações como em Meriba,
como em Massa, no deserto, aquele dia,
em que outrora vossos pais me provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras”.

Evangelho - Lucas 11,14-23
Jesus Cristo, sois bendito, sois o ungido de Deus Pai!
Voltai ao Senhor, vosso Deus, ele é bom, compassivo e clemente (Jl 2,12s).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, 11 14 Jesus expelia um demônio que era mudo. Tendo o demônio saído, o mudo pôs-se a falar e a multidão ficou admirada.
15 Mas alguns deles disseram: “Ele expele os demônios por Beelzebul, príncipe dos demônios”. 16 E para pô-lo à prova, outros lhe pediam um sinal do céu. 17 Penetrando nos seus pensamentos, disse-lhes Jesus: “Todo o reino dividido contra si mesmo será destruído e seus edifícios cairão uns sobre os outros. 18 Se, pois, Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Pois dizeis que expulso os demônios por Beelzebul. 19 Ora, se é por Beelzebul que expulso os demônios, por quem o expulsam vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes! 20 Mas se expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente é chegado a vós o Reino de Deus. 21 Quando um homem forte guarda armado a sua casa, estão em segurança os bens que possui. 22 Mas se sobrevier outro mais forte do que ele e o vencer, este lhe tirará todas as armas em que confiava, e repartirá os seus despojos. 23 Quem não está comigo, está contra mim; quem não recolhe comigo, espalha”.
Palavra da Salvação.

Reflexão

Apesar dos milagres que Jesus operava no meio do Seu povo, os homens daquela época não O reconheciam como enviado do Pai e duvidavam do Seu poder.  Eles viam, mas não “enxergavam”, por isso, diante dos prodígios de Jesus se confundiam e atribuíam tudo ao “dedo de Belzebu”, que é o príncipe dos demônios. A descrença encobria os seus olhos, assim, pois, eles tentavam a Jesus e pediam-lhe sinais do céu. Entretanto, Jesus não lhes satisfazia a curiosidade, mas os alertava mostrando-lhes que a falta de unidade é um sinal muito claro de que os acontecimentos não são do céu, mas do maligno. Jesus fazia o Bem que é de Deus, mas o Mal é do Maligno. Às vezes, nos admiramos da maneira como que eles reagiam às maravilhas que Jesus operava e os criticamos por causa da sua “falta de fé”. No entanto, precisamos ter consciência de que também temos dificuldades em admitir o poder de Deus na nossa vida porque olhamos as coisas pelas aparências e com os olhos da “carne”. Somos, como eles, pessoas questionadoras, intrigantes e não percebemos que os sinais do céu estão presentes nos pequenos e grandes milagres que Deus realiza dentro de nós e na nossa vida, dia a dia. Se parássemos para refletir também conseguiríamos “ver o dedo de Deus” agindo em nós a partir do bem que praticamos e vivenciamos.   Como podemos em nome do mal expulsar o mal? Se agirmos em Nome de Jesus, as consequências naturalmente serão do bem e não do mal. O Bem vem de Deus, o mal é decorrência do pecado. Reconhecer o dedo de Deus nos milagres da nossa vida é também distinguir a chegada do Seu reino e tê-Lo como nosso guardião e defensor. Precisamos estar atentos às nossas ações para saber a quem estamos servindo. Tudo o que fizermos para o bem do próximo, de coração e por amor a Deus, com certeza será a nossa contribuição na construção do reino aqui na terra. Só Deus é poderoso! Ele é a armadura que nos reveste e nos protege das investidas do demônio. Jesus é o Filho de Deus que veio ao mundo nos ensinar a acolher o amor do Pai a fim de que tenhamos também relacionamentos saudáveis. O reino de Deus chega para quem está com Jesus e segue os Seus ensinamentos. Aquele que está em paz com os seus irmãos está em paz com Deus e consigo mesmo.  – Você tem percebido os milagres de Deus na sua vida ou ainda está esperando um “sinal do céu”?  – Em nome de quem você tenta fazer as coisas? – Você não tem se equivocado nos seus projetos pensando que é pelo dedo de Deus que você quer conseguir as coisas?  – Existe dentro de você algo que possa estar dividindo o seu modo de pensar com Deus ou com o inimigo de Deus? – Você se sente interiormente preenchido (a) pelo poder do Espírito Santo? – Com que você tem alimentado o seu espírito?
 
 

(Helena Colares Serpa – Comunidade Católica Missionária UM NOVO CAMINHO